Há travões à especulação de preços? Há, mas lei tem “fragilidades”

A especulação é crime e a pena de prisão pode ir até três anos. Advogados consideram que existem limites legais e apelam à fiscalização e controlo das autoridades competentes.

Nos últimos meses, a palavra inflação tem estado na ordem do dia e “apertado” a carteira dos portugueses com os preços a aumentar de dia para dia. O setor do retalho assegurou que “não há especulação”, mas a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) já instaurou 51 processos-crimes por especulação. Os advogados contactados pela Advocatus sublinham que a lei tem “fragilidades” e não chega a definir o conceito de “especulação”.

A especulação de preços pode traduzir-se de várias formas, sendo que tem sido recorrente de duas maneiras: na venda de bens por preço superior ao que consta de etiquetas e rótulos feitos pela própria entidade vendedora e na venda de bens com as características – peso ou medida – alteradas para prejuízo do comprador. Face ao número de processos instaurados, o Governo já avançou que vai intensificar as operações de fiscalização dos preços em todo o país, uma vez a evolução dos preços dos alimentos é completamente oposta à da inflação

Os advogados contactados pela Advocatus consideram necessário que a autoridades averiguem se estamos perante um crime especulação ou não. “As situações que, nos últimos dias, têm vindo a ser reveladas pela comunicação social, e que só por esta via se tem acesso, caso obviamente se confirme o que ali vem alegado, enquadram-se nas condutas especulativas sancionadas pelo crime de especulação”, referiram Alexandra Mota Gomes e Rui Ferreira Antunes, sócia e associado da Antas da Cunha Ecija.

O advogado da RSA, João Luz Soares, explicou também que a recente ação de fiscalização levada a cabo pela ASAE detetou uma “variação de preços de bens alimentares a atingirem os 39% entre o valor afixado nas prateleiras e o montante pago em caixa“. Sem limites fixados pela anterior legislação, o advogado considera que a avaliação dos comportamentos especulativos tem “algumas fragilidades” e que essas dificuldades são “obviamente exacerbadas por aquilo que é o atual quadro de inflação que pode complexificar o momento de avaliação da existência de especulação e a sua subsunção aos critérios da rede legal atualmente existente”.

“Parece-me, no entanto, que o conceito aberto de regular exercício de atividade, parecendo até remeter para uma aplicação pouca equilibrada da lei da oferta e da procura, pode comprometer uma correta interpretação do sistema: os aumentos verificados parecem estar muito para lá do legalmente aceitável, pela atual rede legal, pelo que se exige uma intervenção de fiscalização capaz por parte da autoridade supervisora“, notou João Luz Soares.

Todos os advogados contactados pela Advocatus consideraram que a especulação de preços não pode ser feita sem limites. Segundo Ana Rita Duarte de Campos, sócia contratada da Abreu Advogados, o aumento dos preços para além dos limites legais pode resultar na “imputação do crime de especulação”, sobretudo no âmbito dos bens com preços tabelados. Alertou também que fora deste âmbito, muitos dos casos de aumento de preços “mais facilmente redundarão em ilícitos concorrenciais” – em caso de concertação de agentes económicos para subida de preços – do que propriamente em crime de especulação.

Os casos mais complexos serão aqueles em que possa sustentar-se a existência de lucro ilegítimo – análise que convoca a necessidade de aferir-se das margens razoáveis de lucro em cada setor, bem ou serviço, num determinado contexto económico e comercial. Não são conceitos estanques, e, por isso, não pode concluir-se que uma subida acentuada de preços, per se, possa indicar indícios de crime de especulação”, sublinhou Ana Rita Duarte de Campos.

Já Alexandra Mota Gomes e Rui Ferreira Antunes alertaram que o legislador considerou como sendo especulativas e, por isso, “merecedoras da censura da lei”, as condutas do agente que impliquem, quer uma alteração do preço no sentido de o elevar, quer a prática de preços superiores “aos permitidos pelos regimes legais a que os mesmos estejam submetidos”. “Quer isto dizer que o legislador não definiu em concreto o que é considerado especulação, optando antes por punir determinados comportamentos que os apelida de especulativos“, referem.

Assim, os advogados da Antas da Cunha Ecija explicam que a simples alteração de um determinado preço não pode, por isso, e sem mais, ser considerada especulativa. “Os limites são os estabelecidos no próprio preceito legal que pune as condutas consideradas especulativas, e que distingue as que devem, ou não, ser merecedoras de tutela penal“, acrescentam.

A lei não define propriamente o que é o conceito de especulação, optando pela punição de determinados comportamentos que considera especulativos, o que pode levantar a problemas de interpretação.

João Luz Soares

Advogado da RSA

A Advocatus, João Luz Soares explicou que anteriormente a legislação previa “limites específicos”, fixados por referência a percentagens, para os preços e para as margens de lucro líquidos, e, posteriormente, pela concretização de um teto máximo para este movimento de subidas de preços. Mas a atual legislação não estipula critérios quantitativos expressos.

Assim, o advogado considera que o problema passa pela operacionalização da rede legal. “Exige-se, por um lado, um papel ativo de fiscalização por parte da autoridade supervisora na deteção em todos esses patamares de possíveis comportamentos indevidos, que é um primeiro momento de avaliação. Por outro lado, a inexistência de estipulação de valores/limites concretamente definidos acaba por dificultar a análise casuística das situações e a definição se existe, ou não, in casu, especulação. De uma abordagem rigorosa e quantitativa pode-se passar, por isso, para uma abordagem que assenta na necessidade de momentos valorativos e com algum grau de discricionariedade – o que pode comprometer a validade/eficácia do combate a estes fenómenos de especulação”, acrescentou.

Especulação é crime? Sim, é

Apesar de a atual lei não estipular critérios quantitativos expressos sobre os limites específicos para os preços e margens de lucro, enumera algumas condutas que se enquadram no crime de especulação. Os advogados da Antas da Cunha Ecija explicaram que o bem jurídico protegido que se visa salvaguardar com a incriminação da especulação é a “estabilidade dos preços no mercado” e que o legislador quis incriminar condutas lesivas dos interesses do setor económico e do regular funcionamento da economia, ainda que indiretamente proteja também os interesses dos consumidores.

“Pratica o crime de especulação de preços não só quem desrespeite os preços subtraídos à livre disponibilidade dos operadores económicos, porquanto se encontram legal ou administrativamente fixados, mas também quem desrespeite os preços que resultam do “regular exercício da atividade” para os bens ou serviços em causa, com vista à obtenção de um lucro ilegítimo, ou seja, um lucro que sem a adulteração das regras de mercado não obteria“, referiram Alexandra Mota Gomes e Rui Ferreira Antunes.

Não há muitos casos de condenação por especulação em Portugal, apesar de ser um crime introduzido no nosso ordenamento jurídico em 1984. Isso não significa que haja muita ou pouca especulação. Significa apenas que os casos que chegaram aos tribunais não são expressivos.

Ana Rita Duarte de Campos

Sócia contratada da Abreu Advogados

Previsto no artigo 35.º, do Decreto-Lei n.º 28/84, de 20 de Janeiro, o crime de especulação visa condutas como a venda de bens ou prestação de serviços superiores aos permitidos pelos regimes legais a que os mesmos estejam submetidos; alteração, sob qualquer pretexto ou por qualquer meio e com intenção de obter lucro ilegítimo, dos preços que do regular exercício da atividade resultariam para os bens ou serviços, ou, independentemente daquela intenção, os que resultariam da regulamentação legal em vigor; venda de bens ou prestação de serviços por preço superior ao que conste de etiquetas, rótulos, letreiros ou listas elaborados pela própria entidade vendedora ou prestadora do serviço; e venda de bens que, por unidade, devem ter certo peso ou medida, quando os mesmos sejam inferiores a esse peso ou medida, ou contidos em embalagens ou recipientes cujas quantidades forem inferiores às nestes mencionadas.

Todas estas condutas sob a forma dolosa podem ser puníveis com pena de prisão de seis meses a três anos e pena de multa não inferior a 100 dias. Havendo negligência, a pena aplicável será a de multa de 20 a 100 dias. “Em qualquer dos casos descritos, o Tribunal poderá ainda decretar a perda dos bens em causa ou, não sendo esta possível, determinar a perda de outros bens iguais aos do objeto do crime que sejam encontrados em poder do infrator”, explicaram os advogados da Antas da Cunha Ecija.

“A lei não define propriamente o que é o conceito de especulação, optando pela punição de determinados comportamentos que considera especulativos, o que pode levantar a problemas de interpretação. Por outro lado, e no caso concreto da alínea b) do número do artigo 35.º, ao falar-se em preços que resultem do regular exercício da atividade estamos a optar por um conceito aberto e que necessita de concretização posterior atenta, até, a não fixação legal expressa desses limites”, notou João Luz Soares. Também Alexandra Mota Gomes e Rui Ferreira Antunes salientaram que a falta de definição do que é “lucro ilegítimo”.

Solução passa pelo combate

Da fiscalização, informação até à intervenção do Estado, várias são as formas de combate à especulação de preços apontadas pelos advogados. Por exemplo, Alexandra Mota Gomes e Rui Ferreira Antunes consideram que o combate passa pela intervenção do Estado, competindo à ASAE a fiscalização e a investigação dos delitos antieconómicos.

Para Ana Rita Duarte de Campos, a solução passa pela fiscalização e informação aos agentes económicos. “Não há muitos casos de condenação por especulação em Portugal, apesar de ser um crime introduzido no nosso ordenamento jurídico em 1984. Isso não significa que haja muita ou pouca especulação. Significa apenas que os casos que chegaram aos tribunais não são expressivos. São consideravelmente mais expressivas, por exemplo, as condenações por práticas concertadas de concorrência”, considerou.

A sócia contratada da Abreu Advogados admite que a questão da especulação nos preços pode ocorrer em mais situações, porque “qualquer agente económico envolvido no circuito de produção e comercialização de bens ou serviços, independentemente de poder, por si ou conjuntamente com outros, influenciar o comportamento do mercado, pode incorrer na prática deste crime”.

O legislador não definiu em concreto o que é considerado especulação, optando antes por punir determinados comportamentos que os apelida de especulativos.

Alexandra Mota Gomes e Rui Ferreira Antunes

Sócia e associado da Antas da Cunha Ecija

Por outro lado, João Luz Soares considera que o combate à especulação tem que ser articulado, a um nível macro, com o próprio quadro de combate ao fenómeno da inflação, mas pode, a um nível estratégico, contar com algumas ações concretas.

“É necessário um óbvio reforço das ações de fiscalização, dotando a ASAE de recursos suficientes e adequados, com uma possível consideração contraordenacional dos casos, mas é necessário também concretizar uma possível intervenção ao nível da fixação dos bens essenciais de primeira linha. Não é também despiciendo considerar uma análise da operacionalidade do presente quadro legal, com possível construção de balizas concretas para aferir a avaliação da subida dos preços”, sublinhou.

O advogado da RSA acrescentou ainda que monitorizar e compreender a estrutura de formação dos preços é também fundamental. “É necessário, por isso, uma discussão e resposta coesa com o contributo de todos os organismos e plataformas (PARCA, Ministério da Agricultura, ASAE, Direção Geral do Consumidor, Direção Geral das Atividades Económicas, Autoridade para a Concorrência e a Defesa dos Direitos dos Consumidores) naquilo que é a construção de uma cultura de equilíbrio e consideração social na fixação dos preços”, concluiu.

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Carteira de Jornalistas decide na próxima semana eventual reversão do aumento do título

O organismo prevê receitas de 257 mil euros para este ano, quantia que "não é suficiente". No último ano receberam 86 queixas, a maioria relacionada com a violação dos deveres da profissão.

A Comissão da Carteira Profissional de Jornalistas (CCPJ) analisa na próxima quarta-feira, dia 15, a eventual reversão do aumento do valor da carteira profissional de jornalistas, bem como a devolução do montante pago a mais aos 101 jornalistas que já revalidaram os títulos. O montante obtido com a renovação das carteiras profissionais representa a maior fonte de receita do organismo responsável por emitir o documento que regula o acesso à profissão. A comissão está a discutir com o governo outras formas de financiamento. Uma transferência do Orçamento do Estado (OE) pode ser uma solução.

“Há um certo obscurantismo sobre para que é que serve a Comissão e até para que serve a Carteira”, diz ao +M a CCPJ, lembrando que mesmo “não tendo a natureza de um Sindicato, ou uma outra qualquer organização que em concreto trabalha em torno da defesa, por exemplo, dos direitos laborais dos jornalistas”, a Comissão, “protege os jornalistas e o jornalismo”.

A existência e a defesa da carteira profissional é o melhor selo para garantir um jornalismo rigoroso, credível imparcial e independente, num tempo em que a desinformação feita por propagandistas a partir de truncagens e imitações da atividade jornalística é um dos problemas maiores do nosso tempo“, argumenta.

Pela independência do Jornalismo e dos jornalistas sim, esta forma de financiamento é a mais indicada. Mas, com os valores que os profissionais da atividade jornalística pagam atualmente pelos seus títulos profissionais, não é suficiente.

As receitas obtidas com a emissão ou renovação das carteiras profissionais — documento exigido a quem exerce a profissão de jornalista — é a principal fonte de receita da CCPJ. No ano passado, o orçamento previa receitas de na ordem 254.6 mil euros, acrescido do apoio dado pelo Estado, no valor de 50 mil euros. Já para este ano a CCPJ prevê arrecadar receitas o valor de 207 mil euros, a título de pagamento de emolumentos, e de 50 mil euros de apoio estatal, concretiza o organismo.

Em 2021, a CCPJ teve de receitas totais 256 mil euros, menos cerca de 37 mil do que no ano anterior. A maior parte dos custos (191 mil euros) é com pessoal. Este montante “não é suficiente”, afirma o secretariado da CCPJ. Uma transferência a partir do Orçamento do Estado (OE) pode ser uma solução, no entender da CCPJ, a discutir com a tutela.

As contas de 2022 ainda não estão fechadas e as previsões para este ano ainda não estão definitivamente feitas, “uma vez que será um ano particularmente atípico”, afirma a entidade ao +M.

A carteira profissional de jornalista, revalidada a cada dois anos, passou a custar 76 euros desde 01 de fevereiro, acima dos 70,50 euros cobrados em janeiro de 2022, após uma atualização. O aumento tem sido contestado pelos jornalistas, que, no início de fevereiro, recolheram mais de 1.200 assinaturas contra o aumento do preço, colocando o tema em cima da mesa entre os profissionais do setor.

Entretanto, já no final de fevereiro, os responsáveis da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista (CCPJ) consideraram que há “várias possibilidades” para financiar a entidade, que têm de ser estudadas, e defendem que deve ser o Parlamento a alterar o modelo. A presidente do CCPJ, Licínia Girão, e os dois membros do órgão Jacinto Godinho e Paulo Ribeiro foram ouvidos na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto sobre o modelo de financiamento e os indispensáveis ajustes dos diplomas que regulam a atividade jornalística.

Em simultâneo, não só o valor da carteira que dá acesso à profissão como o próprio organismo que a atribui merece ser olhado. “Há um certo obscurantismo sobre para que é que serve a Comissão e até para que serve a Carteira”, admitia Jacinto Godinho na comissão parlamentar.

A afirmação é explicada pelo secretariado da CCPJ ao +M/ECO. “Quando recebemos, juntamente com as compreensíveis queixas sobre os aumentos dos emolumentos, questões que nos interrogam desta forma: “A carteira profissional serve para quê?” ou “Temos de pagar para trabalhar?” isto revela uma falta de noção, um certo obscurantismo, em relação à missão e à responsabilidade que um jornalista tem numa sociedade de direito”, avança em nome coletivo a entidade.

O sentimento que temos é de que ainda existem muitos jornalistas que desconhecem as normas deontológicas e condutas éticas que regulam a profissão.

O jornalismo é uma atividade que mexe com direitos liberdades e garantias dos cidadãos, por isso tem de ser obviamente uma atividade regulada. Não pode ser qualquer pessoa que faz jornalismo. Tem de ser um profissional credenciado e acreditado, para ter direitos (como a proteção das fontes) e também ser responsabilizado pelo trabalho que faz”.

“O sentimento que temos é de que ainda existem muitos jornalistas que desconhecem as normas deontológicas e condutas éticas que regulam a profissão”, prossegue o órgão. “A liberdade de imprensa absorve a liberdade de expressão e criação dos jornalistas, contra isso não há imposições ou censura”, continua. No entanto, “a defesa da credibilidade da informação de natureza jornalística que se faz chegar aos consumidores, exige responsabilização só garantida pelo facto de os profissionais estarem acreditados, habilitados com um título profissional e a existência de um organismo independente que garanta o exercício dessa atividade na base do rigor e isenção”, defende a CCPJ, que tem levado pelo país os encontros “Pensar o Jornalismo com os Jornalistas”.

Mas, quais são as certo as competências da CCPJ e de que modo é gerido o orçamento? As questões do +M/ECO foram respondidas, por escrito, por Licínia Girão, Jacinto Godinho e Paulo Ribeiro, jornalistas que compõem o secretariado da CCPJ.

O financiamento da CCPJ, consagrado na lei, são os emolumentos pagos pelos profissionais da atividade jornalística “para garantir a sustentabilidade e também a independência da CCPJ”. Qual o orçamento no último ano e o que está previsto para 2023?

O orçamento da CCPJ para 2022 previa uma receita resultante do pagamento de emolumentos devidos pela emissão e renovação dos títulos profissionais no valor de 254.6 mil euros, acrescido do apoio dado pelo Estado Português, no valor de 50 mil euros. Para 2023 a CCPJ prevê arrecadar de receitas o valor de 207 mil euros a título de pagamento de emolumentos, e de 50 mil euros a título de apoio estatal.

É suficiente para as despesas?

Não. A CCPJ tem vindo a ser confrontada com um aumento de denúncias, queixas, participações, casos em que os profissionais se encontram a exercer funções incompatíveis com o exercício da atividade jornalística ou violam os deveres consagrados no Estatuto, o que tem levado a um aumento no volume de trabalho dos cinco, já insuficientes, funcionários da Comissão, também dos membros, sobretudo dos que fazem parte do Secretariado e da Secção Disciplinar, e a um aumento de impugnações judiciais por discordância com as decisões tomadas pela CCPJ, o que tem feito aumentar significativamente as despesas da CCPJ. Além do aumento dos consumíveis e serviços necessários para a manutenção e funcionamento da Comissão.

Esta forma de financiamento é a mais indicada? Quais as alternativas? Transferência do OE?

Pela independência do Jornalismo e dos jornalistas sim, esta forma de financiamento é a mais indicada. Mas, com os valores que os profissionais da atividade jornalística pagam atualmente pelos seus títulos profissionais, não é suficiente. A CCPJ encontra-se a estudar alternativas em consonância com a tutela (Ministério da Cultura) no sentido de ajustar o financiamento da CCPJ. E sim, uma transferência a partir do Orçamento do Estado pode ser, no entender da CCPJ, uma alternativa.

Quantas queixas recebem em média por mês? Quantas receberam no último ano?

Recebemos, em média, sete queixas por mês, num total de 86 durante o ano de 2022.

Qual é o teor mais frequente das queixas? E quais as consequências?

Os mais frequentes prendem-se com a violação dos deveres no âmbito do artigo 14.º do Estatuto do Jornalista e com incompatibilidades, nos termos do artigo 3.º, também do Estatuto do Jornalista. Depois de analisadas todas as queixas, denúncias e ou participações pelo Secretariado, este pode determinar o arquivamento, fundamentando a decisão. Dessa decisão cabe recurso por parte do queixoso requerente para o Plenário. O Secretariado pode ainda decidir, consoante os casos, abrir um Processo de Contraordenação, designando o instrutor e acompanhando o procedimento, ou encaminhar para a Secção Disciplinar que tem total autonomia para ela própria arquivar ou aplicar uma sanção. Das decisões da Secção Disciplinar cabe recurso também para o Plenário. Das decisões que resultam da finalização dos Processos de Contraordenação e Disciplinares cabe ainda recurso para os tribunais.

Num tempo em que a desinformação feita por propagandistas a partir de truncagens e imitações da atividade jornalística é um dos problemas maiores do nosso tempo.

“Mesmo com o aumento que hoje entra em vigor, a sustentabilidade da Comissão pode começar a estar em causa devido ao aumento das atividades de regulação do setor jornalístico, no âmbito das suas competências”, afirmaram quando foi conhecido o aumento do valor da carteira profissional. Podem concretizar? As atividades de regulação têm vindo a aumentar?

Sim. O aumento de queixas, denúncias e participações só por si fazem aumentar a atividade de regulação da CCPJ. Zelar por uma informação fidedigna é o fim último da CCPJ. Pelo que, também os próprios membros da Comissão têm vindo a redobrar esforços no sentido de garantir o cumprimento dos deveres desta atividade regulada em defesa dos consumidores de informação de natureza jornalística e dos jornalistas.

A CCPJ regula e a profissão e acesso à profissão. Mas protege os jornalistas?

Não tendo a natureza de um Sindicato, ou uma outra qualquer organização que em concreto trabalha em torno da defesa, por exemplo, dos direitos laborais dos jornalistas, obviamente que a CCPJ protege os jornalistas e o jornalismo.

Desde logo porque ao garantir que só os que reúnem os requisitos necessários para o exercício da profissão podem ser titulares de uma Carteira Profissional de Jornalista, todos os jornalistas devidamente acreditados com o título profissional ficam protegidos.

Protege os jornalistas porque escrutina constantemente as incompatibilidades e as usurpações da função de jornalista, o que é uma forma de proteger quem faz do jornalismo, com ética e deontologia a sua profissão principal.

Protege os jornalistas porque, ao investigar e sancionar o não cumprimento dos deveres previstos no n.º 2 do artigo 14.º do Estatuto do Jornalista, assegura aos bons profissionais e à sociedade em geral, que no exercício da profissão de jornalista não vale tudo. Quem abusa da profissão, quem comete negligências graves não pode ficar impune e essa é a melhor defesa do jornalismo e dos jornalistas.

Protege os jornalistas porque a existência e a defesa da carteira profissional é o melhor selo para garantir um jornalismo rigoroso, credível imparcial e independente, num tempo em que a desinformação feita por propagandistas a partir de truncagens e imitações da atividade jornalística é um dos problemas maiores do nosso tempo.

Cada vez mais os jornalistas – e os media — concorrem com produtores de conteúdos, cuja atividade não é regulada e não estão sujeitos a nenhum código de conduta. Como olham para esta realidade?

Com natural e grande preocupação. Essa tem sido também uma das batalhas dos membros desta Comissão que tem vindo, por exemplo, a indeferir pedidos de atribuição ou renovação de títulos profissionais a quem desenvolve conteúdos que não são de natureza jornalística ou trabalha em publicações ou outros meios de divulgação de conteúdos que são predominantemente promocionais.

Por outro lado, temos várias propostas para alterar o regime de registo e de classificações consagrado na atual Lei de Imprensa e que está claramente desatualizado em relação ao ecossistema digital que existe neste momento. Por exemplo, a proposta de classificação dos órgãos distinguindo claramente os que são “Jornalísticos” (e onde devem trabalhar preferencialmente jornalistas profissionais) dos “Não-jornalísticos” poderá ser uma das formas de clarificar melhor um setor onde muitos órgãos promovem conteúdos comerciais disfarçados de jornalismo.

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Galamba diz que porto de Setúbal tem localização estratégica para parques eólicos offshore

  • Lusa
  • 10 Março 2023

O porto de Setúbal dispõe de “infraestruturas adequadas para o armazenamento, transporte e distribuição de energia eólica para outros países da Europa”, disse João Galamba.

O ministro das Infraestruturas, João Galamba, afirmou esta sexta-feira que o porto de Setúbal tem uma localização estratégica para a instalação de parques eólicos offshore e de toda a indústria relacionada com a exploração deste tipo de energia renovável.

O porto de Setúbal tem uma localização estratégica para a instalação de toda a indústria relacionada com os parques eólicos offshore e também, já agora, para a instalação dos próprios parques eólicos offshore, devido aos ventos fortes e constantes da região”, disse João Galamba.

O ministro das Infraestruturas, que falava na cerimónia de assinatura de um memorando de entendimento entre a Ocean Winds, uma joint-venture entre EDP Renováveis e a empresa ENGIE, e a Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS), defendeu a ideia de que o porto de Setúbal tem a possibilidade de se afirmar como um hub de energia renovável, dado que dispõe de “infraestruturas adequadas para o armazenamento, transporte e distribuição de energia eólica para outros países da Europa”.

Na cerimónia realizada nas instalações da administração portuária de Setúbal, João Galamba destacou ainda a oportunidade de se constituir um verdadeiro ‘cluster’ do setor eólico, não só em Setúbal, mas em todo o país, com o desenvolvimento de uma indústria para a produção de pás, geradores, subestações, flutuadores e torres eólicas, além das possibilidades que também se abrem para empresas como a Lisnave, porque será necessário “construir, montar e transportar” esses componentes fundamentais.

Estamos a falar de um caso de um cluster marítimo-naval associado a toda esta indústria. E é uma evidência que se Portugal tem a capacidade e os recursos para ser um país relevante a explorar energias oceânicas (…), também tem, em todas as áreas, empresas capazes de participar neste projeto e neste grande empreendimento nacional”, sublinhou o governante.

O memorando de entendimento, assinado pela APSS e pela Ocean Winds, que representa cerca de 10% da produção eólica nacional, ou 15% se for considerada também a produção de energia hídrica, visa identificar e avaliar as capacidades existentes e potenciais do porto de Setúbal para acolher eventuais projetos de construção de equipamentos de energia eólica marítima. João Galamba considerou que o memorando de entendimento entre a APSS e a Ocean Winds é “muito importante”. O documento não foi disponibilizado aos jornalistas, alegadamente, porque contém “informações confidenciais”.

O responsável da Ocean Winds em Portugal, José Pinheiro, disse estar consciente da importância de se ter infraestruturas portuárias para servir projetos de exploração da energia eólica na costa portuguesa, depois de lembrar que a Ocean Winds é o único promotor deste tipo de projetos flutuantes, com obra feita e com outros projetos em execução.

Para o presidente da APSS, Carlos Correia, “o memorando de entendimento com a Ocean Winds representa o reconhecimento, por duas empresas de referência nacional e internacional e de excelência no setor dos projetos offshore eólicos, do papel que o Porto de Setúbal pode desempenhar na estratégia nacional de transição energética”.

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Novobanco atribui bónus de 1,9 milhões. Ex-CEO António Ramalho incluído

Como nos anos anteriores, o Novobanco voltou a atribuir um prémio de 1,93 milhões aos administradores. Ex-CEO António Ramalho também terá direito. Fim da reestruturação permitirá pagamentos.

O Novobanco voltou a atribuir um prémio de desempenho de 1,93 milhões de euros ao conselho de administração executivo, em linha com os anos anteriores. O antigo CEO António Ramalho, que deixou o banco em agosto, também terá direito ao bónus. Isto acontece numa altura em que o banco está prestes a concluir o plano da reestruturação, que permitirá pagamentos dos prémios.

“Para o ano de 2022, a remuneração variável foi atribuída condicionalmente, no montante de 1.931 milhares de euros, aos membros do conselho de administração executivo (incluindo membros que já não se encontravam em funções no final do ano) e sujeita à verificação de diversas condições”, lê-se no relatório e contas do Novobanco divulgado esta sexta-feira.

Lembrando que estes prémios estão sujeitos a ajustamentos no futuro, a instituição financeira adianta também que “não existe qualquer direito adquirido ou certeza quanto ao valor final da remuneração variável que será recebido ou quando qualquer dos pagamentos será efetuado”.

De qualquer forma, esclarece que “esta atribuição foi totalmente diferida e não deverá haver quaisquer pagamentos até ao final do período de reestruturação”, o que estará prestes a acontecer.

A Comissão Europeia já anunciou que o plano de ajustamento e os compromissos assumidos com a República portuguesa foram cumpridos pelo banco e que a saída do processo de reestruturação ocorrerá após o relatório final do monitoring trustee, que será elaborado após a apresentação das contas de 2022 auditadas.

O banco anunciou esta quinta-feira um lucro de 560,8 milhões de euros, o triplo do ano transato, graças ao aumento da margem financeira, ao menor nível de imparidades e à venda da sede.

Ramalho com direito a indemnização

O banco pagou um total de 1,74 milhões de euros ao conselho de administração liderado pelo gestor irlandês Mark Bourke. O CEO foi o mais bem pago: auferiu um salário de 387 mil euros, tendo-lhe sido ainda atribuído 107 mil euros. Adicionalmente, teve direito a um subsídio de expatriação no valor de 142,8 mil euros, dos quais 102 mil euros foram pagos no ano passado.

Já o conselho geral e de supervisão teve remunerações na ordem dos 1,12 milhões de euros. Da lista dos rendimentos dos “não executivos” destaca-se o presidente Byron Hayne, que recebeu 387,1 mil euros e outros 37,9 mil euros foram atribuídos de forma diferida.

Em relação a António Ramalho, deixou o banco no início de agosto, mantendo-se ligado à instituição como consultor, as remunerações ascenderam a 244 mil euros, dos quais 19,1 mil euros foram diferidos. O relatório e contas indica que o antigo CEO teve direito a uma indemnização, mas não detalha o valor. Apenas refere que Ramalho e outro administrador que saiu durante o ano passado, Leight Barlett, terão direito a um total de 460 mil euros, que serão pagos este ano.

(Notícia atualizada às 19h45)

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Biden defende que economia e inflação nos EUA estão “na direção certa”

  • Lusa
  • 10 Março 2023

Presidente dos EUA acrescentou que está à espera que as próximas estatísticas sobre os preços, na próxima semana, estejam “de boa saúde”.

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, defendeu esta sexta-feira que a economia e a inflação estão a ir “na direção certa”, após os alertas lançados no início da semana pelo líder da Reserva Federal (Fed) norte-americana. “A nossa economia está a ir na direção certa”, garantiu o Presidente norte-americano durante uma conferência de imprensa na Casa Branca, sobre os mais recentes números do emprego.

Relativamente à escalada dos preços, ainda duramente sentida pelas famílias, Biden fez a mesma análise: “Estamos no bom caminho”, frisou o chefe de Estado norte-americano, reconhecendo, no entanto, que “ainda há trabalho” a fazer. Biden acrescentou que está à espera que as próximas estatísticas sobre os preços, na próxima semana, estejam “de boa saúde”.

O democrata, de 80 anos, não quis comentar diretamente as declarações feitas esta semana pelo presidente da Fed, o poderoso banco central norte-americano. No Senado na terça-feira, Jerome Powell disse que os últimos dados económicos tinham sido melhores do que o esperado e sugeriu que a restauração da estabilidade dos preços exigiria a manutenção de uma política monetária “restritiva” durante “algum tempo”, algo que não foi bem recebido pelos mercados.

O presidente da Fed tentou na quarta-feira, no Congresso, suavizar a mensagem enviada na véspera ao Senado e insistiu que ainda não está decidido quanto subirão as taxas de juro na próxima reunião de política monetária da Reserva Federal. A Fed pode ter que aumentar as taxas de juro para conter os preços, sob risco de desacelerar a economia.

Biden estimou que o risco de incumprimento da dívida norte-americana é atualmente “a maior ameaça” à economia do país, considerando que a oposição Republicana é a única responsável por esta eventualidade. O Congresso dos EUA deve aumentar regularmente o teto da dívida para permitir que o país continue a honrar os seus compromissos financeiros.

Esta votação de rotina, no entanto, tornou-se cada vez mais contenciosa ao longo dos anos. Os republicanos, que lideram agora a Câmara de Representantes, recusam-se atualmente a votar a favor deste aumento, condicionando o seu acordo a uma redução da despesa pública. Sem um acordo, os Estados Unidos podem entrar em incumprimento (‘shutdown’) a partir de julho, um cenário sem precedentes com consequências potencialmente severas para a economia mundial.

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Uma em cada cinco mulheres sente-se discriminada pela idade, 66% no trabalho

Cerca de um terço das mulheres, entre os 50-59 anos, já sentiu que a sua idade era um impedimento para iniciar uma nova carreira ou negócio.

Uma em cada cinco mulheres portuguesas acima dos 40 anos, já foi vítima de comentários negativos ou discriminação devido à idade, com o local de trabalho a concentrar em 66% dos casos o foco dessa discriminação. As críticas são feitas sobretudo ao desempenho de tarefas e funções, aponta o estudo “Autoestima e o Envelhecimento Feminino”, da Dove.

Envelhecer não é fácil para as mulheres portuguesas, sobretudo na faixa dos 50-59 anos, idade que coincide com a menopausa: 84% das mulheres nesta faixa não se sente apreciada ou valorizada.

“O medo de adoecer, de perder valor enquanto pessoa e profissional, de perder autonomia, de deixar de ser atraente ou de ficar sozinha, são os principais receios associados ao avançar da idade, que quando não reconhecidos e regulados, podem originar perturbações de ansiedade e de humor deprimido”, aponta a psicóloga Filipa Jardim da Silva, citada em comunicado.

Fonte: “Autoestima e o Envelhecimento Feminino”, da Dove

É também na meia-idade que a mulher ouve mais críticas depreciativas, aponta o estudo, com uma em cada três mulheres a admitir ter sido alvo de discriminação, sobretudo de amigos ou conhecidos (53% dos casos), relacionada com o seu desempenho e funções (46%), com o seu corpo (36%), e cabelos brancos ou falta de cabelo (28%). Igualmente na faixa dos 50-59 anos, 29% das mulheres já sentiu que a sua idade era um impedimento para iniciar uma nova carreira ou negócio.

“A sociedade em geral ainda compreende pouco as várias etapas da vida da mulher, incluindo a menopausa. Isso traduz-se na falta de um acompanhamento pluridisciplinar adequado em saúde, na escassez de planos de prevenção, ou na forma rígida e pouca empática com que as pessoas e até mesmo algumas empresas tratam as mulheres à medida que envelhecem”, refere ainda a psicóloga.

Fonte: “Autoestima e o Envelhecimento Feminino”, da Dove

Dados do estudo apontam que 67% das mulheres considera que existem poucos recursos de apoio para lidar com a menopausa, tema que 54% sentem ser ainda tabu para a sociedade.

“Autoestima e o Envelhecimento Feminino” resulta de uma pesquisa online foi conduzida em Portugal, em janeiro de 2023, com 400 mulheres (> 40 anos), compreendidas entre 40-49 anos; 50-59 anos; 60-69 anos; 70 anos ou mais — foram realizadas 100 entrevistas a cada grupo etário –, pela empresa especialista em estudos de mercado, Memória de Base.

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Dinamarca alia inteligência artificial e obras de arte em campanha turística

Obras de arte falantes, por meio de inteligência artificial, é a nova aposta da Dinamarca numa campanha para convidar à visita ao país escandinavo. O guião resulta a 100% de inteligência artificial.

Colocar peças de arte icónicas – como a Mona Lisa, o auto retrato de van Gogh ou a Estátua da Liberdade – a falar para promover o turismo nacional? Foi exatamente isso que a Dinamarca fez na sua nova campanha turística, através da VisitDenmark, a Organização Oficial de Turismo da Dinamarca.

A ideia principal passa por aliar potenciais visitantes fazendo-os equacionar que em vez de visitarem locais com grande pressão turística – perdendo horas numa fila para ver o quadro da Mona Lisa, por exemplo – podem antes decidir-se por explorar o território dinamarquês, onde têm a possibilidade “evitar multidões” e “aproveitar os prazeres simples da vida”.

Embora eu aprecie a atenção, sejamos honestos: passar horas numa fila apenas para me verem não é exatamente a forma mais emocionante de gozarem as vossas férias” são as palavras que saem da boca da própria Mona Lisa, efeito tornado possível através de técnicas de inteligência artificial, sendo as mesmas complementadas com frases de outras obras de arte, que incitam à visita à Dinamarca.

Andar de bicicleta ao longo de localidades “encantadoras” ou explorar a costa “pitoresca” do país – sem esquecer a gastronomia dinamarquesa – são as possibilidades avançadas pelas obras de arte, as quais prometem “surpresas” e “aventura”.

“Não seja um turista, seja um explorador” (“Don’t be a tourist, be an explorist“), convida a Organização Oficial de Turismo da Dinamarca, no final do vídeo da campanha, a qual foi produzida pela agencia Brandhouse/Subsero.

Fazendo uso de técnicas como deepfake e síntese de movimento, esta campanha é inovadora por complementar estas tecnologias com a adição de um guião completamente gerado através de inteligência artificial. Segundo Kathrine Lind Gustavussen, diretora de relações públicas e imprensa da VisitDenmark, os guiões foram gerados a 100% através de inteligência artificial, tendo apenas sido removidas algumas partes que ou eram muito longas ou falsas.

Embora tenhamos sentido que foi um pouco arriscado colocar toda a nossa mensagem à responsabilidade da inteligência artificial, estamos entusiasmados por estarmos na vanguarda da indústria turística, a usarmos tecnologia de ponta para dar vida às nossas mensagens e visões criativas”, refere Kathrine Lind Gustavussen.

 

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António Mota distinguido com Prémio Carreira FEUP

O líder desempenhou funções executivas no grupo até janeiro de 2023. Com esta distinção, sucede a Carlos Moreira da Silva, da BA GLASS.

Presidente da Mota-Engil SGPS até há poucas semanas, António Mota é o vencedor da quinta edição do Prémio Carreira FEUP, galardão entregue anualmente a um diplomado da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) que se destaque pelo seu percurso profissional e pelos contributos para a consolidação da imagem da instituição enquanto escola de engenharia.

Agradeço de forma reconhecida à FEUP por este prémio. É para mim uma honra ter sido aluno desta casa, onde tive o privilégio de ter tido tantos e tão bons professores. A eles muito devo pela formação que foi fundamental na aplicação prática ao longo da vida“, afirma António Mota, citado numa nota publicada no site da Universidade do Porto.

O premiado deste ano destaca ainda todos os quadros que colaboraram com a Mota-Engil ao longo de 47 anos da empresa e que saíram da FEUP: “Sem essa escola, sem os seus professores e sem os alunos do passado e do presente, a empresa que dirigi durante os últimos 30 anos não teria chegado onde chegou, tornando-se um espaço para carreiras internacionais de muitos colegas engenheiros que têm colocado a engenharia portuguesa como referência mundial“.

Considerado o líder e promotor de uma estratégia de internacionalização que elevou a Mota-Engil a uma das 25 maiores construtoras europeias, António Mota desempenhou funções executivas no grupo até janeiro de 2023.

Como vencedor do Prémio Carreira FEUP, sucede a Carlos Moreira da Silva (2021), João Serrenho (2020), António Segadães Madeira Tavares (2019) e Luís Valente de Oliveira (2018).

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Meta está a trabalhar numa nova rede social concorrente do Twitter

  • Lusa
  • 10 Março 2023

"Estamos a pensar numa rede social descentralizada e independente que permita a partilha de mensagens escritas em tempo real", avançou o grupo dono do Facebook.

A Meta, empresa dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, anunciou esta sexta-feira que está a trabalhar numa nova rede social cuja descrição sinaliza tratar-se de um potencial futuro concorrente do Twitter.

“Estamos a pensar numa rede social descentralizada e independente que permita a partilha de mensagens escritas em tempo real“, disse o grupo numa declaração enviada à AFP, confirmando informações divulgadas pelo site Platformer.

De acordo com a informação, a nova aplicação será projetada para ser interoperável com outras redes do mesmo tipo, como o Mastodon, que ganhou relativa popularidade desde a aquisição do Twitter pelo bilionário Elon Musk em outubro passado. O Mastodon opera através de servidores descentralizados, sem direção central nem autoridade de tomada de decisão.

Este anúncio ocorre quando o Twitter está a perder força desde a aquisição por Elon Musk, que demitiu mais da metade dos funcionários e tomou decisões polémicas que preocuparam os anunciantes. A rede Twitter também é regularmente vítima de falhas técnicas.

A opção pela interoperabilidade prevista pela Meta também se destaca na abordagem do Twitter ao assunto: em dezembro, Elon Musk bloqueou brevemente as contas de vários utilizadores que partilhavam links para outras redes sociais, incluindo Facebook, Instagram ou Mastodon.

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Governo repete que vai “simplificar” licenças para cabos submarinos

Secretário de Estado da Digitalização revelou que o Executivo vai "simplificar" o licenciamento de cabos submarinos para tornar Portugal num polo europeu de amarração destas infraestruturas.

O Governo quer tornar Portugal num polo europeu de amarração de cabos submarinos, as ligações de fibra ótica que cruzam o oceano e nas quais circula mais de 95% do tráfego intercontinental de dados. Nesse sentido, tenciona “simplificar” a breve trecho o processo de licenciamento destas verdadeiras autoestradas de informação.

A intenção foi transmitida pelo secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa, Mário Campolargo, intervindo num seminário sobre cabos submarinos promovido esta sexta-feira pela embaixada do Reino Unido em Lisboa. A intenção do Executivo é atrair para Portugal mais investimentos como o do cabo EllaLink, que liga o país à América do Sul entre Sines e Fortaleza (Brasil), mas não é a primeira vez que este compromisso é assumido por um governante nos últimos anos.

“Talvez haja uma reflexão a fazer pelas autoridades públicas, a Anacom e o Governo, que é: temos realmente em Portugal um mecanismo simplificado para licenciar cabos submarinos? Mesmo que alguém diga que sim, eu respondo que é sempre possível simplificar mais”, disse Mário Campolargo, perante uma plateia composta por representantes da indústria, reguladores, militares e o embaixador do Reino Unido em Portugal, Chris Sainty.

Como tal, o secretário de Estado da Digitalização acrescentou que, “se queremos ser um nó central da Europa, juntando a América Latina, África, Estados Unidos e certamente conectando a Europa a esta perspetiva mundial, temos de ser capazes de simplificar ainda mais este regime para licenciar cabos submarinos e estou certo de que vamos fazer isso num futuro próximo”.

O ECO questionou o secretário de Estado sobre esta intenção à margem do evento. Mário Campolargo considerou que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) tem “um âmbito muito claro de simplificação de tudo o que é licenciamentos”, como é o caso do licenciamento de parques eólicos e outras infraestruturas de geração de energia renovável.

“Começámos na área do ambiente. Estamos neste momento a trabalhar ativamente na área da habitação, do ordenamento territorial e da indústria e este esforço em termos de simplificação de licenciamentos [de cabos submarinos] é mais um aspeto global deste objetivo que é diminuir os custos de contexto para atrair talento e investimento a Portugal, mas, neste caso, também para facilitar a instalação de cabos em Portugal”, sublinhou o governante.

“O papel do Governo e do Estado é de facilitador, de incentivador, é de atração de investimento e soluções inovadoras”, continuou Mário Campolargo, falando numa “combinação de políticas em termos de facilitar o desenvolvimento de cabos submarinos e, ao mesmo tempo, facilitar a comunicação para a Europa e os investimentos em data centers“.

Se tiver sucesso, Portugal irá adquirir uma “centralidade que não tem [na vertente] geográfica, mas que pode ter no aspeto digital e ser um hub para a entrada na Europa da África, da América Latina e EUA e da Ásia”. “Zonas em que, aliás, Portugal ao longo dos séculos tem mostrado que é capaz de encontrar sinergias e colaborações”, rematou.

Não é, porém, a primeira vez que a simplificação de licenciamentos é suscitada por um membro do Governo. Em janeiro do ano passado, o então secretário de Estado Adjunto e das Comunicações, Hugo Santos Mendes (que se demitiu na sequência da polémica indemnização de 500 mil euros a Alexandra Reis para que saísse da TAP), também tinha defendido a simplificação do licenciamento dos cabos.

Na altura, por ocasião de uma conferência sobre geoestratégia que decorria em Sines, Hugo Santos Mendes assumiu o compromisso de “simplificar e tornar mais transparente os licenciamentos para os cabos submarinos que cruzam a Zona Económica Exclusiva, concentrando toda a informação num único portal digital onde investidores e parceiros podem facilmente interagir com as autoridades”, disse, citado pela Lusa.

“Acreditamos que com esta melhoria, Portugal será capaz de explorar de forma mais eficiente a sua posição única e contribuir para a porta atlântica digital da União Europeia”, concluiu na altura.

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Castro Daire com nova ETAR após investimento de três milhões de euros

  • Lusa
  • 10 Março 2023

Presidente da Câmara Municipal de Castro Daire diz que ETAR de Arcas estará em funcionamento em dois meses, depois de um investimento superior a três milhões de euros.

“É um grande investimento que estamos a fazer, superior a três milhões de euros. Tivemos alguns percalços naquilo que foi a sua implementação, em toda a sua empreitada; mas, dentro de dois meses, temos a expectativa de estar pronta, a funcionar e ao serviço das nossas comunidades”, assumiu o presidente da Câmara Municipal de Castro Daire, Paulo Almeida.

O autarca falava à agência Lusa após a visita da ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, a obras que decorrem no concelho e que são financiadas por fundos europeus, como é o caso daquela ETAR.

“Vai ser um aumento qualitativo muito grande naquilo que é a resposta, em termos ambientais, nesta área do saneamento básico do nosso concelho”, destacou o autarca.

Além da ETAR de Arcas, o presidente levou a governante às Termas de Carvalhal, onde o município tem um projeto de requalificação e ampliação na ordem dos sete milhões de euros, assim como à escola secundária, que representa um investimento superior a dois milhões de euros.

Para a ministra Ana Abrunhosa, “foi importante perceber como Castro Daire tem uma estratégia e os projetos que concretizam essa estratégia” que estão a decorrer e os que tem para o futuro, como as Termas de Carvalhal.

“Claramente uma estratégia de coesão territorial e, portanto, visitámos vários projetos, desde escola, regeneração urbana, eficiência energética, uma ETAR que também é muito importante, mobilidade suave”, evidenciou Ana Abrunhosa.

Para a ministra, trata-se de “um conjunto de obras muito significativo que Castro Daire está a fazer, tendo aproveitado muito bem fundos europeus” num total superior a 14 milhões de euros.

Além da ETAR de Arcas e da requalificação da Escola Secundária de Castro Daire, que tem mais de 40 anos e cerca de 530 alunos, o município está também a requalificar a avenida 25 de abril. Nesta artéria da vila, a Câmara Municipal de Castro Daire está a colocar uma ciclovia e a trocar a iluminação para “obter eficiência energética“; o que, no entender de Paulo Almeida, “ajuda a proteger o meio ambiente e a diminuir a fatura de energia“.

“É um projeto de regeneração urbana, mas também uma obra de melhoria de qualidade de vida dos nossos munícipes, porque vai ter um conjunto de infraestruturas que promovem práticas sustentáveis e saudáveis”, concluiu.

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Itália acolhe conferência sobre reconstrução da Ucrânia

  • Lusa
  • 10 Março 2023

A iniciativa, que terá lugar a 26 de abril, é, segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Antonio Tajani, um "compromisso em favor da paz e da liberdade para o povo ucraniano".

A Itália vai acolher uma conferência sobre a reconstrução pós-guerra da Ucrânia em 26 de abril, anunciou esta sexta-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Antonio Tajani, através da rede social Twitter. Tajani, que também é vice-primeiro-ministro de Itália, indicou que transmitiu esta informação aos chefes da diplomacia dos países do G7 (grupo dos sete países mais ricos do mundo), especificando ainda que a conferência contará com a contribuição de empresas italianas.

O governante afirmou que esta iniciativa se trata de um “compromisso em favor da paz e da liberdade para o povo ucraniano”.

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, visitou recentemente Kiev e reiterou o seu apoio à resistência ucraniana, afastando-se das posições de um dos seus parceiros de coligação, Silvio Berlusconi, líder do partido de Tajani (Forza Italia), que chegou a destacar a sua amizade com o Presidente russo, Vladimir Putin.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas – 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus –, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento. A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 8.173 civis mortos e 13.620 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

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