Greve fechou mais de cem escolas, dizem sindicatos

  • Marta Santos Silva
  • 3 Fevereiro 2017

Os funcionários não docentes manifestam-se por carreiras específicas e funcionários por escola. O PSD quer ouvir o ministro da Educação no parlamento.

Mais de uma centena de escolas por todo o país encontram-se encerradas esta sexta-feira, segundo estima a Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP), devido à greve dos funcionários não docentes convocada pela Federação Nacional de Educação (FNE).

A greve, motivada por uma vontade de maior reconhecimento da profissão e por exigências de um fim da precariedade e da criação de carreiras específicas para os auxiliares de ação educativa, pode ser a primeira a ter um grande impacto desde que o Governo de António Costa tomou posse.

A “grande maioria das escolas de Lisboa, Aveiro, Coimbra”, assim como de outros distritos do país como Vila Real e Bragança, estão fechadas, disse ao ECO o secretário-geral da FESAP, José Abraão, que se encontra junto à Escola Secundária do Restelo, em Lisboa, que se encontra encerrada. O ECO pediu informações oficiais do número de escolas fechadas e da participação na greve à Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares, mas ainda não obteve resposta.

“Esperamos que o primeiro-ministro e o ministro da Educação abram um processo negocial”, esclareceu, acrescentando que a revolta com o impasse na questão da integração dos precários na Função Pública e do descongelamento das carreiras deixou as pessoas “cansadas”.

Em reação à greve, o PSD já anunciou que vai entregar um requerimento na Assembleia da República para chamar o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, ao Parlamento. “O que está a acontecer hoje, com muitas escolas encerradas pela greve dos funcionários, é o culminar de uma situação para a qual fomos alertando e que urge resolver”, afirmou o deputado do PSD Amadeu Albergaria, à agência Lusa. “É chegada a hora de prestar esclarecimentos e dizer como pretende resolver estes constrangimentos: falta de verbas nas escolas, falta flagrante de funcionários nas escolas e falta de investimento que está a colocar as escolas numa situação de degradação física com consequências na aprendizagem e confronto dos alunos”, apelou.

O que pedem os funcionários que aderiram à greve?

Algumas exigências são comuns aos restantes trabalhadores da Função Pública: o descongelamento das carreiras, que não veem progressões desde 2005, o fim da precariedade, com a integração dos trabalhadores a recibos verdes e com contratos a prazo nos quadros, e também preocupações com o subsídio de refeição, que foi aumentado em 25 cêntimos e verá outro aumento de 25 cêntimos em agosto, mas tributado para efeitos de IRS e Segurança Social — uma decisão muito contestada.

Outras das preocupações que movem a greve prendem-se com as necessidades específicas dos funcionários não docentes, que pretendem a criação de carreiras específicas na área, diferenciadas da categoria de assistente operacional. “Faz todo sentido porque compreenderá que os assistentes operacionais das escolas não são propriamente telefonistas”, afirma José Abraão. Já existem propostas, explica o sindicalista, para a criação destas carreiras diferenciadas com formação específica.

Os funcionários não docentes reivindicam ainda que seja alterada a portaria que define os rácios de auxiliares necessários por escola, de acordo com o número de alunos, que consideram insuficientes. Pretendem que seja aberto um processo negocial para redefinir o número de auxiliares que cada escola deve ter.

O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, concedeu ontem na conferência de imprensa que se sucedeu ao Conselho de Estado que é necessário reforçar o número de funcionários não docentes, com uma ressalva: “Devo dizer que tecnicamente e legalmente as nossas escolas têm os assistentes operacionais que deveriam ter”.

Para o ministro, um dos principais problemas é um grande número de funcionários que se encontram de baixa e que não podem ser fácil nem rapidamente substituídos. Nesse Conselho de Ministros, foi aprovado um diploma que permitirá que, no próximo ano letivo, mais de três mil professores precários sejam integrados nos quadros.

Notícia atualizada às 13.20 com a posição do PSD.

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É oficial, José Eduardo dos Santos não se recandidata

  • Lusa
  • 3 Fevereiro 2017

Foi aprovado o nome do vice-presidente do partido e ministro da Defesa, João Lourenço, para cabeça-de-lista do MPLA às próximas eleições gerais, e candidato a Presidente da República.

José Eduardo dos Santos, o presidente do MPLA e chefe de Estado angolano, anunciou hoje que não será recandidato ao cargo nas eleições gerais deste ano, deixando assim o poder em Angola ao fim de 38 anos, avançando João Lourenço.

A posição foi transmitida por José Eduardo dos Santos no discurso de abertura da reunião do Comité Central do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que está a decorrer hoje em Luanda, com a aprovação da lista de candidatos do partido a deputados nas eleições gerais de agosto em agenda.

José Eduardo dos Santos anunciou – o que aconteceu pela primeira vez publicamente – que a 02 de dezembro, também em reunião do Comité Central, foi aprovado o nome do vice-presidente do partido e ministro da Defesa, João Lourenço, para cabeça-de-lista do MPLA às próximas eleições gerais, e candidato a Presidente da República, e do ministro da Administração do Território, Bornito de Sousa, como número dois, concorrendo a vice-Presidente.

José Eduardo dos Santos, reeleito presidente do partido em 2016, completa em agosto próximo 75 anos, tendo anunciado em março último que pretendia abandonar a vida política.

“Em 2012, em eleições gerais, fui eleito Presidente da República e empossado para cumprir um mandato que nos termos da Constituição da República termina em 2017. Assim, eu tomei a decisão de deixar a vida política ativa em 2018“, anunciou José Eduardo dos Santos, depois de passar em revista o seu percurso no MPLA e na liderança de Angola.

Entre outros momentos, recordou que integrou o movimento anticolonial em 1960, aos 18 anos, e que em 1974 foi eleito membro da direção do MPLA.

José Eduardo dos Santos é Presidente de Angola desde setembro de 1979, cargo que assumiu após a morte de Agostinho Neto, o primeiro Presidente angolano.

A Constituição angolana aprovada em 2010 prevê a realização de eleições gerais a cada cinco anos, elegendo 130 deputados pelo círculo nacional e mais cinco deputados pelos círculos eleitorais de cada uma das 18 províncias do país (total de 90).

O cabeça-de-lista pelo círculo nacional do partido ou coligação de partidos mais votado é automaticamente eleito Presidente da República e chefe do executivo, conforme define a Constituição, moldes em que já decorreram as eleições de 2012.

Nesse último ato eleitoral, segundo dados da Comissão Nacional Eleitoral, o MPLA garantiu uma votação total de 71,84%, elegendo nos dois círculos 175 deputados, enquanto a UNITA conquistou 18,66% dos votos e 32 deputados.

A então estreante coligação CASA-CE chegou aos 6,00% e oito deputados e o PRS aos 1,70% dos votos e três deputados.

A histórica FNLA, um dos três movimentos de libertação do período colonial, juntamente com o MPLA e a UNITA, conquistou apenas 1,13% dos votos, elegendo os restantes dois deputados.

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Economia da Zona Euro dá sinais positivos no arranque do ano

A economia da Zona Euro entrou com o pé direito em 2017. A atividade acelerou em janeiro e há mais emprego, o que deverá ajudar os preços na região a subir.

A Zona Euro iniciou o ano de 2017 em boa forma, com a economia a revelar sinais de retoma sólida, perante um crescimento de novos negócios e do emprego, o que deverá impulsionar a taxa de inflação na região.

O índice de compras de gestores ficou nos 54,4 em janeiro, o nível mais elevado desde janeiro de 2011. Leituras acima dos 50 apontam expansão da atividade económica. Os analistas esperavam um registo de 54,3.

“A aceleração de novos negócios e a inversão na confiança para o nível mais elevado desde a crise de dívida representam um bom augúrio”, referiu Chris Williamson, economista da IHS Markit. “O ritmo de crescimento de emprego deverá ajudar a aumentar os gastos dos consumidores nos próximos meses, reforçando a economia”, acrescentou.

Estes dados surgem num contexto positivo na Zona Euro. A economia da região cresceu 0,5% no quarto trimestre do ano passado, um desempenho que ficou em linha com o esperado pelos analistas. Já a taxa de inflação na Zona Euro acelerou em janeiro e deverá ser mais um ponto de divisão entre os responsáveis do Banco Central Europeu (BCE). Os preços terão crescido 1,8% em janeiro, de acordo com uma estimativa publicada esta terça-feira pelo Eurostat.

“Enquanto as pressões inflacionistas começam a crescer — com sinais de que a inflação subjacente também está a ganhar forma com a forte procura — a retórica do BCE deverá em breve mudar para um tom mais conservador”, disse Williamson.

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PSD, PS e CDS chumbam nacionalização do Novo Banco

  • Rita Atalaia e Juliana Nogueira Santos
  • 3 Fevereiro 2017

O PCP e o Bloco de Esquerda apresentaram projetos de resolução para nacionalizar o Novo Banco. E as propostas foram hoje chumbadas pelo PS, PSD e CDS.

A nacionalização do Novo Banco continua na agenda. Os deputados discutem hoje os projetos de resolução do PCP e do Bloco de Esquerda pela “manutenção da propriedade do Novo Banco na esfera pública”. Mas, segundo fontes partidárias, socialistas, sociais-democratas e democratas-cristãos vão inviabilizar ambas as iniciativas que incluem a conceção de um novo plano estratégico para o banco de transição.

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Comissões: Deco critica, Costa não pode fazer nada

A associação de consumidores considera o recente anúncio de subida das comissões bancárias por alguns bancos injustificado e penalizador dos clientes. O Banco de Portugal diz que não pode fazer nada.

Injustificados“. É esta a expressão utilizada pela Deco para classificar os aumentos das comissões bancárias recentemente comunicados aos clientes por alguns dos maiores bancos nacionais. Ao ECO, a associação de consumidores salientou que o único propósito destes aumentos é a obtenção de receitas adicionais, que os bancos “não estão a conseguir obter através daquela que deveria ser a sua principal atividade económica, a intermediação financeira”, e que tal acontece em prejuízo dos clientes.

A preocupação da Deco foi manifestada poucos dias depois de o Novo Banco ter comunicado aos seus clientes que vai aumentar o valor cobrado num conjunto de comissões bancárias, a partir de 16 de abril. Encargos que em algumas situações chegam a duplicar. O banco liderado por António Ramalho vai subir as comissões em 18 contas de depósitos à ordem, sendo por exemplo na conta Novo Banco 100% (com bonificação) esta passa de 1 euro para 2,5 euros por mês. Já quem tenha a conta Novo Banco 360º (com bonificação) passará a pagar 3,75 euros, em vez de 1,5 euros.

Mas as alterações ao preçário do Novo Banco estendem-se a muitos outros serviços, como ao crédito à habitação onde, por exemplo, a comissão de liquidação de prestação passa de 2,15 para 3,50 euros por mês, já a partir de 18 de março. Alguns dos valores cobrados nas transferências para contas de outros bancos também sofrem agravamentos: as transferências periódicas não urgentes passam de 3,75 para 5 euros no caso do plano fixo, e de 3,90 para 5,50 euros no plano variável, em ambos os casos em montante inferior a 50.000 euros.

Já em meados de janeiro, a Caixa Geral de Depósitos também tinha informado os seus clientes que também iria subir o custo de diversas comissões, em abril e maio, alterações que surgem ao abrigo do plano de reestruturação do banco público. Pedir cheques pelo telefone sem operador e Internet, através da app ou por SMS vai ficar mais caro já em abril, sendo que em maio também sobem os custos associados a depósitos à ordem, às anuidades nos cartões de crédito e de débito, bem como aos levantamentos em “cash advance”, ou transferências.

"Nos últimos anos, a banca nacional está a tornar o comissionamento na sua principal fonte de receitas, atingindo já valores acima dos 40% do total, existindo assim uma verdadeira alteração de paradigma na atividade bancária, em prejuízo dos clientes.”

Nuno Rico

Deco

Desde sempre temos vindo a denunciar estes aumentos injustificados, muito acima da inflação, cujo único propósito consiste na obtenção de receitas adicionais, por parte dos bancos, que não estão a conseguir obter através daquela que deveria ser a sua principal atividade económica, a intermediação financeira, devido às baixas taxas de juro”, explica Nuno Rico, economista da Deco. O técnico da associação de consumidores salienta ainda que “nos últimos anos, a banca nacional está a tornar o comissionamento na sua principal fonte de receitas, atingindo já valores acima dos 40% do total, existindo assim uma verdadeira alteração de paradigma na atividade bancária, em prejuízo dos clientes”.

A própria associação que representa os bancos assume a relevância do valor angariado em comissões para a rentabilidade da sua atividade. Numa audição na Comissão de Orçamento e Finanças realizada no ano passado, a Associação Portuguesa de Bancos, representada por Faria de Oliveira, defendeu que “não existe nenhuma razão económica ou jurídica para que estes serviços [bancários] não sejam adequadamente remunerados pelos que deles beneficiam, de modo a cobrir os respetivos custos, mas também para permitir uma adequada remuneração do capital que é absolutamente vital para os bancos”.

O encarecimento das comissões bancárias intensificou-se no seguimento da crise financeira, com os bancos a identificarem aí uma via para aumentarem as receitas para compensar a quebra de proveitos resultante da descida acentuada das taxas de juro, que em muitos casos se encontram negativas, pesando nas suas margens financeiras. De acordo com uma análise recente da Deco, entre 2009 e 2015, as comissões cobradas pelos bancos subiram cerca de 10% ao ano.

Números que vão ao encontro dos cálculos do próprio Banco de Portugal. De acordo com análises da entidade liderada por Carlos Costa, num período de cinco anos, desde 2011, os encargos com a manutenção das contas bancárias subiram 42,9%, enquanto a inflação aumentou 7% no mesmo período.

"A não clarificação, por parte do legislador, do conceito de produto/serviço bancário permite que se continuem a cobrar, por exemplo, comissões de manutenção por uma conta bancária, algo que consideramos não constituir um serviço bancário em si, mas sim a única forma de aceder a todo e qualquer produto ou serviço comercializado por um banco.”

Nuno Rico

Deco

Nuno Rico, lembra que o Banco de Portugal, tal como o governo e os grupos parlamentares, têm sido alertados pela Deco, através do envio de cartas com as conclusões dos estudos que realiza, para o aumento das comissões bancárias. “Para além de considerarmos que estes aumentos não têm qualquer tipo de justificação, apenas penalizando o consumidor e encarecendo a utilização daquilo que hoje em dia é um produto essencial, qualquer comissão deve ser cobrada se existir um serviço efetivamente associado, tal como já prevê a legislação nacional desde outubro de 2015”, diz Nuno Rico.

Contudo, o especialista da Deco lança uma crítica ao legislador. “A não clarificação, por parte do legislador, do conceito de produto/serviço bancário permite que se continuem a cobrar, por exemplo, comissões de manutenção por uma conta bancária, algo que consideramos não constituir um serviço bancário em si, mas sim a única forma de aceder a todo e qualquer produto ou serviço comercializado por um banco. Temos vindo, igualmente, a exigir a introdução de limites para estes aumentos que ocorrem assim de forma arbitrária”.

Bancos livres para fixar o preço

Já o Banco de Portugal diz nada poder fazer em relação à subida dos valores das comissões bancárias. “De acordo com a normas em vigor, as instituições de crédito são livres para fixar o preço dos seus produtos e serviços“, bem como para “introduzir alterações aos valores das comissões, desde que essa possibilidade esteja prevista contratualmente e cumpram os demais requisitos previstos na lei” disse a entidade liderada por Carlos Costa ao ECO, remetendo para o governo a responsabilidade de travar ou não a subida desses custos. “A restrição a esta liberdade é uma competência reservada ao legislador, a qual tem sido exercida tanto a nível nacional como comunitário, através da imposição de limites ou da proibição de cobrança de determinadas comissões”, esclareceu o Banco de Portugal em declarações disponibilizadas ao ECO.

"De acordo com a normas em vigor, as instituições de crédito são livres para fixar o preço dos seus produtos e serviços.”

Banco de Portugal

O regulador do sistema financeiro português esclarece que dentro das suas funções está, sim, “fiscalizar o cumprimento das normas legais”, sendo que quando deteta anormalidades “exige a correção dos incumprimentos e sanciona faltas graves“. Uma das obrigações dos bancos é informar os seus clientes sobre alterações nos seus preçários, com um pré-aviso mínimo de dois meses, bem como sobre o direito que estes têm de denunciar o respetivo contrato, imediatamente e de forma gratuita, caso não concordem com essa proposta.

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CEO da Uber já não é conselheiro de Trump após críticas

Críticas dos utilizadores da Uber levaram o CEO daquela plataforma online de transporte de passageiros a demitir-se do conselho consultivo de Donald Trump.

O presidente executivo da Uber, Travis Kalanick, afastou-se do conselho consultivo criado por Donald Trump depois das críticas dos clientes e condutores à ligação entre a companhia e o Presidente norte-americano que decidiu proibir a entrada de imigrantes e refugiados de alguns países nos EUA.

A participação de Kalanick naquele conselho de negócios de Trump não foi bem recebida e depressa a bola de neve ganhou expressão nas redes sociais com uma campanha #DeleteUber, que beneficiou a rival Lift. De acordo com o New York Times (acesso gratuito/conteúdo em inglês), mais de 200 mil contas foram apagadas numa semana, o que é mais do que o habitual — embora o número de novos utilizadores tenha sido maior.

Num e-mail aos seus trabalhadores, o presidente da Uber revelou que manteve uma conversa com Donald Trump onde teve a oportunidade de manifestar a sua preocupação com ordem executiva em relação à proibição de imigrantes oriundos de sete países com uma população maioritariamente muçulmana. E a sua resignação do cargo de conselheiro.

“A imigração e a abertura aos refugiados são uma parte importante do sucesso do nosso país e também para a Uber”, adiantou Kalanick num e-mail citado pela Bloomberg. “Há muitas maneiras de continuar a defender mudanças na imigração, mas ficar no conselho era um obstáculo a isso. A ordem executiva está a afetar muitas comunidades em toda a América”, disse.

"A imigração e a abertura aos refugiados são uma parte importante do sucesso do nosso país e também para a Uber. Há muitas maneiras de continuar a defender mudanças na imigração, mas ficar no conselho era um obstáculo a isso. A ordem executiva está a afetar muitas comunidades em toda a América.”

Travis Kalanick

CEO da Uber

Entre os membros do Strategic and Policy Forum, um conselho consultivo para matérias económicas de Trump, estão ainda os CEO da BlackRock, Blackstone, General Motors, IBM, Tesla e Walt Disney.

Elon Musk, da Tesla, já referiu que vai marcar presença na próxima reunião deste conselho económico, que está agendado para a próxima sexta-feira. “Conselhos consultivos apenas dão conselhos e participar neles não significa que estamos de acordo com as ações da Administração”, escreveu Musk no Twitter esta quinta-feira. “Compreendo a perspetiva daqueles que se opõem à minha presença no encontro, mas acredito que neste momento envolver-me nestes assuntos críticos vai no final ser positivo”, acrescentou.

Face à onda de críticas, a Uber disponibilizou três mil milhões de dólares (2,8 milhões de euros) para ajudar os seus condutores, muitos dos quais imigrantes, com eventuais custos judiciais, oferecendo serviços de tradução e acesso telefónico 24 horas por dia para assistência legal.

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Empresas norte-americanas juntam-se para defender taxa de Trump sobre importações

Um grupo de grandes exportadoras norte-americanas acredita que a taxa sobre as importações vai proteger os empregos e os produtos made in USA.

Um grupo de 25 grandes empresas norte-americanas juntou-se para defender o plano de Donald Trump de taxar todas as importações. A proposta da Casa Branca, acredita esta coligação de empresas — na sua maioria, grandes exportadoras –, vai impulsionar o emprego nos Estados Unidos e proteger os produtos “made in USA”.

General Electric, Boeing, Dow Chemical, Eli Lilly, Pfizer e Oracle são algumas das que se juntaram a este grupo, conta a Reuters. A iniciativa surge numa altura em que são cada vez mais as empresas que se opõem às primeiras medidas implementadas pelo presidente norte-americano. Empresas como a Target ou a Best Buy, por exemplo, que dependem sobretudo das importações, garantem que medidas como a taxa de 20% que Trump quer impor sobre as importações ao México vão pesar nas contas.

Mas, para as grandes exportadoras ou empresas que dependem apenas da procura interna dos Estados Unidos, a medida é benéfica, asseguram. “Os trabalhadores e os negócios norte-americanos não estão a competir, atualmente, no mesmo nível que os concorrentes estrangeiros, por causa de um sistema fiscal obsoleto e injusto”, justifica John Gentzel, porta-voz da coligação de 25 empresas, citado pela Reuters.

Esta posição está, contudo, longe de ser consensual dentro do tecido empresarial norte-americano. Ainda esta semana, a Associação de Líderes da Indústria do Retalho, que reúne mais de 120 associações e empresas do setor do comércio, criou a sua própria coligação para combater a medida de “ajustamento transfronteiriço”.

“O ajustamento fiscal transfronteiriço é prejudicial, não foi testado e coloca em risco os empregos no retalho, além de forçar os consumidores a pagar até 20% mais por produtos essenciais”, refere Sandy Kennedy, presidente da associação.

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Revista de imprensa internacional

  • Marta Santos Silva
  • 3 Fevereiro 2017

Schulz já ultrapassa Merkel nas sondagens, Trump ameaça o Irão com mais sanções, a direita francesa pensa em alternativas a Fillon, e outras três notícias que marcam a atualidade mundial.

Enquanto nas eleições francesas reina a confusão — com François Fillon possivelmente de saída e a direita a ver-se a braços com a escolha de um plano B –, nas eleições alemãs a reviravolta é outra, com Schulz a sobrepor-se a Merkel nas sondagens mais recentes. A administração americana prevê novas sanções ao Irão, as ruas enchem-se de manifestantes contra a corrupção na Roménia e, no Brasil, a escolha de um ministro acaba a protegê-lo da Operação Lava Jato. Leia aqui as seis notícias que marcam a atualidade mundial esta sexta-feira.

Bloomberg

EUA preparam novas sanções para o Irão

Os Estados Unidos estão a avaliar novas sanções para aplicar ao Irão, por ter testado mísseis balísticos e por apoiar organizações terroristas, segundo fontes que falaram à Bloomberg. Dezassete entidades poderão ser afetadas por estas sanções ligadas ao desenvolvimento de mísseis no Irão, e outras sete ou oito poderão ser castigadas por atividades associadas ao terrorismo. São sanções que poderão agravar as tensões entre os EUA de Donald Trump e a nação do Médio Oriente cujos cidadãos foram abrangidos pela proibição de entrada nos Estados Unidos. Leia a notícia completa na Bloomberg. (Conteúdo em inglês / Acesso gratuito)

Le Figaro

Direita francesa começa a acelerar escola de Plano B a Fillon

O caso em que está implicado François Fillon, que dos pagamentos questionáveis à sua mulher já se alarga também aos seus filhos, não dá mostras de abrandar. Enquanto Fillon acusa os seus opositores de fazerem uma campanha contra si, a direita começa a mexer-se: se o candidato cair, vão ter de escolher uma alternativa, que poderá ser o segundo classificado nas primárias, Alain Juppé, ou pode mesmo voltar a ser Nicolas Sarkozy. “O primeiro passo, e o mais complicado, é persuadir Fillon a demitir-se”, confessa um deputado conservador. Leia a notícia completa no Le Figaro. (Conteúdo em francês / Acesso pago)

The Guardian

Protestos intensificam-se na Roménia mas PM não retira perdão de corrupção

Um decreto que descriminaliza a corrupção na Roménia se envolver fundos inferiores a 200 mil lei (cerca de 52 mil euros) poderá ajudar aliados do Governo e outros políticos a saírem impunes após acusações de má conduta. Apesar dos protestos que enchem as ruas de Bucareste, primeiro-ministro romeno, Sorin Grindeanu, não vai retirar o decreto, introduzido pelo seu partido de centro-esquerda, cujo líder já foi condenado por corrupção. Leia a notícia completa no The Guardian. (Conteúdo em inglês / Acesso gratuito)

El Economista

Governo espanhol prolonga apoios a renováveis até 2020

O Executivo de Mariano Rajoy não vai diminuir os apoios às energias renováveis pelo menos nos próximos cinco anos, segundo um documento preparado pelo Ministério da Energia que aliviou um dos grandes medos do setor: que o Ministério mudasse os parâmetros contributivos das energias limpas e mudasse, assim, os seus apoios. Leia a notícia completa no El Economista. (Conteúdo em espanhol / Acesso gratuito)

Deutsche Welle

Schulz já ultrapassou Merkel em sondagem para favorito a chanceler

Uma nova sondagem demonstra que Martin Schulz, candidato do partido de centro-esquerda SPD a chanceler alemão, já é mais popular do que Angela Merkel para o lugar, segundo uma sondagem divulgada esta quinta-feira. Se as eleições acontecessem agora, Schulz receberia 50% dos votos, enquanto Merkel, da CDU, se ficaria pelos 34%. O SPD avançou substancialmente nas sondagens desde que escolheu o ex-presidente do Parlamento Europeu como o seu candidato. Leia a notícia completa na Deutsche Welle. (Conteúdo em inglês / Acesso gratuito)

Estadão

Novo ministro ganha foro privilegiado e fica protegido das acusações da Lava Jato

O presidente brasileiro Michel Temer criou dois novos ministérios e aproveitou para nomear para um deles o secretário executivo Moreira Franco, que, com estatuto de ministro, fica agora mais protegido das acusações de corrupção de que é visado no âmbito da Operação Lava Jato. Leia a notícia completa no Estadão. (Conteúdo em português / Acesso gratuito)

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Grupo de trabalho discute fundo que compensará lesados do BES

  • Lusa
  • 3 Fevereiro 2017

A reunião servirá para definir como será constituído o fundo que será responsável por compensar parcialmente os lesados do BES.

O grupo de trabalho dos lesados do papel comercial vendido pelo Banco Espírito Santo (BES) reúne-se esta sexta-feira para discutir o formato do fundo privado que financiará as indemnizações pagas aos clientes.

O encontro, que decorre de manhã na sede da Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários (CMVM), em Lisboa, junta representantes da Associação de Indignados e Enganados do Papel Comercial, do Banco de Portugal, da CMVM, do banco mau BES e ainda do Governo.

Segundo fontes contactadas pela Lusa, a reunião servirá para definir como será constituído o fundo que será o responsável por compensar parcialmente os clientes lesados pelas perdas sofridas por terem investido em papel comercial de empresas do Grupo Espírito Santo (GES).

Na reunião anterior, em janeiro, já foi acordado que esse fundo será uma entidade privada — e não pública — para tentar evitar que tenha impacto no défice orçamental. Contudo, falta definir como esse fundo será constituído, com as autoridades europeias a insistirem que seja criado a partir de legislação já existente, pondo em causa a ideia inicial do grupo de trabalho de criar uma nova legislação propositadamente.

O problema reside nas custas judiciais, uma vez que a solução encontrada refere que o fundo de indemnização que compensará os lesados e que depois irá litigar em tribunal em nome desses clientes não pagará custas de tribunal. Mas isso não é possível pela legislação existente, pelo que o grupo de trabalho tentará encontrar hoje uma solução.

Desde o início de 2017 que o grupo de trabalho dos lesados do papel comercial se reúne regularmente para operacionalizar a solução encontrada no final do ano passado para compensar os mais de 4.000 clientes que investiram, aos balcões do Banco Espírito Santo (BES), 434 milhões de euros em papel comercial das empresas Espírito Santo Financial e Rio Forte, do Grupo Espírito Santo, poucos meses antes do colapso deste.

Os clientes que aceitem o mecanismo proposto irão recuperar 75% do valor investido, num máximo de 250 mil euros, isto se tiverem aplicações até 500 mil euros. Já acima desse valor, irão recuperar 50% do valor investido.

Ou seja, os clientes assumem perdas, mas recebem desde já dinheiro por que teriam de esperar anos, provavelmente, para recuperar em processos em tribunal e de forma incerta.

A intenção é que a primeira parcela (cerca de 30% do total) seja paga já este ano, no momento de assinatura do contrato de adesão por cada lesado, sendo o restante valor ser reembolsado até 2019. O valor será pago aos clientes lesados pelo fundo de indemnizações.

Contudo, este fundo não tem capital para pagar os montantes em causa, pelo que a solução deverá passar por pedir um empréstimo junto da banca, com garantia do Estado e contragarantia do Fundo de Resolução bancário, o que poderá ter impacto nas contas públicas.

O valor necessário dependerá da adesão dos clientes lesados, estimando-se que se todos aderirem serão necessários 286 milhões de euros.

Quantos aos clientes que aderirem a este mecanismo, estes têm que cumprir uma série de obrigações. Em primeiro lugar, têm que ceder os direitos judiciais dos processos já colocados em tribunal, contra entidades e administradores ligados ao GES, ao fundo, que assumirá a litigância desses processos na Justiça e que receberá as eventuais compensações decididas pelos tribunais.

O objetivo é que esse fundo consiga recuperar em tribunal nos próximos anos pelo menos o valor pago aos clientes lesados.

Os clientes terão ainda de comprometer-se a renunciar a reclamações e processos judiciais contra uma série de entidades, que, para já, são o Banco de Portugal, a CMVM, o Fundo de Resolução bancário, o Estado, o Novo Banco e o seu futuro comprador.

Mas a lista ainda pode ser revista, até ficar definitiva no contrato de adesão que será proposto até final de março aos clientes lesados.

A solução para os lesados do papel comercial não deverá ser aceite por todos os clientes, nomeadamente os que têm valores mais altos, acima dos 500 mil euros, que consideram que ficam prejudicados.

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Mota-Engil dispara 3% com obra milionária na Tanzânia

Construtora avança depois de ter vencido um concurso para uma obra na Tanzânia. Ajuda a bolsa nacional a brilhar no arranque da sessão, antes de a Fitch se pronunciar sobre Portugal.

A sessão em Lisboa arrancou com as ações da Mota-Engil em aceleração, depois da notícia de que a construtora nacional ganhou um contrato na Tanzânia no valor de 1,02 mil milhões de euros. A manhã animada em Lisboa não tem reflexo na Europa.

O PSI-20, o principal índice português, valoriza 1,98% para 4.586,74 pontos na última sessão da semana. Além da Mota-Engil, cujas ações ganham 3,13% para 1,616 euros, beneficiando da conquista de um concurso na Tanzânia para construção de uma linha de caminho-de-ferro, mais uma dezena de cotadas seguia em terreno positivo. Com destaque para os títulos dos pesos pesados nacionais Galp (+0,81%) e Jerónimo Martins (0,7%).

A obra na Tanzânia é “potencialmente positiva”, diz Nuno Estácio, analista Haitong. “Na nossa conferência ibérica, a mensagem oficial da Mota-Engil foi de que eles tinham alguns potenciais projetos em vista em África, especialmente nos caminhos-de-ferro, mas que ainda estavam dependentes de financiamento. Se as condições financeiras forem garantidas, esperamos que este contrato seja relevante para a carteira da Mota-Engil em África, que representa cerca de 30% do total”, frisou ainda.

Mota acelera com obra milionária em África

Vivendo uma das histórias mais positivas no PSI-20 este ano, as ações da Pharol voltam esta sexta-feira aos ganhos. Avançam 1% para os 0,29 euros, acumulando uma valorização de 41% desde o início de 2017, o melhor desempenho em Lisboa.

No setor financeiro, no dia em que anuncia a afetação dos direitos do aumento de capital, o BCP cede 1% para 0,16 euros. O banco está perto de concluir um reforço de capital de mais de 1.300 milhões de euros com a emissão de mais de 14 mil milhões de ações.

Entretanto, no mercado de dívida secundário, os juros da dívida portuguesa sobem ao início da manhã, antes de a agência de notação financeira Fitch pronunciar-se sobre Portugal. A yield implícita nas obrigações a dez anos, a referência no mercado, sobe dois pontos base mantendo-se acima dos 4%.

“Hoje ao fim do dia, a agência de notação financeira Fitch deverá pronunciar-se sobre o rating da dívida pública portuguesa”, destacam os analistas do BPI no seu comentário de bolsa. “No passado mês de agosto, a Fitch manteve o rating da dívida pública
portuguesa em BB+, o nível mais elevado ainda considerado investimento de alto risco e manteve a perspetiva associada ao rating em estável (nível para onde caiu em Março)”, lembram.

Nas praças europeias, o entusiasmo vivido em Lisboa não tem a mesma intensidade. Os ganhos não vão além de 0,6%, caso da bolsa de Paris. As atenções estarão hoje centradas na publicação do relatório do emprego nos EUA e no índice
PMI relativo à Zona Euro, num dia em que o número de empresas a reportar resultados será muito menor do que nos dias anteriores, salienta o BPI.

O Popular apresentou os piores resultados da sua história. E as ações afundam 7%.

(Notícia atualizada às 8h31)

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Popular regista pior resultado da sua história

Banco espanhol registou prejuízos recorde de 3.485 milhões de euros em 2016. Reforço de provisões em mais de 5,5 mil milhões explica piores resultados da história do Popular.

O Popular registou prejuízos de 3.485 milhões de euros em 2016, o pior resultado de sempre na história daquele banco espanhol, superando mesmo as estimativas dos analistas e a projeção inicialmente incluída no plano de negócios da instituição.

A explicar as perdas do Popular está o esforço extraordinário na constituição de provisões para limpar o balanço do banco, provisões estas que atingiram os 5.692 milhões de euros. Entre outras provisões, o banco destinou 4.200 milhões para cobrir imparidades com crédito e imóveis, 370 milhões devido ao plano de ajustamento de postos de trabalho, 240 milhões de euros para sanear o Targobank (banco conjunto que criou em Espanha com o Crédit Mutuel) e 229 milhões por causa das cláusulas suelo.

O Popular anunciou recentemente que a sua operação em Portugal vai passar a tornar-se numa sucursal do banco espanhol, uma medida que implica a integração da atividade do Popular Portugal no grupo. Esta decisão foi anunciada depois de o Popular Portugal ter anunciado em novembro do ano passado que iriam sair da instituição 295 trabalhadores e seriam encerrados 47 balcões no âmbito do processo de reestruturação.

O banco indica que os depósitos de clientes caíram 6,2%, situando-se nos 82,8 mil milhões de euros. E as comissões líquidas também baixaram, mais de 9%, para os 539 milhões de euros. O rácio de capital situou-se nos 12,12%, cumprindo “folgadamente” os requisitos das autoridades.

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Municípios: Novas responsabilidades devem vir com autonomia para contratar

  • ECO
  • 3 Fevereiro 2017

Os autarcas nacionais estão preocupados com alguns aspetos da proposta de descentralização do Governo, incluindo as transferências de fundos do Estado central para os municípios, que não ficam claras.

A Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) vai exigir que maiores responsabilidades a transferir para as autarquias venham necessariamente acompanhadas de autonomia para realizar contratações próprias, escreve esta sexta-feira o Diário de Notícias. De acordo com o documento de exigências que deverá hoje ser aprovado no Conselho Geral da ANMP, a que o DN teve acesso, a proposta de descentralização do Governo é vista pelos autarcas como necessitada de alterações e esclarecimentos.

A área das contratações nos municípios é central às preocupações dos autarcas da ANMP, que pertencem ao PS, PSD e PCP. “Torna-se essencial que os municípios recuperem a sua autonomia neste domínio”, lê-se no documento, sublinhando que seria insuficiente transferir apenas trabalhadores da administração central. Atualmente, as Câmaras Municipais estão limitadas nesta vertente por estarem interditadas de aumentar as despesas com pessoal.

A transferência de responsabilidades e competências para os municípios está delineada em traços largos na proposta do Governo, onde não se especifica, porém, como vão ficar os fluxos de recursos. Os autarcas da ANMP manifestaram preocupação com a falta de especificidade nesse campo, já que não querem ficar dependentes de transferências de fundos caso a caso no Orçamento do Estado de cada ano, pretendendo antes “regras mais consolidadas”.

Entre os poderes que o Executivo pretende transferir para as autarquias contam-se a autoridade da segurança alimentar, a defesa do consumidor, a proteção civil, a fiscalização do estacionamento, e também competências relacionadas com a saúde, a educação, os transportes e a habitação.

O Governo propõe ainda que as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) passem a ter um presidente eleito pelos autarcas e deputados municipais de cada região, para que as CCDR passem a gerir os fundos europeus estruturais e de investimento, o Acordo de Parceria Portugal 2020. No documento consultado pelo DN, a ANMP apresenta reservas em relação a este modelo, já que o presidente das CCDR pode ser eleito pelos municípios mas responde ao Governo.

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