Governo vai entregar gestão da rede Mobi.e a privados até ao final do ano
O Governo vai lançar um concurso para entregar a gestão da rede Mobi.e a empresas privadas. No total, são 600 os postos de carregamento que vão passar da esfera pública para a privada.
O Governo tenciona entregar a gestão da rede Mobi.e a empresas privadas, considerando que estas são “mais capazes” do que o Estado na execução dessa missão. Para tal, serão postos a concurso vários lotes da rede de postos de carregamento de automóveis elétricos, revelou o ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes.
A partir da conferência de mobilidade Portugal Mobi Summit, que decorre esta quinta-feira em Carcavelos, no campus da Nova SBE, Matos Fernandes revelou que o Governo “tem preparado para breve, ainda este ano, o lançamento da concessão de todos os carregadores da Mobi.e associados à rede de carregamento elétrico”.
No total serão 600 postos de carregamento que vão passar da esfera pública para a privada, em dez lotes de 60 a 70 carregadores. Esse concurso, salientou o governante, vai ser lançado até ao final do ano, “o mais tardar no início de dezembro”.
Recorde-se que desde 1 de novembro de 2018 que os carregamentos feitos nos postos rápidos são pagos. Os postos de carregamento normal começaram a poder ser cobrados em abril deste ano.
EDP quer mais do que duplicar número de postos
A EDP EDP 0,00% , sem referir se será uma das empresas que participará no concurso de concessão de postos de carregamento, sublinhou que já tem 130 postos na rede nacional Mobi.e. E revelou que quer mais do que duplicar a oferta até ao final do próximo ano.
A elétrica liderada por António Mexia quer chegar ao final do próximo ano com 300 postos de carregamento de veículos elétricos no país, a maioria deles com capacidade para carregar as baterias dos veículos elétricos em poucas dezenas de minutos. Atualmente, a empresa conta apenas com 13 postos de carregamento rápido, dos 130 que tem no país.
No âmbito desta iniciativa, a EDP fechou uma parceria com o Benfica que prevê a instalação de 20 postos de carregamento no estádio do clube, em Lisboa, incluindo o primeiro posto “ultrarrápido” neste local, e ainda no Seixal, onde se localiza o centro de estágios.
À margem do evento, Vera Pinto Pereira, presidente executiva da EDP Comercial, explicou que este posto de carregamento “ultrarrápido” numa zona perto da estátua de Eusébio permitirá carregar automóveis elétricos em dez minutos.
Além desta iniciativa, a EDP fechou uma parceria com a BP para juntar a modalidade dos carregamentos elétricos ao “cartão frota” da petrolífera. Segundo a líder da EDP Comercial, um dos “grandes desafios” da mobilidade elétrica são as frotas das empresas, que têm uma “gestão coletiva através de um contrato para abastecimento de todos os veículos”. Assim, este cartão da BP vai permitir às empresas mais facilidade nos carregamentos, sendo um incentivo à integração de automóveis mais ecológicos nessas mesmas frotas.
Metas para travar emissões “pecam”por serem baixas
Presente na mesma conferência, António Mexia, líder da EDP, aproveitou para alertar para a urgência de travar o aquecimento global, um fenómeno que ameaça criar disrupções na sociedade, na economia e no meio ambiente nos próximos anos. Ora, para o gestor, a mobilidade e os veículos elétricos são uma peça-chave nessa missão.
Mexia deu alguns números: 25% das emissões de gases com efeitos de estufa, a principal causa do aquecimento global provocado pela atividade humana, são geradas pelo setor dos transportes. Esta percentagem aumenta “2,5% ao ano”, alertou.
Depois, a quota de veículos elétricos é “1% em todo o mundo, 3% na Europa e 5% em Portugal”. Mas, para se atingir o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5 graus celsius na próxima década, os dados indicam que é preciso aumentar estas quotas para “30% em todo o mundo e 50% na Europa”, referiu, sem indicar a origem destas estatísticas.
Em terceiro lugar, disse que a mobilidade partilhada representa “5% dos quilómetros percorridos”, mas que, para se cumprir a meta proposta, “em 2030 deverá aproximar-se de um quarto” do total de quilómetros percorridos.
Face a este cenário, o presidente executivo da maior empresa de energia elétrica do país decretou serem números que “pecam” por serem baixos: “Tenho a certeza de que estes valores de que estamos a falar serão largamente ultrapassados”, defendeu.
Os automóveis com motores a combustão emitem gases com efeito de estufa, devido à queima de combustíveis fósseis — assim como a maior “fatia” da energia produzida pela EDP. Mas a empresa quer acelerar a transição para uma mobilidade elétrica, nomeadamente ajudando a reforçar a capilaridade da rede de postos de carregamento de alta capacidade, capazes de carregar as baterias dos automóveis em poucas dezenas de minutos (os restantes demoram mais de seis horas).
“Num mundo em que a maioria das pessoas irá viver em cidades, a questão é como é que essas pessoas vão viver nessas cidades”, apontou António Mexia, que prometeu que quer que a EDP represente a “liderança pelo exemplo”. De acordo com a norte-americana EPA, a produção de energia elétrica representava, em 2017, mais de 27% das emissões globais de gases com efeito de estufa, uma vez que quase 63% da energia elétrica produzida resultou da queima de combustíveis fósseis, como o carvão natural e o gás natural.
(Notícia atualizada às 12h29 com mais informações sobre as características do posto de carregamento “ultrarrápido” e sobre a nova modalidade para frotas)
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