Conselho Geral Independente pede mais “transparência” à RTP
Entidade quer um "clima de transparência" na estação pública e que esta seja "modelo de organização responsável e eficaz". O ECO teve acesso às linhas orientadoras até 2020, já aprovadas.
O Conselho Geral Independente (CGI) da RTP pede mais “transparência” à estação pública e quer que a empresa seja “um modelo de organização responsável e eficaz”. O pedido é feito no documento das linhas de orientação estratégica até 2020, aprovadas esta segunda-feira e a que o ECO teve acesso. Ao longo de oito páginas, a palavra “transparência” aparece mesmo por diversas vezes e em áreas distintas, dias depois de a mesma entidade ter afastado o administrador Nuno Artur Silva por “irresolução do conflito de interesses entre a sua posição na empresa e os seus interesses patrimoniais privados”, como foi noticiado na altura.
É logo num dos primeiros pontos do documento que o CGI faz a primeira referência à transparência. Na visão da entidade, a RTP deve “criar condições para a motivação dos trabalhadores e colaboradores da empresa, a todos os níveis, através de mecanismos de auscultação e participação, assim como de um clima de transparência e de responsabilização (…)”. A empresa deve ainda “negociar os contratos de fornecimento de conteúdos de forma transparente, cumpridora da legislação em vigor e equilibrada quanto ao peso dos diversos profissionais internos e externos à empresa (…)”.
Mas o CGI não fica por aqui. Mais à frente no documento, pede à RTP que defina “uma política de transparência e de informação sobre a atividade” da estação pública, bem como “assegurar uma informação independente de todo o tipo de poderes. Quanto aos comentários políticos, o conselho pede à estação que evite “o recurso ao comentário político regular exercido por figuras políticas no ativo”.
A RTP esteve envolvida em polémica no final de janeiro. Concretamente, o afastamento de Nuno Artur Silva da administração do canal, por ser também administrador e proprietário da empresa Produções Fictícias.
A RTP deve optar por formatos que não mimetizem modelos organizados de polémica que hoje prevalecem no domínio mediático.
Noutras orientações para a administração da RTP, encabeçada por Gonçalo Reis, o CGI debruça-se sobre o fenómeno do desporto-rei em Portugal, “atendendo à relevância que o futebol assume hoje na sociedade portuguesa”. Por isso, indica à estação pública que evite “potenciais de tensões e antagonismos, com consequências na vida quotidiana dos portugueses”. “Nos seus programas de rádio e de televisão, a RTP deve optar por formatos que não mimetizem modelos organizados de polémica que hoje prevalecem no domínio mediático, desenvolvendo espaços analíticos e opinativos em que o rigor técnico e educativo prevaleça sobre a veiculação de visões sectárias”, lê-se no documento.
Ao nível da qualidade, é recomendado à companhia que desenvolva “um barómetro de qualidade, credibilidade e notoriedade para a RTP, realizar regularmente estudos sobre o serviço público de media que permitam à empresa conhecer melhor os seus públicos e as novas tendências nos consumos de media e compreender como o público avalia o desempenho da RTP quanto aos princípios e obrigações do serviço público”. Neste aspeto, a empresa deve ainda “prosseguir e completar os estudos sobre a qualidade com que chegam às casas dos portugueses as emissões dos vários serviços de programas de rádio bem como de televisão, em particular da TDT”, referem as linhas orientadoras.
Em suma, o CGI da estação pública “um modelo de organização responsável e eficaz”. Até ao final desta semana, o CGI deverá reunir para fechar a nova administração da estação pública. Já é dado como certo que Gonçalo Reis, atual presidente executivo, deverá se reconduzido até 2020. O CGI é presidido por António Castro Feijó e integra Diogo Homem de Lucena, Francisco Seixas da Costa, José Carlos Vieira de Andrade, Maria Carvalho e Sousa e Maria de Carvalho Luz Afonso.
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