Mortágua: “Este negócio vai ter elevados custos para os contribuintes”

Entre o que já foi pago e a garantia pública agora assumida, o Estado assumirá até 90% das perdas com o Novo Banco, defende Mariana Mortágua.

O Governo não cumpriu as promessas que fez relativamente ao Novo Banco e o negócio que foi acordado com o fundo norte-americano Lone Star vai ter custos para os contribuintes, ainda que o Executivo de António Costa negue que estes custos existem. Quem o diz é Mariana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda, que abre o debate de urgência convocado pelo seu partido para discutir a venda do banco que resultou da resolução do Banco Espírito Santo (BES).

A deputada bloquista começou por lembrar as promessas feitas por Mário Centeno, em janeiro, relativamente ao Novo Banco. Na altura, o ministro das Finanças garantiu que a extinção do banco estava fora de causa, bem como a existência de uma garantia pública, além de assegurar que o Governo não iria “ficar refém de soluções”.

"Como já sucedeu no caso do Banif, seremos a chacota da Europa, porque um país que se leve a sério jamais aceitaria isto.”

Mariana Mortágua

Deputada do Bloco de Esquerda

Passados estes meses, “cada uma destas certezas foi agora desmentida por quem as apresentou”, atira Mariana Mortágua. “Estamos a correr para trás. Com esta decisão, cerca de 60% dos ativos bancários ficam em mãos estrangeiras. Como já sucedeu no caso do Banif, seremos a chacota da Europa, porque um país que se leve a sério jamais aceitaria isto“, disse. Por outro lado, acrescentou, não se recuperaram os 3,9 mil milhões de euros injetados no Novo Banco, aquando da sua criação, em 2014, como o banco foi entregue ao Lone Star “em condições inaceitáveis”.

A deputada exige, por isso, “clareza sobre as consequências das opções tomadas”, o que implica “assumir que este negócio vai ter, sim, elevados custos para os contribuintes“. Desde logo, porque o Lone Star “leva consigo os 3,9 mil milhões já injetados”, pagando “zero pela compra” e injetando mil milhões “no banco que já é seu”.

Depois, porque o fundo norte-americano “não quer assumir as futuras perdas de uma carteira de oito mil milhões de empréstimos duvidosos”, detalha Mortágua, referindo-se aos ativos tóxicos para os quais foi criado uma garantia, na forma de “mecanismo de capital contingente”, que pode ter de cobrir perdas até um máximo de 3,89 mil milhões de euros. O valor destes ativos, anteriormente alocados ao chamado side bank, não é ainda público. Será apurado no momento da conclusão da venda, cuja data ainda não está definida. Sabe-se apenas que estes ativos valerão um pouco menos do que 10 mil milhões de euros.

"O Lone Star tem 75% do Novo Banco mas só assumirá perdas até aos mil milhões que ele próprio injetou. O Estado fica com 25%, mas pode ter de assumir perdas até 3,89 mil milhões.”

Mariana Mortágua

Deputada do Bloco de Esquerda

E é precisamente aqui, diz Mortágua, “que entra a garantia pública que o Governo assegurou que nunca existiria”. Como? “O Lone Star tem 75% do Novo Banco mas só assumirá perdas até aos mil milhões que ele próprio injetou. O Estado fica com 25%, mas pode ter de assumir perdas até 3,89 mil milhões“. Feitas as contas, e na pior das hipóteses, “o Lone Star gasta mil milhões para ficar com um banco limpo e o Estado paga 7,79 mil milhões para ficar sem banco nenhum”.

O mecanismo de capital contingente, não sendo tecnicamente uma garantia pública — já que é assegurado pelo Fundo de Resolução, por sua vez suportado pelos bancos nacionais — pode, de facto, obrigar o Estado a voltar a emprestar dinheiro ao sistema financeiro. Isto porque, se os rácios do Novo Banco caírem abaixo de um determinado nível acordado com o Lone Star, o Fundo de Resolução terá de capitalizar o banco para repor os rácios — e, nesse cenário, o Estado tem de emprestar dinheiro aos bancos que suportam o Fundo de Resolução.

Entre o que já foi pago e a garantia pública agora assumida, o Estado assumirá até 90% das perdas com o Novo Banco. Por que deve então o Estado, em nome de 10% das perdas potenciais, entregar de borla um banco onde já enterrou tanto dinheiro?”, questiona Mortágua.

Perante este cenário, o Bloco de Esquerda defende que “face a tudo o que já foi sacrificado, vale a pena assumir o custo da injeção imediata de capital no Novo Banco” — ou seja, o banco deveria ser nacionalizado.

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André Jordan quer fazer de Belas o novo destino de luxo de Lisboa

O Lisbon Green Valley vai contar com 366 unidades e a primeira fase da construção deverá estar concluída em 2021. O objetivo é que 30% a 40% dos residentes sejam estrangeiros.

O grupo André Jordan investiu 100 milhões de euros num novo projeto residencial. É o Lisbon Green Valley, no Belas Clube da Campo, que o empresário quer tornar no “novo destino de Lisboa”. O primeiro andar modelo foi apresentado esta quarta-feira e, dentro dos próximos três a quatro anos, o grupo espera ter a primeira fase do projeto concluído.

André Jordan na apresentação do Lisbon Green Valley.Paula Nunes / ECO

Ao todo, vão ser 366 unidades residenciais, entre apartamentos e lotes disponíveis para construção de moradias, com preços que começam nos 315 mil euros. O grupo de André Jordan investiu os 100 milhões de euros em 200 unidades, ficando as restantes a cargo dos potenciais proprietários. O objetivo, diz Gilberto Jordan, o CEO do grupo imobiliário, é “continuar a ser, sem falsa modéstia, o melhor lugar para viver na Grande Lisboa”.

O novo investimento surge depois das apostas do grupo na Quinta do Lago e no Vilamoura XXI, e numa altura em que o Belas Clube de Campo, inaugurado há já duas décadas, conta com cerca de 2.500 residentes, de 26 nacionalidades. Para este novo projeto, o objetivo é atrair novos mercados emissores.

“Depois do investimento da promoção no Brasil, novos mercados serão trabalhados. O Reino Unido, França Escandinávia, Médio Oriente, Ásia, para além do mercado nacional, que continuaremos a privilegiar”, detalha Gilberto Jordan. O grupo espera ocupar as 366 unidades com 30% a 40% de residentes estrangeiros. Atualmente, os portugueses representam 90% dos residentes do Belas Clube de Campo.

Para além das unidades residenciais, o Lisbon Green Valley, desenhado pelo arquiteto Eduardo Capinha Lopes e com o design de Rebecca Leon, vai contar com um colégio do grupo João de Deus, uma unidade de saúde e um centro hípico.

A construção do primeiro lote de apartamentos já arrancou e deverá estar concluída no início do próximo ano.Paula Nunes / ECO

Para já, estão em construção 14 townhouses e o primeiro lote de 19 apartamentos, que deverá ficar pronto no início do próximo ano. As vendas já arrancaram e o objetivo é ter a primeira fase da construção concluída até 2021. “Daqui a três ou quatro anos esperamos que o projeto esteja já bastante desenvolvido, no que toca à construção de habitação coletiva. As casas particulares vão demorar um bocadinho mais”, adianta Gilberto Jordan.

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PSD, PS e PCP desentendem-se na Comissão de Orçamento e sociais-democratas abandonam reunião

  • Lusa
  • 5 Abril 2017

PSD pretendia que a UTAO realizasse duas análises. Para PS e PCP, apenas fazia sentido um único estudo

O PSD abandonou hoje a reunião da Comissão de Orçamento depois de a esquerda ter retificado uma votação e ‘chumbado’ um pedido seu à UTAO sobre os custos da renegociação das condições do empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução.

Na reunião da Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFMA), o PCP apresentou igualmente um requerimento dirigido à Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) e que, segundo os comunistas e socialistas, complementava o dos sociais-democratas, pedindo que fossem incluídas no estudo a análise das condições do empréstimo nos vários cenários temporais e da viabilidade do seu cumprimento.

Num primeiro momento, o requerimento do PSD foi aprovado, com votos favoráveis de CDS-PP, PCP e BE e abstenção do PS. Esta aprovação pressupunha, segundo a esquerda parlamentar, que o texto do PCP fosse aprovado no sentido de ser pedido um único estudo à UTAO, entendimento que foi contestado pelo PSD.

Os sociais-democratas pretendiam que a UTAO realizasse duas análises, sem que uma estivesse dependente de outra, embora pudessem ser feitas em simultâneo. Para PS e PCP, apenas fazia sentido um único estudo que englobasse ambas as vertentes, razão pela qual solicitaram a retificação da votação, chumbando a iniciativa do PSD.

Os deputados do PSD abandonaram a COFMA e já não foi realizada a votação do requerimento do PCP. Os comunistas garantem, contudo, que na próxima reunião da comissão levarão a votos um texto que englobe as duas pretensões, no que contam com o apoio do PS.

Em declarações aos jornalistas, o vice-presidente da bancada do PSD António Leitão Amaro considerou o que se passou na COFMA “um exemplo de que a democracia parlamentar está doente”.

O PSD, que tem classificado a renegociação das condições do empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução como “um perdão parcial de dívida” aos bancos, anunciou na segunda-feira que iria pedir à UTAO que calculasse os custos para os contribuintes dessa revisão.

“Já depois da votação terminada, as esquerdas juntaram-se e anularam a aprovação, abusando das regras parlamentares e violentando seriamente a democracia parlamentar”, criticou, acusando o PS de “querer impedir que os portugueses saibam o valor do perdão parcial de dívida”.

Pelo PCP, o deputado Paulo Sá considerou fundamental que a UTAO possa fazer a “análise detalhada” das condições desse empréstimo de 3900 milhões de euros “quer nas condições determinadas pelo anterior Governo, quer nas condições decididas pelo atual Governo”, tendo por isso apresentado um requerimento oral na reunião com estas propostas.

De acordo com o deputado comunista, já depois de aprovado o requerimento do PSD, os sociais-democratas manifestaram o entendimento de que deveriam ser pedidas duas análises distintas à UTAO, com base em cada um dos requerimentos.

“Na nossa opinião isso não faz sentido, é o mesmo objeto, é o mesmo estudo”, afirmou Paulo Sá, justificando desta forma a mudança do sentido de voto.

Nesse sentido, o PCP anunciou que na próxima reunião da COFMA irá formalizar um requerimento escrito que contenha quer as propostas do PSD quer as suas, responsabilizando os sociais-democratas por esse pedido não ter sido aprovado já hoje.

O deputado e porta-voz do PS, João Galamba, acusou o PSD de ter tido um “comportamento lamentável” e de tentar criar disfuncionalidades nos trabalhos parlamentares.

“O PSD apresentou um requerimento que no entendimento do PS estava incompleto, o PCP propôs uma alternativa que ia ao encontro das preocupações do PS”, resumiu o deputado socialista, explicando que o partido só se absteve inicialmente na votação do requerimento dos sociais-democratas por haver o entendimento que este seria complementado com o do PCP.

Segundo João Galamba, depois da votação “o PSD mudou de entendimento” sobre a articulação entre os dois requerimentos e por isso a esquerda pediu a retificação da votação.

“O requerimento que faz sentido é o requerimento com o acrescento do PCP”, disse, salientando que “a retificação de votações é prática comum” no parlamento.

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Mais emprego no privado impulsiona Wall Street

  • ECO
  • 5 Abril 2017

Empresas criaram mais postos de trabalho do que o esperado em março, ajudando a esquecer os receios relativamente às políticas de Trump. Bolsas norte-americanas avançam pelo segundo dia.

Wall Street abriu em alta pela segunda sessão consecutiva depois de os números da criação de emprego no setor privado no mês passado terem reforçado a confiança dos investidores em relação à maior economia do mundo.

Neste cenário, o índice de referência mundial S&P 500 sobe 0, 54% para 2372,55 pontos, acompanhado pelo tecnológico Nasdaq e pelo industrial Dow Jones que avançam 0,46% e 0,84% respetivamente.

A ADP revelou esta quarta-feira que o setor privado criou 263 mil postos de trabalho em março, um número que ficou acima das expectativas dos economistas, deixando boas indicações sobre a robustez da economia norte-americana. Além do mais, estes números ajudam a esquecer alguns dos receios dos investidores relativamente à viabilidade da administração Trump de avançar com as políticas de estímulo orçamental que levaram os índices norte-americanos a máximos de sempre.

Para esta quarta-feira está ainda agendada a divulgação das atas da última reunião da Reserva Federal norte-americana, onde foi decidida uma nova subida das taxas de juro diretoras.

Este documento deverá revelar novas pistas sobre o sentimento dos responsáveis de política monetária quanto ao rumo da política monetária nos EUA, quando estão previstas mais duas subidas das taxas em 2017.

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Lisboa é uma das finalistas a Capital Europeia Verde 2019

  • Lusa
  • 5 Abril 2017

A capital portuguesa concorre com Gent (Bélgica), Lahti (Finlândia), Oslo (Noruega) e Talin (Estónia).

Lisboa é uma das cinco cidades finalistas na corrida para a categoria Capital Europeia Verde de 2019, foi hoje anunciado pela Comissão Europeia.

A capital portuguesa concorre com Gent (Bélgica), Lahti (Finlândia), Oslo (Noruega) e Talin (Estónia), na categoria de cidades com mais de 100 mil habitantes.

Segundo um comunicado da Comissão Europeia, este ano foi recebido um número recorde de candidaturas ao prémio que é atribuído anualmente com o objetivo de reconhecer os esforços das cidades com um plano para se tornarem amigas do ambiente e envolvam a sua população na sustentabilidade ambiental, social e económica.

Segundo dados de Bruxelas, mais de dois terços dos europeus vivem em áreas urbanas, o que envolve dificuldades relacionadas com o consumo de energia, poluição, habitação, desemprego, transporte e qualidade das águas.

A Comissão Europeia acredita que o prémio pode inspirar outras cidades que queiram assim seguir os passos da vencedora e diminuir a sua pegada ecológica.

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“Não existe impacto direto nem indireto nas contas públicas“

Os deputados questionaram esta tarde o ministro das Finanças sobre a venda do Novo Banco. Mário Centeno garantiu que a venda do Novo Banco não terá nenhum impacto nas finanças públicas.

Esta quarta-feira os deputados reúnem-se no plenário para discutir o processo da venda do Novo Banco. O debate de urgência foi marcado pelo Bloco de Esquerda, depois de Catarina Martins ter defendido que “o Parlamento deve votar esta decisão” do Governo. Tal, em princípio, não será possível dado que o processo não implica um ato legislativo. Ainda assim, o PCP anunciou que vai apresentar um projeto de resolução onde recomenda ao Governo que suspenda a venda do Novo Banco e o integre na esfera pública.

Mário Centeno estará presente esta tarde para responder às perguntas dos deputados. Tanto o PSD como o CDS têm vindo a pedir mais esclarecimentos ao Executivo sobre esta venda. Esta terça-feira foram revelados pela imprensa mais pormenores sobre a venda ao Lone Star, nomeadamente os pormenores sobre o plano de reestruturação do Novo Banco.

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Petróleo sobe mais de 1%. Barril em máximos de um mês

  • ECO
  • 5 Abril 2017

O petróleo está a valorizar nos mercados internacionais. A perspectiva de quebra dos inventários norte-americanos está a puxar pelas cotações que estão já perto dos 55 dólares em Londres.

 

O petróleo continua a recuperar. As cotações estão a subir mais de 1% nos mercados internacionais com os investidores a anteciparem uma quebra nos inventários norte-americanos. Um reflexo da crescente procura numa altura em que a oferta está a encolher, o que leva o barril a cotar em máximos de um mês.

O West Texas Intermediate (WTI) segue a valorizar 1,2% em Nova Iorque, atingindo o valor mais alto do último mês, nos 51,80 dólares. Esta tendência é acompanhada deste lado do Atlântico, com o Brent, negociado em Londres, a ganhar também 1,2%. O barril que serve de referência para as importações nacionais está a cotar nos 54,91 dólares por barril.

Esta subida está a ser alimentada pela expectativa em torno da divulgação das reservas nos EUA. O American Petroleum Institute deverá revelar uma quebra de 1,8 milhões de barris na última semana, de acordo com os analistas consultados pela Bloomberg.

A juntar à quebra nos inventários, que sinalizam uma maior procura pela matéria-prima, está a perspetiva de que a oferta por parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) possa manter-se reduzida. O corte na produção poderá ser prolongado além de junho.

Giovanni Staunovo, analista do UBS, afirma à Bloomberg que “existem evidências que os stocks estão em queda em todo o mundo”.

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Alemães alertam para riscos da política do BCE

  • Lusa
  • 5 Abril 2017

Um grupo de 25 economistas alemães diz que a política seguida por Mario Draghi é perigosa para o setor financeiro. E quanto mais tempo durarem os juros baixos, mais difícil será acabar com eles.

A política de juros nulos do Banco Central Europeu (BCE) é criticada num relatório do conselho de assessores do ministério da Economia alemão, composto por 25 economistas, que alerta para os perigos da mesma.

Os juros nulos, ou próximos de zero, explicam os economistas alemães, reduzem radicalmente as possibilidades de ganhos das instituições financeiras, o que é especialmente grave se se tem em conta a crise que atravessou o setor bancário.

O relatório foi apresentado hoje pelo presidente do conselho de assessores do ministério da Economia alemão, Hans Gersbach, e pelo diretor, Martin Hellwig, catedrático da Universidade de Bona, que coordenou a realização do documento.

“Com juros próximos de zero questionam-se os próprios fundamentos do sistema financeiro”, afirmou Hellwig.

O documento defende que quanto mais durar a política de juros nulos, maiores serão os riscos e mais difícil será pôr-lhe fim.

Segundo Hellwig, alguns problemas da atual política monetária do BCE já são evidentes, como a existência de uma ‘borbulha’ imobiliária ou o facto de que muitas pessoas, perante a possibilidade de investirem o seu dinheiro no mercado financeiro tradicional, estão a optar por duvidosas apostas de alto risco.

Em relação ao dinheiro em cash, outro dos temas do documento, os economistas referem no relatório que este “tem de continuar a ser um meio de pagamento importante”.

Em todas as partes do mundo a circulação de notas de altos montantes foi reduzida e atualmente existem propostas para restringir radicalmente a utilização de dinheiro em cash“, referem os autores do relatório.

Os economistas referem no relatório que os bancos centrais não poupariam custos com a abolição do dinheiro em cash e defendem que “a emissão de dinheiro em cash, com exceção para a moeda de um cêntimo, é benéfica para o BCE”.

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Fitch: Orientações do BCE para malparado são passo para melhorar banca

  • Lusa
  • 5 Abril 2017

A agência de notação financeira aplaude as orientações dadas pelo banco central. Diz que pressionam os bancos a agirem, levando a um fortalecimento do setor financeiro.

A agência de notação financeira Fitch considerou hoje que as orientações dadas pelo Banco Central Europeu (BCE) para resolver o problema do crédito malparado são mais um passo para melhorar a força da banca da Zona Euro.

O BCE recomendou em 20 de março que os bancos da Zona Euro devem implementar estratégias “realistas” e “ambiciosas” para resolver o problema do crédito malparado, incluindo nos domínios da gestão e do risco. A instituição quer abordar o tema com “deliberação e firmeza”.

De acordo com a Fitch, as recomendações do BCE pressionam os bancos a agir contra o problema do malparado (‘non performing loans’, ou NPL, em inglês), conduzindo a um fortalecimento do setor.

A agência calcula que, apesar de o BCE não ter identificado os bancos a quem se referem estas recomendações, existam pelo menos 35 de 125 instituições supervisionadas pelo BCE com níveis de malparado acima da média.

Sobretudo na Grécia, Irlanda, Itália, Portugal e Espanha, mas também em algumas economias do norte da Europa”, lê-se numa nota da Fitch.

De acordo com o BCE, em setembro do ano passado, o stock de crédito malparado na Zona Euro ascendia aos 921 mil milhões de euros.

O problema do malparado vai marcar a reunião dos ministros das Finanças da União Europeia, que decorre no final desta semana em Malta.

O desafio para abordar o problema partiu de Malta, que tem a presidência rotativa da União Europeia (UE) e que recebe os ministros das Finanças dos 28 Estados-membros na sexta-feira e no sábado, sendo que a Comissão Europeia já se mostrou disponível para participar numa estratégia concertada.

Segundo uma nota a que a Bloomberg teve acesso e que tem circulado, o Governo maltês pediu uma “ação concertada” para prevenir que o problema do crédito de rentabilidade duvidosa possa ameaçar a estabilidade financeira e prejudicar o crescimento económico da UE.

“Dada a sua magnitude, o problema dos créditos não performativos [NPL, na sigla em inglês] não se vai resolver sozinho, mesmo num contexto de recuperação económica”, considerou a presidência maltesa da UE numa nota.

Nesse sentido, Malta defende “uma abordagem multifacetada combinando uma mistura de ações políticas, num nível nacional e possivelmente europeu”, considerando que essa é a forma “mais adequada para abordar o problema dos NPL”.

Uma porta-voz da presidência maltesa acrescentou à Bloomberg que a resolução do problema do malparado deverá marcar a discussão dos ministros das Finanças da UE (Ecofin), agendada para sexta-feira e sábado em Valletta (capital de Malta).

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Gestamp vai para a bolsa a valer 3,2 mil milhões de euros

Fabricante espanhola de componentes automóveis tem três fábricas em Portugal e estreia-se na bolsa de valores ao preço de 5,6 euros por ação. Mercado avalia Gestamp em 3,2 mil milhões de euros.

A Gestamp vai para a bolsa com o preço mais baixo do intervalo que tinha fixado, numa operação que vai avaliar a fabricante de componentes para automóveis espanhola em 3,22 mil milhões de euros.

De acordo com os termos finais do IPO (Initial Public Offering), cada ação da Gestamp será emitida com o preço de 5,6 euros, o limite inferior do intervalo que ia até aos 5,9 euros, segundo a Bloomberg.

A Gestamp é uma fábrica que produz componentes para automóveis, desde carroçarias até dobradiças de portas, sendo fornecedora de fabricantes automóveis como a Volkswagen e a Renault. Em Portugal, a empresa tem três fábricas: Viana do Castelo, Aveiro e Vendas Novas.

Detido pela família Riberas, a Gestamp vai dispersar 27% do capital na bolsa, estando prevista a sua estreia na próxima sexta-feira, dia 7 de abril.

A empresa espanhola registou lucros antes de impostos de 348 milhões no último ano, uma subida de 37,7% face ao ano anterior, enquanto as receitas subiram 7,3% para 7,5 mil milhões de euros.

O negócio era totalmente detido pela família Riberas até ao ano passado, quando decidiu vender 12,5% à japonesa Mitsui por 416 milhões de euros, avaliando a empresa em 3,3 mil milhões de euros.

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Dijsselbloem “não tem a menor condição” para continuar em funções

  • Lusa
  • 5 Abril 2017

O primeiro-ministro António Costa voltou a defender que o presidente do Eurogrupo deve demitir-se, depois de declarações sobre o esforço feito pelos países que tiveram de pedir ajuda durante a crise.

António Costa, primeiro-ministro, criticou duramente as declarações de Jeroen Dijsselbloem sobre o esforço feito pelos países em crise.Paula Nunes 30 Janeiro, 2017

O primeiro-ministro, António Costa, reiterou esta quarta-feira, no Luxemburgo, que Jeroen Dijsselbloem “não tem a menor condição” para continuar a presidir ao Eurogrupo, e lamentou que o político holandês nem sequer se retrate das ofensas dirigidas aos países do sul.

“O presidente do Eurogrupo deve ser um mobilizador, e não um fator de divisão. O senhor Dijsselbloem já mostrou por diversas vezes que não é capaz de ser um mobilizador, e desta vez foi particularmente ofensivo relativamente aos países do sul. E, falando muito francamente, pior do que ele disse ao [jornal] Frankfurter Allgemeine Zeitung, são as explicações que tentou dar, pois demonstraram que ele não compreende o que fez e como ofendeu profundamente os povos do sul da Europa”, declarou António Costa.

O primeiro-ministro português falava numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo luxemburguês, Xavier Bettel.

Respondendo, em francês, a questões de jornalistas luxemburgueses sobre a oposição do Governo português à continuidade de Dijsselbloem à frente do fórum de ministros das Finanças da zona euro, Costa disse que é primeiro-ministro de um país “que sofreu uma profunda crise nos últimos anos e fez um esforço incrível” para reduzir o défice de 11,5% para 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB).

Um país que “sofreu medidas de austeridade muito duras”, permanecendo ainda assim profundamente europeísta, pelo que não pode “tolerar” as declarações do presidente do Eurogrupo, considerou o chefe do executivo português. “Por isso, não podemos aceitar as palavras do senhor Dijsselbloem e, sobretudo, não podemos aceitar como presidente do Eurogrupo alguém que nem sequer compreendeu o erro que cometeu”, criticou.

Costa referiu ainda que o Governo português tem registado que o pedido de demissão foi apoiado “por todos os grupos parlamentares no Parlamento Europeu, com uma única exceção” (Liberais) e que “é evidente, quer pelos resultados eleitorais na Holanda, quer pelo processo de formação de governo na Holanda, que algo vai acontecer”.

“A nossa posição está dita, é a posição que temos, e o senhor Dijsselbloem não tem a menor condição para exercer as funções que está a exercer”, declarou.

Já o primeiro-ministro luxemburguês, questionado se apoia o pedido de demissão formulado pelo Governo português, considerou que o Eurogrupo é a sede própria para se discutir a questão e que cabe aos ministros das Finanças da zona euro decidir se Dijsselbloem tem ou não condições para continuar.

Na terça-feira, Dijsselbloem reiterou que nunca foi sua intenção ofender os países do sul da Europa, insistiu que as suas declarações foram mal interpretadas, e disse estar totalmente empenhado em prosseguir as suas funções.

Numa altura em que se encontra sob um coro de críticas do Parlamento Europeu, na sequência da entrevista ao jornal Frankfurter Zeitung, mas também por não se ter disponibilizado a participar esta semana num debate no hemiciclo de Estrasburgo sobre o programa de assistência à Grécia, Dijsselbloem dirigiu hoje uma carta a dois eurodeputados espanhóis que o haviam interpelado em 27 de março passado, após ter dito que não se pode pedir ajuda depois de se gastar todo o dinheiro em álcool e mulheres.

“Lamentavelmente, algumas pessoas ficaram ofendidas com a forma como me expressei. A escolha das palavras é, obviamente, pessoal, tal como a forma como as mesmas são citadas. Serei ainda mais cuidadoso no futuro, pois nunca é minha intenção insultar pessoas”, sustentou.

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Qual o custo da venda do Novo Banco para o BE e o PCP?

O custo da venda para os contribuintes é uma incógnita. Hoje no debate parlamentar, BE e PCP vão tentar minimizar os custos políticos desta venda. Qual o valor? O ECO fez a questão a politólogos.

O acordo para o Lone Star ficar com 75% do Novo Banco foi anunciado na passada sexta-feira, mas a operação só vai ser concretizada depois de uma troca de obrigações e a luz verde final de Bruxelas. Mesmo depois da conferência de imprensa do primeiro-ministro e do ministro das Finanças, continuam a existir dúvidas. Na semana passada, Catarina Martins disse que este “é o momento de o Governo explicar o que está a pensar fazer”. De seguida, o Bloco de Esquerda marcou para esta quarta-feira um debate de urgência para debater o processo de venda. Mário Centeno vai estar presente para responder aos deputados.

Julgo que quando forem a votos, muito provavelmente o BE e o PCP vão pagar o preço de terem pensado no país primeiro.

Viriato Soromenho Marques

Politólogo

Esta quarta-feira, segundo a agenda parlamentar, não está prevista nenhuma votação relacionada com o Novo Banco. Os deputados vão discutir os pormenores do acordo, mas o processo continuará. Numa altura em que se discute qual os custos desta venda para os contribuintes — o PSD vai pedir à UTAO (Unidade Técnica de Apoio Orçamental) que calcule custos de “perdão parcial de dívida” aos bancos –, qual é o preço político deste acordo para os partidos que apoiam o Governo? “Julgo que quando forem a votos, muito provavelmente o BE e o PCP vão pagar o preço de terem pensado no país primeiro”, responde Viriato Soromenho Marques ao ECO.

O professor na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa argumenta que o debate desta quarta-feira é “fundamentalmente uma manifestação [do PCP e BE] de presença perante os seus eleitores”. O politólogo admite que “não haver votação é o que salva a geringonça” no Parlamento, dado que na sua opinião a direita iria “votar oportunisticamente para tentar causar uma situação de crise política e de eventual derrube do Governo”. Essa salvação da geringonça tem, contudo, prejudicado o PCP e BE: as sondagens mais recentes deram boas notícias ao PS, mas não aos partidos mais à esquerda.

Para o politólogo é “indiscutível” que, “na opinião pública, na área da esquerda, que sempre foi maioritária no país, o Partido Socialista tem ganho pontos“. Na análise de Viriato Soromenho Marques este avanço dos socialistas também se deve ao apoio institucional de Marcelo Rebelo de Sousa, “uma lealdade absolutamente impecável”. No entanto, o atual equilíbrio é, na sua opinião, “muito instável” e, apesar de António Costa ainda esta terça-feira ter dito que quer uma geringonça mesmo com maioria absoluta, o futuro é incerto assim como o timing das eleições legislativas. A única certeza do professor é que só por “milagre” é que existirá uma “frente de esquerda”, ou seja, uma coligação pré-eleitoral.

Esta decisão do Governo PS constituirá certamente o primeiro dividendo significativo na relação de suporte entre as forças da esquerda parlamentar e o Governo.

Paula do Espírito Santo

Politóloga

A mesma opinião é partilhada por Paula do Espírito Santo, professora no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, que não tem dúvidas de que existe um custo político para o BE, PCP e PEV. “Esta decisão do governo PS constituirá certamente o primeiro dividendo significativo na relação de suporte entre as força da esquerda parlamentar e o Governo”, responde ao ECO. Na opinião da docente, a própria natureza da aliança política das esquerdas “implicou sempre um suporte político e ideológico baseado numa gestão política de curto prazo”. E, por isso, os “custos e ganhos são geridos a cada momento”.

Na opinião da politóloga, “a existência de um prejuízo político, mas também eleitoral”, em ano de eleições autárquicas, poderá dar mais força ao BE, PCP e PEV para negociar com o Governo em temas de curto prazo este ano. Contudo, para Paula do Espírito Santo, “esta provável negociação futura não refreará [evitará] um impacto eleitoral negativo para as forças de esquerda que suportam o Governo”.

No seu comentário de domingo na SIC, Marques Mendes afirmou que “BE e PCP enfrentam custos políticos” com esta venda. Para o ex-líder do PSD, os dois partidos estão “condicionados” pelo Governo: “Vivem em pânico de se fizerem algo mais duro, António Costa provoque uma crise e possa convocar eleições e ficar com a maioria absoluta”, argumentou.

Mais esclarecimentos?

A conferência de imprensa da passada sexta-feira deixou dúvidas no ar. Contudo, alguns pormenores da venda foram divulgados esta terça-feira com a revelação de que o risco de liquidação do Novo Bancoum cenário que até o PCP rejeita — ainda não está completamente afastado. Além disso, caso o Lone Star pretenda começar a receber lucros da instituição antes do período limite de oito anos imposto no acordo, a garantia do mecanismo contingente de capital desaparece.

Ainda existem dúvidas à volta, por exemplo, do plano do Lone Star relativamente à reestruturação que será realizada no banco, algo que também preocupa Bruxelas. Na passada sexta-feira, o gabinete da comissária europeia da Concorrência, Margrethe Vestager, revelou que os serviços da Comissão iriam contactar Portugal e o comprador “sobre os detalhes do plano final de reestruturação do Novo Banco”. “Este plano deverá ser apresentado à Comissão para que a venda seja formalmente aprovada ao abrigo das regras comunitárias em matéria de auxílios estatais“, concluiu.

Tal como o ECO revelou esta terça-feira, o plano de reestruturação implícito na venda deverá obrigar o Novo Banco a fechar 55 balcões, podendo estes encerramentos levar ao despedimento de 400 trabalhadores. Esse plano será negociado entre o Lone Star e a Direção Geral da Concorrência com a vigilância do Governo. A ideia será tentar evitar que o fundo negoceie condições mais danosas do ponto de vista social em troca de outras vantagens com vista à rápida obtenção de proveitos com a instituição.

Além disso, apesar de já não ser um banco de transição, o Novo Banco poderá continuar a manter limitações em termos de concessões de crédito a empresas e na captação de depósitos, tendo de praticar taxas em linha com o mercado. Atualmente, por ainda ser um banco de transição, fruto da resolução do verão de 2014, o Novo Banco estava limitado na sua operação regular.

PSD e CDS têm vindo a pedir mais esclarecimentos ao Governo, nomeadamente a razão pela qual o Estado, através do Fundo de Resolução, ficou com 25% do Novo Banco. Tanto Maria Luís Albuquerque como Assunção Cristas questionaram a responsabilidade dos restantes bancos por um banco que deixa de ser de transição. “É bom lembrar que um dos bancos do Fundo de Resolução é um banco 100% público e chama-se Caixa Geral de Depósitos”, relembrou a líder centrista na passada sexta-feira.

O debate também é útil porque na verdade nós não sabemos muito bem o que é isto.

Viriato Soromenho Marques

Politólogo

O debate também é útil porque na verdade nós não sabemos muito bem o que é isto“, afirma Viriato Soromenho Marques, que acha a situação “de tal forma confusa que nem conseguimos fazer as perguntas bem feitas”. “É uma venda? É uma doação? Em que condições? Qual é o horizonte temporal? E as guidelines no horizonte do novo dono?”, questiona, referindo que ainda “não sabemos nada”.

Para o professor na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa “a verdade é que estamos metidos num túnel muito profundo e julgámos de vez em quando que estamos a ver a luz ao fundo do túnel, mas estamos apenas a ver aquelas luzes de presença que há nos túneis”. O debate servirá assim, mais do que para votações, para ser “um momento pelo menos de esclarecimento das dúvidas”.

Contudo, na opinião de Paula do Espírito Santo, os partidos levarão a discussão do debate para questão laterais. Porquê? O objetivo é “a desfocagem do momento presente”, responde a politóloga ao ECO. “Tal como no caso das esquerdas na Assembleia da República, é provável que o debate da direita seja centrado em questões conjunturais e de curto prazo direcionadas para o presente e para as decisões políticas atuais, no que se refere a esta matéria”, considera a professor do ISCSP, da Universidade de Lisboa, recordando as responsabilidades do anterior Governo nesta matéria.

PCP e BE discutem, mas (para já) sem forma de impedir venda pela AR

Desde cedo — até em 2014 com a resolução do BES — que PCP e BE têm vindo a defender a nacionalização do Novo Banco. Três anos depois, os dois partidos fazem agora parte da solução política que António Costa conseguiu construir após os resultados das eleições legislativas de 2015. E é o Governo que daí resultou que anunciou a venda do Novo Banco na passada sexta-feira com o Fundo de Resolução a manter 25% da estrutura acionista do banco, uma solução que não agrada aos parceiros parlamentares. Depois de conhecer a decisão, Jerónimo de Sousa foi direto: “Tudo quanto se conhece desta venda só pode levar a concluir que tem custos presentes e futuros”.

Contudo, como a venda não passará — ao que tudo indica — por um ato legislativo do Governo, os deputados não têm forma de levar a venda do Novo Banco a votação no Parlamento. Os comunistas anunciaram esta segunda-feira que vão apresentar um projeto de resolução em que recomendam ao Governo suspender o processo de venda e considerar as medidas necessárias à nacionalização do Novo Banco. O PCP não quer “favorecer a liquidação do Novo Banco”, mas sim “assegurar a sua integração do setor público bancário”. Ainda não se sabe quando será a votação da resolução. No entanto, a recomendação, mesmo se aprovada no Parlamento, não resulta numa obrigação para o Governo.

“A entrega do Novo Banco é um erro”, referiu Catarina Martins na semana passada, critica que repetiu esta semana. “Defendemos que o Parlamento deve votar esta decisão”, declarou a líder bloquista. Um dos argumentos do Bloco é também a questão da banca nacional estar em mãos estrangeiras: as últimas alterações no sistema bancário português deixaram apenas a CGD em mãos portuguesas (o Estado), entre os principais bancos. Catarina Martins argumentou ainda que, a longo prazo, o preço da nacionalização seria menor.

No início de fevereiro, tanto comunistas como bloquistas levaram a nacionalização do Novo Banco à Assembleia da República, mas esbarraram nos votos contra do centrão PSD, PS e CDS. O projeto do PCP defendia “necessidade urgente de assegurar a direção pública do Novo Banco”. O texto bloquista recomendava ao Governo a nacionalização do Novo Banco, referindo a necessidade de apurar “todas as responsabilidades, anteriores e decorrentes da resolução”, além de um “debate alargado e democrático sobre o seu desígnio estratégico”.

A nacionalização defendida pela PCP e BE seria, na opinião do secretário de Estado das Finanças, “difícil de justificar”. Em entrevista à RTP, Mourinho Félix referiu duas razões: o peso excessivo que o Estado passaria a ter no sistema financeiro português e o impacto financeiro que a decisão teria. Tal como tinha argumentado António Costa na conferência de imprensa de sexta-feira, o impacto imediato para o Estado caso o banco fosse nacionalizado seria entre quatro e 4,7 mil milhões de euros.

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