BCP afunda 13% para mínimos com aumento de capital
Ações do banco voltam a negociar na casa dos cêntimos depois de ter anunciado esta segunda-feira um aumento de capital de 1.300 milhões de euros com um desconto de 38,7%.
Setenta e nove. Foi este o número de dias que a cotação do BCP BCP 0,00% aguentou-se acima do euro, fasquia acima da qual ficou após a fusão de ações realizada a 24 de outubro. O banco anunciou esta segunda-feira um aumento de capital de 1.300 milhões de euros. Não é o montante que assusta propriamente os investidores. É antes o desconto de 38,7% que a emissão de novos títulos tem implícita. E por essa razão o BCP afunda em bolsa para tocar mínimos de mínimos de mínimos de sempre.
As ações abriram a sessão desta terça-feira a cair 13,46% para 0,93 euros. Um desempenho altamente negativo que significa o ajustar do mercado às informações relevantes que surgiram no final da tarde de ontem, após o ECO ter avançado em primeira mão o aumento de capital do BCP no valor de 1.300 milhões de euros. Mas as ações do banco liderado por Nuno Amado já chegaram a estar a desvalorizar 16,44% para definir um novo mínimo histórico de 87 cêntimos. Perdas que entretanto aliviaram, com o título a recuar neste agora 10,61%, para os 93,07 cêntimos.
Veja a evolução das ações do BCP
No total, o BCP vai emitir mais de 14 mil milhões de novas ações, com o preço de subscrição fixado em 0,094 por cada ação, representando um desconto de 38,7% face à cotação de fecho da última sexta-feira. No âmbito desta operação, a cada acionista será atribuído um direito de subscrição sobre 15 novas ações (14,7) emitidas no aumento de capital.
“Estes 1.300 milhões são uma notícia natural. São o valor mínimo que faz com que o banco consiga simultaneamente reembolsar os CoCos ao Estado e aumentar o seu rácio de capital para um nível perto de 11%”, dizia um analista do mercado ao ECO. “Não é uma notícia inesperada depois de o BCP ter anunciado prejuízos bastante acima do esperado no segundo e terceiro trimestre, em que anunciaram provisões extraordinárias de 400 milhões e 100 milhões de euros. A partir deste momento ficou clara qual seria a estratégia do BCP: provisionar mais cedo e realizar um aumento de capital”, frisava.
"Estes 1.300 milhões são uma notícia natural. São o valor mínimo que faz com que o banco consiga simultaneamente reembolsar os CoCos ao Estado e aumentar o seu rácio de capital para um nível perto de 11%.”
João Queiroz, da GoBulling, sublinhava o óbvio: “As operações de aumento de capital, pelo efeito diluição, tendem a pressionar no sentido da desvalorização”. Regressam à casa abaixo do euro? “À semelhança das anteriores operações de aumento de capital, a probabilidade disso acontecer era elevada”, acrescentou o gestor da GoBulling.
O que assusta Albino Oliveira, gestor da Patris Investimento, é mesmo o desconto acentuado. “Não faz sentido. A única explicação que encontro para este preço [9,4 cêntimos] só pode ter a ver com a garantia do sindicato de bancos que vai assegurar o êxito do aumento de capital”. “Apesar de a administração do banco ter por diversas vezes referido que não havia necessidade de realizar um aumento de capital, o mercado continuou a ver riscos de a operação ser concretizada, tendo em conta as obrigações CoCo na posse do Estado ainda por reembolsar e a dificuldade de gerar capital de forma orgânica através de um ROE mais elevado, tendo em conta o ambiente de fraco crescimento do crédito em Portugal”, contextualiza Oliveira.
O reforço de capital em 1.300 milhões vai permitir ao banco reembolsar os 700 milhões de euros em CoCos — reembolso que o Banco Central Europeu já autorizou — e ainda colocar o seu rácio de capital num valor em torno de 11%. A operação deverá arrancar a 19 de janeiro, encerrando a 2 de fevereiro. O processo deverá estar concluído a 9 de fevereiro. Ainda assim, está tudo à espera do OK da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
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