Acusada de despedir trabalhadores, Altice quer criar mais empregos
A Altice vai contratar nos próximos anos, disseram responsáveis da empresa aos jornalistas esta segunda-feira. Acontece ao mesmo tempo em que é acusada de despedir trabalhadores na PT.
A Altice quer criar mais empregos em Portugal e vai contratar, numa altura em que é acusada de fazer precisamente o oposto na PT/Meo. Responsáveis do grupo reuniram-se esta segunda-feira com jornalistas em Lisboa para anunciar uma série de compromissos para com o país — entre eles, a “criação de emprego qualificado em Portugal”.
Concretamente, a empresa estabeleceu como metas a criação de 4.000 empregos em call centers, 2.000 empregos “diretos e indiretos” na expansão da rede de fibra ótica e na contratação de 500 jovens portugueses recém-licenciados até 2020, em novas profissões como cientistas de dados e analistas.
“É muito importante estarmos comprometidos com o desenvolvimento de novas competências”, disse Cláudia Goya, líder da PT/Meo, apontando para a transformação digital que está cada vez mais acelerada e deverá ter largo impacto no mercado de trabalho.
"É muito importante estarmos comprometidos com o desenvolvimento de novas competências.”
Estas declarações acontecem numa altura em que a empresa está debaixo de fogo dos sindicatos. Estes acusam a empresa de estar a realizar um “despedimento coletivo encapotado”, recorrendo à figura da transmissão de trabalhadores para outras empresas do grupo ou parceiras. Um relatório da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), divulgado pelo ECO em primeira mão, aponta para 150 infrações na empresa ao nível do trabalho — entre elas, trabalhadores sem funções e situações de assédio moral –, mas não foi capaz de encontrar provas desse alegado despedimento.
Sobre o tema, Armando Pereira, cofundador do grupo Altice e braço direito de Patrick Drahi, defendeu-se: “Os postos de trabalho que criamos aqui são muitos mais do que aqueles que dizem que estamos a transferir.” E reiterou que, apesar de haver pessoas a serem transferidas para outras empresas, isso “não quer dizer” que “fiquem sem trabalho”.
"Os postos de trabalho que criamos aqui são muitos mais do que aqueles que dizem que estamos a transferir.”
Aponta ainda o dedo à ACT, que diz acusar a Altice de não dar funções a muitos funcionários. “A inspeção do trabalho vem ter connosco e diz que temos de encontrar trabalho [para quem não tem funções. Podíamos chamá-las, mas não temos trabalho para elas.” Recentemente, o jornal Público [acesso condicionado] avançou que a empresa convidou trabalhadores sem funções a ficarem em casa a partir desta segunda-feira e até 15 de janeiro, dispensando-os do deve de deslocação ao emprego, até ser encontrada uma solução.
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