China pede aos EUA que retirem as sanções às suas empresas

  • Lusa
  • 23 Agosto 2017

A China compromete-se a investigar e penalizar se necessário as próprias empresas, mas pede à administração de Trump que retire as sanções.

A China apelou esta quarta-feira aos Estados Unidos para que retirem as novas sanções impostas a empresas chinesas, que Washington acusa de apoiarem o programa nuclear da Coreia do Norte ao financiarem o regime de Kim Jong-un.

A administração de Donald Trump impôs sanções a dezasseis empresas chinesas e russas e pessoas que apoiam o programa nuclear e de mísseis balísticos do regime de Kim Jong-un e ajudam Pyongyang a gerar receitas para financiar esse programa.

A porta-voz do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Hua Chunying, disse que a China se opõe a sanções unilaterais e ao “longo braço da jurisdição” norte-americana contra entidades e indivíduos chineses. Entre as empresas atingidas estão seis chinesas, incluindo três do setor do carvão.

Hua disse que as autoridades chinesas vão cumprir as suas próprias regulações e leis para investigar e punir, caso seja necessário, as empresas em questão. A China tem implementado “rigorosa e amplamente” as sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas contra a Coreia do Norte e os seus “esforços estão à vista de toda a gente”, afirmou Hua.

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Foi assim que a Uber convenceu os primeiros investidores

Há nove anos, a ideia por detrás da Uber era apresentada pela primeira vez aos investidores. "UberCab" era uma ideia "lucrativa by design" e prometia acabar com o "monopólio do táxi".

A Uber está a assinalar nove anos de existênciaUber

Todas as ideias começam por algum lado — e a da Uber também. Em agosto de 2008, era conhecido o projeto que agora, nove anos depois, vale qualquer coisa como 70 mil milhões de euros. Para a empresa, é tempo de assinalar mais um aniversário, o que motivou o cofundador Garret Camp a partilhar a primeira apresentação da Uber em PowerPoint.

Foi a primeira abordagem da equipa ao mercado e aos investidores, e merece ser vista com atenção. A empresa dava-se pelo nome “UberCab”, um “serviço automóvel da próxima geração”, e expunha vários problemas na indústria do táxi, os quais se propunha a resolver. Para a equipa, os táxis usavam “tecnologia antiga e ineficiente”, sem coordenação via GPS entre o motorista e o passageiro. Além do mais, para a equipa, os “monopólios dos taxistas” reduziam “a qualidade do serviço”.

A primeira página de uma ideia que viria a ter tanto de polémico como de revolucionárioD.R.

O que mudou (e o que se manteve)

Chegando aqui, dá para perceber que pouco terá mudado na visão e missão da empresa, embora a ideia estivesse afunilada e voltada para o mercado norte-americano. A UberCab propunha-se a ser uma alternativa de transporte “rápida e eficiente” dirigida a “profissionais nas cidades americanas”.

O facto de ser obrigatório o registo na aplicação permitiria à Uber angariar uma “clientela profissional e confiável”. Além do mais, a confiança aumentaria logo à partida, pois o cliente podia ver a fotografia do motorista e vice-versa, mesmo antes da recolha, algo que ainda hoje acontece.

A UberCab prometia, assim, mandar uma pedrada no charco e facilitar a mobilidade nas cidades, primeiro em São Francisco e, depois, em Manhattan (Nova Iorque). Garantia recolhas até um máximo de cinco minutos, em automóveis Mercedes Sedans, num “serviço de luxo” mais barato do que uma limusine mas melhor do que um táxi. Hoje, a variedade dos automóveis é bem maior, tal como acontece várias vezes com o tempo de espera.

Os táxis em 2008, na visão da Uber: desatualizados e ineficientesD.R.

Uma ideia “lucrativa by design

A apresentação garantia ainda que a ideia era “lucrativa by design“, algo que até agora ainda não se terá verificado. Atualmente, a Uber tem ramificações um pouco por todo o mundo, mas as despesas ainda são muito superiores às receitas. A empresa revelou um prejuízo de 2,8 mil milhões de dólares no ano de 2016, cerca de 2,6 mil milhões de euros, com um volume de negócios de 6,5 mil milhões de dólares.

A empresa está agora à procura de um presidente executivo, depois de uma sucessão de escândalos que culminou com a saída de Travis Kalanick do cargo de CEO.

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Google e Walmart unidas: facilitam compras e atacam Amazon

  • ECO e Lusa
  • 23 Agosto 2017

A Google e a Walmart anunciaram uma parceria que pretende poupar tempo a quem quer fazer compras. Quem poderá sofrer mais com esta novidade será a Amazon.

A tecnológica Google e a rede de supermercados Walmart associaram-se para melhorar a experiência de compras através de assistentes virtuais que são ativados por voz. Concorrem desta forma com a líder neste segmento, a Amazon, que também foi às compras e traz a cadeia de supermercados Whole Foods no saco — só falta o aval dos acionistas, que dão o parecer esta quarta-feira.

“Uma nova forma de obter o que se precisa a preços baixos” sintetiza o CEO da Walmart Marc Lore em comunicado. O serviço de compras online do Walmart vai cruzar-se com o serviço de vendas e transporte Google Express permitindo a encomenda de artigos por voz. Os usuários também pouparão tempo com a possibilidade de construir um cabaz de artigos recorrentes.

Os especialistas consideram que esta associação visa unir esforços para concorrer com a Amazon, que tem vindo a aumentar a sua quota de mercado. De acordo com os media norte-americanos, a Google e a Walmart pretendem estabelecer a parceria a longo prazo, com vista a um desenvolvimento de negócio no futuro, conscientes de que a concorrência atual com a Amazon é muito complexa. “Sabemos que isto significa ser comparado lado a lado com outros retalhistas, e consideramos que é assim que deve ser. Um universo de compras aberto transparente é bom para os clientes” defende Marc Lore.

"Sabemos que isto significa ser comparado lad a lado com outros retalhistas, e consideramos que é assim que deve ser. Um universo de compras aberto transparente é bom para os clientes”

Marc Lore, CEO do Walmart

O domínio da Amazon nas vendas online desafia empresas como a Walmart, enquanto a tendência de compras na internet aumenta cada vez mais a favor da Amazon em detrimento da Google. No entanto, a associação de ambas as empresas não é garantia de êxito. Recentemente, Amazon anunciou a compra da cadeia de alimentação saudável e produtos biológicos Whole Foods. Esta quarta-feira os accionistas da cadeia de supermercados reunem-se para darem a luz verde que falta à negociação.

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Nova fase da Lava Jato investiga filho de membro do Tribunal de Contas do Brasil

  • Lusa
  • 23 Agosto 2017

As autoridades desencadearam a ação porque identificaram "novos interlocutores que atuaram junto da Petrobras para favorecer a contratação de empresa privada e remunerar indevidamente agentes".

A policia federal brasileira realiza esta quarta-feira a 45.ª fase da Operação Lava Jato para investigar alegados pagamentos de subornos feitos por uma empresa norte-americana a advogados brasileiros em troca de vantagens indevidas em contratos com a Petrobras.

De acordo com os elementos citados pela polícia, o alvo principal de hoje é Tiago Cedraz – advogado e filho do juiz Aroldo Cedraz, do Tribunal de Contas da União (TCU) – e outro advogado, os quais teriam participado em reuniões com a empresa norte-americana Sargeant Marine para acordar o pagamento de subornos a agentes da empresa petrolífera estatal Petrobras.

A polícia federal acrescentou que os dois terão recebido comissões pela contratação da empresa americana pela Petrobras, e que os pagamentos foram depositados em contas de bancos suíços, em nome de uma empresa off-shore.

Denominada “Abate 2”, esta nova operação é um desdobramento da 44.ª fase da Lava Jato, em que foi preso o ex-deputado Cândido Vaccarezza, que segundo a polícia apurou, também estará envolvido na mesma operação de suborno.

O ex-deputado, que foi líder do Governo na câmara baixa nas gestões dos ex-presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff, foi detido na semana passada sob a acusação de receber cerca de 500 mil dólares (423 mil euros) de suborno da Sargeant Marine.

Vaccarezza, porém, foi autorizado a sair da prisão nesta terça-feira para tratamentos médicos.

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#hashtag10: O hashtag está de parabéns

  • Juliana Nogueira Santos
  • 23 Agosto 2017

O agregador de conteúdo mais popular do mundo faz dez anos esta quarta-feira. Mas como surgiu o hashtag?

O hashtag faz dez anos.DR

Corria o ano de 2007 quando Chris Messina, cofundador da rede de colaboração BarCode, teve a ideia de acrescentar um cardinal antes de uma palavra para sinalizar tópicos em conversas no Twitter. “Cada canal era antecedido do símbolo #”, conta o informático em entrevista ao The Australian. “Se fizesse isso, o tweet ia ser adicionado a um canal virtual que outras pessoas podiam seguir.”

Assim, no dia 23 de agosto, Chris perguntou se era uma boa ideia usar o # para os grupos, utilizando pela primeira vez uma etiqueta deste tipo: #barcamp.

As reações foram positivas tanto da parte dos utilizadores — “Grande ideia! Eu pensaria em patentear a ideia e cobrar um cêntimo por #”, pode ler-se numa das respostas –, como da equipa da rede social, que aplicou rapidamente a ideia à plataforma. “A proposta era simples, útil e divertida — tal como o Twitter”, escreve Biz Stone, gestor de cultura empresarial, no blog do Twitter.

Desde então, uma média de 125 milhões de hashtags são partilhados no Twitter, diariamente. A popularidade da ferramenta é tanta que a maioria das redes sociais já a adaptou para agregar os seus conteúdos, desde o Facebook ao Instagram. É até já utilizada na linguagem corrente, com muitos millennials e o próprio presidente dos Estados Unidos a criarem uma cultura em torno deste símbolo — #fakenews.

"É entusiasmante ver como esta ideia pequena, que surgiu num momento específico na evolução da internet, avançou e cresceu para uma coisa tão maior que eu, maior que o Twitter ou o Instagram.”

Chris Messina

Criador do hashtag

“É entusiasmante ver como esta ideia pequena, que surgiu num momento específico na evolução da Internet, avançou e cresceu para uma coisa tão maior que eu, maior que o Twitter ou o Instagram”, conclui Chris Messina.

Um ninho em declínio

Ainda que esta ferramenta nascida do Twitter esteja a ter um sucesso extraordinário, o seu ninho não está a acompanhar o progresso. No primeiro trimestre do ano, a plataforma viu os seus utilizadores a aumentar 6%, mas a alegria acabou quando os resultados do semestre apontaram para uma variação homóloga de 0%.

Estes dados aumentam as dúvidas em torno do futuro da plataforma, que cada vez mostra mais sinais de declínio. Por agora, e sem pensar no futuro, muitos parabéns, hashtag. Que continues a juntar a internet!

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Euro em máximos contra a libra. Paridade à vista?

  • Rita Atalaia
  • 23 Agosto 2017

Com o BCE mais perto de cortar nos estímulos, mas também as crescentes dúvidas quanto ao Brexit, o mercado cambial está ao rubro. O euro toca máximos face à libra, aproximando-se da paridade.

O euro está a ganhar força. Perante a expectativa de que o Banco Central Europeu comece a reduzir o programa de compra de dívida na Zona Euro, a moeda única brilha, especialmente contra a libra, numa altura em que crescem as dúvidas em torno do processo de saída do Reino Unido. Uma valorização para máximos da década que abre a porta à paridade. Será que está para breve? Se alguns analistas dizem que as duas moedas vão negociar lado a lado até ao final do próximo ano, por outro, há quem defenda que isto é improvável.

Desde que os britânicos decidiram que queriam que o Reino Unido abandonasse a UE, a 23 de junho de 2016, que a libra tem navegado ao sabor dos eventos em torno do Brexit. E os ventos continuam pouco favoráveis para a divisa. A primeira-ministra britânica, Theresa May, está disposta a aceitar a possibilidade de as leis da UE continuarem a influenciar o país, mesmo depois da saída, o que tem levado a moeda a cair, especialmente face ao euro.

A moeda única já tocou as 0,9196 libras, um máximo intradiário de dez meses, podendo fechar no valor mais elevado desde 2009… e esta tendência deve continuar — segue agora a subir 0,35% para 0,9204 libras. Os analistas do Crédit Agricole referem que o desempenho da moeda da Zona Euro sugere que os “investidores ainda estão muito confortáveis em apostar na apreciação” da divisa.

Euro em máximos de dez meses contra a libra

Mas será que é suficiente para as duas moedas negociarem lado a lado? Há quem diga que sim. Dois dos maiores bancos mundiais preveem que o euro vai atingir a paridade, ou mesmo superá-la, pela primeira vez. O HSBC prevê que a moeda única vai valer o mesmo que a libra até ao final do ano. Já o Morgan Stanley estima que o par alcance os 1,02 até ao final de março de 2018, o que representa um ganho de 12% para o euro em relação aos níveis atuais. Steve Barrow, estratega do Standard Bank, refere que não é um “grande salto de fé sugerir que podemos alcançar a paridade”. Seria “imprudente” excluir esta perspetiva, reforça Jane Foley, analista do Rabobank.

Este movimento reflete a especulação em torno do Banco Central Europeu. “Precisamos de pensar”, disse Mario Draghi na última discussão sobre política monetária, deixando os investidores a imaginar quais serão os próximos passos. Isto depois de ter deixado a porta aberta a ajustamentos da política num evento em Sintra — como uma diminuição das compras de obrigações — o que surpreendeu os investidores e levou o euro a valorizar para máximos de um ano. Mas este desempenho do par também mostra como continuam a existir dúvidas em torno das negociações sobre o Brexit. Dois “ingredientes” que permitiram que o euro “cozinhasse” uma subida de mais de 6% contra a libra desde o início do ano.

Paridade? Talvez não

Mesmo com os sinais em torno de uma normalização da política monetária do BCE, e as dúvidas em torno da saída do Reino Unido da UE, não é consensual que o euro chegue ao mesmo valor que a libra. “As incertezas geopolíticas levam a que estimemos um intervalo entre 0,9000 e 0,9150 [para o par euro face à libra] no curto prazo”, afirma Viraj Patel, do ING Groep — um dos bancos que, entre um grupo de 62 participantes numa sondagem da Bloomberg, defendeu que o par não vai alcançar a paridade.

"Ao contrário de uma série de previsões que sugerem que a libra pode alcançar a paridade contra o euro no final do ano, pensamos que há um conjunto de razões para a moeda britânica inverter algumas das recentes perdas.”

Paul Hollingsworth

Economista da Capital Economics

A Capital Economics também prevê uma recuperação da libra até ao final deste ano. “Ao contrário de uma série de previsões que sugerem que a libra pode alcançar a paridade contra o euro no final do ano, pensamos que há um conjunto de razões para a moeda britânica inverter algumas das recentes perdas”, nota Paul Hollingsworth, economista da Capital Economics. Isto porque os dados económicos devem começar a trazer boas notícias aos investidores. “Prevemos que os dados oficiais comecem a refletir as sondagens empresariais otimistas, que apontam para um crescimento trimestral de cerca de 0,5%”, remata.

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Ultimato de Donald Trump pinta Wall Street de vermelho

O Congresso norte-americano foi surpreendido com um ultimato de Trump: ou há muro, ou para o Governo. Investidores estão a reagir negativamente e bolsas abriram em queda.

As bolsas norte-americanas abriram em queda esta quarta-feira. Os investidores estão a reagir negativamente a mais um pacote de declarações polémicas do Presidente Donald Trump. Wall Street acompanha assim a pressão vendedora que também se está a fazer sentir na Europa.

Neste contexto, e após os ganhos expressivos da última sessão, o S&P 500 abriu a cair 0,36%. O industrial Dow Jones caía 0,40% e o tecnológico Nasdaq recuava 0,50%.

No mercado cambial, o euro estava a ganhar terreno em relação ao dólar (um euro compra 1,1791 dólares), após dados económicos que reforçaram a confiança dos investidores no crescimento da economia da Zona Euro, e face a um discurso do presidente do BCE, em que Mario Draghi evitou tecer comentários em relação à moeda ou à política monetária do banco.

Isto acontece a um dia do arranque da conferência anual de Jackson Hole no Estado do Kansas, em que o líder do BCE se encontrará com Janet Yellen, a chefe da Fed. O discurso de Yellen, na sexta-feira, está a ser antecipado com grande expectativa pelos mercados, numa altura em que se renovam as preocupações sobre a baixa inflação.

Quem não tem estado em silêncio é Donald Trump. Entre outras coisas, o Presidente fez um ultimato ao Congresso, apelando ao financiamento do projeto do muro na fronteira com o México — o mesmo projeto que o Presidente sempre garantiu que seria financiado pelos próprios mexicanos. Caso contrário, o Presidente ameaça com uma paralisação total do Governo.

Os congressistas temem que o projeto do muro, uma das bandeiras da atual Presidência, aumente o défice do país, temendo-se que possa mesmo colocar em causa o plano fiscal da própria Administração.

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Fiat solta duas peças: Maserati e Alfa Romeo na bolsa

O grupo Fiat Chrysler quer captar investidores para acelerar as contas. Quer conquistá-los em bolsa com duas das marcas mais sonantes: a Alfa Romeo e a Maserati.

Poucos dias depois de ter conquistado o interesse da fabricante automóvel chinesa Great Wall, o grupo Fiat Chrysler faz-se à estrada rumo a novos investidores. As marcas de luxo Alfa Romeo e Maserati abrem o caminho com uma possível entrada em bolsa.

A hipótese de entrada em bolsa pretende tornar o grupo Fiat Chrysler “mais atrativo para uma associação com um concorrente”, avança a Bloomberg. Os analistas estimam que as fabricantes de automóveis de luxo da Fiat atinjam uma valoração de cerca de sete mil milhões de euros caso estes planos se concretizem. A decisão deverá ser tomada até ao início de 2018.

Esta cisão significaria um reposicionamento do grupo Fiat, que passaria a focar-se em modelos para as massas. Também a Ferrari optou recentemente por apostar na produção de veículos utilitários, alargando o público de igual forma. Contudo, ainda existem várias opções em consideração, incluindo o lançamento em bolsa das unidades de produção de componentes como a Magneti Marelli.

As várias soluções vêm responder a dificuldades em ultrapassar os concorrentes. Segundo a Goldman Sachs, os vários braços do grupo Fiat valem o dobro em separado — 50 mil milhões de euros — em comparação aos 24,5 mil milhões de euros que o grupo vale atualmente.

Nos últimos dias, a Fiat Chrysler beneficiou das intenções de compra manifestadas pela fabricante automóvel chinesa Great Wall. O interesse recaía sobretudo sobre a Jeep, uma vez que a marca chinesa ambiciona tornar-se líder no fabrico de SUVs, mas mostrou-se disposta a adquirir todo o grupo. Apesar da Fiat negar ter recebido qualquer proposta, seguiu a valorizar 5% à data do anúncio, com as ações a negociar nos 11,08 euros.

Já no início do ano foi manifestada abertura da Volkswagen para adquirir a Fiat Chrysler. A fabricante alemã mostrou-se relutante de início, mas a fusão entre a Peugeot e a Opel terá sido um incentivo para analisar esta hipótese. Até agora não existe decisão mas os movimentos da Fiat poderão vir a influenciar também o apetite da gigante alemã.

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OE2018: Reunião do Governo com o Bloco derrapa para a próxima semana

  • Marta Santos Silva
  • 23 Agosto 2017

A reunião agendada para esta quarta-feira entre o Bloco e o Governo não vai acontecer. As negociações do Orçamento do Estado de 2018 vão ser retomadas só no arranque da próxima semana.

O Governo não vai reunir com o Bloco de Esquerda esta quarta-feira, como estava agendado, devido a “uma indisponibilidade pessoal da parte do Governo”, revelou ao ECO fonte do partido liderado por Catarina Martins. Fonte do Ministério dos Assuntos Parlamentares também confirmou este adiamento, e esclareceu que a reunião entre o Bloco de Esquerda e os representantes do Governo será ser reagendada “para a próxima semana”.

Ontem, terça, o Governo reunira com o PCP, para recomeçar as negociações para o Orçamento de Estado do próximo ano. As negociações focaram-se, segundo disse ao Jornal de Negócios o líder partidário João Oliveira, na possibilidade de um novo aumento extraordinário das pensões.

Ao Jornal de Negócios, em antecipação da reunião desta quarta-feira que acabou por não acontecer, a deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua afirmou que a sua prioridade era o conhecimento das cativações previstas para o Orçamento de 2018.

Com o Orçamento de Estado de 2018 a começar a ser negociado e a poucas semanas de ter de ser entregue, os partidos dos acordos de esquerda precisam de acertar agulhas. Como o ECO explicou esta segunda-feira, ainda há muito nos acordos originais que está por cumprir e precisa de mais trabalho. Do lado do Bloco, Joana Mortágua garantiu ao ECO que “o acordo não está e que a medida “mais gritante, e mais pesada, é a do desagravamento fiscal através do IRS,” sublinha. Este será um dos temas quentes da discussão nas próximas semanas, com o Bloco a pedir um alívio na ordem dos 600 milhões de euros, perante um ponto de partida de 200 milhões de euros da parte do Governo.

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Estabelecimentos comerciais com novas regras de informação ao consumidor

  • Lusa
  • 23 Agosto 2017

O Governo pretende simplificar e harmonizar as regras sobre a informação ao consumidor que tem de ser afixada nos estabelecimentos que vendem bens ou prestam serviços.

O Governo definiu novas regras para as obrigações de informação ao consumidor que têm de estar afixadas nos estabelecimentos comerciais que vendem bens ou prestam serviços e acabou com a obrigatoriedade de algumas informações.

De acordo com o decreto-lei, publicado esta quarta-feira em Diário da República e com efeitos desde 1 de julho, deixa de ser obrigatório afixar o dístico que comprova o pagamento da taxa de segurança alimentar, bastando apenas apresentar o comprovativo às autoridades de fiscalização que o pedirem.

Os comerciantes ficam também desobrigados de divulgar ao público para onde são encaminhados os óleos alimentares que se usam ou produzem nas indústrias e nos cafés, restaurantes, hotéis, hostels, pensões e outros estabelecimentos de hotelaria e restauração (bastando também apresentar o comprovativo às autoridades de fiscalização).

A afixação de informação sobre o tipo de estabelecimento de restauração e bebidas, a sua capacidade máxima e o aviso de que os produtos alimentares não embalados que forem escolhidos e entregues não podem ser devolvidos também deixa de ser obrigatória.

O documento aprova ainda o modelo de contrato de mediação imobiliária com cláusulas gerais. Até agora, os contratos de mediação imobiliária com cláusulas contratuais gerais tinham de ser validados pela Direção-Geral do Consumidor antes de poderem ser utilizados pelas empresas de mediação e, com este decreto-lei, a validação passa a ser feita pelo Instituto dos Mercados Públicos, do Imobiliário e da Construção e prevê-se a publicação no Diário da República de uma portaria com um modelo aprovado de contrato de mediação imobiliária com cláusulas contratuais gerais.

Assim, quando uma empresa de mediação imobiliária usar este modelo aprovado, não precisa de pedir a validação antes de assinar contratos baseados no modelo. Mas tem de enviar ao Instituto dos Mercados Públicos, do Imobiliário e da Construção o contrato que vai usar, para que este fique registado.

As cláusulas contratuais gerais são aquelas que não podem ser negociadas nem alteradas pelo consumidor. São usadas nos contratos que as empresas apresentam ao público e, por isso, são iguais ou quase iguais para todos os clientes. Estes limitam-se a aceitar ou a recusar o contrato como um todo.

Prevê-se a criação de uma plataforma eletrónica que vai emitir os identificadores e os modelos necessários para afixar a informação que a lei obriga a fornecer ao consumidor, como por exemplo o dístico que indica que existe livro de reclamações ou o dístico que indica se é proibido fumar. Os ginásios vão ainda poder utilizar esta plataforma para emitir o regulamento interno que são obrigados a afixar nas suas instalações. Quando for emitido através da plataforma, o regulamento interno não precisa de ser assinado pelo diretor técnico.

Só é obrigatório referir meios de resolução alternativa de litígios a que se aderiu.

Com este decreto-lei, o Governo pretende simplificar e harmonizar as regras sobre a informação ao consumidor que tem de ser afixada nos estabelecimentos que vendem bens ou prestam serviços, facilitar o acesso dos consumidores à informação e reduzir os custos que as empresas têm relacionados com obrigações legais.

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Do leite às pescas passando pelo papel

  • Filipe S. Fernandes
  • 23 Agosto 2017

Na Beira Litoral, terra e mar marcam o perfil económico e industrial da região em que o vinho, o leite, a pecuária, a fruta, o papel, a resina e a pesca se fazem fontes de riqueza e poder empresarial.

A região tem a liderança no leite e um grande peso nas águas de mesa. A Lactogal, que resultou da fusão de três cooperativas leiteiras como a Agros, com grande peso na região de Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes, a Lacticoop e a Proleite, com grande influência na região a sul do rio Douro sobretudo na beira Litoral, é uma das empresas em destaque. Este setor tem longa tradição na região Centro, tendo-se verificado nas últimas décadas uma retração da produção leiteira no quadro de uma dupla concentração da produção de leite em zonas mais restritas e num número muito menor de produtores, com grande aumento da sua dimensão média.

As marcas propriedade da Lactogal são: Agros, Mimosa, Gresso, Adagio, Matinal, Castelões, Castelinhos, Vigor, Pleno, Primor, Serra da Penha, Fresky, Milhafre dos Açores e Serra Dourada. É na região de Avanca que está, desde 1923, com uma fábrica de produtos lácteos a Nestlé, Portugal.

No domínio das bebidas, a Beira Litoral tem ainda várias fontes de águas minerais e de nascente. Entre as águas minerais naturais estão as marcas Vitalis, Luso, Penacova e, nas águas de nascente, Caramulo, Castelo Novo, Cruzeiro e Serrana.

Das duas regiões vinícolas destaca-se a produção não só de vinhos tranquilos ou de mesa, como de vinhos espumantes. A Bairrada, entre Águeda e Coimbra, é muito próxima do mar. Por isso, o clima da região é tipicamente atlântico, com invernos amenos e chuvosos e verões suavizados pelos efeitos dos ventos atlânticos. A produção de vinho na região é sustentada por cooperativas, pequenas e médias empresas, e por pequenos produtores. A casta baga é a variedade tinta dominante na região mas hoje convive com castas internacionais, como Cabernet Sauvignon, Syrah, Merlot e Pinot Noir, e com outras castas nacionais como a Touriga Nacional ou a Tinta Roriz. As castas brancas são plantadas nos solos arenosos da região, sendo a Fernão Pires (na região denominada por Maria Gomes) a mais plantada. Em quantidades mais reduzidas existem as castas Arinto, Rabo de Ovelha, Cercial e Chardonnay. Os espumantes da região são muito utilizados como bebidas aperitivas ou a acompanhar a cozinha local.

A zona do Dão situa-se na região da Beira Alta, no centro Norte de Portugal. As condições geográficas como as serras do Caramulo, Montemuro, Buçaco e Estrela protegem as vinhas da influência de ventos. Os 20.000 hectares de vinhas situam se maioritariamente entre os 400 e 700 metros de altitude e desenvolvem se em solos xistosos (na zona sul da região) ou graníticos de pouca profundidade. Em 1908, a área de produção de vinho foi delimitada, tornando-se na segunda região demarcada portuguesa. As vinhas são constituídas por uma grande diversidade de castas, entre as quais a Touriga Nacional, Alfrocheiro, Jaen e Tinta Roriz (nas variedades tintas) e Encruzado, Bical, Cercial, Malvasia Fina e Verdelho (nas variedades brancas).

A denominação de Origem de Lafões é uma pequena região no norte do Dão Lafões com poucos produtores. As castas Amaral e Jaen são as mais utilizadas na produção de vinho tinto, enquanto as castas Arinto, Cercial e Rabo de Ovelha são as preferidas na produção de vinho branco.

A norte da região das Beiras, e fazendo fronteira com a região do Douro, situa-se a Denominação de Origem Távora Varosa. É uma região de pequena dimensão mas muito relevante na produção de espumantes. A Sogrape, Vinhos SA – é a maior empresa vinícola portuguesa, está presente na Bairrada que tem em Mogofores, Anadia, o Centro de Vinificação de S. Mateus e, na região do Dão, a Vinícola do Vale do Dão, e a Quinta dos Carvalhais, no concelho de Mangualde, a Aliança Vinhos/Grupo Quinta da Bacalhôa com sede em Sangalhos e o Grupo Global Wines/Dão Sul – que tem atividade vinícola à Bairrada, ao Douro e ao Alentejo e depois ao Brasil.

A arte das pequenas inovações

A Frueat, empresa portuguesa de snacks de fruta, foi fundada por Tiago Almeida e Filipe Simões, e resultou de uma parceria com a Quinta do Vilar em Viseu — com pomares de maçã –, e o apoio da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica do Porto. Hoje exporta os seus produtos com uma grande variedade de sabores e frutos para Espanha, Inglaterra, norte da Europa e Japão. Este é um exemplo recente de como na área agroalimentar, em que existe uma constelação de empresas que vai da pecuária intensiva aos alimentos para animais, à carne, aos ovos, à pesca, a tradição e o produto se aliam à inovação.

Na avicultura e derivados, contam-se grupos como a Soja de Portugal, que tem várias áreas de negócio com fábricas de compostos animais para avicultura e pecuária em Ovar e em Pinheiro de Lafões e a produção de frangos e aves em S. Pedro do Sul e fábricas de pet food em Torres Novas e fish feed na Trofa. O grupo Nutroton, que é integrado verticalmente dispondo de produção de alimentos compostos, produção de frangas (Agrocaramulo Lda), a cria e recria de frangas destinados à produção de ovos (Aviário do Areal), e produção de ovos em escala industrial (com a Multiaves.) Probar, Indústria Alimentar desenvolve sua atividade no setor de abate de gado e de preparação e fabrico de conservas de carne, nomeadamente de suínos e faz parte de um grupo de empresas do setor agroalimentar, que está presente em toda a cadeia do processo produtivo, desde as rações (na Nutricampo), passando pela criação de animais através da Suigranja, até à transformação e comercialização de carnes pela Probar. Por sua vez, a Irmãos Monteiro, de Ílhavo, desenvolve as seguintes atividades: desmancha, desossa e corte, congelação, embalamento, produção de preparados de carne e produtos prontos a consumir.

Existe ainda a fileira do arroz que se produz na extensa zona arrozeira no Baixo Mondego em que no arroz carolino, espécie nacional, é líder de mercado a Ernesto Morgado, empresa localizada na Figueira da Foz que tem a marca Pato Real.

O fracasso faz parte do caminho

Na praia da Mira, em Aveiro, foi instalada uma unidade de produção de pregado em aquacultura pela espanhola Pescanova. Era um projeto emblemático, mas a empresa Acuinova sofreu com a crise financeira dos acionistas e foi declarada insolvente em julho, passado com uma dívida da ordem dos 170 milhões de euros. Mas este aparente fracasso na piscicultura não fez esmorecer uma atividade, a pesca, que vem do fim dos tempos e que já atravessou tantos ciclos e se mantém viva.

As atividades de pesca, da distribuição, armazenamento e comercialização de pescado fresco, da transformação do bacalhau, das conservas de peixe têm uma longa tradição nas regiões de Aveiro (Ílhavo) e Coimbra (Figueira da Foz), destacando-se as empresas ligadas à pesca ao largo. Por exemplo, no comércio do bacalhau, tem duas empresas relevantes com ligações à Noruega e com uma rede de distribuição internacional como são os casos da Rui Costa e Sousa & Irmão, com sede em Tondela, e da Pascoal, com atividades de pesca e transformação de pescado, nomeadamente de bacalhau e na produção de soluções alimentares de bacalhau, e refeições prontas, sem corantes nem conservantes. Na Figueira da Foz está uma unidade fabril da Cofisa – Conservas de Peixe da Figueira, que produz cavala e atum em conserva.

Nesta região entre a Figueira e Aveiro, regista-se uma grande atividade piscatória ocupando, em termos de frota pesqueira e, em especial de pesca ao largo, o primeiro lugar a nível nacional em termos de arqueação e potência. As embarcações do largo representam 65% da frota nacional. A frota do largo é constituída por navios de arrasto que preparam, congelam e embalam o pescado capturado em águas longínquas do Atlântico Norte. Outras embarcações da frota do largo atuam no Atlântico Sul dedicando se à pesca de espadartes e tubarões (Palangreiros) e de camarão (Camaroeiros).

Na Gafanha da Nazaré está localizado o principal porto de pesca ao largo, no qual é descarregada a totalidade do pescado congelado transportado pelos navios que operam no Atlântico Norte. Este porto denomina-se “Porto Bacalhoeiro”, “Cais dos Bacalhoeiros” ou, formalmente, o Porto de Pesca do Largo, terminal do Porto de Aveiro que serve os armadores de pesca do largo e as indústrias de processamento do pescado instaladas na Gafanha da Nazaré. De entre as empresas que integram este cluster local incluem-se a Sociedade de Pesca Miradouro, a António Conde & Cia, a Pedro França, a Empresa de Pesca de Aveiro e a Testas e Cunha.

Na região de Aveiro a conservação e transformação de produtos hortícolas e da pesca e a produção de sal são exercidas em médias/grandes unidades industriais. Na transformação de produtos hortícolas destacam se as unidades industriais da Gelcampo (situada na Murtosa) e FrioPesca (situada em Ílhavo), ambas dedicadas à produção de vegetais congelados em verde ou pré-cozinhados. Na transformação de produtos da pesca, destaca-se a atividade de secagem do bacalhau, localizada na vizinhança das instalações portuárias. Na área portuária de Aveiro existem outras unidades industriais de transformação de produtos da pesca.

O pinheiro bravo e o eucalipto são as espécies arbóreas dominantes nesta região, correspondendo a 86% dos povoamentos florestais. Dois terços do território da região Centro são de gestão florestal e, talvez por isso não surpreenda que, quando o Estado Novo considerou a indústria de celulose e papel estratégica, tenha escolhido a zona de Cacia nas proximidades de Aveiro como o sítio ideal para a Companhia Portuguesa de Celulose, hoje pertencente ao grupo Navigator Company. Mais tarde, nos anos 60, nasceu a fábrica da Celbi que hoje pertence do Grupo Altri e, nos anos 80 do século passado, a Soporcel (unidade integrada de pasta e papel), hoje também do grupo Navigator Company, empresa que é uma das dez maiores exportadoras de Portugal e o maior produtor europeu e um dos maiores a nível mundial de pasta branca de eucalipto (BEKP), encontrando se entre os grandes produtores europeus de papéis finos não revestidos (UWF).

Esta região alberga um autêntico mega cluster das Indústrias Florestais, ainda que a floresta enfrente problemas estruturais como as explorações agroflorestais de muito pequena dimensão que dificultam a rentabilidade da gestão florestal sustentada e profissional.

A Lousã, historicamente ligada à produção de papel em Portugal, onde está tem a sua sede o grupo Trevipapel – Transformação e Corte de Papel, produz produtos em papel tissue e está a investir numa fábrica em Vila Velha de Rodão, a Paper Prime, de papel tissue para transformação na Lousã.

Esta presença do cluster da madeira reveste-se de vários formatos como a indústria de mobiliário, de aglomerados ou de resinas, que têm sido marcadas por um cada vez maior perfil exportador. O grupo Sonae é um dos maiores fabricantes mundiais de aglomerados de madeira, integrada verticalmente em Portugal com a produção de termolaminados e de resinas sintéticas e tem na Beira Litoral um dos seus principais baluartes fabris com a Agloma, em Oliveira do Hospital, a SIAF, em Mangualde, e a unidade de fabrico de folheados da Paivopan, em Castelo de Paiva. Também os espanhóis da Finsa se instalaram na região centro tanto através de uma empresa criada em Nelas como da compra do grupo Jomar ao grupo Vicaima.

A fileira da madeira espraia-se ainda por empresas de madeira para fins estruturais e carpintaria como a Carmo, Estruturas em Madeira de Oliveira de Frades, uma das principais empresas europeias em soluções de exteriores e interiores em produtos e estruturas em madeira redonda, serrada e lamelada colada tratada, em número e volume e que pertence ao Grupo Carmo que surgiu em 1955 com a Anglo Portuguesa de Produtos Químico, empresa pioneira no desenvolvimento do tratamento industrial de madeiras tal como a TOSCCA® – Equipamentos de Madeira, a Portax – Componentes de Móveis com atividade de fabricação de portas (lacadas, PVC) e componentes para móveis para cozinhas e roupeiros, ou as carpintarias tradicionais, como a Canto Certo, da Murtosa, Carpintaria Pentágono, Cruz & Oliveira Carpintaria e mobiliário de São Pedro do Sul.

No mobiliário há uma espécie de fileira do sofá que tem os seus expoentes no grupo Aquinos que fornece, por exemplo a Conforama, a Alinéa e o Ikea ou o grupo Louro que produz sofás, cadeiras, colchões, produtos em ferro como estrados, mobiliário metálico de escritório; e a Moita Móveis, que produz cadeiras, cascos de sofás e outros componentes para o mobiliário.

Mas também há projetos inovadores como a Movecho. A empresa luso-suíça aposta no design e desenvolvimento in-house de móveis, ambientes e instalações de marca para exportação. A empresa, liderada pelo sócio maioritário, Luís Abrantes, tem uma fábrica com 16 mil metros quadrados de área coberta, e é constituída por seis naves industriais, distribuídas por três edifícios construídos em épocas distintas e conta com sistemas robotizados e equipamentos únicos para o desenvolvimento de mobiliário, o que lhe dá grande flexibilidade nos projetos de shopfitting para toda a Europa em áreas tão diversificadas como: perfumarias, banca, telecomunicações, saúde e design.

Existe também um conjunto de empresas resineiras que mantêm um pouco a tradição resineira da região mas agora com novas fórmulas que pode levar a uma revitalização do setor como mais automatização, inovação de produtos e importação da matéria-prima como a Respol Resinas, Dercol – Resin Derivatives, a Costa & Irmãos – Resinas Naturais e Derivados e a Euro-Yser (Yser Pine Chemicals), a United Resins – Produção de Resinas e a Gum Chemical Solutions.

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Três startups portuguesas, dois meses e 900 mil euros na Seedrs

A HomeIt, Corkbrick Europe e Agroop são as três startups portuguesas que se quiseram financiar na plataforma Seedrs e, antes da conclusão das respetivas campanhas, já excedem as expetativas.

A Homeit, a Corkbrick Europe e a Agroop escolheram financiar-se na Seedrs. Até agora correu bem: já todas ultrapassaram o objetivo inicial e juntas somam 900 mil euros de investimento, conseguidos em dois meses. A primeira a aventurar-se, a Homeit, já atingiu o dobro do pretendido.

Esta é a primeira vez que três startups portuguesas se encontram com campanhas de financiamento ativas na Seedrs. A plataforma de equity crowfunding permitiu um grande volume de financiamento em tempo recorde, com todas a atingirem o overfunding — isto é, a excederem o objetivo inicial antes de fecharem as portas aos investidores.

No caso da Homeit, a primeira das três a lançar a campanha, conseguiu atingir a fasquia dos 250.000 euros por 10% das ações em quatro dias. De momento, já conta com 510 mil euros dos investidores, quase o dobro. Falta uma semana para concluir este capítulo.

Resultados das campanhas de financiamento das três startups portuguesas na Seedrs até à data.

 

A Corkbrick Europe pediu 150 mil euros aos investidores em troca de 15% das ações da empresa, mas já mereceu mais de 168 mil. Para a Agroop, esta não é uma estreia: as três campanhas que lançou na Seedrs tiveram sucesso e valeram até agora quase 400 mil euros à startup de Óbidos. A última, ainda a decorrer, contribuiu com 220.628 euros para o balanço.

As semelhanças entre estas startups não terminam por aqui: para além de bem-sucedidas nas respetivas campanhas, todas partilham o objetivo de expansão. Foi precisamente para atravessar fronteiras que foi necessário um aumento de capital.

Para além do montante, as startups veem potencial na Seedrs para aumentar a visibilidade. O CEO da CorkBrick Europe, Miguel Reynolds Brandão, realça que através da plataforma de equity crowdfunding conseguiu a atenção de executivos da Google, Lego e Cisco, que se tornaram investidores. Para além disso, vê a vantagem de “promover o nosso produto junto de potenciais clientes e parceiros”, acrescenta.

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