Livros digitais representam menos de 1% do mercado em Portugal, mas há “margem para crescer”

Registos, jornais, faturas. O digital vai substituindo o papel, mas parece que os livros ainda são imunes. Em Portugal, ebooks representam menos de 1% do mercado, mas estão a crescer.

No verão, os tempos livres são muitas vezes aproveitados para ler aquele livro que estava na mesa-de-cabeceira a ganhar pó há várias semanas. Na altura de fazer a mala para a praia, se a obra escolhida for volumosa, pode não ser fácil encaixar o livro. Os leitores de livros digitais, conhecidos como eReaders, poderiam ser uma opção mais prática. Mas virar as páginas de um livro e sentir o cheiro do papel é ainda, para muita gente, uma parte essencial da experiência de leitura.

Com a chegada da tecnologia, deu-se a passagem do papel para o digital, algo que se acreditava que iria acontecer também no mercado dos livros. Mas a realidade não parece ser essa, pelo menos em Portugal, onde a versão “analógica” continua a triunfar sobre a mais moderna. Mas é uma tendência que ainda se pode inverter.

“Na década de 90 do século passado, dizia-se que, até 2000, deixariam de existir os livros em papel. Estamos em 2019 e o que se constata é que o papel não só resistiu como, a nível mundial, as vendas de ebooks deixaram de crescer e, em alguns mercados, até diminuíram”, conta Paulo Rebelo Gonçalves, responsável de comunicação da Porto Editora, ao ECO.

A diretora de e-Commerce da Fnac Portugal, Paula Alves, também aponta que o mercado “ainda é muito incipiente”, sendo que o peso dos livros digitais ainda é inferior a 1% do total. Mesmo assim, apesar de continuar com uma base pequena, neste ano a empresa já notou “um crescimento de mais de 35% na venda de ebooks”.

O grupo francês fez, em 2012, uma parceria com a marca de ebooks Kobo, e tem notado que o consumo dos eReaders acompanham as vendas de ebooks. A aposta nestes dispositivos e ebooks continua assim, já que, para a responsável, o mercado tem “bastante margem para crescer”.

Este ano já se fizeram alterações nas lojas da marca francesa em Portugal, para potenciar as vendas no segmento. “Os eReaders estavam junto dos tablets, agora estão ao pé dos livros“, revela Paula Alves, uma mudança subtil mas que pode influenciar a perceção do consumidor em relação a este produto.

O otimismo em relação aos livros digitais não é, no entanto, partilhado por todos. O caso português é mais radical: não há mercado de ebook“, garante Paulo Rebelo Gonçalves. “No início da presente década, já a maioria das editoras portuguesas tinha os seus catálogos disponíveis em ebook – a Porto Editora desde 2008 –, ou seja, o problema não está numa eventual escassez de oferta, mas sim na ausência de procura”, aponta. “A esmagadora maioria dos leitores prefere o livro em papel.”

Já para a responsável do e-Commerce da Fnac, os baixos números de consumo de livros digitais também se devém, entre outras razões, a uma “falta de dinamização do catálogo português de ebooks“. Esta postura terá como base os exemplos da situação que se desenrolou no mercado vizinho, de acordo com o feedback que a Fnac tem tido. “As editoras têm algum receio de que aconteça o que aconteceu em Espanha, onde, quando se democratizaram os ebooks, começou a haver mais pirataria”, explica Paula Alves.

"Ainda não descobrimos como passar o cheiro dos livros no online.”

Paula Alves

Diretora de e-Commerce da Fnac Portugal

Além deste fator, existem também outros, nomeadamente os hábitos de leitura dos portugueses, que estão entre os mais baixos da União Europeia, refere. E, a contribuir também para a fraca adesão, não pode deixar de ser apontado um dos pontos a favor dos livros físicos – o seu cheiro. “Ainda não descobrimos como passar o cheiro dos livros no online“, diz Paula Alves.

Livros digitais são o futuro?

O baixo interesse dos consumidores nos livros digitais não é só registado por cá. “Também nos países que ditam tendências como os EUA e o Reino Unido – onde os ebooks tiveram uma boa adesão e penetração no mercado em torno dos 30% – começou a assistir-se a uma ligeira quebra nas vendas deste tipo de formatos“, aponta o secretário-geral da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), Bruno Pacheco, ao ECO.

De facto, nos Estados Unidos, a popularidade dos ebooks tem vindo a desvanecer, sendo uma tendência que se mantém neste ano, mostram os dados disponíveis. Em janeiro, as vendas de ebooks no país caíram 4,9% em relação ao ano anterior, de acordo com os dados da Associação de Publishers Americanos.

A substituição dos livros em papel pelos digitais é um cenário pouco provável para a associação responsável pela organização da Feira do Livro. “No cenário português, os livros digitais correspondem a menos de 1% do mercado, pelo que não vemos num futuro próximo que essa substituição seja concretizada de forma expressiva”, aponta.

Para o responsável da Porto Editora, “os suportes coexistirão”. “Mas também depende da evolução tecnológica que se testemunhar em relação ao suporte físico”, considera. Não é certo qual terá sido o primeiro livro digital, mas o primeiro dispositivo desenhado para ler estes documentos surgiu em 2004 e não mudou muito desde aí.

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Investidores sobressaltados por novas tarifas da China aos EUA. Petróleo cai 3%

As tarifas anunciadas pela China são de 5% ou 10% num total de 5.078 produtos oriundos dos Estados Unidos, que incluem produtos agrícolas e carros.

A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China continua a escalar. Depois de Donald Trump avançar com outra ronda de tarifas, China anunciou que vai retaliar, e aplicar tarifas sobre bens norte-americanos no valor de 75 mil milhões de dólares. Nos planos está também retomar as tarifas de 25% sobre os automóveis norte-americanos a partir de 15 de dezembro.

As taxas aduaneiras anunciadas são de 5% ou 10% num total de 5.078 produtos oriundos dos Estados Unidos, incluindo produtos agrícolas, pequenos aviões e carros, revelou o ministro do Comércio chinês em comunicado, citado pela Bloomberg (acesso condicionado, conteúdo em inglês).

O anúncio de Pequim apanhou os mercados completamente desprevenidos. Os principais mercados acionistas europeus, que estiveram a manhã a negociar em alta, inverteram repentinamente para terreno negativo, reflexo dos receios dos investidores perante uma nova escalada na disputa comercial entre as duas maiores economias do mundo. O índice de referência europeu, o Stoxx 600, perde 0,25% para 373,36 pontos.

Por cá, o PSI-20 apresenta perdas mais expressivas: cai mais de 1% para 4.805,44 pontos. Todas as cotadas estão a negociar no vermelho, com BCP a recuar 2,5% para 0,2028 euros.

Estas preocupações estenderam-se rapidamente ao mercado petrolífero, onde o barril de Brent desvaloriza quase 2% para 58,83 dólares. Do outro lado do Atlântico, o crude tomba quase 3% para 54,09 dólares.

Algumas das medidas vão entrar em vigor em setembro, enquanto o resto será a 15 de dezembro, um calendário que espelha os planos norte-americanos de aplicar tarifas de 10% em cerca de 300 mil milhões de produtos chineses. A China tinha já avisado que iria retaliar caso os Estados Unidos avançassem com tarifas.

Os negociadores dos dois países terão já falado por telefone, e outra chamada está planeada para os próximos dias. A delegação chinesa deverá viajar até aos Estados Unidos em setembro para um encontro presencial, uma visita que estava já marcada.

(Notícia atualizada às 14h02)

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INEM. Centeno diz que “não é por falta de verbas que as ambulâncias não chegarão”

  • ECO
  • 23 Agosto 2019

O Ministério da Saúde esclareceu que está a avaliar com o Ministério das Finanças o investimento para a compra de novas ambulâncias do INEM. Em causa está a compra de 75 viaturas.

O Ministério da Saúde está a trabalhar com as Finanças para desbloquear a compra de 75 novas ambulâncias para o INEM. A informação foi confirmada esta manhã pelo gabinete de Marta Temido e pelo próprio Mário Centeno, depois de a Lusa ter dado conta que as Finanças barraram a renovação da frota de ambulâncias do INEM afetas aos corpos de bombeiros e a delegações da Cruz Vermelha, que compõem os postos de emergência médica.

“Não é por falta de verbas que as ambulâncias não chegarão”, afirmou o ministro das Finanças, em declarações aos jornalistas, transmitidas pela RTP3, a partir do Tribunal Constitucional, onde Mário Centeno esteve com uma comitiva do PS para entregar as listas de candidatos às eleições legislativas de outubro.

Para a renovação das viaturas, e segundo a Lusa, o INEM apresentou em 2017 um plano plurianual, invocado a “absoluta necessidade de renovação” das ambulâncias, devido à idade das mesmas, muitas delas com mais de 12 anos. O então secretário de Estado Adjunto e da Saúde Fernando Araújo deu aval a este plano e em 2018 foram renovadas 75 ambulâncias dos postos de emergência, ainda entregues pelo anterior ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.

Ministério da Saúde e das Finanças a reavaliar situação

Ao final da manhã, depois de o Partido Socialista ter entregado as listas do PS para as legislativas, o ministro das Finanças sublinhou que no ano passado “o orçamento final do INEM ficou 19% acima daquilo que foi aprovado como votação inicial” e, reforçando o que disse o gabinete de Marta Temido, que os investimentos no INEM são feitos em conjunto pelos dois ministérios.

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Mário Centeno reforçou ainda que durante este ano já foram feitos “reforços relativamente ao orçamento inicial que crescia 12% face ao ano passado”, dando como exemplos o Tufão Idai, em Moçambique, ou o investimento em outras ambulâncias. O ministro esclarece que para 2019 o orçamento do Instituto de Emergência Média cresceu “muito significativamente” e que “há um reforço de 77% no investimento” do INEM.

Já durante da manhã, o Ministério da Saúde tinha garantido estar a ponderar, em conjunto com as Finanças, as decisões de investimento do INEM quanto à compra de novas ambulâncias.

Em resposta enviada à agência Lusa, o gabinete de Marta Temido indicou que “as decisões de investimento são sempre objeto de cuidada ponderação”, sendo “isso que o Ministério da Saúde e o Ministério das Finanças estão a realizar neste caso”.

O Ministério da Saúde acrescenta que “o reforço do orçamento do INEM foi de 11,8 milhões de euros, em 2019”, cerca de 12% face a 2018, aludindo ao investimento realizado “no robustecimento e modernização dos meios de resposta e emergência”.

PSD exige desbloqueio de verbas e pede intervenção de Costa

O PSD veio, entretanto, manifestar “grande preocupação” face ao bloqueio de verbas do INEM, pedindo a intervenção do primeiro-ministro”, para que a verba necessária seja desbloqueada de imediato.

Em declarações à agência Lusa, o deputado Duarte Marques recordou que se trata de dinheiro do orçamento do próprio INEM, através de receitas próprias, e diz que o partido vai enviar perguntas aos ministérios das Finanças e da Saúde.

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“Há cada vez mais condições” para que greve dos motoristas não aconteça, diz Matos Fernandes

  • Lusa
  • 23 Agosto 2019

O ministro do Ambiente e da Transição Energética disse que, neste momento, a declaração de emergência energética não está em cima da mesa.

O ministro do Ambiente e da Transição Energética afirmou esta sexta-feira que “há cada vez mais condições” para que a greve dos motoristas convocada para setembro não aconteça.

“Aquilo que sentimos é que há cada vez mais condições para que a greve não aconteça, porque há outras formas de os trabalhadores poderem defender as suas legítimas aspirações“, disse João Pedro Matos Fernandes, que falava aos jornalistas em Castanheira de Pera, no distrito de Leiria.

Os motoristas de matérias perigosas apresentaram um pré-aviso de greve para o período entre os dias 7 e 22 de setembro, mas desta vez só aos fins de semana e trabalho extraordinário, anunciou o Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP).

O ministro acredita que este sindicato vai acompanhar a postura dos outros dois. Questionado pelos jornalistas, João Pedro Matos Fernandes referiu que, neste momento, a declaração de emergência energética não está em cima da mesa.

“Há um pré-aviso de greve, há uma reunião marcada para segunda-feira entre associação patronal e sindicatos com o objetivo de ver se faz ou não sentido ter serviços mínimos. Isso está onde tem que estar: entre empresas e quem representa os trabalhadores”, acrescentou.

A greve dos motoristas de matérias perigosas, que levou o Governo a adotar medidas excecionais para assegurar o abastecimento de combustível, terminou no domingo, ao fim de sete dias de protesto, depois de o SNMMP, que se mantinha isolado na paralisação desde o dia 15 à noite, a ter desconvocado.

O ministro do Ambiente falava aos jornalistas durante uma visita à intervenção nas galerias ripícolas da Ribeira de Pera, em Castanheira de Pera, concelho afetado pelo grande incêndio de Pedrógão Grande, em 2017. De acordo com João Pedro Matos Fernandes, o programa de intervenção nas zonas ribeirinhas envolve 1.000 quilómetros de ribeiras e rios da rede hidrográfica de 64 municípios afetados pelos grandes incêndios de 2017.

A intervenção prevê o combate de espécies exóticas e invasoras nas zonas ribeirinhas, plantação de autóctones e uso de métodos de engenharia natural. Segundo o ministro, este projeto, com uma dotação de 16 milhões de euros, deverá estar concluído no final do ano e, ao mesmo tempo que promove a qualidade da água e biodiversidade nas galerias ripícolas, compartimenta o território, tornando-o mais resiliente a incêndios.

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Nacionalistas belgas oferecem região da Wallonia a Trump por 1 euro

  • ECO
  • 23 Agosto 2019

Donald Trump não conseguiu convencer dinamarqueses a venderem a ilha da Gronelândia, mas na Bélgica há quem queira vender uma região ao presidente americano. E por apenas um euro.

Donald Trump não conseguiu convencer os dinamarqueses a venderem a ilha da Gronelândia, mas na Bélgica há quem queira vender uma região ao Presidente norte-americano por uma pechincha.

A juventude do partido da direita nacionalista New Flemish Alliance (Nova Aliança Flamenga) propôs a venda da região “francesa” da Wallonia aos EUA por apenas um euro, adianta o site Politico (acesso livre).

A iniciativa surge depois de Donald Trump ter confirmado esta semana que estava interessado em comprar a Gronelândia e o tema estava mesmo na agenda que ia levar na bagagem durante a sua visita oficial à Dinamarca. Entretanto, o Presidente norte-americano adiou a viagem depois de a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, ter considerado a ideia absurda.

Com o negócio da Gronelândia falhado, a Juventude New Flemish Alliance, que defende a separação do estado Flamengo da Bélgica, deixou outra proposta a Trump: “Querido Presidente, um euro e a Wallonia é sua. Ligue-nos“, escreveram no Twitter.

“Estamos a falar de jovens que estão na brincadeira, e os líderes do partido não pensam da mesma forma”, reagiu o antigo presidente do Senado belga, Christine Defraigne, do francês Mouvement Réformateur.

Também do lado francês, Catherine Fonck, do Humanist Democratic Centre, lamentou a iniciativa dos jovens da New Flemish Alliance, referindo que “a sua visão do futuro e da sociedade é má e egoísta”.

“Não tínhamos absolutamente nenhuma mensagem política com isso e não queríamos provocar nada. Foi uma brincadeira, em resposta aos acontecimentos do dia, de uma perspetiva jovem”, explicou depois o presidente da Jota da New Flemish Alliance, Lawrence Vancraeyenest.

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Atividade económica continua estável e consumo privado sobe em julho

  • Lusa
  • 23 Agosto 2019

De acordo com os dados divulgados, esta manhã, pelo Banco de Portugal, em julho, a atividade económica manteve-se estável e o consumo privado aumentou.

O indicador coincidente para a atividade económica manteve-se em julho e o indicador para o consumo privado subiu, divulgou esta sexta-feira o Banco de Portugal (BdP).

Em julho, a taxa de variação homóloga do indicador para a atividade económica manteve-se em 2,0%, tendo os valores de junho, maio e abril sido revistos em baixa para 2,0%. Segundo o BdP, trata-se do “quarto mês consecutivo” em que o indicador para a atividade económica permanece estável.

Já o indicador para o consumo privado aumentou para 2,1% em julho, face aos 2,0% de junho, valor agora revisto em baixa, verificando-se uma revisão em baixa também dos valores de maio, abril e março. De acordo com o BdP, “o indicador coincidente mensal para o consumo privado aumentou, após uma estabilização no mês anterior”.

Considerando o trimestre terminado em julho, a taxa de variação homóloga do indicador para a atividade económica manteve-se em 2,0% (o valor de junho foi revisto em baixa), tendo a variação homóloga do indicador para o consumo privado também permanecido nos 2,0% (face à revisão em baixa do mês anterior para este valor).

Desde o início do ano, a taxa média de variação do indicador coincidente mensal para a atividade económica é de 2,0% (2,1% no período homólogo de 2018), enquanto a do indicador coincidente mensal para o consumo privado é de 2,0% (2,4% em 2018).

Segundo o BdP, os indicadores coincidentes são “indicadores compósitos que procuram captar a evolução subjacente da variação homóloga do respetivo agregado macroeconómico”. O banco central liderado por Carlos Costa refere também que “os valores passados dos indicadores coincidentes podem ser revistos devido quer a revisões estatísticas da informação de base, quer devido à incorporação de nova informação”.

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APG reforça parcerias na comunidade lusófona. Assina protocolo com parceira brasileira

A APG assinou um protocolo de cooperação com a Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH). Juntas querem apostar na certificação na área de R&H e dar mais apoio às empresas nos dois países.

A APG – Associação Portuguesa de Gestão das Pessoas e a ABRH – Associação Brasileira de Recursos Humanos, assinaram a 14 de agosto um acordo estratégico de cooperação tendo em vista um maior aprofundamento da parceria entre as duas associações. O documento foi assinado durante a 45.ª edição do Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas (CONARH), que decorreu em São Paulo, Brasil, pelo presidente da ABRH Brasil, Paulo Sardinha, e pelo vice-presidente da APG, Pedro Ramos.

Com este acordo, as duas associações querem partilhar experiências e apostar na criação de programas de formação e certificação avançada para gestores de recursos humanos nos dois países. Este acordo vem aprofundar a parceria que já existe, no âmbito do envolvimento das duas associações na Confederação dos Profissionais de Recursos Humanos dos Países de Língua Portuguesa (CRHLP), referem em comunicado.

Esta ponte aérea Portugal/Brasil é uma grande oportunidade de se potenciar o que de melhor se faz nos dois lados do Atlântico em matéria de gestão de pessoas e liderança”, destaca o vice-presidente da APG, Pedro Ramos. Esta parceria prevê ainda a criação de programas de pós-graduação, mestrado e doutoramento diferenciados, nas áreas de gestão, gestão de recursos humanos e Lliderança.

Pedro Ramos, vice-presidente da APG – Associação Portuguesa de Gestão de Pessoas (à esquerda) e Paulo Sardinha, Presidente da ABRH – Associação Brasileira de Recursos Humanos – assinaram um acordo estratégico de parceria a 14 de agosto, em São Paulo, Brasil.

A APG e a ABRH querem reforçar a “construção de uma comunidade de R&H cada vez mais forte no mundo lusófono”. Em conjunto, as duas entidades vão apoiar as empresas portuguesas no Brasil, e vice-versa, no desenvolvimento de atividades e apoios específicos às atividades conjuntas a implementar em cada um dos países.

Por isso, o acordo prevê ainda “a organização e promoção de delegações conjuntas para a participação nos principais congressos, encontros e eventos internacionais nos domínios da Gestão das Pessoas”, e a “promoção de partilha de experiências e case studies conjunta em eventos, edições, publicações e outros momentos”.

A parceria tem ainda em vista a conceção e promoção da Sala VIP do Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas (CONARH), que decorre em São Paulo, de 11 a 13 de agosto de 2020, e vai ser dedicado a Portugal.

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Burnout: serviço de apoio telefónico contratado por menos de cinco empresas no primeiro ano de vida

A linha de Assistência Psicológica Telefónica foi lançada em 2017 pela Team24. Questões financeiras das empresas e timidez dos colaboradores são razões apontadas para justificar a fraca adesão.

A linha de Assistência Psicológica Telefónica, lançado em 2017 pela Team24, um projeto para promover bem-estar psicológico nas organizações, foi contratado por menos de cinco empresas no primeiro ano e meio de vida. Esta linha de apoio “é um serviço contratado pela empresa como um benefício extra salarial, para aumentar o salário emocional”, explica Ana Ruivo, gestora de projeto da Team24.

As empresas que estão interessadas em disponibilizar este serviço aos colaboradores podem requisitar este serviço através de um contrato de um ano, que terá um custo médio anual de 20 euros por cada colaborador. A partir desse dia, todos os colaboradores têm acesso a um número de telefone, para o qual podem ligar entre as 9h00 e as 20h00, todos os dias úteis. Do outro lado do telefone estão terapeutas e psicólogos que em casos mais complexos poderão encaminhar para consultas presenciais na Clínica da Mente. Uma das vantagens deste serviço é ser anónimo, confidencial, e poder ser usado durante as pausas ou fora do horário do trabalho.

"As pessoas não verbalizam, têm vergonha, e apesar de ser completamente confidencial e anónimo, acham que de alguma maneira a entidade patronal vai saber quem são ”

Ana Ruivo

Gestora de Projeto Team24

Apesar do custo, as empresas portuguesas parecem estar reticentes em contratar este tipo de serviços. Desde o seu lançamento, a Assistência Telefónica Psicológica está disponível para menos de 1.000 colaboradores em Portugal, sendo que só 10% do total recorre à linha de apoio.

“As pessoas não verbalizam, têm vergonha, e apesar de ser completamente confidencial e anónimo, acham que de alguma maneira a entidade patronal vai saber quem são”, acredita Ana Ruivo.

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As razões mais comuns para estes pedidos de ajuda são “stress, ansiedade, insónia”, revela Ana Ruivo, exatamente alguns dos sintomas da doença burnout. As empresas que contratam este serviço de assistência telefónica têm direito a descontos em consultas de psicoterapia na Clínica da Mente.

Ana Ruivo acredita que este tipo de serviço está ainda a caminho de se tornar sustentável em Portugal. Ainda há pouca procura devido a “questões financeiras” e, porque os gestores “não percebem o retorno do investimento”, pois a “saúde mental é pouco palpável”, frisa.

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Sinais de burnout? Esta linha telefónica de apoio pode ajudar

A Team24, um projeto para promover o bem-estar das organizações, lançou em 2017 a Assistência Psicológica Telefónica. O serviço tem um custo médio anual de 20 euros por colaborador.

Um em cada dez portugueses sofrem de burnout, o síndrome de esgotamento profissional. Esta doença tem impacto na vida dos trabalhadores e, a longo prazo, no saldo da empresa. Foi a pensar em promover a saúde mental nas organizações que a Clínica da Mente criou o Team24. Neste projeto está incluído uma linha de apoio telefónico – a Assistência Psicológica Telefónica. O projeto foi lançado em 2017 com o objetivo de prestar apoio aos colaboradores, de forma fácil e confidencial.

A linha de apoio telefónico para colaboradores é “um serviço contratado pela empresa como um benefício extra salarial, para aumentar o salário emocional”, explica Ana Ruivo, gestora de projeto da Team24. As empresas podem contratar este serviço por um ano, renovável, e por um custo médio anual de 20 euros por colaborador.

A partir desse dia, todos os colaboradores têm acesso a um número de telefone, com atendimento disponível das 9h00 às 20h00 e todos os dias úteis. Do outro lado do telefone estão terapeutas e psicólogos que, em casos mais difíceis, podem encaminhar para consultas presenciais na Clínica da Mente. As razões mais comuns para estes pedidos de ajuda são “stress, ansiedade, insónia”, revela Ana Ruivo, exatamente alguns dos sintomas da doença burnout.

Uma das vantagens deste serviço é ser anónimo e confidencial, podendo ser usado durante as pausas, ou fora do horário do trabalho. Apesar disso, há algum medo de represálias por parte dos colaboradores. “As pessoas não verbalizam, têm vergonha e, apesar de ser completamente confidencial e anónimo, acham que de alguma maneira a entidade patronal vai saber quem são”, explica Ana Ruivo.

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Avaliação de riscos psicossociais, o serviço mais procurado na Team24

Desde a sua existência, o serviço mais procurado pelos gestores financeiros e de R&H na Team 24 é o inquérito online e anónimo de “Avaliação dos Riscos Psicossociais”. Isto acontece “porque é uma porta de entrada. Depois de verem os resultados já pensam duas vezes”, sublinha Ana Ruivo. Trata-se de um teste, no qual se avaliam todos os fatores de risco para a saúde mental do colaborador (insónia, ansiedade, burnout, relação com chefias, com colegas).

Esta avaliação custa 250 euros, e a Team24 não faz distinção entre empresas. O preço será o mesmo para empresa com 50 ou com 5.000 colaboradores, garante a gestora.

Seguro de Saúde Mental, um serviço que nunca foi contratado

É o único serviço da Team24 que nunca foi contratado. Este “pacote” de cuidados e prevenção da saúde mental dos colaboradores inclui uma avaliação psicológica inicial, o serviço da Assistência Psicológica Telefónica, até 10 consultas de psicoterapia por ano, o Serviço de Emergência Psicológico (em caso de catástrofe ou acidentes de trabalho) e ainda um happiness manager, um psicólogo organizacional que faz a mediação entre a empresa e a Team24. Este serviço custará à empresa cerca de 200 euros por ano, por cada colaborador.

No futuro, o maior desafio é explicar aos gestores de recursos humanos e líderes que as vantagens de cuidar da saúde mental dos colaboradores são reais. Estima-se que o burnout custe às empresas cerca de 329 milhões de euros, ao mesmo tempo que se calcula que, por cada euro investido em programas de prevenção de saúde mental, se consiga ter um retorno de quatro.

De acordo com a Associação Portuguesa de Psicologia da Saúde Ocupacional, em 2016, 13,7% das pessoas ativas em Portugal estavam em estado de burnout e o risco tem vindo a aumentar. A Clínica da Mente existe há 10 anos em Portugal e quer “lutar contra o estigma da saúde mental”, reforça a gestora.

Apesar da pouca procura deste tipo de serviços por parte das empresas, o bem-estar dos colaboradores tem subido posições na lista de prioridades, revelava em abril o estudo Global Talent Trends 2019, da consultora Mercer.

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Huawei alerta para “sinal muito perigoso” dos EUA para indústria tecnológica

  • Lusa
  • 23 Agosto 2019

A gigante chinesa de telecomunicações acusa os Estados Unidos de "querem manter o predomínio da indústria da tecnologia de ponta” e diz temer uma "onda de incerteza, irracionalidade e caos”.

A companhia chinesa Huawei alertou esta sexta-feira para osinal muito perigoso” que a administração norte-americana está a dar ao mercado tecnológico, ao querer banir a empresa dos Estados Unidos, afirmando temer uma “onda de irracionalidade” após tais decisões.

“Os Estados Unidos anunciaram restrições à Huawei porque querem manter o predomínio da indústria da tecnologia de ponta”, porém, “se o mercado global continuar a permitir que os Estados Unidos façam o que querem, está a ser enviado um sinal muito perigoso” para os negócios mundiais, afirmou o representante da companhia chinesa para as instituições europeias, Abraham Liu, em Bruxelas.

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Falando num debate no centro de cibersegurança da empresa na capital belga, Abraham Liu vincou que, caso as intenções da administração norte-americana avancem, “o mundo inteiro pode, gradualmente, passar de um sistema ordenado e equilibrado para uma onda de incerteza, irracionalidade e caos”.

Os Estados Unidos consideraram em maio que a Huawei constitui uma ameaça à segurança nacional e disseram que queriam banir o grupo dos Estados Unidos, mas acabaram por conceder isenções temporárias a determinadas empresas norte-americanas que negoceiam com o grupo chinês, permitindo-lhes vender alguns produtos ou mudar de fornecedores.

Entretanto, a administração norte-americana prolongou por 90 dias as isenções que permitem ao grupo chinês de telecomunicações Huawei continuar a fazer negócios nos Estados Unidos, anunciou o secretário do Comércio, Wilbur Ross.

A Huawei exige, então, o fim destas anunciadas barreiras da administração norte-americana às compras feitas por empresas nos Estados Unidos à tecnológica, que deverão entrar em vigor, como agora se prevê, no final deste ano. “Um mercado tem de ser composto de escolhas”, salientou Abraham Liu, no debate que esta sexta-feira decorreu em Bruxelas.

Aludindo às restrições, que abrangem nomeadamente o desenvolvimento das redes móveis de quinta geração (5G), o responsável da Huawei vincou que, “se apenas um jogador tem o direito de participar [no mercado], esse não é um procedimento justo”.

A cibersegurança também tem vindo a ser uma preocupação na União Europeia (UE), tendo já o executivo comunitário exigido aos Estados-membros que tomem medidas para garantir a segurança nas redes 5G, que podem passar, desde logo, por banir empresas que sejam problemáticas.

Desvalorizando esta possibilidade no caso da Huawei, Abraham Liu falou num reforço da cooperação entre a companhia chinesa e governos, operadoras e empresas na UE, tendo em vista a “construção de um ecossistema digital próspero”, nomeadamente no que toca ao 5G.

Criada em 1987, a Huawei opera em 170 países e regiões do mundo, tendo um total de 180 mil funcionários, 13 mil dos quais na Europa.

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Bruxelas planeia fundo soberano com 100 mil milhões. Quer competir com gigantes da China e EUA

  • ECO
  • 23 Agosto 2019

Os planos poderão avançar já em novembro, quando a próxima presidente da Comissão Europeia entrar em funções. Fundo poderá investir em ações, para ajudar a impulsionar as empresas europeias.

A Comissão Europeia estará a preparar a criação de um fundo soberano com 100 mil milhões de euros. A proposta, a que o Politico (acesso condicionado e conteúdo em inglês) teve acesso, terá como objetivo competir com gigantes norte-americanos e chineses como a Google, Apple ou Alibaba.

O European Future Fund será incluído na agenda da próxima presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, cujo mandato começa a 1 de novembro. O projeto tem como finalidade dotar a Europa de instrumentos de defesa face às medidas protecionistas de Washington e Beijing. Por outro lado, pretende usar dinheiro público para impulsionar o desenvolvimento de gigantes da União Europeia (UE).

“A emergência e liderança de concorrentes privados de fora da UE, com meios financeiros sem precedentes, tem potencial de anular as dinâmicas existentes de inovação e a posição industrial da indústria da UE em determinados setores”, pode ler-se no documento, citado pelo Politico.

Google, Apple, Facebook, Amazon, Microsoft, Baidu, Alibaba e Tencent estão entre as empresas que são identificadas como concorrentes pela Comissão, que sublinha: “A Europa não tem empresas assim”.

A ser criado, o fundo começará por ser dotado com verbas provenientes do orçamento da UE para depois angariar, pelo menos, 100 mil milhões de euros em financiamento público e privado. Ao contrário de outros fundos geridos pelo bloco, este irá investir diretamente no mercado acionista.

Operacionalmente, o “fundo teria um foco de longo prazo e com base em ações, com um modelo orientado para o negócios e lucros”, refere a proposta, acrescentando que “isso permitiria ao fundo cumprir os objetivos estratégicos de apoiar campeões europeus, enquanto mantém a estabilidade financeira”.

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Um motorista ganha 1.558 euros limpos. Apenas 35% é salário base

Um motorista de matérias perigosas leva hoje para casa 1.558,26 euros e a partir de janeiro 1.768,48 euros líquidos. Ganha mais do que a média, mas peso do salário base é substancialmente inferior.

Um dos argumentos utilizados por Pardal Henriques e pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) para radicalizar a luta e partir para a greve é que estes profissionais auferem “muito perto do salário mínimo”, um ordenado com que é “impossível viver com dignidade”.

Afinal, quanto ganham e quanto vão ganhar os motoristas de matérias perigosas?

Esta quinta-feira, a Antram divulgou um documento com simulações do recibo de vencimento de um motorista de matérias perigosas, já tendo em conta as melhorias conseguidas com o Contrato Coletivo de Trabalho, assinado em setembro de 2018:

Estes motoristas ganham um ordenado bruto de 1.798,9 euros, ou seja, 1.558,26 euros limpos se considerarmos o exemplo de um motorista casado (um titular), com dois dependentes, que trabalhe um sábado por mês e que já tenha acumulado cinco diuturnidades.

Entretanto, com o protocolo assinado em maio (que evitou a greve de 28 de maio), e com o acordo a que se chegou na semana passada com a Fectrans e o SIMM, a partir de janeiro esta será a nova folha salarial desse mesmo motorista:

Ou seja, a partir do próximo ano, vai ganhar mais de 2 mil euros brutos, o que corresponde a um valor líquido de impostos e contribuições de 1.768,48 euros.

Tudo somado, a Antram aponta para uma valorização salarial acumulada de 42% de setembro de 2018 a janeiro de 2020 — que compara com as correções inferiores a 15% que se registaram nos 15 anos anteriores.

Ganham muito ou pouco?

A remuneração dos motoristas tem em conta o desgaste da profissão e a perigosidade da carga que levam atrelada. E a partir de agora as cargas e descargas que tiverem de fazer também passarão a ter um subsídio. Colocando em perspetiva a remuneração dos motoristas com os salários que se praticam no país, os motoristas de matérias perigosas não ficam necessariamente mal na fotografia.

Segundo os dados compilados pela Pordata, em Portugal a remuneração base média é de 943 euros e o ganho médio (que inclui horas extra, subsídios e prémios) é de 1.133,3 euros brutos.

Comparando com os colegas que transportam carga geral, os motoristas de matérias perigosas ganham mais 10%. A remuneração de ambas as categorias aumenta quando o transporte é internacional.

Os motoristas do SNMMP não só transportam matérias perigosas, como também têm uma formação específica, ou seja, têm de ter carta de condução de pesados e ainda a chamada ADR, uma Certificação de Condutores de Mercadorias Perigosas para a qual precisam fazer um curso com cerca de 15 horas.

Também pode ser útil comparar a remuneração destes motoristas com a Função Pública, onde o nível de qualificações é superior. Um funcionário público ganha, em média, 1.730,8 euros brutos, abaixo dos 2 mil euros de remuneração bruta que os motoristas vão ganhar em janeiro.

Ainda na Função Pública, um militar das Forças Armadas (alguns dos quais também têm carta para conduzir pesados e certificado ADR) ganha 1.718,9 euros brutos. Um bombeiro, por exemplo, recebe 1.531 euros brutos e um enfermeiro leva para casa 1.663,9 euros. A este valor ainda é preciso descontar IRS e segurança social.

Descontam para o IRS e Segurança Social?

Esta é outra das reclamações dos motoristas de matérias perigosas que se queixam de ter o salário muito fracionado, com rubricas que não contam para a segurança social, ou seja, que não são tidas em conta para a formação das pensões de reforma, subsídio de doença ou de desemprego.

É verdade que o salário destes motoristas é composto por várias rubricas. Têm um vencimento base, um complemento salarial (que varia em função da tonelagem do veículo e do local de transporte), as diuturnidades, a famosa cláusula 61 (que remunera as horas extraordinárias sob a forma de isenção de horário de trabalho), o subsídio de risco, trabalho noturno, sábados e ainda ajudas de custo.

À exceção das ajudas de custo, todas as restantes rubricas estão sujeitas a tributação e sobre elas incide a respetiva contribuição para a segurança social no valor de 34,75% (11% da responsabilidade do trabalhador e 23,75% a cargo dos patrões).

A única componente que não é taxada são as ajudas de custo que estão isentas de IRS e Segurança Social. E qual é o peso desta componente no salário total dos motoristas? Tendo em conta o acordo já fechado com a Fectrans, a partir de janeiro, e considerando o exemplo anterior, as ajudas de custo serão de 480,48 euros, o que representa 23% do salário bruto e 27% do salário líquido do motorista. Ou seja, cerca de um quarto do que ganham não conta para a reforma.

O salário base dos motoristas é baixo?

Outra das reclamações dos motoristas é que o salário base é baixo quando comparado com a remuneração total.

Ganhavam 580 euros de salário base até setembro de 2018, valor que aumentou para 630 euros com o novo contrato coletivo e voltará a aumentar para 700 euros em janeiro de 2020. O salário mínimo nacional atualmente é de 600 euros.

Tendo em conta a remuneração bruta de 2.070,60 euros, o salário base representa apenas 34% dessa remuneração bruta total.

Aqui, os motoristas de matérias perigosas estão em desvantagem quando comparados com a média dos restantes trabalhadores portugueses. A média nacional do salário base é de 943 euros, o que representa 83% da remuneração bruta total (1.133,3 euros).

Na Função Pública, a proporção é idêntica, ou seja, um funcionário público tem um salário base médio de 1.482,5 euros, o que representa 85% da sua remuneração total (de 1.730,8 euros), segundo os dados da Direção-Geral da Administração e do Emprego Público referentes a abril de 2019.

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