Vodafone renova patrocínio ao Primavera Sound Porto

  • + M
  • 6 Junho 2024

A Vodafone vai ativar a sua presença oferecendo prémios aos festivaleiros através da "Roda Happy Days", dando nome a um palco e assegurando a infraestrutura tecnológica do recinto.

A Vodafone volta a associar-se ao Primavera Sound Porto, enquanto patrocinadora e parceira tecnológica do festival que decorre entre 6 e 8 de junho, no Parque da Cidade. A marca de telecomunicações tornou-se no ano passado a nova patrocinadora e parceira tecnológica do festival que até 2022 teve a Nos como naming sponsor.

A marca vai ativar a sua presença no festival através da “Roda Happy Days”, que oferece prémios a todos os participantes. Para isso, os festivaleiros – quer sejam clientes Vodafone ou não – têm apenas de girar a roda para se habilitarem a receber prémios como smartphones Google Pixel7a e 8a, Google Pixel smartwatches, sweatshirts ou garrafas reutilizáveis.

“Esta ativação é a materialização da roda digital do programa Vodafone Happy, o ecossistema de ofertas da Vodafone e de parceiros, disponibilizado através da App My Vodafone, que oferece um prémio semanal aos clientes da operadora”, explica a marca em nota de imprensa.

O público pode ainda contar no recinto com a guitarra Vodafone, “um dos símbolos da ligação da Vodafone à música”, onde podem tirar fotos “instagramáveis”.

A Vodafone dá ainda nome a um palco, onde vão passar dezenas de atuações, como as de Mitski, Justice, Pulp ou The Legendary Tigerman. A estes, ao longo dos três dias do festival, juntam-se outros nomes como SZA, PJ Harvey, Lana del Rey, The National, Samuel Úria, Ana Lua Caiano ou Tiago Bettencourt.

Enquanto operadora oficial do festival, a Vodafone tem também como uma das suas missões assegurar a infraestrutura tecnológica do recinto. Para isso, reforçou a sua rede fixa e móvel – “não só pela quantidade de pessoas que são esperadas, como também para fazer face aos novos hábitos de utilização do público” – e disponibiliza dois pontos para carregamento de telemóveis, com 200 tomadas elétricas.

Este patrocínio reforça a ligação da marca à música, setor que “tem um papel central na sua estratégia”, assim como a sua “associação a grandes eventos do setor que decorrem a Norte de Portugal, região em que a Vodafone tem uma forte base de Clientes desde o início da sua atividade”, refere-se em nota de imprensa.

O festival conta ainda, enquanto patrocinadores, com as marcas Super Bock, Bacana Play, Papa Figos, Delta, Idealista, Agência Abreu, Toyota, Somersby, Jameson, Beefeater, Coca-Cola, Uniqlo, MDS e MB Way.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

BCE corta taxas de juro pela primeira vez em quase cinco anos

O Banco Central Europeu confirmou as expectativas de investidores e analistas e cortou as taxas diretoras em 25 base, após um ciclo de 10 subidas que aumentaram o preço do euro em 450 pontos base.

O Conselho do Banco Central Europeu (BCE), presidido por Christine Lagarde, anunciou esta quinta-feira um corte de 25 pontos base das taxas diretoras, colocando assim a taxa de juro de facilidade permanente de depósito nos 3,75%, a taxa de juro de refinanciamento nos 4,25% e a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez nos 4,5%, que terá efeitos a partir de 12 de junho.

Esta decisão está longe de ser uma surpresa para investidores e analistas, que já aguardavam este desfecho, e vai ao encontro do abrandamento da taxa de inflação desde que atingiu um máximo histórico em outubro de 2022 de 10,6%.

“Com base numa avaliação atualizada das perspetivas de inflação, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária, é agora apropriado moderar o nível de restritividade da política monetária, após as taxas de juro terem sido mantidas constantes durante nove meses“, refere o Conselho do BCE em comunicado.

Apesar desta decisão ser amplamente esperada pelos investidores e analistas, é um marco na política monetária do BCE, que ao fim de quase cinco anos e depois de um ciclo de 10 subidas consecutivas entre julho de 2022 e setembro de 2023 que incrementaram o preço da moeda única em 450 pontos base, realizou o primeiro corte das taxas de juro.

powered by Advanced iFrame free. Get the Pro version on CodeCanyon.

A entidade liderada por Christine Lagarde sustenta o corte das taxas na evolução recente da taxa de inflação na área do euro, destacando que, desde a reunião do Conselho do BCE de setembro de 2023, a inflação desceu mais de 2,5 pontos percentuais “e as perspetivas de inflação melhoraram significativamente”, destacando ainda que “a inflação subjacente também abrandou, reforçando os sinais de enfraquecimento das pressões sobre os preços, tendo as expectativas de inflação baixado em todos os horizontes.”

Apesar desta situação, o BCE reforça que “as pressões internas sobre os preços permanecem fortes, dado que o crescimento dos salários é elevado, sendo provável que a inflação se mantenha acima do objetivo durante grande parte do próximo ano”, refere o Conselho do BCE em comunicado.

O BCE não avança com qualquer indicação de futuros cortes das taxas de juro, apesar de o mercado antecipar um corte por trimestre até ao final do ano, sublinhando que “o Conselho do BCE continuará a seguir uma abordagem dependente dos dados e reunião a reunião na definição do nível e da duração adequados da restritividade.”

O BCE recorda que as projeções mais recentes dos especialistas do Eurosistema indicam uma revisão em alta para a inflação global e a inflação subjacente em 2024 e 2025, em comparação com as previsões de março. “Os especialistas do Eurosistema projetam agora que a inflação global seja, em média, de 2,5% em 2024, 2,2% em 2025 e 1,9% em 2026.”

O comunicado do BCE não avança com qualquer indicação de futuros cortes, apesar de o mercado antecipar um corte por trimestre até ao final do ano, sublinhando que “o Conselho do BCE continuará a seguir uma abordagem dependente dos dados e reunião a reunião na definição do nível e da duração adequados da restritividade”, e que “as suas decisões sobre as taxas de juro basear‑se‑ão na avaliação das perspetivas de inflação, à luz dos dados económicos e financeiros que forem sendo disponibilizados, da dinâmica da inflação subjacente e da robustez da transmissão da política monetária.”

“O BCE atuou e seguiu as suas orientações. Não estão a comprometer-se com novos cortes nas taxas e uma medida em julho está fora de questão”, refere MArchel Alexandrovich, economista para o mercado europeu da Saltmarsh Economic, citado pela Reuters.

O comunicado do Conselho do BCE destaca também a intenção a autoridade monetária do euro continuar a reduzir as posições do Eurosistema em títulos adquiridos ao abrigo do programa de compra de ativos devido à emergência pandémica (pandemic emergency purchase programme – PEPP), avançando que, durante o segundo semestre do ano, deverá reduzir o PEPP numa média de 7,5 mil milhões de euros por mês.

Além disso, refere também que “as modalidades de redução das posições no âmbito do PEPP estarão globalmente em consonância com as seguidas no contexto do programa de compra de ativos (asset purchase programme – APP)” e que “a carteira do APP está a diminuir a um ritmo comedido e previsível, dado que o Eurosistema deixou de reinvestir os pagamentos de capital de títulos vincendos.”

O comunicado do BCE termina com o Conselho do BCE a sublinha, mais uma vez, que “está preparado para ajustar todos os instrumentos ao seu dispor, no âmbito do seu mandato, com vista a assegurar que a inflação regressa ao seu objetivo de 2% no médio prazo e a preservar o bom funcionamento da transmissão da política monetária.”

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Mota-Engil ganha contrato de 135 milhões de euros no Brasil

A empresa de construção portuguesa, que fechou o primeiro trimestre com a adjudicação de 2,6 mil milhões de contratos, ganhou um outro no Brasil para a implantação do Veículo Ligeiro de Transporte.

A Mota-Engil, em consórcio com duas empresas, assinou um novo contrato num valor superior a 135 milhões de euros, para execução das obras civis e de urbanização para a implantação do Veículo Ligeiro de Transporte (VLT), o novo sistema de transporte ferroviário no Brasil, na região de Salvador, adiantou a empresa em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

“O novo contrato, no valor de cerca de 791 milhões de reais, tem por objeto a elaboração e o desenvolvimento dos projetos básico, executivo e “As Built”, execução das obras civis e de urbanização, fornecimento e implantação dos sistemas de energia (rede aérea de tração e subestações) e trabalho técnico social para fins de desapropriação, visando a implantação do VLT (Veículo Ligeiro de Transporte ferroviário) de Salvador e Região Metropolitana trecho Águas Claras – Piatã de 10,52 Km de extensão, com um prazo de execução de 50 meses”, explica a construtora portuguesa em comunicado.

A empresa liderada por Carlos Mota Santos realça que com este contrato, a Mota-Engil continua a reforçar a sua presença na América Latina, “através do sucesso na contratação de novos projetos de grande dimensão nos mercados core na região”.

Na divulgação de resultados do primeiro trimestre de 2024, apresentados no passado dia 21 de maio e que revelaram um crescimento de 54% para 20 milhões de euros, a Mota-Engil destacou um “novo recorde da carteira de encomendas”, com 14 mil milhões de euros. Segundo o grupo, 2,6 mil milhões de contratos foram adjudicados no primeiro trimestre deste ano, sobretudo de engenharia e construção em África.

Assim, os mercados centrais (core) do grupo pesam “77%, com Angola a representar 24%, seguida pelo México, com 20%, e Nigéria com 16%”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Transporte de mercadorias por estrada e ferrovia caiu no arranque do ano

Dados do INE revelam que apesar de o número de embarcações de comércio que entraram nos portos nacionais ter diminuído ligeiramente (-0,9%), o movimento de mercadorias aumentou.

O transporte de mercadorias por via ferroviária recuou 6,5% no primeiro trimestre deste ano, face ao período homólogo, enquanto o transporte de mercadorias por via rodoviária encolheu 12,6%, segundo os dados divulgados esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Entre janeiro e março, foram movimentadas 2,2 milhões de toneladas por via ferroviária em território nacional, o que representa uma queda de 6,5% face ao primeiro trimestre de 2023 e de 2,3% face ao trimestre anterior. O decréscimo é justificado com a diminuição do tráfego nacional, que encolheu 12,1% face ao período homólogo, dado que o transporte de mercadorias em tráfego internacional cresceu 6,9% face a igual trimestre do ano passado, indica o gabinete de estatísticas.

Também o transporte rodoviário de mercadorias continuou a encolher, tendo recuado 12,6% para 29,1 milhões de toneladas no primeiro trimestre, face ao trimestre anterior. Já a queda em cadeia foi de 7,3%. “Ambas as tipologias de transporte registaram decréscimos: o transporte nacional contraiu 12,4% para 24,4 milhões de toneladas enquanto o transporte internacional reduziu-se em 13,4% para 4,6 milhões“, realça o INE.

Os dados do INE revelam ainda que apesar de o número de embarcações de comércio que entraram nos portos nacionais terem diminuído ligeiramente (-0,9%), o movimento de mercadorias aumentou. “Movimentaram-se 20,6 milhões de toneladas de mercadorias, correspondendo a um aumento de 2,5%, após o decréscimo de 2,5% registado no quarto trimestre de 2023”, lê-se.

Transporte de passageiros aumenta por barco, comboio, metro e avião

Já no que toca ao transporte de passageiros, o INE indica que o transporte de passageiros por via fluvial registou um aumento de 8% relativamente ao primeiro trimestre de 2023, atingindo 5,2 milhões de passageiros. Ao mesmo tempo, entre janeiro e março viajaram por comboio 51,8 milhões de passageiros, uma subida de 17% face ao período homólogo.

Quanto ao metropolitano, foram transportados 67,9 milhões de passageiros no primeiro trimestre, o que representa uma subida de 5% face ao primeiro trimestre de 2023. “Este aumento resultou, exclusivamente, das melhorias homólogas registadas em janeiro e em fevereiro de 2024, já que em março de 2024 o número de passageiros transportados por metropolitano decresceu 3,3% em termos homólogos” nota o instituto.

Já no que toca ao tráfego aéreo, os aeroportos portugueses receberam 13,6 milhões de passageiros no primeiro trimestre deste ano, mais 5,9% face ao mesmo período de 2023, tal como já havida sido divulgado pelo INE.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Marta Temido e as buscas antes das eleições. “Quem está na vida política já se surpreende com pouca coisa”

"Os ministros não autorizam a administração de medicamentos, sobretudo quando não são médicos", defende-se Marta Temido, negando ter tido "conhecimento" do alegado favorecimento no caso das gémeas.

Marta Temido, cabeça de lista do PS às eleições europeias e que à época era ministra da Saúde, reitera que não teve conhecimento de um alegado favorecimento das gémeas luso-brasileiras tratadas no Hospital Santa Maria com o medicamento Zolgensma, um caso que motivou esta manhã a realização de buscas por parte da Polícia Judiciária.

“Insisto. Não tive de facto conhecimento”, afirmou Marta Temido, sublinhando que “os ministros não autorizam a administração de medicamentos, sobretudo quando não são médicos”. Apesar de garantir que ainda não foi notificada, a antiga governante demonstrou-se “disponível para dar todos os esclarecimentos”. “Estamos cá para responder por aquilo que fizemos e por aquilo que não fizemos”, disse, em declarações transmitidas pela RTP3.

Questionada sobre esta mega operação a pouco dias das eleições, a antiga governante assegurou estar convicta de que o timming das buscas é “fundamentado no apuramento da verdade”, mas fez questão de sublinhar que “quem está na vida política já se surpreende com muito pouca coisa”. Temido garante, por isso, estar “tranquila” e disse acreditar que o tema não afetará a campanha eleitoral em curso.

Já o líder do Chega disse “estranhar” que a anterior ministra da Saúde “não saiba de nada”, quando António Lacerda Sales — um dos principais visados nesta investigação — era seu secretário de Estado. Para André Ventura, este caso “mostra como o PS esta cúmplice a tentar abafar a investigação”. Apesar de a Presidência da República não ter sido, para já, visadas nas buscas, o presidente do Chega aconselhou a Marcelo Rebelo de Sousa a prestar mais esclarecimentos, dado o alegado envolvimento do seu filho, Nuno Rebelo de Sousa, amigo dos pais das crianças.

Já Sebastião Bugalho, cabeça de lista pela AD para as europeias, rejeitou fazer “juízos de valor e juízos de facto” sobre a investigação em curso, que está em segredo de justiça. “Eu não nacionalizo a campanha nem para me aproveitar dos sucessos do Governo, nem para me aproveitar das controvérsias da oposição”, acervou aos jornalistas.

(Notícia atualizada)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Caso EDP. Pinho condenado a dez anos e Ricardo Salgado a seis anos e três meses por corrupção

O tribunal deu como provado que o casal Pinho recebeu ilegalmente quatro milhões e 943 mil euros. Tese dos arguidos“não convenceu o tribunal” por ser “inverosímil, incoerente e ilógica”.

“Não há dúvidas de que entre Ricardo Salgado e Manuel Pinho foi celebrado um pacto corruptivo”. As palavras são da juíza do coletivo do processo EDP. Manuel Pinho foi, assim, condenado a 10 anos de prisão efetiva por corrupção, fraude fiscal e branqueamento. Ricardo Salgado condenado a seis anos e três meses por corrupção e branqueamento. E Alexandra Pinho condenada a quatro anos e oito meses de prisão. A magistrada decidiu penas superiores às pedidas pelo Ministério Público (9 anos para Pinho e seis anos para Salgado) numa decisão que já ficou marcada por ser a primeira em que um ex-governante é condenado pelo crime de corrupção.

 

“Circunstâncias em que ocorreram pagamentos, atuação do arguido no Ministério, a criação de estruturas financeiras com manifesto objetivo de ocultar o dinheiro, provam a existência de pacto corruptivo entre Ricardo Salgado e Manuel Pinho para que este continuasse ao serviço do BES/GES”, disse a juíza.

A leitura do acórdão pelo coletivo de juízes presidido pela magistrada Ana Paula Rosa decorreu esta quinta-feira no Campus de Justiça, em Lisboa, num julgamento que começou em outubro de 2023 e pelo qual passaram cerca de uma centena de testemunhas, entre as quais os antigos primeiros-ministros Pedro Passos Coelho, José Sócrates e Durão Barroso.

No acórdão de 700 páginas, a magistrada do processo EDP deu como provados “1030 factos” que considerou serem “imensos”, defendendo que o ex-ministro da Economia de Sócrates atuou sempre a favor dos interesses de Ricardo Salgado e não dos interesses públicos, usando “um cargo público, violando a lei (…) e mercadejou com o cargo, pondo em causa a confiança do cidadão no Governo.” Através de um “esquema previamente delineado”, violando deveres funcionais de ministro. A magistrada judicial disse ainda que os três arguidos “tinham conhecimento de que ao transferir montantes para a Suíça encobriram a origem dos montantes pagos a Manuel Pinho”, acrescentou a juíza. A tese apresentada por Manuel Pinho “não convenceu o tribunal” por ser “inverosímil, incoerente e ilógica”, fazendo parte de uma espécie de “realidade virtual”.

Quanto ao ex-líder do BES, o tribunal considera que, apesar da doença de Alzheimer, o tribunal considera que mantém boa capacidade de expressão e interação social e raciocínio, pelo que não impede que seja arguido. Ricardo Salgado foi o único arguido a não estar presente na sala de tribunal.

Na lista dos factos provados, a juíza considerou que Pinho e a mulher abriram uma offshore no Panamá para ocultar dinheiro de forma ilícita e que o casal recebeu ilegalmente quase cinco milhões de euros (4 milhões e 943 mil euros). Referindo-se a Ricardo Salgado, a magistrada disse: “quando foi escolhido para ocupar o cargo de ministro, Ricardo Salgado prometeu a Pinho, para beneficiar indevidamente de forma direta e indireta os interesses do BES e GES, estar sempre disponível para receber 15 mil euros por mês”. O que “ocorreu mensalmente até junho de 2012. Pagamento de 500 mil euros a 11 de maio de 2005. Já Manuel Pinho era ministro há dois anos”.

Nas alegações finais, a 6 de maio, o Ministério Público (MP) pediu uma pena não inferior a nove anos de prisão para o ex-ministro da Economia Manuel Pinho. Para o antigo presidente do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, o MP pediu seis a sete anos de pena de prisão efetiva, enquanto para a mulher do ex-governante, Alexandra Pinho, foi defendida a aplicação de uma pena de quatro anos, suspensa na execução. Já as defesas dos três arguidos pediram a absolvição dos seus clientes.

Manuel Pinho, Ricardo Salgado

Nas alegações finais de quatro horas, o magistrado do MP recuperou os argumentos da acusação e passou em revista a prova produzida ao longo de cerca de sete meses de julgamento, considerando ter ficado provada a existência de um “acordo corruptivo” entre Ricardo Salgado e Manuel Pinho para que este último atuasse em defesa dos interesses do Grupo Espírito Santo (GES) enquanto estivesse no exercício de funções públicas.

“Não era relevante se Ricardo Salgado era o ‘Dono Disto Tudo’. O que interessa para o MP é que Ricardo Salgado foi dono da relação com Manuel Pinho e o que importa é que os pagamentos foram decididos por Ricardo Salgado. Não existe qualquer dúvida que estes pagamentos feitos após a cessação do contrato e foram decididos por Manuel Pinho com Ricardo Salgado”, disse, em alusão aos 15 mil euros mensais pagos por uma sociedade do GES a uma entidade offshore de que o ex-ministro era o beneficiário.

A defesa de Manuel Pinho considerou que “esta acusação é uma galinha moribunda à espera de que um tribunal justo lhe dê a estocada final”, disse Ricardo Sá Fernandes. “O senhor procurador olha para esta acusação e vê um cisne branco a voar, mas é uma galinha moribunda e temos de a enterrar”, disse o advogado.

Manuel Pinho, em prisão domiciliária desde dezembro de 2021, estava a ser julgado no caso EDP por corrupção passiva para ato ilícito, corrupção passiva, branqueamento e fraude fiscal.

A sua mulher, Alexandra Pinho, respondia por branqueamento e fraude fiscal – em coautoria material com o marido -, enquanto o ex-presidente do BES, Ricardo Salgado, respondia por corrupção ativa para ato ilícito, corrupção ativa e branqueamento.

A defesa do ex-banqueiro Ricardo Salgado garantiu que não existem provas que justifiquem uma condenação no julgamento do Caso EDP, lembrando ainda que o seu cliente não é a mesma pessoa devido à doença de Alzheimer.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Semapa cria Fundação Pedro Queiroz Pereira. Educação e proteção social são as áreas prioritárias

Fundação Semapa - Pedro Queiroz Pereira conta com dotação inicial de 10 milhões de euros. Educação e proteção social serão as áreas prioritárias de atuação.

O Grupo Semana constitui a 29 de maio a Fundação Semapa – Pedro Queiroz Pereira, numa homenagem ao “espírito empreendedor e filantrópico” do fundador e antigo presidente do conselho de administração do grupo industrial, falecido em 2018.

A fundação vai contar com uma dotação inicial de 10 milhões de euros e tem como missão dois eixos: a educação e a proteção social. Será liderada por Margarida Rebocho, até aqui responsável pela área de responsabilidade social e filantropia do grupo.

“A Fundação Semapa – Pedro Queiroz Pereira tem um alinhamento total com o propósito do Grupo – Making it Better – orientado para um crescimento sustentado, de criação de valor a longo prazo e uma visão de futuro alinhada com a vontade de gerar impacto positivo nas pessoas e na comunidade. Queremos estar no plano da proatividade, fazer a diferença e ter um impacto social que seja transformador“, afirma Jose Fay, chairman do Grupo Semapa, citado no comunicado divulgado esta quinta-feira.

A educação é sem dúvida o principal elevador social e uma dimensão essencial no combate às desigualdades, sendo absolutamente premente promover, capacitar e valorizar este ecossistema como forma de elevar a qualidade do ensino em Portugal. Esta será a principal missão da Fundação”, diz Margarida Rebocho, também citada na mesma nota.

Na área da proteção social, a fundação irá desenvolver iniciativas em conjunto com entidades que o Grupo Semapa já apoia, como a Fundação Nossa Senhora do Bom Sucesso, dedicada à promoção da saúde materno-infantil, e da Associação Salvador, que atua no âmbito da inclusão de pessoas com deficiência motora.

“Com a escritura pública celebrada, serão agora seguidos os trâmites legais com vista ao pedido de reconhecimento da Presidência do Conselho de Ministros, processo necessário para que a Fundação Pedro Queiroz Pereira comece a operar em pleno e a exercer a sua missão”, refere o comunicado.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Venda da Micronipol à Veolia contou com apoio da Abreu e PLMJ

A Abreu Advogados assessorou o comprador, o Grupo Veolia Portugal. Já a PLMJ esteve do lado da empresa Explorer Investments, que geria a Micronipol.

O Grupo Veolia Portugal comprou a totalidade da Micronipol, empresa de referência especializada na Micronização e Reciclagem de Polímeros, aos fundos geridos pela Explorer Investments, empresa de capital de risco portuguesa. A venda inclui a subsidiária da Micronipol, a Microexpresso – Unipessoal Lda, uma empresa de transporte rodoviário de mercadorias. A Abreu Advogados assessorou o comprador. Já a PLMJ esteve do lado da Explorer Investments.

“A Abreu Advogados assessorou a Veolia Portugal em todo o processo de due diligence e contratação, além de todos os processos que envolveram a comunicação e questões relacionadas com a Autoridade de Concorrência”, explicou o escritório liderado por Inês Sequeira Mendes.

A equipa da Abreu Advogados envolvida na operação foi liderada pela sócia Marta Romano de Castro e contou com o apoio das sócias contratadas Madalena Bernardes Coelho e Patrícia Perestrelo e das associadas Alexandra Jardim e Benedita Marques Pombo.

Já a equipa da PLMJ foi liderada pelo sócio Tomás Almeida Ribeiro e contou a participação da associada Carolina Inverno Branco e do advogado estagiário Martinho Paour, advogado estagiário, todos da área de Corporate M&A.

“Esta operação é o resultado da estratégia implementada na Micronipol desde a entrada da Explorer Investments no capital da empresa, em 2021 e representa o primeiro desinvestimento do Fundo IV”, explicou a PLMJ.

Com esta aquisição, a Veolia reforça a sua presença em Portugal no setor dos resíduos, onde já desenvolve atividades de recolha, transporte, reciclagem e valorização de resíduos, acrescentando agora a vertente da reciclagem de plásticos. O objetivo é acelerar a transformação ecológica, para combater a poluição, a escassez de recursos essenciais e apoiar as cidades e as indústrias na descarbonização das suas atividades.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

+M

Informação é o tipo de formato onde uso de IA mais é rejeitado pelos portugueses

A maior aceitação do uso de IA no audiovisual recai sobre a ficção. Já a maior parte da rejeição é registada junto de situações relacionadas com a informação mas também com a componente humana.

A apresentação foi feita pelo diretor geral da GfK, António Gomes. Foto: APIT

A informação tendencialmente é o tipo de conteúdo que acolhe mais rejeição em termos de utilização de inteligência artificial na sua criação”, avançou António Gomes, diretor geral da GfK, na apresentação de um estudo sobre a relação dos portugueses com a inteligência artificial (IA), em particular na produção audiovisual.

O estudo “A Inteligência Artificial na Produção Audiovisual: O Olhar dos Portugueses”, que contou com 603 entrevistas feitas a portugueses com 18 ou mais anos de idade, foi apresentado na nona edição do Encontro de Produtores Independentes de Televisão.

Segundo o estudo, os programas de informação são mesmo o tipo de conteúdos audiovisuais que apresentam menos aceitação por parte dos portugueses no que toca à utilização de IA para a sua criação, sendo que 26% dizem “não concordar nada” com a sua utilização. No entanto, 14% dizem que “concordam muito”.

Por outro lado, os filmes (25%) e as séries (23%) são os que acolhem a maior percentagem de respostas “concordam muito”, embora 13% dos inquiridos digam que “não concordar nada”.

Quanto a situações concretas onde se possa usar ou vir a usar IA, a maior aceitação volta a recair sobre os filmes e séries, enquanto a maior parte da rejeição é registada junto de situações relacionadas com a informação, mas também aquelas relacionadas com a componente humana.

Tudo o que significa pessoas que são artificiais, a propensão é para uma rejeição maior. Já componentes técnicas têm um índice de aceitação maior”, explicou António Gomes na apresentação.

Por exemplo, um filme ou série onde os cenários sejam criados por IA recolhe uma aceitação de 26% e rejeição de 14%. Por outro lado, um jornalista ou apresentador de telejornal ser criado por IA apresenta uma rejeição de 34%, contra uma aceitação de apenas 11%.

Esta tendência de rejeição, quando se trata do uso de IA para substituição da figura humana, é ainda mais expressiva quanto à hipótese de os concorrentes de um reality show serem criados por IA (37%) ou de um apresentador de um programa da manhã/tarde ser criado por esta tecnologia (35%). Em ambos os casos a aceitação é de apenas 9%.

Entre outros dados apresentados, relacionados com a utilização da inteligência artificial na criação de conteúdos audiovisuais, 26% dos portugueses consideram que é muito interessante esta utilização, enquanto 23% dizem que a mesma é muito adequada.

63% consideram que o uso de IA na criação de conteúdos audiovisuais “vai dar origem a conteúdos audiovisuais falsos com pessoas, vozes e cenários falsos” e 39% que vai “diminuir a criatividade de quem imagina séries, filmes e programas de televisão”. Já 33% afirmam que “vai limitar-nos nos gostos porque só vamos ver o que a IA sugere para nós”.

Num panorama mais positivo, é apontado pelos inquiridos que a IA “vai mudar completamente o
futuro dos filmes e séries como os conhecemos” (45%) e “vai permitir ver imagens inéditas por serem diferentes de tudo o que já vimos” (40%).

É ainda referido pelos portugueses que a IA na produção audiovisual permite melhorar a qualidade das séries/ filmes e programas” (31%) e “ter boas recomendações personalizadas do que ver na televisão” (27%).

O estudo foi apresentado na nona edição do Encontro de Produtores Independentes de Televisão. Foto: APIT

Entre as desvantagens da IA na criação de conteúdos audiovisuais, os portugueses apontam principalmente a contribuição para o aumento do desemprego (14%), ao que se segue a criação de conteúdos falsos, a falta da parte humana nos conteúdos e a perda de criatividade, aspetos referidos por 9% dos inquiridos.

Já entre as vantagens, 10% acham que a IA ajuda na produção/eficiência na produção, enquanto 8% respondem que potencia a criatividade. Já 7% dizem que permite criar conteúdos mais rapidamente.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo muda a lei para integrar consultores no apoio técnico ao PT2030 e acelerar execução de fundos europeus

Recursos humanos a recrutar para acelerar execução do atual quadro comunitário têm de ter “experiência e competência” em áreas como sistemas de informação, auditoria e fiscalização ou engenharia.

O Governo alterou a lei para permitir integrar consultores nos secretariados técnicos dos programas do Portugal 2030. O objetivo é reforçar as estruturas com recursos humanos experientes para suprir as necessidades identificadas e acelerar a execução do atual quadro comunitário de apoio.

O modelo de governação dos fundos europeus para o período de programação 2021-2027, criado em janeiro de 2023, determinava que o secretariado técnico de cada programa (temático ou regional) tinha um número máximo de elementos, assim como de equipas, que era definido por uma resolução do Conselho de Ministros.

O recrutamento dos elementos para o secretariado técnico podia ser feito através da afetação de trabalhadores da Agência para o Desenvolvimento & Coesão, para as autoridades de gestão dos programas temáticos e de assistência técnica, ou das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) para as autoridades de gestão dos programas regionais.

Mas o novo Executivo decidiu a possibilidade de integrar consultores nos secretariados técnicos dos programas vários operacionais do PT2030, para “colmatar necessidades prementes sinalizadas pelas autoridades de gestão em matérias e em funções específicas, que carecem de reforço de recursos humanos”. Assim, o secretariado técnico passa a poder integrar consultores.

O decreto-lei, publicado esta quinta-feira em Diário da República, define que estes recursos humanos têm de ter “experiência e competência” em áreas como os sistemas de informação, auditoria e fiscalização ou engenharia, entre outras, “cujo recrutamento se revela essencial no âmbito da execução do Portugal 2030”.

O decreto-lei não especifica que tipo de consultores poderão ser integrados nos programas do PT2030, mas o ECO sabe que o objetivo será recorrer também a privados.

O ministro da Coesão já sublinhou por diversas vezes a necessidade de reforçar as equipas que lidam transversalmente com os fundos comunitários. Para a análise de candidaturas e de pedidos de pagamento irá recorrer a universidades e politécnicos, além de criar uma bolsa de técnicos aos quais será possível recorrer pontualmente.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Conferência “Sustainability4cities”: Como tornar as cidades sustentáveis?

  • BRANDS' ECO
  • 6 Junho 2024

Decorreu ontem, na Fundação de Serralves, a conferência “Sustainability4cities”, que reuniu vários especialistas para discutirem as formas de tornar as cidades mais inclusivas e sustentáveis.

A Conferência “Sustainability4cities”, organizada pela Ordem dos Engenheiros – Região Norte (OERN), em parceria com a Fundação de Serralves, decorreu, ontem, Dia Mundial do Ambiente, durante o período da manhã, no Auditório do Museu de Arte Contemporânea da Fundação de Serralves.

O evento reuniu um conjunto de oradores especialistas que analisaram as diferentes abordagens para a constituição de cidades e comunidades inclusivas, seguras, resilientes, sustentáveis e biodiversas. O programa contou, ainda, com a realização de visitas guiadas e temáticas no Parque de Serralves.

Na abertura da sessão marcaram presença Ana Pinho, Presidente do Conselho de Administração da Fundação de Serralves; Maria João Correia, Vice-Presidente OERN; Fernando de Almeida Santos, Bastonário da Ordem dos Engenheiros; e Filipe Araújo, Vice-Presidente da Câmara Municipal do Porto.

“A sustentabilidade não é apenas uma palavra de moda. É uma necessidade absoluta e urgente. Está em causa o nosso modo de vida. Teremos de aprender a melhorar a forma como produzimos e consumimos energia, como construímos e mantemos edifícios, como usamos os transportes, como queremos que sejam as cidades onde vivemos e as que visitamos. E todos estes são temas onde os engenheiros são fundamentais”, começou por dizer Ana Pinho.

Nesse sentido, ressalvou a importância de se criarem “comunidades inclusivas e seguras” nas cidades, “onde todas as pessoas tenham igual acesso a serviços de qualidade”: “Para tal, é essencial que se invista em transportes públicos eficientes e que se desenvolvam políticas de habitação que garantam que todos têm um lugar digno para viver. Também é fundamental desenharmos edifícios e espaços públicos funcionais, isto porque as nossas cidades estão a ser vítimas de mudanças climáticas e precisam de ser projetadas para resistirem e se adaptarem a elas. Isso exige infraestruturas que suportem estes eventos, bem como a implementação de sistemas de alertas e planos de emergência eficazes”.

A requalificação de edifícios antigos, a preservação e restauração de ecossistemas naturais e a integração de espaços verdes nas áreas urbanas também foram medidas destacadas pela Presidente da Fundação de Serralves, que afirmou ser uma forma eficaz de “melhorar a qualidade do ar e proporcionar habitats para a fauna e flora, como também oferecer locais de lazer e bem-estar para a população”. E, neste ponto, deu o exemplo da Fundação de Serralves que, além de ser “o pulmão da cidade”, é também “um local de encontro, educação e inspiração para os habitantes”. “A consolidação dos 18 hectares do parque de Serralves, com mais de 100 mil exemplares de espécies contribuem para absorção de carbono na cidade”, disse.

Por essa razão, Maria João Correia explicou que foi importante trazer esta edição da conferência “Sustainability4cities” para Serralves, já que considera a Fundação “um exemplo a seguir por qualquer cidade”. “E, apesar de absorver muito dióxido de carbono através de toda a sua vegetação e arvoredo, reconhece que tem um percurso a fazer em prol da sua sustentabilidade, e tem a sua própria estratégia para a neutralidade carbónica.

A vice-presidente da OERN acrescentou, ainda, que esta conferência nasceu em 2020, quando a OERN entendeu “que era muito importante trazer a discussão o tema da sustentabilidade das cidades”: “Isto porque mais de metade da humanidade vive em cidades e estas são responsáveis por cerca de 65% das emissões de gases com efeitos de estufa. Havendo ainda pouco progresso nas nossas cidades a nível nacional, é essencial debatermos este tema”.

“A sustentabilidade, por si só, é um étimo suave e agradável pela simples razão de ser de aplicação facultativa, o que não quer dizer que não estejamos obrigados a aplicá-la, mas é no sentido positivo. Contrariamente à palavra resiliência, que é impositiva. Neste caso, a sustentabilidade é fazer bem as coisas, já a resiliência é aguentar até conseguir passar um período negativo. Mas a sustentabilidade não se esgota no ambiente. O ambiente é um dos pilares entre os três essenciais da sustentabilidade, que é o ambiente, o social e o económico. Se os dois primeiros não se conjugaram bem, contribuem negativamente para o económico. Na Ordem dos Engenheiros preocupa-nos a questão ambiental e temos vindo a fazer uma série de trabalho sobre estas matérias de energia, clima, ambiente, mas também pessoas. Nós não somos um país sustentável se não tivermos pessoas“, realçou, por sua vez, Fernando de Almeida Santos, Bastonário da Ordem dos Engenheiros.

A última intervenção da abertura foi feita por Filipe Araújo, Vice-Presidente da Câmara Municipal do Porto, que destacou o trabalho que a Câmara do Porto tem vindo a desenvolver para promover a sustentabilidade da cidade: “Temos trabalhado muito nas áreas que envolvem as questões da sustentabilidade, seja na área da energia, da água, da economia circular, de inclusão e também dos transportes. Mas este é um tema que não diz respeito apenas ao que o município pode fazer enquanto instituição, é um tema que diz respeito a um caminho que temos percorrido com diversas instituições da cidade“.

Equilíbrio entre urbanismo e natureza determina o bem-estar

Depois da sessão de abertura, seguiu-se o primeiro painel de debate, moderado por Rui Calçada, Diretor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, com o tema “Ecossistemas e Biodiversidade – Panorama nas cidades”. Este painel contou com a presença de Helena Freitas, Diretora do Parque de Serralves; Nuno Banza, Presidente do Conselho Diretivo do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas; Ricardo Rio, Presidente da Câmara Municipal de Braga; e Paula Mendes, Diretora do Departamento de Educação, Comunicação e Sustentabilidade da Lipor.

Hoje somos maioritariamente urbanos e, nas próximas duas ou três décadas, atingiremos cerca de 70%. Temos de aprender a viver nestes ambientes, não deixando de suprir as necessidades humanas, que passam pela conservação dos ecossistemas e da natureza. E este é um desafio tremendo que temos pela frente, é o grande desafio do século XXI“, começou por dizer Helena Freitas.

A diretora do Parque de Serralves acrescentou ainda que, neste contexto, “Serralves é um um exemplo notável de como é possível conservar um espaço verde na cidade e fazer dele um ato permanente de pedagogia pelo ambiente, pela educação, pela ciência”: “Não temos mais nenhum exemplo desta dimensão e capacidade. É o exemplo português mais notável e talvez um dos exemplos europeus de igual notoriedade”. Ainda assim, realçou que é um “desafio gigante” conservar o verde na cidade, já que isso exige estarem “permanentemente atentos, cuidar das espécies, garantir que previnem a doença, que a água chega e que não se gasta em excesso”.

A mesma opinião foi partilhada por Nuno Banza, que também reconheceu Serralves como um exemplo de um equilíbrio entre o ambiente urbanizado e o ambiente natural: “Quando falamos de sustentabilidade nas cidades, falamos da sustentabilidade no território onde vive a maioria das pessoas. Precisamos de olhar para as cidades numa perspetiva completamente diferente. Era interessante ter, a nível nacional, experiências como o Parque de Serralves, mas infelizmente isso não aconteceu“.

Contudo, o Presidente do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas, reconheceu que, ainda assim, existem exemplos de cidades que se “desenharam e prepararam” para os desafios das alterações climáticas, “desafios esses que foram agravar algumas das características que decorreram dos modelos de governamento que foram sendo seguidos, muitos deles não garantindo um equilíbrio entre o espaço urbanizado e o espaço verde, e, felizmente, isso começa agora a ter uma dinâmica completamente diferente“.

E, dentro dos bons exemplos, Ricardo Rio, falou do papel do município de Braga: “Nós temos trazido os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para o enquadramento de todas as estratégias e iniciativas que temos desenvolvido. Fomos um dos primeiros municípios portugueses a trabalhar com a Universidade Católica para monitorizar o cumprimento dos ODS, fomos o primeiro município português a submeter às Nações Unidas o nosso relatório voluntário de escrutínio de cumprimento dos ODS e temos estado a trabalhar com várias redes internacionais nesse contexto e isso reflete-se em como concretizamos as políticas em termos locais”.

Neste ponto, o presidente da Câmara Municipal de Braga referiu, ainda, a importância da colaboração institucional, bem como a particularidade de Braga ter uma realidade territorial muito heterogénea, já que está rodeada de recursos naturais, nomeadamente pelo Rio Cávado, por Sacro Montes, o que “melhora a qualidade de vida dos cidadãos”.

“A biodiversidade não tem um impacto só ambiental, mas também social, financeiro e ético. A Lipor, com os seus oito municípios associados, tem vindo a mapear todas as questões de promoção e regeneração da biodiversidade na sua estratégia e naquilo a que chama de lado B, o lado da biodiversidade. Nesse lado B, temos vindo a identificar os impactos da nossa atividade, definindo ações de minimização, de prevenção, de regeneração e de promoção da biodiversidade. Hoje somos uma organização que fortalece e regenera o ambiente das áreas onde estamos”, afirmou Paula Mendes.

A responsável da Lipor explicou, também, que a estratégia da empresa assenta em quatro tópicos, nomeadamente na consolidação da estratégia; na promoção da biodiversidade e da transição climática; na experiência da natureza nas cidades e nos territórios; e na partilha da paixão pela natureza. Todos estes tópicos ligados a “dois drivers fundamentais” – a monitorização do programa e a medição do impacto do que está a ser gerado.

Fator pessoas é fundamental na promoção da sustentabilidade

O segundo painel de debate do evento, dedicado ao tema “Cidades e Comunidades inclusivas, seguras, resilientes e sustentáveis” e moderado por Alexandra Abreu Loureiro, Partner Brunswick Group, teve como oradores Rui Costa, Diretor de Recursos e Projetos Especiais da Fundação de Serralves; Francisco Vilhena da Cunha, CEO da GEOSAT; Inês Mota, Diretora de Sustentabilidade e Responsabilidade Social Corporativa da Mota-Engil; Luísa Salgueiro, Presidente da Associação Nacional dos Municípios Portugueses; e Luís Silva Santos, Presidente do Conselho de Administração da Ascendi SGPS SA.

Luísa Salgueiro começou por destacar a importância que os municípios tiveram ao nível do desenvolvimento do país, desde logo ao nível de infraestruturas. “Daí para cá, estamos num novo momento de desenvolvimento de população e do poder local com as comunidades, muito focado no tema da sustentabilidade. Isto porque os municípios têm um trabalho muito significativo na matéria de dupla transição – energética e digital -, mas isso só é possível atingir com o envolvimento das pessoas”.

Nesse sentido, a Presidente da Associação Nacional dos Municípios Portugueses deu um exemplo da aproximação do cidadão a estas metas ao partilhar a ideia do “Comboio das Bicicletas”, uma iniciativa que está a ser colocada em prática em Matosinhos, na qual vários encarregados de educação se organizam e definem um dia em que cada um será “maquinista” de vários alunos, que irão de bicicleta para a escola.

O envolvimento das pessoas e de parcerias com outras instituições também foi enaltecido por Rui Costa, que disse: “A Fundação de Serralves tem um património cultural e natural de exceção, e tem no seu ADN as questões da inclusão e sustentabilidade ambiental. As várias parcerias que estabelece têm proporcionado que, ao longo dos anos, Serralves se aprofunde, cada vez mais, em metodologias para resolver problemas sociais“.

Por sua vez, no que diz respeito à mobilidade, Luís Silva Santos reconheceu que este é um setor que é “pouco simpático para a sustentabilidade”, no entanto assegurou que a segurança do cidadão tem vindo a ser a prioridade para a Ascendi, assim como alguns projetos de autoconsumo que estão a implementar com o objetivo de “compensar” a emissão de gases com efeito de estufa: “Estamos a fazer uma experiência, que vai ser a primeira em Portugal, na qual fizemos um levantamento do potencial de energia solar nas autoestradas. Neste momento, temos uma fotografia muito exata do aproveitamento fotovoltaico nas nossas autoestradas. Vamos avançar com a instalação de painéis solares na A16, com uma capacidade de 7MW, que vai ser vendida em comunidades. Se alargássemos isso a toda a nossa rede, poderíamos cobrir cerca de 1/3 das emissões dos carros da nossa rede”.

“Mais de 20% da nossa frota é elétrica. Nas voltas mais longas ainda é difícil, até pela disponibilidade de carregamento elétrico ao longo das estradas, que também é um investimento grande que pretendemos fazer para disponibilizar carregamento elétrico em praticamente todas as estações de serviço. Também começamos a trabalhar em termos de hidrogénio que, para os veículos pesados, será parte da solução. Mas, para isso ser feito, tem de haver disponibilidade de pontos de carregamento e, nesse sentido, já temos um estudo feito para saber onde podemos pôr os pontos de carregamento de hidrogénio“, continuou o Presidente do Conselho de Administração da Ascendi.

Na perspetiva de Inês Mota, “tudo o que é poluição é um erro de design e um erro de engenharia”, já que acredita que “a performance de uma infraestrutura depende do seu planeamento e do seu projeto”: “Temos de assumir o nosso impacto e começarmos a trabalhar por aí. Temos de pensar no ciclo de vida como um todo, pensar nas três áreas de negócio, que é o ambiente, o social e o governo, fazer pequenos trade-offs, e pensar a longo prazo. O grande inimigo da sustentabilidade do negócio é o retorno a curto prazo e isto vai ter de ser feito num esforço conjunto, em que cada um assume o seu papel até à altura da construção”.

Esses trade-offs precisam de informação factual, que muitas vezes é disponibilizada por satélites. Francisco Vilhena da Cunha, CEO da GEOSAT, afirmou: “Temos dois satélites de alta resolução, mas o que interessa é o que conseguimos fazer com os satélites”. “Conseguimos conhecer o nosso mundo, já que os satélites nos dão uma visão imparcial do mundo; além disso, vão medir as variáveis do terreno; vão passar a informação sobre o que está a acontecer com as colheitas do nosso país, fruto do aumento da temperatura; mostram as novas construções; a água que está a ser utilizada; indicam se há fuga de água nas condutas; calculam o sequestro de carbono. E, além de tudo isto, também são cada vez mais utilizados para segurança.

A visão dos engenheiros e a visão do Estado

No encerramento da sessão, Bento Aires, Presidente da Ordem dos Engenheiros da Região Norte, começou por dizer que “só há uma ciência que liga o material e o imaterial, que é a engenharia”. E continuou: “Hoje o desafio é sairmos daqui com a consciência de que temos de estabelecer novas regras de sustentabilidade e de cidade. Eu não olharia para a cidade como uma grande metrópole, mas sim como um sítio onde vivemos em comunidade, na qual qualquer cidadão se insere, que é o mesmo sentido de coletividade que defendemos também para a engenharia, que pensa o futuro de forma coletiva”.

A sustentabilidade é a capacidade que temos de não consumir os recursos das gerações que vêm a seguir. A geração dos nossos filhos não tem a obrigação de nos desculpar e cabe-nos a nós conseguirmos resolver estes descontentamentos. Mas como é que nos conseguimos tornar mais sustentáveis? Primeiro, através da partilha de conhecimento, e a seguir é pela forma como tratamos o ambiente. E foi por isso que juntamos aqui a parte da governance e que convidamos líderes e empresas para fazermos uma reflexão global do que é sermos sustentáveis”, acrescentou o Presidente da OERN.

Bento Aires garantiu, ainda, que “conseguirmos ter profissionais capacitados para os desafios do futuro”, mas relembrou que “há outra geração que tem de ser capacitada”. No entanto, neste contexto, falou também da falta de engenheiros na comunidade, “sobretudo na Administração Pública”, que considera ser um fator crucial para “capacitar mais a decisão política de critérios de valor, bem como para reter e captar talento, com a ambição de fazer regressar quem está lá fora”.

“As emissões de Portugal, à escala do mundo, são pequenas. Mas temos de ser laboratórios mundiais. Temos de estar cientes de que podemos tornar isto um laboratório, internacionalizar e sermos globais“, concluiu o Presidente.

Nesse sentido, Emídio Sousa, Secretário de Estado do Ambiente, acrescentou que acredita que é precisamente através do ambiente que se conseguirá ter uma aceleração do plano de retenção de pessoas e de talento. Assim sendo, revelou que “a próxima grande ação do governo vai ser na área do ambiente”, nomeadamente uma revisão do Plano Nacional da Água, de forma a acabar com as perdas de água e as ineficiências hídricas.

Além disso, o governo tem como meta “reduzir em 10% os resíduos em aterro até 2025”. Mas, neste ponto, realçou a importância de dar um incentivo ao consumidor para que ele participe. “E eu até colocaria um novo desafio, que é deixarmos de falar de resíduos e começarmos a falar de materiais que podem ser reutilizados. A UE pode tornar-se competitiva se aprender a usar estes recursos. Se formos líderes em processos de sustentabilidade, seja em projetos e tratamentos de resíduos, podemos desenvolver novos setores económicos. O ambiente pode ser o novo trunfo dos europeus neste mercado global”, concluiu.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Creches gratuitas no privado aplicam-se a “todas as crianças nascidas a partir de 1 de setembro de 2021”

Gratuitidade nas creches do privado, quando não houver vagas na rede social e solidária na área da freguesia de residência, aplica-se a crianças nascidas a partir de 1 de setembro de 2021, inclusive.

A frequência gratuita em creches do setor privado, quando não houver vagas na rede social e solidária na área da freguesia de residência, aplica-se “a todas as crianças nascidas a partir de 1 de setembro de 2021, inclusive”, de acordo com o diploma publicado esta quinta-feira em Diário da República. As novas regras entram em vigor já a partir desta sexta-feira.

A medida foi anunciada esta semana e pretende facilitar a vida das famílias com bebés até aos 3 anos, com foco nas residentes em concelhos maiores, com freguesias dispersas no mapa. Esta alteração permite que os pais possam optar por uma creche privada, caso não haja oferta pública na freguesia de residência ou de trabalho.

Até agora, os pais só podiam candidatar-se a uma vaga gratuita nas creches privadas se não existisse disponibilidade na rede social ou solidária no concelho de residência ou de trabalho da família, o que dificultava as deslocações das famílias.

A medida aplica-se “a todas as crianças nascidas a partir de 1 de setembro de 2021, inclusive” e desde que “se verifique a falta de vagas abrangidas pela gratuitidade na rede social e solidária com acordo de cooperação com o ISS, I. P., e da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa”, lê-se na portaria publicada esta quinta-feira em Diário da República.

“O valor do apoio pecuniário para pagamento da mensalidade, bem como os valores correspondentes a majorações e complementos, corresponde aos valores e nos termos definidos no compromisso de cooperação com o setor social e solidário e respetivos memorandos e adendas”, esclaree ainda o diploma, que entra em vigor na sexta-feira.

Além do critério geográfico, o Governo determinou ainda que as creches privadas que “pratiquem um horário de funcionamento para além das 11 horas diárias” vão beneficiar de financiamento público complementar, algo que já acontecia com as creches do setor social e solidário.

Ainda em maio, a ministra da Juventude fez questão de deixar claro que o Governo não teria preconceitos ideológicos quanto ao apoio às crianças, sinalizando a abertura para reforçar a participação do privado no sistema de creches gratuitas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.