Investir mais no Montepio? Edmundo Martinho fica à espera de novas regras

Em entrevista ao ECO, a publicar na íntegra na segunda-feira, Edmundo Martinho garante que a Santa Casa não aumentará a posição 'simbólica' no Montepio enquanto o Governo não definir regras.

Edmundo Martinho afasta qualquer investimento adicional no Montepio, pelo menos por agora. O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) garante que não vai aumentar a participação acionista ‘simbólica’ no banco liderado por Carlos Tavares enquanto não for criado um quadro que defina os investimentos financeiros da Santa Casa. Em entrevista exclusiva ao ECO, no dia em que a Santa Casa formalizou o investimento de 75 mil euros no capital do banco na sequência de um acordo com a Associação Mutualista Montepio – que será publicada na segunda-feira -, Edmundo Martinho explica as razões para esta decisão.

“Desde a primeira hora que demos apoio total [ao projeto de resolução do BE] para que o Governo suscitasse por sua iniciativa, ou solicitando isso à Misericórdia, a definição de um quadro que regule os investimentos financeiros da Santa Casa. Ou seja, definir, por exemplo, os investimentos por classes de ativos, estabelecendo limites.

"[O investimento] não continuará de certeza enquanto esta questão não estiver clarificada. Se depois de clarificada vai haver, ou não, investimento adicional, é uma questão a que não sei responder.”

Edmundo Martinho

Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa

Sem este quadro, garante o provedor da SCML, não haverá mais investimento. Edmundo Martinho afirma que isso não acontecerá “enquanto esta questão [quadro de investimentos] não estiver clarificada”. E “mesmo depois de clarificada, não sei se haverá, ou não, investimento adicional”, refere o provedor que veio ocupar o lugar deixado por Pedro Santana Lopes, em outubro.

Edmundo Martinho garante que a Santa Casa não porá mais dinheiro no Montepio enquanto o Governo não definir um quadro para os investimentos da entidade que lidera.Paula Nunes/ECO

“Parece-nos da mais elementar sensatez, seja para esta administração seja para as que vierem a seguir, que haja um quadro que está consensualizado, regulado na lei e que dá uma segurança completamente diferente à decisão”, salienta Edmundo Martinho, numa entrevista ao ECO que poderá ler na íntegra na próxima segunda-feira.

Esta entrevista foi feito no mesmo dia em que Santa Casa oficializou a entrada no capital do Montepio, num investimento de apenas 75 mil euros. A esta entidade juntam-se ainda outras 50 misericórdias e instituições interessadas em participar nesta operação, um número que vai aumentar até ao final do ano, garantiu o presidente da Associação Mutualista na cerimónia desta sexta-feira. Contudo, e uma vez que cada misericórdia e IPSS devem colocar cerca de mil euros cada, a participação “simbólica” fica muito distante dos 2% que Tomás Correia quer vender a estas entidades.

Ainda na sexta-feira foram os conhecidos os resultados da Caixa Económica Montepio Geral para o arranque do ano, período em que os lucros encolheram para metade — recuaram 48% para 5,7 milhões de euros, uma evolução justificada pelo banco com a redução da margem financeira, penalizada pela “menor exposição à dívida pública”.

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Santa Casa formaliza entrada no Montepio. Compra de 2% “é uma gota de água”, diz Tomás Correia

  • Rita Atalaia
  • 29 Junho 2018

A Santa Casa formalizou a entrada no Montepio, num investimento inicial de 75 mil euros. A este valor vai ainda juntar-se o das restantes 50 entidades. Posição chega a 2% até ao final do ano.

A Associação Mutualista, dona do Montepio, já formalizou a entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) no capital do banco liderado por Carlos Tavares. Isto num investimento inicial de 75 mil euros da Santa Casa, valor que vai aumentar com a participação das outras 50 misericórdias e entidades sociais que mostraram interesse em participar nesta operação, através da qual vão ser alienados até 2% do Montepio, até ao final do ano. Apesar de ser uma participação “simbólica”, o presidente da Mutualista garante que isso não se traduzirá num menor poder de intervenção no banco.

“Obviamente que 2% [no Montepio] é uma gota de água”, afirma Tomás Correia na cerimónia que oficializa a entrada da SCML e de outras misericórdias e entidades sociais no capital do Montepio, uma operação que defendem ser necessária para a criação de um banco da economia social. Ao todo, vão ser vendidos até 2% do banco, uma operação que vai ficar concluída até ao final do ano, explica.

“A venda vai ser feita ao valor nominal”, diz Tomás Correia. Ou seja, um euro por cada ação. E isto “com base num capital social do Montepio avaliado em 2.400 milhões de euros”.

Contudo, o presidente da Associação Mutualista explica que não é pelo facto de as entidades entrarem com uma participação “simbólica” que não vão ter poder de decisão em relação à estratégia do banco. “O facto de as participações poderem ser simbólicas, isso não significará uma menor capacidade de intervenção de todos os acionistas”, refere Tomás Correia. “Não faz sentido que uma instituição desta natureza funcione numa lógica de que quem tem mais capital toma as decisões. Vamos, numa base de igualdade, discutir e encontrar melhores soluções.”

"Obviamente que 2% [no Montepio] é uma gota de água. Mas o facto de as participações poderem ser simbólicas, isso não significará uma menor capacidade de intervenção de todos os acionistas.”

Tomás Correia

Presidente da Associação Mutualista

Quanto à possibilidade de a SCML e as outras entidades virem a ter assento na administração do banco, Tomás Correia diz que é preciso esperar pelo resultado desta operação. E explica que estas vão estar presentes noutros órgãos, como é o caso de um conselho estratégico, uma assembleia de representantes e ainda em reuniões periódicas.

Santa Casa entra com 75 mil, União das Misericórdias com 5 mil

Além da Santa Casa, que vai entrar com apenas 75 mil euros, juntam-se ainda outras 50 misericórdias e outras entidades da economia social. De acordo com Manuel Lemos, presidente da União das Misericórdias, esta entidade vai entrar com 5 mil euros. Em relação ao investimento total, esse valor ainda está por definir, explica Tomás Correia., que não exclui a possibilidade de alienar até 2% do Montepio por 38 milhões de euros até ao final do ano.

“São 50 instituições de várias famílias da economia social. Mas sabemos que este número vai crescer porque [é um projeto] para todas as instituições”, nota Tomás Correia, garantindo que o número de interessados vai aumentar.

Foi na quinta-feira que os conselheiros da Associação Mutualista deram luz verde à entrada da Santa Casa no capital do Montepio. Isto depois de o Governo ter, também, aprovado esta operação. Isto apesar de todas as críticas ao investimento da entidade.

Inicialmente, previa-se que a Santa Casa pudesse avançar com a compra de uma posição até 10% do capital do banco, participação que teria um custo estimado de 200 milhões de euros. Perante as críticas à operação, e depois de os partidos terem aprovado uma recomendação no sentido de o Executivo travar este investimento, a SCML e as outras misericórdias e IPSS passaram a compradores de uma participação até 2%.

(Notícia atualizada às 13h18 com o investimento da União das Misericórdias)

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Santa Casa já tem luz verde para entrar no Montepio. Investe apenas 75 mil euros

  • Rita Atalaia
  • 28 Junho 2018

Os conselheiros da Associação Mutualista aprovaram a entrada da Santa Casa e de outras entidades sociais no Montepio. Isto num investimento inicial que deverá rondar os 75 mil euros.

A Associação Mutualista deu luz verde à entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) no capital do Montepio, apurou o ECO. Foi no Conselho Geral que se realizou esta quinta-feira que chegou a aprovação necessária para que a venda de uma participação “simbólica” do banco a todas as misericórdias e entidades sociais que manifestaram interesse em participar neste investimento seja oficializada esta sexta-feira de manhã.

Os conselheiros da entidade liderada por Tomás Correia reuniram-se, esta quinta-feira, em Conselho Geral. E um dos pontos da ordem de trabalhos era a votação, e aprovação, da alienação de parte do Montepio à SCML e a outras instituições da economia social, como o ECO já tinha avançado.

Com o ‘ok’ dos conselheiros, a Associação Mutualista vai agora reunir as várias entidades num evento a decorrer esta sexta-feira de manhã onde vai ser assinado o acordo que permitirá a entrada da SCML no banco liderado por Carlos Tavares.

A entrada da SCML, juntamente com outras entidades sociais, na instituição financeira deveria ter ficado concluída no final do ano passado, um prazo que acabou por ser estendido até maio e que encontra agora um desfecho. Na base deste “atraso” esteve a oposição dos partidos políticos ao investimento da Santa Casa.

Inicialmente, previa-se que a Santa Casa pudesse avançar com a compra de uma posição até 10% do capital do banco, participação que teria um custo estimado de 200 milhões de euros. Perante as críticas à operação, e depois de os partidos terem aprovado uma recomendação no sentido de o Executivo travar este investimento, a SCML e as outras misericórdias e IPSS passaram a compradores de uma participação de até 2%.

De acordo com declarações do provedor da SCML à TVI, esta compra irá envolver um investimento inicial de apenas 75 mil euros, o que fica dentro do intervalo referido anteriormente por Edmundo Martinho entre 10 e 100 mil euros.

O Governo veio expressar, ainda esta semana, o seu apoio a esta operação, num investimento classificado de “simbólico”. “Não subsistem dúvidas quanto à relevância da participação da SCML num projeto dessa natureza”, referiu o ministro Trabalho e da Segurança Social, Vieira da Silva, numa resposta enviada ao CDS, que questionou, tal como os outros partidos, a entrada da Santa Casa no capital do Montepio.

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Associação Mutualista aprova hoje. Santa Casa assina amanhã entrada no Montepio

  • Rita Atalaia
  • 28 Junho 2018

É já esta sexta-feira que se vai oficializar a entrada da Santa Casa no Montepio. Isto depois de os conselheiros da entidade liderada por Tomás Correia aprovarem esta operação em Conselho Geral.

A entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) no capital do Montepio vai ser oficializada esta sexta-feira, apurou o ECO. Isto depois de os conselheiros da Associação Mutualista aprovarem esta quinta-feira, em Conselho Geral, a venda de uma participação de até 2% no capital do banco a todas as misericórdias e entidades sociais que manifestaram interesse em participar nesta operação que visa a criação de um banco social.

Os conselheiros da entidade liderada por Tomás Correia reúnem-se esta quinta-feira. É neste encontro, cuja ordem de trabalhos inclui a alienação de parte do Montepio à SCML e a outras instituições da economia social, que vão aprovar esta operação. E a Mutualista não vai perder tempo: é já esta sexta-feira de manhã que vai oficializar esta venda através da assinatura de um acordo entre as várias entidades. Contactada, não comenta. A SCML também não.

A entrada da SCML, juntamente com outras entidades sociais, no banco liderado por Carlos Tavares deveria ter ficado concluída no final do ano passado, um prazo que acabou por ser estendido até maio e que encontra agora um desfecho. Na base deste “atraso” esteve a oposição dos partidos políticos ao investimento da Santa Casa.

Inicialmente, previa-se que a Santa Casa pudesse avançar com a compra de uma posição até 10% do capital do banco, participação que teria um custo estimado de 200 milhões de euros. Perante as críticas à operação, e depois dos partidos terem aprovado uma recomendação no sentido de o Executivo travar este investimento, a SCML e as outras misericórdias e IPSS passaram a compradoras de uma participação de até 2%.

O provedor da SCML referiu recentemente ao Expresso que este investimento ficaria entre 10 e 100 mil euros. Esta quarta-feira, em declarações à TVI, avançou que o valor inicial será de 75 mil euros.

O Governo veio expressar, ainda esta semana, o seu apoio a esta operação, num investimento classificado de “simbólico”. “Não subsistem dúvidas quanto à relevância da participação da SCML num projeto dessa natureza”, referiu o ministro Trabalho e da Segurança Social, Vieira da Silva, numa resposta enviada ao CDS, que questionou, assim como os outros partidos, a entrada da Santa Casa no capital do Montepio.

(Notícia atualizada às 11h23)

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Governo aprova entrada “simbólica” da Santa Casa no Montepio

  • Rita Atalaia
  • 25 Junho 2018

O ministro do Trabalho e Segurança Social mantém a "convicção firme" de que deve ser criado um banco social. Ou seja, aprova a entrada da Santa Casa no capital do Montepio.

O Governo aprovou a entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) no capital do Montepio. Depois de ter estado em cima da mesa um investimento de 200 milhões, o Executivo, num novo quadro que regula a composição da carteira de investimentos desta entidade, diz ser necessário “rever a intensidade do esforço financeiro”, o que reforça a perspetiva de que esta operação será meramente “simbólica”. Isto na semana em que está agendado um Conselho Geral da Associação Mutualista, quando os conselheiros deverão dar “luz verde” à compra de 2% do banco.

“Não há qualquer mudança no que se refere à convicção firme da importância da existência de uma instituição forte e robusta detida por entidades da economia social”, afirmou o ministro do Trabalho e da Segurança Social, numa resposta enviada ao CDS, que questiona, assim como os outros partidos, a entrada da Santa Casa no capital do Montepio. Foi em abril que o Parlamento aprovou recomendações do PSD e CDS para que o Governo impedisse esta operação.

“Não subsistem dúvidas quanto à relevância da participação da SCML num projeto dessa natureza”, refere ainda Vieira da Silva, realçando, contudo, que “ao apresentar-se a definição de um novo quadro que regule a composição da carteira de investimentos da SCML, parece necessário rever a intensidade do esforço financeiro previsto”.

Neste sentido, refere, “aponta-se a confirmação do empenho da SCML no projeto de desenvolvimento e reforço da economia social, limitado a uma participação realmente simbólica”.

Recorde-se que, inicialmente, previa-se que a Santa Casa pudesse avançar com a compra de uma posição até 10% do capital do banco, participação que teria um custo estimado de 200 milhões de euros. Perante as críticas à operação, e depois dos partidos terem aprovado uma recomendação no sentido de o Executivo travar este investimento, a SCML passou a compradora de apenas 1% por cerca de 18 milhões. Outras misericórdias e IPSS ficarão com outro 1% do banco.

É já esta quinta-feira que Associação Mutualista vai abrir a porta à entrada da SCML no capital do Montepio, como avançou o ECO. A venda de uma participação de até 2% no capital social do banco a todas as misericórdias e entidades sociais que manifestaram interesse em participar neste investimento será votada, e ao que tudo indica aprovada, em Conselho Geral da Mutualista.

Os conselheiros da entidade liderada por Tomás Correia vão reunir-se no dia 28 de junho. E, de acordo com a ordem de trabalhos do Conselho Geral, em cima da mesa está a votação da alienação de parte do Montepio à SCML e a outras instituições da economia social.

A entrada da SCML, juntamente com outras entidades sociais, no banco liderado por Carlos Tavares deveria ter ficado concluída no final do ano passado, um prazo que acabou por ser estendido até maio e que encontra agora um desfecho. Ao que o ECO apurou, a partir do momento que o Conselho Geral aprove esta venda da participação, a SCML e as outras entidades poderão entrar no capital do Montepio no dia seguinte.

(Notícia atualizada às 12h43 com mais informação)

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Conselho do Montepio aprova entrada da Santa Casa na quinta-feira

É já na próxima semana que a Associação Mutualista vai votar a venda de 2% no Montepio à Santa Casa. A partir do momento que esta operação seja aprovada, entrada pode acontecer a qualquer momento.

De 200 para menos de 20 milhões de euros por uma participação “simbólica”. É já na próxima semana que a Associação Mutualista vai abrir a porta à entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) no capital do Montepio, apurou o ECO. A venda de uma participação de até 2% no capital social do banco a todas as misericórdias e entidades sociais que manifestaram interesse em participar neste investimento será votada, e ao que tudo indica aprovada, em Conselho Geral da Mutualista.

Os conselheiros da entidade liderada por Tomás Correia vão reunir-se no dia 28 de junho. E, de acordo com a ordem de trabalhos do Conselho Geral, em cima da mesa está a votação da alienação de parte do Montepio à SCML e a outras instituições da economia social. Cada ação será vendida por um euro. Considerando a avaliação do banco de 1.800 milhões de euros, isto significa que esta participação total está avaliada em 36 milhões. Ou seja, 18 milhões de euros serão investidos pela Santa Casa, como já tinha referido o provedor Edmundo Martinho, e os outros 18 pelas misericórdias e IPSS.

A entrada da SCML, juntamente com outras entidades sociais, no banco liderado por Carlos Tavares deveria ter ficado concluída no final do ano passado, um prazo que acabou por ser estendido até maio e que encontra agora um desfecho. Ao que o ECO apurou, a partir do momento que o Conselho Geral aprove esta venda da participação, a SCML e as outras entidades poderão entrar no capital do Montepio no dia seguinte.

"No final do ano veio ao de cima a história dos 200 milhões de euros por 10% do capital do banco e isso tornou o debate muito mais clamoroso. Nalguns momentos foi de uma indigência total.”

Edmundo Martinho

Provedor da SCML

A possibilidade de a SCML entrar no capital do Montepio tornou-se pública em setembro, embora estivesse a ser discutida há já quase um ano. Começou por ser apontado um investimento de 200 milhões da entidade em conjunto com IPSS e outras misericórdias, por uma participação de 10%, mas perante as críticas à operação, este valor acabou por encolher.

“No final do ano veio ao de cima a história dos 200 milhões de euros por 10% do capital do banco e isso tornou o debate muito mais clamoroso. Nalguns momentos foi de uma indigência total”, afirmou Edmundo Martinho em maio, explicando que decisão da entrada no capital do banco só não se deu até ao final de 2017 devido ao “clamor público que surgiu“, já que “a SCML não pode considerar-se imune ao ambiente em que opera”.

Na mesma altura, o provedor garantiu que a SCML continuava “empenhada em fazer parte de um banco da economia social, em entrar no capital do Montepio. Sobre isso não há dúvida, não há recuo“. Seria, contudo, necessário adaptar-se a uma “realidade nova” e entrar “em conjunto com dezenas de entidades da economia social, de forma simbólica, para reafirmar a vontade de que haja um banco forte da economia social”.

De acordo com Edmundo Martinho, o montante a investir por parte das restantes entidades poderá ir dos 10 mil aos 100 mil euros. “É uma mobilização que não tem efeitos e repercussões financeiras no capital do banco”, garantiu.

Contudo, esta garantia não convenceu os partidos, que acabaram por pedir ao Governo para não autorizar esta entrada da Santa Casa no Montepio. Um pedido que o ministro do Trabalho e Solidariedade afirmou ir “analisar” e que acabou por levar a Santa Casa a fazer um “compasso de espera” que, agora, está prestes a terminar.

Contactadas pelo ECO, a Associação Mutualista e a Santa Casa da Misericórdia não quiseram comentar.

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Governo anuncia “brevemente” posição sobre participação da Santa Casa no Montepio

  • Lusa
  • 7 Junho 2018

O Parlamento recomendou que o Governo impeça a entrada da Santa Casa no Montepio. De acordo com Vieira da Silva, a posição do Executivo será conhecida "brevemente".

O Governo anunciará “brevemente a sua posição” sobre a relação entre a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) e a Caixa Económica Montepio Geral, informou o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva.

Presente na conferência de imprensa para anunciar a aprovação do novo Código das Associações Mutualistas em sede de Conselho de Ministros, o governante acabou por responder que “brevemente será anunciada a posição” do Executivo face aos “diversos e diferentes documentos aprovados”.

“Alguns estão ainda em sede de debate na especialidade”, acrescentou Vieira da Silva, lembrando que o Governo “desde logo manifestou-se empenhado em concretizar as orientações que foram apontadas, de fixar regras sobre quais os investimentos que a Misericórdia de Lisboa pode desencadear”.

Em 20 de abril, o parlamento aprovou as recomendações do PSD e CDS-PP para que o Governo impeça a entrada da SCML no capital do Montepio e uma do Bloco que pede a regulação dos investimentos daquela instituição.

Os projetos de resolução do PSD e do CDS-PP – as resoluções não têm força de lei, tratando-se apenas de recomendações ao Governo – mereceram o voto contra do PS, a abstenção do BE, PCP e PEV, e votos favoráveis dos proponentes e do PAN. Foi ainda aprovado um projeto-lei do CDS-PP, apenas com os votos contra do PS, para que sejam alterados os estatutos da SCML.

O objetivo do diploma dos democratas-cristãos é consagrar a necessidade de uma autorização da tutela – no caso, o Ministério do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social – para que a Mesa da Santa Casa efetue “investimentos estratégicos e estruturantes”, nomeadamente que envolvam a SCML na administração ou órgãos sociais de instituições que desenvolvem atividades noutros setores ou que sejam em volume superior a 5% do seu orçamento anual.

 

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Ex-BdP integra grupo que quer nova estratégia para o Montepio

  • Lusa
  • 7 Junho 2018

João Costa Pinto, antigo vice-governador do Banco de Portugal e ex-presidente do Crédito Agrícola, está a trabalhar com mais associados numa nova estratégia para a Associação Mutualista Montepio.

O antigo vice-governador do Banco de Portugal (BdP) e ex-presidente do Crédito Agrícola João Costa Pinto está a trabalhar com mais associados numa nova estratégia para a Associação Mutualista Montepio, quando há várias movimentações a pensar nas eleições de dezembro.

“Foi-me perguntado se como associado há anos da Associação Mutualista Montepio Geral estaria disponível para participar num esforço, num trabalho, que conduzisse efetivamente ao seu relançamento. Disse que sim, sem me candidatar a nada, sem me propor a nada”, afirmou João Costa Pinto à Lusa.

O economista disse que a “reflexão sobre o Montepio” em que participa é diferente do grupo que hoje à tarde promove em Lisboa um debate sobre a Associação Mutualista Montepio Geral e as alterações ao Código Mutualista, mas recusou dizer que outras personalidades estão com ele nesta “reflexão”, afirmando apenas que é “gente experiente e com prestígio”.

“Não tenho nenhum tipo de contacto com esse grupo que em boa hora está a lançar este processo e movimento de reflexão”, acrescentou, considerando que há preocupações sobre a Mutualista que são comuns a muitos associados.

João Costa Pinto tem uma carreira ligada à banca, tendo sido vice-governador do Banco de Portugal (com António de Sousa como governador), presidente da Caixa Central de Crédito Agrícola entre 2002 e 2013 e presidente do Conselho de Auditoria do Banco de Portugal entre 2014 e maio último, tendo liderado a equipa que avaliou a atuação da supervisão no caso BES (tendo sido apenas conhecidas as conclusões desse trabalho e não o relatório completo).

Hoje à tarde, pelas 17h45, acontece uma sessão de reflexão sobre o Montepio, no Auditório Montepio Geral, em Lisboa.

A sessão terá como moderador Luís Campos e Cunha (professor de Economia na Universidade Nova de Lisboa e ex-ministro das Finanças durante quatro meses no governo PS de José Sócrates) e contará com a presença de Fernando Ribeiro Mendes (economista e professor no ISEG, administrador da Associação Mutualista Montepio, mas que já se afastou publicamente da gestão de Tomás Correia), Alexandre Abrantes (professor de Saúde na Universidade Nova, que foi co-autor em 2015, com António Godinho, do livro “Renovar o Montepio), Eugénio Rosa (economista ligado ao PCP) e Lúcia Gomes (advogada).

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Carlos Tavares contrata americanos para ajudar a transformar o Montepio

Americanos da Bain & Company vieram a Lisboa para ajudar Carlos Tavares a operar uma transformação da Caixa Económica Montepio em seis meses.

Carlos Tavares é simultaneamente CEO e chairman do Montepio.

Uma equipa da consultora norte-americana Bain & Company está a trabalhar com o conselho de administração da Caixa Económica Montepio Geral na elaboração do plano de transformação do banco, previsto para ser apresentado em setembro, apurou o ECO.

Foram estes os consultores externos contratados por Carlos Tavares para o ajudar a fazer um “diagnóstico profundo” do banco, num trabalho a ser desenvolvido até final do verão e do qual resultará um plano de transformação que visará produzir “resultados num espaço de três a quatro anos”, segundo a mensagem enviada aos trabalhadores no início do mês passado.

Quem é a Bain & Company? Uma empresa fundada em 1973, com sede em Boston e, apesar de estar presente em 36 países, não tem escritório em Lisboa. Foi criada pelos mesmos fundadores da Bain Capital, o fundo de private equity que comprou uma carteira de crédito malparado de 476 milhões de euros à Caixa Geral de Depósitos em julho do ano passado. Porém, apesar de terem feito parte do mesmo grupo numa fase inicial, há 30 anos que as duas companhias optaram por seguir rumos diferentes e hoje em dia estão 100% separadas.

Oficialmente, a Caixa Económica Montepio não comenta a contratação da Bain & Company. Mas o ECO sabe que a larga experiência que vai além do setor financeiro e a abordagem rápida da consultora foram critérios importantes para a escolha de Carlos Tavares, que acumula as funções de presidente executivo e de presidente do conselho de administração a título provisório até… setembro. Nessa altura, por obrigação do Banco de Portugal, terá de decidir se continuará como CEO ou como chairman da instituição — cargo para o qual foi inicialmente apontado.

Está em vista “uma profunda reestruturação” de todo o grupo Caixa Económica Montepio Geral, banco e participadas. Tavares disse aos trabalhadores que não vai fazer tábua rasa do que foi feito no passado, mas pretende “acelerar de forma substancial o processo de adaptação às novas realidades e desafios do setor. Quer “eliminar redundâncias e silos organizativos” e deseja tornar a instituição financeira num banco vocacionado para a economia social e para as PME.

Este reset parcial deu um primeiro passo quando Tavares fez uma revisão em baixa às contas anuais (não auditadas) apresentadas pelo seu antecessor, José Félix Morgado: em vez de lucros de 30,1 milhões, afinal a Caixa Económica Montepio obteve um resultado líquido de 6,4 milhões, após o reforço de imparidades para “limpeza” créditos complicados.

Ao mesmo tempo que decorrem estes trabalhos, com vista ao “caminho de mudança e reforma” que o banco precisa “criticamente de percorrer”, conforme Tavares preconizou quando tomou posse a 21 de março, banco e associação mutualista criaram um grupo de trabalho conjunto que está a avaliar toda a oferta de produtos mutualistas comercializados pela caixa económica para responder às exigências imediatas do Banco de Portugal e Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

Como o ECO avançou em primeira mão, o produto financeiro Capital Certo, cuja venda aos balcões se encontra suspensa, vai passar a designar-se Poupança Mutualista, numa reformulação que vai incluir ainda a informação que é prestada aos clientes na comercialização desta aplicação. Hoje são dez páginas, com muita informação, tão detalhada que se torna de difícil compreensão. Carlos Tavares quer reduzir as dez páginas a apenas três, uma com a identificação da Associação Mutualista, outra com as características do produto e, finalmente, uma última com indicadores financeiros da própria associação.

Outra das alterações poderá passar pelo nome da própria instituição. Carlos Tavares admite a possibilidade de a Caixa Económica Montepio Geral mudar de nome, mas quer manter a marca Montepio.

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Reguladores fazem ultimato. Montepio antecipa mudanças para diferenciar marcas

  • Rita Atalaia
  • 16 Maio 2018

Os reguladores exigiram ao banco a entrega de um plano de diferenciação das marcas até ao final do mês. Ao ECO, o conselho de administração garante que os trabalhos estão quase concluídos.

O Montepio tem até ao final do mês para apresentar um plano de diferenciação das marcas do banco e da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG). A exigência feita numa carta enviada pelos reguladores à instituição liderada por Carlos Tavares tem como objetivo evitar que os clientes que vão ao balcão confundam os produtos vendidos pelas duas entidades. Este plano está a ser preparado por uma equipa interna, cujos trabalhos estão quase concluídos, garantiu o conselho de administração do Montepio ao ECO.

“Como o conselho de administração referiu desde o primeiro dia, a Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), em articulação com a Associação Mutualista, está a definir – claramente – quer o tipo de produtos mutualistas a distribuir na rede da CEMG, quer as condições da sua distribuição”, afirma o conselho de administração liderado por Carlos Tavares ao ECO.

Estas condições incluem “a necessidade de formação adequada dos colaboradores autorizados a vender esses produtos, e informação completa, clara e rigorosa aos clientes, de modo a evitar qualquer possibilidade de confusão entre os produtos bancários e não bancários distribuídos pela CEMG”, refere o banco.

A CMVM e o Banco de Portugal enviaram uma carta à CEMG exigindo que o banco liderado por Carlos Tavares apresente um plano de separação de marcas entre a instituição e a Associação Mutualista, avançou a RTP1. Neste plano deve estar explicado como vai separar os produtos, diferenciar os riscos e ainda como vai fiscalizar as medidas. Em causa estão os produtos que escaparam à supervisão dos reguladores.

"Tem vindo a funcionar um grupo de trabalho conjunto, encarregado de estabelecer estas condições e que está em vias de concluir os respetivos trabalhos. Refira-se que existe completa sintonia entre os pontos de vista dos supervisores e do Conselho de Administração da CEMG.”

Conselho de administração do Montepio

Este plano está a ser desenvolvido por uma equipa interna do Montepio, que ficará também encarregue de perceber se será necessário adotar mais medidas. Caberá ao responsável de compliance e auditoria interna da instituição financeira acompanhar esta avaliação e determinar se o banco terá de dar mais passos para separar as marcas. E o conselho de administração garante que os trabalhos estão quase concluídos.

“Tem vindo a funcionar um grupo de trabalho conjunto, encarregado de estabelecer estas condições e que está em vias de concluir os respetivos trabalhos. Refira-se que existe completa sintonia entre os pontos de vista dos supervisores e do Conselho de Administração da CEMG”, refere o Montepio.

Montepio pode mudar de nome, mas marca fica

Num encontro com jornalistas esta terça-feira, Carlos Tavares admitiu a possibilidade de a instituição que lidera poder mudar de nome, mas que a marca Montepio em si não é para cair. “Pode mudar de nome, mas mantém a marca Montepio”, afirmou o gestor, realçando que as pessoas perdem-se no meio das siglas CEMG e AMMG e que preferem um nome mais compacto.

A mudança de nome do Montepio tem estado em cima da mesa nos últimos anos, com os reguladores a apelarem para uma maior diferenciação entre o banco e o seu único acionista, a Associação Mutualista. Após a entrada de Carlos Tavares para a administração do banco Montepio já foram dados passos no sentido de uma maior distinção entre os produtos das duas instituições, nomeadamente a mudança de nome do Capital Certo — um dos produtos financeiros mais populares da Mutualista — para Poupança Mutualista.

A comercialização do Capital Certo foi suspensa pelo Montepio desde fevereiro, ainda durante a gestão de José Félix Morgado. A nova administração liderada por Carlos Tavares, que entrou em funções em meados de março, decidiu manter essa suspensão. Mas o presidente do Montepio já antecipou que a comercialização deve ser retomada no início do próximo ano.

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“Desapareceram” 24 milhões dos lucros do banco Montepio

Félix Morgado tinha apresentado lucros de 30,1 milhões. Tavares diz que afinal os lucros foram de apenas 6,4 milhões. O que fez a diferença entre as contas auditadas e não auditadas? As imparidades.

Não é inédito, mas não é comum. O anterior presidente da Caixa Económica Montepio Geral tinha anunciado que os lucros em 2017 foram de 30,1 milhões de euros, valor que comparava com prejuízos de 86,5 milhões de euros no ano anterior.

Saiu José Félix Morgado e entrou Carlos Tavares para a liderança do banco. A nova gestão resolveu rever os “critérios de prudência” das contas e os lucros que eram de 30,1 milhões afinal foram de apenas 6,4 milhões no ano passado. O que aconteceu? A história conta-se em quatro pontos:

  1. No dia 8 de fevereiro de 2018, José Félix Morgado apresenta as contas da Caixa Económica Montepio Geral. O banco justificava esta viragem de prejuízos a lucros com as “evoluções favoráveis do produto bancário, ao beneficiar da recuperação do negócio core, dos custos operacionais e das imparidades”.
  2. No dia 26 de abril, já com uma nova administração, o Público noticia que “Carlos Tavares vai rever em baixa os resultados do Montepio”. Fonte oficial do banco dava a seguinte justificação: “O atual conselho de administração, responsável pelo fecho das contas, após a devida audição dos auditores e da comissão de auditoria, está a rever as contas de acordo com os seus próprios critérios de prudência”.
  3. A 30 de abril, em comunicado enviado à CMVM, a Caixa Económica anuncia o adiamento da apresentação do relatório e contas — incluindo os pareceres obrigatórios e a certificação legal de contas –, e diz que, “no prazo máximo de duas semanas”, iria apresentar os números finais.
  4. Hoje, 15 de Maio, as contas foram publicadas na CMVM e confirma-se: em 2017, os lucros não foram de 30,1 milhões de euros, mas sim de 6,4 milhões. O que explica diferença de 24 milhões de euros? São sobretudo as imparidades.

Quando a 8 de fevereiro tinha apresentado as contas referentes a 2017, o banco tinha anunciado uma descida no valor das imparidades de 182,5 milhões para 138 milhões de euros. Mas agora com Carlos Tavares, os tais “critérios de prudência” levaram a que o valor das imparidades subisse dos 138 milhões para os 160,7 milhões de euros.

“O mais relevante foi o ajustamento das imparidades”

Num encontro com jornalistas a propósito da apresentação das contas, Carlos Tavares justificou assim a diferença de resultados: “o mais relevante foi o ajustamento das imparidades, juntamente com os auditores, de alguns dossiês de crédito, numa ótica de prudência acrescida”.

Além das imparidades para o crédito, o banco reviu os valores das ‘imparidades para outros ativos financeiros’ (de 6,7 para 7,8 milhões), das ‘imparidades para outros ativos’ (de 11,7 para 12,6 milhões) e das ‘outras provisões’ (que baixaram de 11,4 para 10,3 milhões). A certificação das contas foi feita pela KPMG.

Neste exercício de revisão e auditoria das contas, até a margem financeira do banco mudou: era de 263,9 milhões e passou para 266,2 milhões de euros, um valor que representa uma melhoria de 5,1% face aos valores de 2016. Já o produto bancário quedou-se em 505,3 milhões de euros.

Em termos de solidez, o rácio common equity Tier 1 aumentou dos 10,4% para 13,2%. Carlos Tavares, no encontro com jornalistas, diz que o Montepio “não precisa de capital. Neste momento, não é preciso capital fresco”. Sobre o futuro, o ex-presidente da CMVM aponta como grandes prioridades “a recuperação de crédito e redução de exposição ao mercado imobiliário”, numa altura em que o preço é convidativo a alienações.

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Montepio muda nome de aplicação financeira. Capital Certo passa a Poupança Mutualista

A venda do produto Capital Certo da Associação Mutualista aos balcões do Montepio está congelada. Carlos Tavares quer comercialização transparente. Nome do produto muda para Poupança Mutualista.

Quem for hoje em dia aos balcões da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) não conseguirá subscrever o produto Capital Certo da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), dona do banco. Isto acontece porque banco congelou temporariamente a comercialização deste produto mutualista aos seus balcões, apurou o ECO.

A principal preocupação da administração da Caixa Económica passa por assegurar que o processo de venda seja completamente transparente e cumpra todos os requisitos de informação a prestar aos clientes e associados. E daí que as vendas deste produto que tem estado na mira dos reguladores, especialmente do Banco de Portugal, se encontrem suspensas desde fevereiro, ainda durante a gestão de José Félix Morgado. A nova administração liderada por Carlos Tavares, que entrou em funções em meados de março, decidiu manter essa suspensão. Contactada pelo ECO, a CEMG confirma que os gestores do banco não estão a vender o Capital Certo.

Uma coisa já é certa, entretanto: o nome deste produto vai mudar, e segundo o ECO apurou, já há uma nova designação, com a validação do Banco de Portugal e da própria Associação liderada por Tomás Correia: Poupança Mutualista, uma forma de tornar claro aos clientes qual é a instituição que está a promover a venda deste produto.

Há um pormenor: apesar do “embargo” aos balcões do banco, este produto que apresenta semelhanças com um depósito bancário (embora não esteja protegido pelo Fundo de Garantia de Depósitos) pode continuar a ser subscrito nos postos de atendimento aos associados e onde trabalham os gestores mutualistas. Atualmente, existem cerca de 100 destes espaços a funcionar dentro de aproximadamente 300 agências da CEMG.

O banco e associação mutualista criaram um grupo de trabalho conjunto que está a avaliar toda a oferta de produtos mutualistas comercializados pela caixa económica. Além da mudança da designação daquele produto para Poupança Mutualista, a reformulação irá além disso.

“O grupo de trabalho está a repensar e a redesenhar o nome, a oferta, a informação simplificada dos produtos e a formação dos gestores. No fim do dia, o banco quer evitar quaisquer equívocos e ser transparente com os clientes“, diz a CEMG. Um exemplo é precisamente a informação a prestar aos clientes na venda daquele produto. Hoje são dez páginas, com muita informação, tão detalhada que se torna de difícil compreensão. Carlos Tavares quer reduzir as dez páginas a apenas três, uma com a identificação da Associação Mutualista, outra com as características do produto e, finalmente, uma última com indicadores financeiras da própria associação.

Para a associação mutualista, o congelamento na comercialização do Capital Certo surge num momento particularmente sensível. Em 2017, a atividade associativa — que resulta das receitas geradas com as aplicações dos associados nos produtos mutualistas menos os custos com responsabilidades desses produtos — gerou uma perda 373,8 milhões.

E o ano de 2018 também não começou da melhor forma: a margem do negócio foi deficitária em 67 milhões de euros no primeiro trimestre, pressionando a mutualista a obter mais receitas ao longo do ano — a meta para este ano aponta para captação de 970 milhões de euros através da subscrição dos produtos mutualista.

Seja como for, do lado do banco (e de Carlos Tavares), o objetivo passa por ter uma comercialização que assente em três pilares: adequada formação dos colaboradores que estejam habilitados a vender os produtos; informação rigorosa, completa e clara aos potenciais adquirentes de produtos financeiros de retalho sobre as características dos produtos e a natureza dos emitentes; na sua submissão à CMVM e/ou à ASF, sempre que seja caso disso.

(Notícia atualizada às 14h50 acrescentando que a comercialização do produto Capital Certo está suspensa desde fevereiro)

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