Mudanças na contratação pública aumentam risco de fraude, alerta Tribunal de Contas

Tribunal de Contas elogia "boas taxas de compromisso" do PT2020, mas aponta "execução lenta", "baixo nível de absorção dos fundos" e "incumprimento de objetivos intermédios em muitos dos programas".

O Tribunal de Contas alerta para os riscos acrescidos que resultam das alterações introduzidas ao nível da contratação pública, que podem comprometer a qualidade dos projetos financiados com verbas europeias e aumentar o risco de fraude. A instituição liderada por José Tavares sugere, assim, que sejam implementados novos controlos nos processos de gestão.

No relatório de auditoria ao Portugal 2020, publicado esta terça-feira, o Tribunal de Contas sublinha que as alterações ao Código dos Contratos Públicos que preveem procedimentos pré-contratuais simplificados, com possível adoção de procedimentos não concorrenciais até limiares elevados, e o regime excecional de execução orçamental e de simplificação de procedimentos dos projetos aprovados no âmbito do PRR — que, designadamente, dispensa ou acelera os prazos para pareceres e autorizações normalmente necessários — aumentam os riscos de fraude e corrupção. O alerta já tinha feito através de parecer emitido pela sua Comissão Permanente no processo legislativo, mas o Tribunal faz questão de o reiterar neste novo relatório.

O Tribunal de Contas reconhece que estas mudanças “aceleram alguns dos processos responsáveis por demoras”. No entanto, relembra que, “embora se trate de um balanço difícil”, há que “assegurar o equilíbrio entre a necessidade de responder à crise de forma célere e a salvaguarda dos princípios da transparência, integridade e responsabilidade na utilização dos fundos públicos, designadamente os europeus”, pode ler-se no documento.

Os constrangimentos na fase de contratação pública dos investimentos traduzem-se em “atrasos na execução, decorrentes de concursos desertos, situações de insolvência dos adjudicatários e providências cautelares com efeitos suspensivos na contratualização das empreitadas (em particular nas entidades da administração central e do setor empresarial do Estado), alertam as autoridades de gestão.

E esses atrasos são notados pelo Tribunal de Contas que elogia as “boas taxas de compromisso”, mas aponta a “execução lenta”, o “baixo nível de absorção dos fundos”, o “incumprimento de objetivos intermédios em muitos dos programas” e a “fraca orientação para resultados”.

“Os fatores que influenciaram a lenta execução e o incumprimento de objetivos e metas são recorrentes e estão relacionados com o arranque tardio dos programas, incluindo atrasos na aprovação dos programas, na estabilização das autoridades de gestão, dos organismos intermédios e das correspondentes competências, e na definição e desenvolvimento dos sistemas de informação”, aponta o Tribunal de Contas. A instituição frisa ainda a “insuficiência de recursos humanos nas estruturas de apoio; a dificuldade dos organismos intermédios em darem resposta dentro dos prazos às tarefas neles delegadas; dificuldades na interoperabilidade entre os sistemas de informação”; a “necessidade de aguardar por regulamentação ou orientações definidas a nível central e de articular a competência e atuação de entidades diversas”.

Os atrasos decorrem ainda de em algumas áreas “os apoios não suscitam interesse junto dos beneficiários, nomeadamente por falta de capacidade técnica ou financeira dos mesmos”.

Por isso, a instituição liderada por José Tavares deixa um conjunto de recomendações para que no PRR e no PT2030 não sejam cometidos os mesmos erros:

  • Melhorar a articulação entre os Programas Operacionais Temáticos e os Programas Operacionais Regionais na definição dos critérios de seleção dos beneficiários e na delimitação de fronteiras de elegibilidade dos investimentos;
  • Promover a sensibilização das entidades envolvidas para a necessidade de cumprimento de princípios e requisitos procedimentais e de controlo equilibrados, promovendo as orientações necessárias para um adequado recurso ao mercado e para a efetiva emissão em tempo oportuno dos pareceres técnicos que condicionem de forma crítica a qualidade dos projetos;
  • Assegurar a efetividade da contrapartida nacional dos investimentos cofinanciados pelos fundos europeus;
  • Criar condições para a implementação de um efetivo sistema de gestão e avaliação do desempenho dos fundos, que contenha os estímulos necessários a uma adequada orientação para os resultados;
  • Implementação de mecanismos ajustados de controlo e gestão da integridade e transparência na aplicação dos fundos europeus, que tenham em conta os riscos resultantes dos regimes legais entretanto adotados.

Reprogramação anula efeitos penalizadores do incumprimento de objetivos

Em termos de resposta à crise, a instituição aponta ainda o dedo facto de o Executivo ter usado a reprogramação dos fundos europeus para responder à pandemia, mas também para “atenuar ou anular os efeitos penalizadores decorrentes do incumprimento dos objetivos intermédios”. Ou seja, no âmbito de cada quadro comunitário de apoio, os Estados membros têm de cumprir objetivos intermédios

Ora, Portugal optou por fazer uma reprogramação do Portugal 2020 em 2018 e mesmo assim parte dos objetivos intermédio não foram cumpridos. De acordo com o Tribunal de Contas, “em 24,1% dos eixos/prioridades (a maioria dos quais no FSE), os objetivos intermédios não foram atingidos”. “No entanto, se as metas não tivessem sido revistas antes da avaliação, 62% dos eixos prioritários/prioridades não teriam atingido o nível de realização intermédia prevista”, revela a avaliação intermédia do PT2020, efetuada em 2019 com referência a 31 de dezembro de 2018, que envolveu a análise do desempenho em 87 eixos prioritários/prioridades, com 290 indicadores.

Este incumprimento levou à reafetação de 11,4% da reserva de desempenho, o equivalente a 173,8 milhões, sendo o Fundo Social Europeu o mais afeado. Mas foi possível evitar quaisquer “penalizações em benefício de outros programas”, reconhece o Tribunal, que não deixa de constatar que a aplicação do “quadro de desempenho não estimula uma efetiva melhoria dos resultados”. O quadro de desempenho é o subconjunto de indicadores de um eixo prioritário sujeitos à avaliação do desempenho no momento intermédio ou final.

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5 coisas que vão marcar o dia

A agenda mediática deverá ser dominada pelo provável cenário de eleições antecipadas com o previsível chumbo do Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022).

Além do debate sobre o Orçamento do Estado para 2022 e o cenário de eleições antecipadas, há mais eventos a marcar esta terça-feira: é o caso da reunião extraordinária dos ministros da Energia da União Europeia para discutirem a crise energética e da assembleia de credores da Dielmar que será decisiva para o futuro da empresa.

Arranca a discussão do Orçamento do Estado para 2022 na generalidade

O Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022) continuará a dominar a agenda mediática agora que está iminente o chumbo da proposta do Governo na Assembleia da República. É a primeira vez que tanto o Bloco como o PCP anunciam o voto contra um Orçamento de António Costa. Esta terça-feira arranca a discussão na generalidade no Parlamento com mais de quatro horas de debate num momento de crispação entre o PS e os seus habituais parceiros parlamentares. O debate prolonga-se para quarta-feira, dia em que ocorrerá a votação decisiva que deverá levar ao chumbo do Orçamento e à marcação de eleições antecipadas.

Ministros da Energia da União Europeia discutem aumento dos preços

Os ministros da Energia dos 27 Estados-membros da União Europeia vão reunir-se de forma extraordinária esta terça-feira para discutir o aumento dos preços da energia no mercado interno. No Conselho de Transportes, Telecomunicações e Energia, os ministros vão trocar pontos de vista sobre o pacote de medidas sugerido pela Comissão Europeia e vão debater possíveis medidas de atenuação dos preços de energia a nível nacional e da União Europeia. Em cima da mesa está, por exemplo, a compra centralizada de gás natural, replicando o modelo da aquisição das vacinas.

Banco de Portugal divulga resultado do inquérito aos bancos sobre o mercado de crédito

Esta terça-feira o banco central vai divulgar os resultados do inquérito aos bancos sobre o mercado de crédito. No último inquérito divulgado em abril, os bancos sinalizavam que estavam a apertar os critérios de concessão de crédito para empresas (PME) e crédito ao consumo para cidadãos. No caso do crédito à habitação os critérios mantiveram-se. Neste momento especula-se sobre qual será a política de concessão de crédito dos bancos após o fim das moratórias (que acabaram em setembro).

Como evoluiu o défice orçamental até setembro?

Com o próximo Orçamento do Estado prestes a ser chumbado, o Ministério das Finanças continua a executar o Orçamento deste ano com as contas públicas a beneficiar da recuperação da economia. Esta terça-feira a Direção-Geral do Orçamento irá divulgar a síntese de execução orçamental relativa a setembro, a qual deverá ser antecipada durante a tarde pelo gabinete de João Leão. Até agosto, o défice orçamental em contabilidade pública situava-se nos 6.878 milhões de euros.

Assembleia de credores decide futuro da Dielmar

Esta terça-feira a assembleia de credores da Dielmar, que está insolvente, vai reunir-se para decidir sobre as propostas e manifestações de interesse. Perante o perigo de se avançar para o encerramento definitivo e a liquidação dos bens, a empresa de confeções está em contrarrelógio para ser vendida a eventuais interessados. Segundo a Lusa, que cita o administrador de insolvência, existem duas propostas formais e mais duas manifestações de interesse não oficializadas.

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Fase principal do leilão do 5G atinge hoje 200 dias de licitações

Há 200 dias que as operadoras licitam as frequências à venda na fase principal do leilão do 5G, num investimento que está rapidamente a caminho dos 500 milhões de euros.

A fase principal do leilão de frequências do 5G, promovido pela Anacom, deverá atingir esta terça-feira 200 dias de licitações, marco que é assinalado num momento de especial crispação no setor das telecomunicações. O valor do espetro caminha a passos largos em direção aos 500 milhões de euros.

Esta segunda fase da venda de frequências arrancou a 14 de janeiro e tem, entre os participantes, empresas como Meo, Nos, Vodafone e outras. Antes, já tinha havido uma primeira fase, exclusiva para novos entrantes, que começou a 22 de dezembro de 2020 e terminou a 11 de janeiro deste ano.

O 200.º (ducentésimo) dia do leilão principal dá-se uma semana depois de o primeiro-ministro, António Costa, ter apontado baterias à Anacom no Parlamento, afirmando que o regulador das comunicações “inventou o pior modelo de leilão possível” para as frequências da quinta geração móvel. Declarações que tornaram o 5G num verdadeiro facto político.

Paulo Rangel, candidato a presidente do PSD, veio dizer de seguida que o Governo tem de ser consequente nas palavras, sugerindo assim que o Conselho de Administração da Anacom, na pessoa do presidente João Cadete de Matos, deveria ser demitido. A Nos também exigiu a demissão do regulador.

A Anacom ainda não avançou com nenhuma reação às palavras do primeiro-ministro na Assembleia da República. Em meados deste ano, o regulador promoveu duas alterações às regas do leilão para tentar acelerar a venda, sem aparente sucesso até ao momento.

5G a caminho dos 500 milhões

Nesta altura, as frequências à venda na fase principal do leilão do 5G já permitem um encaixe superior a 470 milhões de euros (mais concretamente, de 472,42 milhões), fixando-se a licitação num conjunto de lotes na faixa dos 3,6 GHz, uma das relevantes para a rede móvel de quinta geração. O espetro valia 195,9 milhões de euros quando foi posto à venda e, até agora, apenas um lote nos 700 MHz, dos mais caros, é que ainda não mereceu qualquer interesse por parte das empresas do setor.

Já a fase exclusiva para empresas que ainda não têm presença no mercado, e que decorreu entre o final do ano passado e o início deste ano, totalizou 84,35 milhões de euros em licitações, duplicando o valor de reserva das faixas, que era de 42 milhões. Com base em informações que circulam no mercado e em informação que foi tornada pública pela comunicação social, terão licitado nessa fase a espanhola MásMóvil e a romena Digi Communications, pelo menos.

Portugal e Lituânia são os dois únicos países da União Europeia que ainda não têm ofertas comerciais de 5G, embora outros Estados-membros não tenham ainda concluído ou iniciado leilões para a venda de frequências. Espera-se que a Lituânia anuncie esta semana um leilão da faixa dos 700 MHz, o que pode deixar Portugal para último no panorama do 5G europeu.

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Da descida do IRS às pensões extra, estas são as medidas que caem com o chumbo do OE

Com o voto contra do Bloco e do PCP, as medidas da proposta do OE 2022 vão cair, incluindo a mudança nos escalões do IRS, o aumento dos pensionistas e função pública e mais dinheiro para o SNS.

Nas últimas semanas ouviu anúncios de medidas que constam ou iam constar do Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022), mas o iminente chumbo da proposta do Governo com o voto contra do Bloco e do PCP significa que ficarão pelo caminho. Exceto se houver uma reviravolta até quarta-feira, o país deverá entrar em 2022 em duodécimos, podendo gastar por mês apenas 1/12 da despesa efetuada em 2021, e com eleições antecipadas marcadas pelo Presidente da República. Não haverá descida do IRS nem englobamento obrigatório, aumento da função pública e pensionistas, mais dinheiro para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) nem o crédito fiscal para o investimento das empresas.

Será difícil explicar aos portugueses que todas estas melhorias nas suas vidas estão postas em causa“, disse Duarte Cordeiro, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, na primeira reação do Governo esta segunda-feira ao anúncio de voto contra do PCP, assegurando que “nunca” tinha ido “tão longe” nas negociações com os comunistas. Porém, não foi suficiente: Jerónimo de Sousa justificou o voto contra com a “insuficiente” resposta na na valorização dos salários, nas mudanças na lei laboral e no reforço do Serviço Nacional de Saúde (SNS). “Portugal não precisa de um Orçamento qualquer“, disse o líder do PCP, argumentando que “há condições e meios” para responder aos problemas, mas o PS recusa-se a fazê-lo.

A concretizar-se o chumbo do OE 2022 na quarta-feira, esta será a primeira vez desde 1979, o primeiro Orçamento após o resgate do Fundo Monetário Internacional (FMI), que um Orçamento do Estado será chumbado pelo Parlamento. Mas, na prática, o que significará para os portugueses? Além de terem de ir às urnas escolher um novo Governo uma vez que Marcelo Rebelo de Sousa ditou que essa seria a consequência do chumbo, os contribuintes também deverão pagar mais impostos do que pagariam caso o Orçamento estivesse em vigor a 1 de janeiro de 2022.

Logo a 11 de outubro quando a proposta do OE foi apresentada, os portugueses ficaram a saber que iam ser criados dois novos escalões de IRS, o que se traduziria num desagravamento fiscal para todos os contribuintes, além de um reforço do IRS Jovem e o aumento de 200 euros do mínimo de existência que iria isentar de pagar IRS mais 170 mil contribuintes. Para alguns contribuintes no topo chegaria o englobamento obrigatório das mais-valias mobiliárias especulativas (até um ano), o que agravaria a fatura fiscal. No caso das empresas, havia o reforço do Incentivo Fiscal à Recuperação, um benefício fiscal para o investimento privado.

Na ótica dos rendimentos, os funcionários públicos conseguiam neste Orçamento um aumento salarial de 0,9%, além das normais progressões e promoções, e os pensionistas até 658 euros iam ter uma subida extraordinária de 10 euros por mês — depois o Governo cedeu para abranger as pensões até 1.097 euros, incluindo 2,3 milhões de pensionistas. Mais recentemente, o Executivo abriu o jogo quanto ao salário mínimo, anunciando “o maior aumento de sempre” de 40 euros para os 705 euros e comprometendo-se a chegar aos 850 euros (almejados pelo PCP) em 2025. No caso específico do salário mínimo, o Governo tem o poder legislativo para o aumentar no início do próximo ano, caso ainda esteja em funções, mas poderá ter dificuldades em pagá-lo aos funcionários públicos dado que terá limites na execução orçamental.

Há também a gratuitidade progressiva das creches a partir do próximo ano letivo, começando com o primeiro ano de creche em setembro de 2022, o aumento do abono de família, o reforço das verbas para o Programa de Apoio à Redução Tarifária nos Transportes Públicos (PART) e para “a densificação da oferta de transportes públicos” e o alargamento do Fundo de Tesouraria de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em 750 milhões de euros, de acordo com o que anunciou António Costa após a reunião da comissão política nacional do PS na passada sexta-feira. Algumas destas medidas seriam viabilizadas na fase de especialidade do OE, a qual não existirá se for chumbado na generalidade.

O Governo acenava ainda à esquerda com um aumento de 700 milhões de euros no Orçamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e uma maior autonomia para contratações no caso de substituições — tendo o PS cedido ainda neste âmbito para dar mais autonomia nos limites de quadro pessoal e dos orçamentos das instituições do SNS, de acordo com Duarte Cordeiro.

Crescimento da economia fica em causa. Alterações na lei laboral e no SNS em dúvida

Outra consequência do chumbo do Orçamento, que fica em duodécimos, é a maior dificuldade em executar o Plano de Recuperação e Resiliência: este ponto foi alvo de alertas por parte do Presidente da República e o próprio ministro das Finanças, João Leão, admitiu a dificuldade acrescida, ainda que tenha dito que “há soluções que podem ser exploradas”. E o risco não é só orçamental, mas também económico dado que o PRR dá um contributo de dois pontos percentuais ao crescimento de 5,5% do PIB previsto para 2022.

Mais incerto é o que acontecerá com as alterações à legislação laboral e com o estatuto do SNS que se misturaram com as negociações do Orçamento. Na passada quinta-feira, em Conselho de Ministros, foi aprovada a proposta de lei que procede à alteração de legislação laboral no âmbito da agenda de trabalho digno e o novo Estatuto do Serviço Nacional de Saúde (SNS), dois documentos em que o Governo tentou aproximar-se às exigências do PCP e do Bloco.

Os documentos podem estar aprovados, mas ainda existe todo um caminho legislativo a percorrer, nomeadamente com a consulta pública e os procedimentos no Parlamento, o que poderá demorar meses. Dependendo do calendário das eleições legislativas definido pelo Presidente da República, estes “avanços” que o Governo ofereceu à esquerda poderão ficar pelo caminho.

No caso da lei laboral, em causa está o reforço do processo de arbitragem no fim dos contratos coletivos, tendo o Executivo mostrado abertura para uma “suspensão sem prazo da caducidade” (anteriormente prologavam apenas até 2024); o princípio do tratamento mais favorável ao trabalhador na regulamentação do teletrabalho e das plataformas digitais; a reversão da compensação devida (indemnização) por cessação do contrato a tempo certo ou incerto; e a reposição do valor de trabalho suplementar após as 120 horas extra.

No caso do estatuto do SNS, o Governo cedeu na criação da carreira especial de técnico auxiliar de saúde (ainda que não nos moldes que o Bloco queria), incluiu mais incompatibilidades e obrigatoriedades no regime da dedicação plena dos médicos do SNS, cedeu na implementação de um regime extraordinário de incentivos para fixação de médicos de família em zonas carenciadas e ainda na “valorização da carreira de enfermagem com a abertura de um concurso extraordinário de progressão na carreira mas também a reposição dos pontos perdidos quando entraram na nova carreira”, de acordo com o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares.

Ainda nesse Conselho de Ministros tinha sido aprovado o decreto-lei que cria o Estatuto dos Profissionais da Área da Cultura, o qual deverá entrar em vigor a 1 de janeiro de 2022. Neste caso, a medida deverá seguir em frente.

Por fim, António Costa tinha também mostrado abertura para eliminar o fator de sustentabilidade para os pensionistas que tenham 60 anos e que tenham 80% de incapacidade durante pelo menos 15 anos.

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Ninguém ganha com eleições antecipadas

Atirar a toalha ao chão e pôr fim à geringonça não vai ajudar o PCP a reconquistar eleitorado. Esquerda pode ser penalizada e ala mais à direita do Parlamento poderá beneficiar da situação.

Comunistas e bloquistas recusam viabilizar o Orçamento do Estado para 2022 e atiram o país para eleições antecipadas. O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa ameaçou e reiterou que, perante um chumbo do documento iniciará “logo, logo, logo a seguir o processo de dissolução” da Assembleia da República. E se até quarta-feira não houver um “golpe de magia”, a pergunta que se coloca é quem ganha com a realização de eleições antecipadas? Os politólogos ouvidos pelo ECO são perentórios em afirmar que não será a esquerda. Eventualmente, a direita. Mas o mais certo é ninguém ganhar.

“A realização de eleições vai gerar um impasse no país e uma perda de tempo do ponto de vista da retoma programa“, diz André Freire. De acordo com a proposta de Orçamento do Estado, a economia nacional deverá crescer 5,5% no próximo ano, com um importante impulso dos fundos europeus, cuja execução fica parcialmente comprometida com o país a funcionar em duodécimos. “Os partidos de esquerda dificilmente beneficiarão desta culpa por as negociações não chegarem a bom porto. Nem mesmo o PS vai capitalizar com isto, porque demonstra incapacidade de encontrar soluções em conjunto”, acrescenta o professor de ciência política do ISCTE.

“O PS não ganha também porque as eleições antecipadas vão desencadear-se num contexto de fatores exógenos que não favorecem o partido no poder“, frisa António Costa Pinto, dando como exemplo o escalar dos preços do petróleo ou a dinâmica nos mercados internacionais das matérias-primas que vão gerar inflação. E os partidos à esquerda “também não capitalizam”, vaticina o investigador coordenador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e professor convidado do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa.

“O PCP tinha avisado” que iria chumbar o OE caso as suas reivindicações não fossem satisfeitas, recorda Adelino Maltez. E se o Governo se lamenta pelo facto de “nunca terem ido tão longe no diálogo com o PCP” e que houve um “esforço enorme” para se aproximar dos pedidos dos comunistas, isso não foi suficiente. “A alma dos comunistas estava em contradição por ser um dos dois pés de uma geringonça a três“, acrescenta o professor do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa, onde é professor catedrático do grupo de ciências jurídico-políticas.

Atirar a toalha ao chão e pôr fim à geringonça não vai ajudar o PCP a reconquistar eleitorado, defendem os politólogos. “O PCP vai continuar a declinar um pouco e o bloco de Esquerda também”, diz António Costa Pinto. “O PCP já está a declinar há várias eleições“, lembra André Freire. Para os politólogos não é um problema de ter dado a mão ao Governo de António Costa, mas antes um “problema estrutural” do partido, mais uma vez evidenciado pelo resultado nas eleições autárquicas.

“O facto de o eleitorado de esquerda ter gostado desta solução e de se antecipar que esta pode ser uma oportunidade de alteração de Governo para a direita isso pode, ao contrário do que se pensa, penalizar o PS”, diz Costa Pinto.

Os politólogos admitem que a ala mais à direita do Parlamento poderá de facto beneficiar desta situação até porque PSD e CDS estão a disputar a liderança e isso poderá colar, de certa forma, as suas campanhas internas a uma pré-campanha eleitoral. “Se alguém beneficia disto será a direita”, diz André Freire, admitindo a possibilidade de vir as ser formado um Governo de direita “com PSD, liderado por Rui Rio ou Paulo Rangel, e com CDS e Iniciativa Liberal em coligação pré-eleitoral e se necessário o Chega também pode fazer parte da solução, mas não em coligação. Uma solução estilo Açores”, explica o professor de Ciência política do ISCTE.

É quase certo que o PS vai pedir uma maioria absoluta para poder governar, dizem os politólogos. “Mas as pessoas não estão para aí viradas”, diz André Freire. “À semelhança do que aconteceu em grandes cidades como Lisboa e Coimbra, as pessoas podem não mudar o sentido de voto, mas haver uma maior desmobilização à esquerda“, antecipa. “O PS pode voltar a ter uma maioria relativa, mas a esquerda no seu conjunto vai ser penalizada, isto tendo em conta as sondagens”, acrescenta, admitindo que “o PAN talvez possa conquistar mais votos nas novas eleições tendo em conta a capacidade de negociação demonstrada”.

Um PS minoritário voltar-se para o PSD para formar um Governo de bloco central é uma cartada afastada por todos. “É um mito”, diz mesmo Adelino Maltez. “Só numa conjuntura de grande crise seria possível”, admite Costa Pinto, sublinhando que essa solução “conduziria a um maior fracionamento e ascensão de partidos antissistema”.

Mas então quem ganha? “Fica tudo na mesma, com com mais X% para uns e menos X% para outros”, resume Adelino Maltez, sublinhando que o destino de António Costa está traçado. “Quem com ferro mata, com ferro morre“, diz recordando o facto de ter chegado a primeiro-ministro sem ser a força política mais votada — quem ganhou as legislativas de 2015 foi o PSD sob a liderança de Pedro Passos Coelho — e que foi por iniciativa do PCP na própria noite eleitoral ter lançado as bases da geringonça. Agora é o mesmo PCP que determina o seu fim.

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Época de resultados puxa Wall Street para recordes

  • Lusa
  • 25 Outubro 2021

S&P 500 e Dow Jones acabaram o dia a bater recordes. Nasdaq ganhou 0,90%.

A bolsa nova-iorquina encerrou esta sexta-feira em alta, com dois dos seus índices mais emblemáticos a fecharem em níveis recorde, o alargado S&P500 e o seletivo Dow Jones Industrial Average, graças à satisfação dos investidores com vários resultados divulgados.

Os números definitivos da sessão indicam que o S&P 500 avançou 0,47%, para os 4.566,48 pontos, e o Dow Jones progrediu 0,18%, para as 35.741,15 unidades.

Sem bater recordes, mas com comportamento positivo esteve também o tecnológico Nasdaq, que ganhou 0,90%, para os 15.226,70 pontos.

Continuamos a aconselhar aos investidores que se concentrem na época dos resultados”, realçou Sam Stovall, responsável pela estratégia de investimentos na CFRA. “É normalmente nestas ocasiões que o mercado se comporta melhor”, continuou, “porque as empresas controlam o fluxo dos anúncios (de resultados), em vez das outras informações, que são com frequência negativas”.

A Facebook, que divulgou os seus resultados trimestrais depois do fecho da sessão bolsista, apesar de ter falhado a meta do volume de negócios e do número de utilizadores para o terceiro trimestre, estava a subir 3,96%.

“Há um enviesamento positivo”, insistiu Sam Stovall, apesar dos receios com um arrefecimento da economia e sobretudo com o crescimento dos preços.

“Pensamos que a inflação é um problema”, disse Stovall, “mas que não é imediato”, relativizou. “Em meados do próximo ano é que vai começar a ter impacto no mercado”, previu.

Entretanto, “veem-se sinais que mostram que o mercado ainda pode continuar a subir nos últimos dois meses do ano”, avançou Ryan Detrick, responsável pela estratégia na LPL Financial.

Entre as cotadas, menção especial para a Tesla, que acabou a valorizar 12,66% e a superar o bilião (milhão de milhões) de dólares de capitalização bolsista. Assim, a construtora automóvel entrou para um grupo restrito, que conta com a Amazon, a Alphabet, que é a holding da Google, a saudita Aramco, a Microsoft e a Apple.

Mesmo antes de a bolsa abrir, a Tesla já chamava a atenção, com o anúncio de uma encomenda massiva de cem mil veículos pela Hertz, que pretende desenvolver a sua oferta de carros elétricos, ainda em quantidade restrita no setor do aluguer de viaturas.

Já a jovem sociedade Bakkt, que negoceia em moedas digitais, foi colocada ‘em órbita’, com uma valorização de 234,43%, por um anúncio de parceria com a Mastercard, que vai associar a emissão de cartões de débito e crédito com a oferta de pontos fidelidade em criptomoedas. No seguimento deste anúncio, a plataforma de negociação de moedas virtuais Coinbase subiu 8,21%.

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Sporting trocou jogadores com FC Porto em negócio de 11 milhões

  • Lusa
  • 25 Outubro 2021

Os 'leões' referem ter 'enviado' o médio Rodrigo Fernandes para os 'dragões' pelo valor de 11 milhões de euros e que pagaram igual quantia aos 'azuis e brancos' pelo extremo Marco Cruz.

O Sporting revelou esta segunda-feira ter trocado jogadores com o FC Porto, num negócio em que cada clube pagou ao outro 11 milhões de euros, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

No comunicado, em que revelam todos os valores com as transações de jogadores durante o último mercado de transferências, os ‘leões’ referem ter ‘enviado’ o médio Rodrigo Fernandes para os ‘dragões’ pelo valor de 11 milhões de euros e que pagaram igual quantia aos ‘azuis e brancos’ pelo extremo Marco Cruz.

Já a aquisição aos franceses do Paris Saint-Germain do avançado espanhol Pablo Sarabia custou ao Sporting uma taxa de empréstimo de dois milhões, sem opção de compra, uma transferência envolvida no negócio de saída do lateral Nuno Mendes para o clube gaulês, igualmente por empréstimo.

As transferências de Ugarte, ex-Famalicão, e de Ricardo Esgaio, ex-Sporting de Braga, custaram ao Sporting 6,5 milhões e 5,5 milhões, respetivamente, sendo que os famalicenses garantiram ainda metade do valor de uma futura venda.

Quanto às saídas, destaque para a transferência do guarda-redes Luís Maximiano para o Granada por 4,5 milhões, do lateral Valentin Rosier para o Besiktas por 5,1 milhões e do médio Josip Misic para o Dinamo Zagreb por dois milhões.

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Lucros do Facebook superam nove mil milhões de dólares no 3.º trimestre

  • Joana Abrantes Gomes
  • 25 Outubro 2021

Face a lucros superiores ao previsto, as ações do Facebook subiram mais de 2% nesta segunda-feira. Apenas as receitas não atingiram as estimativas dos analistas de Wall Street.

Os resultados líquidos do Facebook no terceiro trimestre de 2021 cresceram 17%, para 9,1 mil milhões de dólares, quando em 2020 os lucros foram de 7,8 mil milhões de dólares. Em receitas, a empresa liderada por Mark Zuckerberg aumentou 35%, para 29,01 mil milhões de dólares.

Estes resultados contrariam as estimativas dos analistas de Wall Street, que esperavam que as vendas da empresa atingissem os 29,6 mil milhões de dólares. Para os meses de outubro a dezembro, a tecnológica já disse esperar que as receitas se situem entre 31,5 mil milhões de dólares e 34 mil milhões de dólares.

Essa previsão reflete a “incerteza significativa” que o Facebook enfrenta no quarto trimestre, “à luz dos contínuos ventos contrários das alterações ao iOS 14 da Apple, e de fatores macroeconómicos e relacionados com a Covid-19”, segundo a empresa, citada pela CNBC.

Após o anúncio de lucros melhores do que o esperado, as ações da gigante tecnológica subiram mais de 2% nesta segunda-feira.

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Previsão de chuva e descida das temperaturas a partir de quinta-feira

  • Lusa
  • 25 Outubro 2021

"O tempo seco e ameno dos últimos dias, dará lugar a tempo chuvoso e a uma descida gradual das temperaturas máximas, entre os dias 28 e 31 de outubro", antecipa o IPMA.

O estado do tempo em Portugal continental deve sofrer “uma alteração significativa” a partir do meio da tarde de quinta-feira, com chuva e descida gradual das temperaturas máximas, avisou esta segunda-feira o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

“O tempo seco e ameno dos últimos dias, dará lugar a tempo chuvoso e a uma descida gradual das temperaturas máximas, entre os dias 28 e 31 de outubro [entre quinta-feira e domingo]”, informou o IPMA, referindo-se à mudança do estado do tempo em Portugal continental.

A previsão meteorológica aponta para o enfraquecimento da região anticiclónica que se estende desde os Açores até à Europa Ocidental, o que permitirá “a passagens de massas de ar tropicais e com elevado conteúdo em vapor de água, transportadas latitudinalmente, num padrão usualmente conhecido como ‘rio atmosférico’”.

Esta situação meteorológica deverá originar precipitação persistente na generalidade do território e tem potencial para produzir chuvas persistentemente fortes, em especial nas regiões do Centro e Sul, onde os impactos poderão ser significativos”, indicou o IPMA.

Neste âmbito, a chuva deverá chegar ao Minho e Douro Litoral a partir do meio da tarde de quinta-feira, depois estender-se-á gradualmente às restantes regiões Norte e Centro, e, a partir de sexta-feira, à região Sul, segundo a informação meteorológica.

Já o vento do quadrante sul deverá aumentar de intensidade, em particular nas terras altas, adiantou o Instituto, realçando ainda a previsão de aumento da agitação marítima na costa de Portugal continental e nas zonas marítimas de responsabilidade nacional.

O comunicado do IPMA com a informação meteorológica será atualizado diariamente, pelas 17:30, e recomenda-se o acompanhamento da previsão e avisos meteorológicos para os próximos dias consultando o ‘site’ www.ipma.pt.

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PSD Açores e PSD Madeira anunciam voto contra o Orçamento

  • ECO
  • 25 Outubro 2021

Do PSD Madeira, Paulo Neves já admitiu que vai votar contra o OE. Nos Açores, devem seguir o parecer desfavorável aprovado no Parlamento regional.

Se, às abstenções do PAN e das deputadas não inscritas Joacine Katar Moreira e Cristina Rodrigues, se juntassem três votos a favor dos deputados do PSD Madeira, o Orçamento do Estado para 2022 seria viabilizado. Mas, segundo o Expresso, tanto os deputados sociais-democratas da Madeira, como os dos Açores, vão votar contra a proposta orçamental na votação na generalidade, que decorre na próxima quarta-feira, 27 de outubro.

O parecer desfavorável ao OE, aprovado esta tarde pelos deputados do PSD no Parlamento regional dos Açores, indicia um voto contra dos deputados dos Açores no Parlamento nacional. Contrariamente ao que já aconteceu na Madeira, o histórico da última década mostra que o PSD Açores votou sempre de acordo com o sentido de voto da direção nacional.

Quanto ao arquipélago da Madeira, o presidente da região, Miguel Albuquerque, anunciou há dias o desejo de que o Governo caia. Questionado pelo Expresso, o deputado do PSD Madeira Paulo Neves remete para essas declarações, dizendo que, tendo em conta que a comissão política regional já se pronunciou, “o voto é contra”.

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“Não podemos dar respostas que cabe ao Governo dar”, diz PCP

  • Joana Abrantes Gomes
  • 25 Outubro 2021

O líder parlamentar do PCP, João Oliveira, afirmou que a conferência de imprensa que o Governo deu esta tarde confirmou a "recusa" em incluir as propostas comunistas no Orçamento do Estado.

Os comunistas começaram esta segunda-feira por anunciar que vão votar contra o Orçamento do Estado para 2022. Agora, o líder da bancada parlamentar do PCP veio justificar que a conferência de imprensa que o Executivo deu esta tarde confirmou “uma atitude de recusa” às propostas apresentadas pelo partido. “Não podemos dar respostas que cabe ao Governo dar”, diz João Oliveira.

“O Governo, na conferência de imprensa que fez hoje, acabou por confirmar essa opção de recusa de um conjunto de elementos que nós adiantámos para a consideração de uma resposta global em que o Orçamento se inserisse”, apontou o deputado do PCP, em declarações à SIC.

Questionado sobre se o voto contra é uma posição inamovível, João Oliveira considera que “a questão da expectativa não está colocada em relação à posição do PCP”, mas antes no facto de o Executivo ter confirmado esta tarde que recusa o reforço do Serviço Nacional de Saúde (SNS), o aumento dos salários ou o combate à precariedade ou respostas à habitação.

Sobre a iminência de o partido ter de enfrentar as urnas em eleições legislativas antecipadas, face ao chumbo do OE2022, o líder parlamentar do PCP disse que “quem luta por aumentos dos salários mínimos, de pensões, do reforço do SNS, não deve ter medo de confrontar essas propostas”. Para João Oliveira, a questão é outra: é que cada uma dessas propostas tem valor de facto. “Foi por isso que o PCP se bateu por elas, mas elas têm de ser consideradas de forma global” no Orçamento, concluiu.

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Trabalhadores do Metro de Lisboa fazem greve de 24 horas a 4 de novembro

  • Lusa
  • 25 Outubro 2021

Além da greve de 24 horas a 4 de novembro, farão greve parcial a 26 e 28 de outubro e a 2 de novembro, e greve ao tempo extraordinário com início em 1 de novembro por 10 dias renováveis.

Os trabalhadores do Metro de Lisboa vão realizar uma greve de 24 horas em 4 de novembro, mas a luta arranca com três greves parciais, a primeira das quais na terça-feira, anunciou esta segunda-feira a FECTRANS.

“Esta nova etapa da nossa luta começa amanhã [terça-feira] e é composta, para já, por: greves parciais dias 26, 28 de outubro e 2 de novembro; greve de 24 horas no dia 4 de novembro; e greve ao tempo extraordinário com início em 1 de novembro por 10 dias renováveis”, informou a Comissão Intersindical do Metropolitano de Lisboa, através da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (FECTRANS).

O período de greves foi marcado por todas as organizações sindicais subscritoras do Acordo de Empresa (AE), na sequência do último plenário geral de trabalhadores, em que decidiram que “a luta é a alternativa para defender os direitos”.

Tudo fizemos para evitar este conflito, mas, em bom rigor, estamos uma vez mais a preparar o processo reivindicativo para 2022 e continuamos sem conseguir chegar a bom porto no processo deste ano”, indicou a Comissão Intersindical do Metropolitano de Lisboa, considerando que não há um verdadeiro processo negocial.

Sem aproximação de propostas que serviam as partes envolvidas, ou seja, os trabalhadores e o Conselho de Administração do Metropolitano de Lisboa, a Comissão Intersindical criticou o processo negocial: “esbarrámos de novo numa imposição de quem apenas quer fazer alterações unilaterais ao AE e pouco ou nada se preocupa com a melhoria das condições de vida e trabalho, de quem diariamente dá o melhor pela empresa”.

No âmbito das primeiras duas greves parciais, agendadas para terça e quinta-feira desta semana, entre as 5h e as 9h30, a empresa Metropolitano de Lisboa prevê que “o metro inicie o serviço de transporte, nesses dias, a partir das 10:15 horas”.

Em declarações à agência Lusa, a dirigente sindical da FECTRANS Anabela Carvalheira explicou que “a greve não é só contra o congelamento salarial”, porque as negociações “vão além da matéria salarial”, defendendo “uma total reposição de efetivos, que está por cumprir” e sublinhando a importância do “preenchimento imediato do quadro operacional e as progressões na carreira”.

Em comunicado, a Comissão Intersindical do Metropolitano de Lisboa referiu que a luta dos trabalhadores é “contra o congelamento salarial; pela aplicação de todas os compromissos assumidos pelo ministro do Ambiente e Ação Climática, onde se inclui a prorrogação do AE; pelo direito ao transporte e pela reposição imediata de todos os efetivos, cujas promessas até hoje na sua maioria não passaram do papel”.

“Motivos não nos faltam, o importante agora é a união de todos e a construção de uma grande luta, pela dignidade dos trabalhadores, em defesa dos nossos postos de trabalho e do Metropolitano de Lisboa”, frisou a Comissão Intersindical.

O pré-aviso de greve foi entregue em 6 de outubro “devido à falta de respostas às questões colocadas, quer em reuniões com o ministro do Ambiente, quer com o presidente do ML – Metropolitano de Lisboa”, referiu a sindicalista Anabela Carvalheira.

A greve de terça e quinta-feira ocorre entre as 5h e as 9h30, para a generalidade dos trabalhadores, e das 9h30 às 12h30 para o setor administrativo e técnico, de acordo com o sindicato.

Os trabalhadores do metro realizaram greves parciais ao serviço em maio e junho tendo em conta as mesmas reivindicações apresentadas para a nova paralisação.

O Metropolitano de Lisboa opera com quatro linhas: Amarela (Rato-Odivelas), Verde (Telheiras-Cais do Sodré), Azul (Reboleira-Santa Apolónia) e Vermelha (Aeroporto-São Sebastião), das 6h30 à 1h todos os dias.

A Lusa solicitou à empresa Metropolitano de Lisboa um ponto de situação sobre as negociações com as organizações sindicais representativas dos trabalhadores, aguardando ainda uma resposta.

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