Samsung no centro de escândalo político na Coreia do Sul
Escritórios da Samsung e do fundo de pensões da Coreia do Sul foram alvo de buscas no âmbito da investigação a um suposta corrupção e tráfico de influências que envolve a Presidente do país.
Representantes da Samsung, o maior grupo empresarial da Coreia do Sul, e do Serviço Nacional de Pensões, confirmaram as rusgas aos seus escritórios em Seul. Também o Escritório de Gestão de Investimento do terceiro maior fundo de pensões do mundo foi o alvo do raide, indicou fonte do Serviço Nacional de Pensões, sob a condição de anonimato.
Lim Bomi, porta-voz da Samsung declinou explicar por que razão uma unidade do grupo foi alvo de rusgas.
As rusgas tiveram lugar na sequência do escândalo político sobre a alegada interferência de Choi Soon-sil, uma amiga íntima de Park Geun-hye, nos assuntos de Estado, apesar de não desempenhar qualquer cargo público.
O Ministério Público acusou formalmente Choi Soon-sil e dois antigos assessores da Presidente, de terem pressionado mais de 50 empresas do país para doarem 65,7 milhões de dólares (62 milhões de euros) a duas fundações.
Além disso, neste âmbito, considerou que a Presidente desempenhou um papel “considerável” no caso de alegada corrupção e tráfico de influências.
Esta quarta-feira, o gabinete da presidência da Coreia do Sul indicou que o ministro da justiça e o secretário da presidência para os assuntos civis apresentaram as suas demissões, as quais não foram aceites pela Presidente.
A par com os crescentes pedidos de demissão da Presidente devido ao escândalo tem aumentado a indignação pública relativamente à Samsung por causa das suas alegações ligadas ao chamado caso “Choi Soon-sil gate”.
Não é, contudo, a primeira vez que o gigante sul-coreano é alvo de rusgas por parte das autoridades no quadro da investigação ao caso, já que ainda no início do mês tal sucedeu. Segundo a agência noticiosa sul-coreana Yonhap, as autoridades tentam apurar se o gabinete da presidência teve algum papel no voto do serviço de pensões de apoio à controversa fusão de duas empresas do grupo Samsung.
A Samsung conquistou, à risca, a aprovação dos seus acionistas para fundir a Samsung C&T e a Cheil Industries em julho do ano passado.
Muitos investidores e analistas questionaram o argumento da Samsung de que o negócio visava criar sinergias entre a firma de construção da Samsung com outra empresa do grupo que gere um parque de diversões e negócios relacionados com moda.
A fusão era crucial para o herdeiro da Samsung – Lee Jae-yong –, que detém uma pequena participação na Samsung Electronics. A operação ajudou Lee, neto do fundador da Samsung e vice-presidente da Samsung Electronics, a fortalecer o seu controlo sobre a ‘joia da coroa’ do grupo, sem gastar o seu próprio dinheiro.
Os acionistas que se opuseram à fusão – incluindo o fundo de investimento norte-americano Elliott – afirmaram que o negócio beneficiava injustamente as famílias fundadoras da Samsung e prejudicava os acionistas minoritários.
No final, foi o Serviço Nacional de Pensões, um dos principais acionistas, tanto da Samsung C&T como da Cheil Industries, que desempenhou um papel crucial na votação, apoiando a fusão apesar de recomendações de consultores externos para que se opusesse ao negócio.
O fundo de pensões passou então a ficar sob escrutínio por causa da forma como chegou à decisão de apoiar a controversa fusão e a indignação pública aumentou nas últimas semanas depois de uma estimativa ter revelado que o valor da participação do fundo de pensões na Samsung C&T – a entidade resultante da fusão – diminuiu em centenas de milhões de dólares.
Em resposta às alegações de que o fundo de pensões cedeu a pressões do gabinete da presidência para apoiar a fusão, o Serviço Nacional de Pensões afirmou que a sua decisão teve por base uma análise independente do efeito da operação em linha com as suas próprias políticas.
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