Wall Street tem maior queda desde Maio. A culpa esteve na tomada de mais-valias e setor de cuidados de saúde

Os principais índice bolsistas dos EUA encerraram com perdas em torno de 1%. O Dow Jones foi o mais penalizado após o pior arranque de sessão dos últimos 16 anos.

As ações norte-americanas encerraram no vermelho pela segunda sessão consecutiva, num dia marcado pela pressão altista das yields soberanas dos Estados Unidos e pela queda dos títulos do setor de cuidados de saúde. Esta terça-feira, a bolsa norte-americana teve a maior queda em duas sessões desde Maio, refere a Bloomberg.

O S&P 500 encerrou a desvalorizar 1,09%, para os 2.822,43 pontos, enquanto o Nasdaq deslizou 0,87%, para os 7.401,6 pontos. Já o Dow Jones registou a perda mais acentuada — 1,38% para os 26.075,17 pontos –, com o índice industrial a dar seguimento ao pior arranque de sessão dos últimos 16 anos. O Dow Jones tinha aberto a perder 1,09%.

“As pessoas podem estar a tomar mais-valias, a evitar um potencial sell-off após um mês extremamente forte“, afirmou Jonathan Mackay, estratega de investimentos da Schroders, citado pela Reuters.

Mas o dia destacou-se pelo desempenho negativo dos títulos do setor de cuidados de saúde, que pressionaram os índices norte-americanos. Perdas que aconteceram após notícias a dar conta que a Amazon, a Berkshire Hathaway e a JP Morgan se juntaram para criar uma nova seguradora, com o objetivo de reduzir os custos com os cuidados de saúde dos seus funcionários.

Entre as principais referência negativas no mercado acionista norte-americano esteve a MetLife, cujos títulos recuaram após notícias que indicam que está a ser investigada pelo regulador do mercado financeiro dos EUA pela falha no pagamento das pensões de alguns trabalhadores. O título tombou mais de 8%.

Referência negativa também para a Apple, que viu as suas ações deslizarem perto de 1% perante a possibilidade de a gigante tecnológica ter de reduzir a produção do seu iPhone X.

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Portugueses gastaram 4,6 mil milhões de euros em compras online em 2017

  • Lusa
  • 30 Janeiro 2018

No ano passado, o valor das compras online realizadas pelos portugueses atingiu os 4,6 mil milhões de euros, indica estudo da ACEPI.

O valor das compras online realizadas pelos portugueses mais do que duplicou em oito anos, atingindo os 4,6 mil milhões de euros em 2017, segundo a última edição do estudo da Economia Digital desenvolvido pela ACEPI, divulgado hoje.

Segundo o documento distribuído pela Associação da Economia Digital (ACEPI), o valor das compras online feitas pelos portugueses foi de 1,7 mil milhões de euros em 2009, tendo aumentado para 4,6 mil milhões em 2017 e, segundo o relatório, deverá crescer para os 8,9 mil milhões até 2025.

O estudo revela ainda que a percentagem de portugueses a utilizar a internet em 2017 foi de 73%, contra 48% em 2009, sendo que “deverá aumentar para 91% até 2025”.

O número de portugueses que fizeram compras online no ano passado alcançou os 36%, quando em 2009 o valor ficou-se pelos 13%. A estimativa é de que, até 2025, 59% dos portugueses realizem compras online.

Quanto ao volume de negócios efetuado online pelas empresas e pelo Estado em 2017, o valor foi de 70 mil milhões de euros, contra 24 mil milhões em 2009, esperando-se que venha a ascender a 132 mil milhões de euros até 2025.

Apesar do aumento das compras online feitas em websites portugueses, 50% das compras na internet foram feitas fora de Portugal, avança o estudo.

"Vivemos um momento crucial de viragem, onde empresas portuguesas têm no comércio eletrónico uma excelente oportunidade para endereçarem mais facilmente um mercado de proporções incomparáveis.”

Alexandre Nilo Fonseca, ACEPI

Em 2016, apenas 27% das empresas portuguesas efetuaram negócios online (9% das microempresas; 25% das pequenas empresas; 36% das médias empresas; e 54% das grandes empresas) e só 17% do seu volume de negócios foi proveniente de clientes no estrangeiro.

“Vivemos um momento crucial de viragem, onde empresas portuguesas têm no comércio eletrónico uma excelente oportunidade para endereçarem mais facilmente um mercado de proporções incomparáveis”, afirma em comunicado o presidente da direção da ACEPI, Alexandre Nilo Fonseca.

De acordo com o responsável, a ACEPI “está a desenvolver o projeto Norte Digital com o intuito de contribuir para aumentar o nível de digitalização das empresas portuguesas, nomeadamente das PME [pequenas e médias empresas] da região norte”.

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Os novos escritórios da Amazon são no meio de uma floresta tropical

A Amazon expandiu a sua atual sede em Seattle, construindo três esferas gigantes que vão funcionar como escritórios dos seus trabalhadores.

A gigante do comércio eletrónico Amazon inaugurou esta segunda-feira um espaço de escritórios, em forma de bolas, e semelhante a uma floresta tropical, numa tentativa de proporcionar momentos mais tranquilos e ideias aos seus funcionários. O novo local de trabalho da empresa situa-se em Seattle, a maior cidade do estado de Washington, e abriu aos trabalhadores, oficialmente, esta terça-feira.

Quem passa ao lado da sede da empresa, em Seattle, não deixa de reparar nas novas esferas gigantes instaladas na rua. Semelhantes a uma estufa no interior, foram inspiradas na floresta da cidade norte-americana, compostas por 2.643 vidros e mais de 4.000 plantas de 400 espécies. Cada uma das três bolas contempla três andares e, em vez de salas de conferências ou mesas, há espaços menos convencionais destinados a reuniões.

“Queríamos criar algo realmente especial, algo emblemático para o nosso campus e para a cidade de Seattle”, disse John Schoettler, vice-presidente da Amazon, em declarações à Reuters. As esferas foram idealizadas por uma equipa de arquitetos e poderão ser visitadas pelo público mediante visitas marcadas.

Recentemente, a gigante chinesa anunciou que pretendia investir cinco mil milhões de dólares para a construção da sua segunda sede, numa cidade norte-americana. Do concurso lançado foram selecionadas vinte candidaturas, que ainda estão a ser analisas pela mesma.

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Em que é que Louçã e César das Neves concordam? Que há riscos de colapso evidentes

  • Margarida Peixoto
  • 30 Janeiro 2018

Os dois economistas, de pensamento ideológico bastante distinto, concordam que há riscos evidentes de um novo colapso. Mas isso não quer dizer que estejam de acordo em tudo.

Em que é que César das Neves e Francisco Louçã, dois economistas de ideologias completamente divergentes, estão de acordo? Que os riscos de um colapso económico são evidentes. Mas isto não implica que coincidam em cada um destes riscos. Esta terça-feira, na 2ª Conferência na Caixa – A crise financeira e a economia portuguesa: aprendemos as lições?, os dois economistas deixaram alertas para a economia nacional.

“As coisas estão tão más que estamos de acordo, tirando a heresia final”, ironizou João César das Neves, depois da intervenção de Francisco Louçã, que tinha terminado com a “heresia” de se achar sempre que “Deus escreve direito por linhas tortas.”

Os dois economistas destacaram a insuficiência do investimento, público e privado, atual que não chega, tampouco, para repor o capital que vai sendo amortizado. Ambos notaram fragilidades estruturais na economia nacional, mas divergiram no valor que atribuem a alguns dos desenvolvimentos recentes, como é o caso do boom do turismo. Se César das Neves aponta o crescimento deste setor como um dos poucos elementos diferenciadores, em termos estruturais, do crescimento português face ao período pré-crise, Francisco Louçã desconfia da sua capacidade para melhorar definitivamente as condições do país.

Não estamos a aprender as lições e estamos a repetir o imobiliário. Há uma novidade: o turismo.

João César das Neves

Economista

“Não estamos a aprender as lições e estamos a repetir o imobiliário. Há uma novidade: o turismo, que não estava cá e que parece relativamente sólida”, defendeu César das Neves. “Um país de turismo é um país sem valor acrescentado”, contrapôs, pouco depois, Francisco Louçã.

César das Neves argumentou também que o crescimento do PIB ainda fica aquém do que seria de esperar, dada a dimensão da recessão, que as finanças públicas estão frágeis (com uma herança pesadíssima da dívida) e que a produtividade e a competitividade estão aquém do necessário.

Um país de turismo é um país sem valor acrescentado.

Francisco Louçã

Economista

Já Francisco Louçã deu mais ênfase aos riscos internacionais por si mesmos e à forma como podem comprometer a economia portuguesa, nomeadamente o risco de uma bolha financeira internacional. “Temos todos os riscos para uma crise”, alertou o ex-líder do Bloco de Esquerda.

E enunciou-os: “O aumento das dívidas públicas, aumento dos balanços dos bancos centrais, a redução dos preços, em função da longa recessão que nos deixou muito próximos do perigo da deflação” e ainda “a não correspondência entre a disponibilização de liquidez e a disponibilidade para a concessão de crédito”.

Francisco Louçã defendeu que o euro é ele mesmo um risco, bem como a política monetária e o esgotamento da sua margem de manobra. “O euro é um dos fatores de risco para a nossa economia”, disse. “A política de liberalização da circulação de capitais é ela própria um fator de risco”, frisou.

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Operação Fizz: Paulo Blanco confirma encontro em Angola e desmente Carlos Silva

  • Lusa
  • 30 Janeiro 2018

O advogado confirmou em tribunal que se encontrou em Angola com o presidente do Banco Privado Atlântico, contrariando a versão do banqueiro.

O advogado Paulo Blanco confirmou esta terça-feira em tribunal, no julgamento do processo ‘Operação Fizz’ que se encontrou num hotel angolano com o presidente do Banco Privado Atlântico Carlos Silva e o ex-procurador Orlando Figueira, contrariando a versão do banqueiro.

“Esse encontro [no hotel Trópico] aconteceu. Efetivamente aconteceu”, afirmou Paulo Blanco durante a sua contestação à acusação de corrupção ativa, branqueamento de capitais, violação de segredo de justiça e falsificação de documento, em coautoria com Armindo Pires no processo ‘Operação Fizz’.

A versão de Paulo Blanco corrobora o que já tinha sido dito pelo arguido Orlando Figueira, que confirmou o encontro em Luanda em abril de 2011, e desmente a versão de Carlos Silva.

Num esclarecimento enviado na segunda-feira aos órgãos de comunicação social, Carlos Silva nega ter tido o encontro e diz que as afirmações do ex-procurador a ser respeito são uma “tentativa recente e oportunista de adulterar a realidade, assenta em insinuações falsas”.

“O grau de fantasia dessa história vai ao ponto de inventar um suposto encontro num hotel no centro de Luanda, no qual me descreve como envergando uma indumentária que, quem me conhece, sabe que jamais utilizaria num local deste tipo”, lê-se na nota.

Blanco apresentou hoje uma versão contrária dizendo que no encontro em Luanda se falou da possibilidade de Orlando Figueira ir trabalhar para Angola como assessor jurídico do BPA e que chegou a fazer sugestões de uma minuta de um contrato.

Sobre o facto de o ex-procurador não ter ido trabalhar para o BPA em Angola, Blanco aponta uma explicação: “Carlos Silva foi aconselhado por alguém que o contrato não devia ser feito em nome do BPA ou pelo BPAE, depois de o ativista angolano Rafael Marques ter sido ouvido no DCIAP, acusando o banco de branqueamento de capitais”.

O arguido diz que a questão lhe foi comunicada por André Navarro em final de janeiro de 2012.

“Orlando Figueira não podia ir trabalhar para Angola sem que o processo de Carlos Silva estivesse arquivado”, apesar de esse processo não estar sob a alçada do procurador do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) que está acusado de arquivar processos a troco de vantagens.

Foi nesta fase, adianta, que o contrato de trabalho de Orlando Figueira aparece em nome da empresa Primagest, participada do BPA.

Sobre a questão da eliminação de documentos financeiros do ex-vice-presidente de Angola Manuel Vicente de um inquérito relativo à compra de um apartamento no Estoril por 3,8 milhões de euros, Blanco refere que foi para evitar o seu “uso instrumental”.

“O que estava em causa era a publicidade, o uso instrumental desses de documentos e a sua utilização durante a campanha eleitoral para as eleições de Angola de agosto de 2012”, justificou, alegando a “dimensão de Estado”.

À semelhança do que já tinha acontecido com Orlando Figueira também Paulo Blanco defendeu que, neste processo, em vez do nome de Manuel Vicente devia estar Carlos Silva.

É uma injustiça tremenda, uma falsidade, porque Manuel Vicente não tem nada a ver com isto”, disse Blanco, adiantando que caso os nomes mudassem “não havia corrupção”.

À saída do tribunal, Paulo Blanco disse ser importante “que a comunidade jurídica tenha uma perspetiva angolana daquilo que se está a passar em Portugal com as investigações” e que “a justiça portuguesa tem sido desigual e preconceituosa” em relação a Angola.

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PGR confirma “dirigente desportivo” constituído arguido

  • Marta Santos Silva
  • 30 Janeiro 2018

O Ministério Público confirma ter detido cinco pessoas e constituído outros seis arguidos, entre os quais estarão incluídos, de acordo com a imprensa, o juiz Rui Rangel e Luís Filipe Vieira.

O inquérito encontra-se em segredo de justiça, mas o Ministério Público, num comunicado enviado às redações, confirmou a realização de buscas em conjunto com o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e a Polícia Judiciária, com cinco pessoas detidas, incluindo dois advogados e um oficial de justiça, e seis outras pessoas constituídas arguidas, entre elas “um dirigente desportivo”.

Com este comunicado, a Procuradoria-Geral da República vem dar peso às notícias, avançadas por meios incluindo o Público e a Lusa, de que Luís Filipe Vieira, dirigente do Benfica, teria sido constituído arguido no âmbito da chamada Operação Atlântico. O comunicado nomeia ainda a constituição como arguido de dois “juízes desembargadores”, um dos quais será Rui Rangel — candidato à liderança do Benfica em 2012. Em causa estarão suspeitas de “crimes de tráfico de influência”, e ainda de branqueamento e fraude fiscal.

“Entre os detidos estão dois advogados e um oficial de justiça, que serão presentes ao Conselheiro do STJ [Supremo Tribunal de Justiça] com funções de juiz de Instrução para primeiro interrogatório judicial e aplicação de medidas de coação”, lê-se no comunicado.

Além disso, esclarece o comunicado, “para além dos cinco detidos, as diligências levaram à constituição de mais seis arguidos. Entre estes estão dois juízes desembargadores e um dirigente desportivo. Foram também realizadas buscas em vários locais, na zona da Grande Lisboa e no Algarve, incluindo no Tribunal da Relação de Lisboa, em empresas, em escritórios de advogados e também em domicílios”.

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Ricon: dos tempos de fato e gravata à “liquidação total”

Há menos de um ano, Pedro Silva, patrão da Ricon, dava conta de uma "enorme confiança no futuro". Hoje, 580 pessoas foram despedidas e os credores votaram a favor da liquidação.

“Tenho uma enorme confiança no futuro”. A frase é de Pedro Silva, patrão da Ricon, e foi proferida há menos de um ano, numa entrevista ao jornal T, especializado no setor têxtil. A Ricon, empresa cujos credores votaram a favor da liquidação, e que mandou para o desemprego 580 funcionários, já foi uma das maiores empresas têxteis do país. O grupo que detinha o exclusivo da marca Gant — com mais de 20 lojas em Portugal — chegou a ter inclusivamente uma empresa de aviação e a ser detentora dos centros Porsche no norte do país.

Então, o que levou à falência do grupo? As causas são variadas, mas a diversificação de atividade para áreas tão díspares como o automóvel e a aviação, a que se junta ainda uma operação desastrada da Gant no Brasil, com perdas de mais de 14 milhões de euros, ajudam a explicar. Aliás, a Gant, responsável por mais de 70% das encomendas do grupo, é mesmo uma peça decisiva neste desfecho.

Recuemos no tempo

Mais ou menos por volta de 2006, a Ricon adquire 10,5% da Gant Company por 38,5 milhões de euros. “Não tive dúvidas de que era uma excelente oportunidade de negócio”, afirmou Pedro Silva, na entrevista concedida ao Jornal T, em abril de 2017.

Os números parecem confirmar a tese do presidente da Ricon: dois anos depois da compra, o grupo português vende a posição que detinha na Gant Company com uma mais-valia de 20,8 milhões de euros, no seguimento de uma OPA hostil lançada pelo grupo suíço, Maus Frères, dono da Lacoste. O negócio, apesar de rentável, pôs a descoberto as visões diferentes para a estratégia da Ricon dentro da família.

Pedro Silva adianta na mesma entrevista que, “cheio de sangue na guelra, não queria perder as oportunidades de investimentos que nos surgiam pela frente. E, como agravante, a banca estava sempre a estimular-nos a andar para a frente e a perguntar-nos de quanto dinheiro precisávamos”.

A família entra em colisão. Pedro Silva adquire a totalidade do grupo Ricon: estávamos em 2008. Por essa altura, rebentava nos Estados Unidos a crise do subprime. Cá dentro, o grupo via os seus ativos a desvalorizarem, sobretudo as participações que detinha na SLN/BPN e Banco Privado.

É nesta altura que Pedro Silva decide diversificar a atividade para ficar menos exposto ao setor têxtil. A primeira aposta é no ramo automóvel. Segundo Pedro Silva, “a primeira oportunidade, logo em 2009, foi a XRS-Motor, que começou com um centro Porsche em Braga, a que se juntaria um outro no Porto, três anos depois”.

Segue-se a aviação. O dono da Ricon viajava, com alguma frequência, em empresas de aviação privada. E comprou então um Embraer Phenom 300, através da empresa Everjets, na esperança de alugar o avião quando não estivesse a utilizá-lo. Mas o negócio viria a revelar-se mais complicado do que parecia à primeira vista. Segue-se então a compra de helicópteros de combate a incêndios.

Fez parte de um plano estratégico para ganhar dimensão e recuperar o pesado investimento feito na Everjets“, referiu, ao Jornal T. Mais uma vez as coisas não correm de feição. “O que se passou à volta dos dois concursos para os helicópteros ligeiros e pesados deixou-me com material suficiente para escrever dois ou três thrillers. Tivemos de contratar segurança privada e videovigilância para não sabotarem os nossos helicópteros durante a noite”, recorda.

Com um passivo da ordem dos 60 milhões de euros, Pedro Silva não tinha dúvidas de que a diversificação não estava a resultar. Em 2013, e que gerasse rentabilidade no grupo, existiam apenas duas empresas: uma ligada à produção têxtil e a Delveste, empresa detentora da rede de lojas Gant em Portugal.

Tenho a humildade de reconhecer que fui demasiado ambicioso.

Pedro Silva

Em setembro de 2014, Pedro Silva vende os centros Porsche e a Decenio, rede de lojas que deu prejuízo durante 15 anos. E, um ano depois, é feita a alienação do ramo da aviação. Nessa altura, chega a confessar: “Tenho a humildade de reconhecer que fui demasiado ambicioso”.

Na longa entrevista que concedeu a jornal da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), Pedro Silva dava conta dos números da empresa. “Em três anos, recuámos o volume de negócios consolidado de 97,5 milhões para 50 milhões. Mas, ao mesmo tempo, evoluímos de um EBITDA negativo de 2,9 milhões para um positivo de 2,1, milhões. E trouxemos o passivo para menos metade”.

Estes eram os números que pareciam dar confiança ao patrão da Ricon. Por esta altura, Pedro Silva dizia que “a diminuição e a restruturação do passivo deu-nos uma pequena folga à tesouraria. E o reforço dos capitais próprios tem-nos permitido investir”. Apesar desta aparente recuperação, a Ricon via sair alguns quadros de topo, aparentemente desalinhados com o presidente do grupo. Algures pelos últimos tempos, a Ricon viu também deteriorar-se a relação com os detentores da marca Gant.

Fontes da indústria têxtil dizem mesmo que a situação terá sido a gota de água numa empresa que já estava em sofrimento. Aparentemente, Pedro Silva terá começado a atrasar os pagamentos aos suecos que não gostaram e retaliaram, diminuindo as encomendas.

A Ricon não resistiu e, em dezembro, pede a insolvência. Menos de seis meses depois de Pedro Silva assegurar ao T: “Tenho uma enorme confiança no futuro”. Um futuro que agora parece suspenso depois de, esta terça-feira, os credores da Ricon terem votado a favor da liquidação da empresa e já depois de os 580 funcionários terem recebido as respetivas cartas de despedimento. O futuro… segue dentro de momentos.

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Saíram quase 600. BPI fecha a porta a mais rescisões

O presidente do BPI garante que o banco não planeia avançar com outro programa de rescisões de trabalhadores. Isto depois de terem saído quase 600 funcionários no ano passado.

O banco liderado por Pablo Forero garante que o BPI não tem nos seus planos avançar com outro programa de rescisões. Isto depois de terem saído quase 600 trabalhadores em 2017, quando o banco implementou um programa de redução de pessoal.

“Não há nenhum plano para fazer outro programa de saída”, afirma Pablo Forero na apresentação dos resultados referentes ao ano passado, quando passou a ser controlado em mais de 80% pelo grupo espanhol CaixaBank, na sequência de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA). “Temos a equipa que precisamos, o número de balcões que precisamos e, portanto, estamos numa situação de tranquilidade e normalidade”, referiu ainda o presidente do BPI.

"Não há nenhum plano para fazer outro programa de saída.”

Pablo Forero

Presidente do BPI

Em 2017, o BPI contou com a saída de 594 trabalhadores, fechando o ano com 4.931 funcionários em Portugal, segundo as contas da instituição financeira. Esta redução do número de funcionários aconteceu no âmbito de um programa de redução de pessoal, através de rescisões por mútuo acordo e reformas antecipadas, que teve um custo de 78 milhões de euros. Já o número de agências diminuiu em 14.

Fonte: BPI

O BPI obteve lucros de 10,2 milhões no ano passado, o que representa uma quebra de 96,7% em relação aos 313,2 milhões de euros que tinha registado em 2016, o seu melhor resultado de sempre, num ano em que a instituição financeira ainda contou com o contributo do Banco de Fomento Angola (BFA). O resultado ficou também muito aquém das estimativas dos analistas, que antecipavam que o banco alcançasse lucros de 70,5 milhões de euros em 2017.

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A tarde num minuto

  • Rita Frade
  • 30 Janeiro 2018

Não teve tempo de ler as notícias esta tarde? Fizemos um best of das mais relevantes para que fique a par de tudo o que se passou, num minuto.

Depois da “decisão rápida” da Caixa Geral de Depósitos, o Novo Banco garante resposta em 24 horas úteis nos pedidos de crédito à habitação. Segundo a informação enviada, esta terça-feira, à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), os lucros do BPI afundaram de 313 milhões para dez milhões em 2017.

Poucas semanas depois de a Caixa Geral de Depósitos ter surpreendido com o lançamento de uma campanha em que garantia uma “solução rápida”, agora é a vez de o Novo Banco responder com a promessa de uma aprovação de crédito da casa em apenas 24 horas.

O BPI obteve lucros de 10,2 milhões no ano passado, o que representa uma quebra de 96,7% em relação aos 313,2 milhões de euros que tinha registado em 2016, o seu melhor resultado de sempre, num ano em que a instituição financeira ainda contou com o contributo do Banco de Fomento Angola (BFA).

“Continua a haver um conjunto de perspetivas em termos de rentabilidade que continua a ser extremamente nocivo”, disse Paulo Macedo, presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos. O responsável falava na 2ª Conferência na Caixa – A crise financeira e a economia portuguesa: aprendemos as lições?

Luís Filipe Vieira e Rui Rangel acabam de ser constituídos arguidos, no âmbito da “Operação Atlântico”, avança o jornal Público. Em declarações aos jornalistas no Campus de Justiça, citadas pela Lusa, o advogado do Benfica já desmentiu essa informação, mas admitiu que o dirigente desportivo pode vir a ser acusado.

Os credores da Ricon, aprovaram esta manhã de terça-feira, no tribunal de Famalicão, a liquidação da empresa. Segundo o ECO conseguiu apurar, os credores votaram, na sua maioria, na proposta apresentada pelo administrador de insolvência, Pedro Pidwell que dava conta, que sem a parceria com a Gant, a empresa não é economicamente viável.

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Amazon junta-se ao JPMorgan para conquistar novo setor: a saúde

  • ECO
  • 30 Janeiro 2018

O maior retalhista americano, o maior banco do país e um dos mais admirados conglomerados juntaram-se para criar uma nova seguradora de saúde, que promete qualidade a "um preço razoável".

Depois de ter revolucionado o comércio, tanto eletrónico como físico, Jeff Bezos tem um novo setor debaixo de olho: a saúde. A Amazon anunciou, esta terça-feira, uma nova parceria com o banco nova-iorquino JPMorgan e com a Bershire Hathaway para criar uma seguradora que vai oferecer aos 1,2 milhões de colaboradores norte-americanos destas empresas cuidados com qualidade, mas a “um preço razoável”.

“O crescimento dos custos globais dos [cuidados de saúde] atua como uma ténia esfomeada na economia americana“, sublinhou o diretor executivo da Berkshire Hathaway, em comunicado citado pelo The Guardian. Warren Buffett reforçou que estas empresas ainda não têm respostas para este problema vivido pelos norte-americanos — Bezos também referiu que o projeto está ainda a dar os primeiros passos — mas revelou que acredita que juntas podem trabalhar em soluções.

De acordo com o trio, a nova empresa estará livre de “incentivos ao lucro”. Por revelar fica a dimensão do investimento que será feito pela Amazon, pelo JPMorgan e pela Berkshire Hathaway e o nome da futura entidade.

Em Wall Street, o anúncio provocou mal-estar junto das empresas do setor, reporta a Quartz. Os títulos da maior seguradora de saúde dos Estados Unidos, a United Health, chegaram a desvalorizar 5%. As ações das seguradoras Anthem, Cigna e Aetna também sofreram com a notícia e os títulos das farmacêuticas CVS e Express Scripts registaram um impacto semelhante.

Nos Estados Unidos, as empresas que oferecem planos de saúde aos seus trabalhadores veem a sua carga fiscal aliviada. Ainda assim, os custos destes cuidados têm crescido exponencialmente, provocando tensão sobre os orçamentos das companhias, sobretudo as mais pequenas.

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Afinal, MOP perdeu concurso de publicidade exterior que tinha ganho há sete meses

  • ECO
  • 30 Janeiro 2018

Sete meses depois de ter apontado o Grupo Mop como vencedor do concurso de publicidade exterior em Lisboa, júri mudou sentido da decisão final. Empresa promete denunciar situação.

Sete meses depois de ter sido escolhido como vencedor do concurso de publicidade exterior de Lisboa, o grupo MOP perdeu esse contrato. Em comunicado, a empresa diz que a mudança do sentido da decisão final do júri foi acolhida com “espanto e indignação”.

“Inexplicavelmente, o júri alterou a sua posição invocando razões inaceitáveis para exclusão das nossas propostas, facto que, consequentemente veio a favorecer o concorrente JCDecaux“, sublinha o grupo publicitário.

O MOP recorda que as duas propostas apresentadas pelas empresas do grupo tinham sido reconhecidas como as melhores, nos dois lotes do concurso, de acordo com o critério único de adjudicação definido no Caderno de Encargos: o do melhor preço oferecido ao Município de Lisboa.

“O Grupo MOP irá, obviamente, contestar esta decisão, reforçando que tudo fará no sentido da defesa dos seus direitos”, reforça a companhia, que adianta que denunciará a forma como o concurso foi conduzido.

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Presidente do BPI: “Vamos reduzir ainda mais a participação no BFA”

O presidente do BPI garante que o banco vai continuar a reduzir a participação que tem no BFA. Mas não avança um timing para esta diminuição da presença em Angola, recomendada pelo BCE.

O presidente do BPI afirma que a instituição financeira vai continuar a reduzir a presença em Angola, seguindo as recomendações do Banco Central Europeu. Pablo Forero explica que o banco central liderado por Mario Draghi não impôs um timing para esta redução, sugerindo apenas que a participação que o BPI tem no Banco de Fomento Angola (BFA) deve ficar abaixo dos 48%.

“Temos uma recomendação do BCE para reduzir a participação em Angola. A nossa intenção é diminuir ainda mais”, explica o presidente do BPI na apresentação dos resultados referentes a 2017, quando a instituição financeira registou lucros de 10,2 milhões no ano passado, o que representa uma quebra de 96,7% em relação aos 313,2 milhões de euros que tinha registado em 2016. Isto num ano em que ainda contou com o contributo do BFA.

Temos uma recomendação do BCE para reduzir a participação em Angola. A nossa intenção é de diminuir ainda mais.

Pablo Forero

Presidente do BPI

A penalizar os resultados do banco liderado por Pablo Forero estiveram as rescisões e a venda do BFA, segundo a informação enviada, esta terça-feira, à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). O programa de rescisões e de reformas antecipadas voluntárias teve um custo de 78 milhões de euros no ano passado. Por outro lado, a venda de 2% do capital do BFA à Unitel teve um impacto negativo de 320 milhões para as contas do BPI.

“As boas notícias é que não temos uma data limite” para diminuir a presença em Angola, explica Forero. Ou seja, o BCE não incluiu na sua recomendação um prazo para que esta redução aconteça. A única indicação é de que esta participação tem de ficar abaixo de 48%, refere o presidente do BPI. É uma participação razoável? Forero refere apenas que ainda “não há uma decisão sobre isso, uma vez que a venda aconteceu há um ano”. “Ainda é um bocadinho cedo”, diz.

No entanto, esclarece, esta diminuição da presença “não muda a relação do BPI com o BFA“. Forero refere ainda que a liderança de João Lourenço também não influencia a estratégia do banco. “A nossa estratégia em Angola é reduzir a participação e apoiar a equipa do BFA.”

Sobre a possível mudança de marca do BPI, o presidente da instituição financeira diz: “Não vamos mudar a marca em Portugal. Os clientes gostam e confiam na marca”. O objetivo, agora, é fazer com que o banco “cresça mais e mais rápido”, que “ofereça mais produtos atrativos aos clientes” e que consigam fazer “mais investimentos mais rápido.

Emitir para responder às exigências dos reguladores? Não em 2018

Os bancos europeus vão ter de emitir dívida para satisfazer os requisitos europeus, conhecidos como MREL. Mas o BPI não vai avançar já com esta emissão. “Quando fazemos os nossos orçamentos consideramos que não é preciso fazer nenhuma emissão de MREL em 2018”, explica Pablo Forero.

Segundo o presidente do BPI, “as indicações que recebemos é que o draft final será mais positivo para os bancos comerciais europeus”. Ou seja, menos exigente. E “que os bancos vão ter mais tempo” para responder a estas exigências.

(Notícia atualizada às 17h47 com mais detalhes)

 

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