O mundo de Isabel dos Santos está a mudar

Isabel dos Santos abandona o BPI por força da OPA do CaixaBank, mas sai em grande. Fica com a fatia de leão do lucrativo negócio do BFA. E mantém protagonismo na banca portuguesa com BIC e BCP.

Isabel dos Santos pode ter saído do BPI na sequência da Oferta Pública de Aquisição (OPA) do CaixaBank, mas continua a manter bem vivo o interesse no sistema financeiro nacional. Ao mesmo tempo que vendia a sua posição de 18,5% aos espanhóis, a empresária angolana via a Sonangol (empresa estatal que lidera) reforçar o seu protagonismo no rival BCP. Se a OPA espanhola foi inicialmente encarada como um revés à estratégia de Isabel dos Santos, a própria fez questão de virar o tabuleiro a seu favor no decorrer do processo: a sua Unitel ficou com a maioria do lucrativo negócio do BPI em Angola (o BFA) e abandona agora o capital do BPI, onde entrou em 2009, com um ganho de 80 milhões de euros.

Em Portugal, Isabel dos Santos detém ainda uma participação importante no BIC Portugal — também através da Santoro, com 42,5%. Aliás, o BIC Angola, criado em 2005 por Fernando Teles e que contou também com a participação de Américo Amorim, marcou o início do percurso da filha do presidente angolano na atividade bancária. Mas qual o interesse da empresária no setor financeiro?

“Estes movimentos de ligações financeiras, comerciais, económicas pós-coloniais têm objetivos estratégicos para os angolanos. Com a participação nos bancos em Angola têm acesso ao crédito, e com as conexões financeiras acedem aos circuitos financeiros internacionais através de bancos europeus”, refere o jornalista Filipe S. Fernandes, autor do livro “Isabel dos Santos – Segredos e poder do dinheiro”.

"Estes movimentos de ligações financeiras, comerciais, económicas pós-coloniais têm objetivos estratégicos para os angolanos. Com a participação nos bancos em Angola têm acesso ao crédito, e com as conexões financeiras acedem aos circuitos financeiros internacionais através de bancos europeus.”

Filipe S. Fernandes

Foi em outubro de 2007 que o BIC teve autorização para operar em Portugal. Um negócio que ainda hoje levanta dúvidas aos supervisores. No início deste ano, respondendo a questões colocadas pelos eurodeputados, a Autoridade Bancária Europeia (EBA, na sigla em inglês) defendeu um maior controlo do Banco de Portugal em relação aos interesses da empresária angolana no sistema financeiro nacional.

Em concreto, a EBA pediu ao supervisor português “a adoção de todas as medidas necessárias para a supervisão específica da instituição de crédito e para assegurar a eficácia das regras adotadas sobre a governança corporativa e a luta contra a lavagem de dinheiro no contexto dos acionistas do banco BIC“. Da instituição liderada por Carlos Costa, a EBA recebeu a garantia de que estava a resolver “algumas deficiências”.

"[Cabe ao Banco de Portugal] a adoção de todas as medidas necessárias para a supervisão específica da instituição de crédito e para assegurar a eficácia das regras adotadas sobre a governança corporativa e a luta contra a lavagem de dinheiro no contexto dos acionistas do banco BIC.”

Autoridade Bancária Europeia

Mais mudanças na vida de Isabel dos Santos deverão acontecer já este ano. Os angolanos vão às urnas e José Eduardo dos Santos não é candidato a prolongar uma presidência que dura há 37 anos. Os analistas acreditam que será a oportunidade de o MPLA retirar poder e influência à família dos Santos. Algo que deverá ter impacto imediato na vida profissional empresária angolana, já que admite antecipar a sua saída da petrolífera Sonangol para se dedicar exclusivamente à sua atividade privada.

Mas, aconteça o que acontecer, o BCP deverá escapar mesmo à gestão direta da Sonangol e da própria Isabel dos Santos. Está em curso uma reestruturação profunda na petrolífera estatal que prevê uma separação dos diferentes negócios da empresa. A participação no maior banco português, que deverá aumentar nos próximos meses, será transferida para uma subholding que passará a responder diretamente ao Estado angolano. E dos Santos e a Sonangol passam a centrar atenções na sua atividade principal: o petróleo.

“Não estávamos a controlar os nossos ativos — os nossos ativos no petróleo — tanto quanto queríamos e, principalmente, faltava-nos visão estratégica. (…) A minha visão é tornar a Sonangol muito rentável”, declarou a angolana ao Financial Times em dezembro passado, a propósito do plano de recuperação que está a empreender na petrolífera estatal.

Isabel dos Santos chegou ao BPI justamente por via do BCP, em dezembro de 2008, quando o Itau vendeu a sua participação ao La Caixa que, depois, alienou uma fatia a Isabel dos Santos. O reforço no BIC é feito via BIC Angola, e faz subir para mais de 20%, mas indiretamente porque parte pertence a Fernando Teles.

No decorrer da OPA do CaixaBank, a empresária angolana chegou a propor uma mega fusão entre o BPI e o BCP, como forma de contrariar o domínio espanhol. A proposta não convenceu, mas Isabel dos Santos não ficou por aqui. Para aprovar a venda do BPI ao grupo catalão, o banco português teria de dar o controlo maioritário a Isabel dos Santos — por esta altura, também o Banco Central Europeu (BCE) pressionava a venda como forma de reduzir a exposição do BPI ao mercado angolano.

A 5 de janeiro deste ano, a Unitel oficializava a compra de 2% do Banco de Fomento de Angola (BFA) ao BPI por 28 milhões de euros, passando assim a controlar 51,9% do capital do banco. Um negócio que muitos consideraram uma “pechincha” — e uma vitória — para Isabel dos Santos em face da rentabilidade do BFA. Percebe-se. O BPI registou em 2016 lucros de 313,2 milhões de euros, com o BFA a dar um contributo de 162,7 milhões, o mais elevado de sempre.

A empresária angolana sai do BPI mas não abandona o protagonismo na banca portuguesa. O mundo da Isabel dos Santos está a mudar.

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Era uma vez um setor financeiro na bolsa portuguesa

A ascensão e queda da banca nacional na bolsa de Lisboa. Iminente saída do BPI deixou mercado praticamente coxo do sistema bancário que dominou no capitalismo popular e caiu com ele.

Era uma vez um setor financeiro que durante anos exerceu domínio na bolsa nacional. Eram bancos que davam expressão à negociação em Lisboa, mas cuja influência no mapa bolsista se foi desvanecendo ao longo do tempo por entre fusões e aquisições, falências e bancarrotas. Apareceram como cogumelos em plena era de “capitalismo popular” nos anos 90. BES, BCP e BPI estavam acompanhados por outros bancos como o Banco Mello, Totta & Açores, Fonsecas & Burnay, Pinto & Sotto Mayor… Mas como apareceram na bolsa, também desapareceram. E hoje é o BCP a assumir protagonismo em Lisboa.

A iminente saída do BPI do mercado acionista, depois do sucesso da Oferta Pública de Aquisição (OPA) do CaixaBank ter retirado o banco português do PSI-20, é o último episódio da perda de força bolsista que a banca observou nas últimas décadas. Faz sentido manter o BPI cotado na bolsa? “A intenção é mantê-lo em bolsa… mas temos de analisar se a liquidez é suficiente. E que alternativas temos”, declarou Gonzalo Gortázar, presidente do CaixaBank, abrindo a porta à saída do mercado. Mais uma…

Banco Nacional Ultramarino, em Lisboa.Biblioteca de Arte Fundação Calouste Gulbenkian

“É a consequência da crise financeira internacional, assim como da forte recessão pela qual passou a economia portuguesa. Forçou uma significativa recapitalização do setor“, refere Albino Oliveira, da Patris Investimentos. “A própria aquisição do BPI pelo CaixaBank poderá ser vista como sinal do enfraquecimento do setor bancário português, com o processo de venda de ativos, reforço da base de capital e a melhoria da qualidade do balanço a criar um ambiente propício à realização de fusões e aquisições“, contextualiza.

"A aquisição do BPI pelo CaixaBank poderá ser vista como sinal do enfraquecimento do setor bancário português, com o processo de venda de ativos, reforço da base de capital e a melhoria da qualidade do balanço a criar um ambiente propício à realização de fusões e aquisições”

Albino Oliveira

Patris Investimentos

O Banif foi o último banco a desaparecer do mapa. Foi em dezembro de 2015 que o Banco de Portugal aplicou uma medida de resolução semelhante ao que aplicara ao BES ano e meio antes. Na ocasião, decidiu-se pela venda do banco fundado por Horácio Roque ao Santander Totta, por 150 milhões de euros, depois de o processo de venda voluntária ter falhado.

O Banif havia sido intervencionado no final de 2012 através de uma recapitalização de 1.100 milhões de euros com recurso aos cofres públicos, passando para a esfera pública. Falhou o reembolso da ajuda ao Estado em 2014, situação que levou a que a Direção-Geral da Concorrência Europeia (que avalia as ajudas estatais) a exigir um desfecho para o banco que garantisse o pagamento da dívida. Sem um plano de recapitalização avalizado por Bruxelas, a resolução aplicada ao Banif foi a solução encontrada por Lisboa para proteger os depositantes.

A medida imposta ao Banif seguiu os mesmos moldes da aplicada ao BES, em agosto de 2014, e que culminou no colapso do universo Espírito Santo, incluindo a Espírito Santo Financial Group, que chegou a pertencer ao clube do PSI-20. A resolução do BES implicou a divisão da instituição em duas partes: o banco bom que se passou a chamar Novo Banco e cujo processo de venda se arrasta desde então; e o banco mau, que ficou com os ativos problemáticos do antigo BES e que já entrou em liquidação.

Os loucos anos 90

Mas foi na década de 1990 que a preponderância do setor financeiro na bolsa mais se fez sentir. Após a nacionalização de várias instituições bancárias nacionais no período que se seguiu à revolução do 25 de abril de 1974, a reversão das nacionalizações deu lugar a inúmeras privatizações no setor: Banco Totta & Açores, Banco Português do Atlântico, Banco Espírito Santo e Comercial, Banco Fonsecas & Burnay, Crédito Predial Português, União de Bancos Portugueses, Banco Pinto & Sotto Mayor e Banco de Fomento e Exterior.

A opção bolsa para muitos destas instituições financeiras dá-se também num contexto favorável de incentivos fiscais criados pelo Governo de Cavaco Silva, no âmbito da Lei Sapateiro, o pacote legislativo que resultou no Código de Valores Mobiliários publicado em 1991.

Este processo foi aproveitado sobretudo por parte de BPI, BCP e Caixa Geral de Depósitos para reforçar a sua quota de mercado em Portugal, dando início a uma período de forte concentração do setor em Portugal que se prolongou até à década seguinte:

  • O BCP adquiriu Banco Português do Atlântico, Banco Pinto & Sotto Mayor, Banco Chemical e Banco Mello (inclui a União de Bancos Portugueses);
  • O BPI adquiriu Banco Fonsecas & Burnay, Banco de Fomento e Exterior e Banco Borges & Irmão;
  • O Santander adquiriu Banco Totta & Açores, o Crédito Predial Português e mais recentemente o Banif;
  • A Caixa Geral de Depósitos adquiriu Banco Nacional Ultramarino.

Albino Oliveira lembra que este período “ficou marcado por um crescimento do crédito bem acima do ritmo de expansão da economia, o que acabou mais tarde por levar o país a atravessar uma forte recessão e solicitar um programa de assistência financeira aos seus parceiros europeus”. Este excesso na concessão de empréstimos “levou a que os últimos anos fossem marcados por um significativo processo redução do endividamento por parte de famílias e empresas, traduzindo-se num ciclo de crédito desfavorável para o setor“.

Foi num cenário de forte quebra da rentabilidade que o setor empreendeu um duro processo de reestruturação nos últimos anos, que passou pela diminuição do negócio através do fecho de agências e despedimentos em larga escala. Instituições como o BPN ou BPP desapareceram. O BES sucumbiu na complexa rede de financiamento a outras sociedades do Grupo Espírito Santo. A banca socorreu-se da ajuda do Estado para se capitalizar.

"Em suma, os últimos anos para o setor bancário em Portugal apresentam semelhanças ao observado não só neste setor em outras crises financeiras de outros países (exemplo, Suécia em 1992), como também noutros setores de atividade (tecnologia em 2000 e imobiliário em 2017, ambos nos EUA).”

Albino Oliveira

Patris Investimentos

“Em suma, os últimos anos para o setor bancário em Portugal apresentam semelhanças ao observado não só neste setor em outras crises financeiras de outros países (exemplo, Suécia em 1992), como também noutros setores de atividade (tecnologia em 2000 e imobiliário em 2017, ambos nos EUA)”, recorda Albino Oliveira. “Em qualquer dos casos, foi observado uma redução no tamanho do setor, como consequência da crise observada após um período de excessos“, frisa.

 

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CaixaBI aplica desconto de 10% ao BPI mas recomenda compra após OPA

CaixaBI baixou avaliação dos títulos do BPI face à reduzida liquidez que o título apresenta. Ainda assim, dá potencial de valorização de 18%, recomendando "comprar" BPI após a oferta espanhola.

O CaixaBI aplicou um desconto de 10% ao preço-alvo que atribui ao BPI BPI 0,00% , recomendando “comprar” títulos do banco mesmo após a Oferta Pública de Aquisição (OPA) do CaixaBank ter deixado a cotada portuguesa com uma reduzida liquidez em bolsa.

A nova avaliação é agora de 1,15 euros face aos 1,30 euros estimados anteriormente, com o banco de investimento a explicar esta redução do preço-alvo com um “desconto de liquidez” aplicado aos títulos após o grupo catalão ter ficado com 84,5% do BPI através de uma oferta que não contou com a participação da acionista Allianz, que detém mais de 8,5% do banco português.

Ou seja, o BPI apresenta um free float entre 6% e 7%, um nível de ações disponíveis para transação baixíssimo que levou a Euronext a retirar o banco português da sua montra principal, o PSI-20, na semana passada. As ações continuam admitidas à negociação na bolsa geral.

Desde o fim de OPA, o BPI desvaloriza cerca de 19%. Está esta sexta-feira a cotar nos 0,945 euros por ação. A nova estimativa do CaixaBI deixa assim uma margem para uma valorização de 18% e é com base neste potencial que o banco de investimento recomenda “comprar” títulos do BPI — baixando a recomendação de “acumular”.

Nota: A informação apresentada tem por base a nota emitida pelo banco de investimento, não constituindo uma qualquer recomendação por parte do ECO. Para efeitos de decisão de investimento, o leitor deve procurar junto do banco de investimento a nota na íntegra e consultar o seu intermediário financeiro.

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Novo Banco termina com ajudas do Estado à banca

Novo Banco volta a antecipar reembolso de dívida garantida pelo Estado. É já na sexta-feira que faz o último pagamento da dívida que o BES contraiu com garantia pública.

Fim à vista para as ajudas do Estado à banca portuguesa. Depois de o BCP ter reembolsado na semana passada os últimos CoCos, agora é o Novo Banco que se prepara para cortar a ligação entre banco privado e dinheiro público.

Em causa está o reembolso da última de três linhas de obrigações seniores lançadas ainda pelo BES, fevereiro em 2012, no valor de 1.500 milhões de euros e que contava com a garantia da República. O Novo Banco vai efetuar o último pagamento já na próxima sexta-feira, segundo o comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Face à folga de liquidez do banco liderado por António Ramalho, a instituição, que se encontra em fase final de venda, resolveu ir antecipando de forma regular os reembolsos desta dívida que apenas atingia maturidade em 2017. Com isto, poupa nos custos associados à garantia do Estado.

No total, o BES emitiu 3.500 milhões de euros em títulos de dívida através de três emissões abrigadas pela garantia do Estado.

O reembolso da dívida com garantia estatal por parte do Novo Banco marca assim o fim da intervenção do Estado na banca portuguesa. Depois do aumento de capital, o BCP pagou os últimos 700 milhões dos 3.000 milhões da ajuda pública que havia contratado através dos instrumentos híbridos chamados CoCos. Foi o mesmo tipo de obrigações que a Caixa Geral de Depósitos converteu em capital no início do ano, num total de 900 milhões, no arranque do processo de recapitalização do banco público.

Já o BPI recebeu 1.500 milhões de euros de ajuda pública, tendo concluído o reembolso ao Estado em junho de 2014.

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BCP, o último dinossauro do PSI-20

Desde 1993, apenas o BCP e o BPI resistiram às mudanças operadas no principal índice português. O último saiu no final da semana do PSI-20. Os dinossauros estão em vias de extinção na bolsa de Lisboa.

Com saída do BPI do principal índice português, o papel de resistente na principal montra do mercado nacional fica reservado exclusivamente para o BCP, banco que se mantém de forma contínua desde que o benchmark lisboeta foi constituído em 1993, apesar das atualizações constantes operadas pela Euronext ao longo dos anos.

O BPI é o último dinossauro a extinguir-se do PSI-20, depois de a Oferta Pública de Aquisição (OPA) do CaixaBank ter colocado o banco numa posição de baixíssima liquidez, circunstância que impede a sua permanência no restrito clube da Euronext. Mas o futuro da instituição (ainda) liderada por Fernando Ulrich até pode nem passar pelo mercado de capitais. O próprio presidente do grupo catalão abriu a porta a essa possibilidade durante a apresentação dos resultados da oferta que decorreu quarta-feira em Lisboa. O CaixaBank controla agora mais de 84% do capital do BPI.

Ao longo do tempo, o PSI-20 sofreu uma mega revolução entre os seus constituintes. Isto apesar de algumas cotadas terem realizado jornadas que as levaram ao mesmo destino: caso da Corticeira Amorim, que abandonou o índice de referência em 1997 e figura hoje entre as principais cotadas nacionais; e casos da Mota & Companhia e da Engil, que saíram em 1994 e 1993, respetivamente, e atualmente assumem o nome de Mota-Engil, depois da OPA da primeira sobre a segunda, em 2000.

Composição do primeiro PSI-20, em 1993

Fonte: Euronext

O último histórico a abandonar o PSI-20 foi o BES. E de forma abrupta, depois da medida de resolução aplicada pelo Banco de Portugal, num domingo de agosto de 2014, e que dividiu a instituição ao meio. Foi daqui que surgiu o Novo Banco, um banco de transição que ficou com a parte boa do antigo BES e cuja venda deverá terminar em março.

Muitos dos “desaparecimentos” da bolsa ocorreram por via de processos de aquisições e consolidações setoriais. Por exemplo, o Banco Chemical foi adquirido em 2000 pelo BCP. A Mundicenter, gestora de centros comerciais, entre eles, o Amoreiras Shopping Center, foi adquirida em OPA pela família Alves Ribeiro. A Portugal Telecom absorveu a Marconi em 2003. A Mundial Confiança foi adquirida pela Caixa Geral de Depósitos. A seguradora veio a ser mais tarde integrada na Fidelidade.

No caso da Lisnave, os estaleiros navais de Lisboa abandonaram o PSI-20 em 1997. Três anos mais tarde, os acionistas aprovavam o abandono definitivo do mercado de capitais.

Independentemente do destino final das cotadas que compunham do índice original, contas feitas, apenas duas resistiram ao tempo e às mudanças. Até agora, depois da saída do BPI. O que deixa os dinossauros em vias de extinção no PSI-20.

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S&P melhora rating do BPI, mas mantém-no no lixo

Agência subiu rating do BPI na sequência da conclusão da oferta do CaixaBank. Ainda assim, mantém a notação num nível considerado especulativo porque duvida de ajuda espanhola se Portugal falir.

Depois da Fitch, foi a vez de a agência Standard & Poor’s melhorar a notação de rating do BPI BPI 0,00% , na sequência da Oferta Pública de Aquisição (OPA) do CaixaBank sobre o banco português. Argumenta a agência que o BPI é agora uma subsidiária estratégica para o grupo catalão e que, por essa razão, vai beneficiar do apoio financeiro espanhol.

O rating é melhorado de BB- para BB+, uma subida em dois níveis, que considera o BPI como investimento especulativo. Mas, ao contrário da Fitch, que retirou o banco português do lixo, a S&P mantém dúvidas em relação à instituição liderada por Fernando Ulrich.

“Consideramos que o BPI é agora uma subsidiária estrategicamente importante do CaixaBank”, diz a S&P em comunicado divulgado esta segunda-feira. “Depois de anos de uma forte presença minoritária no BPI, o CaixaBank adquiriu a grande maioria das ações e ganhou o controlo da gestão, tornando o BPI num importante ativo para a estratégia de longo prazo. Esperamos por isso que o BPI venha a beneficiar do apoio da casa mãe, incluindo apoio financeiro, se necessário”, justifica ainda.

"Consideramos que o BPI é agora uma subsidiária estrategicamente importante do CaixaBank. Depois de anos de uma forte presença minoritária no BPI, o CaixaBank adquiriu a grande maioria das ações e ganhou o controlo da gestão, tornando o BPI num importante ativo para a estratégia de longo prazo. Esperamos por isso que o BPI venha a beneficiar do apoio da casa mãe, incluindo apoio financeiro, se necessário.”

Standard&Poor's

Standard & Poor's

A decisão da agência surge depois de o CaixaBank ter concluído na semana passada a oferta sobre o BPI, operação na qual investiu 650 milhões de euros para passar a deter mais de 84% do banco português. Passou a deter o controlo maioritário e, com isso, já escolheu uma nova gestão: Pablo Forero substituirá Ulrich a partir de abril.

Argumentando a sua decisão, a S&P destaca o expertise significativo do CaixaBank na integração de entidades no grupo e ainda o conhecimento do BPI enquanto acionista do banco português durante anos. Mas sublinha também, como ponto negativo, o desafio que representa para a nova administração melhorar da rentabilidade do BPI representa desafios para a gestão, especialmente se a posição no Banco Fomento Angola se reduzir ainda mais. “O BFA tem sido consistentemente rentável e compensou os baixos resultados domésticos durante a crise”, consideram os analistas.

Apesar da estabilidade do outlook, a S&P deixa o rating do BPI condicionado pela notação que atribui a Portugal, “o que limita uma subida em duas notas do perfil de crédito do BPI”. “Isto reflete a nossa visão de que é pouco provável que o CaixaBank forneça apoio suficiente durante algum período de stress associado a uma hipotética bancarrota do soberano”, diz a agência norte-americana.

O BPI deixou de pertencer ao PSI-20 esta sexta-feira, devido à baixa liquidez que apresenta. As ações mantêm-se hoje nos 92 cêntimos com que fecharam na última sessão.

O banco fechou 2016 com lucros de 313,2 milhões de euros, um resultado representa um aumento de 32,5% face ao exercício do ano anterior, tendo superado largamente as expectativas dos analistas à custa, em grande parte, da quebra nas provisões e do aumento dos lucros na atividade internacional. O contributo do BFA para as contas do banco liderado por Fernando Ulrich foi o mais elevado de sempre.

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Artur Santos Silva encaixa 450 mil euros na OPA ao BPI

Futuro ex-charmain do BPI garantiu um encaixe de 450 mil euros na OPA do CaixaBank. Mas mais responsáveis aproveitaram a oferta espanhola para vender as respetivas ações do banco português.

Artur Santos Silva encaixou 450 mil euros na Oferta Pública de Aquisição (OPA) do CaixaBank sobre o BPI. O futuro ex-chairman do banco não foi, porém, o único responsável daquela instituição a aproveitar a oferta espanhola para vender as ações em carteira.

Segundo as informações prestadas à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, foram quase duas dezenas de dirigentes do BPI que resolveram alienar as suas posições ao CaixaBank. No caso de Santos Silva, que passará a ser presidente honorário do BPI, a venda de 400 mil títulos, o equivalente a três quartos da sua posição no banco, permitiu-lhe um encaixe 453,6 mil euros.

Embora permanecendo nos órgãos governativos e executivos do banco, Alexandre Lucena e Vale, João Oliveira Costa e José Pena do Amaral também se desfizeram dos títulos do BPI, encaixando um total de pouco mais de 400 mil euros.

Maria Celeste Hagatong e Manuel Ferreira da Silva, que abandonam administração assim que a nova equipa liderada por Pablo Forero foi aprovada em abril, conseguiram 540 mil euros e 760 mil euros, respetivamente.

O CaixaBank concluiu esta semana a OPA sobre o BPI. Ficou com mais de 84% do banco português, depois de realizar um investimento de 645 milhões de euros na oferta.

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BPI fora do PSI-20. E quem completa os… 18?

O CaixaBank ficou com 84,52% na OPA. A Allianz não vendeu, a liquidez do BPI desapareceu. E a bolsa excluiu o banco do índice de referência. Sobram 17. Quem será a 18ª? É complicado.

Pablo Forero, Fernando Ulrich, Gonzalo Gortázar, Artur Santos Silva e Penal Amaral à saída da conferência de imprensa de apresentação do resultado da OPA do CaixaBank ao BPI. Paula Nunes / ECO

O CaixaBank conseguiu quase 85% do capital do BPI na OPA. Reduziu de tal forma a liquidez das ações do banco ainda liderado por Fernando Ulrich que a Euronext Lisboa teve de excluir as ações do índice de referência. É menos visibilidade para o banco, mas também mais um problema para a bolsa nacional que tem agora de encontrar um substituto. É uma tarefa complicada. Mas há uma candidata que poderá conquistar o acesso à “primeira liga” da praça lisboeta, a Sonae Indústria.

Se o banco catalão ficasse com os 84,52% após a OPA, e não houvesse outro investidor de referência que permanecesse no capital, como aconteceu, o BPI ainda poderia militar no PSI-20 já que garantia liquidez. Mas a “Allianz não vendeu”, disse Gonzalo Gortázar. A seguradora alemã que detém cerca de 8% do capital não aceitou a proposta do CaixaBank, ficando com uma posição que reduz fortemente o número de títulos do banco disponíveis para negociação, de tal forma que a gestora da bolsa portuguesa teve de avançar com a exclusão das ações para evitar problemas no funcionamento do índice — um título sem liquidez pode impedir a correta formação de preço do PSI-20.

O BPI cumpre esta sexta-feira a última sessão na principal montra do mercado nacional, deixando depois o mercado de referência lisboeta com apenas 17 cotadas — já tinha acontecido o mesmo no final de 2015 aquando da resolução do Banif. O mínimo, segundo as regras do PSI-20, que são iguais às dos restantes mercados europeus da Euronext (Bruxelas, Amesterdão e Paris), são 18 cotadas (sendo que deveriam ser 20). Essa 18ª cotada só será incorporada na revisão anual, efetivada em março (dia 20), mas com base em dados dos 12 meses de negociação até 31 de janeiro.

As regras, que foram revistas em 2014, definem alguns critérios para a promoção de uma cotada ao índice nacional, essencialmente relacionados com a liquidez. O primeiro critério é o do free float, ou seja, as ações disponíveis para negociação (que não são detidas por acionistas de referência), que terá de ser superior a 15%, sendo o outro o da negociação de pelo menos 25% do capital disponível num período de 12 meses. Estes dois critérios afastam grande parte das cotadas portuguesas do PSI-20. E o último também: valor de mercado com base nos títulos disponíveis acima dos 100 milhões de euros.

As regras do PSI-20, em resumo:

  • “As empresas que tenham um free float inferior a 15 % não serão selecionadas na revisão anual”, diz a Euronext. Ou seja, é necessário que estejam disponíveis para negociação pelo menos 15% das ações de forma a garantir a liquidez dos títulos.
  • “As ações de uma empresa devem ter uma free float velocity de, pelo menos, 25%”, ou seja, o número total de ações transacionadas deve representar, no mínimo, 25% do número total de ações cotadas disponíveis para negociação (…) nos 12 meses relevantes para a revisão”.
  • As empresas que cumprirem as regras de liquidez, devem também ter um valor de mercado com base no capital em bolsa de mais de 100 milhões de euros. “Por princípio, [devem] ter” esta capitalização mínima, diz a Euronext. Mas no final caberá ao Comité do PSI-20 a decisão.

Passadas as “pente fino” todas as cotadas nacionais — na revisão anual do índice partem todas as empresas em pé de igualdade, as do índice geral e as do PSI-20 — há duas empresas que se destacam, de acordo com os cálculos do ECO. Por um lado, a Ibersol. Por outro, a Sonae Indústria. São as melhores posicionadas para uma promoção, embora nem uma nem outra cumpram todos os requisitos. A dona de cadeias de restaurantes passa no free float, mas falha na negociação: no espaço de um ano, de acordo com dados da Bloomberg, apenas rodou 17% do capital disponível em bolsa. A Sonae Indústria não vale 100 milhões.

Mesmo sem os 100 milhões

Ambas têm falhas, mas a da Sonae Indústria é menos preocupante para a Euronext. A gestora quer garantir que tem sempre no índice de referência as empresas mais líquidas de forma a que não existam problemas com o funcionamento da “montra” da bolsa de Lisboa, pelo que a Ibersol deverá ser preterida apesar de ter uma capitalização acima dos 100 milhões. A Sonae Indústria tem um valor em bolsa reduzido, mas já no passado foram promovidas empresas com o mesmo problema. Está nas regras o patamar dos 100 milhões, mas no final caberá ao Comité do PSI-20 a decisão.

A Sonae Indústria não é uma estreante nas lides do índice de referência português. Já militou no mercado principal durante alguns anos, sendo que o seu regresso poderia engrossar a presença de empresas do universo Sonae no PSI-20 — não seria, mais uma vez, algo inédito tendo em conta que a própria Sonae Indústria já fez parelha com a Sonae e a Sonaecom. No índice principal estão, atualmente, a Sonae e a Sonae Capital, sendo que esta última entrou na revisão feita em 2016, juntamente com a Corticeira Amorim e as unidades de participação do fundo do Montepio.

Belmiro de Azevedo e Paulo AzevedoJosé Coelho / Lusa

A empresa que tem Paulo Azevedo como presidente fez em 2014 um aumento de capital que teve uma participação limitada, levando ao aumento da participação da Efanor, a holding do empresário Belmiro de Azevedo. Esta operação afundou o valor das ações para uma cotação muito reduzida. Atualmente, está a valer 0,006 euros, ou seja, 0,6 cêntimos. Apesar da queda acumulada este ano, sobe mais de 25% no espaço de um ano, acompanhando a recuperação das contas. Registou prejuízos de 21,3 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2016, uma melhoria de 24,7% face ao período homólogo.

Visibilidade… nos fundos

Só nas próximas semanas é que a gestora da bolsa portuguesa irá fazer a avaliação das empresas que podem ser promovidas ao índice principal. A Sonae Indústria será uma solução de recurso para ocupar o lugar deixado vago pelo BPI, completando assim as 18 cotadas, o mínimo exigido num índice que deveria ter 20 — chama-se PSI-20. Ainda há mais duas vagas, mas os cálculos realizados pelo ECO não apontam para mais candidatos à altura da entrada para a “montra” da bolsa de Lisboa.

Se a saída do BPI levou à queda acentuada das ações — parte da dimensão da queda é explicada também pela reduzida liquidez, que amplia os movimentos nos títulos –, a promoção ao índice tende a puxar pelas cotações. A integração de uma empresa no PSI 20 traz maior visibilidade e liquidez à ação, permitindo que um maior número de investidores, nacionais mas principalmente internacionais, procurem as ações. Estas ações são especialmente procuradas por fundos de investimento que procuram replicar o comportamento dos índices, aumentando a pressão compradora.

Nem todas as cotadas tendem a sair beneficiadas pela promoção ao PSI-20: a Teixeira Duarte, que várias vezes entrou e saiu do índice criado em 1993, raramente tirou partido desta “montra”. Contudo, empresas como a Corticeira Amorim e a Sonae Capital, as últimas a entrarem, registam bons desempenhos, sendo esses também resultado da capacidade que ambas têm tido em apresentar contas positivas, em crescimento, que se estão a traduzir em dividendos para os acionistas.

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5 coisas que tem de saber antes de abrirem os mercados

BPI e BCP voltam a centrar atenções dos investidores. Por razões diferentes. O primeiro está de saída do PSI-20, após a OPA espanhola. Já o segundo livrou-se esta quinta-feira da ajuda do Estado.

O BPI diz adeus ao PSI-20 esta sexta-feira na sequência da Oferta Pública de Aquisição (OPA) do CaixaBank. Com isto, o principal índice português volta a emagrecer: até março, será composto por apenas 17 cotadas. Uma destas cotadas surge transfigurada quando se der início à última sessão da semana nos mercados. É o BCP que, depois do aumento de capital, já devolveu tudo o que devia ao Estado.

Adeus BPI, olá PSI-17

O BPI abandona esta sexta-feira o clube das cotadas de referência em Portugal. E isto depois de a OPA do CaixaBank ter deixado o banco português sem liquidez suficiente para preencher os requisitos exigidos pelo PSI-20. As ações tombaram esta quinta-feira mais de 12%. Entretanto, o principal índice de referência volta a ser desmembrado, ficando apenas com 17 membros. A revisão anual da Euronext para recompor o PSI-20 apenas ocorrerá em março.

BCP livra-se do Estado

Estão aí mais 14 mil milhões de novas ações do maior banco privado português. Um mundo de liquidez adicional que surge depois do aumento de capital no valor de 1.330 milhões de euros que o BCP concretizou no início deste mês. Com este dinheiro, Nuno Amado já pagou tudo o que devia ao Estado. Há uma nova vida à frente da instituição agora controlada pelos chineses da Fosun e pelos angolanos da Sonangol.

Os preços em Portugal

O INE atualiza esta sexta-feira a evolução do índice de preços no consumidor, a chamada taxa de inflação, relativo a janeiro. Na Zona Euro, os preços terão acelerado no arranque do ano, motivo pelo qual o Banco Central Europeu (BCE) tem recebido pressões no sentido de reduzir os estímulos monetários que têm ajudado a controlar os juros da dívida portuguesa. Ao mesmo tempo, a autoridade estatística nacional divulga o volume de negócios no setor da construção.

Trump meets Abe

No dia em que Donald Trump recebe o primeiro-ministro Shinzo Abe na Casa Branca, são divulgados indicadores importantes a propósito da economia norte-americana no arranque do ano. A confiança dos consumidores americanos deverá ter recuado em janeiro, depois de ter atingido um máximo de 13 anos em dezembro. O Governo apresenta ainda dados relativos à execução orçamental.

Chuva de ratings

É sexta-feira, dia de ratings. Enquanto a Standard & Poor’s atualiza a notação financeira de Angola, a Moody’s revê os ratings de França, Itália e República Checa. E a canadiana DBRS divulga as suas avaliações em relação ao Mecanismo Europeu de Estabilidade.

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BPI em estado ilíquido

Apesar do tombo do BPI, o PSI-20 fechou a valorizar graças ao desempenho da Jerónimo Martins, EDP e Galp. Também o BCP esteve em destaque: depois de um mínimo histórico, inverteu a tendência.

Está a chegar ao fim a aventura do BPI no PSI-20. O banco foi adquirido quase na totalidade pelos espanhóis do CaixaBank e já só restam “meia dúzia” de títulos na bolsa. Devido à falta de liquidez, o BPI será excluído do índice de referência nacional já a partir de amanhã. Na sessão de hoje, afundaram mais de 12%.

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Fitch retira BPI do “lixo” com OPA espanhola

A Fitch colocou o BPI em zona de investimento devido ao apoio institucional do CaixaBank, depois de assumir uma posição de 84,5% no banco português na sequência da OPA.

A agência Fitch melhorou o rating do BPI, retirando-o da zona considerada investimento especulativo (lixo), na sequência do sucesso da Oferta Pública de Aquisição (OPA) do CaixaBank sobre o banco português.

É melhorado o rating de ‘BB’ para ‘BBB-‘, refletindo o apoio institucional conferido pelo CaixaBank, que passou a controlar, a partir de terça-feira, 84,5% do BPI.

“A Fitch acredita que Portugal é um mercado estrategicamente importante para o CaixaBank, como fica demonstrado pelo investimento de longo prazo no Banco BPI (detém uma posição minoritária desde 1995) e pela sua vontade de controlar o banco, apesar do consumo de capital relacionado e das dificuldades inerentes a uma aquisição estrangeira”, justifica aquela agência num comunicado divulgado esta quinta-feira. Também a diminuição da exposição a Angola, com a venda de 2% do BFA à Unitel, pesou na decisão da Fitch.

A decisão da Fitch acompanha as mudanças observadas no BPI esta semana. O grupo catalão é desde a passada terça-feira detentor de 84,5% do capital do banco português, tendo já proposto o nome de Pablo Forero para o cargo de CEO, enquanto Fernando Ulrich passa a chairman da instituição. Devido à reduzida liquidez que apresenta em bolsa, o BPI será excluído do PSI-20 a partir desta sexta-feira. As ações estão a cair mais de 12%.

A agência norte-americana coloca o BPI um grau acima de Portugal, atualmente em BB+. E admite melhorar a notação financeira do banco se o rating de Portugal ou do CaixaBank também for melhorado.

(notícia atualizada às 16h19)

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BPI: CaixaBank gastou 645 milhões. Está a perder 100

O banco catalão comprou 568 milhões de títulos por 1,134 euros. A forte queda das ações após a OPA está a gerar uma menos-valia potencial de mais de 100 milhões de euros.

O CaixaBank ofereceu 1,134 euros por cada ação do BPI. Conseguiu comprar mais de 568 milhões de títulos, deixando muito poucas ações no mercado de capitais. Perante a falta de liquidez, e sem a sustentação da OPA, o banco está em forte queda na praça nacional, gerando um menos-valia potencial de mais de 100 milhões de euros com estes títulos à instituição catalã.

O banco espanhol comprou o equivalente a 39% dos direitos do BPI com a venda de posições por parte de Isabel dos Santos, do Grupo Violas e também de muitos pequenos acionistas. A operação que permitiu ao banco liderado por Gonzalo Gortázar ficar com 84,52% do capital, representou um desembolso de 644,52 milhões de euros. Esses mesmos títulos comprados a 1,134 euros estão agora a 0,948 euros.

As ações do BPI chegaram a afundar mais de 19% no primeiro dia de negociação após a conclusão da OPA. Seguem a perder mais de 21,9% para 82 cêntimos, valor que gera uma menos-valia potencial avultada ao banco catalão. Dos 644,52 milhões investidos restam 538 milhões, ou seja, menos 105 milhões.

Esta queda traduz o fim da sustentação dos títulos pela OPA. Não só porque o prazo de aceitação da oferta acabou, mas também porque o banco catalão não conseguiu títulos suficientes para avançar com a aquisição potestativa dos restantes ao mesmo valor. Assim, e sem liquidez, as ações lideram as quedas no índice de referência português, uma “montra” da qual vai sair.

“A Euronext comunica que, na sequência dos resultados alcançados na Oferta Pública de Aquisição (OPA) do CaixaBank sobre o BPI, e face à informação disponível à data, foi decidida a exclusão das ações do Banco BPI do índice PSI-20, com data efetiva a 10 de fevereiro”, informou a Euronext, dona da bolsa de Lisboa.

Com esta decisão, o principal índice português passa de 18 para 17 cotadas, sendo que um substituto apenas será promovido na revisão anual do índice, que ocorre apenas em março.

 

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