Bankinter diz que banco em Portugal é “uma história de sucesso” para manter e não planeia compras

Presidente do banco espanhol, Maria Dolores Dancausa, mantém planos para crescimento orgânico em Portugal, que é "uma operação pequena, mas com grande potencial para futuro".

Maria Dolores Dancausa, presidente do banco espanhol Bankinter, considera que a operação em Portugal “é uma história de sucesso” para manter e adiantou que não planeia avançar para mais compras no mercado nacional.

“Há pouco mais de seis anos, em setembro 2015, adquirimos pequena rede de retalho em Portugal [ao Barclays]. Seis anos depois, é um banco que conquistou nome e uma magnífica reputação no país. No Bankinter não o adquirimos para depois vender, que é a moda muitas vezes. Nós adquirimos com a vocação de integrá-lo plenamente na nossa gestão, contribuindo para o êxito e crescimento grupo”, afirmou Dancausa durante a apresentação de resultados anuais.

O Bankinter registou lucros de 1.333 milhões de euros em 2021, incluindo uma mais-valia extraordinária não recorrente pela venda da “Línea Directa”. O Bankinter Portugal, liderado por Alberto Ramos, contribuiu com 50 milhões para o resultado.

“É uma cifra francamente boa”, considerou a presidente do banco espanhol.

Da mesma forma que afastou a venda da operação, Dancausa também declarou não está com planos para comprar outras operações em Portugal. Afirmou que há um departamento no banco que está atento a eventuais oportunidades no mercado, mas indicou que o crescimento do negócio português continuará a ser feito por via orgânica.

Dancausa reconheceu que o Bankinter Portugal “operação é pequena, mas tem grande potencial no futuro”.

O administrador financeiro, Jacobo Diaz Garcia, acrescentou depois que, apesar de ver nas notícias em Portugal que os bancos estão a aumentar as comissões, o Bankinter Portugal não irá fazer o mesmo. “O Bankinter não está a realizar uma subida das comissões indiscriminada aos clientes. Só cobramos por serviços que dão valor aos clientes”, sustentou.

O banco em Portugal fechou o ano passado com uma carteira de crédito de 6,9 mil milhões de euros (aumento de 6%) e recursos de clientes de 5,9 mil milhões (mais 23%). O aumento dos volumes permitiu subir a margem financeira em 5% para 99 milhões de euros, enquanto as comissões dispararam 20% para 61 milhões.

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Ano novo, liderança nova? Sete dicas para ser um líder melhor

A HBR foi revisitar os conselhos que deu ao longo do ano passado para ajudar os líderes a gerirem melhor as suas equipas - e a si próprios - neste período de profunda mudança. Eis os 7 melhores.

Trabalho híbrido, captação de talento, burnout e saúde mental… Muitos destes desafios e responsabilidade já vêm de 2021 e, no ano que agora começa, continuam no centro das preocupações dos gestores.

A Harvard Business Review (HBR) foi revisitar os conselhos que deu ao longo do ano passado para ajudar os líderes a gerirem melhor as suas equipas – e a si próprios – neste período de profunda mudança e incerteza. Conheça as sete melhores dicas que prometem ajudá-lo a melhor a sua liderança em 2022:

1. Perceba as preocupações de todos

À medida que as empresas começam a pôr em prática os seus planos de regresso ao escritório, os gestores encontram-se no meio de dois tipos de profissionais: os que querem continuar a trabalhar a partir de casa e os líderes seniores que querem os colaboradores de volta ao escritório da empresa. Como é que se lideram estas pessoas, com desejos tão distintos?

“Comece por descobrir o que está a conduzir as preocupações dos líderes. Será que duvidam que as pessoas estejam a levar o trabalho a sério? Estão preocupados que os funcionários não estejam a colaborar o suficiente? Assim que souberem o que está por detrás da sua vontade de regressar, encontrem formas de responder a essas preocupações. Mostre que o trabalho remoto é benéfico para a empresa, e não apenas para os indivíduos. Por exemplo, pode enfatizar a sua capacidade de reter os colaboradores qualificados que, de outra forma, partiriam. Pode salientar que o trabalho à distância oferece a capacidade de atrair um maior número de talentos. Pergunte ao seu departamento de recursos humanos se tem dados sobre como o teletrabalho está a compensar a sua empresa”, sugere a HBR na publicação.

2. Dê feedback (mesmo remotamente)

Dar feedback enquanto se trabalha remotamente pode ser uma tarefa desafiante, mas continua a ser fundamental acompanhar o trabalho do outro e dar-lhe as diretrizes necessárias para que possa melhorar e progredir na sua carreira.

“Comece por fazer perguntas. Tem de compreender a perceção do seu funcionário sobre o seu desempenho antes de expressar a sua opinião”; “antes de formular críticas, valorize os pontos fortes do colaborador: eles estarão mais recetivos ao seu feedback se acreditarem que você os valoriza”; “clarifique e contraste: ‘estou a dizer X; não estou a dizer Y'”; e “peça ao seu colaborador que resuma as principais conclusões da vossa conversa” são alguns dos conselhos da HBR.

“Estamos todos sob intenso stress devido à pandemia. Ter o cuidado de dar o seu feedback com clareza e sensibilidade ajudará as pessoas a concentrarem-se, mesmo num ambiente remoto.”

3. Adote outra abordagem ao fazer “following up”

Se enviar um email a pedir determinada informação e não receber nenhuma resposta, não retire conclusões precipitadas. “Estamos todos a fazer um enorme malabarismo [entre vida pessoal e profissional]. Experimente escrever uma linha de assunto mais convincente. Evite frases genéricas como ‘Following up’ ou ‘Checking in’, que podem, não só ser vagas, como fazer o destinatário sentir-se mal por ser lento a responder, atrasando ainda mais uma resposta.”

Por outro lado, seja mais específico e utilize um assunto de email como “Próximos passos no projeto X” ou “Pergunta sobre candidatura a emprego”. Além disso, tenha em conta o tom que utiliza ao escrever o email. Alguns estudos mostram que os emails que são ligeiramente a moderadamente positivos no tom têm uma taxa de resposta entre 10% a 15% mais elevada do que as mensagens mais neutras. Por isso, “procure ser amigável e educado”.

4. Comece o seu dia com mais otimismo e foco

Quase dois anos depois da pandemia, pode ser difícil fazer uma retrospetiva positiva dos últimos tempos que fomente a motivação e a criatividade. E, “quando perdemos essa positividade, o esgotamento e o cansaço podem surgir rapidamente”. Como trazer de novo algum otimismo para o dia a dia? Este exercício de dois minutos pode ajudar, refere a HBR.

“Todas as manhãs, termine as três frases seguintes (escrevendo num papel, dizendo em voz alta ou mesmo apenas pensando nelas) antes de ligar o seu computador.”

  • Hoje, vou concentrar-me em _____.
  • Hoje, estou grato/a por _____.
  • Hoje, vou largar o _____.

“Seja específico com as respostas. Só estamos acordados por uma média de 1.000 minutos por dia. Se investirmos apenas dois minutos para programar os nossos cérebros para a positividade, então estaremos a ajudar a garantir a qualidade de outros 998 minutos.”

5. Melhorar a sua eficiência com estes truques

Muitas vezes pode parecer que 24 horas não é tempo suficiente para completar todas as tarefas que pretende terminar durante o dia. Para a HBR, estas quatro estratégias vão permitir-lhe tirar o máximo partido do seu tempo limitado.

Faça as suas reuniões seguidas. É difícil focar-se numa tarefa quando se é interrompido a cada hora”; “Aprenda alguns atalhos de teclado. Pode parecer uma coisa pequena, mas reduzir o quanto depende do rato e do trackpad do computador pode fazer uma enorme diferença”; “Mude os seus hábitos autodestrutivos. Se está a perder tempo porque se distrai com o seu telefone ao longo do dia, deixe-o noutra sala. Se os emails estiverem a descarrilar o seu fluxo de trabalho, pause as notificações, por exemplo”; e, finalmente, “Leia em voz alta. É provável que escreva pelo menos um email por dia, independentemente da sua profissão, e ouvir as palavras que escreve irá acelerar e clarificar o seu processo de escrita”.

6. Quebre o ciclo da autocrítica

“É tentador pensar que se for duro consigo mesmo, terá um melhor desempenho. Mas a autocrítica pode arruinar a sua disposição, concentração e produtividade. Tente adotar uma abordagem mais equilibrada”, sugere a Harvard Business Review, acrescentando algumas estratégias para conseguir esse equilíbrio.

Evite a generalização, considere o seu desempenho de forma agregada”; “Pense no que poderia correr ‘bem’ e nos ‘E se…'”; e “Defina um temporizador para 30-50 minutos e permita-se experimentar e processar plenamente as suas emoções. Assim que o temporizador se desligar, faça uma escolha consciente sobre como pôr esses sentimentos para trás das costas e avance”.

7. Coloque o foco nas relações sociais

Todos os líderes querem resolver o puzzle do que faz uma equipa ter um alto desempenho, mas uma peça que muitas vezes falta é a importância das relações sociais. A performance e a ligação social devem ser aliadas. Mas, como fomentá-las?

Invista tempo na criação de vínculos sobre tópicos não relacionados com o trabalho. As melhores equipas não são mais eficazes porque trabalham a toda a hora. De facto, discutir coisas não relacionadas com o trabalho — desporto, livros e família, por exemplo — revela interesses partilhados, permitindo às pessoas ligarem-se de forma genuína, o que resulta em amizades mais próximas e melhor trabalho de equipa”, refere a HBR.

Além disso, é importante que crie uma cultura onde a expressão de apreço é a norma. “O reconhecimento é, muitas vezes, uma força motivadora mais poderosa do que os incentivos monetários. Um reconhecimento do bom trabalho não deve fluir apenas de cima para baixo. Fazer com que seja norma que os pares também expressem apreço uns pelos outros é importante.”

Por último, invista na autenticidade. “É importante criar um ambiente em que os colaboradores se sintam à vontade para exprimir com franqueza tanto as emoções positivas como negativas, bem como elogiar e brincar com os colegas de equipa.”

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Endividamento da economia sobe 500 milhões de euros em novembro

Endividamento dos cidadãos, empresas e Estado estava em 766,9 mil milhões de euros em novembro, o equivalente a uma subida de 500 milhões de euros face a outubro.

O endividamento da economia nacional (todos os agentes económicos exceto a banca) subiu 500 milhões de euros em novembro, fixando-se em 766,9 mil milhões de euros, de acordo com os dados publicados esta quinta-feira pelo Banco de Portugal (BdP). Enquanto o endividamento do setor público caiu 500 milhões, o do setor privado aumentou em mil milhões de euros.

“Em novembro, o endividamento do setor não financeiro (administrações públicas, empresas e particulares) aumentou 0,5 mil milhões de euros [500 milhões] em relação ao mês anterior, para 766,9 mil milhões de euros”, refere a instituição liderada por Mário Centeno.

Este desempenho representa um abrandamento face a outubro, mês em que o endividamento aumentou 1,1 milhões de euros para 765,6 mil milhões de euros. Em outubro, o endividamento do setor privado aumentou em mil milhões de euros para 420,3 mil milhões de euros, enquanto o do setor público subiu menos: 100 milhões de euros para 345,3 mil milhões de euros.

Endividamento do setor não financeiro, por setor devedor (em milhões de euros). | Fonte: Banco de PortugalBanco de Portugal

O endividamento do setor público (administrações públicas e empresas públicas) caiu 500 milhões de euros, para um total de 344,9 mil milhões de euros. Esta descida deveu-se à “diminuição do endividamento perante o exterior e os particulares”, que totalizaram 1,5 mil milhões e 900 milhões de euros, respetivamente, que foi “parcialmente compensada pelo aumento do endividamento junto dos restantes setores financiadores” em dois mil milhões de euros, em particular junto do setor financeiro (mil milhões de euros), diz o BdP.

Por sua vez, o endividamento do setor privado (empresas privadas e particulares) aumentou mil milhões de euros em novembro para 422 mil milhões de euros. O endividamento das empresas privadas cresceu 800 milhões de euros, um crescimento que se deveu, “principalmente, ao financiamento obtido junto do exterior (600 milhões milhões de euros)”. O endividamento dos particulares subiu 200 milhões de euros e resultou do “incremento do endividamento em relação ao setor financeiro”.

(Notícia atualizada às 11h31 com mais informação)

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Número de desempregados inscritos no IEFP sobe depois de oito meses a cair

Dezembro trouxe um "aumento ligeiro" do desemprego registado, indicam dados do IEFP. Subida interrompe trajetória decrescente que vinha sendo registada há oito meses.

No último mês de 2021, o número de desempregados inscritos no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) subiu 0,6% em cadeia, interrompendo a trajetória decrescente que vinha sendo registada há oito meses.

“No fim do mês de dezembro de 2021, estavam registados nos serviços de Emprego do Continente e Regiões Autónomas 347.959 indivíduos desempregados. O total de desempregados registados no país foi inferior ao verificado no mesmo mês de 2020 (-54.295; -13,5%) e superior face ao mês anterior (+2.075; +0,6%)”, indica a nota divulgada esta quinta-feira.

Desemprego registado estava a cair há oito meses. Em dezembro, subiu

Fonte: IEFP

Em reação, o Ministério do Trabalho sublinha que “é habitual” existir um aumento do desemprego registado entre novembro e dezembro”. Desde 2008, indica o gabinete de Ana Mendes Godinho, tal ocorreu em dez do total de 14 anos.

A nível regional, o desemprego registado diminuiu, em termos homólogos, em todas as regiões, com destaque para o Algarve, onde se verificou uma queda de 21,5%, e da Madeira, onde foi registado um recuo de 28%. Também em cadeia, a maioria das regiões viu o número de desempregados inscritos decrescer, mas o Alentejo, o Algarve e os Açores registaram aumentos de 3,2%, 10,4% e 0,9%, respetivamente.

Já a nível setorial, dezembro trouxe descidas do desemprego registado à generalidade dos setores de atividades. “A desagregação por atividade económica permite observar que todas registaram descidas, em termos homólogos, sendo as variações mais significativas registadas, por ordem decrescente, em: “Indústria do couro e dos produtos do couro” (-30%); “Alojamento,
restauração e similares” (-25%); “Indústria do vestuário” (-20,7%)”; “Fabrico do equipamento informático, elétrico, máquinas e equipamentos, n.e”(-19,2%) e “Indústrias alimentares das bebidas e do tabaco”(-18,9%), detalha o INE.

O Ministério do Trabalho sublinha, por outro lado, que o desemprego jovem (pessoas com menos de 25 anos) registou uma diminuição de 5,1% face a novembro e uma quebra de 25,3% face ao período homólogo. Tal significa que em dezembro de 2021 havia 36.157 jovens desempregados.

Também o número de desempregados de longa duração diminuiu. “Registou-se uma diminuição de 0,5% entre novembro e dezembro” para 171.074 desempregados de longa duração“, realça o gabinete de Ana Mendes Godinho.

Já o número de ofertas de emprego por satisfazer no final do mês de dezembro subiu 46,8% em termos homólogos, mas desceu 27% em cadeia, totalizando 15.941 vagas.

É importante notar que em dezembro o país começou a verificar um agravamento da pandemia alimentado pela variante Ómicron, que tende a ser mais transmissível, embora provoque sintomas menos severos. Este cenário levou o Governo a decretar, a partir do dia 25 desse mês, o encerramento de uma série de atividades, como bares, discotecas e creches, e a endurecer as restrições.

(Notícia atualizada pela última vez às 11h53)

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“90% das emissões de CO2 vêm da cadeia logística”, afirma diretor da SAP

O General Manager da SAP Procurement Solutions para a região sul da EMEA defende que as empresas usem o poder do seu volume de compras para imporem práticas mais sustentáveis aos fornecedores.

A sustentabilidade está na agenda dos conselhos de administração, mas nem sempre a cadeia logística entra na equação. Um erro, já que é daí que vem a larga maioria das emissões de gases com efeito de estufa, aponta Carlos Mercuriali, vice-presidente e General Manager da SAP Procurement Solutions para a região sul da EMEA.

“Se for uma empresa mineira ou petrolífera é diferente, mas segundo um relatório da consultora McKinsey, em média, 90% da pegada de carbono vem da cadeia de abastecimento”, afirma Carlos Mercuriali, que salienta também a importância deste tema para as estratégias comerciais. “80% dos consumidores dizem que estão disponíveis para pagar mais por produtos de empresas que têm cadeias de abastecimento sustentáveis”, sublinha o responsável, que chegou à alemã SAP em 2012, como COO para a América Latina.

Sem referir o nome, por questões de confidencialidade, Carlos Mercuriali refere o caso de uma grande empresa, com 30 mil fornecedores, que tem um departamento que verifica regularmente o grau de cumprimento de toda a cadeia. “Há uma equipa que todos os dias verifica se eles são verdes, amarelos ou vermelhos. Se são amarelos ou vermelhos enviam uma carta a dizer que têm de ter certificação, melhorar isto ou aquilo”, relata.

"A empresa usa proactivamente o poder do volume de compras, de 200 mil milhões, para forçar mudanças na cadeia de abastecimento.”

Carlos Mercuriali

Diretor geral da SAP Cloud para o sul da EMEA

“A empresa usa proactivamente o poder do volume de compras, de 200 mil milhões, para forçar mudanças na cadeia de abastecimento”, sublinha. “Olha para todos os fornecedores e diz: queres fazer negócio comigo, tens de ser bom na sustentabilidade”.

O responsável da SAP recorre a ainda a outro exemplo. “Há um fabricante de ténis, que se tornou muito famoso no último ano. Eles estão sedeados em França, fabricam os ténis no Brasil e todos os elementos do ténis têm uma origem sustentável. Além disso, contratam nas comunidades locais. Não estão apenas a ajudar o ambiente, o que é o principal, mas construíram uma marca que tem um propósito. Falamos disso, compras com propósito”.

Para ter cadeias logísticas sustentáveis, é preciso que a empresa seja capaz de “monitorizar os fornecedores, os fornecedores dos fornecedores, o impacto do transporte marítimo ou por avião”. É aqui que entra a digitalização.

"Não é uma discussão de backoffice, é uma discussão de ponta a ponta sobre como entrego os meus produtos, na hora certa, no sítio certo, ao preço certo.”

Carlos Mercuriali

Diretor geral da SAP Cloud para o sul da EMEA

Carlos Mercuriali refere que digitalizar os processos internos é uma vantagem competitiva, mas é necessário fazer o mesmo com o mundo exterior. “É preciso estar ligado com o consumidor, mas também com os fornecedores e com os parceiros de negócio”, sublinha. “Não é uma discussão de backoffice, é uma discussão de ponta a ponta sobre como entrego os meus produtos, na hora certa, no sítio certo, ao preço certo”, acrescenta.

A transformação digital acelerou “de forma exponencial” e as cadeias logísticas já usam inteligência artificial e machine learning. “Uma máquina numa mina ou num campo petrolífero avaria. O trabalhador tira uma fotografia da peça que está estragada e através da inteligência artificial ela é identificada num catálogo e a ordem de encomenda segue automaticamente”, exemplifica o responsável da SAP.

Os clientes mais avançados, os vencedores, estão a criar os seus próprios bots, que automatizam as tarefas de que precisam”, revolucionando as cadeias logísticas. Uma tendência que será ainda mais acelerada pelas redes 5G e a internet das coisas.

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Portugal recebe 55,6 milhões em fundos de solidariedade da UE para emergência sanitária

  • Lusa e ECO
  • 20 Janeiro 2022

Estes 55,6 milhões foram distribuídos por237 municípios a título individual e 32 integrados através de concurso. Fundo apoia a assistência médica, compra e administração de vacinas e análises.

A Comissão Europeia anunciou esta quarta-feira ter mobilizado 385,5 milhões de euros do Fundo de Solidariedade da União Europeia (UE) para os países responderem à emergência sanitária da Covid-19, dos quais 55,6 milhões de euros destinados a Portugal, o que representa o terceiro maior pacote dos 20 países que apresentaram candidaturas.

“A Comissão completou os pagamentos da ajuda do Fundo de Solidariedade da UE para combater a emergência sanitária do coronavírus, num montante total de quase 385,5 milhões de euros, que se juntam aos 132,7 milhões de euros pagos em 2020 aos Estados-membros que solicitaram um pagamento adiantado”, anunciou o executivo comunitário em nota à imprensa.

Numa tabela com as verbas específicas por países publicada pela Comissão Europeia, é indicado que Portugal teve direito a um montante de 55,6 milhões de euros ao abrigo do Fundo de Solidariedade da UE, após uma “despesa pública total elegível” de 2,3 mil milhões de euros.

Estes 55,6 milhões de euros foram distribuídos pelos municípios através de um concurso lançado em junho de 2021. Em novembro foram aprovadas candidaturas para apoiar 237 municípios a título individual e 32 integrados em sete comunidades intermunicipais, sendo que o pagamento das despesas elegíveis está já em curso, garante o Ministério do Planeamento, em comunicado.

Tendo em conta a natureza das despesas apoiadas — resposta à emergência social e sanitária, na prevenção, proteção e apoio à população — e a concentração populacional, a Área metropolitana de Lisboa vai receber a maior fatia dos apoios (29%), logo seguida do Norte (26%) e do Centro (26%), de acordo com os dados divulgados pelo Ministério do Planeamento.

Custos Elegíveis por NUTS II

 

Ao todo, de acordo com a Comissão Europeia, 17 Estados-membros da UE e três países candidatos solicitaram acesso a estes fundos comunitários para responder à pandemia, entre os quais Alemanha, Áustria, Bélgica, Croácia, Eslováquia, Espanha, Estónia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Portugal, Roménia e Sérvia.

“No contexto da emergência sanitária da Covid-19, o apoio financeiro do Fundo de Solidariedade da UE financia a assistência médica, a compra e administração de vacinas, equipamento de proteção pessoal e dispositivos médicos, custos dos cuidados de saúde, análises laboratoriais, apoio de emergência à população e medidas de prevenção, monitorização e controlo da propagação de doenças, salvaguardando assim a saúde pública”, especifica a Comissão.

A comissária europeia portuguesa, com a pasta da Coesão e Reformas, Elisa Ferreira, assinalou que este fundo é “um símbolo claro” da solidariedade europeia, por ter permitido mobilizar “ajuda aos países para enfrentarem a emergência sanitária sem precedentes, tanto aos Estados-membros da UE como aos países em processo de adesão”.

Como parte da resposta excecional da UE à pandemia, o âmbito do Fundo de Solidariedade da UE foi alargado, em março de 2020, para abranger também as grandes emergências de saúde pública.

Em março de 2021, a Comissão Europeia propôs um pacote global de quase 530 milhões de euros de apoio financeiro ao abrigo deste fundo para 17 Estados-membros e três países em vias de adesão, que teve aval do Conselho e o Parlamento Europeu em maio do ano passado.

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Como a economia pode ganhar com a reciclagem

  • ECO + Sociedade Ponto Verde
  • 20 Janeiro 2022

Que a reciclagem traz benefícios ambientais, ninguém questiona. Mas poderá o sector da reciclagem e da gestão de resíduos ter impactos económicos? Pode a economia ganhar com as vantagens ambientais?

Reduzir, reutilizar, reciclar. O que começou por ser uma orientação para a sustentabilidade, os já famosos três R, é hoje cada vez mais visto como um “guia” para novas oportunidades de negócio e um contributo cada vez mais relevante para o dinamismo económico de países e empresas. A viragem para a economia circular não é um claim ambiental, é também um apelo a uma nova industrialização, verde, digital e assente em energias renováveis.

Numa primeira abordagem à questão parece evidente afirmar que da preocupação com o ambiente, decorrem, desde logo, benefícios financeiros trazidos pela poupança que resulta da maior eficácia e eficiência dos sistemas produtivos e consequente redução dos consumos. Uma análise mais atenta a todas as oportunidades decorrentes da industrialização verde em curso permite concluir que os impactos fazem sentir-se também em todo o ecossistema económico.

A viragem para a economia circular não é um claim ambiental, é também um apelo a uma nova industrialização, verde, digital e assente em energias renováveis.Freepik

Veja-se o caso da reciclagem. O setor depara-se com o enorme desafio de atingir as metas europeias com que o país se comprometeu de atingir 65% de reciclagem de todas as embalagens colocadas no mercado até 2025. A necessidade de acelerar o cumprimento das metas obriga a estudar a cadeia de valor da gestão de resíduos para encontrar novas soluções.

A começar pelo packaging, que precisa de ser mais inteligente, com recurso a matérias secundárias e recicláveis, com mais informação para o consumidor e que facilite o processo de reciclagem quando o produto chega ao fim de vida.

O país tem na industrialização verde uma oportunidade para investir em projetos diferenciadores, criar emprego, criar valor para economia e criar mais postos de trabalho numa lógica de convivência integrada entre a política económica e política ambiental.

Inovadores e empreendedores são chamados a participar neste processo de repensar e redesenhar soluções para os desafios com que o setor se depara. Novos negócios nascem e novos postos de trabalho são criados. A economia ganha e prospera.

O programa de inovação aberta da Sociedade Ponto Verde, Re-Source, centrado na economia circular e na transição digital dos resíduos de embalagem, é disso mesmo um exemplo. Vários projetos-piloto com oportunidade de seguirem para implementação, com potencial de gerar mais negócio e emprego.

Também a recolha dos resíduos precisa de evoluir para prestar um melhor serviço ao cidadão e estes possam reciclar mais. É necessário introduzir sistemas de recolha porta a porta, que preservem a qualidade das matérias-primas para reciclagem.

O país tem na industrialização verde uma oportunidade para investir em projetos diferenciadores, criar emprego, criar valor para economia e criar mais postos de trabalho numa lógica de convivência integrada entre a política económica e política ambiental.

Foi a viragem para a economia circular, urgente e essencial para a preservação do planeta e dos recursos naturais dos quais a vida humana depende, que permitiu “alavancar” estas novas oportunidades. Os líderes europeus deram um sinal muito claro de que querem caminhar neste sentido e diferenciam-se no panorama geopolítico mundial com a assinatura do Green Deal, também conhecido como Pacto Ecológico Europeu.

Neutralidade carbónica, eficiência no consumo de água, evitar a emissão de gases com efeito de estufa, a mobilidade elétrica, as energias renováveis, as embalagens e os plásticos fazem parte deste plano de ação orientado para a circularidade.

Inerente a toda a sua estratégia está a necessidade de olhar para os negócios, serviços ou produtos e aplicar a equação cada vez mais familiar de quem tem como preocupação a sustentabilidade, os já falados três R. Onde e como podemos reduzir o consumo de matérias-primas e, como tal, a produção de resíduos, a possibilidade de reutilização (quantas mais vezes melhor) e o potencial de reciclagem dos materiais usados. É todo um admirável mundo novo que se abre a empresas, Estados e consumidores.

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Inflação na Zona Euro acelera para recorde de 5%, mas Portugal tem das mais baixas

A taxa de inflação homóloga atingiu 5% em dezembro, um novo máximo desde o início da série, em 1997.

A taxa de inflação homóloga na Zona Euro acelerou para 5% em dezembro, um novo recorde e três pontos percentuais acima da meta do Banco Central Europeu (BCE). No conjunto da União Europeia, a taxa chegou mesmo a 5,3%, também um máximo histórico, mas Portugal registou a segunda mais baixa, de 2,8%, confirmou o Eurostat.

Na Zona Euro, a taxa de inflação homóloga atingiu 5%, a leitura mais alta desde o início da série, em 1997, acima dos 4,9% de novembro e dos -0,3% de dezembro de 2020. Os custos elevados da energia foram os principais responsáveis pelo aumento dos preços cobrados aos consumidores.

Já a taxa no conjunto da UE foi de 5,3%. As mais baixas foram registadas em Malta (2,6%), Portugal (2,8%) e Finlândia (3,2%). Em contrapartida, as mais elevadas foram registadas na Estónia (12%), Lituânia (10,7%) e Polónia (8,0%).

Fonte: EurostatEurostat

O ministro das Finanças, João Leão, avisou que é preciso estar vigilante em relação à inflação, apesar de se mostrar confiante que a “taxa de inflação vai desacelerar ao longo deste ano”, esperando “uma forte redução” no segundo semestre.

(Notícia atualizada às 10h42 com mais informação)

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Pedido de parecer à PGR sobre voto de eleitores confinados foi “totalmente desnecessário”

  • Lusa
  • 20 Janeiro 2022

O bastonário da Ordem dos Advogados considera que a "questão jurídica sempre foi extremamente clara e isenta de quaisquer dúvidas", pelo que entende que o pedido dirigido à PGR foi "desnecessário".

A Ordem dos Advogados considerou esta quinta-feira “totalmente desnecessário” o pedido de parecer ao Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o voto dos eleitores em isolamento devido à Covid-19 nas legislativas de 30 de janeiro.

Em declarações à agência Lusa, o bastonário da Ordem dos Advogados (OA) disse que tal pedido foi “totalmente desnecessário” uma vez que “a questão jurídica sempre foi extremamente clara e isenta de quaisquer dúvidas”, pois, conforme reconhece o parecer, a resolução do Conselho de Ministros que decreta o confinamento de cidadãos não se pode sobrepor à Constituição e à lei eleitoral, “não sendo assim possível impedir os cidadãos confinados de exercer o seu direito de voto”.

Luís Menezes Leitão entende, no entanto, que o Governo não se limitou a colocar questões jurídicas, tendo perguntado ainda à PGR quais as condições que os cidadãos devem observar para exercer o direito de voto.

“Ora, essa é uma questão logística, que não é manifestamente da competência da PGR e deveria ter sido resolvida pelo Governo, a quem caberia garantir o exercício do direito de voto em condições de segurança. No próprio parecer reconhece-se isso, referindo que o Conselho Consultivo da PGR não se encontra credenciado senão para emitir parecer restrito a matéria de legalidade, conforme resulta do Estatuto do Ministério Público”, referiu Menezes Leitão.

Apesar disso, apontou o bastonário, o parecer da PGR efetua “ponderações” como “ilustração da margem de competência que, neste domínio, assiste ao Governo”, ao abrigo do artigo 199 da Constituição.

No âmbito dessas “ponderações”, assinalou, o parecer reconhece que “estando regulado o horário de funcionamento das assembleias de voto, a que podem aceder livremente os cidadãos eleitores, não pode ser determinada a restrição do horário de funcionamento para determinada categoria de eleitores, no caso para os eleitores em regime de confinamento obrigatório”.

De acordo com o bastonário, o parecer admitiu, no entanto, que a Administração eleitoral possa fazer uma recomendação de horário, “visando diminuir o período em que eleitores confinados e não confinados permanecerão no mesmo espaço”.

O Governo fez essa recomendação, sugerindo que os eleitores confinados votem entre as 18h00 e as 19h00 horas.

Menezes Leitão alertou que essa recomendação envolve vários tipos de problemas. O primeiro é que esse “período de uma hora é muito curto, admitindo-se que no dia 30 de janeiro possam estar em confinamento mais de 500 mil pessoas, gerando enormes filas para votar, o que pode perturbar o normal encerramento das urnas”.

O segundo é o de que em confinamento estarão não apenas os doentes com Covid-19, mas também os infetados por SARS-CoV-2 e as pessoas sob vigilância ativa.

“Ora, não nos parece que faça qualquer sentido colocar no mesmo horário de voto doentes, infetados e pessoas sob vigilância. Na verdade, grande parte das pessoas sob vigilância não estarão infetadas, mas poderão ficar nesse processo ao serem juntas com doentes e infetados”, acrescentou o bastonário.

Por último, Menezes Leitão referiu que este período de horário pode implicar que as pessoas não confinadas se abstenham de votar a partir das 18h00 por receio de se cruzarem com infetados, o que pode levar a um aumento da abstenção.

“Tal só confirma que não foi de todo adequado o Governo procurar remeter para a PGR a definição das soluções logísticas do processo eleitoral, quando lhe caberia a sua definição e implementação. Perdemos semanas neste processo, que poderiam ter sido muito úteis em definir uma estrutura logística adequada que permitisse a realização do voto em segurança para todos”, concluiu o bastonário.

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Governar “à Guterres” foi um bom modelo? “Foi o que foi”, diz Costa

O secretário-geral do PS admite que a solução de governar "à Guterres" é "insegura", em comparação com a "solução certa" da maioria absoluta. Costa põe o ónus no voto dos portugueses nos dias 23 e 30.

Perante a ausência de Rui Rio, António Costa, que chegou ligeiramente atrasado, arrancou o debate das rádios desta quinta-feira a criticar os que “desertaram do debate democrático”. Momentos depois, o secretário-geral do PS admitiu que poderá precisar do PSD (e não só) para governar com o “modelo clássico” que marcou a governação de António Guterres entre 1995 e 2002. E esse foi um bom modelo? “Olhe, foi o que foi”, respondeu Costa, notando que esse Governo teve “excelente avaliação pelos portugueses”.

“O modelo clássico de governação foi o que aconteceu no primeiro Governo de Guterres em que cada medida legislativa tinha de ser negociada de maneira diferente na Assembleia da República”, afirmou o socialista, pedindo logo de seguida uma maioria absoluta para que haja uma “governação certa e segura” em vez de uma “incerta e insegura”, ainda que tenha referido que o Governo de Guterres durou seis anos.

“Não podemos andar de crise política em crise política”, disse António Costa, defendendo que a melhor forma de governar é através de uma maioria absoluta. O ónus está agora do lado dos portugueses: “As soluções [governativas] resultam do voto”, acrescentou o atual primeiro-ministro, afirmando que a pergunta sobre a governabilidade do país “deve ser dirigida aos portugueses” porque do voto depende “como é que cada um de nós vai governar”.

Com a geringonça enterrada e ao classificar a governação à Guterres de uma “solução insegura”, António Costa pede aos portugueses uma “maioria de bom senso, equilibrada e de diálogo”. Noutra resposta a seguir, o primeiro-ministro atacou os seus adversários, com a exceção do PAN, para dar argumentos ao seu pedido de uma maioria absoluta: “Eles são uma maioria de desgoverno“, classificou, referindo que a direita e a esquerda à esquerda do PS não são capazes de se entender para um Governo ou Orçamento.

Sobre o modelo de governação à Guterres, Costa recordou que “as formulações para aprovação do OE foram muito mais complexas” do que apenas um acordo entre PS e PSD e afastou a repetição de uma revisão constitucional como a que aconteceu nessa altura — “creio que não se justifica nenhuma revisão constitucional”, disse.

Mais à frente no debate, António Costa voltou ao tema para explicar o porquê de ter invocado o papel do Presidente da República como controlador de um Governo do PS de maioria absoluta. Costa lembrou que Marcelo Rebelo de Sousa teve um papel nos equilíbrios da negociação da Lei de Bases da Saúde. “Quem é que acredita que com este Presidente da República uma maioria do PS podia pisar a linha?”, pergunta, referindo que Marcelo estará no cargo até 2026, ano em que termina a legislatura que arranca em 2022.

Além disso, o atual primeiro-ministro promete diálogo e compromissos mesmo com uma maioria absoluta, recordando que quando era presidente da Câmara de Lisboa com maioria absoluta dialogou com a oposição e até nomeou Inês Sousa Real (PAN) com Provedora do Animal de Lisboa. Reforçou, contudo, que esse diálogo com maioria absoluta é “obviamente” mais fácil à esquerda do que à direita.

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Ikea sobe mais de 6% os salários de entrada na cadeia em 2022

O retalhista sueco vai aumentar os salários de entrada da companhia em Portugal, bem como os apoios financeiros à parentalidade em 2022.

A Ikea vai aumentar os salários brutos de entrada dos trabalhadores das lojas de 700 para 750 euros (+7,14%) e dos centros de apoio ao cliente de 800 para 850 euros (+6,28%), subidas que irão ter um impacto de 6,3% no valor total que a cadeia sueca vai investir salários este ano face a 2021, adianta Cláudio Valente, country people & culture manager da Ikea Portugal, à Pessoas. A companhia reforçou ainda os apoios financeiros à parentalidade. A semana de quatro dias “não é um tema prioritário para nós nesta fase.” A Ikea tem 2.600 trabalhadores em Portugal.

“Nos últimos anos, a Ikea já tem vindo a aumentar o salário de entrada de todos os colaboradores acima do salário mínimo nacional e está em linha com os setores de retalho e serviços de apoio ao cliente”, adianta Cláudio Valente, diretor de RH da Ikea, à Pessoas, frisando que a decisão do Governo de subir este ano, para 705 euros, o salário mínimo nacional não tem impacto na companhia.

“A partir deste novo ano, voltamos a investir no processo regular de revisão salarial e o valor do salário de entrada aumentará de 700 euros para 750 euros brutos mensais, para um colaborador a tempo inteiro na área do retalho (valor acima do salário mínimo estipulado pelo Governo para 2022). Já para o Centro de Apoio ao Cliente, o salário de entrada será de 850 euros brutos mensais. A este valor é adicionado o subsídio de alimentação, entre outros benefícios que oferecemos a todos os colaboradores”, revela o responsável de RH da cadeia sueca. A empresa paga 4,55 euros/dia de subsídio de refeição, “complementados com a possibilidade de terem acesso a refeições a preços muito baixos no restaurante exclusivo de colaboradores”.

“Entre esta ação e as restantes atualizações salariais previstas, temos a expectativa de, em 2022, aumentar em 6,3% o valor total pago em salários na Ikea Portugal, quando comparado com 2021”, reforça.

A companhia junta-se assim a uma série de outros operadores do retalho alimentar que já anunciaram atualizações remuneratórias nos salários de entrada dos colaboradores, posicionando-os acima do novo salário mínimo nacional, como a Jerónimo Martins e o Lidl, tal como avançou em dezembro a Pessoas.

“Na Ikea, acreditamos que com mais este passo no aumento do salário de entrada, conjuntamente com outras empresas líderes do setor que já anunciaram movimentos semelhantes, continuamos a valorizar o retalho enquanto setor empregador de referência no país”, comenta Cláudio Valente quando questionado sobre se o retalho tem capacidade para acolher este aumento de custos na sua folha salarial face a eventuais quebras de consumo com o evoluir da economia.

Mas deixa uma nota: “Convidamos os decisores públicos a considerar medidas cada vez mais arrojadas para potenciar a melhoria dos níveis de vida e do poder de compra da maioria das famílias portuguesas.”

Dos 2.600 colaboradores da empresa em Portugal, “cerca de 90% dos contratos são permanentes, quando as funções são igualmente permanentes”, pois, “queremos promover sempre uma boa experiência e garantir segurança e estabilidade financeira e psicológica a todos os nossos colaboradores.”

No que toca às posições a tempo parcial, a empresa está a procurar “criar oportunidades internas para que os colaboradores interessados se possam candidatar a mais horas na sua função ou até a possibilidade de se candidatarem a outras áreas de trabalho“, diz. “Temos, por isso, cada vez mais pessoas que se estão a desenvolver em áreas complementares, por exemplo, serviço a cliente e logística ou vendas e Centro de Apoio ao Cliente. Desta forma, para além de terem uma maior remuneração, estas pessoas estão ainda a desenvolver novas competências e ampliar as suas possibilidades de crescimento e desenvolvimento na empresa.”

Apoio financeiro à parentalidade reforçado

Em outubro passado, o grupo anunciou que iria distribuir 110 milhões de euros pelos colaboradores nos 32 mercados onde opera, tendo os colaboradores portugueses recebido um bónus — o “UppSkatta — de cerca de 460 euros/brutos. Além deste prémio, a companhia atribui, por norma, um bónus anual, com base no desempenho da empresa e da unidade, o “One Ikea Bonus”, tendo ainda o “Tack!” (programa de fidelização focado na vida do colaborador no período de reforma). Mas sobre o que companhia reserva este ano aos colaboradores terá de se aguardar. “O nosso ano fiscal ainda está a meio (começa no dia 1 de setembro de cada ano), pelo que é ainda cedo para fazer estimativas relativamente a pagamentos”, justifica o country people & culture manager da Ikea Portugal.

Num momento que a atração e retenção de talento se joga também muito nos benefícios extra-salariais, o retalhista decidiu este ano reforçar os seus trunfos.

“Temos uma preocupação constante em assegurar o bem-estar, a estabilidade e a felicidade dos nossos colaboradores. Acreditamos que pessoas felizes contribuem para um ambiente de trabalho melhor e mais inspirador. Temos também a consciência que, em primeiro lugar, o meu empenho e o meu compromisso com a empresa vai muito além das compensações e benefícios e que, por sua vez, estes são muito mais do que o salário. Trabalhar numa empresa com um ambiente humano e inclusivo, com a qual partilho os meus valores pessoais, que respeita a minha individualidade e onde eu me sinto em casa é fundamental na atração de talento”, argumenta Cláudio Valente.

“Mas, naturalmente, a forma como sou compensado pelo meu trabalho também é muito relevante nesta equação. Neste sentido, temos vários benefícios que, além do salário, contribuem para um maior equilíbrio e bem-estar no dia a dia dos colaboradores. Em 2022, este plano de compensações e benefícios da Ikea, com especial atenção para a parentalidade, também foi atualizado“, afirma.

O benefício “Ajuda de Nascimento” — para todos os colaboradores que se tornam pais biológicos ou por adoção — “aumenta para 665 euros brutos (um aumento de 48% face ao ano anterior)” e o programa “Passa mais tempo com o teu bebé” — que permite estender a licença parental (biológica ou por adoção) por mais dois meses, para além do período regular estabelecido pela Segurança Social — “aumenta também o seu apoio mensal para 665 euros brutos (um aumento de 84% face ao ano anterior)”.

Se a pandemia veio colocar sob pressão os trabalhadores da linha da frente, como do retalho, com impacto na ligação dos mesmos às companhias, na Ikea, assegura o responsável de RH, não se tem feito sentir nem em dificuldade de recrutamento — “temos muito orgulho em ver que os nossos processos de recrutamento têm tido bons resultados, mesmo no contexto atual” — nem num desligamento entre os colaboradores e a organização, espelhada num recente estudo da Microsoft sobre os trabalhadores que exerceram funções presencialmente, sem recurso ao teletrabalho.

“O feedback e os dados internos — fruto de questionários e diferentes sessões de avaliação das nossas pessoas — são muito positivos e reveladores de que o compromisso dos colaboradores Ikea com a marca mantém-se muito forte e isso deixa-nos muito orgulhosos. Vimos estes números crescer nestes últimos anos, tão desafiantes para todos”, diz Cláudio Valente.

“A Ikea é uma empresa de retalho, cada vez mais omnicanal, onde a maioria dos colaboradores não trabalha em modelo híbrido pois as suas funções não o permitem. Ainda assim, todos os colaboradores com funções compatíveis (especialmente em escritórios e Centro de Apoio ao Cliente) estão a cumprir as recomendações do Governo e da Direção Geral de Saúde, seja em teletrabalho obrigatório ou recomendado”, refere o country people & culture manager da cadeia.

Ainda assim, em agosto, à Pessoas a empresa tinha adiantado estar a equacionar para os trabalhadores cujas funções o permitissem um modelo híbrido de trabalho. “A adoção de um modelo híbrido continua a ser a realidade neste momento e antecipamos que se mantenha no futuro próximo, permitindo uma maior flexibilidade para as equipas.

Já a adoção de uma semana de trabalho de quatro diastema que voltou à discussão na campanha eleitoral com o PS — não faz parte das prioridades da empresa. “Estamos atentos ao desenrolar da discussão política em torno das empresas, colaboradores e sindicatos, no entanto, este não é um tema prioritário para nós nesta fase.”

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Nas notícias lá fora: Ucrânia, Inglaterra e taxas de juro

  • ECO
  • 20 Janeiro 2022

Biden prevê invasão da Rússia à Ucrânia. Boris Johnson anuncia fim de restrições da Covid-19 na Inglaterra. Banco central chinês corta as taxas de juro.

A pandemia continua a marcar a atualidade. Boris Johnson anunciou fim de restrições da Covid-19 em Inglaterra, enquanto os EUA vão distribuir 400 milhões de máscaras gratuitas. Joe Biden prevê a invasão da Rússia à Ucrânia e avisa Vladimir Putin de que tal seria um desastre. O banco central chinês cortou taxas de juro. Estas são algumas das notícias a marcar a atualidade internacional.

Financial Times

Biden prevê invasão da Rússia à Ucrânia

O presidente dos Estados Unidos prevê que a Rússia vai mesmo invadir a Ucrânia e avisou o presidente russo, Vladimir Putin, de que tal seria um desastre, pedindo ao Ocidente que continue unido. Na conferência de imprensa, Biden garantiu que a Rússia pagará um “forte preço, imediatamente, no curto prazo, no médio prazo e no longo prazo”, se invadir a Ucrânia. Um ano após ter tomado posse, assiste-se à escalada das tensões entre a Administração norte-americana e o Kremlin, com avisos cada vez mais constantes de parte a parte, numa altura em que um ataque pode estar iminente. Biden pediu unidade aos aliados europeus e NATO, após Emmanuel Macron, presidente francês, ter defendido que a União Europeia devia ter uma estratégia própria e não estar dependente dos EUA.

Leia a notícia completa no Financial Times (acesso pago/conteúdo em inglês).

Reuters

Boris Johnson anuncia fim de restrições da Covid-19 em Inglaterra

Sob pressão e depois dos pedidos de desculpa pelas festas realizadas em Downing Street em pleno confinamento, o primeiro-ministro britânico anunciou o fim da maioria das restrições, incluindo o fim do uso obrigatório de máscaras, em Inglaterra. O trabalho remoto deixa de ser recomendado e os certificados para acesso a grandes eventos deixam de ser necessários. O isolamento de cinco dias para infetados com Covid-19 só estará em vigor até 24 de março.

Leia a notícia completa na Reuters (acesso livre/conteúdo em inglês)

CNBC

Banco central chinês corta taxas de juro

O banco central da China decidiu esta quinta-feira cortar as taxas de juro diretoras perante a preocupação de que a segunda maior economia do mundo esteja a desacelerar. A redução foi de 10 pontos base, de 3,8% para 3,7%, sendo que esta é a primeira descida desde abril de 2020, no pico da crise pandémica a nível mundial. Esta taxa de juro diretora é importante nomeadamente para a determinação dos juros cobrados nos créditos à habitação na China, pelo que este é um esforço para reduzir os custos do endividamento no país.

Leia a notícia completa na CNBC (acesso livre/conteúdo em inglês).

Reuters

EUA vão distribuir 400 milhões de máscaras gratuitas

O Governo dos EUA vai disponibilizar gratuitamente 400 milhões de máscaras não cirúrgicas “N95” a partir da próxima semana, numa tentativa de travar o avanço da pandemia. Este tipo de máscaras filtra pelo menos 95% das partículas do ar e serão enviadas para farmácias e centros de saúde comunitários esta semana.

Leia a notícia completa na Reuters (acesso pago/conteúdo em inglês)

The Wall Street Journal

A 10% do máximo de novembro, Nasdaq entra em correção

Com uma queda de 1,1% na sessão desta quarta-feira, o índice tecnológico Nasdaq atingiu os 14.340,26 pontos. Tal significa que está a 10,7% do máximo histórico alcançado em novembro do ano passado, pelo que o índice já se encontra em correção técnica, a qual se define por uma desvalorização superior a 10% de um índice face ao último pico. As perdas são generalizadas aos outros índices em Wall Street, mas o Nasdaq tem caído mais, principalmente porque a expectativa de que os juros vão subir penaliza as ações das tecnológicas.

Leia a notícia completa no The Wall Street Journal (acesso livre/conteúdo em inglês).

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