TAP registou prejuízo de 71,9 milhões no primeiro trimestre

A companhia aérea registou o segundo trimestre seguido de resultados negativos. Custos com pessoal devido a Acordos de Empresa pressionaram resultado com subida de 70,5 milhões.

Depois de um resultado negativo pouco usual no último trimestre do ano passado, a TAP prolongou as perdas com um prejuízo de 71,9 milhões de euros no primeiro de 2024, pressionada novamente pelos custos com pessoal, informou a empresa esta sexta-feira.

“No primeiro trimestre de 2024 continuámos o processo de transformação estrutural que a TAP exigia”, referiu o CEO da TAP, Luís Rodrigues, citado num comunicado divulgado no site da empresa. “O investimento nas nossas pessoas, incluindo o fim dos cortes salariais, correções da elevada inflação e os novos acordos de empresa, têm um impacto imediato no resultado, mas os benefícios continuarão a materializar-se“.

Em comparação homóloga, ou seja, face ao mesmo período de 2023, o prejuízo desceu 25,2%, ou 14,5 milhões de euros. A companhia aérea adiantou que, quando comparado com o primeiro trimestre de 2019, antes da pandemia, o prejuízo melhorou em 34,7 milhões.

As receitas operacionais totalizaram 861,9 milhões de euros, aumentando em 3,1% em comparação com o período homólogo, ultrapassando e representando 140% das receitas operacionais do primeiro trimestre de 2019, “impulsionadas principalmente pelas receitas do segmento de passageiros”. Estas registaram um aumento de 37,2 milhões (+5%) face ao primeiro trimestre de 2023 para 774,7 milhões.

No primeiro trimestre de 2024, a TAP apresentou “uma melhoria da performance operacional superando o primeiro trimestre de 2023 em várias métricas operacionais: transportou mais passageiros, aumentou a sua capacidade (+3,8%) e melhorou o load factor (+0,3 p.p.), confirmando o foco da empresa na melhoria contínua da sua operação”.

A TAP sublinhou que o PRASK — indicador que avalia as receitas obtidas por passageiro em relação ao “lugar-quilómetro” — subiu 1,2%, para 6,25 euros, enquanto o número de passageiros que a companhia transportou entre janeiro e março avançou 0,6%, para 3,53 milhões.

Tivemos a capacidade de aumentar a oferta, transportar mais passageiros e melhorar as taxas de ocupação quando comparado com o primeiro trimestre de 2023, o que se traduziu em aumento da receita, enorme redução de irregularidades, melhoria da pontualidade e regularidade numa infraestrutura aeroportuária altamente congestionada

Luís Rodrigues

CEO da TAP

“Tivemos a capacidade de aumentar a oferta, transportar mais passageiros e melhorar as taxas de ocupação quando comparado com o primeiro trimestre de 2023, o que se traduziu em aumento da receita, enorme redução de irregularidades, melhoria da pontualidade e regularidade numa infraestrutura aeroportuária altamente congestionada”, sublinhou Luís Rodrigues.

Os custos operacionais recorrentes atingiram 905,2 milhões, registando um aumento de 7,0% ou de 59,1 milhões em comparação com o primeiro trimestre de 2023.

“Esta variação resulta principalmente do aumento dos custos com o pessoal (+70,5 milhões ou 56,9%) devido aos novos acordos de empresa, contrabalançado pela redução do custo com combustível (menos 23,6 milhões ou 8,5%) devido a um preço mais baixo do jet fuel neste trimestre em comparação com o primeiro trimestre de 2023″, explicou a TAP.

“Importa referir que o aumento dos custos com pessoal no primeiro trimestre em comparação com o primeiro de 2023 foi impactado por custos extraordinários decorrentes de um acordo alcançado com os representantes dos pilotos e adicionalmente pela existência de reduções de remunerações em vigor em 2023, reduções essas eliminadas com a entrada em vigor dos novos acordos de empresa na segunda metade de 2023″, sublinhou a empresa.

O EBITDA — lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações — caiu 38,6% para 70 milhões. Em termos recorrentes, totalizou 83,7 milhões no primeiro trimestre, menos 30,3%.

Em 2023, apesar de a companhia aérea ter conseguido um resultado líquido anual de 177 milhões de euros em 2023, o prejuízo de 26,2 milhões no último trimestre — provocado por aumento de 121% na rubrica de custos com pessoal, para 270,4 milhões, em resultado dos novos acordos de empresa assinados com os sindicatos e o acréscimo de 25% nos custos operacionais de tráfego — penalizou o exercício.

O primeiro trimestre é sempre mais difícil para as companhias aéreas, devido à menor procura de viagens, e o deste ano foi particularmente penoso, por exemplo, para a Lufthansa e o grupo Air France – KLM, dois dos interessados na privatização da TAP que averbaram elevados prejuízos. A ordem é para conter custos.

A transportadora aérea alemã registou um prejuízo de 734 milhões de euros entre janeiro e março, mais 57% do que no mesmo período do ano passado. Já a Air France – KLM viu o resultado líquido agravar-se de um prejuízo de 344 milhões em 2023 para 522 milhões nos primeiros três meses deste ano.

Outra interessada na TAP, a IAG (dona da BritishAirways e da Ibéria), divulgou esta sexta-feira um prejuízo líquido de 4 milhões de euros no primeiro trimestre, face a 87 milhões no período homólogo. Os resultados ao nível do lucro operacional, de 68 milhões de euros, ficaram acima do consenso das expectativas dos analistas, que se situava nos 49 milhões.

“A Lufthansa teve greves, o que foi o grande problema. A Air France-KLM teve alguns problemas pontuais, mas a IAG foi ainda melhor. A IAG é o grupo com maior margem de lucro: margens de dois dígitos contra um dígito nos outros grupos em geral”, disse Alex Irving, analista da Bernstein, num email enviado à Reuters.

Expectativas positivas para Verão 2024

A TAP informou que a 31 de março o grupo apresentava “uma posição de liquidez forte” de 1.133,4 milhões de euros, um aumento de 344 milhões face ao final de 2023, no seguimento da execução da segunda tranche de aumento de capital pelo acionista em janeiro de 2024, no valor de 343 milhões. “Este valor confirma a gestão financeira disciplinada e prudente da TAP, com o objetivo de inspirar confiança nos nossos investidores”, vincou.

As expectativas para o Verão de 2024 “mantém-se positivas, com as reservas em linha com 2023, apesar do aumento de capacidade, confirmando uma procura resiliente” disse, adiantando que “igualmente em 2024, o investimento na modernização da frota irá continuar, com o phase-in de três novas aeronaves A320 NEO, confirmando o compromisso da TAP numa frota mais sustentável e eficiente”.

(Notícia atualizada às 07h43)

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5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 10 Maio 2024

Dia fica marcado pela divulgação dos resultados da TAP no arranque do ano e pela partilha das atas da última reunião da política monetária do BCE. Destaque ainda para a assembleia geral da Galp.

Esta sexta-feira fica marcada pela divulgação dos resultados da TAP e dos dados referentes à evolução das exportações portuguesas em março. No mesmo dia, lá fora, o Banco Central Europeu partilha as atas da última reunião da política monetária.

TAP divulga resultados

A TAP prepara-se para divulgar esta sexta-feira os resultados operacionais referentes ao primeiro trimestre de 2024. A companhia aérea, que fechou o ano de 2023 com lucros de 177,3 milhões de euros, não escapou, no entanto, aos prejuízos de 26,2 milhões de euros do último trimestre do ano passado. O CEO Luís Rodrigues já tinha admitido que “2024 será um ano desafiante” e as contas dos primeiros três meses servirão de diagnóstico dessas dificuldades.

Como estão as nossas exportações?

Esta sexta-feira, o Instituto Nacional de Estatísticas divulgará as estatísticas do comércio internacional referentes ao mês de março. Em fevereiro, as exportações portuguesas apresentaram um crescimento homólogo de 2,3%, sobretudo devido ao forte impulso nas vendas de produtos alimentares e bebidas, que registaram aumentos de 14,8%.

Galp vota redução do capital social

Os acionistas da Galp reúnem-se esta sexta-feira em Assembleia Geral para votar uma redução de até 9% do capital social. A ordem de trabalhos prevê ainda que sejam votadas as contas individuais e consolidadas da empresa, e a proposta de aplicação dos resultados de 2023, que prevê a distribuição de mais de 422 milhões de euros em dividendos.

BCE divulga atas da última reunião

Esta sexta-feira, o Banco Central Europeu (BCE) vai divulgar as atas do último Conselho do BCE, no qual decidiu novamente pela manutenção das taxas diretoras. Embora não tenha alterado a trajetória das taxas de juro, a instituição liderada por Christine Lagarde deverá fazê-lo, pela primeira vez desde 2019, já em junho.

Saúde da economia britânica

Esta manhã serão divulgados um conjunto de indicadores sobre a economia britânica, entre eles, uma estimativa rápida sobre a evolução do PIB no primeiro trimestre, a produção industrial e a balança comercial. No final de 2023, os indicadores davam conta de que o Reino Unido tinha fechado o ano em recessão técnica.

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Marlons surge como a nova sensação dos “Smash Burgers” em Madrid, rivalizando com o VICIO, os do antigo vencedor do Masterchef

  • Servimedia
  • 10 Maio 2024

Marlons surgiu como uma revelação no mundo dos smash burgers em Madrid, estabelecendo-se rapidamente como um ícone de culto na capital e fazendo frente ao famoso hambúrguer VICIO de Aleix Puig.

Fundada pelos jovens Marlon Torrents e Inés Pérez de Olacoechea, esta empresa inovadora revolucionou o panorama da fast food com a sua aposta na qualidade e autenticidade, dando uma nova vida ao legado da fast food americana do smash burger.

Num curto espaço de tempo, Marlons captou a atenção de locais e visitantes com o seu famoso hambúrguer ESREK, que já vendeu mais de 100.000 unidades. A estratégia da Marlons de se concentrar em cozinhas com grande procura e apenas para entregas permitiu-lhes manter um nível de eficiência e qualidade raramente visto no setor da comida rápida.

Os smash burgers do Marlons são confecionados com uma mistura personalizada de produtos de qualidade superior, sempre frescos e provenientes de produtores e fornecedores locais. O plano de brioche é primorosamente selecionado para fundir todos os sabores do hambúrguer. Os molhos são uma reinterpretação própria de Marlon, fundindo as receitas mais autênticas das grandes casas americanas e introduzindo os “giños” nos sabores espanhóis. E a experiência Marlons não pode estar completa sem o domínio da grelha para conseguir o efeito Maillard. Este efeito é a chave do lendário “smash” para desencadear a reação química que transforma as proteínas e os açúcares da carne a altas temperaturas numa crosta estaladiça.

“O Marlons não é apenas um restaurante de hambúrgueres, é uma experiência que faz lembrar os anos dourados da fast food americana, mas com um enfoque em ingredientes frescos e de qualidade”, explica Marlon Torrents. “O nosso compromisso com a excelência e a rapidez ajudou-nos a construir uma base de clientes fiéis que consideram os nossos hambúrgueres os melhores da cidade.

Este êxito não se reflete apenas nas vendas e no crescimento explosivo da empresa, mas também no culto que gerou em torno do seu produto. Comparações com as grandes hamburguerias como VICIO, GOIKO ou Five Guys, e destacando-se de outras propostas como PINK’S, BURGER JAZZ ou FASFU, num mercado como Madrid, pioneiro na tendência em Espanha e epicentro do delivery no nosso país. Os especialistas do setor reconhecem o rápido sucesso dos Marlons e consideram que “o que os distingue é a sua capacidade de manter a simplicidade e a acessibilidade, ao mesmo tempo que oferecem um produto muito único, um ‘smash’ muito autêntico; um produto que rivaliza com as criações de chefs ou marcas mais conhecidas”.

Com três cozinhas operacionais em Madrid e planos de expansão para completar Madrid e iniciar outras cidades, a Marlons não mostra sinais de abrandamento. A marca entrou na categoria de delivery de topo em Espanha, no principal mercado de Madrid, com muito ímpeto, e está a recuperar na satisfação do consumidor através de feedback e com uma comunidade social de mais de 11.000 seguidores orgânicos.

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Quadro “Descida da Cruz”, de Domingos Sequeira, vai para o Museu Soares dos Reis

O quadro “Descida da Cruz", de Domingos Sequeira, vai estar patente ao público a partir de 1 de junho, no Museu Nacional Soares dos Reis. A obra pertence à Fundação Livraria Lello.

“Descida da Cruz”, de Domingos Sequeira.Lusa

O quadro “Descida da Cruz”, de Domingos Sequeira, vai estar patente ao público a partir de junho no Museu Nacional Soares dos Reis, avançou a Fundação Livraria Lello que primeiro exibe a obra, a 18 de maio, na sua sede no Mosteiro de Leça do Balio (Matosinhos). Este edifício também abre pela primeira vez as portas nesse dia depois de requalificado pelo arquiteto Álvaro Siza Vieira que mostra ainda a “escultura aberta” que criou.

O quadro “Descida da Cruz” vai ser, pela primeira vez, exibido no Dia Internacional dos Museus, na sede da Fundação Livraria Lello, avança esta instituição ao ECO/Local Online. A 1 de junho passa a pertencer à exposição de longa duração do Museu Nacional Soares dos Reis.

Esta obra de Domingos Sequeira esteve envolta em polémica desde o final de 2023, altura em que a Direção-Geral do Património Cultural autorizou a saída do quadro do país, contrariando pareceres de especialistas.

“Descida da Cruz” faz parte de um grupo de quatro pinturas de Domingos Sequeira – “Ascensão”, “Juízo Final” e “Adoração dos Magos” – criadas durante os seus últimos anos de vida, em Roma, onde morreu em 1837.

A reabilitação do Mosteiro faz parte de um projeto dos donos do Lionesa Business Hub (LBH), em Matosinhos, que custou dez milhões de euros. Contempla ainda a escultura aberta do arquiteto Álvaro Siza Vieira e o Jardim do Pensamento da autoria do arquiteto paisagista Sidónio Pardal. Este último tem conclusão prevista para 2025, segundo avançou o CEO Pedro Pinto ao ECO/Local Online.

No dia 18 de maio, as visitas ao mosteiro para ver o quadro serão conduzidas por estudantes da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP) e pela Casa da Arquitetura. O espaço volta a reabrir a 22 de junho já com a programação até ao final do ano.

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CEO antecipam queda da economia portuguesa em 2024

Apesar de estarem menos pessimistas que em 2023, a maioria dos líderes mantém uma visão negativa para a evolução da economia nacional e global, e estão mais pessimistas que os seus pares europeus.

Os líderes e empresários portugueses mantêm uma visão conservadora para a evolução da economia em 2024. A maioria dos 80 CEO questionados pela PwC para o “CEO Survey” de 2024 continua a antecipar uma contração da economia portuguesa e global em 2024. Ainda assim, há mais empresários a perspetivar uma evolução positiva do PIB este ano, quando comparado com o inquérito realizado o ano passado.

Segundo os resultados do inquérito, os CEO estão menos pessimistas este ano quanto às perspetivas de crescimento da economia global e nacional. Cerca de um quinto dos líderes inquiridos em Portugal acreditam que 2024 trará um aumento do PIB mundial, traduzido num crescimento de 4 pontos percentuais face ao ano anterior.

Dos 80 CEO portugueses sondados pela PwC para o relatório “CEO Survey” deste ano, 14% acredita que a economia vai manter-se estável em 2024, contra apenas 5% no ano passado,

Da mesma forma, também “aumentou o número de líderes que projetam que o cenário se irá manter sem alterações”, refere o 27.º “CEO Survey”, um inquérito internacional realizado pela PwC que inclui mais de 80 gestores portugueses e que será apresentado esta sexta-feira, em Lisboa, numa iniciativa conjunta da PwC e do ECO, que contará com a presença do ministro da Economia, Pedro Reis, Isabel Vaz, CEO do Grupo Luz Saúde, José Theotónio, CEO do Grupo Pestana, e Pedro Leitão, CEO do Banco Montepio.

Dos 80 CEO portugueses sondados pela PwC, 14% acredita que a economia vai manter-se estável em 2024, contra apenas 5% no ano passado, e 67% (80% em 2023) ainda vê a atividade económica a contrair este ano.

Olhando para o caso concreto da economia nacional, que no ano passado surpreendeu com um dos crescimentos mais elevados a nível europeu, cerca de 63% dos líderes projeta um recuo do crescimento da economia portuguesa durante os próximos 12 meses. No entanto, também em 2023 as previsões dos empresários (75%) apontava para uma contração do PIB nacional.

No que diz respeito às expectativas para a economia mundial, os empresários portugueses estão mais pessimistas que os líderes na Europa e a nível global. A maioria (44%) dos líderes europeus acredita que a economia mundial poderá recuperar em 2024, enquanto 27% prevê uma estabilização, e 39% antecipa mesmo uma queda do PIB. Os resultados globais mostram que 38% dos CEO vê a economia global a crescer este ano, contra 18% em 2023.

Líderes empresariais menos preocupados com a inflação

Depois de um período marcado pela escalada da inflação, que se refletiu em custos de produção e preços de matérias-primas mais elevados, a descida do índice de preços no ano passado, aproximando a taxa de inflação da meta dos bancos centrais, veio reduzir as preocupações dos CEO em relação a este tema.

“Em Portugal verifica-se uma redução das preocupações com a inflação (-8 pontos percentuais) e com a volatilidade macroeconómica (-10 pontos percentuais ), apesar de estes fatores continuarem a fazer parte do top 3″, refere o relatório.

O “CEO Survey” mostra que atualmente são as ciberameaças que estão no topo da agenda das preocupações dos CEO nacionais (mais 5 pontos percentuais face ao ano anterior), uma tendência em linha com outros países da Europa Ocidental, nomeadamente França e Alemanha.

“Destacamos, contudo, o aumento significativo da preocupação com a ameaça imposta pelas alterações climáticas, que foi apontada nesta edição por 20% dos líderes portugueses (um aumento de 11 pontos percentuais)”, lê-se no documento. Além disso, apesar de continuarem preocupados com vários temas, os CEO sentem que os seus negócios estão menos ameaçados no curto prazo.

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IRS, pensionistas e demissões marcam primeiro mês de Governo

O Executivo já avançou com algumas medidas, mas está "mais fragilizado" diante da polémica com as contas públicas e a coligação negativa entre PS e Chega, segundo politólogos consultados pelo ECO.

Desde a proposta para a descida das taxas de IRS aos decretos que aumentam e alargam o Complemento Solidário para Idosos (CSI), e que não têm de passar pelo Parlamento, às negociações para descongelar a carreira do professores e para atribuir um suplemento de risco às polícias, o Governo de Luís Montenegro já avançou com medidas importantes nos primeiros 35 dias, desde que tomou posse, e passados dois meses desde as eleições de 10 de março. Mas estes trunfos acabaram por se esfumar diante de polémicas demissões, da coligação negativa entre PS e Chega para aprovar o fim das portantes nas ex-SCUT e da confusão instaurada com as contas públicas.

Apresentação e debate do programa do XXIV Governo Constitucional na Assembleia da República - 12ABR24
Joaquim Miranda Sarmento, ministro das Finanças, Pedro Duarte, ministro dos Assuntos Parlamentares, Luís Montenegro, primeiro-ministro, na apresentação e debate do programa do XXIV Governo Constitucional na Assembleia da RepúblicaHugo Amaral/ECO

“É um arranque atribulado e num contexto em que o Governo tem muito pouca margem para deslizes. Não é um arranque desastroso mas atribulado”, salienta ao ECO André Azevedo Alves, professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica. O politólogo refere-se, nomeadamente, a “nomeações que não se concretizaram”, como a de Patrícia Dantas, que ia assumir funções como adjunta do ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, e que acabou por não ser designada para o cargo depois de o Correio da Manhã ter noticiado que enfrenta uma acusação de um crime de fraude na obtenção de fundos europeus. “Isto é um sinal de amadorismo”, sublinha o Azevedo Alves.

O politólogo também considera “negativas as exonerações da provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa”, Ana Jorge, “e do diretor nacional da PSP”, José Barros Correia. A este respeito, Paula Espírito Santo nota que “o Governo não está a conseguir passar uma mensagem de estabilidade e de harmonização com os vários setores da sociedade”.

A investigadora do Instituto de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP) considera ainda que “o Executivo está a ter alguma dificuldade de comunicação, o que depois agrava a imagem do Governo junto dos portugueses e os vários setores da sociedade”. “E essa fragilidade notou-se desde o início, desde a dificuldade em conseguir convidar secretários de Estado para o Governo desde dificuldade em eleger o Presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco”, recorda.

Por outro lado, a “confusão no custo da proposta do Governo para a descida do IRS era evitável”, destaca ainda o professor da Universidade Católica. De recordar que o Executivo anunciou, inicialmente, que a redução das taxas entre 0,25 pontos percentuais (p.p.) e 3 p.p. até ao 8.º escalão do IRS iria custar 1.500 milhões de euros. Mais tarde, Miranda Sarmento acabou por esclarecer que esta fatura já contabilizava a redução do imposto, de cerca de 1.152 milhões de euros, aprovada pelo anterior Executivo.

Ou seja, afinal a despesa com esta medida é de apenas 463 milhões, dos quais 348 milhões de euros, que se irão sentir já este ano, por via da diminuição da retenção na fonte, e 115 milhões de euros, com efeitos em 2025, através dos reembolsos.

“Esta atitude fragiliza a posição do Governo face à oposição, dificulta a governabilidade e abre a porta a mais coligações negativas como aquela que se formou para aprovar o fim das portagens das ex-SCUT”, analisa André Azevedo Alves. De lembrar que o PS conseguiu fazer passar o seu projeto de eliminação da cobrança de sete antigas vias sem custos para o utilizador (SCUT) com ajuda do partido de André Ventura e à revelia do PSD e do CDS.

Paula Espírito Santo alerta que “este tipo de uniões, entre PS e Chega pode acontecer mais vezes”, porque “o Governo tem pouca força política e poucos alicerces para se fazer ouvir”. A instabilidade política que paira sobre o Executivo também pode “minar a confiança dos investidores externos”, aponta. Para além disso, “e sem uma maioria confortável no Parlamento, a oposição poderá juntar-se e aprovar mais medidas despesistas, mesmo contra a vontade do Governo, prejudicando a trajetória da dívida pública”, alerta a politóloga.

A polémica em torno das contas certas, com Joaquim Miranda Sarmento a revelar que o anterior Executivo, de António Costa, aprovou mais de mil milhões de despesa sem cabimento orçamental, valor que depois disse que, afinal, era de 2,5 mil milhões de euros também “não favorece a confiança dos portugueses junto deste Executivo”, sinaliza Paula Espírito Santo. “Parece que o Governo quer agora justificar eventuais recuos nas promessas eleitorais, parece que é uma tentativa de refrear os ânimos e as expectativas dos vários setores”, esclarece.

A investigadora ressalva que “é natural que, depois das eleições, o Governo passe a ter uma visão mais realista, menos otimista, mas não pode fazer um volte-face de forma tão repentina”. “Esta posição pode desacreditar as forças políticas que suportam o Governo em futuras eleições, seja nas Europeias, seja numas legislativas antecipadas. E isso vai reforçar a demagogia e o populismo, dando mais espaço para partidos como o Chega crescerem”, sinaliza.

Para Marco Lisi, professor no departamento de Estudos Políticos da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (NOVA FCSH), a avaliação ao primeiro mês de Governo “tende a ser negativa por duas razões principais: a primeira é porque não se sabe quais são as prioridades do Governo e nalgumas decisões chaves em que o podia avançar – como no novo aeroporto, na execução do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência), ou na lei sobre o lóbi – ainda não se sabe bem o que quer fazer”.

Por outro lado, “parece não existir ainda uma estratégia clara para negociar com os outros partidos do Parlamento ou pelo menos para construir alianças pontuais e isto é um problema em termos de governação, porque sem ter garantias de viabilizar as medidas do governo, é impossível projetar e implementar verdadeiras reformas de médio e longo prazo”, sinaliza o politólogo.

Apesar das pedras na engrenagem do Governo, André Azevedo Alves salienta como “positivo” o facto de “já se ter avançado em matérias importantes com negociações setoriais para o descongelamento da carreira dos professores e para o pagamento do suplemento de risco para os polícias”.

E, entre todas as propostas e anúncios, há pelo menos três medidas para os pensionistas mais pobres que avançam já, por decreto do Governo, isto é, sem necessidade de passar pelo crivo do Parlamento, onde a AD não tem uma maioria confortável: aumento do CSI em 50 euros para 600 euros já em junho; exclusão dos rendimentos dos filhos no apuramento da elegibilidade do candidato para o apoio; e medicamentos com receita 100% gratuitos para os beneficiários do Complemento Solidário para Idosos.

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MAPFRE aposta na investigação para prevenir sinistros e criar produtos

Uma vez desenvolvido um novo seguro, em alguns casos é lançado de imediato, noutros casos aguardam por não haver volume de mercado que o justifique.

Os motociclistas que utilizam airbag nas suas deslocações reduzem até 22% a probabilidade de sofrerem ferimentos graves, revela o estudo “Ergonomia e sensações no uso de um airbag de motociclista”, lançado pela Fundação MAPFRE.

Jesús Monclús, diretor de Prevenção e Segurança Rodoviária, Fundação MAPFRE, considera fundamental “melhorar a informação (quanto ao airbag para motociclistas), tanto para amadores como para profissionais que utilizam a mota como ferramenta de trabalho e como meio de deslocação para o trabalho. As empresas devem considerá-la como um equipamento de proteção individual para os seus trabalhadores.”.

No âmbito do estudo, realizou-se um teste de colisão de uma moto a 40 km/h contra um carro, com o motociclista e passageiro a utilizar airbags. A colisão foi testada no CESVIMAP – Centro de Experimentação e Segurança Viária da MAPFRE – centro tecnológico do grupo MAPFRE que investiga acidentes rodoviários e a criação de processos de reparação de automóveis mais eficientes, procurando reduzir os seus custos e focando-se na prevenção de sinistros, fornecendo ferramentas para a seguradora criar novos produtos.

O teste revelou que os airbags foram acionados corretamente, protegendo o peito, coxas, cóccix, nuca e pescoço do manequim, num teste que utilizou a velocidade que provoca 60% dos sinistros, segundo estudos internacionais, citados pela MAPFRE.

O estudo conclui haver um certo desconhecimento dos inquiridos sobre as características e aplicações deste sistema de segurança. “É fundamental melhorar a informação, tanto para amadores como para profissionais que utilizam a mota como ferramenta de trabalho e como meio de deslocação para o trabalho. As empresas devem considerá-la como um equipamento de proteção individual para os seus trabalhadores.”, disse Jesús Monclús, diretor de Prevenção e Segurança Rodoviária, Fundação MAPFRE.

Outra conclusão foi que a maioria dos inquiridos (93%) recomendaria o airbag a outros condutores deste veículo e também que 6 em cada 10 tem maior sensação de segurança (66%), sobretudo os maiores de 50 anos (70%) e usuários de megascooter (86%), isto é, motociclos com maior cilindrada e desempenho do que uma de 125 cc.

Jesús Monclús referiu ainda que 23% dos passageiros vão pior equipados que os condutores, especialmente os ocasionais e os que conduzem na cidade.

Para chegar às conclusões do estudo realizaram-se provas dinâmicas a 83 motociclistas voluntários, equipados com um airbag da Aspar Air proporcionado pelo centro, com um custo de 270 euros, e que o utilizaram nas suas deslocações, em qualquer tipo de moto sob diferentes condições meteorológicas.

CESVIMAP fonte para criar novos produtos de seguro

A partir das investigações feitas no CESVIMAP a seguradora MAPFRE desenvolve novos produtos de seguros, como, por exemplo, o seguro específico para veículos elétricos, seguro para trotinetes elétrica, disse José Maria Cancer Aboitiz, General Manager da CESVIMAP ao ECOseguros após a demonstração do crash test.

José Maria Cancer Aboitiz, General Manager da CESVIMAP, explica a complementaridade do CESVIMAP e a seguradora Mapfre, sendo o primeiro uma das formas para a empresa de seguros desenvolver novos produtos para veículos.

Ainda que “normalmente tudo o que põe em marcha em Espanha, passa de maneira natural para Portugal”, referiu Jose Aboitiz, os produtos mencionados ainda não estão disponíveis no mercado nacional, verificou o ECOseguros. Trazer estes produtos “é uma decisão que depende da direção comercial de cada país”, bastante influenciada pelo volume de mercado para cada um dos produtos.

Há, no entanto, casos em que um produto da MAPFRE estreia-se noutros países e não em Espanha. Como é o caso do seguro para veículos elétricos que foi lançado em primeiro lugar na Alemanha, meio de locomoção muito mais utilizado pelos alemães que pelos espanhóis.

Aliás, é muitas vezes com base na previsão de tendências do mercado que as investigações no centro começam. Uma vez finalizadas, “em alguns casos, o produto é lançado imediatamente, noutros casos esperamos por não haver público suficiente, ainda que já tenhamos investigado e tenhamos o conhecimento”, explica.

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Nuno Rebelo de Sousa demitiu-se da liderança na Câmara Portuguesa de Comércio de São Paulo

  • ECO
  • 9 Maio 2024

Filho de Marcelo Rebelo de Sousa demitiu-se da liderança na Câmara Portuguesa de Comércio de São Paulo a 18 de abril, na sequência do caso das gémeas brasileiras.

O filho do Presidente da República, Nuno Rebelo de Sousa, demitiu-se da liderança na Câmara Portuguesa de Comércio de São Paulo, sendo substituído por Karene Vilela desde 25 de abril deste ano, avança o jornal Observador. Nuno Rebelo de Sousa ter-se-á demitido a 18 de abril, antes de Marcelo Rebelo de Sousa ter assumido corte de relações na sequência do caso das gémeas brasileiras que foram tratadas no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e a quem foi administrado o medicamento Zolgensma.

A substituição pode ser confirmada a partir da página de Linkedin da Câmara Portuguesa de Comércio de São Paulo, onde é anunciada a tomada de posse da nova presidente, Karene Vilela, que assumiu funções a 25 de abril.

Nuno Rebelo de Sousa terá comunicado a demissão a 18 de abril, alegando razões profissionais após uma reunião com conselheiros do organismo.

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Mais 50 nomes no manifesto para reforma na Justiça. Pedem audiência urgente com Marcelo

  • ADVOCATUS e Lusa
  • 9 Maio 2024

Está previsto o lançamento de mais 50 novos nomes de apoio ao manifesto como Miguel Cadilhe, Richard Zimmler, Pedro Marques Lopes, Teresa Caeiro e Manuela de Melo.

O grupo de signatários do manifesto em defesa de um “sobressalto cívico” que leve à concretização de uma reforma da Justiça pediu esta quinta-feira uma audiência ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para apresentar e debater o documento.

Em declarações à Lusa, Rui Rio, ex-líder do PSD e um dos nove subscritores que constituem o núcleo duro do Manifesto dos 50, afirmou que o objetivo desta audiência é “apresentar e debater o documento, para que este possa constituir-se como elemento base para a reforma da Justiça”.

“O Manifesto dos 50 é para ter continuidade, não é um papel que se lançou e acabou”, afirmou Rui Rio, acrescentando que a iniciativa “obriga a outras diligências, porque senão não há sobressalto” que acabe com a “preocupante inércia” dos agentes políticos relativamente à reforma da Justiça, como é defendido pelos subscritores.

Rui Rio adiantou também que está previsto o “lançamento de mais 50 novos nomes de apoio ao manifesto”, referindo como novas personalidades que assinam o documento o conselheiro de Estado e economista Miguel Cadilhe, o antigo ministro Valente de Oliveira, Teresa Caeiro, do CDS-PP, a antiga vereadora da Câmara do Porto Manuela de Melo, o empresário Pedro Marques Lopes e o escritor Richard Zimler.

O Manifesto dos 50 foi conhecido há uma semana, com o grupo de 50 personalidades a assinarem o documento em defesa de um “sobressalto cívico” que acabe com a “preocupante inércia” dos agentes políticos relativamente à reforma da Justiça, num apelo ao Presidente da República, Governo e parlamento.

Uma “verdadeira reforma da Justiça”, com a recondução do Ministério Público (MP) a uma estrutura hierárquica para evitar o que chamam de atual “poder sem controlo” do mesmo, um escrutínio externo e avaliação independente aos tribunais e magistrados. Estas são algumas das ideias e conclusões do manifesto assinado por 50 nomes sonantes da sociedade civil.

Leonor Beleza, Rui Rio, Augusto Santos Silva, Daniel Proença de Carvalho, Teresa Pizarro Beleza, Maria de Lourdes Rodrigues, Isabel Soares, David Justino, Eduardo Ferro Rodrigues, Fernando Negrão, Vítor Constâncio, António Vitorino, José Pacheco Pereira, Maria Manuel Leitão Marques, Paulo Mota Pinto, Vital Moreira, António Barreto, João Caupers, Correia de Campos, Álvaro Beleza, António Monteiro, Diogo Feio, Mota Amaral, Sobrinho Simões, entre outros, subscrevem um manifesto que insta “o Presidente da República, a Assembleia da República e o Governo, bem como todos os partidos políticos nacionais, a tomarem as iniciativas necessárias para a concretização de uma reforma no setor da Justiça”.

Para além das “recorrentes quebras do segredo de justiça” que “boicotam a investigação e atropelam de forma grosseira os mais elementares direitos de muitos cidadãos”, o manifesto denuncia também “graves abusos na utilização de medidas restritivas dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos”. Em causa está “a proliferação de escutas telefónicas prolongadas, de buscas domiciliárias injustificadas e, mesmo, de detenções preventivas precipitadas e de duvidosa legalidade”.

O Manifesto dos 50 denuncia que “a montagem do já habitual espetáculo mediático nas intervenções do Ministério Público contra agentes políticos”, a par da colocação cirúrgica de notícias sobre as investigações em curso, têm “formatado a opinião pública para a ideia de que todos os titulares de cargos públicos são iguais e que todos são corruptos até prova em contrário”.

Para os subscritores, trata-se de uma “forma perversa de atuar”, com “contornos mais políticos do que judiciários”, que tem produzido um óbvio desgaste no regime e aberto “as portas ao populismo” e à demagogia. A perversidade é tanto maior quanto “os resultados práticos do combate à corrupção em Portugal se reduzem normalmente a um preocupante insucesso e a uma manifesta incapacidade de combater tão grave fenómeno”, sublinham.

Lucília GagoLusa

Perfil corporativo do MP e uma “assumida desresponsabilização” da PGR

A “prolongada passividade” do país político levou ao “penoso limite de ver a ação do Ministério Público produzir a queda de duas maiorias parlamentares resultantes de eleições recentes, apesar de, em ambos os casos, logo na sua primeira intervenção, os tribunais não terem dado provimento e terem mesmo contrariado a narrativa do acusador”. Os 50 subscritores consideram “inconcebível” que, mesmo tendo decorrido “longos cinco meses” entre o primeiro-ministro se ter demitido na sequência do comunicado da Procuradoria-Geral da República (PGR) e a sua cessação de funções, o Ministério Público nem sequer se tenha dignado a informá-lo sobre o objeto do inquérito, nem o tenha convocado para qualquer diligência processual, referindo-se à Operação Influencer.

“Além de consubstanciarem uma indevida interferência no poder político, estes episódios também não são conformes às exigências do Estado de Direito democrático”, afirmam os subscritores. Apesar da gravidade do sucedido, registam que não houve qualquer consequência interna na condução das investigações e dos atos processuais “por força de um funcionamento e de uma cultura de perfil corporativo que manifestamente predomina no Ministério Público”.

Desta cultura corporativa, bem como “da assumida desresponsabilização da Procuradora-Geral da República pelas investigações”, decorre que a política criminal, em vez de ser definida pelo poder político como está previsto na Constituição, é, na prática, executada por magistrados do Ministério Público “sem qualquer mandato constitucional”, os quais exercem “um poder sem controlo” externo ou interno.

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Acerto do IRS das pensões chegou em abril e maio após terem terminado testes necessários

  • Lusa
  • 9 Maio 2024

A presidente do Instituto da Segurança Social disse que o acerto do IRS das pensões se tratou de uma questão "técnica", afastando que possam ser feitas leituras políticas.

A presidente do Instituto da Segurança Social afirmou, esta quinta-feira, que o acerto do IRS das pensões ocorreu em abril e maio após terminarem os desenvolvimentos informáticos e testes associados a esta correção sem pôr em causa as restantes prestações.

A presidente do ISS, Ana Margarida Vasques, que está a ser ouvida na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública a pedido do PSD e do CDS-PP sobre os acertos da retenção do IRS nas pensões pagas em abril e maio, afirmou que se tratou de uma questão “técnica”, afastando que possam ser feitas leituras políticas.

“Os acertos foram feitos em abril e maio, quando foi possível terminar os desenvolvimentos informáticos e os testes associados a esta correção sem prejudicar os processamentos das restantes prestações sociais”, afirmou a presidente do ISS.

Ana Margarida Vasques afirmou que se tratou de “uma questão de natureza técnica”, que tem “precedentes” e que não pode “ter outra leitura designadamente de natureza política”.

Em 29 de abril, o ISS esclareceu que foram feitos acertos na retenção do IRS das pensões de abril e maio para corrigir a retenção efetuada em janeiro com base numa tabela “provisória” a 328 mil pensionistas.

Os acertos foram feitos em abril e maio, quando foi possível terminar os desenvolvimentos informáticos e os testes associados a esta correção sem prejudicar os processamentos das restantes prestações sociais.

Ana Margarida Vasques

Presidente do Instituto da Segurança Social (ISS)

Naquele conjunto de 328 mil pensionistas da Segurança Social está incluída a devolução de IRS retido em excesso a 184 mil pensionistas (o que foi feito com a pensão de abril) e o acerto do valor retido a menos a 143.800 pensionistas – efetuado com as pensões de maio.

O comunicado surgiu após o Jornal de Negócios ter noticiado que há pensionistas que foram confrontados com uma redução do valor líquido da pensão paga em maio, sem que o recibo da mesma adiantasse uma explicação para esse facto – já que o valor bruto da pensão se manteve, assim como a taxa de retenção do imposto, mas não o montante do desconto.

Esta questão da tabela provisória de retenção e dos posteriores acertos apanhou de surpresa o novo Governo, com o gabinete da atual ministra do Trabalho, Maria do Rosário Ramalho, a revelar “estupefação” e a sublinhar que o assunto não foi transmitido pelo anterior executivo, que acusou de querer dar uma “ideia artificial” de aumento de pensões antes das eleições legislativas.

Na audição, a presidente do ISS sublinhou que o processamento das pensões começa a ser feito no dia 20 do mês anterior e que o mês de janeiro, ao combinar várias mudanças (como a atualização anual das pensões e a aplicação de novas tabelas de retenção o IRS) é um mês particularmente exigente.

Ana Margarida Vasques notou ainda que “não raras vezes” a tabela de retenção definitiva é precedida de uma provisória, lembrando que a que está a ser aplicada este ano foi publicada no dia 29 de dezembro – após o processamento das pensões – sendo que neste acerto foi dada prioridade às pessoas que tinham retido imposto em excesso e que a informação sobre a situação seguiu com o recibo da pensão.

Relativamente ao grupo cujo acerto foi feito em maio (que retiveram IRS a manos em janeiro) foi enviado um mail explicativo.

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Plataforma da PSP e GNR propõe suplemento com aumento de cerca de 600 euros

  • Lusa
  • 9 Maio 2024

A plataforma propõe que os atuais 100 euros pagos aos polícias no suplemento por serviço e risco nas forças de segurança sejam substituídos por uma componente fixa de 712,96 euros.

A plataforma que congrega os sindicatos da PSP e associações da GNR propõe um aumento de cerca de 600 euros através da alteração do atual suplemento por serviço e risco nas forças de segurança.

Na proposta enviada esta quinta-feira ao Ministério da Administração Interna (MAI), a plataforma propõe que os atuais 100 euros pagos aos polícias no suplemento por serviço e risco nas forças de segurança sejam substituídos por uma componente fixa de 712,96 euros, o que se traduziria num aumento efetivo de cerca de 600 euros. O valor da componente fixa corresponderia a 1,4 do Indexante dos Apoios Sociais (IAS), que é atualizado anualmente e em 2024 é de 509 euros.

Além deste valor, os sindicatos da Polícia de Segurança Pública e as associações socioprofissionais da Guarda Nacional Republicana defendem a manutenção da componente variável do suplemento, que corresponde a 20% do salário base. O atual suplemento pago a estas forças de segurança inclui uma componente fixa de 100 euros e uma variável de 20% do salário base. A plataforma justifica a proposta com “a compensação e valorização inerentes à condição policial, em especial o risco”.

“A proposta consiste na manutenção da componente variável de 20% sobre a remuneração base, acrescida da compensação e valorização inerentes à condição policial, em especial o risco, de cariz universal e equitativo, de valor igual a 1,4 o valor do Índice de Apoios Sociais (712,96 euros) efetivada com a extinção da atual componente fixa de 100 euros”, escrevem as 11 estruturas que representam os elementos das forças de segurança.

A plataforma sublinha que este aumento no suplemente deverá ser pago com retroativos a 01 de janeiro de 2023, tal como aconteceu na Polícia Judiciária, em que o suplemento de missão representou um aumentou salarial, em alguns casos, de cerca de 700 euros. A plataforma indica que consensualizou uma proposta de revisão do suplemento tendo por base a “paridade entre atores do Sistema de Segurança Interna”, a “universalidade e equidade do risco a que os polícias da PSP e militares da GNR estão sujeitos pela sua condição, justiça interna, unidade e coesão no seio da PSP e da GNR e máxima simplicidade administrativa”.

Os elementos da plataforma, que congrega os sindicatos e associações da PSP e GNR, estiveram reunidosesta quinta para aprovar esta proposta que surge em reação à que foi apresentada pelo MAI na semana passada. O MAI propôs um novo suplemento de missão para os elementos da PSP e da GNR de entre 365,13 e 625,94 euros. O suplemento proposto tem como referência os vencimentos base do diretor-nacional da PSP e do comandante-geral da GNR e substitui o atual suplemento por serviço e risco nas forças de segurança.

Com este novo suplemento de missão, os oficiais passariam a ter um suplemento de missão de 12% da remuneração base do diretor nacional da PSP e do comandante da GNR, que é de é de 5.216,23 euros, enquanto a percentagem para os chefes da PSP e sargentos da GNR é de 9% e para os agentes e guardas é de 7%.

O MAI garante que todos os elementos da GNR e da PSP “têm um aumento de retribuição” e que nenhum guarda ou polícia terá menos rendimento, passando a receber no mínimo mais 1.050 euros por ano, e para parte deles, mais do que isso. No final da reunião de hoje, o porta-voz da plataforma disse à Lusa que os sindicatos e associações da PSP e GNR vão abandonar as negociações com o Governo “se não houver por parte do MAI” uma proposta com “bom senso” e que se aproxime dos valores que defendem para o suplemento de missão.

A próxima reunião está marcada para 15 de maio.

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Banco do BCP em Moçambique tem nova administração

  • Lusa
  • 9 Maio 2024

O conselho de administração passa a ser presidido por Moisés Jorge. O anterior presidente, João Cunha Martins, renunciou ao cargo por "motivos pessoais".

O Banco de Moçambique aprovou esta quinta-feira a proposta dos acionistas do Millennium BIM, o segundo maior do país liderado pelo português BCP, de nomeação de novos órgãos sociais, passando o conselho de administração a ser presidido por Moisés Jorge.

Em comunicado, o Millennium Banco Internacional de Moçambique (BIM) anuncia a decisão e recorda que Moisés Jorge é um quadro superior da instituição, tendo integrado, em 1994, a equipa que lançaria o banco no ano seguinte, sendo que esta nomeação “reflete o compromisso” com uma “cultura de mérito e valorização dos seus quadros”. O Millennium BIM anuncia ainda a “renúncia” de João Cunha Martins ao cargo de presidente da comissão executiva “por motivos pessoais”.

“O seu compromisso com a excelência e a sua capacidade de liderança foram inestimáveis para o banco num momento crucial de desenvolvimento e crescimento da Economia Moçambicana”, lê-se no mesmo comunicado, o qual acrescenta que o BIM “já iniciou o processo de seleção” de um novo presidente da comissão executiva e que “está comprometido em garantir uma transição tranquila e eficiente”. Durante o “período de transição”, o atual administrador financeiro (CFO), Rui Maximino, “assumirá interinamente as responsabilidades de presidente da comissão executiva”.

À data de 31 de dezembro de 2023, o banco contava com um capital social de 4.500 milhões de meticais (65,7 milhões de euros), a maioria detido pelo BCP África (grupo Millennium BCP), com 66,69%, seguido do Estado de Moçambique (17,12%), do Instituto Nacional de Segurança Social moçambicano (4,95%) e da Empresa Moçambicana de Seguros (4,15%), entre outros.

Estas mudanças surgem sete dias depois de o banco central ter indicado um quadro próprio para inspetor residente no BIM, para monitorar o sistema de pagamentos e o modelo de negócio. Em comunicado, o banco central referiu anteriormente que o inspetor residente Hélder Manuel Chachuaio Muianga iniciou funções em 2 de maio, inserindo-se esta decisão no campo da “supervisão”, mas garantindo que o banco “continua sólido e estável”.

“O inspetor residente irá, dentre outras tarefas, monitorar o sistema de pagamentos, o modelo de negócio e a estratégia do banco, acompanhar e analisar os desenvolvimentos no sistema de gestão e de controlo interno do banco, e participar em reuniões relevantes dos órgãos colegiais”, lê-se no comunicado.

O Millennium BIM publicou este mês um pedido de desculpas aos clientes “pelas várias anomalias” na utilização dos cartões, ATM e POS “nos últimos dias”. Estes problemas, aparentemente, envolvem a nova rede interbancária em Moçambique e têm afetado vários outros bancos, motivando queixas generalizadas de clientes e empresários, por dificuldades nos pagamentos.

“As nossas equipas têm estado a trabalhar intensamente por forma a resolver estes problemas. Neste momento a situação está normalizada e os serviços restabelecidos. Continuaremos a monitorar a situação, por forma a assegurar a disponibilidade dos mesmos”, lê-se na mesma mensagem do Millennium BIM. Os lucros do BIM aumentaram 8,2% em 2023, face ao ano anterior, para 7.211 milhões de meticais (105,3 milhões de euros), segundo o relatório e contas divulgado anteriormente pela Lusa.

O Millennium BIM tinha apresentado lucros de 6.613 milhões de meticais (96,6 milhões de euros) no exercício de 2022 e fechou o ano passado com 2.574 trabalhadores (+2,8%), mais de 1,9 milhões de clientes (quase mais de 100 mil num ano) e 195 balcões. “Pese embora o cenário desafiador, o Millennium BIM mantém-se sólido e resiliente, sustentado por boa governação, gestão sã e prudente do risco e rigor no cumprimento dos normativos regulamentares”, lê-se na mensagem do conselho de administração no relatório e contas de 2023.

O banco aprovou uma proposta da administração para distribuir 82,5% dos lucros de 2023 em dividendos aos acionistas, liderados pelo BCP, equivalente a quase 5.949 milhões de meticais (86,9 milhões de euros), aplicando o restante em reservas.

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