Banco de Portugal dá luz verde a Carlos Tavares para acumular funções no Montepio por mais quatro meses

Carlos Tavares vai continuar como CEO e chairman do banco Montepio por mais quatro meses, até janeiro do próximo ano, tendo já obtido luz verde do Banco de Portugal para o efeito.

Carlos Tavares pediu ao Banco de Portugal para acumular as funções de presidente executivo e de não-executivo da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) por mais quatro meses e o regulador já deu essa autorização, isto depois de ter estado em cima da mesa o nome de Álvaro Nascimento para o cargo de chairman daquele banco.

Quando tomou posse em março deste ano, Carlos Tavares passou a exercer simultaneamente os cargos de CEO e chairman do Montepio com o aval do regulador liderado por Carlos Costa, que disse logo esta solução seria apenas temporária. E até dia 21 de setembro, a passada sexta-feira, o banco ficaria de nomear um novo chairman, algo que não veio efetivamente a acontecer.

Há cerca de um mês, o Montepio chegou a enviar para o Banco de Portugal um pedido provisório de avaliação de idoneidade de Álvaro Nascimento para o cargo de presidente não executivo. Mas o nome do antigo chairman da Caixa Geral de Depósitos mereceu críticas dentro do Conselho Geral da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), o acionista do banco, em face das considerações que teceu num artigo de opinião publicado no Jornal de Negócios sobre os créditos fiscais concedidos à instituição mutualista.

Naquele artigo de opinião, Álvaro Nascimento criticou a “benesse fiscal” de mais de 800 milhões de euros que permitiu à instituição mascarar a “situação insustentável” em que se encontra. Também duvidou da avaliação que foi dada ao banco no âmbito da entrada no seu capital da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e outras instituições de solidariedade social.

Com esta autorização do Banco de Portugal, comunicada pela CEMG esta sexta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Carlos Tavares vai manter-se CEO e chairman do banco até janeiro, isto numa altura em que se prepara para implementar o denominado Novo Plano de Transformação e que vai implicar uma mudança do nome comercial para Banco Montepio e um reforço da rede de comercial com mais uma dezena de agências low cost até final do ano.

Alguns dos pormenores do plano foram avançados esta quinta-feira após a CEMG ter apresentado uma subida de 21,1% do lucro para 15,8 milhões de euros na primeira metade do ano, com o menor registo de imparidades a ajudar.

(Notícia atualizada às 17h38)

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Banco Montepio vai mesmo mudar de nome comercial até final do ano

Caixa Económica Montepio Geral vai mudar a sua marca comercial até final do ano. Mas há mais mudanças em vista. O Montepio vai reforçar a sua rede comercial com a abertura de dez balcões.

A Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) vai mesmo ter uma nova designação comercial até final do ano, adiantou Carlos Tavares aos jornalistas, sem revelar o nome da nova marca.

Estatutariamente, a CEMG vai manter o nome, mas a forma como o banco se apresentará ao mercado através dos balcões vai mudar nos próximos meses.

Em maio, aquando da apresentação dos últimos resultados, Carlos Tavares sublinhou que, na hipótese de o banco mudar de marca, a designação “Montepio” seria para manter.

A mudança de nome da CEMG tem estado em cima da mesa nos últimos anos, com os reguladores a apelarem para uma maior diferenciação entre o banco e o seu único acionista, a Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG). Mas tem havido muitas posições contraditórias não só do lado do banco, como do próprio Banco de Portugal.

Esta é uma das medidas previstas no Novo Plano de Transformação e que vai trazer mais mudanças. Alguns dos pormenores foram avançados esta quinta-feira num encontro do presidente do Montepio com os jornalistas, após a CEMG ter apresentado uma subida de 21,1% do lucro para 15,8 milhões de euros na primeira metade do ano, com o menor registo de imparidades a ajudar.

Banco contraria fecho de balcões. Vai abrir dez até final do ano

Será uma espécie de balão de ensaio. Numa altura em que a banca está a fechar balcões, o Montepio vai reforçar a sua rede comercial com a abertura de dez balcões até final do ano. Serão pequenas unidades localizadas fora dos grandes centros urbanos, com dois ou três funcionários. “Procuramos estar mais onde os outros estão menos”, afirmou Carlos Tavares, presidente do banco.

“O banco vai ensaiar um projeto de abertura de pequenos balcões, com custos controlados e em zonas com potencial para ser rentabilizado”, adiantou. “Estudamos todas as freguesias, temos claro onde há espaço e necessidade de serviço bancário”, explicou o presidente do Montepio.

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Estas unidades vão ter custos relativamente baixos para permitir “uma reaproximação realista” aos clientes com maior défice em termos de serviços bancários mas sem representar um aumento de custos para o banco.

Por outro lado, a CEMG vai também promover alterações no horário de funcionamento dos balcões a estudar, fora dos expediente normal, a exemplo do que já fazem outros bancos.

Montepio Investimento também muda de nome este ano

Com o denominado Novo Plano de Transformação, Carlos Tavares também vai dar novo fôlego ao Montepio Investimento. Vai mudar de designação também até final do ano e terá novas funções.

“O Montepio Investimento estava em desativação e estava destinado a acabar”, disse o presidente do Montepio. “Vamos recriar o Montepio Investimento para ser um banco de empresas, que inclui a corporate banking e banca de investimento”, revelou, acrescentando que deverá funcionar com 30 trabalhadores.

“Procuramos criar algo que será realmente original”, rematou.

Em termos de objetivos quantitativos, Carlos Tavares pretende chegar a 2023 com um rácio de crédito malparado inferior a 5% do total do ativo, face ao rácio de 17% atingido no final do ano passado. Em termos de quota de crédito, espera vir a deter 7,3% dentro de cinco anos — acima da quota de 6,2% do final do ano passado.

(Notícia atualizada às 18h46)

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Banco Montepio aumenta lucros em 21% para 15,8 milhões no primeiro semestre

O lucro do Montepio aumentou em 21,1% no primeiro semestre do ano para 15,8 milhões de euros, com o banco a registar menos imparidades para crédito.

A Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) aumentou os lucros em 21,1% para 15,8 milhões de euros no primeiro semestre do ano, num desempenho influenciado pelo registo de menos imparidades para crédito.

O montante de imparidades e provisões caiu em 33,2% para 59,5 milhões de euros entre janeiro e junho deste ano, ajudando a melhorar as contas do banco liderado por Carlos Tavares.

Até porque a margem financeira (que resulta dos rendimentos obtidos com juros recebidos nos empréstimos menos os juros pagos nos depósitos) caiu 6,3% para 134,4 milhões de euros, devido sobretudo à redução da carteira de crédito — o montante de empréstimos a clientes caiu quase 8% para 14,8 mil milhões de euros. Por outro lado, o banco deixou de contar com juros recebidos da dívida pública, após ter vendido uma carteira de títulos de 1.000 milhões de euros no ano passado — no primeiro semestre do ano passado, a dívida pública rendeu 20 milhões.

Esta quebra da margem financeira foi parcialmente compensada pelo aumento dos rendimentos com comissões bancárias em 4% para 57,4 milhões de euros.

Contas feitas, o produto bancário caiu 3,5% sobretudo pela diminuição da margem financeira.

No lado do balanço, além da diminuição do stock de crédito devido à política mais cautelosa na análise de risco e preço, os depósitos da CEMG aumentou 7,4% para 12,5 mil milhões de euros (mais 855 milhões face a julho do ano passado).

O Montepio chegou a julho com o rácio de capital de 13,5%.

Aquando da apresentação dos resultados semestrais, Carlos Tavares revelou que a CEMG vai mudar de nome comercial até final do ano e anunciou ainda a abertura de uma dezena de balcões low cost, isto no âmbito do denominado Novo Plano de Transformação, cujos pormenores vão ser revelados em breve.

(Notícia atualizada às 18h35)

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Capital Certo dá buraco de 115 milhões à Associação Mutualista. Meta de captação de poupança em risco

Produto Capital Certo, cuja comercialização esteve suspensa por seis meses, perdeu 115 milhões até julho e compromete meta de financiamento da mutualista de 970 milhões com captação de poupanças.

O produto mutualista Capital Certo, o mais vendido pela Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), está a registar um “buraco” de 115 milhões de euros este ano, num mau desempenho que vai comprometer os objetivos da instituição liderada por Tomás Correia em relação à captação de 970 milhões de euros em poupanças mutualistas em 2018.

Esta modalidade de capitalização, que passou a designar-se Poupança Mutualista após a suspensão da sua comercialização durante seis meses nos balcões da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), registou novas entregas de 145,2 milhões de euros entre janeiro e julho deste ano, mas o volume de novas aplicações foi insuficiente para fazer face aos 260 milhões de euros em resgates antecipados e vencimentos durante este período, segundo os dados a que o ECO teve acesso.

Questionada pelo ECO, fonte oficial da AMMG confirma este desempenho negativo e explica que tal se deveu à suspensão da distribuição do Capital Certo em fevereiro. Não vai, contudo, afetar o balanço da instituição, garantiu a mesma fonte. Este produto mutualista voltou a ser comercializado pelo banco apenas em agosto, mas já com uma “roupagem” diferente: uma nova designação e maior rigor na informação prestada ao cliente, conforme o ECO avançou em primeira mão.

Em entrevista ao Jornal Económico, Tomás Correia apontou o dedo à anterior administração da CEMG, liderada por José Félix Morgado, e sublinhou que a suspensão da distribuição do Capital Certo aos balcões do banco vai comprometer os objetivos de financiamento da AMMG em 970 milhões de euros captados através de produtos de capitalização, de acordo com os objetivos inscritos no Programa de Ação e Orçamento para 2018: 370 milhões de renovações e 600 milhões de captação adicional.

“Essa suspensão, que nenhum regulador impôs, foi obra do anterior conselho de administração executivo. Obviamente que sete meses sem distribuir produtos mutualistas na CEMG comprometem esse objetivo. Foi lamentável“, disse Tomás Correia na entrevista. “Os produtos que se venceram e não foram reaplicados são responsabilidades que nós cobrimos”, adiantou ainda.

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Fonte oficial da anterior administração da CEMG de Félix Morgado explicou ao ECO porque razão decidiu suspender a distribuição dos produtos mutualistas nos balcões do banco: “A distribuição foi suspensa porque a AMMG não quis incluir na informação a disponibilizar aos clientes dados relevantes e obrigatórios como sejam os resultados negativos, situação patrimonial, mercado alvo (excluía alguns dos anteriores subscritores devido, por exemplo à idade) e nível de risco do produto (avaliado pela PwC e que é alto)”.

O Capital Certo não é o único produto mutualista a pressionar a AMMG. Outras modalidades como a Poupança Complementar e Proteção 5 em 5 também estão a registar mais saídas de capital do que entradas. Feitas as contas, as várias modalidades disponibilizadas pela mutualista apresentam um saldo líquido negativo 131 milhões de euros entre janeiro e julho — um desempenho, ainda assim, melhor do que registava há um ano, quando perdia 441 milhões.

Tomás Correia assegurou na mesma entrevista que “a suspensão de produtos mutualistas não colocou qualquer pressão de liquidez” à AMMG, que chegou julho com um grau de cobertura das responsabilidades de 1,261, segundo os dados acedidos pelo ECO.

Menos 6.000 associados

Por outro lado, a AMMG continua a perder associados em 2018, já depois de ter dito adeus a mais de 7.000 sócios no ano passado.

A instituição, que tem eleições agendadas para 7 de dezembro, contava com cerca de 619,5 mil associados, tendo perdido quase 6.000 associados face ao final de 2017. A instituição justifica esta quebra com a alienação de uma carteira de créditos pela CEMG e que implicou a perda de associados ligados a estes créditos, segundo disse fonte oficial

A AMMG registou a entrada de 19.421 novos associados nos primeiros sete meses do ano. Mas também aqui o fluxo de saídas foi mais intenso do que de entradas: saíram mais de 25 mil sócios. O saldo líquido foi então negativo em 5.879 sócios.

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Associação Mutualista Montepio elege novo presidente a 7 de dezembro

Já há data para as eleições dos órgãos sociais da maior associação mutualista do país: 7 de dezembro. As listas candidatas terão de ser entregues no mês de outubro.

Os associados da Associação Mutualista Montepio Geral vão eleger nos novos órgãos sociais da instituição para o triénio 2019-2021 no próximo dia 7 de dezembro, com o ato eleitoral a decorrer entre as 9h00 e as 18h00 desse dia, segundo a convocatória divulgada esta segunda-feira.

As eleições para a maior mutualista do país terão lugar na sede da maior mutualista do país, situada na Rua Áurea, em Lisboa, embora sejam permitidos votos por correspondência, de acordo com a nota assinada pelo presidente da Mesa da Assembleia-Geral, o padre Vítor Melícias.

Os candidatos terão de entregar as suas listas durante o mês de outubro. Ainda não se sabe se o atual presidente, Tomás Correia, vai apresentar candidatura, conhecendo-se, para já, apenas um candidato: Fernando Ribeiro Mendes, o administrador dissidente da Associação Mutualista, que anunciou em julho que vai concorrer às eleições.

Ribeiro Mendes poderá vir a encabeçar a lista do grupo destacado de associados descontentes e que pretende lançar uma lista única alternativa para concorrer com Tomás Correia nas próximas eleições, embora o seu nome não seja consensual — há quem aposta no nome do vice-presidente da Cruz Vermelha, Alexandre Abrantes, para liderar uma lista única de oposição, conforme avançou o ECO em primeira mão.

Do lado de Tomás Correia, que venceu as últimas eleições que ocorreram em 2015, obtendo 61% dos votos nesse ato eleitoral, o nome de Maria de Belém poderá vir a assumir maior protagonismo caso o atual presidente não formalize uma candidatura.

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Na última sexta-feira, o atual presidente da Associação Mutualista disse que ainda não tinha decidido se se candidatava para um novo mandato, “uma vez que isso depende de “muita interação, muito diálogo em torno do caminho e das pessoas mais hábeis para percorrer o caminho”. Mas “não tenham dúvidas de que vai aparecer um candidato proposto pelo [atual] Conselho de Administração para o Conselho de Administração”, garantiu.

Sobre os candidatos que se perfilam na oposição, Tomás Correia afirmou que “não tem qualidade e não têm determinação para poder assumir tamanha responsabilidade”.

A Associação Mutualista Montepio apresentou lucros de 587 milhões de euros em 2017, um resultado justificado pelo apuramento de créditos fiscais de quase 810 milhões de euros e que permitiu à instituição sair de uma situação de capitais próprios negativos em 250 milhões de euros para capitais próprios de 510 milhões de euros.

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Montepio sai de Moçambique. Vende toda a posição no capital do Banco Terra

O banco liderado por Carlos Tavares vendeu 45,78% do capital social do BTM - Banco Terra a uma holding holandesa. Valor do negócio não foi revelado.

A Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) vai sair de Moçambique. O banco liderado por Carlos Tavares revela, em comunicado enviado à CMVM, que chegou a acordo para a venda de toda a participação que tinha no capital do Banco Terra a uma holding holandesa. Não é revelado o valor da operação.

“A CEMG informa que a sua participada Montepio Holding, SGPS, acordou a venda da participação de 45,78% do capital social do BTM – Banco Terra”, refere em comunicado.

A venda foi feita à “Arise, uma holding criada em conjunto pelo fundo soberano norueguês Norfund, pelo banco de fomento holandês FMO e pelo Rabobank para apoiar o crescimento em África através de investimentos em instituições financeiras africanas”, acrescenta o banco.

“Com esta venda o Grupo CEMG deixa de deter qualquer participação no Banco Terra, no âmbito da redefinição estratégica das suas participações internacionais“, salienta a instituição. O Montepio tinha uma posição nesta instituição financeira de direito moçambicano desde 2012.

Recorde-se que já no relatório e contas de 2017 o banco apontava para a venda desta posição, mas também noutras operações em África. “Em relação às participações financeiras detidas nas subsidiárias em Angola e Moçambique importa referir que a CEMG se encontra num processo negocial com um conjunto de investidores com vista a recentrar a abordagem para o mercado africano tendo em vista a desconsolidação do Finibanco Angola S.A. e BTM – Banco Terra”, notava.

"Com esta venda o Grupo CEMG deixa de deter qualquer participação no Banco Terra, no âmbito da redefinição estratégica das suas participações internacionais.”

Montepio

Apesar da venda, o Montepio nota que “o negócio – que inclui uma opção para uma eventual entrada do Montepio na Arise – vem reforçar e aprofundar a parceria estabelecida entre as duas instituições, que se comprometem a estudar conjuntamente oportunidades futuras de investimento no continente africano”.

(Notícia atualizada às 18h22 com mais informação)

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O que pensa o novo chairman do Montepio da “benesse fiscal” atribuída à Associação Mutualista?

Álvaro Nascimento, o próximo chairman do banco Montepio, duvida da "seriedade" com que se aplicaram créditos fiscais de 800 milhões à Associação Mutualista para reverter real "situação insustentável".

Proposto para desempenhar funções de chairman na Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), Álvaro Nascimento é um dos críticos daquilo que considerou ser uma “benesse fiscal” de mais de 800 milhões de euros atribuída à Associação Mutualista Montepio Geral (acionista do banco) e que permitiu à instituição mascarar a “situação insustentável” em que se encontra. Também duvidou da avaliação que foi dada ao banco no âmbito da entrada no seu capital da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e outras instituições de solidariedade social.

Em março, a mutualista liderada Tomás Correia apresentou os resultados relativos a 2017 e nos quais apurou ativos por impostos diferidos no valor de 808,6 milhões de euros que possibilitaram à instituição sair de uma situação de capitais próprios negativos de 251 milhões de euros para capitais próprios positivos de mais de 500 milhões de euros.

Para Álvaro Nascimento, se o assunto não levantou problemas de natureza legal, “não deixa de abalar as fundações da República, de um Estado de direito que se quer respeitado pelos cidadãos”, segundo escreveu num artigo de opinião publicado no Jornal de Negócios (acesso pago) a 26 de março.

“De uma penada, uma instituição que se apresenta como do “terceiro setor” passa a intitular-se sociedade comercial com rendimentos empresariais, cujos administradores são compensado com prémios em função do desempenho… Mas que desempenho?! Com um simples registo contabilístico evidenciam-se sinais de solidez e solvabilidade, revertendo uma situação insustentável, como se esta fosse apenas aparente… Com que seriedade?!”, assinalou ainda.

"Com um simples registo contabilístico evidenciam-se sinais de solidez e solvabilidade, revertendo uma situação insustentável, como se esta fosse apenas aparente… Com que seriedade?!”

Álvaro Nascimento

Chairman proposto para a Caixa Económica Montepio Geral

Lucros de 4.000 milhões?

No mesmo artigo, o antigo chairman da Caixa Geral de Depósitos (CGD) questionou sobre se “alguém, nomeadamente os auditores, fez as contas” para que os créditos fiscais venham a ser realmente utilizados pela AMMG.

“Para um crédito fiscal em sede de IRC de tamanha magnitude — mais de 800 milhões de euros — os resultados terão de crescer exponencialmente. Em termos equivalentes, considerando a taxa normal de 21%, são quase 4 mil milhões de euros de “lucros” futuros”, estimou Álvaro Nascimento, um cenário que vê como muito pouco provável tendo em conta a realidade do setor da banca. “Deram-se ao trabalho de ver as rentabilidades dos últimos anos e analisar o contexto em que opera o setor financeiro (com quem a associação tem ligação umbilical), não apenas em Portugal, mas em toda a Europa?”, questionou.

Também a entrada da Santa Casa no capital do banco Montepio, onde vai assumir funções de presidente do conselho de administração (o cargo de CEO vai continuar a pertencer a Carlos Tavares), mereceu palavras menos positivas de Álvaro Nascimento.

“Mas magistral é forma como é anunciada a entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa no capital da Caixa Económica Montepio Geral, junto com outras IPSS. A “boa notícia” de que só uma participação de 2% — não os 10% de que se falava — por mais de 30 milhões. Mas… não era exatamente a questão da valorização que suscitava dúvidas? De uma assentada, “fixa-se” o valor do banco em mais de 1.500 milhões de euros. Porquê e para quê?”, escreveu na altura.

Três meses depois, associação mutualista, Santa Casa e outras instituições fecharam o acordo para um investimento inicial de apenas 75 mil euros por uma participação inferior a 0,0016% da CEMG, com possibilidade de ir até aos 2% do capital do banco com base numa avaliação de 2.400 milhões de euros.

"Mas magistral é forma como é anunciada a entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa no capital da Caixa Económica Montepio Geral, junto com outras IPSS. A “boa notícia” de que só uma participação de 2% — não os 10% de que se falava — por mais de 30 milhões. Mas… não era exatamente a questão da valorização que suscitava dúvidas?”

Álvaro Nascimento

Chairman proposto para a Caixa Económica Montepio Geral

Por todas estas questões, Álvaro Nascimento perguntou: “Não seria responsável assumir as dificuldades e resolver os problemas com transparência, em vez de todas estas trapalhadas? Ou resta-nos acreditar na divina providência?”

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Montepio volta a vender produtos mutualistas. Carlos Tavares blinda banco da Associação

Produtos mutualistas regressaram aos balcões do Montepio. Só os gestores do banco podem comercializar aplicações como a Poupança Mutualista. Carlos Tavares reforça informação prestada ao cliente.

A Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) voltou a comercializar produtos mutualistas aos seus balcões desde esta segunda-feira, depois de uma suspensão temporária de cerca de seis meses para adequar as vendas às novas regras financeiras. E há mudanças importantes na abordagem comercial. Desde logo, a aplicação Capital Certo, que passou a designar-se Poupança Mutualista, como o ECO avançou em primeira mão. Além disso, há maior rigor na informação prestada ao cliente, incluindo uma “Síntese Informativa” onde o banco identifica o supervisor responsável pelo produto e divulga as contas da associação. Por outro lado, só os gestores do banco estão autorizados a vender este produto mutualista dentro da agência. Eles próprios vão ter de assinar o documento de venda ao cliente. Assim, o banco controla quem vendeu o quê e a quem. E Carlos Tavares blinda a CEMG da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG).

Estas alterações foram promovidas pelo banco juntamente com a mutualista, no sentido de assegurar uma comercialização adequada, transparente e responsável dos produtos que podem ser subscritos aos balcões da CEMG.

Um grupo de trabalho composto por elementos dos dois lados esteve nos últimos meses a repensar e reformular a oferta do banco, incluindo o nome do produto, a informação simplificada a disponibilizar aos clientes e a formação aos gestores. As mudanças chegam agora aos balcões, conferindo uma maior responsabilização aos gestores e também aos clientes.

A alteração mais visível: o produto mutualista Capital Certo chama-se agora Poupança Mutualista, uma nova designação que reflete a essência deste produto. Mas há um reforço da informação que é disponibilizada aos clientes, traduzindo um maior empenho do banco para adequar às novas regras dos mercados financeiros (DMIF II) a comercialização de um produto que tem estado na mira das autoridades.

Em concreto, além das Fichas Técnicas da Série e da Modalidade, onde o banco densifica todas as características e riscos da Poupança Mutualista, o cliente recebe agora uma “Síntese Informativa”. Trata-se de um documento de cinco páginas que resume aquela que é a informação fundamental sobre a aplicação, incluindo a identificação da autoridade competente de supervisão da AMMG (até ver, o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social – Direção-Geral da Segurança Social) e indicadores financeiros da associação mutualista. No final do documento, o cliente e o gestor firmam o contrato de subscrição do produto com as respetivas assinaturas.

Em termos de rendimento, o Poupança Mutualista passa a apresentar uma maturidade mais curta (de cinco anos) e uma taxa média bruta (de 1,23%) mais reduzidas face à última série do Capital Certo — tinha um prazo de seis anos e uma remuneração média de 1,305%. Consegue, ainda assim, oferecer uma taxa mais elevada do que a generalidade dos depósitos da prazo do banco, que não vai além 0,5%.

Mais formação para os gestores

Por outro lado, os balcões do associado deixam de comercializar o Poupança Mutualista — mantendo-se, ainda assim, a oferta dos outros produtos mutualista disponível nestes balcões. Atualmente, existem cerca de 100 destes espaços a funcionar dentro de aproximadamente 300 agências da CEMG. A partir de agora, só os profissionais do banco poderão vender o Poupança Mutualista dentro das agências por serem aqueles que a CEMG pode formar, supervisionar e sancionar, se for o caso.

Para este efeito, um universo de colaboradores do banco realizou um curso online nos últimos meses, numa formação que incluiu as denominadas Skype Calls, videochamadas que serviram para a apresentação das características do produto mutualista e para explicação das diferenças com outros produtos financeiros mais tradicionais que também são comercializados pelo banco. Cada gestor recebeu um manual de procedimentos e poderá sempre ligar para uma linha de apoio para esclarecimentos adicionais.

A CEMG não definiu objetivos para as vendas com a Poupança Mutualista e também não há incentivos à comercialização do produto, isto apesar de a associação mutualista prever captar quase 1.000 milhões de euros só este ano com produtos de capitalização, como o Capital Certo. Este montante foi considerado elevado pelos sindicatos, que ficaram apreensivos e preocupados porque isso poderia traduzir-se em maior pressão sobre os funcionários do banco.

Ainda assim, haverá uma monitorização regular das subscrições efetuadas fora do público-alvo, e o banco emitirá alertas aos gestores sempre que for necessário para travar uma venda generalizada e indiscriminada do produto, tal como prevê a DMIF II.

Como o Montepio vai controlar vendas

1. Identificação clara do supervisor responsável

É uma das alterações que decorre da introdução da DMIF II: os produtos financeiros têm de distinguir de forma clara qual é a autoridade competente de supervisão. No caso do Poupança Mutualista, o produto é “fabricado” pela AMMG, que é supervisionada pela Direção-Geral da Segurança Social do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

Mas a mutualista vai saltar em breve para a esfera da Autoridade Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões, o regulador dos seguros, após a entrada em vigor das novas regras para as associações mutualistas.

2. Definição do público-alvo

O Montepio também identifica de forma clara a quem se destina o Poupança Mutualista: aos associados da Associação Mutualista Montepio Geral e clientes da Caixa Económica Montepio Geral com idade inferior a 75 anos, que possuam conhecimentos ou experiência intermédios sobre as características dos produtos, e com um nível de tolerância ao risco médio.

No Capital Certo, não havia limite de idade nem estava definido o perfil de risco adequado do subscritor. Dentro da política de governação do produto, o banco vai monitorizar as vendas fora do público-alvo para evitar uma venda generalizada e indiscriminada do produto.

3. Apresentação das contas da Associação Mutualista

A Síntese Informativa inclui ainda um extrato das contas financeiras da Associação Mutualista nos últimos anos, onde o cliente pode verificar a evolução de alguns indicadores da instituição, como a dimensão (número de associados, ativo), a rentabilidade (resultado operacional, receitas associativas e cash-flow), a solidez financeira (capitais próprios) ou a liquidez (nível de provisões).

4. Assinatura do gestor responsável e cliente

No final, tanto o associado como o gestor responsável pela venda do produto firmam o contrato com as respetivas assinaturas, introduzindo maior responsabilidade e sentido de compromisso entre cliente e banco. O documento é digitalizado, ficando uma cópia com o cliente.

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Oposição a Tomás Correia dividida sobre candidato nas eleições da Associação Mutualista

Ribeiro Mendes, o administrador dissidente, já anunciou a sua candidatura à Associação Mutualista, mas o seu nome não é consensual dentro do grupo de associados descontentes com o atual presidente.

Fernando Ribeiro Mendes e Alexandre Abrantes: não há consenso para liderar a oposição a Tomás Correia na Associação Mutualista Montepio.Fotomontagem: Ana Raquel Moreira

Fernando Ribeiro Mendes anunciou a candidatura à liderança da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) há um mês, mas o administrador dissidente da instituição não reúne consenso dentro do grupo destacado de associados descontentes e que pretende lançar uma lista única alternativa para concorrer com Tomás Correia nas próximas eleições.

Ao que o ECO apurou, as próximas semanas vão revelar-se decisivas para se perceber quem vai liderar a oposição ao atual presidente (que deverá apresentar a sua candidatura a um quarto mandato, ao que tudo indica) nas eleições que terão lugar na associação mutualista em dezembro. Mas dentro do grupo que juntou associados das várias listas derrotadas nas últimas eleições, e do qual fazem parte o antigo ministro Bagão Félix, António Godinho ou o economista ligado ao PCP Eugénio Rosa, não se discute apenas um nome para encabeçar uma lista que se pretende que seja alternativa única a Tomás Correia na corrida à liderança da maior mutualista do país.

Se alguns acreditam que é Fernando Ribeiro Mendes, antigo secretário de Estado da Segurança Social do Governo de António Guterres e membro da atual administração da Associação Mutualista, quem reúne mais condições para protagonizar uma candidatura vencedora, até pelo seu peso e maior notoriedade política, outros apostam no nome de Alexandre Abrantes para encabeçar a lista da oposição.

Alexandre Abrantes é atualmente vice-presidente da Cruz Vermelha Portuguesa e professor na Universidade Nova de Lisboa, tendo sido consultor do Banco Mundial. É um dos autores do livro “Renovar Montepio” juntamente com António Godinho, que apresentou candidatura à liderança da AMMG em 2015.

Por seu turno, Ribeiro Mendes tem sido uma das vozes dissidentes dentro da administração de Tomás Correia, tendo defendido por várias vezes mudanças nos órgãos que gerem destinos da instituição. “É preciso acabar com a deriva estratégica que nos tem assombrado de grandiosos sonhos que hoje sabemos que foram irrealistas”, disse o administrador nas Jornadas de Reflexão Mutualista que decorreram em junho e que contaram com a participação de Alexandre Abrantes.

O objetivo deste grupo de associados descontentes com o atual estado da AMMG passa por criar uma lista alternativa única abrangente e que seja capaz de enfrentar Tomás Correia, que em 2015 registou 61% dos votos nas eleições para o triénio 2016-2018, pelo que vão querer evitar cisões internas que se traduzam em mais listas.

As candidaturas para os órgãos sociais da AMMG terão de ser entregues no mês de outubro, com o ato eleitoral a ter lugar dois meses depois.

As eleições para a associação mutualista que conta com mais de 600 mil associados vão decorrer num clima de expectativa, sobretudo depois da entrada em vigor das novas regras para as mutualistas, que acontece já a 1 de setembro, antes da corrida eleitoral.

Conforme já avançou o ECO, o novo código das mutualidades pode baralhar as contas do lado do atual presidente. Em cima da mesa poderá estar mesmo o nome da ex-ministra da Saúde Maria de Belém, uma alternativa a avançar caso Tomás Correia (que ainda não anunciou a sua candidatura) não possa formalizar uma candidatura por impedimento do regulador dos seguros.

Com as novas regras, a AMMG vai passar para a esfera de supervisão financeira da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) nos próximos meses. A partir do momento em que a instituição estiver sob alçada do regulador liderado por José Almaça, a idoneidade vai passar a ser um dos critérios para os candidatos aos órgãos sociais, e isto numa altura em que correm inquéritos no Banco de Portugal e Ministério Público sobre Tomás Correia — embora sem qualquer condenação.

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Marcelo promulga lei que deixa investimentos estratégicos da Santa Casa nas mãos do Governo

Presidente da República promulgou a lei que faz depender de uma autorização da tutela qualquer "investimento estratégico e estruturante" da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

O Presidente da República promulgou esta quarta-feira a lei que prevê que “investimentos estratégicos e estruturantes” a realizar pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa tenham de obter uma autorização do Governo.

“O Presidente da República promulgou o Decreto da Assembleia da República nº 229/XIII, que sujeita a autorização da tutela a realização de investimentos estratégicos e estruturantes pela mesa da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (Terceira alteração ao Decreto-Lei n.º 235/2008, de 3 de dezembro, que aprova os Estatutos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa)”, informa a Presidência numa nota publicada no seu site.

Em concreto, o diploma faz depender de uma autorização da tutela — neste caso, do Ministério do Trabalho, Solidariedade e da Segurança Social — para que a Santa Casa efetue “investimentos estratégicos e estruturantes” que envolvam a instituição na administração ou em órgãos sociais de instituições que desenvolvem atividades noutros setores ou que sejam em volume superior a 5% do seu orçamento anual.

Este projeto foi apresentado em abril pelo CDS, tendo sido anunciado pelos centristas como uma forma de tentar travar a entrada da Santa Casa no capital da Caixa Económica Montepio Geral.

Ainda assim, este negócio veio a ser formalizado no final de junho, resultando num investimento inicial de 75 mil euros da parte da Santa Casa no banco liderado por Carlos Tavares.

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Maria de Belém é plano B de Tomás Correia para a Associação Mutualista Montepio

Ex-ministra da Saúde é nome em cima da mesa caso o atual presidente não possa apresentar candidatura à Associação Mutualista Montepio, que vai passar para a supervisão do regulador dos seguros.

Maria de Belém foi candidata às presidenciais em 2016.Miguel A. Lopes/Lusa

Maria de Belém poderá vir a assumir protagonismo nas próximas eleições para a Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG). Há dentro da instituição quem admita que a ex-ministra da Saúde está bem posicionada para ser alternativa a Tomás Correia caso o atual presidente da instituição não possa ele próprio formalizar uma candidatura para liderar a maior mutualista do país por causa das novas regras do Código das Associações Mutualistas (CAM).

Com eleições agendadas para dezembro, a associação mutualista vive momentos de alguma expectativa quanto às implicações do novo código das mutualistas nas pretensões do atual presidente para tentar um quarto mandato à frente da instituição. Em outubro terão de ser formalizadas e entregues as listas para os vários órgãos da instituição. E até à realização das eleições a AMMG poderá passar para a supervisão da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundo de Pensões (ASF) — depois da entrada em vigor do novo código das mutualidades já promulgado pelo Presidente da República –, o que trará novidades importantes na corrida eleitoral da mutualista que conta com mais de 620 mil associados.

Isto porque do novo regime de supervisão financeira aplicado às grandes mutualistas resultará que os candidatos aos órgãos sociais das instituições terão de ser aprovados regulador liderado por José Almaça. Nos seus critérios de apreciação de idoneidade para o exercício de funções em empresa de seguros ou de resseguros, a ASF deve ter em consideração “a acusação, a pronúncia ou a condenação, em Portugal ou no estrangeiro, por crimes contra o património, crimes de falsificação e falsidade, crimes contra a realização da justiça, crimes cometidos no exercício de funções públicas, crimes fiscais, crimes especificamente relacionados com o exercício de uma atividade financeira e com utilização de meios de pagamento e, ainda, crimes previstos no Código das Sociedades Comerciais”, entre outros pontos.

Por causa disso, Tomás Correia poderá ter o seu caminho dificultado para se recandidatar a um novo mandato, quando sobre si correm inquéritos no Banco de Portugal e no Ministério Público. O supervisor bancário já acusou Tomás Correia de falta de incumprimento das regras prudenciais e de análise de crédito e constituição de provisão — uma decisão sobre esta ação poderá surgir bem antes das eleições de dezembro, havendo margem para recurso — e tem outro inquérito aberto por eventual falsificação de documentos. Já Ministério Público investiga Tomás Correia por suspeita de poder ter recebido comissões indevidas de um cliente quando era presidente da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG).

Dentro deste quadro de incerteza surge o nome de Maria de Belém como eventual plano B, um cenário que é admitido no seio de quem apoia Tomás Correia, disse uma fonte do lado da oposição ao ECO. Outra fonte confirmou esta possibilidade e até comentou que a antiga ministra foi presença notada na última Assembleia Geral da instituição, da passada terça-feira, que serviu para os associados aprovarem por larga maioria das contas de 2017.

Questionada pelo ECO sobre se tinha sido convidada para integrar a lista de Tomás Correia, a antiga ministra da Saúde disse apenas: “Sou associada do Montepio há muitos anos e já fui convidada várias vezes. Não tenho de prestar declarações sobre isso. Estou focada é no trabalho sobre a Lei de Bases da Saúde“.

Atualmente, Maria de Belém lidera a Comissão de Revisão da Lei de Bases da Saúde, cujo projeto esteve em consulta pública até à passada quinta-feira. A versão final deverá ser entregue ao Governo em setembro.

"Sou associada do Montepio há muitos anos e já fui convidada várias vezes. Não tenho de prestar declarações sobre isso. Estou focada é no trabalho sobre a Lei de Bases da Saúde.”

Maria de Belém

Antiga ministra da Saúde

Por outro lado, o nome de Maria de Belém foi referenciado pelo próprio Tomás Correia, quando em abril passado juntou diretores regionais do banco para lançar a sua candidatura, noticiou o Público na altura (acesso pago). Mais tarde, o mesmo jornal veio a dar conta de que a candidatura do atual presidente poderia estar em risco por causa do novo código das mutualistas e que, nesse cenário, Luís Almeida (que fez parte da comissão executiva da CEMG liderada por Félix Morgado) poderia ser o nome de confiança para avançar com uma candidatura.

Importantes para perceber quais as implicações que as novas regras poderão ter na corrida à liderança da Associação Mutualista serão os timings que decorrem do processo de aplicação do novo regime de supervisão financeira às grandes mutualistas.

A partir da entrada em vigor do CAM, Governo e regulador terão até 120 dias (quatro meses) para definir as mutualistas que vão passar a estar sob supervisão da ASF – além da AMMG, o regulador vai também supervisionar financeiramente a Montepio Nacional da Farmácia (Monaf), disse o ministro Vieira da Silva. Mas esse período poderá ser encurtado, havendo a possibilidade de a AMMG passar para esfera de supervisão do regulador dos seguros antes das eleições, mudando as regras do jogo.

Para já, é conhecida publicamente a candidatura de Fernando Ribeiro Mendes, que é administrador (dissidente) do atual conselho de administração liderado por Tomás Correia. Ainda não há data formal para a apresentação da sua lista. E também ainda não se sabe se Ribeiro Mendes vai protagonizar a única lista alternativa à provável recandidatura de Tomás Correia, que ainda não anunciada.

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Carlos Tavares confirmado como CEO do Montepio. Reforça equipa com mais administradores

Um administrador executivo vem do BNU Macau para a área da informática. Outro administrador não executivo vai integrar a comissão de auditoria do Montepio. Carlos Tavares continuará como CEO.

Carlos Tavares vai continuar como presidente executivo da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), após ter sido indicado inicialmente pela Associação Mutualista Montepio Geral (acionista do banco) para a dupla função de CEO e chairman. E vai ver o conselho de administração reforçado com mais administradores (um executivo e outro não executivo). Pedro Alves vai liderar o Montepio Crédito, que está com administração incompleta há mais de um ano.

Vêm aí mudanças na administração do banco da mutualista. Desde logo porque Carlos Tavares manter-se-á como presidente da comissão executiva, o que obrigará a Associação Mutualista a procurar um novo presidente do conselho de administração (chairman). Desde março que Carlos Tavares vem acumulando as duas posições com a devida autorização do regulador. Mas já se sabia que esta seria apenas uma solução temporária e com prazo de validade até setembro. O novo chairman que terá de ter luz verde do Banco de Portugal e o ECO sabe que o acionista do banco ainda não fez chegar qualquer nome ao supervisor.

Por outro lado, o próprio Conselho de Administração da CEMG (que estava incompleto desde a tomada de posse em março passado) vai ser reforçado mais dois administradores, apurou o ECO. Do BNU Macau virá Leandro Silva para administrador executivo responsável pela área informática. E outro administrador não executivo irá compor a comissão de auditoria do banco, comissão esta que, dentro do modelo de governação monista do banco, está integrada no Conselho de Administração. Este órgão é presidido por Luís Guimarães.

São dois novos administradores que se juntam aos executivos Nuno Mota Pinto, José Mateus, Pedro Ventaneira, Carlos Pinto e Helena Costa Pina e aos não executivos Luís Guimarães, Amadeu Ferreira de Paiva, Manuel Teixeira, Vítor Martins e Rui Heitor.

Além disso, também Pedro Alves, inicialmente apontado para administrador executivo, será administrador não executivo, devido à sua relação profissional que mantém com Associação Mutualista enquanto coordenador do centro corporativo, segundo avançou o Jornal Económico.

Entretanto, será Pedro Alves quem vai liderar o Montepio Crédito, detido a 100% pela Montepio Holding — sendo esta última integralmente detida pela CEMG. Há mais de um ano que a administração está reduzida a apenas um elemento, Manuel de Pinho Baptista, depois das resignações dos restantes membros no dia 31 de maio de 2017. Estes factos foram devidamente comunicados ao Banco de Portugal através de carta.

Segundo o próprio Montepio Crédito revelou nas suas contas do ano passado, foi realizada uma assembleia geral a 26 de maio de 2017 para eleger os novos órgãos sociais, que só entrariam em funções após a autorização do regulador presidido por Carlos Costa. Mas só agora o processo terá conhecido avanços decisivos e para Pedro Alves será um regresso após ter sido presidente do conselho de administração da instituição no passado.

O ECO contactou a CEMG mas não foi possível obter resposta até ao momento. Também o Banco de Portugal foi contactado, mas rejeitou responder às perguntas colocadas pelo ECO “por força do dever de segredo a que está sujeito”.

(Notícia corrigida às 19h20 para clarificar que Pedro Alves foi indicado para administrador não executivo pela Associação Mutualista)

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