Efacec fecha mais um empréstimo com garantia de Estado
Sete milhões de euros do empréstimo estão reservados para o pagamento de salários, em caso de necessidade, e dez milhões destinam-se ao pagamento a fornecedores, apurou o ECO.
A Efacec vai fechar esta semana mais um empréstimo com garantia pública, do Banco de Fomento, no valor de 45 milhões de euros, dos quais nove milhões ficam dados como colateral ao sindicato bancário que o financia, apurou o ECO. É a solução de emergência, mais uma, para manter a Efacec viva até à conclusão da operação de reprivatização, cujo processo de negociação com a DST continua.
O sindicato bancário é constituído pela Caixa Geral de Depósitos, pelo Novo Banco, Millennium bcp e Montepio.
O Banco Português de Fomento queria enquadrar a garantia do empréstimo nos instrumentos que já disponibiliza, tal como o ECO avançou. A Linha de Apoio à Economia Covid-19 para empresas exportadoras da indústria e do turismo, com uma dotação de 1.050 milhões, foi a escolhida, como revelou o Jornal Económico. Mas foi necessário proceder à alteração de algumas das condições da linha para permitir o enquadramento da Efacec e de outras empresas. E, claro, prorrogar o prazo de vigência da linha que terminou em junho deste ano. Em causa está uma garantia de 80% ao empréstimo concedido pelos bancos.
Em 2020, a Efacec beneficiou de um empréstimo com garantia pública de 70 milhões de euros, e agora vai levantar mais 45 milhões. A explicação oficial para esta nova operação de endividamento é a necessidade de financiar operações de trade finance, mas a informação detalhada a que o ECO teve acesso mostra outra realidade. Segundo os números da própria administração executiva, sete milhões dos 36 milhões vão para o que designam de ‘disponibilidade de segurança’, leia-se salários, e 29 milhões para aplicação de fundos, dos quais dez milhões para pagar a fornecedores.
Oficialmente, a administração da Efacec garante que, “em nenhum momento o referido financiamento foi pensado para outro fim, nomeadamente o do pagamento de salários”. “A operação de financiamento em curso vem dar resposta a uma necessidade que decorre do exercício normal da atividade da Efacec“, diz fonte oficial em resposta às questões do ECO. “Este financiamento fortalecerá a capacidade de resposta da Efacec e do alcance dos seus objetivos, de acordo com o plano de negócios definido”, acrescenta.
Com este novo financiamento, a dívida líquida (net/debt) atingirá os 210 milhões de euros, um valor claramente superior ao valor projetado quando o processo de reprivatização se iniciou, e que era de 104 milhões de euros. O desvio das contas da Efacec projetado para 2021 em comparação com os valores inicialmente previstos é relevante. O EBITDA ficará nos 23,6 milhões negativos quando a projeção apontava para 22,9 milhões de euros positivos, enquanto a faturação ficará nos 238 milhões, menos 84 milhões de euros do que o previsto.
A Efacec garante que continua “a ser merecedora da confiança dos seus clientes e parceiros”, “como comprovam as encomendas superiores a 500 milhões de euros, das quais 200 milhões de euros são resultantes da atividade que tem vindo a ser desenvolvida em 2021. São novos contratos, na sua maioria, de longa duração, parte já iniciados em 2021 e que testemunham a competitividade da empresa”, sublinha fonte oficial. A empresa liderada por Ângelo Ramalho anunciou esta segunda-feira a entrada no mercado italiano com a assinatura de um contrato de 20 milhões de euros com a e-distribuzione, a maior empresa de distribuição de energia elétrica em Itália do Grupo Enel.
São estes os pressupostos para a negociação da reprivatização da Efacec. A DST foi a única candidata a apresentar uma BAFO (Best and Final Offer), que na verdade será menos generosa do que a primeira oferta vinculativa porque, entretanto, as projeções apontaram para resultados operacionais piores do que os inicialmente estimados.
A DST quer uma redução da dívida líquida para 90 milhões de euros no pre-closing. E exige que o Estado assuma responsabilidade pelo legacy até 170 milhões de euros (decorrente de processos judiciais em curso), e será necessário ainda concluir o processo de reestruturação que envolve mais investimento.
O processo de venda está em curso, e ainda na semana passada o ministro de Estado e da Economia, Pedro Siza Vieira, afirmou que espera ter o processo de venda definido até ao final do ano.
O ECO contactou o Ministério da Economia e o Banco Português de Fomento, mas não obteve resposta até à publicação desta notícia.
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