Mais sobreendividados recorrem à Deco. Mas chegam mais cedo

Até outubro, o Gabinete de Apoio ao Sobreendividado da Deco recebeu 26.180 pedidos de ajuda de pessoas com dificuldades no pagamento dos créditos. São mais 100 pessoas face ao período homólogo.

A situação económica do país melhorou, mas o número de pessoas com dificuldade em cumprir o pagamento dos créditos não segue a mesma tendência. Este ano, chegaram ao Gabinete de Apoio ao Sobreendividado (GAS) da Deco mais 100 pedidos de ajuda face ao mesmo período de 2017. Mas o balanço não é totalmente negativo. Os pedidos de apoio chegam mais cedo àquele gabinete.

Na data em que se celebra o Dia Mundial da Poupança, a associação de consumidores divulga que até outubro, 26.180 famílias recorreram ao GAS em busca de apoio para resolverem as suas situações de sobreendividamento. Este número representa um aumento de 100 face aos 26.080 pedidos acolhidos por aquele gabinete no mesmo período do ano passado. E compara ainda com um ano de 2017 em que o número total de pedidos de ajuda tinha encolhido face ao ano anterior: 29.000 face aos 29.530 registados em 2016.

Pedidos de ajuda crescem entre 2017 e 2018

* Valores até outubro de 2017 e 2018

“A nossa perceção é que há uma maior pressão de pedidos de ajuda e estamos a sentir muitas solicitações nos últimos meses”, começa por dizer Natália Nunes, coordenadora do GAS. A especialista da Deco alerta ainda que “estes dados podem parecer um pouco contraditórios”, atendendo à melhoria de indicadores como a redução do desemprego, mas salienta que atualmente “existem outras causas” por detrás dos casos de sobreendividamento.

"A nossa perceção é que há uma maior pressão de pedidos de ajuda e estamos a sentir muitas solicitações nos últimos meses.”

Natália Nunes

Coordenadora do GAS da Deco

“Desde logo, a deterioração das condições laborais, como os contratos precários e a termo, com impacto negativo no rendimento das famílias”, começa por justificar, acrescentando ainda uma realidade que ganhou relevância no conjunto de situações mais referidas pelos consumidores queixosos. Nomeadamente, os negócios e investimentos malsucedidos que estão na base de 6% dos pedidos de apoio acolhidos nos primeiros dez meses do ano.

Histórico de pedidos de ajuda

Fonte: Deco

“São pessoas que confrontadas com o desemprego tentaram criar o seu próprio negócio, mas acabaram por entrar em dificuldade”, explica Natália Nunes que salienta ainda o aumento dos casos relacionados com a perda de rendimento resultante da passagem à reforma: 2% do número total de casos.

Contudo, na liderança dos pedidos de ajuda mantêm-se as situações de desemprego que estão por detrás de 20% dos pedidos de apoio, ainda assim abaixo dos 30,1% registados no ano passado. Por sua vez, a deterioração das condições de trabalho são a segunda causa, representando 19% das situações, o que compara com 23,4% dos casos em 2017.

Pedidos de ajuda chegam mais cedo

Mas os dados do GAS também dão sinais positivos. Especificamente, o aumento de casos em que os pedidos de ajuda chegam ainda antes da entrada em situações de incumprimento. Do total de pedidos de ajuda recebidos, 51% diziam respeito a famílias que ainda mantinham os créditos regularizados. Trata-se da proporção mais elevada desde pelo menos 2011, o primeiro do histórico disponibilizado por aquele gabinete. Nesse ano eram apenas 29% os casos semelhantes, enquanto que em 2017 a proporção foi de 45%.

"A informação que as pessoas têm poderá ser determinante, bem como o facto de ser uma matéria tão debatida, no sentido de as levar a procurarem ajuda mais cedo.”

Natália Nunes

Coordenadora do GAS da Deco

Natália Nunes vê essa situação como o resultado de uma maior consciência das famílias relativamente aos riscos associados ao sobreendividamento. “Acredito que seja esse o caso. A informação que as pessoas têm poderá ser determinante, bem como o facto de ser uma matéria tão debatida, no sentido de as levar a procurarem ajuda mais cedo“, diz a esse propósito, salientando contudo que a “pressão da banca também pode ter esse efeito.

Regresso ao passado à vista?

Entre os dados compilados pelo GAS também é notório o “peso dos excessos” cometidos antes da crise financeira, especificamente no que respeita ao crédito à habitação. Cada processo aberto por aquele gabinete tem associado, em média, cinco créditos, sendo um deles para a compra de casa, dois créditos pessoais e dois relacionados com cartões de crédito.

Contudo, no que respeita ao crédito à habitação, quase quatro em cada dez processos (39%) dizem respeito a contratos celebrados no período entre 2006 e 2010, altura em que os bancos tinham a torneira do crédito bem aberta.

"Para nós que estamos particularmente preocupados com o crédito à habitação, e apesar dos juros historicamente baixos, é preocupante ver que temos situações que dizem respeito a empréstimos realizados no ano passado.”

Natália Nunes

Coordenadora do GAS da Deco

Mas Natália Nunes já encontra alguns sinais de alerta associados aos empréstimos realizados mais recentemente, tanto para a compra de casa, como para consumo. “Para nós que estamos particularmente preocupados com o crédito à habitação, e apesar dos juros historicamente baixos, é preocupante ver que temos situações que dizem respeito a empréstimos realizados no ano passado”. Do total de processos de 2018 da Deco, 4% dizem respeito a créditos à habitação celebrados no ano passado.

A especialista não avança um número, mas alerta que no caso do crédito pessoal a proporção é ainda mais elevada. Neste âmbito revela especial preocupação com os empréstimos disponibilizados online. “Estamos a assistir a novas formas de contratação que nos podem trazer problemas nos próximos tempos“, avisa.

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Governo já fez o Orçamento para 2019. Você sabe fazer o seu?

A elaboração de um orçamento familiar é uma das ferramentas mas importantes para garantir a saúde das finanças pessoais. Conheça seis etapas essenciais para a sua elaboração.

A rotina repete-se. Todos os anos, o Governo constrói o Orçamento do Estado para o ano seguinte. São páginas e páginas de um documento que reúne a previsão de receitas e despesas que irá servir de guião para a gestão das finanças públicas do país no ano seguinte. Há semelhança do Estado, a elaboração de um orçamento familiar é possivelmente uma das ferramentas mais importantes para garantir uma gestão equilibrada das finanças do agregado.

Mas a importância dessa construção ainda passa ao lado de muitas famílias. Algo que é comprovado no último Inquérito à Literacia Financeira da população portuguesa, relativo a 2015. Segundo esse inquérito da responsabilidade do Banco de Portugal, quase 30% dos portugueses não fazem qualquer planeamento do seu orçamento familiar.

E, contrariamente ao que acontece no Orçamento do Estado, não se trata de um exercício difícil. Fique a conhecer em seis passos, aqueles que são as principais etapas a ter em conta na elaboração de um orçamento familiar.

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Portugueses poupam 48 cêntimos em cada dez euros

Há um ditado popular que diz que "no poupar é que está o ganho". Mas a subida de rendimentos no pós-troika não se traduziu em mais reservas. Pelo contrário, os portugueses nunca pouparam tão pouco.

Os portugueses nunca pouparam tão pouco e o que optam por pôr de lado do seu orçamento é menos de metade do que conseguem fazer os cidadãos da zona euro. Esta é a fotografia tirada pelo Eurostat à evolução da taxa de poupança entre 2000 e 2017 em Portugal e nos restantes países do espaço da moeda única.

No ano passado, em cada dez euros de rendimento, as famílias portuguesas punham de lado 48 cêntimos. Na Zona Euro, em cada dez euros, quase 1,20 euros eram guardados para fazer face a despesas futuras. Dito de outra forma, a taxa de poupança das famílias era em Portugal de 4,8% em 2017 ao passo que no conjunto de países da Zona Euro a taxa chegava a 11,9% do rendimento disponível.

 

Esta divergência acontece no ano em que Portugal registou o maior crescimento económico desde 2000, três anos depois da saída da troika e com o Executivo liderado por António Costa a aplicar um programa económico de devolução de rendimentos. Ou seja, neste período os portugueses optaram por aumentar o consumo em vez de poupar. O consumo privado cresceu 2,3% face ao ano anterior e juntamente com o investimento e o consumo público deram um contributo de quase metade para o crescimento do PIB.

Rui Constantino, economista-chefe do Santander, explica que “a devolução de rendimentos não se tem materializado numa subida do rendimento disponível, a nível agregado, que permanece num patamar estável face ao PIB”. “A descida do desemprego, a melhoria das condições económicas em geral, por seu lado, permitiu uma recuperação da despesa de consumo, em especial a discricionária, que tinha sido cortada durante a crise, resultando na descida recente da taxa de poupança”, acrescenta. Ou seja, as famílias ainda estarão numa fase de recuperação, impedindo ainda a recuperação da taxa de poupança.

Segundo a série do Eurostat, que permite comparar Portugal com os restantes países da Zona Euro, a capacidade de poupança das famílias portuguesas é a mais baixa desde 2000. Mais: no início do milénio os portugueses poupavam mais do dobro do que poupam agora. Na altura, de lado ficava mais de um euro em cada dez, enquanto agora são só 48 cêntimos.

Poupar é essencial, para gerar o capital que, através do investimento, permita aumentar a capacidade de crescimento da economia portuguesa.

Rui Constantino

Durante a crise económica mundial que se seguiu à falência do Lehman Brothers tanto em Portugal como na Zona Euro as famílias reforçaram as poupanças. A taxa de poupança saltou de 6,8% para 10,4% entre 2008 e 2009 — revelando uma “capacidade de recuperação” que deve ser realçada, argumenta o economista do Santander –, mas a partir daí começou a traçar uma trajetória de descida e nem a estadia da troika entre 2011 e 2014 mudou esta tendência. No ano da “saída limpa”, a taxa caiu para a casa dos 5% e ainda não saiu daí.

Pelo contrário, na Zona Euro a taxa de poupança saltou pouco mais de um ponto entre 2008 e 2009 para 14,1%, mas regressou de seguida aos valores habituais que andam à volta de 12%.

E o que pode explicar o que parece ser uma predisposição tão diferente quanto à poupança entre os portugueses e os seus homólogos no espaço da moeda única? “A decisão de poupança depende de vários fatores, entre os quais o rendimento e o património, real e financeiro, das famílias”, recorda Rui Constantino, que admite que as famílias portuguesas podem olhar para as suas casas próprias como uma outra forma de poupança. “Atendendo a que muitas famílias dispõem de ativos reais (imobiliário) podem considerar que a sua valorização substitui a poupança, na atual fase do ciclo económico”, explica Rui Constantino.

No entanto, o economista não tem dúvidas quanto aos benefícios da poupança e dá uma ideia de quanto todos os agentes deviam poupar para os níveis de investimento voltarem aos patamares em que estavam antes da crise. “Poupar é essencial, para gerar o capital que, através do investimento, permita aumentar a capacidade de crescimento da economia portuguesa. Se quisermos considerar uma taxa de investimento de 25% (níveis pré-crise), a taxa de poupança da economia deveria ser de 25%, sem recurso a endividamento externo. Atualmente, a taxa de poupança agregada (isto é, de todos os setores da economia) situa-se em redor de 17%. Logo, para crescer mais, é necessário poupar mais.”

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Depósitos já não são o que eram. Famílias preferem agora dívida do Estado

Por causa do BCE, os portugueses mudaram os seus hábitos de poupança nos últimos anos. Tradicionais depósitos a prazo já não são opção. Cada vez mais o dinheiro está à ordem ou em dívida pública.

No que toca a poupanças, os últimos anos vieram mudar de forma significativa os hábitos e comportamentos das famílias. Colocar o dinheiro nos tradicionais depósitos a prazo há muito que deixou de ser uma opção rentável, sobretudo por causa da ação do Banco Central Europeu (BCE). Cada vez mais os aforradores preferem até deixar o dinheiro “parado” no banco, mesmo que isso signifique perder dinheiro. Na ausência de soluções de investimento atrativas nos bancos, é o Estado quem mais tem captado a atenção (e as poupanças) dos portugueses.

Os dados oficiais comprovam esta mudança nos hábitos de poupança. Desde 2014, os bancos viram desaparecer cerca de dez mil milhões de euros nos seus depósitos a prazo, em virtude das remunerações cada vez mais baixas que estes produtos de poupança de longo prazo oferecem. E tudo por culpa do BCE. A instituição liderada por Mario Draghi tem promovido um ambiente de juros baixos nos últimos anos para reanimar a atividade económica na Zona Euro, deixando os bancos comerciais sem outra opção senão baixar as taxas dos produtos de poupança mais tradicionais para níveis deprimentes e afastando qualquer interessado em poupar por esta via.

Aparentemente, uma parte deste dinheiro tem sido canalizada para os depósitos à ordem, onde o saldo engordou quase 20 mil milhões de euros no mesmo período. Feitas as contas, mais de um terço dos depósitos bancários estão à ordem, correspondendo a cerca de 51 mil milhões de euros (contra os 90 mil milhões depositados a prazo), refletindo também as políticas de captação de clientes mais agressivas dos bancos por via de juros à ordem mais atrativos. Mas compensa?

Para onde vão os depósitos?

Fonte: Banco de Portugal | *dados até agosto 2018

“Pensando numa poupança a curto prazo, a melhor opção será um depósito bancário: o melhor depósito de curto prazo rende 0,9% em termos líquidos”, responde afirmativamente António Ribeiro, economista da Deco.

A melhor taxa do depósito à ordem não deixa de ser ainda assim inferior à inflação (acima de 1%), ou seja, isto significa perda real para o aforrador face à tendência de subida geral dos preços. Mas comparando com os depósitos a prazo, os depósitos à ordem acabam por ser um mal menor. “Os depósitos de longo prazo têm taxas de juro mais baixas do que a curto prazo porque não há sinais de subida dos juros do BCE”, acrescenta o responsável da associação de defesa do consumidor.

O cenário muda de figura quando falamos de um horizonte temporal mais alargado. E aqui os produtos de poupança do Estado têm sido a estrela da companhia que tem guiado os investidores rumo a remunerações, em alguns casos, “astronómicas” — basta ver aquilo que oferecem os primeiros Certificados do Tesouro Poupança Mais (CTPM) emitidos há cinco anos e que estão a dar agora a chegar ao fim da maturidade com uma taxa de 7%.

Não tendo o mesmo risco que os depósitos (estes estão cobertos pelo fundo de garantia de depósitos até 100 mil euros por conta), estes produtos do Estado têm características que se ajustam ao típico perfil de investidor mais conservador — exceção para as Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (ORTV) que apresentam condições diferentes.

CA+CT+OTRV=36 mil milhões para o Estado

Fonte: IGCP

Segundo os dados do IGCP, os portugueses têm aplicados 36 mil milhões de euros em produtos de dívida pública: sejam certificados de Aforro (11,8 mil milhões), certificados do Tesouro (16,3 mil milhões) e OTRV (oito mil milhões).

Isto significa que cerca de 15% da dívida pública está nas mãos de particulares, que procuram cada vez mais o Estado para aplicar as suas poupanças. Mas mesmo na oferta do lado público cada caso é um caso de investimento e as preferências das famílias também estão a mudar de forma bem visível.

Há dois anos que a subscrição de certificados de Aforro está em queda, por causa da baixa remuneração que se pode extrair deste produto comparativamente a outros aplicações financeiras. Embora os certificados do Tesouro tenham vindo a ganhar maior expressão junto dos aforradores nacionais ultimamente, os atrativos CTPM (substituídos no ano passado pelos Certificados do Tesouro Poupança Crescimento, que dão uma taxa média de 1,35% ao longo dos sete anos de investimento) estão agora a terminar a maturidade e tudo aponta para uma inversão de ciclo com subscrições líquidas negativas.

Aliás, para próximo ano, o Governo prevê que os certificados venham a dar um contributo negativo para o financiamento do Estado em 1.000 milhões de euros, que serão compensados pelas OTRV na mesma dimensão.

Ainda assim, apesar da menor atratividade, a Deco diz que os CTPC “no contexto atual, podem ser uma opção se o seu objetivo é aplicar a longo prazo sem risco”.

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Primeiros CTPM chegam ao fim. Estado paga hoje 30 milhões, mas reembolsa 650 milhões até ao fim do ano

Chegam ao fim os primeiros Certificados do Tesouro Poupança Mais e, com isso, o Estado vão ter de devolver 30 milhões já hoje e mais 620 milhões até final do ano.

Lançados há exatamente cinco anos, os primeiros Certificados do Tesouro Poupança Mais (CTPM) chegam hoje à maturidade com um rendimento invejável de quase 7%. Para os aforradores que apostaram neste produto de dívida pública trata-se de um pequeno “jackpot” face ao cenário de rendibilidades deprimidas da generalidade das aplicações financeiras. Para o Estado nem tanto: vai ter de abrir os cordões à bolsa e devolver aos investidores mais de 30 milhões de euros só hoje e outros 620 milhões até final do ano. Isto sem contar com a fatura com juros.

Foi a 31 de outubro de 2013 que os primeiros CTPM foram lançados e logo nesse dia se percebeu que iam captar a atenção (e dinheiro) de muitos investidores. Cerca de 33 milhões de euros foram aplicados nestes títulos logo no dia de estreia, o que levou João Moreira Rato, então presidente do IGCP, a falar de valores “nunca vistos no dia de lançamento de um produto do Estado”.

O interesse manteve-se nos meses imediatamente a seguir: em novembro, o primeiro mês de vida completo dos CTPM, as famílias apostaram 428 milhões de euros; em dezembro, outros 187 milhões foram aplicados nestes títulos de dívida pública, confirmando a popularidade que rapidamente estes certificados granjearam junto dos aforradores nacionais. Agora, com o fim da maturidade destes títulos subscritos há cinco anos, os cofres públicos vão ter de proceder aos respetivos reembolsos que chegarão a 650 milhões de euros até final do ano. Isto sem contar com os juros, cuja fatura será superior a 40 milhões.

Mas o que é que os CTPM tinham? Estes títulos de dívida pública foram criados numa altura de pressão dos investidores internacionais que mantinha Portugal arredado do acesso a financiamento de mercado. Como forma de encontrar soluções de financiamento alternativas, o Governo lançou um novo produto com taxas atrativas. Os CTPM contavam com taxas crescentes que atingiriam nos últimos dois anos do prazo (quarto e quinto) um juro máximo de 5% acrescido um prémio em função do andamento da economia — atualmente nos 1,84%.

Em janeiro de 2015, o Governo reviu as condições dos CTPM, baixando a taxa de juro para níveis, ainda assim, suficientes para continuar a atrair as poupanças dos portugueses. E só no ano passado é que o Executivo descontinuou os CTPM, dando lugar a um novo produto chamado Certificados do Tesouro Poupança Crescimento, com condições ainda mais restritivas face aos anteriores CTPM — taxa de juro média de 1,35% num horizonte de investimento a sete anos.

Atualmente, os portugueses têm 16,3 mil milhões de euros aplicados em certificados do Tesouro, sendo já o produto predileto à frente dos antigos certificados de aforro.

Apesar da popularidade que conquistou nos anos recentes, o Governo espera uma tendência de inversão naquilo que são os investimentos líquidos nos certificados, que deverão dar um contributo negativo para o financiamento do Estado no próximo ano na ordem dos 1.000 milhões. A aposta passará pelas Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV), que vão colmatar a perda líquida com os certificados em 2019.

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5 coisas que vão marcar o dia

Nesta véspera de feriado o dia será marcado pela greve da IP, que vai afetar a circulação dos comboios da CP. As estimativas rápidas do INE e do Eurostat revelam a evolução da inflação neste mês.

Nesta véspera de feriado o dia será marcado pela greve da IP, que vai afetar a circulação dos comboios da CP. As estimativas rápidas do INE e do Eurostat revelam a evolução da inflação neste mês. Uma das empresas cotadas no PSI-20, a Semapa, vai apresentar os resultados relativos ao terceiro trimestre deste ano. Serão ainda conhecidos os indicadores demográficos do país no ano que passou, divulgados pelo INE.

Sem acordo, IP avança para greve

A Infraestruturas de Portugal vai estar em greve nesta quarta-feira. Estarão assegurados os serviços mínimos definidos legalmente, numa decisão subscrita por 14 organizações sindicais. Mas vários comboios vão ser suprimidos, e alguns serviços da CP serão também afetados pela paralisação. Os sindicatos reuniram-se com o Governo na terça-feira, com o objetivo de chegar a acordo e evitar a greve, mas sem resultados.

Como evoluiu a inflação em Portugal…

O INE divulga a Estimativa Rápida do Índice de Preços no Consumidor (IPC) e do Índice Harmonizado de Preços no Consumidor para outubro de 2018. Em setembro os preços aumentaram em Portugal. O IPC subiu 1,4% em setembro, face ao mesmo mês de 2017, acelerando face à variação de 1,2% em agosto. Já o índice relativo aos produtos energéticos registou uma diminuição da taxa variação homóloga no mês passado.

… e também na Zona Euro

O Eurostat, gabinete de estatísticas da União Europeia, revela nesta quarta-feira a estimativa rápida da inflação na Zona Euro para outubro deste ano. Em setembro, na Zona Euro, a taxa de inflação anual subiu para os 2,1% face aos 2,0% do mês anterior, segundo a estimativa do Eurostat. A inflação passou assim a meta do BCE, que tem como missão controlar os preços na região da moeda única com o objetivo de manter a inflação “próxima, mas abaixo de 2%”.

Depois da Navigator, Semapa apresenta resultados

Depois de a Navigator ter revelado um aumento de 17,8% nos resultados líquido dos primeiros nove meses, alcançando lucros de 171,8 milhões de euros, é a vez de conhecer os números da Semapa. A “holding” que controla a papeleira, mas também a Secil, é a empresa que se segue na divulgação de contas de janeiro a setembro, sendo que nos primeiros seis meses do ano tinha alcançado lucros de 59,1 milhões de euros.

Indicadores demográficos em Portugal

O Instituto Nacional de Estatística publica a análise dos principais acontecimentos demográficos em Portugal, onde são abordadas temáticas como o volume e estrutura populacional, a natalidade e mortalidade geral, esperanças de vida, nupcialidade e divórcios e migrações internacionais. Numa altura em que várias entidades já indicaram que o envelhecimento da população se apresenta como um risco para as economias, será conhecido o nível a que Portugal segue a tendência.

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Crédito não pára de aumentar. Vícios do passado estão a regressar?

A nova concessão de crédito às famílias continua a crescer. Crédito ao consumo é o que atinge níveis mais elevados e é uma das principais razões de preocupação.

Casa, carro, artigos para o lar ou férias. O percurso para a sua aquisição pelos portugueses passa cada vez mais pelo balcão do banco. Os níveis de concessão de crédito às famílias estão em máximos de pelo menos a década e até o “bolo” total dos empréstimos, que encolheu no seguimento da crise financeira, recupera para máximos de dois anos. Face a esse cenário impõe-se a questão: o aumento do crédito é um motivo de preocupação? No crédito ao consumo poderá haver mais.

Os últimos dados disponíveis mostram que, nos oito primeiros meses deste ano, os bancos concederam perto de 11 mil milhões de euros (10.821 milhões de euros) em empréstimos às famílias. Representa um aumento de 18% face ao verificado no período homólogo e é também o mais elevado desde o ano de 2010.

A maior parcela desse montante resulta da concessão de empréstimos para a compra de casa. Entre o início de janeiro e o final de agosto, a banca disponibilizou 6.503 milhões em financiamento para a aquisição de habitação: 24,8% acima do verificado em 2017 e o valor mais alto desde também 2010.

Novo crédito às famílias a crescer

Fonte: Banco de Portugal | Dados até agosto de cada ano

Já no caso do crédito ao consumo, a subida é menos acentuada, mas em valor representa um máximo de mais tempo. Nos primeiros oito meses deste ano, foram concedidos 3.132 milhões de euros em empréstimos para consumo, 17,4% acima do registado no mesmo período do ano passado, com o montante global a ser o mais elevado dos últimos 14 anos (2004). Ou seja, vários anos antes da crise financeira financeira espoletar.

Em paralelo, e após vários anos a encolher perante o fecho da torneira do crédito pelos bancos, o stock do crédito nas mãos das famílias vem a recuperar nos últimos meses, estando atualmente na fasquia mais alta dos últimos dois anos.

Segundo estatísticas do Banco Central Europeu (BCE), em setembro as famílias eram responsáveis por 116.404 milhões de euros em crédito, o valor mais elevado desde dezembro de 2016.

"Era uma questão de tempo até que isso viesse a acontecer. As amortizações dos empréstimos antigos são cada vez menores e, portanto, teria de haver um momento em que as entradas pudessem contar positivamente para o stock de crédito.”

Filipe Garcia

IMF

De forma desagregada, a maior parcela dizia respeito a empréstimos para a compra de casa93.795 milhões de euros –, com este a ser o mais alto desde março. Mas é no crédito ao consumo que se verifica a maior escalada nos montantes. O stock deste tipo de financiamento situava-se em setembro nos 15.039 milhões de euros. Será necessário recuar até outubro de 2011 para ver um valor mais alto.

Stock do crédito ao consumo sobe há 11 meses

Fonte: BCE

Filipe Garcia, economista da IMF, não identifica um problema no que respeita à evolução do stock dos empréstimos nas mãos dos portugueses. Encara aliás como sendo normal.

Era uma questão de tempo“, começa por dizer, explicando que “as amortizações dos empréstimos antigos são cada vez menores e, portanto, teria de haver um momento em que as entradas pudessem contar positivamente para o stock de crédito“. “Estamos a comparar muitas vezes créditos com amortizações já com dez ou 15 anos, com operações novas em que os montantes são mais altos”, complementa.

Crédito ao consumo preocupa mais

Mas no que respeita à nova concessão de empréstimos, a visão do economista já é diferente. Vê o crescimento como “relevante”, mostrando maior preocupação com os empréstimos ao consumo. “Esse, efetivamente, tem aumentado muito“, começa por dizer, atribuindo à banca a maior parcela da responsabilidade por essa evolução.

“Estamos perante um aumento da predisposição dos bancos em emprestar. E é isso que está na génesis deste aumento do crédito. E acho que isso é um risco“, avisa.

"Estamos perante um aumento da predisposição dos bancos em emprestar. E é isso que está na génesis deste aumento do crédito. E acho que isso é um risco.”

Filipe Garcia

IMF

Enquanto o quadro económico for favorável não são apontadas grandes razões de preocupação. A economia cresce e o desemprego está em mínimos de 16 anos. Contudo, uma inversão desse cenário pode representar riscos elevados, sobretudo para o crédito ao consumo cujo risco está muito relacionado com o desemprego.

“Se houver uma crise, naturalmente há alguns receios que se volte a repetir o cenário de pessoas sobreendividadas e a perderem os ativos, porque normalmente quem recorre ao crédito ao consumo tende a encostar os valores das prestações à sua disponibilidade financeira“, contextualiza.

"Contrai-se um crédito, atrasa-se umas prestações, depois substitui-se isso com o cartão de crédito e depois cancelam o cartão de crédito. Quando as pessoas dão por si estão a entrar numa agência bancária para fazer uma reestruturação do seu crédito.”

Filipe Garcia

IMF

E perante essa realidade, basta um pequeno deslize para criar uma bola de neve nos níveis de incumprimento. “Muitas vezes, um grande problema começa com um crédito pequeno e de uma forma inocente”, começa por dizer o responsável da IMF. “Contrai-se um crédito, atrasa-se umas prestações, depois substitui-se isso com o cartão de crédito e depois cancelam o cartão de crédito. Quando as pessoas dão por si estão a entrar numa agência bancária para fazer uma reestruturação do seu crédito”, dá como exemplo.

Têm sido, aliás, vários os responsáveis a alertarem para os riscos associados ao elevado endividamento das famílias e em especial no que respeita ao crédito ao consumo. Há cerca de um mês, Mourinho Félix, secretário de Estado Adjunto e das Finanças, alertou que o “crédito ao consumo deve ser seguido com muita atenção”.

Mais recentemente foi a vez de Luís Máximo dos Santos, vice-governador do Banco de Portugal também se focar nesse assunto. Lançou “farpas” ao atribuir à queda dos salários, mas também ao “hiperdesenvolvimento” da banca, a responsabilidade pela expansão dos níveis do crédito ao consumo.

A banca tem aliás focado muitas das suas campanhas promocionais na disponibilização de crédito ao consumo. Basta visitar os sites dos bancos, ver ou ouvir a publicidade nas televisões ou nas rádios para constatar essa aposta.

Subida dos juros expõe crédito à habitação

No que respeita ao crédito para a compra de casa, também têm surgido alguns alertas por parte dos responsáveis. Este tipo de empréstimos é, aliás, um dos principais alvos de um conjunto de recomendações do Banco de Portugal que os bancos tiveram de passar a adotar no início de julho e cujo objetivo é prevenir situações de sobreendividamento.

"No caso do crédito à habitação, hoje estamos a falar de um maior conservadorismo nas avaliações. Nem sempre se consegue 100% do crédito e os spreads já são um pouco mais altos.”

Filipe Garcia

IMF

Filipe Garcia considera que ainda assim os bancos estão a ser mais cautelosos nessa disponibilização face ao que aconteceu antes da crise financeira. “No caso do crédito à habitação, hoje estamos a falar de um maior conservadorismo nas avaliações. Nem sempre se consegue 100% do crédito e os spreads já são um pouco mais altos”, considera o economista.

Mas esse segmento de crédito não é imune a riscos. Os maiores motivos de preocupação estão na subida dos juros de referência. “O risco para as pessoas é a subida das taxas de juro. Estamos a falar de indexantes a 0%, com spreads em torno de 1,5%. Se as taxas vierem para valores de 3%, já vamos ter juros de 5%”, alerta, recomendando assim que os clientes prestem sempre atenção às análises de resistência a flutuações das taxas de juro de 2% ou 2,5% quando fazem um crédito para a casa.

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Quer poupar na fatura da eletricidade? Galp e GoldEnergy são as mais baratas

As operadoras que praticam os preços mais baratos para cada tipo de consumidor são as mesmas quer apenas para eletricidade, quer se juntar gás natural à fatura, segundo as comparações da ERSE.

Qual o operador que oferecem a maior poupança na fatura da energia? Depende. A Galp é a mais barata para os consumidores com um agregado familiar maior, seja apenas na eletricidade, seja com luz e gás natural. Já para as casas que gastam menos, por exemplo o lar de um casal sem filhos, é a GoldEnergy que oferece as propostas mais económicas.

As comparações são feitas pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) num boletim, onde se analisam as ofertas comerciais disponíveis no mercado retalhista de eletricidade, para o terceiro trimestre deste ano — utilizando como referência os valores praticados na última semana de setembro.

Para elaborar esta comparação, a ERSE apresenta ofertas para três tipos de consumidores: um casal sem filhos, um casal com dois filhos e um casal com quatro filhos. Quem necessitar apenas de eletricidade tem disponíveis 18 comercializadores, enquanto aqueles que quiserem ofertas duais, para eletricidade e gás natural, podem escolher entre seis operadoras. Os valores referidos para a fatura anual não incluem taxas e impostos.

Para casais com filhos, a Galp dá a fatura mais barata

A GoldEnergy oferece a fatura mais barata para um casal sem filhos. O consumidor pode pagar pela eletricidade 325 euros por ano com esta operadora, de acordo com os preços praticados na última semana de setembro, recolhidos pela ERSE. A diferença para a oferta mais cara, da LogicaEnergy, é de 82 euros anuais nas ofertas mono.

Ofertas comerciais para o consumidor tipo 1ERSE

 

Já a Galp é a melhor escolha para um casal com dois filhos, o consumidor tipo 2. A fatura da energia fica com um valor de 844 euros por ano, e o consumidor poupa 128 euros por ano relativamente a um cliente que opta pela oferta mais cara, da espanhola Audax.

Ofertas comerciais para o consumidor tipo 2ERSE

Finalmente um agregado familiar maior, por exemplo um casal com quatro filhos, deve optar pela Galp se quiser a opção mais barata. O valor é, no entanto, superior aquele que era praticado nos trimestres anteriores pela Endesa. As despesas em eletricidade para o consumidor deste tipo totalizariam os 1.816 euros por ano. Relativamente à opção mais cara, oferecida pela Alfa Energia, a poupança é de 268 euros por ano na eletricidade.

Ofertas comerciais para o consumidor tipo 3ERSE

 

Também precisa de gás natural? As escolhas são as mesmas

Os casais que necessitam de eletricidade e gás natural terão despesas de 430 euros por ano se optarem pela GoldEnergy. É uma diferença de 89 euros, para a Rolear, que pratica os preços mais altos neste caso.

Ofertas duais para o consumidor tipo 1ERSE

No que toca ao consumidor tipo 2, numa casa com quatro pessoas, a oferta dual, que inclui também gás natural, fixa-se nos 1.033 euros por ano, na Galp. A diferença para o preço máximo, praticado pela mesma operadora, é de 168 euros.

Ofertas duais para o consumidor tipo 2ERSE

As famílias maiores, que registam um volume de consumo mais expressivo, terão a fatura mais barata com a Galp se necessitarem de uma oferta dual. No fim do ano, a despesa pode chegar aos 2.165 euros com a operadora, numa diferença de 354 euros para o preço mais alto verificado.

Ofertas duais para o consumidor tipo 3ERSE

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“Caçadores de pechinchas” animam Wall Street. Índices sobem mais de 1%

Os investidores aproveitaram as desvalorizações recentes para comprar títulos a preços mais baixos do que o normal, o que animou a negociação. Os índices subiram mais de 1%

As quedas recentes sentidas nos mercados norte-americanos criaram oportunidades. Os investidores aproveitaram as desvalorizações recentes para comprar títulos a preços mais baixos do que o normal, o que animou a sessão. Wall Street encerrou com ganhos de mais de 1%.

As tecnológicas e, nomeadamente, fabricantes de chips, foram das empresas mais procuradas pelos “caçadores de pechinchas”, permitindo ao Nasdaq valorizar 1,58% para os 7.161,65 pontos.

A Intel valorizou 5,20% nesta sessão, para os 47,76 dólares. A Apple, que apresentou nesta terça-feira novos iPads, com novidades como cantos mais redondos e o fim do botão “home”, também foi uma das beneficiadas. Os títulos da empresa liderada por Tim Cook subiram 0,50% para os 213,30 dólares.

O S&P 500, principal índice de referência, somou 1,56% para os 2.682,63 pontos. Já o Dow Jones terminou a sessão a subir 1,77%, para os 24.874,64 pontos, com a McDonalds a destacar-se ao somar 3,04% para os 178,49 dólares. Também a Coca-Cola valorizou 2,56% nesta sessão, para os 47,63 dólares.

A Boeing, que tinha sido das mais afetadas pelos receios à volta das negociações norte-americanas com a China, recuperou depois de Trump dizer que estava confiante que iam chegar a um bom acordo. As ações da empresa subiram 4,14% para os 349,91 dólares.

O grupo norte-americano General Electric contrariou a tendência, ao afundar 8,29% para os 10,18 dólares, depois de ter divulgado perdas de 22.808 milhões de dólares no terceiro trimestre que atirou os dividendos para apenas um cêntimo. Anunciou ainda uma reorganização da divisão de energia.

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Carioca e Chicago boy, Paulo Guedes é o novo superministro da economia do Brasil

Paulo Guedes é um economista liberal que defende um Estado mínimo e a redução da dívida pública, através de privatizações. Vai estrear-se na política em grande, à frente de um superministério.

Conhecido como o “guru” económico de Jair Bolsonaro, do Partido Social Liberal (PSL), Paulo Guedes, 69 anos, é o novo ministro da Economia brasileiro. É ele que ficará à frente de um “superministério”, que reúne quatro pastas: a da Fazenda (Finanças), do Planeamento, da Indústria e a do Comércio. Segundo Bolsonaro, com menos ministérios “o país funcionará melhor”. As instituições financeiras federais passarão a responder a este novo ministério.

É em Guedes que recai agora a difícil tarefa de tirar o país de dois anos de recessão e de baixo crescimento. Mas quem é o novo “superministro” brasileiro?

Com um percurso académico rico, Paulo Guedes é, essencialmente, um economista liberal que defende um Estado mínimo. Esta será a sua estreia na política, e em grande, ao lado de um governo de extrema-direita que arranca a conferir-lhe muito poder.

De assessor prático a “superministro

Sem nenhum cargo político no currículo, Paulo Guedes estreou-se ao lado do presidente eleito do Brasil durante a campanha de 2018, como principal assessor económico. Ficou conhecido pela alcunha de “Posto de Ipiranga”, por ser a referência para qualquer questão económica levantada a Bolsonaro. “Na verdade, não entendo de economia”, chegou a confessar o presidente eleito, em declarações ao jornal O Globo.

Guedes é um economista liberal, que defende a intervenção mínima do Estado. Uma das suas medidas passa por vender todas as empresas estatais, sem restrições. Contudo, Bolsonaro tenciona preservar as que considera “estratégicas”, como a Petrobrás, o Banco do Brasil e a Caixa Económica, segundo a BBC.

Após a vitória de Bolsonaro no domingo, o ministro anunciou que este Governo vai mudar o modelo de economia do Brasil com um grande programa de privatizações e com um maior controlo da despesa pública.

“O Brasil teve 30 anos de gastos públicos descontrolados, (…) seguindo um padrão que corrompeu a política e causou um aumento de impostos, taxas de juros e dívidas, como uma bola de neve”, disse numa recente conferência de imprensa no Rio de Janeiro.

Entre os desafios que Guedes enfrenta agora está a diminuição do défice orçamental e da dívida pública, que corresponde a 77,3% do PIB atualmente, e que, poderá chegar a 140% em 2030, segundo o Banco Mundial.

Paulo Guedes revelou que o governo se vai focar, até assumir funções, em janeiro, na reforma da previdência (pensões) — uma medida impopular, mas considerada crucial pela comunidade empresarial para reduzir a dívida. Também defendeu uma “aceleração do ritmo das privatizações” lançado sob o governo do atual Presidente, Michel Temer, que já havia lançado medidas de austeridade no final de 2016, mas não conseguiu a aprovação da reforma da previdência.

Chicago boy

Nascido em 1949, carioca, Paulo Guedes é mestre em Economia pela Fundação Getúlio Vargas, do Rio de Janeiro. Aos 25 anos seguiu para os Estados Unidos para se doutorar em política fiscal na Universidade de Chicago. O economista, que até à data era um “keynesiano” — defensor das ideias de John Keynes e da intervenção do Estado na economia –, saiu de Chicago convertido num ultraliberal e num entusiasta do mercado livre.

Os seus ideais ultraliberais valeram-lhe a alcunha de “Chicago boy“, uma denominação depreciativa dada aos conselheiros económicos vindos das universidades. Na década de 80, Guedes chegou a dar aulas na Universidade do Chile, em plena ditadura militar, com Augusto Pinochet no poder.

De volta ao Brasil, dedicou-se essencialmente ao mercado financeiro. É sócio e um dos fundadores do Banco Pactual e sócio maioritário do grupo BR Investimentos. Guedes é conhecido por ser um “camaleão da oratória”, segundo a Folha de São Paulo, por ter um discurso fácil e fluído, passando ao lado do “chavão” de tecnocrata.

Foi ainda professor na Fundação Getúlio Vargas e na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e já foi colunista dos jornais O Globo, Folha de São Paulo e das revistas Época e Exame.

Também é um dos fundadores do Instituto Millenium, uma entidade sem fins lucrativos que defende o Estado de Direito, as liberdades individuais, a meritocracia, a democracia representativa e a igualdade perante a lei.

Atualmente, Guedes está a ser alvo de, pelo menos, três investigações por parte do Ministério Público Federal brasileiro. Em causa estarão suspeitas de irregularidades na gestão financeira de fundos de investimento. O economista já negou as acusações.

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Governo admite discutir alargamento da redução do IVA dos espetáculos mas exclui tauromaquia

  • Lusa
  • 30 Outubro 2018

A nova ministra da Cultura, Graça Fonseca, abre a possibilidade de discutir em especialidade o alargamento dos espetáculos abrangidos pela redução do IVA de 13% para 6%, com a exceção das touradas.

A ministra da Cultura admitiu esta terça-feira discutir em sede de especialidade do Orçamento um eventual alargamento dos espetáculos abrangidos pela redução do IVA de 13% para 6%, mas excluiu a tauromaquia por ser uma questão de civilização.

Estas posições foram transmitidas pela nova ministra Graça Fonseca na parte final do segundo e último dia de debate na generalidade da proposta de Orçamento do Estado para 2019, depois de ter sido confrontada com críticas do BE, PCP, mas sobretudo do CDS-PP, face ao caráter limitado da medida que reduz o IVA dos espetáculos, deixando de fora, por exemplo, espetáculos em recintos abertos.

“A proposta do Governo representa uma melhoria face ao que atualmente existe. Temos estado a ouvir várias intervenções [políticas] e agentes do setor. Eu própria irei reunir com alguns durante esta fase. Esta é já uma melhoria e o resto discutiremos em sede de especialidade“, começou por responder a titular da pasta da Cultura.

Já sobre a queixa da deputada do CDS-PP Vânia Dias da Silva por a descida do IVA excluir a tauromaquia, acusando o Governo de “discriminação” e de imposição de uma “ditadura do gosto”, Graça Fonseca reagiu: “Senhora deputada [do CDS-PP] a tauromaquia não é uma questão de gosto, é uma questão de civilização e manteremos como está“.

Antes de transmitir esta posição sobre a tauromaquia, que motivou protestos entre deputados das bancadas do CDS-PP e do PSD, mas também, em simultâneo, aplausos à esquerda, Graça Fonseca ouviu a deputada socialista Edite Estrela defender o caráter seletivo da medida de redução do IVA.

Numa alusão aos principais festivais internacionais de música que se realizam em Portugal, assim como à tauromaquia, Edite Estrela referiu que esses espetáculos têm uma elevada procura e, como tal, não precisam de um incentivo do Estado para a sua promoção. “A exceção feita à tauromaquia está muito bem assim”, sustentou a dirigente socialista.

Na sua intervenção inicial, a ministra da Cultura estabeleceu entre as suas prioridades a revisão dos modelos de apoios às artes. “Vamos discutir e vamos relançar com base no trabalho já realizado – um trabalho que reuniu representantes de cerca de 900 agentes culturais. Esse é um trabalho que prosseguiremos como prioridade ao longo do próximo mês”, frisou.

Já sobre a RTP, a titular da pasta da Cultura considerou que a empresa “detém agora um financiamento estável e está recentrada na lógica do serviço público com uma programação diferenciada dos privados”.

Na parte política da sua intervenção, Graça Fonseca acusou o anterior Governo PSD/CDS-PP de ter “cortado 35%” nas transferências para o setor da Cultura entre 2011 e 2015, reduzindo esta área a uma Secretaria de Estado. “Nesta legislatura, o Orçamento aumentou 38% e, em 2019, regista-se o maior aumento com uma subida de 13% face a 2018”, contrapôs.

O PSD, por intermédio do deputado José Carlos Barros, apontou que o facto de Graça Fonseca ser a terceira ministra do executivo minoritário socialista nesta legislatura “traduz o fracasso da política do Governo neste setor”.

Vânia Dias da Silva classificou como “um embuste, um logro e uma armadilha” a ideia de que o IVA dos espetáculos vai descer, adiantando que, em sede de especialidade, o CDS-PP vai apresentar uma proposta de alteração ao Orçamento para repor o nível de fiscalidade que existia em 2011.

Neste mesmo ponto, o deputado do BE Jorge Campos defendeu que a medida do Governo para a redução do IVA dos espetáculos foi “mal desenhada” e deixou uma pergunta: “Será que um espetáculo, tendo por base o mesmo bem cultural, por se realizar em recintos distintos, vai ter uma fiscalidade distinta?”.

Além desta questão do IVA dos espetáculos, a deputada do PCP Ana Mesquita interrogou-se sobre qual a estratégia para o Governo para atingir a meta de 1% das suas transferências para o Ministério da Cultura e de 25 milhões de euros para o apoio às artes.

Em relação à revisão do modelo de apoio às artes, a deputada comunista advertiu que, entre outros aspetos, o Governo terá de adotar como objetivo central “o combate a precariedade” no setor.

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Jerónimo Martins aumenta lucros. Fica perto dos 300 milhões de euros

A retalhista viu os lucros subirem 2,4% nos primeiros nove meses do ano. As vendas aumentaram 7,3% para 12,8 mil milhões de euros, anunciou em comunicado enviado à CMVM.

A Jerónimo Martins apresentou um lucro de 292 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, mais 2,4% face ao mesmo período do ano passado, anunciou a empresa no comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). As vendas do grupo aumentaram 7,3% e ultrapassaram os 12 mil milhões de euros.

No mesmo documento, Pedro Soares dos Santos sublinha que “o foco inalterado de todas as insígnias no crescimento de vendas e na preferência do consumidor levou ao muito bom desempenho apresentado” neste período.

A retalhista viu ainda o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) crescer 6% para os 709 milhões de euros. “Excluindo o impacto da Ara e da Hebe, o EBITDA aumentou 5,2%”, indica a empresa.

No total, as vendas da Jerónimo Martins aumentaram 7,3% para os 12,8 mil milhões euros, comparando com os 11,9 mil milhões registados no mesmo período do ano passado. Os hipermercados da Biedronka, na Polónia, viram as vendas aumentarem 6,5% para 8,6 mil milhões de euros. “Na Polónia, o setor de retalho alimentar permaneceu altamente promocional e em mudança, à medida que o mercado se continua a adaptar à proibição de abertura de lojas ao domingo”, lê-se no comunicado.

Já em território nacional, as vendas do Pingo Doce cresceram 5,1% para 2,8 mil milhões de euros. Por sua vez, o Recheio “continuou a apresentar um sólido desempenho de vendas com um aumento de 3,5% para 739 milhões de euros”. “Em Portugal, o setor de retalho alimentar continuou a ser altamente promocional, apesar do crescimento do consumo. A inflação alimentar permaneceu baixa em 0,9% nestes nove meses do ano”, indica a retalhista.

Assim como as vendas, também as despesas da Jerónimo Martins subiram. Neste período, o grupo registou um aumento de 10,9% nos custos operacionais para 2.060 milhões de euros.

“O desempenho de vendas alcançado nos três países nestes nove meses do ano fortaleceu as nossas quotas de mercado e reforçou a nossa competitividade”, diz a empresa. Para o próximo ano, “o Pingo Doce e o Recheio manter-se-ão empenhados no reforço das posições de mercado, num ambiente que deverá permanecer favorável no resto do ano“.

(Notícia atualizada às 17h54 com mais informação)

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