Governo ignora receita de 1.300 milhões acima do previsto nas projeções das pensões

  • ECO
  • 20 Setembro 2022

Cenário de antecipação do défice da Segurança Social ignora o facto de o sistema arrecadaria em receitas só este ano mais 1.300 milhões de euros em relação ao orçamentado para 2022.

Os cálculos que o Executivo entregou ao Parlamento sobre o impacto que teria a aplicação integral da fórmula de atualização das pensões na sustentabilidade da Segurança Social mostram um agravamento do saldo por via da despesa, mas ignoram a evolução da receita. De acordo com as contas do economista Armindo Silva, o Governo chegará ao final deste ano com mais 1.300 milhões de euros em receita do que apresentou no Orçamento do Estado (OE) para 2022 – o que é ignorado nas projeções enviadas aos deputados –, noticia o Jornal de Negócios (acesso pago).

Em vez de um excedente ligeiro, conforme o OE2022 apresentava em abril, o documento do Governo aponta para um défice da Segurança Social já em 2030 e não no início da próxima década, com a despesa com pensões agravada em 1.076 milhões de euros. Contudo, a receita não reflete qualquer alteração face às contas orçamentadas pelo Executivo há uns meses, e que estão agora “totalmente ultrapassadas”, segundo o economista que faz parte da nova comissão de peritos que vai estudar a sustentabilidade da Segurança Social.

Tendo por base a atual evolução de receitas de contribuições sociais, as contas feitas pelo especialista preveem que serão arrecadados este ano 22.436 milhões de euros, números muito acima da estimativa de 21.166 milhões de euros. “Em relação ao Orçamento de 2022, dá-nos um excedente em relação ao orçamentado de cerca de 1.300 milhões de euros”, refere. O cálculo assume uma subida anual de receitas na ordem de 12,5%, tendo em conta o crescimento verificado nos primeiros sete meses deste ano face a igual período de 2021.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Bolsa abre em alta e tenta pôr fim a cinco sessões negativas

Lisboa caiu para mínimos de dois meses depois de ter fechado as últimas cinco sessões no vermelho. EDP, EDP Renováveis e BCP dão impulso ao PSI no arranque.

Depois de cinco sessões negativas, a bolsa nacional despertou esta terça-feira com ganhos suportados pelos pesos pesados EDP, EDP Renováveis e BCP, que avançam mais de 1%. Europa também arranca com sentimento positivo.

O PSI, o principal índice português, soma 0,74% para 5.882,59 pontos, sendo que apenas duas cotadas estão a negociar em contramão: a Navigator e a Corticeira, que descem cerca de 0,5%.

Do lado dos ganhos, a EDP soma 1,90% para 5,042 euros, a EDP Renováveis ganha 1,43% e o BCP avança 1,60% para 0,1464 euros, todos dando um forte impulso para o bom desempenho da praça portuguesa que caiu para o nível mais baixo dos últimos dois meses nas últimas sessões.

EDP Renováveis avança

Galp e Jerónimo Martins, as outras duas cotadas com grande peso no índice, também estão em alta: as ações da petrolífera e da retalhista valorizam 0,40% e 0,44%, respetivamente.

Lisboa acompanha a abertura positiva nas bolsas europeias. O Stoxx 600, que agrega as 600 principais companhias do Velho Continente, ganha 0,4%. O CAC-40 de Paris e o IBEX-35 de Madrid avançam 0,4% e 0,6%.

Os investidores têm as suas atenções direcionadas para os bancos centrais, que se preparam para uma nova vaga de aumento das taxas de juro face à escalada da inflação, incluindo a Reserva Federal norte-americana esta quarta-feira e o Banco de Inglaterra e da Suíça na quinta.

No petróleo, o barril de Brent valoriza 0,17% para 92,16 dólares, prolongando os ganhos das últimas duas sessões.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Siza Vieira contra “redução transversal” do IRC proposta por Costa Silva

  • ECO
  • 20 Setembro 2022

O ministro da Economia, Costa Silva, sinalizou uma "redução transversal" do IRC. Siza Vieira questiona o impacto da medida e mostra-se mais favorável ao aumento da dedução dos lucros reinvestidos.

O ministro da Economia, António Costa Silva, disse que “seria extremamente benéfico” o Governo avançar com uma “redução transversal” do IRC. Mas o seu antecessor, Pedro Siza Vieira, questiona o impacto dessa medida, mostrando-se “mais favorável ao aumento da dedução de lucros retidos e reinvestidos do que de uma redução mais geral da taxa de IRC”.

Em declarações ao Público (acesso condicionado), Siza Vieira, que era o número dois de António Costa no anterior Executivo, diz que, embora a medida conste do programa do Governo, surge enquadrada como uma forma “de “apoio ao investimento empresarial” e “no contexto do famoso acordo de rendimentos e produtividade”.

No fim de semana, Costa Silva defendeu que a baixa do IRC seria “um sinal extremamente importante para toda a indústria” e que dependeria das negociações em sede de Concertação Social no âmbito do Acordo de Rendimentos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Hoje nas notícias: pensões, IRC e sede da direção do SNS

  • ECO
  • 20 Setembro 2022

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

As projeções do impacto da lei de atualização de pensões entregues aos deputados só olham para a despesa, ignorando a evolução da receita, que pode ser maior do que a orçamentada. Esmagadora maioria dos portugueses condenam medidas apresentadas pelo Governo para combater aumento do custo de vida. Ex-ministro da Economia Siza Vieira critica descida “transversal” de IRC proposta por Costa Silva e propõe subida dos rendimentos. Conheça estas e outras notícias em destaque na imprensa nacional esta terça-feira.

Governo ignora receita de 1.300 milhões acima do previsto nas projeções das pensões

Os cálculos que o Executivo entregou ao Parlamento sobre o impacto que teria a aplicação integral da fórmula de atualização das pensões na sustentabilidade da Segurança Social mostram um agravamento do saldo por via da despesa, mas ignoram a evolução da receita. De acordo com as contas do economista Armindo Silva, o Governo chegará ao final deste ano com mais 1.300 milhões de euros em receita do que apresentou no Orçamento do Estado (OE) para 2022 – o que é ignorado nas projeções enviadas aos deputados.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago)

Portugueses condenam “truque” das pensões

A esmagadora maioria dos portugueses está descontente com o pacote de ajuda apresentado pelo Governo de António Costa para mitigar o impacto do aumento dos preços. Segundo uma sondagem da Intercampus para o CM/CMTV, apenas 17,3% dos 606 portugueses inquiridos consideram que os pensionistas vão ficar melhor com o recebimento adicional de meia pensão em outubro e com a redução dos aumentos previstos para o próximo ano. A grande maioria (57,8%) acredita que quem recebe pensão ficará pior com as propostas do Governo. Relativamente às medidas de apoio à população e às empresas, 88,3% dos inquiridos acham que foram insuficientes e que o Executivo deve fazer mais.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso livre)

Siza Vieira contra “redução transversal” do IRC proposta por Costa Silva

O ministro da Economia, António Costa Silva, disse que “seria extremamente benéfico” o Governo avançar com uma “redução transversal” do IRC. Mas o seu antecessor, Pedro Siza Vieira, questiona o impacto dessa medida, mostrando-se “mais favorável ao aumento da dedução de lucros retidos e reinvestidos do que de uma redução mais geral da taxa de IRC”.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado)

Pizarro diz que sede da direção executiva do SNS deve ficar fora de Lisboa

O ministro da Saúde considera que a sede da nova direção executiva deve ficar fora de Lisboa e lembrou a “forte vontade descentralizadora” do Governo. “A colocação da sede de organismos públicos nacionais fora da cidade de Lisboa faz também sentido, de acordo com esse processo de desconcentração”, afirmou Manuel Pizarro, sublinhando que “não há nenhuma razão” para sediar a direção executiva do SNS na capital e admitindo que “é possível que seja noutra cidade”.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado)

Municípios querem deixar de pagar reembolsos da ADSE

Os municípios pedem ao Governo para deixarem de reembolsar a ADSE pelos atos médicos dos seus funcionários, que só este ano irá representar um custo de 60 milhões de euros. A Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) considera um “absurdo” que as autarquias continuem a pagar este encargo, do qual a administração central já se viu livre em 2015. O regime da ADSE para a administração local é “injusto, discriminatório e nada equitativo”, diz a ANMP, que reúne esta terça-feira com o ministro das Finanças para discutir alterações à Lei das Finanças Locais e o Orçamento do Estado para 2023.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

5 coisas que vão marcar o dia

A divulgação das perspetivas económicas e orçamentais para o período 2022-2026 pelo Conselho das Finanças Públicas é o principal destaque desta terça-feira.

A divulgação das perspetivas económicas e orçamentais para o período 2022-2026 pelo Conselho das Finanças Públicas, as taxas de juro no crédito à habitação em agosto, a apresentação do relatório global dos milionários, o fim da feira de calçado MICAM e o início da feira de tecnologia de transportes InnoTrans são os destaques para esta terça-feira.

Previsões do Conselho das Finanças Públicas

O Conselho de Finanças Públicas vai divulgar as perspetivas económicas e orçamentais para o período entre 2022 e 2026, refletindo os impactos nas contas públicas nacionais da inflação e da guerra na Ucrânia. A entidade independente é habitualmente crítica das previsões do Governo.

Juros no crédito à habitação

Pelas 11 horas, o Instituto Nacional de Estatística vai divulgar quais foram as taxas de juro aplicadas nos contratos de empréstimo para o crédito à habitação. A divulgação dos dados ganha especial importância numa altura em que as taxas Euribor estão a atingir máximos de cerca de uma década e o Banco Central Europeu tem subido as taxas de juro para conter a inflação.

Quantos milionários Portugal tem?

Pelas 9 horas, o banco Credit Suisse vai divulgar o relatório anual que mede o número de milionários no mundo. Em 2021, entre os 56 milhões de pessoas com património de pelo menos um milhão de euros, 136 mil eram portugueses. Resta saber quais serão os números deste ano, marcado pela menor fluidez nos mercados de capitais.

Final da feira de calçado MICAM

Termina a feira de calçado MICAM, que reuniu um total de 1.012 marcas nos últimos três dias na cidade italiana de Milão. O número de expositores aumentou em 23% face à edição de março e Portugal foi representado por um total de 35 empresas.

Arranca feira mundial de transportes

Começa em Berlim, na Alemanha, a feira de tecnologia de transportes InnoTrans. Portugal vai ter a sua maior delegação de sempre neste certame, contando com 15 empresas em exposição. Apesar de acomodar vários meios de transporte, o foco está nos veículos ferroviários.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Fitch prevê baixa adesão ao 5G pelas empresas portuguesas

Agência diz que o 5G em Portugal será mais relevante para consumidores do que para empresas, por causa do nível baixo de industrialização do país e ritmo lento de adoção de serviços digitais.

As operadoras estão convencidas de que o 5G vai ter um impacto transformador nas empresas portuguesas. Mas, para a Fitch, o país pode não ter condições para aproveitar esse potencial.

O alerta faz parte de um relatório da Fitch sobre as telecomunicações em Portugal. A Anacom disponibilizou um resumo interpretativo do documento no Portal 5G, um site desenvolvido pelo regulador para promover a tecnologia.

De acordo com esse resumo, a agência acredita que os videojogos e o streaming vão assumir um peso maior nas ofertas comerciais. “E o que já se toma como praticamente adquirido é que a tecnologia 5G tornar-se-á dominante a médio prazo, mas não terá um papel preponderante no setor empresarial”, lê-se no Portal 5G.

A posição é, relativamente, contrária à que tem sido a narrativa do setor. E, a confirmar-se, poderá frustrar as expectativas das empresas como a Meo, Nos e Vodafone, que têm vindo a investir para acelerar a disponibilização do 5G aos cidadãos – mas, também, às empresas.

As causas são identificadas pela Fitch. No artigo da Anacom lê-se: “Apesar de o grande potencial do 5G estar nas soluções que pode fornecer ao setor empresarial (…), o nível ‘relativamente baixo’ da industrialização do país e o ritmo ‘genericamente lento’ na adoção de serviços e infraestruturas digitais levam os especialistas a prever que os casos de uso serão limitados na indústria portuguesa.”

“Esse é um dos motivos para a consultora acreditar que os players do 5G se vão virar, sobretudo, para os consumidores”, remata o artigo de resumo disponibilizado no Portal 5G da Anacom.

Ou seja, para a Fitch – segundo a Anacom –, “os utilizadores individuais representam o caminho mais seguro para os operadores recuperarem o investimento”, e não as soluções para as empresas. “As razões para tal são as condições estruturais que historicamente têm sido apontadas com desvantagens crónicas a dificultar a competitividade das empresas portuguesas”, lê-se na referida súmula.

O que já se toma como praticamente adquirido é que a tecnologia 5G tornar-se-á dominante a médio prazo, mas não terá um papel preponderante no setor empresarial.

Portal 5G da Anacom

As operadoras têm uma visão diferente. No site da Nos, lê-se que “o 5G vai ser um impulsionador da evolução tecnológica em Portugal e transformar profundamente a sociedade como a conhecemos”. Depois, a empresa acrescenta: “Maior segurança e eficácia na utilização de drones, os carros autónomos completamente interligados no trânsito, ou experiências ‘instantâneas’ de realidade virtual e aumentada são apenas algumas das aplicações possíveis do 5G. É todo um novo mundo com pessoas, edifícios, empresas e cidades sempre conectados entre si.”

O site da Meo indica, por sua vez, que “o 5G possibilita às empresas a digitalização de processos, com ganhos de eficiência e agilidade e a criação de novas oportunidades de negócio”. “O 5G permitirá novos serviços que podem transformar indústrias que dependam do controlo remoto de dispositivos, veículos e procedimentos médicos”, sublinha a operadora.

Por fim, a Vodafone perspetiva que, “com o 5G, vai ser possível o desenvolvimento de uma série de serviços inovadores como, por exemplo, realidade virtual e aumentada, carros conduzidos remotamente ou autónomos, cirurgias à distância, bem como outros desenvolvimentos que dependam de transferências de grande volume de dados ou baixa latência”.

“Para os clientes particulares, o 5G vai trazer melhorias significativas no desempenho da rede, principalmente na experiência de utilização de dados e na qualidade de resolução de vídeos, o que vai potenciar, por exemplo, a utilização de serviços interativos, como realidade virtual e aumentada. Para as empresas, o impacto será em duas dimensões: ao nível do IoT (Internet das Coisas), permitindo o aumento exponencial dos equipamentos ligados à rede e a massificação dos serviços potenciados pela comunicação entre máquinas, e ao nível da prestação de serviços críticos de elevada resiliência, tais como aplicações industriais (Indústria 4.0), viaturas autónomas, cirurgias à distância ou serviços de emergência”, lê-se ainda no site da operadora.

O 5G foi lançado em Portugal no final de 2021, mas as três maiores operadoras continuam a disponibilizar a rede de forma gratuita aos consumidores. Na semana passada, a promoção foi prolongada pela terceira vez, prevendo-se agora que termine a 15 de outubro.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Portugal vai à Alemanha para tentar captar “Autoeuropa ferroviária”

Com 15 empresas representadas, Portugal tem maior presença de sempre na principal feira da indústria ferroviária mundial. Ministro Pedro Nuno Santos vai estar em Berlim na quarta-feira.

Portugal nunca esteve tão representado na feira mundial da ferrovia. Até sexta-feira, 15 empresas nacionais vão participar na feira de tecnologia de transportes InnoTrans, que vai decorrer na cidade alemã de Berlim após quatro anos de interregno. O cluster português vai tentar captar a “Autoeuropa ferroviária” e conta com a ajuda do ministro Pedro Nuno Santos.

Entre 2.834 empresas participantes, de 56 países, Portugal vai tentar captar interessados porque “tem condições únicas para a atração e localização da indústria ferroviária“, refere ao ECO o diretor executivo da Plataforma Ferroviária Portuguesa (PRP), que já conta com um total de 101 associados.

“Somos um país seguro, tecnológico, temos recursos humanos e engenharia altamente qualificada, que sabe bem receber e contamos com uma localização geoestratégica preferencial”, assinala Paulo Duarte.

A presença na InnoTrans também vai servir para impulsionar as exportações: “Pretendemos mostrar as nossas competências, permitindo a entrada das nossas empresas nas cadeias de fornecedores internacionais relevantes, alavancando as suas exportações e a divulgação que em Portugal se faz bem”.

As empresas portuguesas em Berlim cobrem vários aspetos dos comboios e dos sistemas ferroviários: para o interior dos veículos, serão mostradas as soluções da Amorim Cork, Couro Azul, Lantal e MCG. Na área tecnológica e da engenharia, destaque para as presenças da Efacec e da Mota-Engil. A CP também vai estar presente neste acontecimento.

Paulo Duarte assume que a presença de Portugal poderia ser mais alargada, “se tivesse sido possível atender a todos os pedidos recebidos”. Contudo, as marcações já estavam feitas desde 2018, para a feira que iria decorrer dois anos depois – e que a Covid-19 impediu que se realizasse.

Somos um país seguro, tecnológico, temos recursos humanos e engenharia altamente qualificada, que sabe bem receber e contamos com uma localização geoestratégica preferencial

Paulo Duarte

Diretor executivo da Plataforma Ferroviária Portuguesa

Pedro Nuno Santos em Berlim

A acompanhar a maior presença de sempre de Portugal na InnoTrans vai estar o ministro das Infraestruturas e da Habitação. Assumidamente defensor da ferrovia, Pedro Nuno Santos vai visitar o certame na quarta-feira, da parte da tarde.

O que esperamos do ministro é a mesma força e dinâmica com que acreditou em nós desde a primeira hora, com os desafios lançados e a concretização de todos os planos e investimentos em curso na ferrovia nacional, quer ao nível das infraestruturas, quer do material circulante. Ao contrario do que já sucedeu no passado, a sua concretização terá de ser irreversível”, destaca Paulo Duarte.

Já a preparar a edição de 2024 da InnoTrans, a delegação nacional remata: “O desafio que aqui viemos colocar na Alemanha é da criação de uma Autoeuropa ferroviária em Portugal, porque temos todas as condições a oferecer”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Meta-campus. Muito para além das salas de aula em Zoom, metaverso chega ao ensino

Conceitos como Web 3, metaverso e blockchain estão a mudar o nosso quotidiano em várias dimensões, e o ensino não lhes escapa. Depois do metaoffice, é altura de falarmos sobre meta-campus.

Ao mesmo tempo que algumas empresas decidem transformar os seus escritórios em metaoffices, o metaverso está já a entrar de rompão nas universidades e escolas de formação, criando meta-campus. Em Espanha, a IE University e o Elysium Ventures, um fundo de investimento com sede em Silicon Valley (São Francisco), estabeleceram um acordo estratégico para criar o Metaverse Center, um centro de investigação e inovação sobre o metaverso. Na Suíça, a escola de hospitalidade Les Roches já ensina os seus alunos com recurso a tecnologias do metaverso. E por cá, a Ironhack está a desenvolver um curso introdutório sobre web3, com módulos que irão explorar os conceitos de metaverso, NFT, finanças descentralizadas, criptomoedas e DAO (Organização Autónoma Descentralizada), sabe a Pessoas.

“Com este curso, queremos que os nossos alunos adquiram conhecimentos fundamentais, através de uma metodologia prática e que incite a interação, sobre os vários setores ligados à Web 3, que estão inevitavelmente a mudar a forma como a tecnologia está a impactar o nosso quotidiano, em várias dimensões”, justifica Catarina Costa, responsável pelo campus da Ironhack Lisboa.

Entrar neste universo é, para a escola de formação tecnológica, “um caminho natural”. Apesar dos desafios, Catarina Costa não tem dúvidas que entrar nesta dimensão virtual será vantajoso para o ensino.

“Pode permitir atingir novas capacidades que, até há pouquíssimo tempo, eram inimagináveis. Já estamos a sentir o impacto dos ambientes virtuais na educação. E quanto mais avançamos na transição digital, mais este impacto se fará sentir. Haverá sempre espaço para experiências presenciais, mas, à medida que a aprendizagem à distância vai evoluindo – muito para além das salas de aula em Zoom –, existirão certamente inovações que vão acrescentar valor ao espaço digital. Muitas que nem sequer imaginamos que possam ser reais.”

Haverá sempre espaço para experiências presenciais, mas, à medida que a aprendizagem à distância vai evoluindo – muito para além das salas de aula em Zoom –, existirão certamente inovações que vão acrescentar valor ao espaço digital. Muitas que nem sequer imaginamos que possam ser reais.

Catarina Costa

Responsável pelo campus da Ironhack Lisboa

O ensino terá, assim, de adaptar-se às novas tecnologias e, consequentemente, às novas exigências do mercado, como é o caso da necessidade de explorar esta dimensão virtual, defende a responsável.

A escola de programação 42 mostra uma convicção semelhante: “existe um enorme potencial para pôr o metaverso ao serviço da educação”, afirma Pedro Santa Clara, diretor da 42 em Portugal. “A partir do momento em que o metaverso ofereça uma experiência de trabalho colaborativo de qualidade, lá estaremos”, assegura.

Para já, a aposta da escola tem sido, sobretudo, no modelo presencial. Ainda este verão, a 42, já presente em Lisboa, começou a funcionar também no Porto e a selecionar os primeiros alunos. “A Escola 42 distingue-se justamente pela utilização da tecnologia no desenvolvimento de um modelo pedagógico mais eficaz, assente na aprendizagem baseada em projetos e na colaboração entre os alunos. Acreditamos que, neste momento, a melhor forma de interação é presencial – daí o forte investimento nos campus da 42 Lisboa e 42 Porto – mas utilizamos muitas ferramentas de colaboração, como o Slack, que liga os mais de 15.000 alunos da 42 pelo mundo”, detalha Pedro Santa Clara.

Os meta-campus não são, contudo, uma opção descartada. “Sabemos que o conhecimento é mais eficientemente adquirido pela experiência. O metaverso tem ferramentas muito poderosas para trabalhar em cenários e criar um espaço de experimentação. É também importante ter em atenção a motivação e a participação dos alunos, que pode ser reforçada com recurso a esta dimensão virtual.”

O mais importante é, para o líder da escola, sentir estas mudanças como uma oportunidade, e não como uma ameaça. “Se tiverem uma mentalidade de crescimento, podem encontrar formatos de participação muito interessantes e escaláveis, chegando a mais alunos e criando a possibilidade de competir num mercado global. Se a atitude for, pelo contrário, de protecionismo e de inércia, vão acabar por ser ultrapassadas”, alerta.

Impacto nas infraestruturas e no corpo docente

Transformar o próprio modelo de ensino implica também proceder a algumas mudanças e adaptações nas escolas, tanto ao nível das infraestruturas como do corpo docente. “Será preciso cada vez menos espaço físico para que os estudantes realizem o seu percurso de aprendizagem de forma independente. Contudo, para que existam campus VR/AR, é necessário investir em hardware e software sofisticados e robustos, de forma a assegurar que os meta-campus são escaláveis e universais”, refere Catarina Costa.

Por outro lado, no que toca ao corpo docente, terá de existir uma formação especializada neste novo formato de educação. “Esta é uma ótima ferramenta de aprendizagem que traz mesmo grandes vantagens. Os professores passam agora a conseguir ensinar os seus estudantes sobre o sistema solar oferecendo-lhes uma experiência imersiva, como se lá estivessem. Ou mostrar moléculas de química de perto, até ao mais ínfimo pormenor. Ou até mesmo dar a conhecer infraestruturas e redes de sistemas muito complexos através do metaverso, numa experiência totalmente interativa.”

A partir do momento em que o metaverso ofereça uma experiência de trabalho colaborativo de qualidade, lá estaremos.

Pedro Santa Clara

Diretor da 42 em Portugal

Os exemplos que chegam de fora

Em Madrid, o Metaverse Center, com sede física na IE School of Science and Technology e virtual na Internet e no metaverso, trabalha para antecipar e inovar na nova dimensão digital. A ideia é que os projetos e laboratórios do centro acelerarem a investigação de alto impacto, nomeadamente no que diz respeito a aspetos técnicos, de comportamento humanos e normativos sobre o metaverso, dado que existirá uma estreita colaboração entre universidades internacionais, empresas, empreendedores, líderes do setor e instituições governamentais.

“Com a criação deste centro avançamos para explorar as oportunidades empresariais e de investimento que oferece o metaverso, assim como o seu impacto na sociedade, e partilhamos este desafio com o Elysium Ventures, com o objetivo comum de gerar conteúdo inovador e impulsionar ideias de negócio disruptivas”, explica Iklaq Shidu, dean e professor na School of Science and Technology, IE University, citado pelo Cinco Días (acesso livre, conteúdo em espanhol).

A IE University vai inaugurar campus em vários metaversos já em 2023, entre os quais se encontram Roblox e Decentranland, onde os estudantes poderão assistir às aulas e participar em eventos na esfera digital.

Já na Suíça, no campus de Crans-Montana, a Les Roches conta com uma sala ao lado, destinada à realidade virtual, onde acontecem aulas muito específicas. Entre quatro paredes, que podem facilmente transformar-se num restaurante, hotel ou em qualquer outro cenário ditado por uns óculos de realidade virtual, os alunos aprendem, de forma prática, através de situações com que dificilmente lidariam num contexto mais tradicional de aula.

“Existem certas situações na vida real que não conseguimos recriar para ensinar os alunos. Por exemplo, uma das mais comuns nos hotéis é ter de lidar com um hóspede alcoolizado. Podemos ensinar os alunos numa situação prática com uma pessoa alcoolizada? Não. Mas podemos criar uma experiência em que o estudante tem de interagir com um cliente alcoolizado? Sim. E assim o aluno pode aprender, de forma segura, o que fazer numa situação destas”, explica o director of the innovation hub da hospitality business school.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Fundos de investimento criticam congelamento das rendas e pedem compensação

APFIPP defende que benefícios fiscais dados pelo Governo para compensar o congelamento das rendas devem abranger os participantes de fundos de investimento.

Para compensar pelo congelamento das rendas em 2023, o Governo vai dar alguns benefícios fiscais aos proprietários de imóveis. De fora desta compensação estão os fundos de investimento, que afirmam sair penalizados no próximo ano. De acordo com a Associação Portuguesa De Fundos De Investimento Pensões e Patrimónios (APFIPP), a proposta do Governo vai resultar “numa redução do rendimento” dos detentores de fundos.

No próximo ano, as rendas só podem ser aumentadas, no máximo 2%, e não 5,43% de acordo com o coeficiente que determina a sua atualização. Para compensar os senhorios, o Governo vai dar um benefício fiscal sobre os rendimentos prediais através da redução do valor do imposto a pagar pelos sujeitos passivos. Mas esta proposta, diz a AFPIPP, “ignora a realidade dos organismos de investimento imobiliário”.

Numa carta enviada à Comissão de Orçamento e Finanças, a associação liderada por João Pratas explica que os fundos de investimento “estarão sujeitos à mesma limitação de aumento do valor das rendas em 2023”, “mas não terão a possibilidade de ser compensados por essa perda de rendimento, já que esses rendimentos prediais não são considerados na determinação do lucro tributável“.

De acordo com a proposta do Executivo, em vez de mexer no valor da taxa de IRS ou IRC paga pelos senhorios, o Governo vai mexer na fatia do rendimento tributável: em vez de 100%, só 91% desse rendimento predial tributável é que será alvo da aplicação da taxa de 28%.

Assim, segundo a APFIPP, “esta aparente isenção não o é ‘de facto’, na medida em que esses rendimentos serão tributados quando forem colocados à disposição dos seus participantes, seja sob a forma de rendimento distribuído, seja no reembolso ou no resgate das participações” do fundo.

Caso a proposta do Governo seja aprovada, sem alterações, afirma a associação, “tal traduzir-se-ia numa redução do rendimento dos participantes” dos fundos, isto porque “são mantidas as taxas de tributação sobre os rendimentos que os participantes obtêm” dos fundos, seja na distribuição de rendimentos, seja no reembolso ou resgate.

Fundos sugerem restituição de rendimentos perdidos

Nesse sentido, a APFIPP afirma que uma forma de compensar os participantes de fundos seria através da aplicação do coeficiente de apoio pelas entidades gestoras, no momento do pagamento dos rendimentos. Outra alternativa será a “restituição, pelo Estado, do montante de rendimentos prediais” que estes “deixarão de receber” devido ao congelamento das rendas.

Essa restituição poderia ser feita através da “concessão de um crédito de imposto, em sede de Imposto do Selo, correspondente ao montante de rendas que não será cobrado, em 2023, em resultado da limitação a 1,02 do coeficiente de atualização das rendas”. Ou então através da “restituição, em 2024, do montante de rendas que não será cobrado, em 2023 em resultado da limitação a 1,02 do coeficiente de atualização das rendas”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Parlamento equaciona integração da CPAS na Segurança Social

Em Julho de 2021, os advogados votaram a favor da opção entre CPAS e regime geral da Segurança Social, mas Parlamento chumbou e agora apenas a integração da CPAS na SS pode estar em cima da mesa.

Os advogados já não vão poder optar entre o regime atual da Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitadores (CPAS) e o regime geral da Segurança Social, apesar do resultado do referendo de 2021, em que a maioria votou nessa possibilidade de escolha. Mas em cima da mesa poderá estar a integração do regime da CPAS no regime da SS.

O Parlamento chumbou essa possibilidade de escolha e agora “todos os outros deputados apenas admitiram discutir uma eventual integração da CPAS na Segurança Social e apenas depois de realizados estudos sobre o seu impacto previsível”, conforme garantiu o bastonário da Ordem dos Advogados (OA), Luís Menezes Leitão, em declarações ao ECO/Advocatus. “Neste momento não há um único deputado à Assembleia da República a defender o sistema de “opt-out”, conforme foi aprovado no referendo, o que inviabiliza a consagração pelo Parlamento dessa solução, que é da sua competência exclusiva. O que continua em discussão é a eventual integração da CPAS na Segurança Social, tendo o Grupo Parlamentar do PS nos informado que esperava voltar a colocar em breve esse assunto na agenda parlamentar“, explicou o mesmo.

“A Ordem dos Advogados continuará por isso a intervir ativamente nesta matéria, garantindo que, seja qual for a solução que o Parlamento adote, os interesses e direitos dos Advogados não sejam afetados”, disse ainda o bastonário, que volta a ser candidato às eleições de novembro deste ano.

Em Julho de 2021, os advogados votaram eletronicamente no referendo para decidir se mantinham a exclusividade da atual Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitadores (CPAS) ou se poderiam passar a optar entre esta e o regime geral da Segurança Social. Ganhou o ‘sim’ com maioria absoluta (53%).

O resultado final foi de 16.852 votantes — no universo de 35 mil advogados — e venceu o “sim” com 9.076 votos. O “não” contabilizou 7.428, 336 votos nulos e 12 em branco. Mas uma hora antes, uma questão informática acabou por ‘baralhar’ os resultados, já que estavam cerca de três mil votos desaparecidos no sistema. Ou sejam: dava-se conta das votações mas, no total de 16.852 votos mas em mais de três mil não se percebeu qual era o sentido de voto. Mas passada esta questão informática, fez-se um reiniciar do sistema e chegou-se à conclusão que o ‘sim’ venceu com 53% dos votos.

A discussão sobre o regime de previdência tem sido recorrente ao longo dos anos, mas face ao período de estado de emergência que o país enfrentou, intensificou-se. Durante este período os tribunais estiveram encerrados impedindo que os advogados tivessem direito a qualquer apoio social por parte da CPAS.

Uma vez que os advogados não descontam para a Segurança Social, mas antes para a CPAS, estes profissionais não têm direito aos apoios do Estado. Face à pandemia Covid-19, a OA por várias vezes alertou a direção da CPAS para a adoção de algumas medidas, de forma a garantir o apoio aos beneficiários. Ainda assim, a Caixa de Previdência recusou-se a isentar os associados.

“Esta circunstância tornou ainda mais evidente a incapacidade da CPAS em se configurar como um verdadeiro regime de previdência e proteção social. O descontentamento geral dos advogados em relação à sua Caixa de Previdência culminou com o pedido de convocação daquela assembleia geral extraordinária”, notou, à data, o grupo de advogados dinamizadores do referendo, entre eles a atual candidata a bastonária, Fernanda de Almeida Pinheiro.

A direção da Caixa de Previdência de Advogados e Solicitadores (CPAS) considerou, na altura, que “uma esmagadora maioria de inscritos na Ordem dos Advogados e, sobretudo, do universo de beneficiários da CPAS foi impedido de participar, ou decidiu não participar, na consulta realizada, retirando-lhe significado objetivo, ainda que como mero indício de vontade dos advogados portugueses”.

“O referendo relativo à CPAS não foi da iniciativa deste Conselho Geral, mas sim de um grupo de Colegas, que resolveu recolher as assinaturas necessárias para convocar uma Assembleia Geral em ordem a estabelecer um referendo aos Advogados sobre se estariam de acordo em que o Conselho Geral propusesse ao Parlamento uma alteração ao nosso Estatuto, consagrando a possibilidade de os Advogados escolherem individualmente entre a CPAS e a Segurança Social (“opt-out”)”, explicou ainda Luís Menezes Leitão. “Face à decisão favorável da Assembleia Geral da nossa Ordem, foi organizado esse referendo e, perante a decisão da maioria dos Colegas nesse sentido, o Conselho Geral apresentou ao Parlamento essa proposta de alteração ao nosso Estatuto. Essa proposta foi distribuída pelo Senhor Presidente da Assembleia da República aos grupos parlamentares e aos deputados não inscritos, mas verificou-se que apenas uma deputada não inscrita estava de acordo com a instituição de um sistema de “opt-out” na CPAS. Por isso, quando essa deputada não inscrita apresentou um projecto de lei a instituir a solução proposta no referendo, esse projecto foi rejeitado. Neste momento essa deputada não inscrita já nem sequer está no Parlamento pelo, que se saiba, neste momento não há um único deputado à Assembleia da República a defender o sistema de “opt-out”, conforme foi aprovado no referendo”, concluiu o bastonário.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Marcelo antecipa ano “mau” em 2023. Economistas não descartam recessão

Fatores como as subidas de juro e os preços do gás trazem incerteza, mas economistas preveem uma desaceleração da economia e inflação ainda elevada para o próximo ano.

A três semanas de ser apresentado a proposta de Orçamento do Estado para 2023, o Presidente da República alertou o Governo de que deveria revelar a “visão” para o próximo ano, nomeadamente o cenário macroeconómico. O Executivo ainda não deu muitas pistas, mas as previsões mais recentes das instituições económicas, nacionais e internacionais, apontam para um crescimento entre 1% e 2%. Economistas preveem crescimento mais fraco e inflação ainda elevada.

A possibilidade de uma recessão começa a afigurar-se como provável, mas há ainda a hipótese de existir “apenas” uma desaceleração da economia, caso seja possível com as políticas reduzir a inflação antes de se ir longe demais. “O risco é os bancos centrais levarem a luta contra a inflação demasiado rápido e longe demais, porque vão induzir recessão“, salienta João Lampreia, estrategista chefe do banco BiG, ao ECO.

O cenário macroeconómico do próximo ano tem ainda vários fatores de incerteza, mas o Presidente da República defendeu que o Governo “talvez ganhasse em explicar aos portugueses que visão tem para o [próximo] ano”, bem como as previsões macroeconómicas para 2023. Marcelo Rebelo de Sousa reiterou que é “muito importante para que os portugueses percebam que, quando o Governo diz que não pode ir mais longe agora [nas medidas de apoio], é porque o que vem aí é mau”.

Contactado oficialmente pelo ECO, o Ministério das Finanas não fez comentários ao desafio de Marcelo. Até agora, o Executivo apenas se pronunciou sobre os números com os quais está a trabalhar para este ano. No que diz respeito à inflação, o primeiro-ministro aponta que antecipam um valor de 7,4%. Já para o crescimento económico, na apresentação do pacote de medidas para as famílias ficou a indicação de que deverá rondar os 6,4%. Quanto aos restantes indicadores, Fernando Medina indicou que o rácio da dívida pública face ao PIB deverá ficar abaixo dos 120,7%, que estavam previstos também no Orçamento deste ano, enquanto para o défice a previsão é de 1,9%.

Já para o próximo ano o Governo não avançou ainda com números. É possível, no entanto, olhar para as previsões das outras instituições para montar um cenário, sendo de ressalvar que devido à incerteza os cenários têm vindo a ser revistos ao longo do ano.

Começando por Bruxelas, nas previsões económicas de Verão do Executivo comunitário a Comissão Europeia reviu em alta as previsões para o crescimento do produto interno bruto (PIB) de Portugal em 2022, de 5,8% para 6,5%. No entanto, as projeções de crescimento para 2023 recuaram, passando de 2,7% para 1,9%. Bruxelas divulga também previsões para a inflação, que foram revistas em alta para ambos os anos. Para Portugal prevê uma inflação de 6,8% em 2022 e 3,6% em 2023, subidas face aos 4,4% e 1,9% estimados nos últimos dados.

Já o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê um crescimento do PIB de Portugal de 5,8% em 2022, de 1,9% em 2023, 2,4% em 2024, 2,1% em 2025 e 1,9% nos dois anos seguintes, segundo as últimas previsões apresentadas, a 30 de junho. A previsão da inflação (IHPC) é de 6,1% este ano e de 3,5% no próximo. Relativamente à taxa de desemprego, estima que seja de 6,5% em 2022 e 6,4% em 2023, 2024 e 2025.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) também tem previsões, de junho deste ano, que contemplam uma revisão em baixa do crescimento do PIB, que estimam que seja de 1,7% no próximo ano. Já para a inflação, a projeção é que se fixe nos 4% em 2023.

Previsões para 2023

Por cá, o Banco de Portugal prevê que a economia portuguesa desacelere a partir do segundo trimestre deste ano e até ao final de 2022. Assim, em 2023, a previsão de crescimento é revista em baixa para 2,6% (2,9% no boletim económico de março). Em 2024, a economia portuguesa deverá crescer 2%. O banco central prevê também que a taxa de inflação em Portugal continuará acima de 2% em 2023 (2,7%) e será de exatamente 2% em 2024, de acordo com as novas projeções de junho.

Quanto ao Fórum para a Competitividade prevê uma “forte desaceleração”, com risco de recessão no próximo ano, segundo a nota de conjuntura para julho. “Para 2023, há a expectativa de uma forte desaceleração, com riscos crescentes de haver uma recessão, cujo início, profundidade e duração são as maiores incógnitas”, lê-se na nota.

Pedro Braz Teixeira, diretor do Gabinete de Estudos do Fórum para a Competitividade, diz ao ECO que “para o próximo ano pode-se esperar uma economia muito mais fraca do que este ano, com a possibilidade de ter uma recessão e uma inflação provavelmente mais baixa do que este ano, mas se calhar a não baixar muito, ainda muito longe dos 2%”. Ressalva, ainda assim, que existe uma elevada incerteza.

Esta combinação de inflação alta com economia enfraquecida não é comum e coloca os bancos centrais numa posição ingrata

Pedro Braz Teixeira

Isto já que, tal como a pandemia, a “guerra é fenómeno não económico, que introduz incerteza muito superior à incerteza comum à atividade económica”, não tendo comportamentos históricos e muitas possibilidades. Além disso, vive-se uma “conjuntura extremamente desafiante, com a economia a abrandar com a inflação elevada”, o que é “uma combinação invulgar”, salienta.

“Esta combinação de inflação alta com economia enfraquecida não é comum e coloca bancos centrais numa posição ingrata”, considera o economista, tendo em conta que ao tentar controlar a inflação podem “aumentar a probabilidade de recessão”.

Quanto à necessidade de dar expectativas para o próximo ano, Pedro Braz Teixeira destaca dois indicadores que era importante conhecer mesmo antes do Orçamento: “Qual é o aumento previsto para salários da Função Pública e também o que se pensa fazer na atualização dos escalões do IRS”. Estas questões vão ser “bastante importantes para as famílias e empresas definirem e pensarem como vai ser o próximo ano”.

As expectativas de inflação a médio prazo continuam bem ancoradas, mas em 2023 é provável que os aumentos de preços sejam um pouco mais elevados do que o esperado e que o crescimento seja mais fraco

Teresa Gil Pinheiro

Research BPI

De facto, a rápida alteração da situação motiva a revisões frequentes. Numa nota de research do BPI de setembro, Teresa Gil Pinheiro destaca que “a mudança nas perspetivas dos preços do gás, e as crescentes pressões inflacionistas, obrigar-nos-ão a ajustar o cenário de previsão para a economia portuguesa, o que faremos no próximo mês”.

“As expectativas de inflação a médio prazo continuam bem ancoradas, mas em 2023 é provável que os aumentos de preços sejam um pouco mais elevados do que o esperado e que o crescimento seja mais fraco”, sinaliza a economista do BPI. O banco previa um crescimento do PIB de 2% para 2023 e uma inflação de 2,2%.

Olhando para o próximo ano, as perspetivas “são agora menos favoráveis, pois a economia enfrenta riscos negativos que afetarão a atividade, sobretudo na transição de 2022 para 2023, com maior impacto no crescimento de 2023”, lê-se na nota. “Estas perspetivas menos favoráveis decorrem do possível prolongamento das tensões no mercado energético na Europa, pressionando em alta os preços dos bens energéticos e impactando negativamente o consumo e os custos de produção”.

Este é um fator mencionado também por Pedro Braz Teixeira, que sinaliza que a agravar o cenário está a ameaça, que “em parte já foi cumprida, de Rússia de não retomar funcionamento do gás natural”, sendo que “ainda há dois gasodutos com o risco de novos cortes e fala-se de racionamento de gás e recessão na Alemanha”.

Na nota do BPI salienta-se ainda que “paralelamente, a procura também será condicionada pelo aumento mais sustentado das taxas de juro, como forma de combater a inflação, ainda que as poupanças acumuladas no período de confinamento constituam um suporte importante para o consumo das famílias”.

Os bancos centrais ainda têm algum espaço, porque neste momento as nuvens começam a adensar mas a economia ainda está a crescer

João Lampreia

BiG

Para João Lampreia, esta subida de taxas será determinante para a evolução da economia. Isto já que os bancos centrais “têm algum espaço, porque neste momento as nuvens começam a adensar mas a economia ainda está a crescer”. “À medida que percebem que há efeito negativo”, a atuação começa a mudar, e esse ritmo é que poderá ditar se a economia aguenta ou não, considera.

O economista do BiG admite que o cenário mais provável na Europa é uma recessão, mas diz que a economia pode também só desacelerar. O que acontecer nos restantes países vai afetar Portugal, até porque “temos um peso de taxa variável muito grande e somos um país de médio baixo rendimento”, salienta.

Apesar dos riscos, alguns fatores nomeadamente a descida em alguns preços de matérias-primas e o facto de os mercados já estarem a contar com uma desaceleração podem ajudar a evolução da situação. Se a “economia conseguir desinflacionar e evitar recessão, seria o melhor cenário”, aponta o economista.

O ECO questionou o Ministério das Finanças se iria antecipar o cenário macroeconómico, mas não obteve resposta até à publicação deste artigo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Relatório S&P: impacto climático vai atingir ativos

  • ECO Seguros
  • 19 Setembro 2022

Mais de 90% das maiores empresas globais terão pelo menos um ativo exposto aos impactos físicos das alterações climáticas até 2050, apura S&P Global Ratings.

Segundo o relatório da S&P Global Ratings, não for possível controlar as emissões prejudiciais ao clima, 98% das empresas de grande escala – classificadas no índice S&P Global 1200 – poderão estar expostas a riscos maiores até 2090.

O conjunto de dados S&P mede o risco físico do clima para os assets.

Se o objetivo do Acordo Climático de Paris, de limitar o aquecimento global a menos de 2 graus Celsius, for alcançado, a quota das grandes empresas com ativos de alto risco físico poderia ser reduzida para 39%.

“Os investidores e as empresas procuram análises avançadas para responder aos impactos financeiros das alterações climáticas. Essencial para isto, é a capacidade de quantificar o impacto financeiro das alterações climáticas a nível de ativos, para permitir um planeamento significativo da mitigação e adaptação”, disse James McMahon, Diretor Executivo do The Climate Service, parte da S&P Global, em declarações.

Ao recorrer a modelo climáticos que simulam a física, química e biologia da atmosfera, terras e oceanos, a S&P disse ser capaz de avaliar o risco para mais de 20 mil empresas e mais de 870 mil localizações de ativos, pontuando cada uma numa escala de 0 a 100.

Até 2050, prevê-se que cada empresa terá, pelo menos, um ativo com uma pontuação superior a 75, o que é considerado um risco significativamente elevado resultante de impactos climáticos como calor extremo, frio extremo, incêndios florestais, stress hídrico, seca, inundações costeiras, inundações fluviais e ciclones tropicais.

“Depois de pontuar um ativo para exposição ao risco físico, a S&P é então capaz de calcular o impacto financeiro, permitindo às empresas adaptar a sua exposição”, disse o Diretor.

Em termos simples, este conjunto de dados permite às empresas e aos investidores compreenderem os riscos climáticos – e, principalmente, o que poderiam custar”, esclareceu McMahon.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.