Depois da S&P, hoje é a vez de a Fitch tirar o país do lixo? Analistas acreditam

A Fitch deverá retirar o rating da dívida portuguesa do nível de "lixo". Mas os analistas consideram que o mercado já descontou a decisão e, por isso, juros não deverão registar grandes descidas.

Todos os caminhos vão dar à Fitch esta sexta-feira. A agência de notação financeira atualiza do rating de Portugal mais ao final do dia e restam poucas dúvidas no mercado: o país vai sair do “lixo”. O que é que isso significa? Muito e pouco ao mesmo tempo.

“Neste momento, tudo aponta para isso [para a subida do rating]. Não há nenhum motivo que justifique uma decisão diferente”, refere Filipe Silva, gestor do Banco Carregosa ao ECO. “A Fitch não é obrigada, mas Portugal reúne todas as condições para que se faça essa melhoria do rating. No último relatório a agência disse que era no rácio da dívida sobre o PIB onde se encontrava o maior risco do país. Temos estado numa fase de amortizações de dívida que tem um custo mais elevado e a rotação que o IGCP tem feito tem sido com taxas mais baixas. Temos tudo a favor. E não vejo motivo para o qual a Fitch não possa subir“, precisou Filipe Silva.

Keith Wade, economista-chefe da gestora Schroders, também tem poucas dúvidas em relação a um final feliz: “Devido aos progressos tem vindo a realizar no crescimento económico, na inflação, no défice orçamental, parece que há uma boa probabilidade de Portugal sair do nível de ‘lixo’“.

"Devido aos progressos tem vindo a realizar no crescimento económico, na inflação, no défice orçamental, parece que há uma boa probabilidade de Portugal sair do nível de ‘lixo’.”

Keith Wade

Economista-chefe da Schroders

Assim, se tudo correr como está previsto pelos analistas, a Fitch acompanhará (com alguns meses de atraso) a decisão da outra grande agência de rating mundial, a Standard & Poor’s, que em setembro colocou as obrigações portuguesas num nível de investimento de qualidade.

O que significa?

São vários os trunfos que Portugal apresenta para se “candidatar” a uma subida do rating pela Fitch. A economia portuguesa está a dar bons sinais: cresce e vai continuar a crescer nos próximos anos, de acordo com as estimativas oficiais. Isso vai ajudar melhorar as dinâmicas do défice e da dívida pública. Neste cenário, a acontecer uma surpresa do lado da agência esta sexta-feira, ela será negativa.

Na verdade, há algum tempo que o mercado vem antecipando uma decisão nesse sentido. E por isso uma melhoria do rating da Fitch vai significar muito e pouco simultaneamente.

“Será um impacto positivo, mas sempre limitado nos mercados. Muita gente está a fazer um movimento na antecipação para não ficarem à espera da notícia”, nota Filipe Silva. “Até porque hoje em dia, com o BCE a ser um grande comprador, o mercado já não apresenta a liquidez de dívida soberana como tinha no passado. Acredito que o grande estreitamento do spreads da dívida já tenha passado”, frisa.

"Será um impacto positivo, mas sempre limitado nos mercados. Muita gente está a fazer um movimento na antecipação para não ficarem à espera da notícia. Até porque hoje em dia, com o BCE a ser um grande comprador, o mercado já não apresenta a liquidez de dívida soberana como tinha no passado. Acredito que o grande estreitamento do spreads da dívida já tenha passado.”

Filipe Silva

Banco Carregosa

Filipe Silva referia-se aos diferenciais entre os juros das obrigações portuguesas e alemãs, o chamado prémio de risco que os investidores cobram para deter dívida portuguesa em vez de um ativo seguro como a dívida germânica. Esta diferença encurtou nas últimas semanas para mínimos de mais de dois anos. Só este ano o risco caiu para metade.

Risco de Portugal em queda desde o início do ano

Fonte: Bloomberg

Grandes fundos à espreita

Ainda que o potencial para a dívida portuguesa possa estar a esgotar-se, sair do “lixo” é sempre um grande acontecimento. Não só porque isso é o reflexo de um melhor momento do país, mas também porque vai trazer de volta grandes fundos de investimento internacionais que estiveram ausentes durante todo este tempo em que a dívida portuguesa era muito perigosa para quem a detinha.

Isto mesmo realçou Keith Wade. “Uma saída de ‘lixo’ para uma categoria de investimento de qualidade representa uma grande diferença para muitos fundos de investimento, incluindo a Schroders”, realçou.

“Muitos clientes preocupam-se com a preservação do capital e por isso não querem investimentos muito arriscados. Mas os fundamentais de Portugal estão a mudar e a dívida portuguesa é agora um ativo mais seguro”, assegura. Palavra do economista-chefe de uma das maiores gestoras de ativos do mundo.

"Muitos clientes preocupam-se com a preservação do capital e por isso não querem investimentos muito arriscados. Mas os fundamentais de Portugal estão a mudar e a dívida portuguesa é agora um ativo mais seguro.”

Keith Wade

Econmista-chefe da Schroders

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Luxemburgo desafia UE. Não quer pedir retroativos à Amazon

  • ECO
  • 15 Dezembro 2017

A União Europeia acusou o Luxemburgo de beneficiar a Amazon na carga fiscal, e exigiu que o país cobrasse 250 milhões de euros em retroativos à tecnológica.

Depois de acusar o Governo irlandês de beneficiar a gigante Apple, Margrethe Vestager, comissária europeia para a Concorrência, apontou o dedo ao Luxemburgo assinalando “benefícios fiscais ilegais” concedidos à Amazon. O mais pequeno país europeu reagiu agora discordando dos reguladores.

O ministro das Finanças luxemburguês defende que “o Luxemburgo acredita que a Comissão [Europeia] não estabeleceu a existência de uma vantagem seletiva“, cita a Reuters. Diz ainda que não concorda com a análise feita pela comissão em termos de transferência de preços.

A comissária europeia da Concorrência anunciou em outubro que a Amazon deveria pagar 250 milhões de euros em retroativos, para compensar os alegados benefícios.

A Amazon emprega um total de 1.500 funcionários no Luxemburgo, quando a população total do país é de meio milhão. Já não é a primeira vez que o país se recusa a cumprir uma ordem deste tipo. Em 2015, recusou-se a recuperar 30 milhões de euros à Fiat.

Do lado da Comissão Europeia, estas acusações também não são uma estreia. Recentemente, Vestager determinou que a Apple deve 13 mil milhões de euros ao Estado irlandês tendo em conta os impostos não cobrados à tecnológica americana.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Wall Street volta ao verde. Negócio Disney-Fox dá otimismo

Os mercados norte-americanos estão novamente a transacionar em terreno positivo, depois de uma sessão negativa esta quinta-feira. Há menos preocupações com a reforma fiscal de Trump.

Depois de uma sessão negativa, Wall Street recupera o otimismo que tem reinado durante todo o ano de 2017. Em foco continua a reforma fiscal, ainda que com menos preocupações face ao que se verificava esta quinta-feira. O acordo da Disney e da Fox também está a animar as bolsas.

O Dow Jones está a valorizar 0,53% para os 24.638,72 pontos, seguido do S&P 500 com uma subida de 0,51% para 2.665,59 pontos e o Nasdaq com uma valorização de 6.881.,1 pontos.

As preocupações com as exigências dos dissidentes republicanos para a reforma fiscal estão a desvanecer-se. “É algo que pode ser facilmente ajustado, por isso a legislação irá em frente”, disse o analista Andre Bakhos à Reuters. Ou seja, os possíveis obstáculos serão ultrapassados, até porque Donald Trump quer apresentar uma reforma significativa para marcar um ano à frente da Casa Branca. Contudo, o mesmo analista alerta que o mercado estará “muito sensível” a qualquer problema que afete a reforma fiscal.

Esta quinta-feira à noite o senador Marco Rubio anunciou que vai votar contra a legislação preparada pelo seu partido para a reforma fiscal. Tal só não acontecerá se a proposta incluir uma dedução fiscal maior para quem tem filhos, disse a sua porta-voz, segundo a Bloomberg. De acordo com a Reuters, também Mike Lee terá a mesma posição de Rubio. Neste momento os republicanos só podem perder dois votos caso queiram garantir que a legislação é aprovada.

Em causa está a maioria republicana no Senado depois de o partido ter perdido a eleição no Alabama, o que cria riscos caso haja mais dissidentes entre os senadores republicanos. O democrata Doug Jones (49,9%) conseguiu vencer por uma margem muito curta o republicano Roy Moore (48,4%), o candidato apoiado por Donald Trump que foi acusado de ter encontros com menores.

Além disso, o anúncio de acordo para a compra da Fox pela Disney está também a mexer com as ações destas cotadas. As ações da Walt Disney estão a valorizar 1% para os 111,70 dólares por título. As ações da 21st Century Fox estão a valorizar ainda mais, 2,83%, para os 35,20 dólares por título. As restantes cotadas do setor das telecomunicações e entretenimento seguem também no verde.

Os futuros de janeiro da bitcoin estão a valorizar mais de 8,5%, acompanhando a valorização da própria criptomoeda que recupera assim das ligeiras quedas dos últimos dias. Os futuros da criptomoeda começaram a ser transacionados na bolsa, no início desta semana.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo disponível para ajudar famílias a lidar com novos horários da Autoeuropa

  • Lusa e ECO
  • 15 Dezembro 2017

O Governo está disponível para ajudar as famílias com os novos horários da Autoeuropa. O ministro do Trabalho anunciou que poderá haver um reforço nos “equipamentos sociais de apoio à família”.

O Governo vai continuar a acompanhar a situação na Autoeuropa e poderá assumir “responsabilidades em algumas dimensões” como a criação e reforço de “equipamentos sociais de apoio à família” que possa responder aos novos horários da fábrica. Já a “responsabilidade principal” para ultrapassar este impasse negocial “é das partes”, concluiu Vieira da Silva à saída da reunião desta sexta-feira, assinalando que este “é um momento muito importante de consolidação do novo projeto, que vai alargar a gama de produção, aprofundar a dinâmica e colocá-la melhor nos desafios futuros no setor automóvel”.

A administração da fábrica da Autoeuropa, em Palmela, e a Comissão de Trabalhadores vão retomar as negociações na próxima segunda-feira, segundo uma decisão tomada numa reunião com o ministro do Trabalho, Vieira da Silva, e dois secretários de Estado. A informação foi inicialmente transmitida aos jornalistas pelo presidente da Comissão de Trabalhadores (CT), Fernando Gonçalves, e reafirmada pelo ministro.

O dirigente da CT escusou-se a adiantar mais pormenores, mas garantiu que o plenário de trabalhadores na fábrica do grupo Volkswagen se mantém para dia 20 de janeiro. Por seu lado, o diretor da fábrica, Miguel Sanchez, começou por caracterizar a reunião desta sexta-feira como “muito produtiva e proveitosa” para depois acrescentar que o que “pode mudar é o modelo de trabalho do segundo semestre”.

Depois da rejeição, em plenário, de dois pré-acordos negociados com a CT de alterações aos horários de trabalho, na sequência do aumento da produção, a administração impôs unilateralmente o novo modelo para ser implementado em finais de janeiro e que inclui 17 turnos semanais. Porém, esta posição foi rejeitada pela CT, que reiterou que “este modelo de horário e as suas condições são mais desfavoráveis e contrariam a vontade expressa pela maioria dos trabalhadores”.

Depois de mais de três horas de reunião “densa” no Ministério da Trabalhado, em Lisboa, agendada pelo Governo face a “uma situação difícil e exigente”, o ministro Vieira da Silva reafirmou a urgência de retomar o diálogo entre trabalhadores e a administração da Autoeuropa. Assim, a mensagem deixada às duas partes é que regresse de “forma sólida e duradoura” o “diálogo social construtivo e profícuo”.

Num encontro que contou com a presença do secretário de Estado do Emprego, Miguel Cabrita, e da secretária de Estado da Indústria, Ana Lehman, Vieira da Silva notou o empenho de todos para retomar o diálogo e alcançar soluções. “Existe um ambiente de diálogo franco e aberto das duas partes e o sinal de recomeçar o diálogo é extremamente positivo”, acrescentou o governante, que sublinhou não querer “minimizar a dificuldade da situação”.

A questão dos horários colocou-se com o fabrico do novo modelo T-Roc que, como recordou Vieira da Silva, tem “grande aceitação comercial” e as previsões são de “dobrar ou até ultrapassar” a produção global prevista. Este sucesso do modelo coloca a “empresa num patamar mais elevado e exigente”, além de permitir criar mais postos de trabalho.

(Atualizado às 15h15)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Simpsons previram a compra da Fox pela Disney… em 1998

  • ECO
  • 15 Dezembro 2017

A Disney comprou a Fox. O negócio foi fechado esta semana, mas há muito que já tinha sido previsto. Foi há 19 anos que um episódio dos Simpsons antecipou a operação.

Os Simpsons já tinham previsto que Donald Trump chegaria à Casa Branca, mas antes disso, num episódio que foi para o ar a 8 de novembro de 1998, a série norte-americana antecipava já algo que só aconteceu agora: a compra da Fox pela Disney que acabou por acontecer agora, 19 anos depois.

Foi no episódio “When You Dish Upon a Star”, transmitido a 8 de novembro de 1998 que a previsão — mais uma previsão acertada dos Simpsons — apareceu nos pequenos ecrãs.

Nesse episódio, surgia uma imagem em que por baixo do logo da 20th Century Fox estava escrito: “Uma divisão da Walt Disney”. Uma previsão que foi confirmada esta semana.

O acordo de compra da maioria da 21st Century Fox pela Disney está fechado. Rupert Murdoch decidiu vender a empresa por 52,4 mil milhões de dólares (pouco mais de 44,5 mil milhões de euros) à gigante do entretenimento infantil.

A operação inclui uma participação acionista de 39% na televisão britânica Sky, os estúdios cinematográfico e televisivo da 21st Century Fox, e as ações detidas pela Fox no serviço de streaming Hulu.

Com esta transação, alguns dos produtos de entretenimento mais populares da Fox — como o Avatar, a série Os Simpsons, o X-Men e a série Uma Família Muito Moderna — passam a fazer parte do portefólio da companhia que criou Frozen – O reino do gelo (2013). Sob controlo da Disney ficam, também, o FX e o National Geographic.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

A manhã num minuto

  • Rita Frade
  • 15 Dezembro 2017

Não sabe o que se passou durante a manhã? Fizemos um vídeo que reúne as notícias mais relevantes, em apenas um minuto.

Os partidos da esquerda apresentaram esta manhã quatro propostas para os correios. Os combustíveis vão ficar mais caros a partir de segunda-feira. Por isso, se pretende abastecer o depósito do seu automóvel não espere pela próxima semana.

A dívida portuguesa já comporta menor risco para os investidores do que a dívida italiana, com o bom momento de Portugal nos mercados a ser influenciado pelas expectativas de que a agência Fitch vai retirar o país do “lixo” esta sexta-feira.

Até aqui, o mínimo de existência protegia salários mensais até 607,14 euros (8.500 euros anuais), mas o valor aumenta então para 643,35 euros. Mas mesmo rendimentos um pouco acima podem poupar no IRS a pagar. O ECO pediu à EY para simular o impacto do novo mínimo de existência. Veja quem sai a ganhar.

Os partidos da esquerda apresentaram quatro propostas para os correios. Três delas dizem respeito à reversão da privatização da empresa, realizada em 2014.

Não espere pela próxima semana se pretende abastecer o depósito do seu automóvel. Tanto o gasóleo como a gasolina vão ficar mais caros a partir de segunda-feira. Mais o gasóleo até, que deverá custar um cêntimo mais por cada litro.

As negociações do Brexit estão “prontas para avançar para a segunda fase”, segundo disse esta sexta-feira o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, citado pela BBC.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Portugal “tem de ter um rating diferente do de 2011”

"A situação económica financeira de portugal hoje não tem nada a ver com a de 2011 ou 2015" assinala António Costa, horas antes de se saber a notação atribuída a Portugal pela Fitch.

“Não vou antecipar expectativas”, começou por dizer o primeiro-ministro no balanço do encontro em Bruxelas. Contudo, é rápido a notar as diferenças na situação económica do país, e conclui que Portugal “tem de ter uma notação claramente distinta da que tinha em 2011″.

A situação económica financeira de Portugal hoje não tem nada a ver com a de 2011 ou 2015“, assinala o primeiro-ministro. Apesar de afirmar que não quer fazer projeções, aponta para os mercados que “têm estado claramente a antecipar esses movimentos”.

De facto, no dia em que a Fitch lançará o seu parecer, os investidores mostram maior confiança na dívida portuguesa que na dívida italiana. As obrigações portuguesas a dez anos estão a negociar a uma taxa inferior à exigida pelos investidores para comprar obrigações italianas no mesmo prazo. Isto já não acontecia desde o final de 2009.

A Fitch pronuncia-se esta sexta-feira acerca da notação financeira da dívida portuguesa. Espera-se que a agência tire Portugal do “lixo”, tornando-se a segunda a considerar as obrigações nacionais investimento de qualidade. A primeira foi a Standard & Poor’s, em setembro.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Banco de Portugal: Impasse na Catalunha pode tirar 0,3 pontos percentuais ao PIB português

No pior dos casos, a situação de impasse que se vive na Catalunha terá um impacto negativo na economia portuguesa na ordem dos 0,3 pontos percentuais, segundo uma estimativa do Banco de Portugal.

As eleições estão marcadas para dia 21 de dezembro, mas os efeitos do impasse na Catalunha já se fizeram sentir durante os últimos meses: o referendo, as manifestações e o problemático relacionamento entre a Generalitat e o Governo espanhol levaram muitas empresas a sair (ou pensar sair) da região. Com base em dados do Banco de Espanha, o Banco de Portugal estima no Boletim Económico de dezembro, publicado esta sexta-feira, qual será o potencial impacto em Portugal: a questão catalã poderá retirar 0,3 pontos percentuais ao PIB nacional.

“As perspetivas de crescimento da economia espanhola mantêm-se positivas mas, as tensões políticas prolongadas na Catalunha e a incerteza associada podem afetar a confiança dos consumidores e das empresas, determinando um impacto negativo sobre o crescimento económico espanhol, com consequências ao nível da procura dirigida aos parceiros comerciais”, descreve o BdP, assinalando que a sua estimativa tem por base os dois cenários do banco central espanhol: um em que há um aumento temporário da incerteza e outro em que esse aumento é mais persistente.

Além dessas duas camadas de análise, o Banco de Portugal juntou-lhes dois tipos de impactos diferentes: um é mais direto e está relacionado com o comércio externo de Espanha e, portanto, com as exportações portugueses; o outro é mais indireto e está relacionado com a propagação da incerteza na Europa com o risco de existirem fenómenos de contágio para outras regiões que querem semelhante autonomia.

Na análise que fez, o Banco de Espanha estimou que o impacto negativo da questão catalã na própria economia espanhola varie entre 0,3 pontos percentuais no primeiro cenário e 2,5 pontos percentuais no segundo cenário. Já o impacto sobre a economia portuguesa de um menor crescimento da atividade em Espanha foi estimado, para o pior caso possível, em 0,3 pontos percentuais. “No cenário de aumento persistente da incerteza, esse impacto ascende a -0,3 pontos percentuais em 2018 e 2019”, conclui o Boletim Económico de dezembro.

Este potencial impacto negativo acontece por via da redução das importações espanholas e, consequentemente, na procura externa dirigida a Portugal daquele que é o seu principal parceiro comercial. Além disso, o risco de adiamento de decisões de consumo e investimento devido ao aumento da incerteza na Europa pode ter um efeito negativo na evolução do PIB português.

As tensões políticas prolongadas na Catalunha e a incerteza associada podem afetar a confiança dos consumidores e das empresas.

Banco de Portugal

Boletim Económico de dezembro

Apesar de publicar este exercício, o Banco de Portugal pede prudência nas suas interpretações: “As estimativas apresentadas devem ser interpretadas com cautela, uma vez que dependem das hipóteses consideradas na elaboração dos cenários, bem como das ferramentas de previsão utilizadas”. “Não obstante, esta análise permite ilustrar o potencial impacto económico para a economia portuguesa decorrente da evolução da situação na Catalunha, que constitui um dos fatores de risco para as projeções apresentadas neste Boletim Económico”, conclui.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Se os juros subirem, são os mais jovens e os mais pobres que saem mais penalizados

  • Margarida Peixoto
  • 15 Dezembro 2017

Os economistas do Banco de Portugal estimaram o impacto de uma subida dos juros de mercado de curto prazo, no rendimento disponível das famílias. Efeito é negativo.

Se os juros de mercado de curto prazo subirem, são os mais jovens e as famílias mais pobres que, em Portugal, verão o seu rendimento disponível encolher mais. A conclusão consta do Boletim Económico de dezembro, publicado esta sexta-feira pelo Banco de Portugal (BdP).

Este texto começa com um “se”. Mas na verdade deveria ser quase um “quando”. Os juros de mercado de curto prazo estão excecionalmente baixos, a beneficiar da política expansionista do Banco Central Europeu (BCE). E por isso é quase certo que deverão subir, à medida que o BCE foi retirando os estímulos do mercado — não se sabe é exatamente quando, nem com que intensidade.

Seja como for importa, por isso, antecipar que impactos é que a subida expectável dos juros de mercado poderá ter nas famílias em Portugal. Os economistas do BdP foram à procura da resposta e chegaram a algumas conclusões teóricas, mas que devem servir como mensagem para nortear a prática.

Segundo as contas do Banco — que assumiu um aumento de um ponto percentual dos juros nos mercados que se transmitiria a 100% tanto aos empréstimos com taxa variável detidos pelas famílias, como aos depósitos — o impacto é generalizadamente negativo. Mas não penaliza todos por igual: “O efeito no rendimento é negativo para as famílias que têm dívida com taxa variável, sobretudo as mais jovens e as dos quartis mais baixos do rendimento”.

O próximo gráfico mostra o impacto no rendimento disponível das famílias com dívida a taxa variável, segundo os quartis de rendimento. Verifica-se que, quanto mais pobres (primeiros quartis), maior é a quebra de rendimento disponível que deverão sentir. Isto acontece, em parte, por causa do “elevado valor médio da dívida [destas famílias] face ao dos depósitos”, explicam os economistas.

Impacto consoante o rendimento

Fonte: Banco de Portugal

Mas não é tudo: são as famílias mais jovens que sentirão mais os efeitos, como mostra o próximo gráfico. Neste caso, o impacto mais negativo nestas famílias explica-se pelo maior nível do seu endividamento.

Impacto consoante a idade

Fonte: Banco de Portugal

Impacto global para a economia será negativo

Mesmo considerando todas as famílias na análise — e não apenas as que têm dívidas com taxas de juro variáveis — o impacto no rendimento disponível continua a ser negativo. “O efeito agregado é de -0,7% do rendimento”, diz o Banco de Portugal, e “poderá ser mais acentuado no caso de uma transmissão apenas parcial do aumento das taxas de juro às taxas dos depósitos”.

A redução generalizada do rendimento disponível poderá refletir-se em menor consumo e, por essa via, num abrandamento da atividade económica. Contudo, os economistas do BdP frisam que “o efeito no consumo agregado deverá ser atenuado pelo facto de nas classes de menor rendimento, onde a propensão a consumir é mais elevada, a percentagem de famílias afetadas pelo aumento dos juros dos empréstimos ser reduzida.” Os números mostram que no primeiro quartil de rendimentos há 13% de famílias com dívida a taxa variável e que no segundo quartil o peso é de 23%.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

PIB potencial: ninguém sabe quanto vale, mas serve para alguma coisa?

  • Margarida Peixoto
  • 15 Dezembro 2017

Chama-se PIB potencial, ninguém sabe muito bem quanto vale, mas tem um impacto direto na vida dos cidadãos. O de Portugal é baixo e para sair fortalecido é preciso olhar para o fator trabalho.

O PIB potencial, um dos referenciais-chave para a condução da política orçamental na Europa, é um indicador cheio de fragilidades: não é observável, o seu valor para um mesmo ano muda à medida que o tempo vai passando e os economistas não se entendem sobre a melhor forma de o estimar. O alerta é dos economistas do Banco de Portugal, num artigo de análise publicado esta sexta-feira com o Boletim Económico de dezembro. Mas calma: isto não quer dizer que o PIB potencial não serve para nada.

“A utilização do produto potencial enquanto ferramenta de análise exige, no entanto, um cuidado especial”, lê-se no artigo do Banco de Portugal que faz o tema em destaque do Boletim.

E explica: “Ao contrário do PIB, não existem estimativas oficiais calculadas pelos institutos de estatística e harmonizadas a nível internacional.” Além disso, esta é “uma variável não observada que tem de ser estimada com base numa determinada metodologia” e “quer a escolha do modelo mais adequado, quer o grau de precisão da estimativa pontual dos modelos escolhidos são fontes de incerteza”, somam os peritos. O próprio conceito do PIB potencial pode combinar elementos de inspiração keynesiana, com outros de tradição neoclássica.

"A utilização do produto potencial enquanto ferramenta de análise exige, no entanto, um cuidado especial.”

Banco de Portugal

Tema em destaque. Produto potencial: desafios e incertezas

É por isso que este mesmo indicador, estimado por economistas diferentes ou em momentos diferentes do tempo pode originar resultados muito dispares. Aliás, têm sido estas mesmas fragilidades que o ministro das Finanças português, Mário Centeno, tem usado para não cumprir à risca os ajustamentos estruturais necessários.

Em maio, Centeno juntou-se a Espanha, Itália e França para enviar uma carta onde os ministros colocam em causa a utilização do PIB potencial como um indicador central na definição da política orçamental. Mais recentemente, na resposta à reação da Comissão ao Projeto de Plano Orçamental entregue pelo Executivo português, Centeno voltou a desvalorizar as apreciações comunitárias ao esforço de ajustamento estrutural, recorrendo, uma vez mais, às fragilidades do PIB potencial enquanto indicador.

Ora, a análise do Banco de Portugal reforça a posição do Governo, dando argumentos para sustentar que a Comissão Europeia poderá estar a ir longe de mais nas consequências que tira do indicador. É que consoante o potencial de crescimento seja estimado com menor ou maior, assim os países têm de apertar mais ou menos a sua política orçamental. E isto já interfere diretamente com os cidadãos: implica escolhas como baixar mais depressa ou mais devagar os impostos.

Contudo, isto não é o mesmo que dizer que o PIB potencial não serve para nada e que não vale a pena calculá-lo.

Portugal vai crescer [em média] 0,4 pontos percentuais abaixo do projetado para o conjunto da área do euro.

Banco de Portugal

Tema em destaque. Produto potencial: desafios e incertezas

Então para que é que serve o PIB potencial?

Os economistas do Banco notam que há uma mensagem para a economia portuguesa que não muda consoante a forma de cálculo do indicador: o potencial de crescimento português está a descer ao longo do tempo (é neste momento de cerca de metade do que era em 2007) e a razão fundamental prende-se com o fator trabalho.

“A redução do PIB em Portugal após 2007 foi muito persistente e pronunciada, mais do que na área do euro, acentuando-se uma divergência que perdura até 2017”, avisa o Banco de Portugal, deixando claro que os dados apontam para que “o ritmo crescente de crescimento da economia portuguesa inclua uma componente cíclica que tenderá a desvanecer-se no longo prazo.” Concretizando, estimam os economistas do banco central que “Portugal vai crescer [em média] 0,4 pontos percentuais abaixo do projetado para o conjunto da área do euro”.

E como é que isto se resolve? Primeiro, olhando para o fator trabalho. “O fator trabalho é amplamente identificado como estando na origem da desaceleração seguida de diminuição do produto potencial”, lê-se no documento. A força de trabalho portuguesa é menos escolarizada, a população nacional está em queda, e a fatia de população ativa também. Segundo, aumentando os incentivos ao investimento. Depois de quedas no nível de investimento muito acentuadas durante o período da crise, são agora precisos crescimentos continuados e expressivos para que o stock de capital seja, num primeiro momento, reposto e, depois, aumentado.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Exportações a pesar 50% do PIB em 2020? Banco de Portugal não acredita

O Governo tem como objetivo que as exportações tenham um peso de 50% no PIB até 2025. As novas projeções do Banco de Portugal para 2020 apontam para um valor inferior.

A projeção do Banco de Portugal para a evolução do peso das exportações no Produto Interno Bruto aponta para um valor inferior a 50% em 2020. O secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, tinha fixado uma meta para o país: entre 2020 e 2025, as exportações têm de atingir um peso de metade do PIB. Contudo, o Boletim Económico de dezembro, publicado esta sexta-feira pela Banco de Portugal — pela primeira vez com projeções para 2020 –, não vê essa vontade tornar-se realidade, pelo menos logo em 2020.

Crescimento das exportações 2016-2020

Fonte: Banco de Portugal

Apesar de projetar uma variação anual das exportações superior a 4% até 2020, o Banco de Portugal não prevê que o peso das exportadoras portuguesas na economia atinja os 50% nesse ano. O Boletim Económico de dezembro aponta para um crescimento “robusto” das exportações portuguesas, ainda que essa expansão vá ter “alguma moderação”. “As projeções apontam para um crescimento robusto das exportações até 2020, refletindo aumentos da procura externa e ganhos de quota de mercado”, esclarece o BdP.

Ainda assim, o Banco de Portugal nota que a evolução das exportações nos últimos anos é de assinalar: “Em 2020, as exportações deverão atingir um nível 68% superior ao registado em 2008”. Além disso, o peso das exportações ficará perto dos 50% e aproximar-se-á de perto com o consumo privado, o principal e histórico motor da economia portuguesa.

Até 2020, no entanto, as exportações darão um contributo inferior para a variação do PIB, em comparação com a procura interna. “O contributo das exportações apresenta um perfil de ligeira redução, tornando-se inferior ao da procura interna no período 2019-2020”, aponta o BdP.

O dinamismo das exportações continuará se o enquadramento externo se mantiver favorável, tal como está atualmente, perante as pressões do protecionismo. Apesar de diminuir a conquista, Portugal vai continuar a registar ganhos na quota de mercado. Esta projeção tem subjacente um crescimento entre 3% a 5% do comércio mundial e uma manutenção do preço do petróleo entre os 54 e os 62 dólares por barril.

Independentemente do crescimento que as exportações vierem a registar no seu todo, o turismo continuará a ter um peso decisivo. “Prevê-se que as exportações de turismo mantenham um crescimento superior ao das exportações totais”, avança a análise do banco central, graças à melhoria da posição competitiva do mercado português. Além disso, as exportações da Autoeuropa, rebocadas pelo novo modelo, o T-Roc, serão um fator essencial para os próximos anos das exportações portuguesas.

No mesmo sentido, o Banco de Portugal prevê uma desaceleração das importações, o que deverá manter a balança comercial de bens e serviços no mesmo nível, ainda que inferior ao excedente registado em 2016. O BdP prevê que os bens duradouros deixem de pesar tanto no consumo privado como pesaram em 2016 e 2017 — a explicação deste fenómeno passa pelo adiamento deste tipo de compras (automóveis, mobiliário, entre outros) que as famílias impuseram durante a crise. Assim, as importações desse âmbito também vão decrescer.

No Programa Internacionalizar recentemente apresentado, o Governo estipula o objetivo de “aumentar as exportações de bens e serviços (ambicionando-se atingir um volume de exportações equivalente a 50% do PIB na primeira metade da próxima década)”. O Executivo pretende “aumentar o número de exportadores, promover a diversificação dos mercados de exportação, incrementar os níveis de investimento (nacionais e estrangeiro), fomentar o aumento do valor acrescentado nacional, e promover uma maior e melhor articulação entre os vários agentes envolvidos nos processos de internacionalização da economia portuguesa”.

(Atualização com uma correção: o objetivo do Governo é atingir os 50% até 2025 e não em 2020, como anteriormente referia este artigo)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Carlos Costa mais otimista que António Costa para 2018. Vê economia a crescer 2,3%

A expansão da economia portuguesa está subjacente num crescimento "mais sustentável". A opinião é do Banco de Portugal que está mais otimista que o Governo no que toca à variação do PIB para 2018.

O Banco de Portugal projeta que o PIB cresça 2,3% no próximo ano, uma estimativa mais otimista que a do Governo que aponta para 2,2%. O banco central português reviu em alta a maior parte das suas projeções no Boletim Económico de dezembro, publicado esta sexta-feira, em linha com o que tinha feito o Banco Central Europeu esta quinta-feira. Em 2020, ano para o qual publica projeções pela primeira vez, o Banco de Portugal vê a taxa de desemprego perto de 6%.

“A expansão projetada para a economia portuguesa tem subjacente uma recomposição da procura global orientada para um crescimento mais sustentável, assente no dinamismo das exportações e do investimento e num enquadramento internacional favorável”, considera o Banco de Portugal no comunicado que acompanha o Boletim Económico publicado esta sexta-feira. A contribuir para uma subida do PIB de 2,3% em 2018 — o mesmo valor projetado pelo BCE para a Zona Euro — estará a procura interna e as exportações, ambos com um contributo de 1,2 pontos percentuais.

Banco de Portugal revê PIB em alta

Fonte: Banco de Portugal

Ao nível da procura interna, a Formação Bruta de Capital Fixo (FCBF), a principal componente do investimento, continuará a ser um dos principais motores da economia portuguesa no próximo ano, tal como aconteceu em 2017. O Banco de Portugal projeta um aumento de 6% da FBCF em 2018, principalmente graças ao investimento empresarial, mas também tendo em conta o aumento do investimento público que o Governo prometeu no Orçamento do Estado para 2018.

O crescimento económico ancorado nas exportações e no investimento, segundo a análise do BdP, leva o banco central a assinalar que “a recuperação da atividade económica em Portugal tem sido caracterizada por uma reafetação crescente de recursos para o setor dos bens e serviços transacionáveis”. Ainda assim, o Banco de Portugal avisa que, para que assim continue, “é essencial prosseguir a alocação do investimento a áreas que contribuam para o aumento do produto potencial, designadamente através do aumento de capital por trabalhador e de uma melhor reafetação de recursos”.

A expansão projetada para a economia portuguesa tem subjacente uma recomposição da procura global orientada para um crescimento mais sustentável.

Banco de Portugal

Boletim Económico de dezembro

Atualmente, o enquadramento internacional também ajuda, mas tal pode desvanecer. “O comércio mundial manterá um crescimento robusto ao longo do período de projeção, embora com um abrandamento a partir de 2018”, refere o BdP, assinalando que a procura externa dirigida à economia portuguesa apresentará uma ligeira aceleração em 2018.

A contribuir para o PIB do próximo ano estará ainda a aceleração do consumo público com uma variação de 0,6%: “Em 2018, a taxa de variação do consumo público deixa de estar afetada pelo efeito da redução das horas de trabalho e, por outro lado, perspetiva-se uma menor poupança com parcerias público-privadas do setor rodoviário”, lê-se no Boletim Económico.

Mas não é só no PIB que o Banco de Portugal é mais otimista do que as previsões que o Governo tinha feito no OE2018. O Boletim Económico de dezembro prevê uma criação de emprego de 1,6% no próximo ano, superior aos 0,9% estimados por Mário Centeno. Por consequência dessa projeção, o BdP estima que a taxa de desemprego fique nos 7,8%, abaixo dos 8,6% projetados pelo Governo. A previsão é que o mercado de trabalho continue a recuperar, mas com um ritmo inferior ao registado em 2017.

Além disso, o Banco de Portugal reviu em alta a projeção para este ano de 2,5% no Boletim Económico de outubro para 2,6%, o que iguala a última projeção do Governo. “Este ritmo de crescimento implica que o PIB recupere o nível anterior à crise financeira internacional em meados de 2018”, acrescenta ainda o boletim.

Como será a economia portuguesa em 2020?

O Boletim Económico publicado esta sexta-feira contém projeções para 2020, a primeira vez que o Banco de Portugal as publica. Até lá, o banco central prevê que a economia portuguesa evolua em linha com a da Zona Euro e com crescimentos acima do seu potencial. No entanto, isso não bastará para compensar a “divergência acumulada até 2013”. A redução da população em Portugal acabará por beneficiar o rácio do PIB per capita.

Ainda assim, o BdP conclui que, “com o ritmo de crescimento projetado, em 2020 o PIB deverá situar-se cerca de 4% acima do nível registado antes da crise financeira internacional”, ou seja, 2008. Mas o mesmo não se verifica quando se fala de investimento no país: “o nível da FBCF no final do horizonte deverá ser 11% inferior ao observado antes da crise financeira internacional”.

Para 2020, o Banco de Portugal prevê que a economia cresça 1,7%, com um contributo maior da procura interna (1 p.p.) em comparação com as exportações (0,7 p.p.). O dado mais surpreendente está na previsão da taxa de desemprego do BdP: 6,1% em 2020. Além disso, Portugal deverá manter os seus excedentes na balança corrente e de capital e na balança de bens e serviços praticamente inalterados. Já a inflação não deverá descolar, tal como pretende o BCE, ficando pelos 1,6%.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.