Governo de Costa ignorou recomendações sobre abandono escolar, diz Tribunal de Contas

Entidade liderada por José Tavares lamenta que não tenham sido "tomadas medidas" para ultrapassar "as várias insuficiências e deficiências que tinham sido identificadas pela auditoria” feita em 2020.

Uma auditoria do Tribunal de Contas (TdC) divulgada esta terça-feira conclui que o Governo liderado por António Costa não cumpriu “nenhuma das seis recomendações” formuladas por aquela entidade em 2020, tendo em vista superar as “insuficiências e deficiências” detetadas na monitorização do abandono escolar precoce.

Em causa está uma auditoria realizada pela entidade liderada por José Tavares que tem como intuito examinar as medidas adotadas para acolher as recomendações formuladas” pelo TdC num relatório divulgado em julho de 2020. Na altura, o tribunal apontava que não eram conhecidos “os reais números do abandono” escolar em Portugal, apesar dos “francos progressos” feitos pelo país nesta aérea.

O relatório identificada vários problemas nomeadamente no mapeamento do abandono escolar, “frustrando quer a implementação eficiente das medidas preventivas e de recuperação dos alunos em abandono ou em risco de abandono, quer o direcionamento adequado do financiamento“. Por isso, emitiu seis recomendações.

Mais de três anos volvidos, a nova auditoria revela “que não foi acolhida nenhuma das seis recomendações formuladas” e lamenta que não tenham sido “tomadas medidas para suprir as várias insuficiências e deficiências que tinham sido identificadas”.

No que toca à “definição de uma estratégia global para o combate ao abandono que integre uma estrutura de monitorização e avaliação”, o TdC realça que, apesar dos “programas e medidas para promoção do sucesso escolar” em curso, a “monitorização e avaliação de medidas específicas permanecem autónomas e com periodicidade diversa”, o que impossibilita “uma panorâmica global e integrada do combate ao abandono”

Por outro lado, a entidade liderada por José Tavares critica ainda o facto de continuarem “por definir conceitos uniformizados” sobre o abandono escolar precoce, bem como “por estabelecer os indicadores para a sua medição”, o que origina “desconformidades de registo pelas Escolas nos sistemas de informação, também sem melhorias, comprometendo a fiabilidade dos dados”.

Ao mesmo tempo, destaca que o Ministério então liderado por João Costa não procedeu “à sistematização e mapeamento do Abandono e das suas razões” e “não existe um sistema de gestão escolar que concentre a informação dos alunos e formandos”, o que origina “duplicação de registos e erros nos dados”. “Nem a DGEEC, até maio de 2022, nem, posteriormente, o IGeFE promoveram quaisquer ações que tenham colmatado tais deficiências e, segundo este, existem trabalhos suspensos em virtude da restruturação dos serviços e, entretanto, anunciou estar a desenvolver procedimentos para concretizar a interoperabilidade dos sistemas”, critica.

Já no que toca aos sistemas de controlo, o TdC diz que “as escolas continuam sem os elementos necessários para o controlo de matrícula”, pelo que o “controlo de frequência permanece fragilizado por insuficiências dos sistemas de informação e por procedimentos não automáticos”. Por fim, e no que respeita à “promoção da transparência e do detalhe no Programa Orçamental, onde se mostre evidenciado, designadamente, o montante afeto ao combate ao abandono”, o tribunal lamenta que não se tenha registado “qualquer evolução na transparência e detalhe da informação”.

Num longo contraditório de 11 páginas, enviado ao TdC e assinado pelo então chefe de gabinete Jorge Sarmento Morais, refuta a generalidade das críticas referindo que se registam “avanços ao nível da identificação e construção de indicadores que, de forma direta ou indireta, contribuem para monitorizar” a evolução do abandono escolar, cujos “resultados ficam manifestamente patentes na redução progressiva e consistente” deste fenómeno.

Por outro lado, quanto à crítica de não haver uma “definição clara e inequívoca” dos conceitos de abandono escolar e de risco de abandono, o anterior Executivo sublinha que este indicador “é definido a nível europeu”. Por fim, assegura ainda que “as diversas iniciativas, medidas e programas existentes” têm contribuído para reduzir as taxas de abandono escolar e procuram “fundamentalmente atuar nas causas, também elas diversas e complexas, do fenómeno”.

E dá como exemplo as gratuitidade das creches e o reforço na ação social escolar para referir que essas medidas ajudam a “reduzir o risco de abandono”, apesar de considerarem não ser correto “contabilizar essa despesa estritamente na perspetiva do abandono”. Nesse sentido, o anterior Executivo considera que “não é de facto líquido” que “seja possível e correto fomentar uma maior transparência e um maior detalhe do montante afeito ao combate ao abandono”. De recordar que em 2023, a taxa de abandono escolar precoce aumentou para 8%, quebrando a tendência gradual de queda que se registava desde 2017.

(Notícia atualizada)

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Novas regras sobre publicidade política na UE entram em vigor

  • Lusa
  • 9 Abril 2024

A partir de agora, a publicidade política deve ser claramente identificada como tal, indicando quem a pagou, a que preço, a que processo eleitoral ou legislativo está associada e se é direcionada.

As novas regras para a publicidade política na União Europeia, que obrigam a que seja claramente identificada como tal e proíbem o patrocínio de propaganda por países terceiros nos três meses anteriores a eleições, entram esta terça-feira em vigor.

A partir de agora, a publicidade política deve ser claramente identificada como tal, indicando quem a pagou, a que preço, a que processo eleitoral ou legislativo está associada e se é direcionada.

Ao abrigo do novo regulamento — que estabelece normas comuns no mercado interno em matéria de transparência e de seleção da publicidade políticaestá ainda limitada a utilização abusiva de dados pessoais e proibido o patrocínio de publicidade proveniente do exterior da União Europeu (UE) três meses antes de uma eleição ou referendo.

Com as novas regras, Bruxelas quer ainda que os cidadãos da UE possam identificar as mensagens que procuram influenciar as suas opiniões e decisões políticas. As regras aplicar-se-ão já nas eleições para o Parlamento Europeu, de 06 a 09 de junho.

O regulamento exige que os prestadores de serviços forneçam publicidade política na UE, independentemente do Estado-membro em que o patrocinador esteja estabelecido.

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Antiga Qimonda e Infineon escolhem Vila do Conde para novo centro de semicondutores

A unidade portuguesa da Amkor vai acolher um novo centro dedicado às embalagens e testes de semicondutores. Centro deve estar em funcionamento na primeira metade de 2025.

A gigante americana AmkorTechnology e a InfineonTechnologies escolheram Portugal para abrir um novo centro de embalagens e testes de semicondutores, um projeto que resulta de uma parceria entre ambas as empresas e que pretende aumentar a independência da Europa em matéria de semicondutores.

O novo centro ficará situado na fábrica que a Amkor tem em Vila do Conde. As empresas, ambas com unidades industriais na região do Porto e que empregam várias centenas de trabalhadores no país, preveem que o centro esteja em funcionamento na primeira metade de 2025.

Especializada em packaging, montagem e teste de semicondutores, a fábrica da ATEP – Amkor Technology Portugal, que tem atualmente cerca de 800 trabalhadores, irá expandir as suas instalações em Vila do Conde (distrito do Porto) e gerir a linha de produção, fornecendo espaço dedicado para salas limpas, enquanto a Infineon ficará responsável por fornecer uma equipa responsável por dar apoio na área de engenharia e desenvolvimento.

A parceria entre as duas empresas vai permitir reforçar a aposta na montagem e teste de semicondutores, fortalecendo a cadeia de abastecimento europeia de semicondutores e contribuindo para torná-la mais resiliente – especialmente para os clientes do setor automóvel, escolhendo Portugal para centralizar esta aposta.

“A Infineon e a Amkor estão a aumentar a resiliência geográfica e a segurança de fornecimento para os nossos clientes. Juntos, estamos a reforçar a importância da Europa como local de fabrico de semicondutores”, apontou Alexander Gorski, vice-presidente executivo da Infineon.

Há 20 anos que a Infineon opera com sucesso um grande centro de serviços no Porto, agora com mais de 600 funcionários. Com o centro de produção conjunto, estamos a ficar ainda mais enraizados no excelente ecossistema de semicondutores de Portugal. Estamos ansiosos por aumentar ainda mais a nossa presença em Portugal.

Alexander Gorski

Vice-presidente executivo da Infineon

Alexander Gorski realçou ainda que “há 20 anos que a Infineon opera com sucesso um grande centro de serviços no Porto, agora com mais de 600 funcionários. Com o centro de produção conjunto, estamos a ficar ainda mais enraizados no excelente ecossistema de semicondutores de Portugal. Estamos ansiosos por aumentar ainda mais a nossa presença em Portugal“, rematou Gorski.

“A Amkor está orgulhosa por expandir a parceria com a Infineon”, adiantou Giel Rutten, presidente e CEO da Amkor. “Continuamos a investir na nossa fábrica no Porto, a expandir a capacidade ao mesmo tempo que ampliamos o nosso portefólio de embalagens avançadas e tecnologia de testes”, acrescentou Giel Rutten.

Continuamos a investir na nossa fábrica no Porto, a expandir a capacidade ao mesmo tempo que ampliamos o nosso portefólio de embalagens avançadas e tecnologia de testes.

Giel Rutten

CEO da Amkor

Para o CEO da Amkor, que há seis anos comprou à Nanium, a empresa que nasceu da falência da Qimonda e era detida pelo Estado (18%, através da AICEP), pelo BCP (41%) e pelo Novobanco (41%), esta colaboração com a Infineon representa mais um avanço para ambas as empresas para reforçar a resiliência da cadeia de fornecimento no mercado de semicondutores para os setores automóvel e industrial.

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Presidente do CFP pede ao Governo que “quantifique” medidas para professores e polícias

Nazaré da Costa Cabral vê "um conjunto muito significativo de medidas" com expressão relevante do ponto de vista orçamental cujo impacto se desconhece. Deviam ser quantificadas, avisa.

A presidente do Conselho das Finanças Públicas (CFP) apelou ao Governo e à oposição para que quantifique medidas políticas como a recuperação do tempo de serviço dos professores e a valorização das forças de segurança: “É importante que se faça o custeio, a quantificação, das mesmas. Compete desde logo ao Governo, a quem toma a decisão ou a quem apresenta essa medida que proceda à devida quantificação”, alertou esta terça-feira Nazaré da Costa Cabral.

A responsável falava numa conferência de imprensa para apresentação das novas perspetivas macroeconómicas do CFP, onde concretizou referir-se, principalmente, à recuperação do tempo de serviço dos professores, à atribuição de um subsídio de risco a todos os profissionais de segurança e às mexidas no Complemento Solidário para Idosos, com impacto ao longo da legislatura, sem esquecer as medidas de âmbito fiscal.

“Vai ser preciso muita cautela no modo como responsáveis políticos olham e anunciam novas medidas, seja do lado da despesa, seja do lado da receita”, avisou a presidente do CFP.

Apesar de a dívida pública ter descido em 2023 para 99,1% do PIB, um feito do anterior Governo, Nazaré da Costa Cabral considerou ser cedo para cantar vitória: “Não obstante a trajetória de redução da dívida a que se assistiu nos últimos anos, ainda estamos perante uma dívida pública muito elevada do PIB. Portanto, é muito importante manter sob controlo o saldo primário, e é muito importante que possa manter valores positivos e até cima dos próprios encargos com o pagamento de juros”, defendeu. Isso funcionaria como uma espécie de “garantia de sustentabilidade da própria dívida pública” portuguesa, explicou a economista.

Num relatório divulgado esta terça-feira, o CFP prevê que a economia portuguesa vai crescer 1,6% este ano, 1,9% em 2025 e 2,1% em 2026. Mas a análise é feita num cenário de políticas invariantes, isto é, não considera o impacto de novas medidas que venham a ser tomadas. Ora, a somar-se às medidas políticas já referidas estão ainda grandes obras públicas, como a construção do novo aeroporto e a introdução da alta velocidade ferroviária, por exemplo. “Um conjunto muito significativo de medidas que de facto podem vir a ter expressão relevante do ponto de vista orçamental”, apontou.

Além disso, Nazaré da Costa Cabral lembrou também que, já este ano, a apresentação do Programa de Estabilidade será substituída pela elaboração de um novo documento, com uma “filosofia” diferente, devido à entrada em vigor das novas regras orçamentais europeias: “Os programas de estabilidade este ano vão deixar de existir”, apontou a presidente do CFP, indicando que “os governos, neste momento, devem estar concentrados em fazer” os chamados planos estruturais orçamentais de médio prazo.

(Notícia atualizada pela última vez às 16h15)

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MP recorre da decisão que negou contrato de trabalho a 27 estafetas da Glovo

  • Lusa
  • 9 Abril 2024

Tribunal de Portimão não reconheceu contrato de trabalho entre 27 estafetas e a Glovo. O Ministério Público vai recorrer dessa decisão.

O Ministério Público vai recorrer da decisão que negou o direito a contrato de trabalho a 27 estafetas da plataforma Glovo, anunciou hoje a Procuradoria-Geral da República (PGR).

Em resposta à Lusa, a PGR confirmou que “o Ministério Público vai recorrer da decisão”.

O Juízo do Trabalho de Portimão, da comarca de Faro, negou a existência de uma relação contratual entre 27 estafetas e a plataforma digital Glovo, rejeitando o reconhecimento de um contrato de trabalho, como pedido pelo Ministério Público (MP).

A decisão do tribunal da comarca de Faro, datada de 05 de abril e a que a Lusa teve acesso, recusa o reconhecimento da relação laboral pedida pelo MP, argumentado que não estão reunidos os pressupostos exigidos no Código do Trabalho.

Considerou também o juízo do trabalho de Portimão como provado um “conjunto de elementos” que “apontam no sentido da inexistência de uma relação com caráter de subordinação” entre os estafetas e a empresa.

O juiz Filipe Aveiro Marques não considerou provado que haja uma fixação de preço prestado pela empresa, argumentando que os estafetas podem recusar a realização do serviço inclusivamente por não concordarem com o preço, que o tribunal entende que é apresentado como uma proposta, não uma imposição, havendo também a possibilidade de o estafeta alterar o custo na plataforma para um valor que lhe seja mais benéfico.

O tribunal entende também que a plataforma não impõe aos estafetas regras para a forma como prestam o serviço, não controla a prestação da atividade, não impõe horários de trabalho e permite que os estafetas trabalhem para outras plataformas e considerou não provado que os instrumentos de trabalho, como telemóveis, mochilas isotérmicas e veículos, pertençam à empresa.

Já “em sentido contrário”, o tribunal aponta como provada a existência de um regime fiscal de prestadores de serviços, “que não é o dos trabalhadores dependentes”, a ausência de exclusividade, a possibilidade de os estafetas definirem o seu horário e local de trabalho, assim como o poder para subcontratarem um prestador que os substitua.

Contactada pela Lusa, a Glovo afirmou que o tribunal de Portimão “avaliou corretamente” ao decidir que o seu modelo de operação, “enquanto plataforma tecnológica de intermediação”, não tem características “que possam fazer presumir a existência de contrato de trabalho”.

“Esta sentença confirma aquilo que sempre defendemos: o distinto modelo de funcionamento da aplicação da Glovo segue os critérios estabelecidos na lei. Os estafetas que se decidem ligar à aplicação são trabalhadores independentes, que escolhem, livremente, quais os serviços a prestar e a quem, bem como o local, a forma e o momento em que o pretendem fazer”, defendeu a Glovo, que acrescentou estar “otimista que outras sentenças terão o mesmo desfecho”.

No início de fevereiro, numa decisão inédita em Portugal, o tribunal judicial da comarca de Lisboa reconheceu pela primeira vez a existência de um contrato de trabalho entre um estafeta e a Uber Eats Portugal, plataforma de entrega de refeições ao domicílio concorrente da Glovo, após o MP ter interposto uma ação com esse objetivo e na sequência de uma inspeção da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT).

Na altura, o tribunal de Lisboa fez para aquele caso uma interpretação em quase tudo divergente do que agora foi decidido no processo relativo à Glovo, considerando haver um controlo da atividade do prestador pela plataforma, restrições à recusa e aceitação de serviços e fixação da retribuição do estafeta, concluindo que a Uber Eats Portugal “não é uma mera intermediária na contratação de serviços entre estabelecimentos comerciais e estafetas”.

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Museu Aristides de Sousa Mendes é inaugurado no dia 19 de julho

  • Lusa
  • 9 Abril 2024

O secretário-geral da ONU, António Guterres, deve presidir à cerimónia de inauguração do museu em Carregal do Sal.

O Museu Aristides de Sousa Mendes em Carregal do Sal é inaugurado no dia 19 de julho, numa cerimónia que deverá ser presidida pelo secretário-geral da ONU, António Guterres. “O secretário-geral da ONU, António Guterres, fez-me chegar uma carta em que me diz que, se não houver um acontecimento internacional extraordinário, que terá todo o gosto de presidir à cerimónia de inauguração deste museu”, anunciou o presidente da Câmara de Carregal do Sal, Paulo Catalino Ferraz.

O presidente da Câmara de Carregal do Sal, no distrito de Viseu, confirmou também que a inauguração acontecerá em 19 de julho, dia do aniversário do nascimento de Aristides de Sousa Mendes (1885). “Tivemos uma tarefa muito difícil, que era conseguir finalizar as obras físicas e o lado museológico a tempo de abrir para o aniversário. Mas conseguimos e já temos a confirmação e a garantia de que vai ser mesmo em 19 de julho”, afirmou.

Paulo Catalino Ferraz assumiu que será um “dia muito importante” para o concelho e que espera contar, igualmente, “com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa e outras entidades nacionais e de outros países, onde esteve o cônsul”. “Também os jardins, que contávamos abrir mais tarde, serão inaugurados nesse dia e vamos conseguir inaugurar os dois espaços no mesmo dia e isso deixa-nos muito felizes e é uma justa homenagem a Aristides de Sousa Mendes”, realçou o autarca.

O dia 19 será ainda marcado pela atuação da Orquestra Clássica do Centro, nos jardins da Casa do Passal, que “contará também com a presença de muitas vozes como solistas e, algumas, de projeção nacional”. Na véspera, dia 18 de julho, na receção à família de Aristides de Sousa Mendes e aos descendentes dos refugiados, a Contracanto apresentará o musical que fez em homenagem ao diplomata, “Aristides”.

O presidente disse que a partir do dia 20 o museu estará aberto ao público e, “está já a ser trabalhado com os agrupamentos das escolas a visita dos alunos ao museu para conhecerem e aprenderem com o exemplo” do cônsul natural de Cabanas de Viriato, em Carregal do Sal. “A ideia é trabalhar esta iniciativa com todos os agrupamentos do país e também com escolas das cidades por onde passou o nosso cônsul, nomeadamente as europeias, como de França e do Luxemburgo, tendo em conta que é muito mais difícil conseguir isso com cidades do Brasil ou do Canadá”, acrescentou.

O museu, que terá uma exposição permanente e duas salas para exposições temporárias, ira acolher “uma ou duas vezes por ano mostras de museus das cidades por onde passou Aristides [de Sousa Mendes], assim como ligadas à temática do holocausto”. Sobre a direção do novo museu, Paulo Catalino Ferraz não quis revelar, “uma vez que a pessoa ainda tem ligações profissionais a outra instituição, mas é alguém com muito boa reputação na área da museologia”.

A inauguração coincide com as festas do concelho, que, este ano, regressam “ao modelo antigo de nove dias”, ou seja, entre 14 e 22 de julho.

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Governo deve procurar consensos com “moderados”, diz Moedas

  • Lusa
  • 9 Abril 2024

"Há partidos que são os moderados do sistema, e, portanto, esses partidos devem dialogar exatamente porque os extremos são perigosos, os extremos à direita e os extremos à esquerda", disse o autarca.

O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), defendeu esta terça-feira que o Governo tem de dialogar com os “moderados do sistema”, quando questionado sobre a sugestão do ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho de aproximação social-democrata ao Chega.

“Respeito muito todo o sistema e todos os partidos do sistema, mas há partidos que são os moderados do sistema, e, portanto, esses partidos devem dialogar exatamente porque os extremos são perigosos, os extremos à direita e os extremos à esquerda”, disse Carlos Moedas, questionado pelos jornalistas, à margem da 2.ª edição do Foro La Toja – Vínculo Atlântico, que decorreu em Lisboa. Carlos Moedas afirmou que é preciso ter em conta os “perigos dos extremos”, que “normalmente são os que não querem dialogar, à esquerda e à direita”, mas “destruir o sistema”.

“Eu penso que os partidos do centro não querem destruir o sistema, querem trabalhar com o sistema, e é muito importante para as pessoas, porque os extremos hoje, à esquerda e à direita, aquilo que querem é destruir o sistema, destruir de maneiras diferentes, obviamente, com ideias diferentes, com as quais não concordo, nem de um lado, nem de outro”, sublinhou.

Sobre a carta enviada na segunda-feira pelo líder do PS, Pedro Nuno Santos, ao primeiro-ministro do Governo da AD (Aliança Democrática, coligação pré-eleitoral que juntou PSD, CDS-PP e PPM), Luís Montenegro, na qual o secretário-geral socialista mostra abertura para negociar um acordo que, em 60 dias, resolva a situação de certos grupos profissionais da administração pública, Carlos Moedas considerou que “o diálogo é sempre um bom sinal”.

Aquilo que eu vi até agora é que também temos um primeiro-ministro que está aberto ao diálogo, e é muito bom sinal uma carta trocada, mas eu penso que não é com cartas que se resolvem as situações”, disse. Moedas sublinhou, contudo, que não quer dar conselhos, porque não é conselheiro, mas presidente da Câmara de Lisboa, onde governa em minoria.

Na Câmara de Lisboa esse diálogo, como sabemos, é feito com todos os partidos à volta da mesa, mas obviamente com o Partido Socialista, que é o maior partido da oposição. É com ele que eu também dialogo todos os dias e que trabalho todos os dias”, acrescentou. O autarca apelou à responsabilidade de quem governa e destacou que também “é importante a responsabilidade da oposição, neste caso obviamente do Partido Socialista”, porque “todos os portugueses querem estabilidade”.

A 2ª edição do Foro La Toja – Vínculo Atlântico, promovida pelo Grupo Hotusa e Fundación La Toja, pretende ser um espaço de diálogo, reflexão e defesa da democracia liberal, e este ano abordou a transição para a democracia de Portugal e Espanha, com o apoio da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril.

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DLA Piper assessora Redevco em investimento em portfólio de hotéis na Península Ibérica

A DLA Piper assessorou a Redevco na criação e implementação de uma joint venture focada no investimento num portfólio de hotéis de elevado valor na Península Ibérica, num valor de 300 milhões.

A DLA Piper assessorou a empresa imobiliária privada Redevco na criação e implementação de uma joint venture focada no investimento num portfólio de hotéis de elevado valor na Península Ibérica, com um valor total de cerca de 300 milhões de euros.

A equipa multijurisdicional da DLA Piper que assessorou todas as fases da transação foi liderada pelos sócios Orson Alcocer, Miguel Baz e Joaquin Hervada em Madrid, Hans-Mark Giezen, Jochem Beurskens e Jean Paul Dresen em Amesterdão e Luis Filipe Carvalho em Lisboa.

Participaram ainda na transação Alejandro Márquez e María Alonso, da DLA Piper Espanha, Jean Paul Dresen, Stefan Spaans e Gabriël Alting, da DLA Piper Holanda, Clément Bourdon e Amin Bouazza, da DLA Piper Luxemburgo, e Paulo Anjo, da DLA Piper Portugal.

Estamos muito orgulhosos por termos assessorado a Redevco neste projeto, que nos permitiu utilizar a nossa capacidade de coordenar e implementar transações transfronteiriças e nos deu a oportunidade de trabalhar com os colegas dos escritórios da DLA Piper de diferentes jurisdições”, referem os sócios.

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Fragmentação do Parlamento pode ditar atrasos no PRR, alerta o CFP

Eventual falta de acordo entre os diversos grupos parlamentares quanto à aprovação da legislação referente aos marcos e metas estabelecidos no PRR, poderá pôr em causa o desembolso de algumas verbas.

A nova composição do Parlamento, resultante das eleições legislativas de março, pode travar a aprovação da legislação referente aos marcos e metas estabelecidos no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e, consequentemente, “pôr em causa o desembolso” dos cheques da bazuca, alerta o Conselho das Finanças Públicas no relatório publicado esta terça-feira sobre as perspectivas económicas e orçamentais.

“Na sequência do novo quadro parlamentar resultante das eleições legislativas de março de 2024, sinaliza-se como risco para o cenário macroeconómico atual a eventual falta de acordo entre os diversos grupos parlamentares quanto à aprovação da legislação referente aos marcos e metas estabelecidos no PRR”, lê-se no documento.

“A não aprovação desta legislação poderá pôr em causa o desembolso de algumas verbas programadas ao abrigo do PRR, penalizando a formação bruta de capital fixo [investimento], bem como a trajetória projetada para o produto real no horizonte temporal considerado” no relatório, alerta o o CFP. A economia nacional vai crescer 1,6% em 2024, segundo as previsões do CFP, com base num cenário de políticas invariantes, ou seja, sem considerar o impacto de novas medidas eventualmente tomadas. Um valor inferior à previsão do Banco de Portugal, de 2%, mas acima da inscrita no Orçamento do Estado para 2024, de 1,5%.

A instituição liderada por Nazaré Costa Cabral considera que a implementação do PRR, “que até 2023 teve um impacto marginal no saldo” orçamental, “pelo facto de o seu financiamento ter sido assegurado na quase totalidade por subvenções provenientes da União Europeia, passará a ter um impacto negativo no saldo até 2026 por via de uma crescente utilização da vertente de empréstimos do PRR”.

Recorde-se que com a reprogramação, submetida pelo Governo em maio de 2023 e aprovada pelo Conselho da União Europeia em outubro desse mesmo ano, houve um aumento da componente dos empréstimos (3,2 mil milhões) o que penaliza mais as contas públicas. A dotação global do PRR aumentou em 5,6 mil milhões de euros, passando a totalizar 22,2 mil milhões. “Deste montante, quase três quartos correspondem a subvenções no valor global de 16,3 mil milhões de euros, que, pela sua natureza, têm um efeito neutro no saldo. Os restantes 5,9 mil milhões correspondem à dotação máxima de empréstimos para financiar projetos que se refletirão na dívida pública e na sua maior parte no saldo orçamental”, explica o CFP.

O maior recurso a empréstimos para financiar despesas ao abrigo do PRR, “além de afetar a projeção da dívida pública numa maior dimensão face ao que estava previsto na versão original do plano, penaliza igualmente a projeção do saldo orçamental”, alerta o CFP. “O impacto negativo no saldo é relevante na medida em que a utilização desses empréstimos concentrar-se-á de uma forma crescente no triénio 2024-2026. Na versão original do PRR previa-se que os empréstimos assumissem maior expressão nos três primeiros anos (2021,2022 e 2023), o que não se concretizou dada a execução do PRR nesse período ter mostrado uma utilização marginal desses empréstimos.” Um reflexo dos atrasos na implementação da bazuca.

Segundo a Estrutura de Missão Recuperar Portugal (EMRP), o PRR reprogramado prevê o recurso a empréstimos para financiar despesas ao abrigo daquele plano em 2024, 2025 e 2026, respetivamente de 1.066 milhões, 1.714 milhões e 2.482 milhões, num total de 5.262 milhões nesse período. “Em percentagem do PIB, a magnitude daqueles impactos variará entre 0,4 e 0,8% do PIB, prevendo-se que o maior impacto ocorra no último ano de implementação do PRR (2026)”, diz o CFP.

Sublinhando que a execução do PRR deverá atingir o seu pico máximo em 2026, instituição liderada por Nazaré Costa Cabral perspetiva para esse ano um saldo orçamental “próximo do equilíbrio (0,1% do PIB), afetado pelo recurso a financiamento da despesa via empréstimos do PRR, que nesse ano deverão representar 0,8% do PIB de acordo com a reprogramação efetuada”. “Nos últimos dois anos, em consequência da dissipação do efeito destes empréstimos, projeta-se uma melhoria do excedente orçamental para 0,8% do PIB em 2027, o qual estabilizará no ano seguinte”, acrescenta o relatório.

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CFP mais pessimista que Centeno: economia vai crescer 1,6% em 2024

A previsão do CFP relativa ao crescimento económico deste ano mantém-se a mesma face a setembro, mas há "uma ligeira revisão em alta da evolução do PIB real até 2027".

A economia portuguesa vai crescer 1,6% em 2024, segundo as estimativas do Conselho das Finanças Públicas (CFP) com base num cenário de políticas invariantes, ou seja, sem considerar o impacto de novas medidas eventualmente tomadas. Este valor fica abaixo da mais recente previsão do Banco de Portugal, de 2%, mas acima da inscrita no Orçamento do Estado para 2024, de 1,5%.

A previsão do CFP para este ano mantém-se a mesma face a setembro, mas há “uma ligeira revisão em alta da evolução do PIB real até 2027, ano em que deverá estabilizar em torno dos 2%”. As estimativas apontam para um crescimento de 1,9% em 2025 e 2,1% em 2026.

Apesar de este ano as exportações líquidas ainda darem um contributo positivo para o crescimento do PIB, nos próximos anos este será negativo, num contexto de abrandamento da economia europeia e mundial. A procura interna será, assim, a principal componente a impulsionar o crescimento da economia.

Neste relatório, o CFP alerta que existem várias fontes de incerteza, nomeadamente as tensões geopolíticas e a evolução da política monetária levada a cabo pelo Banco Central Europeu.

Ainda assim, o organismo salienta que “este período deverá ser igualmente marcado pela expectativa de uma aceleração na execução dos fundos associados ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), cuja execução deverá atingir o seu pico máximo em 2026, assim como pela manutenção de um perfil descendente na taxa de inflação, para valores mais próximos do objetivo de política monetária do BCE (especialmente a partir de 2026), o que beneficiará o rendimento disponível real das famílias e, consequentemente, os seus níveis de consumo”.

Quanto à inflação, a taxa “deverá desacelerar para 2,6% em 2024, 2,2% em 2025, e estabilizar em torno de 2% a partir de 2026”. “Para esta dinâmica deverá contribuir, por um lado, a contínua desaceleração no crescimento dos preços dos bens alimentares e, por outro lado, o impacto da transmissão da política monetária sobre a economia”, explica o CFP.

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CFP alerta Montenegro para “dosear pressões” sem comprometer as contas públicas

O Conselho das Finanças Públicas (CFP) salienta os riscos do impacto de grandes obras públicas e de pressões orçamentais sobre o excedente.

O Conselho das Finanças Públicas (CFP) acaba de atualizar as perspetivas económicas e orçamentais e deixa um alerta para que o novo Governo saiba “dosear pressões orçamentais e prevenir ou provisionar a materialização de riscos”, nomeadamente, desenhando uma “política orçamental que não seja cega em relação ao futuro“. O organismo projeta a manutenção dos excedentes orçamentais até 2028, mas num cenário de políticas invariantes, pelo que a implementação de grandes medidas e as pressões adicionais sobre a despesa se apresentam como riscos.

“No contexto português de elevada dívida pública e com um crescimento económico moderado, saldos primários positivos são expressão e condição da sustentabilidade orçamental”, descreve o CFP no relatório divulgado esta terça-feira. Assim, “cabe aos decisores políticos dosear pressões orçamentais e prevenir ou provisionar a materialização de riscos (por exemplo, criando almofadas financeiras em períodos favoráveis da economia), promovendo a pedagogia e a transparência em relação aos custos e benefícios de decisões de alcance intertemporal e desenhando uma política orçamental que não seja cega em relação ao futuro”.

Cabe aos decisores políticos dosear pressões orçamentais e prevenir ou provisionar a materialização de riscos (por exemplo, criando almofadas financeiras em períodos favoráveis da economia), promovendo a pedagogia e a transparência em relação aos custos e benefícios de decisões de alcance intertemporal e desenhando uma política orçamental que não seja cega em relação ao futuro.

Conselho das Finanças Públicas

A entidade liderada por Nazaré Costa Cabral faz vários alertas ao longo do documento – num quadro em que vão entrar em vigor as novas regras orçamentais da União Europeia –, destacando que “a evolução recente da economia tem vindo a demonstrar a importância de manter uma margem orçamental que permita calibrar pressões orçamentais e fazer face aos riscos, sem comprometer a estabilidade das finanças públicas”.

No relatório são ainda feitas estimativas orçamentais, mas num cenário de políticas invariantes, com o CFP a deixar sempre a ressalva de que não devem ser vistas como previsões. Estes cálculos indicam que, “assumindo a manutenção das políticas em vigor, a trajetória apresentada aponta para a manutenção de excedentes orçamentais até 2028, ainda que de amplitude significativamente inferior ao verificado em 2023 (1,2% do PIB ou 1,7% do PIB se ajustado de one-offs)”.

No cenário macroeconómico incluído no programa eleitoral, a coligação liderada por Luís Montenegro apontava para uma variação positiva do saldo global de 0,2% do PIB no próximo ano, de 0,1% em 2026, e de 0,2% nos últimos dois anos da legislatura — inferiores aos estimados pelo CFP.

No entanto, o cenário do CFP “não contempla a eventual implementação de novas medidas de política económica com impactos financeiros relevantes”. “Destaca-se em particular o impacto para as finanças públicas: (i) dos grandes projetos de obras públicas (e.g. novo Aeroporto de Lisboa ou, na ferrovia, a introdução da alta velocidade); (ii) a eventual resposta a reivindicações salariais das forças de segurança e dos professores do ensino básico e secundário, e (iii) da adoção de novas medidas de política orientadas para a redução da carga fiscal e reforço do apoio a pensionistas de menores rendimentos”, diz o CFP.

Além disso, há “pressões orçamentais adicionais, nomeadamente: (i) pressões remuneratórias, incluindo suplementos, em diversas carreiras das AP; (ii) prestações sociais, designadamente com pensões, e despesa pública com saúde, num contexto
de envelhecimento estrutural da população portuguesa; (iii) despesa com defesa e segurança; (iv) risco de materialização em despesa de passivos contingentes das AP; (v) impacto de eventos meteorológicos extremos como sejam a seca severa e risco de
incêndios florestais”.

Esta é uma discussão que tem vindo a dominar a agenda pública, numa altura em que Luís Montenegro assumiu as rédeas do Governo com um excedente de 1,2% do PIB deixado pelo anterior ministro das Finanças, Fernando Medina. Apesar de tudo indicar que tem margem orçamental para cumprir as promessas eleitorais feitas durante a campanha, têm surgido vários alertas para as pressões sobre a despesa que se tornam permanentes.

O aviso do CFP junta-se, assim, a outros feitos, por exemplo, por Mário Centeno. O governador do Banco de Portugal defendeu na apresentação do último boletim económico que a margem financeira “deve ser colocada ao serviço do futuro e não consumida no presente”.

No que diz respeito à dívida pública, a projeção do CFP “aponta para uma diminuição de 19 p.p. do PIB entre 2023 e 2028, ano em que se deverá situar próxima de 80% do PIB”. Tanto a AD como o PS inscreveram nos programas eleitorais um cenário que coloca a dívida pública próxima dos 80% em 2028, correspondendo assim a estas estimativas.

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Operação Influencer. João Lima Cluny é o advogado de António Costa

O advogado é o sócio responsável pela área de Penal e Investigações Internas da sociedade de advogados Garrigues desde setembro de 2023. Com mais de quinze anos de experiência, veio da Morais Leitão.

João Lima Cluny é o advogado escolhido pelo ex-primeiro ministro António Costa para lidar com as suspeitas na Operação Influencer, que levou à demissão do cargo em novembro.

O advogado é o sócio responsável pela área de Penal e Investigações Internas da sociedade de advogados Garrigues desde setembro de 2023. Com mais de quinze anos de experiência, João Lima Cluny transitou da Morais Leitão – onde estava há 16 anos, no último ano como sócio -e participou em alguns dos mais mediáticos processos criminais e contraordenacionais que correram termos em Portugal nos últimos anos. Tais como: a Operação Marquês, Operação Fizz, Incêndios de Pedrógão Grande, Bragaparques, E-Toupeira e no processo que envolve a Altice. Também participou no chamado processo do Saco Azul do Benfica, o de corrupção TAP/SONAIR e o grande incêndio de Monchique a defender a EDP. Participou, igualmente, em diversos processos de contraordenações junto do Tribunal de Concorrência, Regulação e Supervisão e do Tribunal de Justiça da União Europeia.

João Lima Cluny, partner da Morais Leitão, em entrevista ao ECO/Advocatus - 07SET22
João Lima Cluny, partner da Garrigues.Hugo Amaral/ECO

A sua atividade centra-se no direito sancionatório económico-financeiro, onde tem patrocinado clientes empresariais e individuais. Assessorou, ainda, diversos clientes na implementação de políticas de compliance, em especial relacionadas com a prevenção da corrupção e do branqueamento de capitais.

Tem, igualmente, experiência na assessoria no âmbito do direito do desporto, tanto no que respeita à resolução de litígios, como no âmbito de distintas transações. É arbitro e mediador do Tribunal Arbitral do Desporto desde a sua instituição, em 2015.

É membro da Ordem dos Advogados desde 2010, da Associação de Portuguesa de Direito Desportivo desde 2009 e do Fórum Penal – Associação de Advogados Penalistas desde 2016. Exerceu diversos cargos junto de Federações Desportivas.

Trabalha com vários setores da economia, incluindo, entre outros, o desporto, a energia, a concorrência, a segurança no trabalho, o ambiente e o financeiro, seja no que respeita a aspetos sancionatórios, seja desenvolvendo a vertente preventiva (compliance e investigações internas), nomeadamente no que diz respeito aos deveres de prevenção da corrupção e do branqueamento de capitais e ao enforcement regulatório, acautelando as necessidades estratégicas dos seus clientes.

Licenciado pela Nova School of Law, onde também concluiu o seu Mestrado Forense e onde foi Professor Convidado até 2023. Distinguido pelo Legal 500 (Next Generation Partners), Who’s Who Legal (Recommended), Best Lawyers (Criminal Defense, Litigation, Sports Law e Lawyer of the Year 2022 Sports Law) e Client Choice (Sports Law 2022).

António Costa é suspeito de prevaricação na Operação Influencer

O antigo primeiro-ministro António Costa anunciou na terça-feira que deu instruções ao advogado para apresentar um requerimento que lhe permita ser ouvido “com a maior celeridade” pela justiça para “esclarecer qualquer dúvida” e qualquer suspeita. “Constituí advogado e dei instruções ao advogado para hoje mesmo apresentar um requerimento junto do senhor coordenador do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça para que com a maior celeridade possível possam proceder à minha audição para se esclarecer qualquer dúvida que tenham sobre a suspeita que tenham porque não há nada pior que haver uma suspeita e ela não ser esclarecida”, disse António Costa à saída da tomada de posse do Governo de Luís Montenegro.

Reiterando que está “totalmente disponível para colaborar com a justiça”, o agora ex-primeiro-ministro reiterou que, tal como disse quando apresentou a sua demissão, “quem está sujeito a uma suspeição pública” como aquela que existia sobre ele “deve preservar as instituições”.

António CostaLusa

António Costa é suspeito do crime de prevaricação devido a uma lei alegadamente negociada entre João Tiago Silveira e João Galamba para beneficiar Start Campus. Segundo o Ministério Público, o ainda primeiro-ministro é suspeito da alegada prática do crime de prevaricação devido à aprovação do novo Regime Jurídico de Urbanização e Edificação no Conselho de Ministros do dia 19 de outubro de 2023.

Constitui crime de prevaricação os casos em que um titular de cargo político, contra a lei, conduz ou decide um processo em que intervém, no âmbito das suas funções, com o objetivo de, por essa forma, prejudicar ou beneficiar alguém. A pena prevista é a de prisão, de dois a oito anos, e este crime encontra-se definido no artigo 11.º da Lei n.º 34/87, de 16 de julho (regula os crimes de responsabilidade dos titulares de cargos políticos).

Segundo o MP, o ex-ministro João Galamba e João Tiago Silveira (coordenador do Simplex do licenciamento, que está na origem da nova lei, e sócio do escritório Morais Leitão) alegadamente negociaram os pormenores da nova lei com Rui Oliveira Neves (administrador da Start Campus e colega de João Tiago Silveira na Morais Leitão) para que a construção do data center da empresa fosse beneficiada pela nova lei, ficando dispensada de um processo de licenciamento urbanístico.

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