Já entregou o IRS? Tem até ao final do mês para o fazer

A campanha de IRS arrancou em abril e termina a 30 de junho. A declaração pode ser entregue no Portal das Finanças, e vários portugueses têm acesso ao documento já pré-preenchido.

Já só tem até ao final do mês para completar e entregar a declaração de IRS referente aos rendimentos de 2021. A Autoridade Tributária e Aduaneira já recebeu cerca de 4,3 milhões de declarações dos contribuintes e reembolsou mais de dois mil milhões de euros, numa campanha que arrancou a 1 de abril e se prolonga até 30 de junho.

Para se juntar aos que já cumpriram esta “tarefa”, pode aceder ao Portal das Finanças e validar a sua declaração (caso esteja pré-preenchida) ou introduzir manualmente os dados. A apresentação da declaração Modelo 3 à Autoridade Tributária é obrigatória para todos os contribuintes que tenham obtido rendimentos, independentemente da natureza dos rendimentos obtidos.

Este procedimento ocorre exclusivamente através do Portal das Finanças, sendo que já não pode ser feito em formato físico, isto é, em papel. Ainda assim, existem locais onde os contribuintes com mais dificuldades podem ir para receber ajuda, sendo que os serviços de Finanças já abriram 200 mil vagas para atendimento por marcação para apoiar os cidadãos na entrega da declaração do IRS.

Para algumas pessoas, a tarefa é facilitada pelo IRS automático. Depois do alargamento do ano passado, o universo de contribuintes que tem a declaração pré-preenchida aumentou, abrangendo agora os trabalhadores independentes. O acesso à apresentação automática do Modelo 3 (referente aos rendimentos de 2021) está, assim, à disposição dos contribuintes que preencham as condições.

É de salientar que o Fisco assume que a entrega é feita em separado, mesmo para os casados e pessoas em união de facto. Os especialistas alertam que a tributação conjunta costuma ser mais favorável, pelo que deve verificar qual é a opção mais vantajosa e, se preferir, escolher a entrega em conjunto.

Existe ainda uma medida para os mais jovens, apelidada de IRS Jovem, que vai sofrer mudanças com o Orçamento do Estado para 2022. Mas, por agora, mantém-se com as mesmas regras: este regime prevê uma isenção de 30% no primeiro ano com o limite de 7,5 vezes o valor do Indexante dos Apoios Sociais (IAS), de 20% no segundo ano com o limite de 5 IAS e de 10% no terceiro ano (até 2,5 IAS).

Por fim, não se esqueça de que também pode consignar uma parte do seu IRS, sendo que, este ano, há mais de 4.500 entidades às quais pode “doar” 0,5% do imposto. A consignação de 0,5% do IRS não implica a perda de qualquer parte do reembolso, uma vez que a verba “doada” é retirada do imposto devido ao Estado.

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VisionWare une-se à Universidade do Algarve e Lusófona do Porto. E quer alcançar 100 colaboradores

A tecnológica, que atua na área de cibersegurança, espera contratar, pelo menos, 15 estagiários por ano, com possibilidade de continuidade. Quer ter 100 colaboradores até ao final do ano.

Depois de ter anunciado recentemente uma parceria com o Instituto Politécnico de Bragança e, a nível internacional, com a Universidade do Mindelo, em Cabo Verde, a portuguesa VisionWare acaba de formalizar os protocolos de cooperação estratégica com a Universidade do Algarve e com a Universidade Lusófona do Porto. Está previsto ainda o fecho de mais seis parcerias com outras instituições de ensino superior nacionais. Com estas parcerias, a empresa que atua na área de cibersegurança espera contratar, pelo menos, 15 estagiários a cada ano, e será expectável a integração anual de entre cinco a dez colaboradores via universidades. Ao mesmo tempo, a empresa continua a recrutar talento mais sénior, cerca de 20 profissionais, alcançando as 100 pessoas até ao final do ano, sabe a Pessoas.

“A nossa expectativa será, através destas parcerias, colmatar as atuais lacunas e elevada escassez em termos de técnicos especializados em cyber. Ajudá-los na sua formação e crescente capacitação técnica e maior autonomia, de forma a conseguirmos suprir as (quase diárias) necessidades de recursos humanos altamente qualificados nestas áreas, que em Portugal escasseiam, acabando por ser recrutados por multinacionais para trabalhar remotamente em projetos internacionais”, começa por explicar Bruno Castro, CEO e fundador da VisionWare.

Segundo as previsões da tecnológica, deverão ser recebidos anualmente, pelo menos, 15 estagiários (entre estágios curriculares e profissionais), vindo de universidades e instituição de ensino (de Portugal e Cabo Verde) com quem a VisionWare estabeleceu protocolos. Mas, o objetivo final passará, posteriormente, pela natural integração dos melhores profissionais nos projetos e quadros de colaboradores da empresa.

“Para além dos estagiários, iremos igualmente contar com as recomendações e referências por parte dos docentes das nossas universidades parceiras, relativas a potenciais candidatos já em final de curso (licenciaturas e/ou pós-graduações), que possam vir a constituir-se futuros colaboradores da VisionWare. Será expectável a integração anual entre cinco a dez colaboradores via universidades”, adianta o responsável.

Estas parcerias com as universidades colocam a empresa portuguesa em contacto direto com o “viveiro” de alunos, potenciais recursos para a empresa. Os principais objetivos [destas parcerias estratégicas] centram-se na captação de talentos e dos melhores alunos vindos diretamente destas instituições de ensino superior para obterem a sua ‘profissionalização’ e entrada no mercado de trabalho através da VisionWare, uma empresa 100% portuguesa, com créditos firmados, reconhecida pelo setor e demais entidades reguladoras como detentora de capacidade técnica relevante por instituições portuguesas e estrangeiras ligadas à justiça e com interesse no tema da segurança, e credenciada pela NATO”, detalha Bruno Castro.

Prevê-se também uma maior dinamização e promoção conjunta de eventos, conferências, aulas abertas ou outras iniciativas cujo mote seja colocar a segurança da informação e a cibersegurança na ordem do dia. “Estão ainda contempladas nestes acordos, a realização de apresentações e a participação de consultores experts da VisionWare em sessões práticas, no âmbito do seu ensino, nomeadamente, através do apoio e participação com testemunho empresarial da VisionWare na vertente pedagógica e/ou participação na qualidade de júri em eventuais provas/exames curriculares.”

Já no âmbito específico do acordo com a Universidade do Algarve (UAlg), prevê-se, por exemplo, a troca de informação pertinente e relevante, incluindo o desenvolvimento de iniciativas e outros projetos de interesse reconhecido por ambas as instituições, em particular, através de uma maior cooperação académica entre a VisionWare e a equipa CSIRT.UAlg, a equipa da UAlg dedicada à resposta a incidentes de segurança.

Mais de dez vagas publicadas

Apesar de a meta inicial da empresa ser alcançar um crescimento na ordem dos 15% no que toca a contratações, a expectativa já foi largamente ultrapassada. “Estamos mais próximos de um crescimento de 30%, apenas até ao mês de maio”, admite Bruno Castro.

“Com o aumento exponencial do número de ciberataques a inúmeros setores de atividade críticos em Portugal, como são exemplos as Telco (com o caso mais mediático da Vodafone), no retalho e distribuição (com forte impacto na SONAE) ou ainda no setor da saúde (incidentes informáticos ao hospital Garcia de Orta), houve efetivamente um maior awareness para as preocupações com a prevenção de potenciais ciberataques e uma mudança ‘quase instantânea’ no mindset dos gestores portugueses, ao entenderem que a segurança da informação não é uma despesa, mas sim um investimento crucial para o bem-estar do seu próprio negócio. Parece-me que o conceito do ‘só acontece aos outros’, já lá vai”, justifica.

Por isso mesmo, o crescimento do número de colaboradores da VisionWare até ao final de 2022 já foi revisto em alta. “Desde janeiro de 2022, contratámos 15 novos colaboradores. Hoje já contabilizamos no total perto de 80 talentos, sendo que a nossa previsão inicial seria chegar às 90 pessoas até ao final do ano. Ao dia de hoje e perante o cenário atual e prospects em carteira, prevemos chegar (e, possivelmente, ultrapassar) as 100 pessoas até dezembro (agregando Portugal e Cabo Verde)”.

A segurança da informação não é uma despesa, mas sim um investimento crucial para o bem-estar do seu próprio negócio. Parece-me que o conceito do ‘só acontece aos outros’, já lá vai.

Bruno Castro

CEO e fundador da VisionWare

Atualmente, estão publicadas mais de 10 vagas apenas para a área core da companhia, que é a cibersegurança. Mas estão também a decorrer processos de recrutamento de consultores para a área de privacy & legal.

“Também devido ao nosso próprio crescimento decidimos apostar na criação de uma estrutura interna de gestão de recursos humanos, e por tal, estamos precisamente à procura de perfis de human resources specialist, de forma a dar resposta célere a todas as solicitações e gestão da vida dos colaboradores, e acima de tudo, manter e dinamizar novas estratégias de retenção e captação de novos talentos neste setor, que apresenta características tão específicas e singulares.”

Por fim, e face ao crescimento do serviço de security operations center, a tecnológica também está a apostar no reforço da equipa de “resposta rápida” e investigação forense.

Atualmente, a VisionWare, integrando a sua sede no Porto, o escritório em Lisboa, no Parque das Nações, e os dois polos em Cabo Verde (Praia e Mindelo), conta com quase 80 colaboradores.

Os interessados podem consultar as vagas em questão aqui.

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Quer visitar as Berlengas? Tem de pedir permissão de acesso a partir de hoje

Além do pagamento da taxa turística de três euros, os visitantes vão passar a ter de pedir, previamente, permissão de acesso à ilha. Medida entra em vigor esta quarta-feira.

Se pretende visitar as Berlengas nos próximos dias, saiba que, além de ter pagar uma taxa turística, é necessário obter permissão de acesso à área terrestre da ilha. A nova restrição, que entra em vigor a partir desta quarta-feira, 1 de junho, é implementada por se tratar de um espaço natural com limitações no número diário de entradas.

Para ter acesso à documentação, terá que fazer o pedido na plataforma BerlengasPass. É necessário fornecer alguns dados pessoais e de identificação.

A partir dessa plataforma é possível fazer também o pagamento da taxa de acesso e permanência na ilha, cujo valor é de três euros, que só será cobrado pela metade aos visitantes entre seis e 18 anos e maiores de 65 anos, segundo uma portaria do Governo publicada no início deste ano em Diário da República.

Isentos do pagamento desta taxa estão os residentes, trabalhadores da ilha, estabelecimentos comerciais, prestadores de serviços devidamente acreditados ou representantes das entidades oficiais com jurisdição na Reserva Natural das Berlengas.

O mesmo diploma indica que as receitas da cobrança da taxa turística vão ficar “preferencialmente afetas à promoção das medidas de valorização”, desde obras de saneamento, gestão de resíduos e de abastecimento de água de uso público, implementação de alternativas de fornecimento de energia elétrica sustentável e melhoria das infraestruturas existentes no cais do Carreiro do Mosteiro, com vista ao embarque e desembarque de pessoas.

A ilha da Berlenga, no distrito de Leiria, tem um limite diário de 550 visitantes em simultâneo, estabelecido por portaria, não só para minimizar os efeitos do turismo sobre as espécies e habitats naturais sensíveis, como também tendo em conta a pequena dimensão terrestre do arquipélago.

Um estudo da Universidade Nova de Lisboa concluiu que visitam anualmente a ilha da Berlenga mais de 65.650 pessoas, das quais 43.250 na época alta (meses de verão).

O arquipélago, no distrito de Leiria, foi classificado em 2011 como Reserva Mundial da Biosfera pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), tem estatuto de reserva natural desde 1981, é Sítio da Rede Natura 2000 desde 1997 e foi classificado como Zona de Proteção Especial para as Aves Selvagens em 1999.

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Surto de covid corta comboios na Linha do Algarve

Cerca de um terço dos revisores da CP afetos à Linha do Algarve está em isolamento ou em baixa médica. Alguns comboios ficam sem serviços alternativos e deixam passageiros várias horas à espera.

Um surto de Covid-19 entre os revisores da CP está a deixar a Linha do Algarve sem comboios. Na última semana, pelo menos duas viagens por dia têm sido canceladas porque não há pessoal suficiente para verificar se os passageiros circulam com bilhete a bordo.

Dos 30 revisores no depósito da CP da região do Algarve, cerca de um terço está indisponível por baixa médica ou por isolamento devido ao coronavírus. A informação foi confirmada ao ECO pelo líder do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante, Luís Bravo.

“Apesar de pouco se falar, os revisores têm sido particularmente afetados pela sexta vaga da pandemia. Isso tem obrigado à supressão de comboios na Linha do Algarve”, refere o dirigente sindical.

Para minorar os prejuízos, a transportadora tem tentado substituir os comboios suprimidos por autocarros. Por exemplo, no percurso entre Lagos e Faro, são utilizados dois veículos, ambos com partida da estação da Lagos: o autocarro 1 segue até Tunes com paragens em Portimão, Estômbar, Silves e Algoz; o autocarro 2 vai até Faro, com paragens em Portimão, Tunes, Albufeira, Boliqueime e Loulé.

O passageiro fica a perder com a troca do comboio pelo autocarro: não há espaço para cadeira de rodas nem para bicicletas.

Mas nem sempre é possível substituir o comboio: foi isso que aconteceu no final da tarde desta terça-feira entre Vila Real de Santo António e Faro. No serviço regional, a frequência de viagens é mais reduzida e um cancelamento pode obrigar a várias horas de espera na estação. A situação agrava-se porque há cada vez mais turistas que procuram o comboio para se deslocarem pelas estações algarvias.

A Linha do Algarve é servida por automotoras diesel com duas carruagens, que corresponde à série UDD 450. A eletrificação da linha apenas deverá estar concluída no final de 2023 – com mais de dois anos de atraso -, ao abrigo do programa de investimentos Ferrovia 2020.

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SNS deixa de ter taxas moderadoras a partir de hoje, mas há exceções

Já não vão ser cobradas as taxas moderadoras no Serviço Nacional e Saúde, com exceção das urgências não referenciadas e das que não resultem em internamento.

A partir desta quarta-feira, deixam de ser cobradas, em geral, taxas moderadoras no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Existe apenas a exceção das urgências não referenciadas e das que não resultem em internamento, onde continuará a existir esta taxa. A medida foi anunciada pela ministra da Saúde no início de maio e entra em vigor agora em junho.

Marta Temido apontou esta como uma das medidas específicas que o Governo desenhou para “mitigar as barreiras” no acesso ao SNS, numa audição no Parlamento. Determina então que a cobrança de taxas moderadoras acabará em todos os serviços do SNS, mantendo-se apenas em serviço de atendimento de urgência hospitalar, exceto quando exista referenciação prévia pelo SNS ou admissão a internamento através da urgência.

O decreto-lei que altera o regime de cobrança de taxas moderadoras no Serviço Nacional de Saúde já foi aprovado em Conselho de Ministros e promulgado pelo Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa não deixou, no entanto, de assinalar a “potencial discriminação” dos beneficiários da ADSE.

“Embora registando a distinção feita entre as pessoas, com a potencial discriminação designadamente dos beneficiários da ADSE, bem como que a medida se confronte com a carência de médicos de família e com a sobrecarga da linha SNS 24, o Presidente da República promulgou o diploma do Governo que altera o regime de cobrança de taxas moderadoras no SNS”, refere uma nota publicada no site da Presidência.

As taxas moderadoras têm sido eliminadas progressivamente, sendo que a ministra da Saúde aponta que, com esta alteração ao regime, “fica cumprido o último ponto do compromisso assumido pelo Governo” na eliminação de barreiras de acesso a cuidados de saúde. Esta medida representa uma redução nas receitas de cerca de 31 milhões de euros, segundo adiantou também Marta Temido.

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Um terço dos jovens e crianças recebe mesada ou semanada

  • Joana Abrantes Gomes
  • 1 Junho 2022

Relatório da DECO revela que 35% das crianças e jovens recebem mesada ou semanada e mais de 80% guarda poupanças no banco ou no mealheiro. Porém, a maioria desconhece para que serve uma conta a prazo.

Apenas 35% dos jovens e das crianças em Portugal recebem dinheiro semanal ou mensalmente, enquanto os restantes recebem dinheiro pontualmente (35%) ou não recebem (30%). A conclusão consta do relatório “As Crianças, os Jovens e o Dinheiro”, realizado pela DECO – Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor, que procurou perceber o nível de literacia financeira das faixas etárias mais novas.

Num universo de 1.156 crianças e jovens inquiridos, do 1.º ciclo ao ensino secundário de 27 escolas de todo o país, cerca de 407 afirmam receber semanada ou mesada, praticamente o mesmo número de crianças e jovens que pedem dinheiro aos familiares quando precisam de comprar alguma coisa. Cerca de 347 dos inquiridos não recebem dinheiro dos familiares.

Em declarações ao ECO, Carla Dourado, técnica do gabinete de Proteção Financeira da DECO e uma das responsáveis pela realização do relatório, explica que o número de crianças e jovens a receber semanada ou mesada numa turma do 1.º ciclo ou numa turma do ensino secundário é “semelhante”. No entanto, como só um terço é que recebe, só esse terço é que permite medir se fazem uma boa gestão do seu dinheiro ou não.

As crianças e jovens foram questionados também se sabem onde gastam o dinheiro: apenas 3% responderam que não. Porém, embora 97% saibam onde gastam o seu dinheiro, é importante notar que metade destes não gere uma semanada ou mesada, pedindo dinheiro para despesas pontuais, o que ajuda a perceber com maior exatidão onde é que é gasto, assinala o documento.

Quanto às despesas essenciais, 61% das crianças e jovens identificam, em primeiro lugar, a alimentação como bem de primeira necessidade e, em seguida, o telemóvel (16%), que hoje em dia é uma ferramenta importante de comunicação, diz a Deco.

Ainda no âmbito da gestão de orçamento, e para aferir como procurariam realizar o seu objetivo de poupança, os alunos foram questionados sobre como fariam para pagar a viagem de finalistas, sendo que os pais só podiam pagar metade. A maioria das respostas incidiu em tentar encontrar um rendimento extra (43%) a par com a poupança da semanada/mesada (38%), enquanto 18% admitiu abdicar de prendas de Natal ou de aniversário.

Estes resultados, ainda que revelem que os jovens estão dispostos a fazer sacrifícios para realizar um objetivo de poupança, mostram, segundo Carla Dourado, que a maior dificuldade dos jovens e crianças reside na gestão de dinheiro, “porque não o têm na mão”. Por isso, considera “importante consciencializar os jovens e as famílias que é preciso transferir para as crianças alguma responsabilidade de gestão para eles, cedo e em tenra idade, adquirirem essas competências de lidar com o dinheiro”.

Mais de 80% guardam poupanças no banco ou no mealheiro

Na segunda parte do relatório, sobre numeracia financeira, 41% dos inquiridos disse guardar as suas poupanças no banco, enquanto 44% apontaram o mealheiro como o lugar preterido para o mesmo efeito. Em menor número, para 7% são os pais que guardam as suas poupanças e os restantes 8% admitiram gastar tudo – ou seja, não poupam dinheiro.

“Estes números são reveladores de que mais de metade dos jovens não está familiarizada com os produtos bancários e não sabe que pode ter uma conta a prazo que lhe permite guardar as suas poupanças”, sublinha a DECO no relatório.

A Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor procurou também medir a tomada de decisões que envolvam dinheiro por impulso: perante a possibilidade de comprar os ténis de sonho por 99,99 euros, cerca de 27% dos participantes comprava de imediato sem ponderação.

Neste aspeto, o relatório conclui que as crianças e os jovens “estão moldados para o consumo imediato”, destacando as técnicas de marketing utilizadas, como a dos preços acabados em 99 cêntimos, que “têm grande efeito em consumidores menos experientes”, criando a ilusão de que o produto é mais barato.

Questionados ainda sobre o que fariam se recebessem uma prenda de 300 euros, 40% optaria por poupar algum desse dinheiro, não o gastando todo, e 50% preferia mesmo guardá-lo na totalidade em casa ou depositá-lo no banco. Daqui resultam duas interpretações possíveis, aponta a DECO: ou a resposta foi influenciada pelas perguntas anteriores que lançaram temas como a poupança e a sua importância; ou os jovens, que passaram por estes dois anos de pandemia, observaram no seu seio familiar que, de facto, é importante ter alguma poupança”.

Maioria desconhece contas a prazo

Embora 82% dos jovens e crianças saibam o que é uma conta bancária, apenas 29% sabe que, abrindo uma conta a prazo, beneficiam do pagamento de juros por parte da instituição bancária, o que demonstra uma vez mais “a pouca sensibilidade dos jovens relativamente aos produtos financeiros”, lamenta a DECO.

Por outro lado, cerca de 90% das crianças e jovens identificaram, com facilidade, o que é e para que serve o cartão multibanco, a mesma percentagem que revelou conhecer a aplicação MBWay e saber como esta funciona.

Entre as principais conclusões do relatório, a DECO observou que as crianças e jovens têm uma “boa capacidade de avaliar os seus recursos financeiros e de tomar decisões conscientes”. No entanto, chama a atenção para a falta de conhecimento de conceitos financeiros, que impedem o aproveitamento de ferramentas de gestão, como o orçamento ou o recurso aos serviços bancários, para tirar rentabilidade do seu dinheiro, e para o facto de que “no agregado familiar não estão enraizadas competências de gestão de dinheiro”.

Nesse sentido, Carla Dourado apela à necessidade de fazer um orçamento familiar, para que as crianças e os jovens ajudem os pais a ver onde podem economizar. “Desenvolvemos até o conceito de fundo de emergência, para tudo aquilo que, em família, conseguissem poupar (…). Ou então transferir para as crianças e para os jovens algumas responsabilidades”, como fazer uma lista de compras e, no supermercado, escolher os produtos mais convenientes dentro do orçamento, detalhou a técnica da DECO.

O relatório foi elaborado com base num quiz feito na semana de 21 a 25 de março, durante a qual a DECO participou na “Global Money Week”, uma campanha anual de informação global cujo objetivo passa sempre por sensibilizar para as boas práticas de gestão do dinheiro pessoal e a importância de criar hábitos de poupança entre os jovens.

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Travão às margens excessivas nos combustíveis afinal ainda não entrou em vigor

Fonte oficial da ERSE adianta que ainda estão a ser analisados os contributos que foram recolhidos em consulta pública e que só depois disso será publicada a metodologia.

O travão do Governo às margens excessivas das gasolineiras nos combustíveis, afinal, não entra em vigor esta quarta-feira, isto apesar de o ministro do Ambiente e da Ação Climática (MAAC), Duarte Cordeiro, ter avançado no mês passado que o mecanismo ficaria disponível a partir de hoje.

Fonte oficial da ERSE explicou ao ECO/Capital Verde que a medida ainda se encontra em fase de análise, e que a fase de contributos encerrou no passado dia 23 de maio.

“A ERSE recebeu contributos de empresas, entidades e do parecer do Conselho para os Combustíveis e vai analisá-los e responder a todos”, explicou, adiantando ainda que “será elaborado um relatório de consulta pública a ser publicado e que só depois disso é que haverá uma decisão final do regulador com a publicação da metodologia”.

O regulador avança estes novos prazos depois de no dia 11 de maio, Duarte Cordeiro ter falado sobre o mecanismo numa audição conjunta na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, Agricultura e Pescas e a Comissão de Ambiente e Energia no âmbito da apreciação, na especialidade, do Orçamento do Estado para 2022, adiantando que “a partir de 1 de junho o diploma entrará em vigor”.

“Se a ERSE detetar que existem margens que não são as margens que deviam estar a funcionar no mercado, pode recomendar ao Governo a fixação de margens relativamente à cadeia de valor dos combustíveis. E o Governo naturalmente fixará as margens se o regulador nos sinalizar que há margens que têm de ser fixadas porque são abusivas”, afirmou o governante.

“Neste momento temos o regulador a verificar a aplicação dos preços dos combustíveis. A ENSE [Entidade Nacional para o Setor Energético] está a fiscalizar a operacionalização dos preços e se está a haver ou não abusos nos preços fiados nas bombas de gasolina. Também temos a ASAE no terreno. Aquilo que o regulador nos disse é que não há neste momento evidência de um abuso”, acrescentou o governante.

Embora o responsável pela pasta do Ambiente tenha garantido que não haviam sinais de “abuso” por parte dos comercializadores no que diz respeito às margens da venda de combustíveis, a ferramenta para melhorar a gestão dos preços dos combustíveis entrará em vigor a partir do momento em que esteja publicada em Diário da República, esta quarta-feira.

Assim, a ERSE vai ser a principal responsável por propor ao Governo a limitação das margens das petrolíferas na venda de combustíveis simples ou de gás engarrafado.

De recordar que no relatório semanal de supervisão dos preços dos combustíveis, publicado esta segunda-feira, o regulador alertou que os preços de venda ao público em Portugal, na semana passada, diferiram ligeiramente daquilo que é considerado como “preço eficiente”. Segundo os cálculos do regulador: a gasolina esteve mais barata, mas o gasóleo mais caro. Em termos percentuais, a gasolina 95 simples foi anunciada nos pórticos 1% abaixo do referido “preço eficiente” e o gasóleo simples 0,3% acima.

(Notícia atualizada às 11h19 com declarações de fonte oficial da ERSE sobre a consulta pública do diploma que permitirá à ERSE indicar ao Governo a existência de margens excessivas nos combustíveis)

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Simoldes perto de entrar com portas na “gigafábrica” da Tesla na Alemanha

Grupo de Oliveira de Azeméis concorre ao fornecimento de painéis de portas e peças para a mala dos carros que a Tesla vai construir na Europa. Logística e matérias-primas trazem moldes da Ásia.

Fornecedora de componentes para o Grupo VW (Volkswagen, Audi, Porsche, Seat, Škoda) e para a Stellantis (Citroën, Peugeot, DSAutomobiles, Opel), entre outras grandes marcas automóveis, a Simoldes está perto de acrescentar a Tesla à lista de clientes.

Segundo adiantou ao ECO a gestora de projetos de investigação e desenvolvimento (I&D), Ana Rita Frias, em declarações proferidas à margem da Hannover Messe, o grupo de Oliveira de Azeméis está numa short list para abastecer os painéis de portas e também peças para a mala dos automóveis que a empresa liderada por Elon Musk vai passar a fabricar na Alemanha.

Inaugurada no final de março em Grünheide, nos arredores da capital alemã, a designada Gigafactory Berlin vai estar a fabricar cerca de 5.000 unidades por semana no final de 2022. A construtora automóvel de origem americana planeia chegar a uma capacidade produtiva de meio milhão por ano, com o projeto no centro da Europa a incluir também a produção de baterias para os carros elétricos.

“A reputação da Simoldes está a crescer e recebemos muitos pedidos. Temos uma presença forte tanto no mercado alemão como no francês. Por isso, quando as empresas do ramo automóvel querem trabalhar com cadeias de abastecimento locais, inevitavelmente cruzam-se connosco”, referiu a porta-voz do grupo nortenho, falando num “projeto relevante” e num “caso particular de transferência de projetos da China para a Europa”.

Temos uma presença forte no mercado alemão e no francês. Quando as empresas do ramo automóvel querem trabalhar com cadeias de abastecimento locais, inevitavelmente cruzam-se com a Simoldes.

Ana Rita Frias

Gestora de projetos de I&D da Simoldes

A Simoldes Plásticos, empresa do grupo dedicada à injeção de peças em plástico, foi criada em 1981 e é atualmente administrada por Domingos Pinto. Está a construir uma terceira fábrica em Espanha num investimento de 45 milhões de euros, que será a 25ª a nível global — está também na Polónia, França, Alemanha, República Checa, Marrocos, Brasil e Argentina. Num horizonte de três anos tem planos para expandir a presença digital a três novas geografias: Roménia, México e Estados Unidos.

A multinacional fundada em 1959 por António da Silva Rodrigues, um dos homens mais ricos do país, tem uma dezena de fábricas em Portugal, onde emprega metade dos perto de 6.500 funcionários. Além da componente de injeção de plásticos, que é a mais valiosa na faturação anual superior a 800 milhões de euros, o grupo oliveirense, que exporta 95% da produção e tem presença direta em nove países, é também fabricante de moldes para a indústria automóvel.

Costa “tira” moldes da China, Simoldes recebe-os em Portugal

A Simoldes é uma das 109 empresas portuguesas que estão a participar esta semana na Hannover Messe, a maior feira mundial na área da tecnologia industrial. Na edição de 2022, com o estatuto de país parceiro, os industriais querem provar que “Portugal faz sentido” como hub de engenharia e fornecedor “verde e digital” para clientes alemães. Entre os “grandes” da indústria há também nove start-ups à procura de novos negócios e financiamento.

Na abertura desta feira em que as empresas nacionais tentam seduzir as PME da Alemanha com cockpits de Valongo e cabelos de CR7, o primeiro-ministro, António Costa, que falava ao lado do novo chanceler Olaf Scholz, fez questão de assinalar que “na atual conjuntura, quando o imperativo de encurtar cadeias de valor está a mobilizar as empresas europeias para relocalizarem na Europa parte da sua produção offshore e parte das suas importações não europeias, Portugal é um destino certo”.

O chefe do Executivo deu mesmo o exemplo da indústria portuguesas de moldes, composta por 750 empresas que exportam 85% da produção, que está “constantemente a inovar” e colabora com meia centena de centros de inovação e universidades. “Na Alemanha, só a China é responsável por 38% das importações de moldes. Num momento em que muitos importadores procuram agora um parceiro no espaço europeu, convido-vos a olhar para Portugal. Temos know-how e a capacidade, somos o oitavo exportador mundial de moldes e o terceiro na Europa”, argumentou Costa.

“Estamos muito mais próximos do fuso horário alemão, o que permite interações comerciais muito mais eficientes, e temos excelentes infraestruturas de transporte. A proximidade geográfica permite estar em Portugal em poucas horas e contar com prazos de entrega rápidos e fiáveis”, acrescentou o primeiro-ministro. Citado pela Lusa, notou ainda que o país apresenta “características altamente valorizadas nestes tempos de incerteza”, designadamente “os valores de segurança, estabilidade e valores comuns” que partilha com a Alemanha.

Nos primeiros cinco meses do ano vimos muitos projetos a entrar, muitas coisas novas [que antes iam para a Ásia] a serem adjudicadas para a produção nacional por receio das implicações logísticas e da variação do preço das matérias-primas.

Ana Rita Frias

Gestora de projetos de I&D da Simoldes

Ora, nos primeiros cinco meses deste ano, confirmou ao ECO a gestora de I&D do grupo português, já aumentou o número de projetos adjudicados à Simoldes Aços. “Vimos muitos projetos a entrar, muitas coisas novas [que anteriormente iriam para a Ásia] a serem adjudicadas para a produção nacional por receio das implicações logísticas e também por causa da variação do preço das matérias-primas. É mais vantajoso começarem logo os projetos na Europa”, resumiu Ana Rita Frias.

A complicar essa resposta às encomendas no chão de fábrica está a atual escassez e o preço dos componentes eletrónicos de que também a Simoldes precisa. Seja nos moldes, para a sensorização ou para o sistema de controlo de pressão nos moldes; seja na área dos plásticos para os botões ou a iluminação dos painéis de porta dos automóveis. “Queremos ter cadeias de abastecimento mais locais, mas a Europa de momento ainda não consegue dar resposta”, desabafa a porta-voz da Simoldes na Hannover Messe. Outra dificuldade está na obtenção de cablagens, que antes da guerra comprava a fornecedores na Ucrânia e na Rússia.

(O jornalista viajou para Hannover a convite da Siemens)

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Exportações recorde no arranque de 2022. Empresas confirmam melhor trimestre

Primeiro trimestre de 2022 foi o melhor de sempre na exportação de bens e serviços, incluindo turismo, superando valores pré-pandemia. Conheça três empresas que dispararam as vendas para o exterior.

22.782,9 milhões de euros. Foi este o valor que Portugal exportou em bens e serviços no primeiro trimestre de 2022, um recorde que ultrapassa o alcançado em 2019. Primeiro a recuperação das exportações de bens e agora a retoma do turismo (serviços) permitiu alcançar este patamar no arranque do ano, contribuindo para o PIB crescer 2,6% em cadeia. Em vez de travar, como seria expectável, por causa do impacto da guerra na Ucrânia e da aceleração da inflação.

Estes dados estão deflacionados, isto é, excluem o impacto da subida dos preços no primeiro trimestre, a qual tem sido pronunciada — em maio, a taxa de inflação atingiu um máximo de 1993, fixando-se em 8,1%. Ou seja, este aumento das exportações de bens e turismo é mesmo em quantidade e não inflacionado pela subida do preço.

Anteriormente, o melhor trimestre das exportações de bens e serviços registou-se no quarto trimestre de 2019, mesmo antes da pandemia, com um valor de 22.557,6 milhões de euros. Dois anos e um trimestre depois (e com a pandemia de Covid-19 pelo meio), as exportações de bens e serviços estão já 1% acima desse nível.

Desagregando os valores entre bens e serviços, os dados mostram que a recuperação foi mais rápida nas mercadorias, chegando mais depressa ao nível de 2019. Porém, a reta final de 2021 e o início de 2022 deram um salto expressiva nos serviços, devido em grande parte ao turismo internacional. E também esta componente já superou os valores trimestrais de 2019.

Não há dúvidas de que a retoma do turismo no arranque de 2022 teve um papel decisivo na evolução do PIB. No destaque sobre o PIB, o próprio Instituto Nacional de Estatística (INE) apresenta como uma das razões do crescimento económico do primeiro trimestre a “forte recuperação da atividade turística” — e as expectativas para o segundo trimestre são positivas com o turismo em abril a superar o valor de 2019.

“O resultado do 1º trimestre de 2022 está fundamentalmente associado à dinâmica de recuperação da componente do turismo, que cresceu 206,7% em termos homólogos (-121,5% no trimestre anterior e -62,9% no 1º trimestre de 2021)“, notava o INE esta terça-feira. Ou seja, o setor do turismo triplicou face ao primeiro trimestre de 2021.

Este dinamismo do turismo também é visível no VAB (valor acrescentado bruto) dos setores. O setor do comércio e alojamento foi o que mais cresceu no primeiro trimestre (+28,6%) em termos homólogos e o seu VAB está muito perto dos níveis do mesmo período de 2019. Já o setor que agrega os transportes (a aviação, por exemplo) e armazenagem, assim como as atividades de tecnologias de informação e comunicação (TIC), já superaram o patamar pré-pandemia. As outras atividades de serviços, que também incluem negócios relacionados com o turismo, cresceram 9,6%.

Outra forma de ver é consultar o consumo de não residentes no território, ou seja, os gastos dos turistas, os quais não entram na componente de consumo privado, mas na das exportações de serviços e bens. Segundo os dados do INE, os turistas estrangeiros deixaram cá 4.210,7 milhões e euros no primeiro trimestre, o valor mais elevado desde os 4.492,7 milhões alcançados no quarto trimestre de 2019.

Consumo dos turistas em Portugal recuperou rapidamente no final de 2021 e início de 2022

Fonte: Instituto Nacional de Estatística (INE). Em milhões de euros.

A economia portuguesa beneficiou ainda com a reabertura da economia na sequência da retirada quase total das restrições relacionadas com a pandemia. Reflexo disso é a queda das despesas com bens alimentares, que cresceram significativamente durante a pandemia, no primeiro trimestre de 2022, o que sugere que os portugueses estão a gastar mais em restaurantes e pastelarias, entre outros estabelecimentos deste género.

Empresas confirmam melhor trimestre

Três empresas contactadas pelo ECO confirmam que o primeiro trimestre de 2022 foi muito positivo para as exportações. É esse o caso da ACL, uma empresa da área da metalomecânica de precisão e da automação que emprega 120 pessoas em Braga. “O primeiro trimestre foi muito superior ao do nosso melhor ano, que tinha sido em 2018“, calcula o responsável comercial, João Miranda.

Em declarações ao ECO à margem da Hannover Messe, a maior feira de tecnologia industrial do mundo, em que Portugal tem o estatuto de país parceiro e conta com uma comitiva de 109 empresas, o gestor explicou que a subida das encomendas pode estar relacionada com um “rearranque” depois de dois anos de “projetos congelados” pela Covid-19. “No início do ano começámos a ter mais pedidos. Muitos deles também para reporem stocks, depois de não o terem feito durante a pandemia”, detalhou. França é o melhor mercado da empresa minhota.

A história repete-se na Mecanarte, uma empresa familiar que produz rodas e rodízios para várias aplicações, como carrinhos de supermercados, camas de hospitais ou material industrial para movimentação. “Tivemos um crescimento no primeiro trimestre, mesmo não considerando o fator da subida dos preços“, assume Silvana Pires, assessora da administração e responsável pelo mercado externo. As exportações valem metade das vendas desta empresa que emprega uma centena de pessoas na Trofa.

“Apesar do aumento dos custos energéticos e das componentes e matérias-primas, sentimos o mercado bastante vivo e com vigor nas exportações”, acrescenta, mesmo admitindo que “há clientes que não põem as encomendas a longo prazo porque estão à espera de ver o que vai acontecer porque os preços estão inflacionados”. A procura vem de Itália, França, Espanha e até de Marrocos. Com a falta de “resposta adequada” por parte dos mercados asiáticos, os clientes estão a procurar “alternativas no mercado europeu”, sublinha.

Na área de eletrónica, a aveirense Exatronic nunca deixou de crescer com a pandemia — acumulando um crescimento de 28% em 2020 e 2021 –, mas reforçou essa tendência no primeiro trimestre deste ano. “Tivemos um crescimento de 15% em relação ao período homólogo de 2021, que era o que estava dentro dos objetivos“, relata o CEO, Nuno Gomes, que por estes dias marca presença na Hannover Messe, na Alemanha.

Além da subida das vendas para mercados para os quais já exportava, como Suíça ou Holanda, este crescimento da empresa (criada há 27 anos e que emprega quase 50 pessoas) “deve-se essencialmente à entrada em dois novos mercados”: o Reino Unido e Itália. No mercado britânico iniciou um projeto em que desenvolve conectores para aplicar na gestão de lavandarias de hospitais, lares, escolas ou grandes empresas. No caso transalpino, o cliente é a Carlsberg, para quem está a fornecer equipamentos para gerir a logística da cerveja.

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5 coisas que vão marcar o dia

Fim de quase todas as taxas moderadoras no SNS, travagem por decreto das margens excessivas das gasolineiras e aumento das tarifas dos táxis são alguns dos destaques de hoje.

O fim de quase todas as taxas moderadoras no SNS, a travagem, por decreto, das margens excessivas das gasolineiras e o aumento das tarifas dos táxis são alguns dos destaques de hoje. Nota também para o início das multas para as empresas que não disponibilizarem linhas de atendimento gratuitas ou de baixo custo e ainda a definição dos preços do gás natural a partir de outubro.

Fim das taxas moderadoras na saúde

A partir de hoje, deixa de haver cobrança de taxas moderadoras no Serviço Nacional de Saúde (SNS), com exceção das urgências não referenciadas ou que não originem internamento. A medida implica uma redução de 31 milhões de euros de receita do SNS, estima a ministra da Saúde, Marta Temido.

Governo trava margens das gasolineiras

Hoje também entra em vigor o decreto que limita as margens excessivas identificadas na venda de combustíveis pelas gasolineiras. O Governo passará a contar com um instrumento para travar os preços em bomba e baixar o preço dos combustíveis, quando se justifique e por tempo limitado, mediante proposta da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE).

Preço do gás natural a partir de outubro

Serão conhecidas as propostas de preços para o gás natural, em vigor a partir de 1 de outubro. A ERSE vai divulgar a proposta tarifária que irá vigorar até setembro de 2023. Por causa da guerra na Ucrânia e da incerteza internacional, é expectável que o gás natural fique mais caro a partir de outubro.

Multas para falta da números grátis

A partir de hoje são aplicadas multas para as operadoras de telecomunicações e outros prestadores de serviços públicos essenciais que não disponibilizem linhas telefónicas gratuitas ou com custos reduzidos. A legislação entrou em vigor em novembro de 2021 mas apenas a partir de hoje são aplicadas sanções. A lei aplica-se a empresas de serviços de fornecimento de água, eletricidade, gás natural, comunicações eletrónicas, serviços postais, recolha e tratamento de águas residuais, gestão de resíduos sólidos urbanos ou transporte de passageiros.

Subida dos preços nos táxis

As viagens de táxi ficam mais caras a partir de hoje: a subida média das tarifas é de 8,05%, na primeira alteração desde janeiro de 2013. As mexidas nos preços devem-se ao encurtamento da bandeirada – de 1800 para 1440 metros – e à subida dos valores das frações de tempo e de distância. Sem alteração ficaram os suplementos de transporte de bagagem na mala dos carros e de animais domésticos, assim como da chamada do táxi por telefone ou aplicação móvel.

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Espanha reabre fronteiras de Ceuta e Melilla a marroquinos “em situação regular”

  • Lusa
  • 31 Maio 2022

O objetivo é uma abertura progressiva e ordenada e, em particular, "acabar com a economia subterrânea”.

Espanha reabriu as fronteiras dos enclaves de Ceuta e Melilla, no norte de Marrocos, a trabalhadores marroquinos, depois de dois anos de encerramento e da reconciliação diplomática entre os dois Estados, constatou um jornalista da AFP.

O acesso a estes territórios continuará, contudo, reservado, em prioridade aos marroquinos “em situação regular”, o que corresponde a cerca de 120 pessoas, na sua maioria empregadas domésticas, segundo as autoridades locais de Espanha. Entre 35 a 40 trabalhadores que ainda não estejam regularizados poderão atravessar a fronteira para Ceuta todos os dias, a partir de quarta-feira, para solicitar um visto.

O objetivo é uma abertura progressiva e ordenada e, em particular, acabar com a economia subterrânea” que prospera na região, disse um porta-voz da autarquia de Ceuta à AFP.

Em março de 2020, antes da pandemia do novo coronavirus e do fecho das únicas fronteiras terrestres da União Europeia com o continente africano, mais de quatro mil marroquinos entravam nestes enclaves. Mas o sindicato dos trabalhadores transfronteiriços menciona, por seu lado, o dobro dos marroquinos privados de rendimentos desde o início da crise sanitária.

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Bolsas norte-americanas fecham no “vermelho” com inflação em foco

As bolsas norte-americanas encerraram a sessão no "vermelho" com os investidores a temerem que a Fed tenha de apertar ainda mais do que o previsto a política monetária para combater a inflação.

Os principais índices norte-americanas terminaram a sessão desta terça-feira em terreno negativo, numa altura em que os investidores temem que a inflação possa acelerar e que os preços do petróleo estão em alta.

O S&P 500 desvalorizou 0,68% para 4.129,87 pontos, enquanto o industrial Dow Jones recuou 0,72% para 32.973,90 pontos. Ao mesmo tempo, o tecnológico Nasdaq perdeu 0,39% para 12.083.82 pontos. Ainda assim, em termos mensais, o balanço é positivo para o S&P 500 e para o l Dow Jones, que avançaram 0,01% e 0,04%, respetivamente, ao passo que o Nasdaq caiu 2,05%.

Esta terça-feira, o presidente dos EUA reuniu-se com o presidente da Fed e com a secretária do Tesouro dos EUA, numa altura em que a taxa de inflação do outro lado do Atlântico toca máximos de 40 anos. À saída, o porta-voz da Casa Branca sinalizou que Joe Biden garantiu que não vai influenciar as decisões da Fed, que a “reunião foi muito construtiva” e que foram ainda abordadas as previsões de crescimento económico global.

Os investidores estiveram ainda a digerir as declarações de Christopher Waller, membro do Conselho de Governadores da Fed, que admitiu na segunda-feira que o banco central deve estar preparado para aumentar as taxas de juro em meio ponto percentual em todas as reuniões até que a inflação seja definitivamente controlada. Estas declarações fizeram disparar as yields norte-americanas, que tocaram máximos de uma semana.

Em foco nesta sessão esteve também a subida dos preços do petróleo, depois de a União Europeia (UE) ter chegado a um acordo para banir as importações do “ouro negro” à Rússia, exceto os fluxos via oleoduto, estando em causa cerca de dois terços das importações europeias a partir do país de Vladimir Putin.

Esta terça-feira foi ainda revelado que alguns membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) estão a discutir a hipótese de suspender a Rússia de participar num acordo de produção de petróleo, segundo a Reuters. Por outro lado, os investidores também percecionam um aumento da procura, com algum alívio de restrições da Covid-19 na China.

Foram ainda divulgados dados relativos à confiança dos consumidores nos EUA, que recuou ligeiramente em maio, penalizada pela inflação e pela subida das taxas de juro, que forçou os americanos a tornarem-se mais cautelosos nas suas compras, principalmente nos bens de maior valor, como carros e casas.

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