Venda do Montepio Seguros ao chineses da CEFC? Tomás Correia tem dúvidas

  • ECO
  • 29 Abril 2018

O presidente da Associação Mutualista refere que a venda do ramo segurador do Montepio aos chineses da CEFC não é garantida. Mesmo se obtiver luz verde do regulador dos seguros.

O presidente da Associação Mutualista duvida que a venda do Montepio Seguros aos chineses da CEFC China Energy se concretize. Isto mesmo no caso de a operação obter luz verde do regulador. Tomás Correia afirma que ainda não há um esquema definitivo para a alienação de 60% do ramo segurador da instituição financeira liderada por Carlos Tavares.

“Não sei se virão a estar reunidas as condições, ou não” relativamente à venda do Montepio Seguros à CEFC, afirmou o presidente da Associação Mutualista em entrevista ao Jornal de Negócios e Antena 1, sem dar mais detalhes. “Neste momento, as coisas não estão fechadas para poder levar ao conselho geral”, referiu. Ou seja, não foi ainda apresentada uma proposta definitiva.

Esta operação está agora a ser avaliada pela Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões, estando ainda a aguardar-se por uma posição do regulador. Mas, para Tomás Correia, mesmo que este venha a aprovar a venda do ramo segurador Montepio à CEFC, não há garantias que este negócio venha a avançar.

"Se o negócio fosse olhado por nós como um negócio para concretizar, que nos tivéssemos a certeza que se ia fazer, nós desde setembro já tínhamos levado o negócio ao conselho geral com uma proposta para definir em definitivo o esquema da participação.”

Tomás Correia

Presidente da Associação Mutualista

Se o negócio fosse olhado por nós como um negócio para concretizar, que nos tivéssemos a certeza que se ia fazer, nós desde setembro já tínhamos levado o negócio ao conselho geral com uma proposta para definir em definitivo o esquema da participação”, nota o presidente da Associação Mutualista.

No início deste mês, a Fundação Calouste Gulbenkian decidiu pôr termo à negociação que decorria com os chineses da CEFC para a venda da Partex devido à “incapacidade desta empresa em esclarecer cabalmente” uma investigação ao seu presidente. Já o Montepio garantiu que continuavam os contactos com vista à conclusão do negócio.

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Santa Casa congela entrada no capital do Montepio

  • ECO
  • 28 Abril 2018

O Parlamento recomendou ao Governo que não permita a entrada da Santa Casa no capital do Montepio. Isto levou a entidade a considerar que não há, por agora, condições para avançar com o negócio.

Os partidos da esquerda à direita recomendaram ao Governo a não autorizar a entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) no capital do Montepio. Uma recomendação que já teve impacto no negócio. A posição do Parlamento levou a SCML a considerar que não há, pelo menos para já, condições para avançar com este investimento.

“A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa não tem condições para avançar com o investimento no capital do banco Montepio nos termos que estavam em cima da mesa. Pelo menos para já”, afirmou fonte ligada à Misericórdia ao Expresso (acesso pago). “A este recuo não é alheio o facto de o Parlamento ter aprovado três propostas de resolução para travar e condicionar o negócio no dia 20 de abril”, acrescentou.

"A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa não tem condições para avançar com o investimento no capital do banco Montepio nos termos que estavam em cima da mesa. Pelo menos para já.”

Fonte ligada à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa

O Parlamento aprovou as recomendações de PSD e CDS-PP para que o Governo impeça a entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa no capital do Montepio e uma do Bloco que pede a regulação dos investimentos daquela instituição.

Os projetos de resolução do PSD e do CDS-PP contaram com o voto contra do PS, a abstenção do BE, PCP e PEV, e votos favoráveis do PAN. Foi ainda aprovado um projeto-lei do CDS-PP, apenas com os votos contra do PS, para que sejam alterados os estatutos da Santa Casa. A recomendação do Bloco foi aprovada por unanimidade.

O Governo prometeu analisar as recomendações aprovadas no Parlamento. “O Governo irá analisar os projetos aprovados pela Assembleia da República”, afirmou ao ECO fonte oficial do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

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De 30 para 5 milhões. Carlos Tavares quer rever resultados do Montepio

  • ECO
  • 26 Abril 2018

A equipa anterior apresentou um resultado de 30 milhões de euros. Mas Carlos Tavares, o agora presidente do Montepio, vai rever esses resultados para um valor que deve ficar abaixo dos cinco milhões.

O presidente do Montepio prepara-se para rever em baixa acentuada os resultados da instituição financeira. A equipa anterior apresentou um resultado de 30 milhões de euros, mas Carlos Tavares deverá rever esse resultado para um valor abaixo dos cinco milhões de euros, que ainda assim deverá manter-se positivo.

“O atual conselho de administração, responsável pelo fecho das contas, após a devida audição dos auditores e da comissão de auditoria, está a rever as contas de acordo com os seus próprios critérios de prudência“, afirmou fonte oficial da Caixa Económica Montepio Geral ao jornal Público [acesso condicionado]. Na apresentação das contas não auditadas de 2017, Félix Morgado revelou lucros de 30,1 milhões de euros, em comparação com um prejuízo de 86,5 milhões no mesmo período do ano anterior.

Contudo, como é habitual, quando uma nova gestão assume funções, os números apresentados pela equipa anterior são analisados pela atual. E acabam, muitas vezes, por serem revistos. Carlos Tavares, que assumiu o cargo de CEO e presidente do Montepio — a acumulação dos cargos será temporária — tem realizado reuniões com o Banco de Portugal e contactos frequentes com a auditora externa KPMG.

Nestes encontros, o banco liderado por Carlos Costa mostrou-se preocupado em relação ao reforço das imparidades, ao mesmo tempo que quer ver salvaguardados os rácios de capital. Foi por isso que Carlos Tavares decidiu aumentar o nível de imparidades no Montepio, o que tem impacto nos resultados. Vão manter-se positivos, mas longe dos 30 milhões revelados por Félix Morgado, em fevereiro.

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Centeno confirmou que entrada da SCML no Montepio “é um investimento de alto risco”, dizem PSD e CDS

  • Rita Atalaia
  • 19 Abril 2018

A direita afirma que Mário Centeno confirmou que a entrada da SCML no Montepio é "um investimento de risco". A esquerda critica negócio e pede esclarecimentos em relação à carteira da Santa Casa.

Mário Centeno admitiu que o Estado pode vir a apoiar o Montepio, em caso de necessidade. Para PSD e CDS, esta foi a confirmação de que a entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) no capital do banco da Associação Mutualista é “um investimento de risco”.

No plenário em que os partidos apresentaram projetos de resolução para impedir este negócio, mas cuja votação só será feita amanhã, a esquerda também não poupou críticas. Enquanto o Bloco de Esquerda quer esclarecimentos em relação à composição da carteira de investimentos, o PCP diz que esta entrada está a ser delineada por “figuras cuja idoneidade foi questionada”.

“Já não restam dúvidas. A entrevista [ao ministro das Finanças] deixou claro para todos: estamos perante um investimento de alto risco”, afirmou o deputado do PSD Duarte Pacheco, depois de os sociais-democratas terem apresentado um projeto de resolução no qual recomenda ao Governo que proíba a concretização da entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa no capital social da Caixa Económica Montepio Geral. “A oposição a este negócio é geral”, notou Duarte Pacheco, pedindo que “todos assumam as suas responsabilidades”.

"Já não restam dúvidas. A entrevista [ao ministro das Finanças] deixou claro para todos: estamos perante um investimento de alto risco.”

Duarte Pacheco

Deputado do PSD

Em entrevista ao Jornal Negócios (acesso pago), o ministro das Finanças disse que “o garante último da estabilidade financeira é o Governo, e dentro do Governo o ministro das Finanças e, portanto”, tem de haver disponibilidade para ajudar a Associação Mutualista Montepio Geral.

Já Filipe Anacoreta Correia, deputado do CDS, disse que “os portugueses foram hoje surpreendidos pelas declarações do ministro das Finanças” em que assumiu: “Se formos chamados a ajudar o Montepio temos de estar disponíveis”. O deputado centrista acusa o Governo de “se furtar a prestar contas em relação a esta operação”.

Afinal quais são os investimentos da Santa Casa?

À esquerda também chovem críticas a este negócio, com o BE a questionar quais os investimentos que a Santa Casa tem em carteira. “A questão sobre a Santa Casa não é apenas o Montepio. É a carteira de investimentos. Como é que se regula, quais os limites, que montantes deve ter disponíveis?”, questionou Mariana Mortágua.

“Em 2012, entre fundos de investimento imobiliário, ações e ativos correntes, a SCML tinha 308 milhões. Em 2013 tinha 365 milhões, em 2014 tinha 477 milhões e em 2015 tinha 489 milhões”, referiu a deputada bloquista, salientando que a entidade aumentou os ativos disponíveis nos piores anos da crise. Mortágua pediu, por isso, ao Governo que reforce o escrutínio do papel da Santa Casa e recomendou um quadro legal de regras de aplicações de fundos da instituição. A esta proposta, o PS propõe encontrar-se uma matriz de risco e de diversificação de investimento.

Já o PCP criticou novamente o negócio “cujo racional não é totalmente percetível” e que está a ser delineado por “figuras cuja idoneidade foi questionada”, referiu Miguel Tiago. Contudo, o deputado comunista classificou as propostas de resolução do CDS e PSD de “oportunismo” e acusou os partidos de direita de estarem a usar este negócio como “arma de arremesso”. “Se Rui Rio não convence o porta-voz do partido, e provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, a não entrar no Montepio como é que quer impedir o Governo?”, questionou, numa referência à opção de António Tavares, porta-voz de Rui Rio para a Solidariedade e Bem-Estar, membro do conselho estratégico nacional criado pelo novo presidente do PSD, e, em simultâneo, provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto e presidente da mesa da assembleia geral do Montepio.

De acordo com uma notícia avançada pelo Público (acesso condicionado), Santa Casa da Misericórdia do Porto vai entrar com dez mil euros no capital do Montepio, uma opção que choca com a oposição do PSD a esta compra.

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Centeno apoiará a Associação Mutualista Montepio, se for necessário

  • Lusa
  • 19 Abril 2018

"O garante último da estabilidade financeira é o Governo, e dentro do Governo o ministro das Finanças e, portanto”, tem de haver disponibilidade para ajudar a Associação Mutualista.

Mário Centeno admitiu que o Estado pode vir a apoiar a Associação Mutualista Montepio, em caso de necessidade, e adiantou que o Novo Banco pode precisar de injeções de capital em 2019.

Em entrevista ao Jornal Negócios (acesso pago), o ministro das Finanças disse que “o garante último da estabilidade financeira é o Governo, e dentro do Governo o ministro das Finanças e, portanto”, tem de haver disponibilidade para o fazer (ajudar a Associação).

“Temos de ter, se e quando formos chamados a fazê-lo, se formos chamados a fazê-lo, princípios de orientação, e esses são os mesmos que temos feito até aqui e é evidente que precisamos de olhar para o sistema financeiro como um todo, com a mesma atitude que temos feito até agora, mas também com a certeza adicional de que está hoje muito mais robusto do que há uns anos”, disse.

O ministro das Finanças sublinhou que o Governo “tem de estar preparado para tomar as medidas de política económica que garantam que a recuperação do país permita uma recuperação sustentada de todas as instituições empresariais, de solidariedade, que sofreram ao longo dos anos, e com a crise, também internacional, uma decrescente dificuldade”.

Na entrevista, Mário Centeno reiterou que o Novo Banco “pode” voltar a precisar de injeções de capital no próximo ano, “mas significativamente inferior a 2018”.

“A expectativa é que as injeções de capital tenham um perfil decrescente muito significativo no tempo e que a existir, e pode existir, nova chamada de capital em 2019, ela seja significativamente inferior, muito significativamente inferior, a 2018”, disse.

O governante disse também que para este ano o empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução por causa do Novo Banco “ainda não está fechado, mas andará em torno dos 450 milhões de euros”.

Esse é apenas um empréstimo… O ‘apenas’ aqui é relativo. É um empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução que é uma entidade das administrações públicas e por isso não tem impacto no défice”, disse.

Na entrevista, Mário Centeno destacou também que o Governo ainda não tem data para apresentar a sua proposta final para a supervisão do sistema financeiro.

O ministro disse que “tem estado a trabalhar nisso mais ativamente nas últimas semanas”, mas não se compromete com um calendário.

“Não tenho uma data para dar neste momento”, disse.

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Afinal, o Montepio tem ou não de mudar de marca?

  • Rita Atalaia
  • 7 Abril 2018

O Montepio tem de mudar de marca. Ou será que não? Têm sido assumidas posições contraditórias tanto no regulador como na administração do banco. A decisão deverá ser conhecida até ao final deste mês.

O Montepio tem de mudar a marca. Ou será que não? Os reguladores têm ao longo dos anos apelado para que haja uma maior diferenciação entre o banco e o seu único acionista, a Associação Mutualista. Assim, quando os clientes vão ao balcão não haverá o risco de confundirem os produtos vendidos pelas duas entidades. Mas tem havido muitas posições contraditórias. Tanto do lado do banco, como do Banco de Portugal (BdP). Afinal, a Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) terá de mudar de nome para não se confundir com a Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG)?

“Penso que basta a situação atual para justificar que é mesmo necessário uma mudança de marca”, afirmou Félix Morgado, que passa agora a pasta a Carlos Tavares, em entrevista ao ECO24, uma vez que é importante que os clientes percebam a diferença quando estão a subscrever produtos do Montepio ou da Associação. “Basta ouvir comentadores, políticos e até o primeiro-ministro para se perceber que é urgente separar porque não se percebe de quem falam”.

No Parlamento, António Costa, quando confrontado pelo líder parlamentar do PSD em relação às contas do Montepio, afirmou que esses esclarecimentos não devem ser feitos pelo Governo, mas pelo Banco de Portugal. “Não estou a falar do banco, mas da Associação Mutualista”, afirmou então Fernando Negrão.

Os produtos da Mutualista, apesar de terem características semelhantes aos depósitos, não o são e não estão cobertos pelo Fundo de Garantia de Depósitos em caso de perdas motivadas por problemas na instituição. Mas o gestor deixa claro: esta ideia não foi sua. “Há uma determinação do BdP, em 2015, para haver uma diferenciação e uma separação de marcas”, disse Félix Morgado. E já foram tomadas várias medidas: mudança da imagem dos balcões, criação de um espaço próprio para o atendimento dos associados e foi ainda alterada a sinalética que existe relativamente às áreas de negócio. Isto além de estudos para a mudança da marca.

"Penso que basta a situação atual para justificar que é mesmo necessário uma mudança de marca. É importante que os clientes percebam que quando entram e fazem um depósito na Caixa Económica estão a fazer um depósito na Caixa Económica e quando estão a subscrever qualquer outro produto da Associação Mutualista estão a subscrever um produto da Associação Mutualista.”

Félix Morgado

Ex-presidente do Montepio

Mas, há cinco meses, o gestor mostrou alguma cautela. Numa conferência de imprensa, Morgado afirmou que o plano estava a ser executado, mas destacou que a marca Montepio “tem um valor muito importante” e “faz parte da força da instituição no mercado”, pelo que esta questão teria de ser “tratada com muito cuidado”. Na mesma altura, deixou também claro que esta é uma matéria do acionista.

Dentro do banco liderado por Carlos Costa já foram assumidas diferentes posições. No início do ano passado, fonte oficial do BdP disse ao Expresso (acesso pago) que existia muita confusão por parte dos clientes e que era preciso tornar clara a separação dos dois universos. Era, por isso, “fundamental a mudança de marca”.

É fundamental a mudança da marca [Montepio].

Fonte oficial do Banco de Portugal

Agora, um ano depois, o diretor de supervisão prudencial do BdP, apesar de considerar fundamental que os clientes percebam os riscos associados aos produtos da Associação Mutualista e da Caixa Económica, afirmou que isso não implica necessariamente a alteração das marcas.

“Não determinamos que necessariamente alterasse a marca, até porque existem determinadas sinergias que importa ponderar”, referiu Luís Costas Ferreira, no Parlamento, na comissão de Orçamento e Finanças. O responsável disse que a preocupação do supervisor é que os clientes “que adquirem determinados produtos percebam a natureza do produto e os riscos associados”.

A posição tanto da Mutualista como do regulador terá de ficar mais clara em breve. Segundo Félix Morgado, a decisão sobre a mudança de marca terá de ser tomada até este mês. E está tudo nas mãos do acionista. Contudo, o ex-presidente do banco deixou um alerta: “É evidente que se o acionista decidir não mudar isso terá depois consequências, em termos de risco e, em termos de necessidades de capital impostas pelo regulador“. Contactado pelo ECO, o BdP não quis comentar ou explicar se é possível que venha a exigir mais capital ao Montepio caso a Associação decida manter tudo como está.

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“Duas ou três dezenas” de entidades vão juntar-se à Santa Casa para entrar no Montepio

  • Rita Atalaia
  • 4 Abril 2018

Associação Mutualista, dona do Montepio, diz que participação da Santa Casa deverá ser inferior a 2%. O valor do investimento rondará os 48 milhões de euros.

O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Edmundo Martinho, foi esta quarta-feira ao Parlamento “prestar todos os esclarecimentos sobre os contornos de aquisição do capital social do Montepio Geral pela SCML”. Isto depois de o presidente da Associação Mutualista, dona do Montepio, ter dito que a participação da Santa Casa deverá ser inferior a 2%, já que essa participação será detida em conjunto com outras instituições sociais. O valor do investimento rondará os 48 milhões de euros. Acompanhe aqui em direto.

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Banco Montepio pediu créditos fiscais há meses. Mas ainda não tem resposta do Governo

Governo garante que atribuição de crédito fiscal à Associação Mutualista é do Fisco. Banco Montepio, ainda com José Morgado, pediu o mesmo regime há meses, mas não tem ainda resposta.

Tal como a Associação Mutualista Montepio Geral, também a Caixa Económica Montepio pediu para beneficiar de créditos fiscais. Só que com uma diferença: enquanto a mutualista teve resposta das Finanças em apenas três meses, o banco continua por ver o seu pedido ser atendido, embora o tenha feito há quase um ano.

O ECO sabe que a Associação Mutualista – dona do banco — enviou um pedido de informação vinculativa à Autoridade Tributária em janeiro passado. Queria perceber se deixava de estar isenta de IRC e, mais do que isso, queria ter a certeza absoluta de que podia tirar partido de créditos fiscais para melhorar artificialmente as contas — como veio a acontecer.

Esse parecer chegou à instituição cerca das 6h00 da sexta-feira do dia 9 de março, disseram fontes próximas do assunto ao ECO, mesmo a tempo de Tomás Correia dar a conhecer ao conselho geral as contas de 2016 e de 2017. Essa apresentação aconteceu na segunda-feira a seguir. Umas das fontes não escondeu a ironia perante a coincidência dos timings: “Coitado do técnico do Fisco que passou a noite em claro só para dar seguimento ao pedido”. Assim, quando as contas chegaram às mãos dos conselheiros da mutualista ao final da tarde do dia 12, já elas evidenciavam o impacto dessa borla contabilística autorizada pelo Fisco: mais de 800 milhões de euros em ativos por impostos diferidos que tiraram a mutualista de um buraco de 250 milhões de capitais próprios negativos.

O que se sabe agora é que o banco da mutualista também pediu à Autoridade Tributária para aderir ao regime de créditos fiscais. Mas há bastante mais tempo e ainda sem obter qualquer resposta do lado de lá. Ao que o ECO apurou, foram enviados pedidos em 2014, 2015, 2016. Do outro lado a resposta foi sempre negativa com o argumento de que a Caixa Económica não se tratava de uma sociedade anónima, mas de uma Caixa Económico, e por isso sem acesso a esse regime.

Mais recentemente, em 2017, já depois de se transformar em sociedade anónima — que aconteceu em meados de setembro –, a Caixa Económica, na altura liderada por Félix Morgado, voltou a fazer o mesmo pedido. Essa autorização encontra-se ainda em fila de espera nos gabinetes do Fisco. Isto, apesar de o banco já refletir esses créditos fiscais nas suas contas sob o método ‘pro forma’, que o faz por razões de comparação com os seus pares que têm esses créditos fiscais.

Em 2014, foi criado um regime especial para o setor bancário poder transformar prejuízos em créditos fiscais que pudessem recompor o balanço e os capitais, numa altura em que o Banco Central Europeu (BCE) apertava as regras e as condições de financiamento dos bancos nacionais eram periclitantes. Foi uma forma de aliviar o esforço dos bancos para levantar capital num ambiente de clara desconfiança dos investidores em relação a Portugal. Entretanto, os bancos deixaram de poder criar novos ativos por impostos diferidos desde 2016, mas ficaram com a possibilidade de usar os créditos fiscais acumulados até final de 2015 por um “prazo ilimitado”.

Questionados sobre este pedido em espera, o Ministério das Finanças e a Caixa Económica não quiseram prestar declarações.

A Associação Mutualista viu a última assembleia geral aprovar as contas consolidadas de 2016 e as contas individuais de 2017. Estas últimas contas davam um retrato muito mais favorável à instituição: já não está em situação de falência técnica e apresenta capitais próprios de 500 milhões devido àquele artifício contabilístico obtido com os créditos fiscais.

Mas o processo esteve longe de ser pacífico. Tomás Correia contou mesmo com oposição interna: tratou-se de um passe de mágica que teve o aval do Governo, como acusaram dois conselheiros da mutualista. E mesmo no espaço público foram várias as vozes que se indignaram com a “criatividade contabilística para tapar os olhos”, como disse o antigo ministro Bagão Félix. Também o Bloco de Esquerda, o PCP e o PSD também se manifestaram contra a solução a que a Associação Mutualista recorreu para reportar as contas do ano passado. Falam em “enorme benefício fiscal” concedido à mutualista. Mas o Governo recusa ter dado a mão à instituição que conta com 630 mil associados.

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Partidos questionam fim da isenção de IRC da Associação Mutualista. Finanças invocam sigilo fiscal

  • Rita Atalaia
  • 2 Abril 2018

Os partidos da esquerda à direita contestaram o fim da isenção de IRC da dona do Montepio, pedindo o envio do parecer enviado pela AT à Associação. Mas Centeno invoca sigilo fiscal para não divulgar.

A Associação Mutualista Montepio Geral recebeu luz verde do Ministério das Finanças para pôr fim à isenção de impostos, passando a beneficiar de créditos fiscais para equilibrar as contas do grupo. Um ‘ok’ que foi questionado pelos partidos da esquerda à direita. Pediram a Mário Centeno que remetesse, com urgência, o esclarecimento que a Autoridade Tributária enviou à dona do Montepio. Mas esta explicação não vai chegar aos deputados, com o ministério a invocar sigilo fiscal para não responder às questões colocadas.

“Encarrega-me o senhor ministro das Finanças transmitir que o parecer da Autoridade Tributária e Aduaneira encontra-se sujeito a sigilo fiscal (…) pelo que impende um dever de proteção do mesmo.” Esta foi a resposta enviada pelo Ministério das Finanças ao Parlamento, nomeadamente ao Bloco de Esquerda e CDS, que pediram o envio do parecer da Autoridade Tributária sobre a isenção de IRC da Associação Mutualista.

"Encarrega-me o senhor ministro das Finanças transmitir que o parecer da Autoridade Tributária e Aduaneira encontra-se sujeito a sigilo fiscal (…) pelo que impende um dever de proteção do mesmo.”

Ministério das Finanças

Como avançou o ECO, a dona do banco Montepio enviou um pedido de informação vinculativa ao Ministério das Finanças para avaliar a possibilidade de deixar de ficar isenta de IRC. Ou seja, a Associação Mutualista pretendia começar a pagar impostos ao Estado. Mas o objetivo final era outro: poder tirar partido de um regime fiscal que bancos e empresas já usufruem: o dos créditos fiscais. A Associação Mutualista fechou 2016 com capitais próprios negativos em 251 milhões de euros. Ainda assim, os créditos fiscais no valor de 808 milhões de euros permitiram que as contas individuais de 2017 apresentassem a mutualista com capitais próprios positivos em mais de 500 milhões.

Em relação a estes créditos fiscais de mais de 800 milhões de euros, a bloquista Mariana Mortágua pediu que fosse enviado o modo de cálculo detalhado dos ativos por impostos diferidos registados no balanço da dona do Montepio num total de 808,6 milhões de euros. A esta questão, Mário Centeno disse apenas que este cálculo “é da responsabilidade exclusiva da entidade que emite o relatório e contas”. Ou seja, “da Associação Mutualista e não do Ministério das Finanças ou de qualquer serviço por este tutelado”.

É também da “exclusiva responsabilidade da Associação Mutualista Montepio geral o eventual pagamento de prémios de gestão as membros dos órgãos estatutários”, refere Centeno na resposta ao Bloco, depois de questionado sobre quando é que estes prémios foram pagos. Recorde-se que foi a possibilidade de pagamento de um prémio variável em função dos lucros que fez com que a Associação Mutualista perdesse a isenção de IRC que até então beneficiava.

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Carlos Tavares na primeira carta aos trabalhadores: “Montepio precisa criticamente de mudança e reforma”

Na primeira mensagem aos trabalhadores, Carlos Tavares precisa que os acionistas do banco são os 600 mil associados da mutualista. Diz que tempo é escasso face ao muito trabalho que o espera.

Na primeira carta dirigida aos trabalhadores enquanto líder da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), Carlos Tavares sublinhou que o banco “precisa criticamente de percorrer um caminho de mudança e reforma” para se tornar mais moderno. E lembrou, na missiva a que o ECO teve acesso, que a nova gestão tem dever de lealdade com os acionistas que são “em rigor, os 600 mil associados da Associação Mutualista”.

Carlos Tavares tomou posse há pouco mais uma semana e no início desta enviou uma comunicação a todos os colaboradores da CEMG referindo que o “maior desafio” do seu mandato passa por “transformar a instituição bancária do Grupo Montepio num banco moderno”. Mas que banco moderno é este que Tavares idealiza?

Um banco “adequado às exigências diferenciadas dos diversos grupos de clientes, dos mais jovens aos mais idosos, dos residentes nos meios urbanos litorais aos que habitam no interior por vezes esquecido, das muito pequenas empresas às empresas de dimensões superiores e, muito particularmente, das instituições dos setores sociais”, precisou aquele que é simultaneamente chairman e CEO da CEMG.

“Neste contexto, é fundamental a adaptação dos modelos de negócio com o recurso à inovação tecnológica que permita combinar o aumento da eficiência operacional com a preservação da relação personalizada com os clientes”, disse ainda.

Lembra que a carta de missão atribuída à nova equipa de gestão do Montepio é “inequívoca” quanto aos objetivos e princípios que são propostos pela Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG). E é neste ponto que Carlos Tavares sublinha que “ao mesmo tempo que a CEMG precisa criticamente de percorrer um caminho de mudança e reforma, deverá ter sempre presente a sua origem distinta e os valores que presidiram à sua fundação em 1844″.

Ao mesmo tempo que a CEMG precisa criticamente de percorrer um caminho de mudança e reforma, deverá ter sempre presente a sua origem distinta e os valores que presidiram à sua fundação em 1844.

Carlos Tavares

Presidente da Caixa Económica Montepio Geral

Referindo-se ainda à carta de missão, Tavares diz que o Montepio tem “o dever de lealdade com os clientes, investidores e autoridades de supervisão, sem esquecer a solidariedade e a responsabilidade social”. Mas não só, prossegue: “Temos igualmente um dever de lealdade e cooperação com os acionistas, sem prejuízo da necessária autonomia de atuação. (…) Os nossos acionistas são, em rigor, os mais de 600 mil associados que confiaram as suas poupanças à sua Associação Mutualista para que esta lhes garante segurança”.

Por essa razão, continua, “a CEMG tem o dever de gerir de forma competente e criteriosa o capital que nela foi aplicado pela AMMG e de lhe proporcionar remuneração adequada”, alinhando-se assim aos objetivos que haviam sido definidos pela carta de missão, na qual Tomás Correia pediu à nova administração tenha presente que o banco terá de “remunerar adequadamente” os seus acionistas.

Temos igualmente um dever de lealdade e cooperação com os acionistas, sem prejuízo da necessária autonomia de atuação. (…) Os nossos acionistas são, em rigor, os mais de 600 mil associados que confiaram as suas poupanças à sua Associação Mutualista para que esta lhes garante segurança

Carlos Tavares

Presidente da Caixa Económica Montepio Geral

O antigo presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários diz que o regresso “campo profissional” onde começou e esteve muitos anos lhe dá a “oportunidade de tentar aplicar na prática as ideias, os princípios e os valores que há muito defende para a gestão dos bancos”. Espera tornar a CEMG num “bom lugar para trabalhar, onde as pessoas se sintam bem e façam sentir bem os clientes”.

No final da mensagem, Carlos Tavares lança o repto a todos os trabalhadores da CEMG: “Espera-nos muito trabalho, porque há muito por fazer e o tempo é escasso. E não nos resta alternativa a tentar contrariar um velho ditado e fazer depressa e bem”.

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Ativo tóxico do BPN pode forçar Mutualista a injetar capital na Montepio Seguros

  • ECO
  • 24 Março 2018

Se a venda de 60% da Montepio Seguros a um grupo chinês não avançar, a Associação Mutualista poderá ter de aumentar o capital da empresa. Em causa, a exposição a um ativo tóxico do antigo BPN.

Um dos ativos tóxicos do antigo BPN poderá forçar a Associação Mutualista Montepio Geral a um aumento de capital na Montepio Seguros, caso a venda da holding ao conglomerado chinês CEFC China Energy não se concretize.

A notícia é avançada este sábado pelo Público (acesso condicionado), que refere que a auditoria externa da KPMG exige à Lusitânia Seguros, da Montepio Seguros, que ajuste o valor patrimonial da empresa em menos 38,2 milhões de euros — tudo por causa da sua exposição à Real Seguros, que era do BPN.

O jornal refere que este anulamento de valor patrimonial pode ser preocupante para o grupo, na medida em que, somado aos prejuízos de 10,6 milhões de euros reportados pela empresa, aproximam os capitais próprios da linha vermelha.

O Público teve acesso a documentação que mostra como a KPMG chegou ao valor em causa, que exige que seja ajustado ao valor patrimonial da Lusitânia Seguros. Desde logo, o goodwill de 18,6 milhões de euros deve ser anulado porque a Real Seguros tem um valor residual e não se espera geração de valor no futuro. Depois, porque este ativo tóxico do BPN, adquirido há sete anos, tem imparidades no valor de 7,7 milhões de euros. Por último, os impostos diferidos da Lusitânia Seguros devem ser cortados em 12 milhões, porque a empresa regista prejuízos há sucessivos anos.

Com base nisto, a Associação Mutualista Montepio Geral, que é acionista da Montepio Seguros, poderá ver-se forçada a aumentar o capital da Lusitânia Seguros se a venda da Montepio Seguros à CEFC China Energy, que está em cima da mesa, acabe por não avançar.

O negócio de alienação de 60% da holding ao conglomerado chinês encontra-se em análise por parte da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões. Inclui, para além da Lusitânia Seguros, a Lusitânia Vida e a N Seguros. A avançar, daria novo fôlego financeiro à empresa.

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Montepio avaliado em 1.600 milhões de euros, diz estudo da Santa Casa

Edmundo Martinho, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, admite que o Montepio vale menos do que o que diz a Mutualista. Vai ficar com 1%, mas nomeia dois administradores.

Edmundo Martinho, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), admite que o Montepio vale menos do que o que diz a Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG). O estudo encomendado ao Haitong aponta para um valor de 1.600 a 1.700 milhões de euros. A SCML vai comprar 1%, mas nomeia dois administradores não executivos para o banco liderado por Carlos Tavares.

“O estudo [encomendado ao Haitong] diz que o Montepio tem um valor um pouco abaixo do que diz a AMMG“, liderada por Tomás Correia, refere Edmundo Martinho, em entrevista à SIC Notícias. “O estudo aponta para um valor entre 1.600 e 1.700 milhões de euros”, revelou o responsável máximo pela SCML, revelando um valor que até agora era desconhecido. A AMMG avalia o banco em pouco mais de 1.800 milhões.

A SCML vai investir entre “18 a 20 milhões de euros” no Montepio, reiterou o provedor. Este valor será pago por 1% do Montepio, o que avalia a instituição acima daquela que foi a avaliação feita pelo banco de investimento que a SCML contratou. A par da SCML deverão entrar outras misericórdias, bem como IPSS, que, contudo, apontam para investimentos simbólicos, apenas para passarem a mensagem de que querem um banco social.

“O estudo era uma das condições para a SCML entrar” no capital do banco. E o “estudo recomenda prudência no investimento“, diz Edmundo Martinho. Essa prudência traduz-se na “forma como entramos, nos montantes que se investem”, diz. Mas “não fez recuar” a SCML, acrescenta, salientando que a “SCML sempre disse que não ia além dos 10%”, sendo que os 200 milhões aventados nunca estiveram em cima da mesa.

"O estudo [encomendado ao Haitong] diz que o Montepio tem um valor um pouco abaixo do que diz a AMMG. Aponta para um valor entre 1.600 e 1.700 milhões de euros.”

Edmundo Martinho

Provedor da SCML

“Prudência é assumir 1%” do Montepio, remata, salientando que “este tipo de intervenção no banco não é uma originalidade”. Edmundo Martinho revela que a SCML já “investiu mais de 20 milhões noutros bancos”. “E quando foi a privatização dos CTT, a SCML investiu 40 milhões”, conta. Com este 1%, a SCML vai ter dois administradores não executivos no banco.

“A SCML tem de assegurar que [este investimento] não compromete o papel da SCML”, salientou, isto depois de as críticas feitas pelo presidente do PSD, Rui Rio, que acusou a instituição de utilizar dinheiro dos pobres para limpar as perdas da banca. “Não compromete. Estamos a viver um momento de investimento sem paralelo. A capacidade de investimento não será afetada com este negócio”, remata.

“O Montepio não precisa [de aumentar o capital]. Os rácios do Montepio comparam todos com os outros bancos. Banco não está numa situação de fragilidade”, diz, acrescentando que não é um investimento da dimensão que a SCML vai realizar que “salva um banco”. E também “não é com este valor que que a SCML vai meter-se no negócio da banca”.

Edmundo Martinho, que admite que este “é um negócio mal visto pela sociedade”, defende-o no sentido de criar um banco social, mas também o vê como um investimento, ainda que não tenha o objetivo de lucro rápido.

“O entendimento da SCML é que [a compra de uma posição no Montepio] é um investimento. A SCML não está disponível para entrar e vender amanhã com mais-valias”, diz. Mas há a “perspetiva de que estamos numa circunstância em que a SCML quer garantir a rentabilização dos ativos, investindo 3%” dos ativos totais.

(Notícia atualizada às 19h59 com mais informação)

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