10 momentos que marcaram de Fernando Ulrich à frente do BPI

  • Rita Atalaia
  • 26 Abril 2017

Depois de 13 anos, o presidente do BPI está de saída. Para o seu lugar entra hoje Pablo Forero, diretor-geral do CaixaBank. Seguem-se os dez momentos de Fernando Ulrich à frente do banco português.

Desde “se os sem-abrigo aguentam, porque é que nós não aguentamos?”, até “o dia em que batermos na parede não está muito longe”, muitas foram as frases polémicas ditas por Fernando Ulrich desde que está à frente do BPI. São, ao todo, 13 anos de liderança que acabam agora com a entrada do diretor-geral do CaixaBank, que se vai sentar no lugar do presidente-executivo. Pablo Forero Calderón, só Pablo Forero na esfera profissional, está no banco catalão desde 2009. Agora, e na sequência da oferta pública de aquisição (OPA) lançada pelo CaixaBank ao BPI, assumirá o cargo mais alto numa instituição bancária. Conheça dez dos momentos mais marcantes de Ulrich à frente do banco português.

10 momentos de Fernando Ulrich no BPI

  • “O país aguenta mais austeridade?… ai aguenta, aguenta!”

Foi em 2012 que o presidente executivo do BPI afirmou que o país teria de aguentar mais austeridade. Fernando Ulrich referiu, na conferência III Fórum Fiscalidade Orçamento de Estado 2013, que estava chocado como havia “tanta gente tão empenhada, normalmente com ignorância com o que está dizer ou das consequências das recomendações que faz, a querer nos empurrar para a situação da Grécia”.

Pouco tempo depois, Ulrich voltou a fazer outra declaração polémica. “Se andar aí na rua e infelizmente encontramos pessoas que são sem-abrigo, isso não lhe pode acontecer a si ou a mim, porquê? Isso também nos pode acontecer”, dizia então o presidente executivo do BPI. “Se as pessoas que vemos ali na rua, naquela situação a sofrer tanto aguentam, porque é que nós não aguentamos?”, questionou.

Declarações que levaram o deputado do PS João Galamba a exigir um pedido de desculpa do presidente… que nunca chegou. Fernando Ulrich disse apenas que tinha feito “afirmações absolutamente banais”.

  • “O dia em que batermos na parede não está muito longe. Talvez por semanas”

A frase foi dita por Fernando Ulrich em 2010. O presidente do BPI afirmou que bater na parede significava, por exemplo, a intervenção do FMI. “Lamento mas o país tem que saber”, disse o gestor. “Tirem já o C do PEC, o c é para esquecer”, pedia Ulrich, acrescentando que “o principal problema de Portugal não é apenas de tesouraria, mas sim o facto de não nos conseguirmos financiar”. E rematou: “Ou se discute a sério a economia portuguesa e o seu sistema financeiro, ou teremos graves problemas de futuro”.

  • Contribuintes é que pagaram a banca? “É mentira”

Afinal quem é que pagou os problemas da banca? Fernando Ulrich negou que tenham sido os contribuintes. O presidente do BPI disse estar preocupado com as notícias na comunicação social — nomeadamente declarações de comentadores — que estariam a passar mensagem de que os contribuintes é que têm pago os problemas na banca. “É mentira”, disse Ulrich.

Os números “mostram que quem fez um grande esforço e teve perdas gigantescas foram os acionistas dos bancos” e revelam que “os vários governos protegeram muito bem os contribuintes”, realçou.

  • “Projeto [do banco mau] não interessa ao BPI”

O Governo de António Costa tem estado a estudar um veículo para limpar o malparado dos bancos portugueses. Mas esta solução “não interessa ao BPI”, salientou Fernando Ulrich. “Não conheço o projeto para o banco mau. Tenho dificuldade em pronunciar-me (…) Isso é para ativos que não estão corretamente provisionados”, avaliou o presidente do banco português.

  • “Tinha mais graça enfrentar o Dr. Salgado quando achavam que era dono disto tudo”

A queda do Banco Espírito Santo (BES) levou o antigo presidente Ricardo Salgado a ser condenado pelo Banco de Portugal a pagar uma multa de quatro milhões de euros. Isto além de ficar inibido de exercer qualquer cargo ou atividade no setor financeiros nos próximos dez anos. Mas Fernando Ulrich não quis falar sobre isto. O presidente do BPI disse apenas que “tinha mais graça ter alguns confrontos com o Dr. Ricardo Salgado quando vocês [jornalistas] achavam que ele era dono disto tudo”.

Na altura, referiu também que “estar a fazer comentários sobre uma pessoa que foi líder do BES e numa altura que, com certeza, é um período difícil, não me acrescenta nada. Gosto de enfrentar as pessoas quando estão na mó de cima”.

  • “Eu preferia a solução do Partido Comunista que era a nacionalização [do BES]”

O presidente do BPI defende que o BES deveria ter sido nacionalizado quando foi resgatado. Esta seria, segundo Ulrich, a via mais segura para a banca nacional por não implicar riscos de prejuízos. “Agora vou ser muito egoísta e puxar só a brasa aos interesses que eu defendo”, disse. “Eu preferia a solução do Partido Comunista que era a nacionalização do banco [BES], essa tinha sido melhor para nós”, rematou.

Na altura, o gestor referiu que a possibilidade de o futuro comprador do Novo Banco ficar sob risco de ter de enfrentar vários processos em tribunal decorrentes do resgate do BES poderia afastar potenciais interessados. Quase três anos, o banco de transição foi vendido ao fundo norte-americano Lone Star.

  • “Há pessoas que são sérias e pessoas que não são sérias”

No ano passado, o presidente do BPI deixou claro: “não me venham com a conversa do sistema”. Ulrich disse que “quem fala do sistema andava a tentar esconder-se atrás de uma média que, hoje sabemos, escondia coisas horrorosas. Eu não sou parte do sistema, o BPI não é parte do sistema e nós também temos as nossas responsabilidades mas também fazemos as coisas bem feitas”, frisou. Por isso, defendeu: “Há bancos bons e bancos maus, pessoas que são sérias e pessoas que não são sérias”.

  • “Aposto praticamente 100% que [António Domingues] vai ser convidado para presidente da Caixa Geral de Depósitos”

Fernando Ulrich soube exatamente quando é que António Domingues foi desafiado a liderar a Caixa Geral de Depósitos. “Um dia, a secretária ou gabinete do Sr. ministro das Finanças ligou para falar com ele [António Domingues]. Era ao fim do dia e não estava. E a secretária dele também não. Ligaram para a minha [Fernando Ulrich] e pediram para falar com ele”.

No dia seguinte, contou o presidente executivo do BPI, “conversei com ele e ele foi conversar com o ministro nessa tarde. Quando conversámos eu disse: ‘aposto praticamente a 100% que vai ser convidado para presidente da CGD'”.

  • “Enviei uma carta ao sr. governador do Banco de Portugal, na qual reponho a verdade dos factos”

O presidente do conselho de administração do BPI, Fernando Ulrich, enviou uma carta ao governador do Banco de Portugal para repor “a verdade dos factos” sobre os alertas que fez, em 2013, em relação ao Grupo Espírito Santo. Numa entrevista ao jornal Público, Carlos Costa desvalorizou o papel de Fernando Ulrich nas chamadas de atenção para o problema do GES. Reconhece que o presidente do BPI lhe entregou um documento, tal como tinha sido revelado pela reportagem da SIC, mas garante que “nesse momento, o Grupo GES já tinha sido identificado como uma das grandes entidades devedoras do sistema.”

  • “Confio no Dr. António Costa” e no seu “sentido de responsabilidade”

Foi há dois anos que Fernando Ulrich expressou o seu apoio a António Costa, caso viesse a ocupar o cargo de primeiro-ministro, como veio a acontecer. “Se, porventura, o Dr. António Costa for indigitado para ser o próximo primeiro-ministro (não faço a menor ideia do que vai acontecer), eu, pessoalmente, confio no Dr. António Costa e no PS e [confio] que terão o sentido de responsabilidade necessário para manter o país num caminho de rigor”, defendeu. Isto depois de o presidente do BPI ter dito publicamente que votou em Pedro Passos Coelho e no PSD.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Fernando Ulrich “ultrapassa o discurso politicamente correto”, diz Faria de Oliveira

  • Rita Atalaia
  • 26 Abril 2017

No último dia de Ulrich na presidência executiva do BPI, o presidente da Associação Portuguesa de Bancos caracteriza o gestor como alguém que "nunca se coíbe de dizer o que pensa".

Faria de Oliveira não poupa nos elogios a Fernando Ulrich. No último dia do gestor na liderança executiva do BPI, que vai agora ser ocupada por Pablo Forero, o presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB) afirma que o presidente do banco português ultrapassou o “discurso politicamente correto”, mantendo-se fiel às suas convicções. Uma posição que, segundo Faria de Oliveira, permitiu um “desempenho bastante positivo” do BPI, mesmo durante o período da crise financeira e soberana.

“Aliando a sua muito forte personalidade e fidelidade às suas convicções com a sua competência e defesa intransigente dos interesses do BPI, nunca se coíbe de dizer o que pensa, ultrapassando o discurso politicamente correto, denunciando e esclarecendo.” É assim que o presidente da APB caracteriza Fernando Ulrich, em declarações ao ECO. Desde “se os sem-abrigo aguentam, porque é que nós não aguentamos?”, até “o dia em que batermos na parede não está muito longe”, muitas foram as frases polémicas ditas por Fernando Ulrich desde que está à frente do BPI.

Aliando a sua muito forte personalidade e fidelidade às suas convicções com a sua competência e defesa intransigente dos interesses do BPI, nunca se coíbe de dizer o que pensa, ultrapassando o discurso politicamente correto, denunciando e esclarecendo.

Fernando Faria de Oliveira

Presidente da Associação Portuguesa de Bancos

Hoje, depois de cerca de 13 anos, o gestor passa a liderança do BPI a Pablo Forero, diretor-geral do CaixaBank. Forero está no banco catalão desde 2009 e este é o cargo mais alto que irá assumir numa instituição bancária. Licenciado em Economia e especializado em macroeconomia pela Universidade Autónoma de Madrid, Forero acumula cargos de liderança desde a década de 80.

Fernando Ulrich soube conduzir e manter a estabilidade, solidez e eficiência da instituição num mandato passado, grosso modo, em ambiente de crise financeira e, mais tarde, de crise soberana. Foram anos que trouxeram uma mudança drástica de paradigma para o setor bancário e de quadro regulatório e de supervisão, obrigando a um forte ajustamento dos modelos de negócio dos bancos“, realça. E é por isso que o “BPI teve, sob a sua liderança, um desempenho bastante positivo“, defende o presidente da APB.

E no futuro? Faria de Oliveira está confiante de que Ulrich continuará a desempenhar um papel importante no setor bancário e “em concreto, no BPI, instituição que sempre quis forte, moderna e de confiança”. Sobre os planos que o novo presidente-executivo tem para o BPI, pouco se sabe. Na conferência de imprensa onde foram apresentados os resultados da Oferta Pública de Aquisição lançada pelo CaixaBank sobre o banco português, Forero falou pouco e disse apenas querer manter o foco comercial do BPI.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Ulrich deverá receber 465,5 mil euros de remuneração variável no BPI

  • Lusa
  • 23 Abril 2017

Os trabalhadores do BPI já receberam este mês os prémios de desempenho, com valor mínimo de 300 euros. Proposta de remuneração variável para a comissão executiva do banco votada quarta-feira.

O Banco BPI pagou este mês prémios aos trabalhadores, como tem sido prática nos últimos anos, disseram à Lusa funcionários da instituição financeira ainda liderada por Fernando Ulrich. A remuneração variável tem um valor mínimo superior a 300 euros e foi paga a 12 de abril.

A decisão de pagar esta prestação extraordinária foi tomada pela comissão executiva do banco, liderada por Fernando Ulrich, que cessará esta semana as funções de presidente executivo, na sequência da tomada de controlo do BPI pelo grupo espanhol ‘Caixabank.

Os acionistas do BPI reúnem-se esta quarta-feira em assembleia-geral, que servirá para aprovar as contas de 2016 (ano em que teve lucros de 313,2 milhões de euros, mais 32,5% do que em 2015) e a aplicação de resultados, uma reunião que tem ainda um ponto respeitante à remuneração variável a ser paga à comissão executiva que termina mandato.

Segundo a proposta feita pela comissão de remunerações e disponível na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, o maior valor proposto é para Fernando Ulrich, de 465,5 mil euros. António Domingues, que foi vice-presidente do BPI durante parte do ano de 2016, antes de assumir funções como presidente da Caixa Geral de Depósitos (num curto e polémico mandato de quatro meses), receberá 106,7 mil euros.

Aos restantes vogais da comissão executiva, José Pena do Amaral, Maria Celeste Hagatong, Manuel Ferreira da Silva, Pedro Barreto e João Pedro Oliveira e Costa, de acordo com a referida proposta, deverão ser pagos 328,6 mil euros a cada um.

O valor da remuneração variável será pago 50% em dinheiro, de imediato, e os restantes 50% de forma diferida no tempo.

BPI entra quarta-feira numa nova era

A assembleia-geral de quarta-feira implicará a entrada do BPI numa nova era, isto depois de em fevereiro o espanhol Caixabank ter passado a controlar o banco, ao conseguir ficar com quase 85% do capital social na sequência da Oferta Pública de Aquisição (OPA).

Desde logo, na reunião serão deliberados os novos órgãos sociais para o triénio 2017/2019, esperando-se que sejam aprovados sem percalços tendo em conta que o Caixabank tem a grande maioria do capital. O espanhol Pablo Forero será o novo presidente executivo, substituindo Fernando Ulrich, que passará a presidente do Conselho de Administração (‘chairman’) do banco.

Já Artur Santos Silva, fundador do BPI e atual ‘chairman’, ficará como presidente honorário do Banco BPI e presidente de uma nova comissão dedicada à responsabilidade social.

Segundo a proposta definitiva divulgada ao mercado e que irá a votos na assembleia-geral, o novo Conselho de Administração do BPI na ‘era Caixabank’ contará com Fernando Ulrich como presidente (‘chairman’), dois vice-presidentes (Pablo Forero, o presidente executivo, e António Lobo Xavier) e com 16 vogais (Alexandre Lucena e Vale, António Farinha de Morais, Cristina Rios Amorim, Francisco Barbeira, Gonzalo Rotaeche, Ignacio Alvarez-Rendueles, João Oliveira e Costa, José Pena do Amaral, Javier Riera, Juan Alcaraz, Juan Fuertes, Lluís Pi, Pedro Barreto, Tomas Jervell, Vicente Barutel e ainda um representante da seguradora Allianz).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

CaixaBank: “BPI é bem gerido mas tem problema de eficiência”

Administrador financeiro do grupo catalão que comprou o BPI diz que o banco é bem gerido por Fernando Ulrich, apresenta rácios de solvência saudáveis mas tem um problema: falta-lhe eficiência.

O CaixaBank diz estar 100% concentrado no BPI, banco cuja compra foi finalizada em fevereiro deste ano. Para o administrador financeiro do grupo catalão, o banco português é bem gerido por Fernando Ulrich, apresenta bons níveis de solvência mas tem um problema de eficiência.

Questionado pelo jornal elEconomista (acesso livre/conteúdo em espanhol) sobre um eventual interesse no Popular, o CaixaBank considerou que o “foco está colocado no BPI”. “Deram-nos as chaves há apenas dois meses e estamos concentrados em crescer de forma orgânica”, declarou Javier Pano, CFO do CaixaBank, para quem o negócio do banco português funciona muito bem.

“A rede tem uma grande atividade comercial e há um dia-a-dia em que estamos focados. É um banco bem gerido, sem problemas de solvência ou liquidez, que é o principal de uma companhia financeira, mas tem um problema de eficiência“, declarou o responsável.

"A rede tem uma grande atividade comercial e há um dia-a-dia em que estamos focados. É um banco bem gerido, sem problemas de solvência ou liquidez, que é o principal de uma companhia financeira, mas tem um problema de eficiência.”

Javier Pano

Administrador financeiro do CaixaBank

O CaixaBank é dono de quase 85% do BPI desde fevereiro passado, depois de ter lançado uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) obrigatória na qual investiu quase de 650 milhões de euros. Pablo Forero será o próximo presidente executivo do banco português, substituindo Fernando Ulrich que passa a chairman da instituição. Mudanças que deverão ser aprovadas na próxima assembleia geral do BPI, marcada para o próximo dia 26 de abril.

“Portugal está a melhorar em todas as frentes”

Na mesma entrevista, Pano manifestou algum otimismo em relação a Portugal e à recuperação da sua economia. “Está a cumprir com os seus compromissos e está a melhorar em todas as frentes”, disse o administrador.

Ainda assim, não deixou de considerar que o país ainda “tem muito futuro à sua frente” depois de ter “superado adequadamente uma situação complicada”. E salientou que a economia tem vindo a acelerar nos últimos trimestres.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Ativos tóxicos da banca mais do que duplicam num ano

  • Rita Atalaia
  • 13 Abril 2017

Os ativos tóxicos levaram os bancos portugueses a pagar uma fatura de 6 mil milhões no ano passado, ou seja, 16 milhões por dia. Um montante que pesou nos resultados, mas não nos rácios de capital.

Muitos têm sido os alertas feitos pelas autoridades europeias para que os bancos reduzam o “peso” do malparado nos balanços. E não é por acaso. Apenas num ano, os ativos tóxicos mais do que duplicaram entre as maiores instituições financeiras portuguesas. BCP, BPI, Santander Totta, Caixa Geral de Depósitos (CGD) e Novo Banco pagaram uma fatura de 16 milhões de euros por dia em empréstimos em incumprimento. Um montante que se refletiu nos resultados. Mas não nos rácios de capital, já que alguns bancos aumentaram o capital para absorver esse impacto.

Seis mil milhões. É este montante que os bancos tiveram de registar em imparidades no ano passado. Ou seja, mais do dobro em relação ao ano anterior. Este é um problema que assola o setor há alguns anos, especialmente desde a crise financeira. São perdas resultantes, essencialmente, de empréstimos que ficaram por pagar, que o setor tem procurado limpar do balanço, mas pagando uma fatura avultada.

Imparidades superam os seis mil milhões

Fonte: Bancos | Valores em milhões de euros | Rácios da CGD contam já com o plano de recapitalização e os do BCP com o aumento de capital de 1.330 milhões de euros.

Este montante pesou inevitavelmente nos resultados do setor. Se o Santander Totta e o BPI conseguiram resistir, o BCP viu os lucros recuarem. Já o Novo Banco continuou no vermelho e a Caixa Geral de Depósitos (CGD) rebentou a escala…dos prejuízos. Foram as imparidades de mais de três mil milhões de euros que atiraram o banco estatal para o pior resultado de sempre. Já sem o peso destes ativos tóxicos, os resultados não foram assim tão negativos.

Vamos olhar para alguns exemplos. No caso do Novo Banco, apesar do resultado negativo em termos líquidos, em termos operacionais houve uma clara melhoria. O resultado operacional cresceu 209%, animado pela melhoria do produto bancário e pela redução dos custos operativos. E a CGD? O mesmo. O prejuízo recorde do banco liderado por Paulo Macedo reflete as elevadas imparidades reconhecidas pelo banco no ano passado, algo que já estava previsto no âmbito do programa de recapitalização. Mas sem este efeito, os resultados até subiram. No BCP, o lucro pode ter diminuído, mas o resultado operacional aumentou quase 130 milhões.

E os rácios? Mais fortes, mas só com aumentos de capital

Se há um indicador que tem vindo a dar sinais de melhoria são os rácios de capital dos bancos nacionais. No último retrato feito ao sistema bancário europeu, os bancos portugueses apresentaram maiores fragilidades do que a média dos pares europeus: enquanto a média nacional apontava para um rácio Common Equity Tier 1 (CET 1) de 11,18%, na Europa essa média era mais robusta, de 13,64%.

Mas o que é que isto significa na prática? São estes os rácios que as autoridades analisam para aferir a robustez de uma instituição num cenário de adversidade económica. Quanto mais baixo estiver o rácio, mais desprotegido está o banco.

Olhando para os bancos nacionais, há agora uma situação completamente diferente… para melhor. O Santander Totta destaca-se ao apresentar um rácio CET1 (faseado) de 15,7% e um rácio CET1 (totalmente implementado) de 14,9%, o mais elevado do sistema.

No BCP e na CGD também há melhorias…mas apenas graças aos aumentos de capital que foram feitos no âmbito dos planos de reestruturação. No banco liderado por Nuno Amado houve um aumento de capital de 1.330 milhões de euros para reforçar os rácios. E o resultado está vista. O banco apresenta um rácio CET1 (faseado) de 12,4% e um rácio CET1 (totalmente implementado) de 9,6%. O mesmo acontece na CGD, mas aqui o apoio do Estado é essencial para a manutenção de níveis acima dos 13%. Uma ajuda de quatro mil milhões de euros.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

BPI: Ulrich sai. Forero entra a 26 de abril

A assembleia geral do BPI já está marcada para 26 de abril. O principal ponto da agenda é a passagem de testemunho de Fernando Ulrich para Pablo Forero.

Esta é a peça que faltava. A assembleia-geral do banco BPI já tem data marcada — 26 de abril. A ordem dos trabalhos foi publicada esta segunda-feira na CMVM, mas o ponto mais importante é a passagem de testemunho de Fernando Ulrich para Pablo Forero, enquanto presidente executivo do banco.

O CaixaBank lançou uma Oferta Pública de Aquisição ao BPI, com sucesso, e desde o início de fevereiro passou a deter 84,5% do capital do banco português. Desde então o nome de Pablo Forero, diretor-geral do CaixaBank, está apontado para presidente executivo, enquanto Fernando Ulrich passa a chairman da instituição.

Ulrich abandona a posição de CEO ao fim de 13 anos no cargo. Mas há mais mudanças no seio da estrutura governativa do BPI a propor aos acionistas na assembleia geral. O até agora presidente do Conselho de Administração, Artur Santos Silva, passa a presidente honorário e presidente de uma nova comissão do Conselho de Administração dedicada à responsabilidade social.

Adicionalmente, da nova equipa de gestão saem Maria Celeste Hagatong e Manuel Ferreira da Silva. Além do CEO Pablo Forero, a comissão executiva proposta pelo CaixaBank conta com José Pena do Amaral, Pedro Barreto, João Oliveira Costa, Alexandre Lucena e Vale, António Farinha de Morais, Francisco Manuel Barbeira, Ignacio Alvarez Rendueles e Juan Ramon Fuertes.

Em relação ao conselho de Administração, de onde sai Artur Santos Silva e entra Ulrich, saem Armando Leite de Pinho, Carlos Moreira da Silva e Mário Leite da Silva, sendo composta pelos seguintes nomes: Pablo Forero (vice-presidente), António Lobo Xavier (vice-presidente), Alexandre Lucena e Vale, António Farinha de Morais, Carla Bambulo, Francisco Manuel Barbeira, Gonzalo Gortázar, Ignacio Alvarez Rendueles, João Oliveira Costa, José Pena do Amaral, Javier Pano, Juan Antonio Alcaraz, Juan Ramon Fuertes, Lluis Vendrell, Pedro Barreto, Tomás Jervell e Vicente Tardio (vogais).

Ora, a assembleia geral vai eleger os membros dos órgãos sociais e da comissão de remunerações, assim como deliberar sobre a “remuneração variável dos membros da comissão executiva do conselho de administração relativa ao ano de 2016″; “deliberar sobre a política de remuneração do Banco BPI aplicável aos membros do Conselho de administração e do conselho fiscal” e ainda “deliberar sobre a fixação da remuneração” dos membros da comissão de remunerações, revela o comunicado da CMVM.

Os acionistas vão ainda ter de se pronunciar sobre “a aquisição e alienação de ações próprias”. Mas também aprovar as contas do banco de 2016. O BPI fechou o ano passado com lucros de 313,2 milhões de euros, um resultado que representa um aumento de 32,5% face ao exercício do ano anterior. Este desempenho superou largamente as expectativas dos analistas e foi conseguido sobretudo graças a uma quebra nas provisões e do aumento dos lucros na atividade internacional.

Segundo a convocatória para a reunião da assembleia geral, que terá lugar no Auditório da Fundação de Serralves, no Porto, às 10h00, os acionistas são convidados a deliberar um conjunto de alterações estatutárias.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Moody’s: Alargar prazo para pagar ao Fundo de Resolução protege os bancos da perda com Novo Banco

Agência de notação financeira considera positiva decisão de alargar prazo do reembolso do empréstimo ao Fundo de Resolução porque protege os bancos da perda com a venda do Novo Banco.

Para a Moody’s, o alargamento da maturidade dos empréstimos estatais concedidos ao Fundo de Resolução é positivo para os bancos portugueses, porque “protege as instituições de uma perda para este fundo com a venda do Novo Banco“.

O Novo Banco recebeu uma injeção de capital de 4,9 mil milhões de euros do Fundo de Resolução em 2014. Esta injeção foi financiada em 4,5 mil milhões em empréstimos do Estado português. Atualmente, o Fundo de Resolução deve ao Governo 3,9 mil milhões de euros e se a venda do Novo Banco não cobrir, como tudo indica, este montante, os bancos portugueses terão de suportar parte desta perda dado que são responsáveis pelo financiamento do Fundo de Resolução.

A agência de notação financeira diz, contudo, que a decisão do Ministério das Finanças em prolongar o prazo de maturidade dos empréstimos do Estado ao Fundo de Resolução até 2046 não altera as responsabilidades dos bancos portugueses em relação ao Fundo de Resolução.

“Em vez disso, a extensão visa preservar a estabilidade financeira do país e reforça a capacidade dos bancos portugueses de se recapitalizarem”, argumenta a Moody’s. “O anúncio vem também numa altura em que os bancos portugueses enfrentam requisitos regulatórios e de capital mais exigentes que vai forcar a melhoria dos níveis de solvência face aos níveis atuais”, acrescenta.

"A extensão visa preservar a estabilidade financeira do país e reforça a capacidade dos bancos portugueses de se recapitalizarem. O anúncio vem também numa altura em que os bancos portugueses enfrentam requisitos regulatórios e de capital mais exigentes que vão forçar a melhoria dos níveis de solvência face aos níveis atuais.”

Moody's

Na semana passada, o Ministério das Finanças anunciou a decisão de alargar o prazo de maturidade dos empréstimos do Estado ao Fundo de Resolução para dezembro de 2046. O objetivo da alteração é garantir que o esforço das contribuições exigidas aos bancos se mantém “ao nível atual”, explicou o Governo.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

BPI emite 300 milhões de dívida subordinada

  • Rita Atalaia
  • 17 Março 2017

O banco ainda liderado por Fernando Ulrich vai emitir 300 milhões em dívida subordinada para reforçar os rácios de capital. Títulos que já têm um comprador garantido: o CaixaBank.

O BPI vai emitir 300 milhões de euros em dívida subordinada. O banco ainda liderado por Fernando Ulrich já tinha dito que pretendia emitir este tipo de títulos para reforçar os rácios de capital de forma a cumprir com as exigências do Banco Central Europeu. E já tem um comprador garantido: o CaixaBank. O maior acionista do banco português disse que estaria “disponível para subscrever a dívida subordinada”, se esta fosse a melhor alternativa.

Num comunicado à CMVM, o BPI informa que vai emitir 300 milhões de euros de dívida subordinada. Isto depois de Fernando Ulrich ter dito, na apresentação dos resultados para 2016, que o mínimo a emitir seria de 225 milhões, mas que deveria precisar de mais. “É conveniente que seja um pouco mais e é um tema que vamos discutir nos próximos dias com o acionista CaixaBank”, disse o ainda presidente do BPI no mês passado.

Esta emissão tem de ser suficiente para reforçar os rácios de capital e ficar em linha com as regras do BCE. Com esta emissão, isto é possível. Há um reforço dos rácios numa base consolidada, com o rácio CET1 nos 11,4% e o rácio total nos 12,8%. Mas o problema residia na base não consolidada, onde estes níveis estavam abaixo do que era exigido — o mínimo para o rácio total era de 11,75% e estava nos 10,7%. Mas, com este reforço, este indicador sobe para os 12,6%.

Na altura, Gonzalo Gortázar, o administrador delegado do CaixaBank, afirmou estar disponível para subscrever os títulos de dívida subordinada de que o BPI precisa para reforçar os seus rácios. Por isso, o banco já tem um comprador garantido, como é hoje confirmado pelo banco português no comunicado enviado ao regulador de mercado. Gortázar referiu que “o BPI está agora numa situação financeira” mais forte, tendo o CaixaBank como acionista controlador. E o facto de o CaixaBank controlar o banco reforça ratings, o que facilita o acesso ao financiamento, explicou.

O BPI já só tinha de emitir 206 milhões de euros de dívida subordinada para cumprir as exigências de capital definidas pelo banco central liderado por Mario Draghi. Ou seja, alcançar um rácio total de 12%. Mas o valor a emitir será superior, com um cupão de 5,74% mais a Euribor a seis meses, que está negativa.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

O que mudou desde a última avaliação da S&P?

Economia e défice superaram estimativas do próprio Governo e deverão merecer nota positiva da S&P na revisão de hoje. Mas há riscos na dívida e sobretudo no setor financeiro por resolver. O que mudou?

Sem grandes novidades, mas aquilo que a Standard & Poor’s terá a dizer sobre Portugal assume especial relevância para o país. Não só porque desde a última revisão, em setembro do ano passado, muita coisa mudou. Mas também porque dentro de semanas será a vez da canadiana DBRS a revisitar o rating da República portuguesa. Que avaliação fará a S&P sobre o atual estado da Nação?

Para o Commerzbank e Banco Carregosa, tanto a notação BB+ como as perspetivas estáveis deverão ser reafirmadas mais logo pela agência norte-americana. Mas o facto de, dentro de cinco semanas, a agência canadiana DBRS voltar a atualizar o perfil de crédito do país confere maior importância sobre o que a S&P terá hoje a dizer sobre Portugal, sublinha David Schnautz, do Commerzbank.

“O risco de a S&P baixar o seu outlook deverá reacender os receios dos investidores acerca do resultado da revisão crucial da DBRS no dia 21 de abril, sobre a qual a elegibilidade para o programa de compras de dívida pública do Banco Central Europeu (BCE) ainda depende de uma perspetiva de rating“, contextualiza o analista daquele banco.

Economia cresce 1,2% e défice nos 2,8%?

No plano macroeconómico, Portugal deverá passar com nota positiva no teste da S&P. Em setembro de 2016, as previsões da agência apontavam para um crescimento económico de cerca de 1,2% e um défice orçamental nos 2,8% do PIB. Só que o desempenho português na reta final do ano saiu melhor do que a encomenda.

Em relação à economia, Portugal apresentou um ritmo de expansão ligeiramente mais elevado do que o previsto. No conjunto do ano, a riqueza produzida em Portugal cresceu 1,4%, uma evolução que, tendo superado as estimativas dos analistas, não deixa de representar um abrandamento face ao crescimento de 1,6% observado em 2015.

A S&P acreditava em setembro que a desaceleração do crescimento económico seria resultado sobretudo do “abrandamento no desempenho das exportações e investimento”. O que se passou desde então? Em relação ao Investimento, o conjunto de 2016 registou um comportamento claramente negativo, quando comparado com 2015. Se a análise for feita trimestre a trimestre, verifica-se que a segunda metade do ano evidencia uma recuperação. Quanto às exportações, as vendas de bens e serviços travaram no ano passado, apesar da aceleração no quarto trimestre.

Mas é em relação ao défice que a luz se torna mais verde para o Governo. “Deverá apresentar um défice de cerca de 2,8% do PIB em 2016, abaixo dos 3,2% do PIB em 2015″, dizia a S&P. “As nossas atuais previsões para o défice orçamental não incluem quaisquer custos adicionais provenientes da recapitalização da Caixa Geral de Depósitos”, acrescentava.

Os números relativos a 2016 ainda não estão fechados. Só na próxima sexta-feira é que o Instituto Nacional de Estatísticas apresenta a primeira estimativa para um número particularmente importante para Portugal, na medida em que permite ao país sair do Procedimento de Défices Excessivos. Mas tanto o primeiro-ministro António Costa como o ministro das Finanças Mário Centeno têm sugerido que o saldo entre receitas e despesas públicas ficará à volta de -2,1% do PIB, um desempenho para o qual ajudaram medidas como o Programa Especial de Regularização do Endividamento ao Estado (PERES), por exemplo.

Se a S&P falava em setembro de “compromisso do Governo evitar qualquer desvio orçamental significativo”, encontra aqui boas razões para ver que esse compromisso se manteve.

"O resultado melhor do que o esperado em relação ao défice deverá ser ofuscado pela 1) continuação da limpeza no setor bancário (a venda do Novo Banco e em particular a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, 2) evidência palpável de que o BCE está restringido pelos limites de compras no âmbito do quantitative easing, que deverá manter a tendência de subida das taxas de juro apesar dos níveis já elevados.”

David Schnautz

Estratego do Commerzbank

Ainda assim, para David Schnautz, aquilo que a mão da economia dá, a mão financeira tira “O resultado melhor do que o esperado em relação ao défice deverá ser ofuscado pela 1) continuação da limpeza no setor bancário (a venda do Novo Banco e em particular a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, 2) evidência palpável de que o BCE está restringido pelos limites de compras no âmbito do quantitative easing, que deverá manter a tendência de subida das taxas de juro apesar dos níveis já elevados”, destaca o estratego do Commerzbank.

Dívida pública preocupa, mas a privada também

Foi um dos pontos de maior preocupação da S&P na última revisão. Tanto a dívida pública como a privada encontram-se em níveis bastante elevados, representam amarras ao crescimento da economia e, consequentemente, restringem melhorias à melhoria do perfil de crédito da República portuguesa.

“Os ratings continuam constrangidos pelo muito elevado endividamento público e privado“, sublinharam os especialistas da agência. “O excesso de dívida do setor privado é, a nosso ver, um impedimento fundamental para uma recuperação mais dinâmica, uma vez que recursos que de outra forma seriam gastos com consumo ou investimento estão sendo usados ​​para melhorar os balanços das famílias e das empresas”, frisavam

Em 2016, a dívida dívida pública caiu 0,8 pontos percentuais, de 121,6% no final de 2015 para 120,8% do PIB em dezembro de 2016. Já o endividamento de empresas privadas (não financeiras) e das famílias chegou ao final do ano passado atingindo 220,6% do PIB, uma descida mais acentuada face aos 229,1% do PIB no final de 2015.

Dívida pública desce

Valores em milhares de milhões de euros. Fonte: Banco de Portugal

A S&P também notou a melhoria do perfil da dívida pública de Portugal, que apresentava uma maturidade média do stock de dívida pública no final de 2015 nos 8,7 anos. No final de 2016, de acordo com o IGCP, a maturidade média da dívida estava nos 8,4 anos.

Um ponto negativo que não deverá escapar à análise da S&P tem a ver com as condições de financiamento, que se agravaram de forma considerável desde o início do ano — as emissões de dívida de longo prazo resultaram num aumento expressivo dos encargos com nova dívida face aos últimos leilões. De resto, em mercado secundário, se em setembro a taxa de juro das obrigações a 10 anos estava nos 3,4%, atualmente encontram-se perto de 4,3%.

Banca reforçou-se

Também as fragilidades do setor financeiro, incluindo o elevado nível de malparado, são encaradas com preocupação pelas agências. Um cenário que se agravava ainda mais com excesso de endividamento do setor privado.

Dizia a S&P: “Um aumento do financiamento de capital próprio (especialmente de fontes externas e, em particular, do setor bancário), que é uma das prioridades da política económica do governo, seria positivo e facilitaria a desalavancagem na economia”. O que mudou desde setembro na banca portuguesa? Muita coisa e isso deverá merecer destaque da parte da agência.

Contas feitas, as imparidades custaram à banca portuguesa 5.000 milhões de euros num ano. Tudo para limpar os balanços com crédito de cobrança muito duvidosa, o chamado malparado. Mas como sublinhou ainda esta quinta-feira a Fitch, o nível de empréstimos em risco de incumprimento continua a ser elevado e a representar uma ameaça ao setor financeiro.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Fitch: CGD mais forte, mas malparado ainda é uma ameaça

  • Rita Atalaia
  • 16 Março 2017

A agência diz que o aumento de capital da CGD vai permitir reforçar os rácios de capital. Mas deixa um alerta: o malparado continua a pesar no banco, uma realidade transversal ao setor financeiro.

O capital que o Estado vai injetar na Caixa Geral de Depósitos (CGD) vai permitir que o banco público reforce as almofadas de capital. A conclusão é da agência de notação Fitch Ratings. Um aumento de capital que também inclui a emissão de dívida subordinada. Apesar de serem títulos de elevado risco, a agência diz que a CGD apenas vai deixar de pagar se os rácios de capital caírem para os 8,25%, um nível ainda distante dos atuais rácios do banco. A Fitch deixa, contudo, um alerta: o crédito malparado continua a pesar muito no balanço do banco.

A CGD tem em curso um aumento de capital. Uma operação que vai permitir que o banco reforce os rácios de capital, diz a Fitch Ratings. O aumento de capital “vai permitir que a CGD recupere os rácios de capital, que foram penalizados pelo reconhecimento de muitas imparidades em 2016”, diz. A agência de notação refere que o rácio CET1 (faseado) da CGD é de 12%, numa base consolidada, e de 13,7%, numa base não consolidada.

"[O aumento de capital] vai permitir que a CGD recupere os rácios de capital, que foram penalizados pelo reconhecimento de muitas imparidades em 2016.”

Fitch Ratings

Mas a segunda parte do plano de recapitalização da Caixa também inclui a emissão de dívida subordinada. O road show para atrair investidores para estes títulos perpétuos da CGD já arrancou. A Fitch Ratings alerta: os rácios de capital do banco público não precisam de cair para o nível do cupão definido para esta operação — de 5,125% — para deixar de pagar. A agência de notação diz que basta chegar aos 8,25%, o valor definido pelo processo de análise e avaliação para fins de supervisão. Os rácios ainda estão distantes destes níveis, mas há que recordar que estes títulos são perpétuos até que a Caixa consiga recomprar esta dívida.

“Só emite dívida subordinada quem tem de emitir. Porque é uma dívida que tem características de remuneração elevadas e que pesa no balanço dos bancos”, explicou Paulo Macedo na apresentação de contas. Tendo em conta o nível de risco destes títulos, o rating desta emissão será de B-, sendo atribuído pela Fitch. Ou seja, é “lixo”, ficando três patamares abaixo da notação que atribui à CGD (BB-). E a agência apenas subirá os títulos em nível se o rating do banco subir dois.

A Fitch avisa, contudo, que o peso do crédito malparado não provisionado no banco é elevado, tornando o banco vulnerável a atrasos no plano de redução dos empréstimos em incumprimento, em particular num contexto de crescimento económico em Portugal. Mas esta realidade não é exclusiva à CGD, mas transversal aos outros bancos.

Montepio: fraca liquidez, fraca qualidade dos ativos, fraca rentabilidade

A má qualidade dos ativos continua a pesar na CGD, BPI, BCP e, em particular, na Caixa Económica Montepio Geral, diz a Fitch Ratings. Segundo o presidente da Associação Mutualista Montepio Geral, o banco não vai precisar de mais aumentos de capital. Mas, olhando para a análise da Fitch, o cenário não é muito favorável.

A agência de notação atribui um rating B, refletindo “a fraca capitalização e almofadas de capital baixas em comparação com os requisitos mínimos de capital“. Isto em conjunto com a “fraca qualidade dos ativos” quando comparado com os pares europeus.

Mas há mais: “A rentabilidade do banco é fraca e muito penalizada pelo nível elevado do crédito malparado e cenário operacional desafiante em Portugal”, refere a Fitch. A agência de notação diz que o rácio de empréstimos em incumprimento era de 20% até ao final de junho de 2016 e que “deve continuar estável”. Sobre os rácios de cobertura, diz que são “baixos”.

Isto depois de o ministro do Trabalho, Vieira da Silva, ter garantido que “do ponto de vista do acompanhamento que o Ministério tem feito, os rácios de cobertura” dos produtos da associação “têm-se mantido em níveis confortáveis”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Banca quase duplica corte no número de trabalhadores em 2016

  • Lusa
  • 12 Março 2017

A Lusa fez as contas ao número de trabalhadores que foram dispensados, no ano passado, dos cinco maiores bancos. Novo Banco está na dianteira.

O Novo Banco foi, entre os cinco maiores com operação em Portugal, o que dispensou mais trabalhadores em 2016.Paula Nunes / ECO

Mais de 2.000 trabalhadores saíram em 2016 dos cinco principais bancos a operar em Portugal, quase o dobro dos cortes de postos de trabalho feitos em 2015, de acordo com as contas feitas pela Lusa.

Depois de na passada sexta-feira a Caixa Geral de Depósitos ter divulgado os resultados de 2016, com prejuízos históricos de 1.859 milhões de euros, é possível fazer as contas ao número de postos de trabalho cortados o ano passado dos principais bancos, ainda que o Novo Banco ainda não tenha apresentado contas.

Contudo, os dados indicam que foi mesmo no Novo Banco que houve mais saídas de trabalhadores em 2016, uma vez que só até setembro do ano passado tinha reduzido o número de funcionários em 1.062.

Estes trabalhadores saíram da instituição que resultou da resolução do ex-Banco Espírito Santo (BES) através de reformas antecipadas, rescisões por mútuo acordo e despedimento coletivo (que envolveu quase 40 pessoas). A Lusa noticiou já este mês que a maior parte das pessoas abrangidas pelo despedimento puseram ações em tribunal pedindo a sua impugnação.

A seguir ao Novo Banco, o banco com maior redução de pessoal foi o BPI, com 392 rescisões com trabalhadores na operação em Portugal, seguindo-se a Caixa Geral de Depósitos com 297 saídas, o Santander Totta com menos 200 pessoas e o BCP com 126 saídas de trabalhadores.

Fonte: Lusa

No total, dos dados até agora conhecidos, em 2016, saíram 2.077 trabalhadores dos cinco principais bancos, que representam cerca de 80% do sistema financeiro português. Este número é quase o dobro dos cortes de trabalhadores registados em 2015, quando saíram 1.133 funcionários no conjunto de CGD, BCP, Novo Banco, BPI e Santander Totta. Então, o maior corte foi na CGD (448 trabalhadores), seguindo-se BCP (336), Novo Banco (261), BPI (63) e Santander Totta (25).

Quanto a agências, em 2016, foram fechadas mais de 200 dos cinco principais bancos. O BCP fechou 53 balcões, o BPI e o Novo Banco 52 cada um (neste último as contas foram feitas face ao estimado pelo banco) e a CGD fechou 47 agências em 2016. Já o Santander Totta fundiu cerca de 80 unidades da rede comercial.

Nos últimos anos, os bancos têm vindo a “emagrecer” consideravelmente as suas estruturas, com cortes de trabalhadores e agências, com o objetivo de reduzir custos e melhorar resultados que estão muito pressionados. Este processo vai continuar nos próximos anos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Walking Dead. BPI junta-se ao clube dos mortos vivos na bolsa portuguesa

A lista de mortos vivos na bolsa portuguesa não pára de aumentar. O BPI juntou-se ao clube de zombies depois da OPA do CaixaBank. Euronext assume vontade de regenerar mercado. Mas há interesse?

Não faltam zombies no mercado nacional. (Ilustração de Raquel Martins)Raquel Sá Martins

A sétima temporada de Walking Dead regressa mais logo à antena da Fox. A série norte-americana retrata o instinto de sobrevivência do Homem num mundo dominado por zombies. É mais ou menos esse o sentimento dos investidores na bolsa portuguesa. O BPI juntou-se ao vasto clube de mortos-vivos na praça nacional. É um Walking Dead à portuguesa.

As cotadas são consideradas como zombie quando apresentam uma escassa liquidez e uma baixa dispersão de capital (reduzido free float), o que leva a que centrem menos atenção de investidores e analistas (havendo poucos ou nenhuns a cobrirem essas cotadas). Na bolsa portuguesa, não faltam mortos vivos: Vista Alegre, Luz Saúde, Estoril Sol, Cimpor, Sonaecom, Pharol… um clube ao qual se juntou recentemente o BPI, depois da Oferta Pública de Aquisição (OPA) do CaixaBank ter deixado apenas cerca de 7% do capital disponível para negociação.

O BPI era um dos títulos que despertava maior interesse por parte dos investidores“, diz a equipa de analistas do Banco BiG. “Não perspetivamos a entrada de novas empresas em bolsa, o que acaba por exponenciar o perfil histórico-cultural relativamente anémico do mercado de capitais português”, acrescenta.

O cenário é um pouco desolador. Além de um menor número de empresas cotadas, que foram saindo da bolsa ora por via de aquisições e fusões, ora por via de falências, muitas das que ainda resistem no mercado de capital apresentam um nível de liquidez pouco interessante do ponto de vista do investidor.

De acordo com os dados compilados pela Bloomberg, um quinto das cotadas nacionais apresenta um free float abaixo de 15%, um nível abaixo do qual um investidor corre o risco de ficar com as ações “estancadas” na sua carteira sem que se vislumbre um potencial comprador durante um bom período de tempo. É esse o limite estabelecido pela Euronext para uma cotada sonhar com a subida ao principal escalão bolsista nacional, o PSI-20.

São zombies que não assustam o BiG: “Ainda há sólidas empresas, em diferentes setores de atividade, que deverão continuar a atrair interesse de investidores nacionais e internacionais”.

"O BPI era um dos títulos que despertava maior interesse por parte dos investidores. Não perspetivamos a entrada de novas empresas em bolsa, o que acaba por exponenciar o perfil histórico-cultural relativamente anémico do mercado de capitais português.”

Banco BiG

É preciso recuar até dezembro de 2014 para chegarmos à última Oferta Pública de Venda (OPV) que levou uma empresa nacional à bolsa. Foram os CTT, depois de um processo de privatização do Governo de Passos Coelho na altura da troika, numa operação que rendeu um total de 909 milhões de euros aos cofres do Estado.

Antes, em fevereiro de 2014, também a Espírito Santo Saúde alcançava o mercado de capitais. Mas da mesma forma como entrou e gerou entusiasmo em torno de um novo capítulo na bolsa portuguesa, em poucos meses foi alvo de uma OPA da Fidelidade, dos chineses da Fosun. Mudou de nome, passou a chamar-se Luz Saúde e hoje em dia é controlada em 98,7% pela seguradora sino-portuguesa.

Apocalipse no PSI-20

A Espírito Santo Saúde era uma das jóias do Grupo Espírito Santo. A queda do império Espírito Santo em 2014 representou o momento apocalíptico para bolsa portuguesa. Criou um cemitério para onde foram BES, Espírito Santo Financial Group e outras sociedades do grupo. O processo arrastou consigo a Portugal Telecom, na sequência de um investimento a “fundo quase perdido” de 900 milhões de euros em papel comercial da Rioforte. Foi divida em duas: a Meo (PT Portugal) foi vendida aos franceses da Altice e a PT SGPS, que ressurgiu com o nome Pharol.

A cotada liderada por Palha da Silva é um dos zombies que vão deambulando num PSI-20 desmembrado. Apesar do vibrante arranque de ano que está a apresentar, não há analista que acompanhe a Pharol. Isto porque a antiga PT SGPS funciona como um “paradeiro” de uma posição de 22% da brasileira Oi. Tal como é a Semapa, a holding de Pedro Queiroz Pereira que detém a Navigator.

Sem uma regeneração da bolsa à vista, tornar o mercado de capitais atrativo para as empresas — e atrair o entusiasmo dos investidores — deverá representar uma das tarefas cruciais do novo presidente do Euronext, Paulo Rodrigues da Silva. Pelo menos foi essa a principal frente de atuação de Maria João Carioca no seu curto mandato à frente da Euronext Lisboa.

Em entrevista ao ECO, logo após ter assumido a presidência da gestora da bolsa de Lisboa, Carioca disse estar a trabalhar no sentido de trazer mais empresas para a bolsa, admitindo preocupação com a pouca profundidade e baixa liquidez do mercado nacional. A bolsa precisa desesperadamente de novas cotadas? “Desesperadamente é uma expressão muito, muito muito forte. Acho que mais do que precisar de mais empresas, a bolsa portuguesa precisa muito de consolidar as histórias de qualquer empresa que esteja no mercado“, sublinhou a gestora que está de saída para a Caixa Geral de Depósitos.

"Acho que mais do que precisar de mais empresas, a bolsa portuguesa precisa muito de consolidar as histórias de qualquer empresa que esteja no mercado.”

Maria João Carioca

Presidente da Euronext Lisboa

Sobre a presença de empresas zombies, Carioca lembrou que algumas assumem esse estatuto por decisão dos próprios acionistas, que preferem manter a porta do mercado de capitais aberta em vez de retirar a cotada definitivamente da bolsa. Reforçou que o mercado tem sempre de ser visto numa perspetiva de longo prazo. “Temos de ser capazes de conviver com estes ciclos deprimidos garantindo que os mecanismos de mercado continuam a funcionar e que não deitamos o bebé fora com a água do banho“, referiu.

Vagueando na bolsa

Um quinto das cotadas nacionais apresenta um free float abaixo de 15%. Cotadas como Pharol e Semapa funcionam como “paradeiros” de participações noutras empresas e estão na principal montra nacional. Conheça alguns zombies que vagueiam na bolsa nacional, um clube ao qual se juntou este mês o BPI.

CaixaBank “seca” BPI

A OPA do CaixaBank secou quase por completo a dispersão do BPI em bolsa. Os espanhóis ficaram com mais de 84,5% do banco português. Só que a Allianz não participou na oferta, deixando o BPI com um free float de cerca de 8%, razão pela qual a Euronext decidiu excluí-lo do PSI-20.

Continuará na bolsa? Sem hipótese de realizar uma OPA potestativa, Gonzalo Górtazar, presidente do grupo catalão, afirmou que a intenção é manter o BPI na bolsa. Mas abriu a porta à saída do mercado de capitais. “Temos de analisar se a liquidez é suficiente”. E “que alternativas temos”, precisou o responsável espanhol.

Pharol vê a luz

O que torna a Pharol num morto vivo não é tanto a baixa dispersão em bolsa. É antes o facto que a empresa existir apenas como um paradeiro de uma participação de 22% na Oi, a operadora brasileira que enfrenta o maior processo de recuperação judicial da história do Brasil.

Apesar da sua condição zombie, as ações têm estado bem vivas desde o início do ano. Apresentam o melhor desempenho em Lisboa — avançam mais de 80% em 2017 — acompanhando a evolução da Oi, que prossegue o seu plano de reestruturação perante o interesse de vários fundos na sua aquisição.

Luz (sem) Saúde na bolsa

Apenas 1,3% da Luz Saúde ainda deve estar disperso em bolsa, depois de a Fidelidade ter reforçado a sua posição ao longo dos últimos meses, na sequência da OPA realizada em 2014. A Fidelidade é detida pelos chineses da Fosun, que estão cada vez mais perto de assumir a totalidade do capital da empresa liderada por Isabel Vaz.

Cimpor deambula desde 2012

Desde que foi alvo de OPA por parte da brasileira Camargo Corrêa, em 2012, a dispersão da Cimpor em bolsa nunca foi suficiente para retirar a cimenteira portuguesa do estado “moribundo” que se apresenta como cotada — enquanto empresa, a Cimpor mantém viva a sua atividade. Menos de 5% do seu capital está disponível para negociação entre os investidores.

Sonaecom perdeu vida com saída da Optimus

Fundiu-se a Optimus com a Zon, nasceu a Nos, mas a Sonaecom perdeu vida. A empresa do universo Sonae ainda forçou uma saída da bolsa depois de uma OPA sobre os minoritários. Mas a operação não foi bem-sucedida. Hoje em dia, restam apenas 7,5% de capital da Sonaecom em bolsa. Está em vista o abandono do mercado de capitais.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.