Cofina compra TVI… e muito mais. O que vem no “pacote”?

A Cofina avançou com a oferta para comprar o grupo Media Capital, mas a operação engloba muito mais do que a TVI. Conheça todas as marcas que vão passar para a dona do Correio da Manhã.

A Cofina é oficialmente a terceira empresa a tentar comprar a TVI, depois de duas tentativas falhadas nos últimos anos, primeiro pela antiga Ongoing e, mais recentemente, por parte da Altice Portugal. Mas não é só a estação televisiva de Queluz de Baixo que passa a ter novo dono com esta operação avaliada em 255 milhões de euros e que envolve uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) de cerca de 180 milhões de euros e a dívida da própria Media Capital, de cerca de 75 milhões de euros. Caso a dona do Correio da Manhã consiga a aprovação dos reguladores, ficará também com todos os outros ativos da Media Capital.

De longe, a TVI é o ativo mais importante e mais popular do grupo que tem Luís Cabral à cabeça. Mas há outros nomes bem conhecidos dos portugueses. Se a Cofina conseguir comprar a Media Capital aos espanhóis da Prisa, passa a controlar também uma série de rádios, uma produtora audiovisual e as várias plataformas digitais da empresa portuguesa.

A Cofina já fez saber que pretende “manter a linha editorial dos diferentes meios de comunicação social que detém e que passará a deter, bem como todos os profissionais que estejam dispostos a colaborar neste novo projeto”. Mas também “intensificar a criação de conteúdos de perfil exportador, tendo em vista a transposição para a legislação nacional da designada ‘diretiva Netflix’”, referiu a empresa de Paulo Fernandes em comunicado, no dia em que foi feito o anuncio preliminar da OPA.

Abaixo, conheça tudo o que vem no pacote. Incluindo alguns dados financeiros importantes sobre cada um dos negócios, no período de janeiro a junho (primeiro semestre).

1. Televisões

A televisão é o principal negócio do grupo Media Capital, através do qual a empresa explora receitas da publicidade ou da distribuição de canais no cabo, por exemplo. Ao comprar o grupo, a Cofina passará a controlar os canais TVI, TVI24, TVI Internacional, TVI Ficção, TVI África e TVI Reality.

O mais relevante do pacote é o canal generalista TVI, distribuído em sinal aberto em todo o país através da Televisão Digital Terrestre (TDT) e que durante vários anos permaneceu líder de audiências, um estatuto reconquistado este ano pela concorrente SIC, detida pela Impresa. Ainda assim, é o segundo canal mais visto do país, logo, um dos que tem maior influência junto da população portuguesa.

O segundo canal mais relevante da Media Capital é a TVI24, focado na informação e distribuído apenas na televisão por cabo. A par destes, a TVI Internacional tem como alvo a diáspora portuguesa, a TVI Ficção distribui alguns dos conteúdos mais populares produzidos pela Media Capital (já lá vamos), a TVI África é voltada para os países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP) e a TVI Reality exibe os reality shows comprados pelo grupo, entre os quais se destacou, por exemplo, a Casa dos Segredos.

Dados do negócio de televisão:

  • Receitas totais: 70,27 milhões de euros
  • Receitas com publicidade: 47,34 milhões de euros
  • Gastos operacionais: 61,53 milhões de euros

2. Rádios e música

Dizer que a dona do Correio da Manhã vai comprar a dona da TVI até pode parecer redutor, tendo em conta que o negócio também inclui a totalidade do grupo Media Capital Rádios (MCR) e, consecutivamente, estações como a Comercial, M80, Cidade FM, Smooth FM e Vodafone FM.

No que toca à Rádio Comercial, estamos a falar de uma estação generalista no topo das audiências em Portugal, jogando a liderança taco a taco com a concorrente RFM, do grupo Renascença Multimédia. As restantes estações apelam a diferentes nichos: a M80 foca-se sobretudo nos grandes clássicos dos anos 80, a Cidade FM foca-se nos jovens, a Smooth FM é uma estação de música jazz e a Vodafone FM é uma rádio que transmite apenas nos grandes centros urbanos de Lisboa, Porto e Coimbra. E não esquecer, por fim, a editora de música Farol.

Dados do negócio de rádio e música:

  • Receitas totais: 12,1 milhões de euros
  • Receitas com publicidade: 9,93 milhões de euros
  • Gastos operacionais: 6,32 milhões de euros

3. Produção audiovisual

A Plural é outra das joias da coroa da Media Capital, sendo um dos principais players nacionais no setor da produção audiovisual. É da Plural que sai a ficção nacional da TVI, nomeadamente as novelas, e mais recentemente também alguns concursos.

É também o segundo negócio que mais gera receitas no grupo e, na nova era do streaming, poderá mesmo vir a ser a “galinha dos ovos de ouro” da empresa, ambicionando produzir séries para plataformas como a Netflix.

Dados do negócio da produção audiovisual:

  • Receitas: 15,3 milhões de euros
  • Gastos operacionais: 16,6 milhões de euros

4. Marcas digitais

O “pacote” Media Capital inclui ainda uma série de negócios no mundo digital, agregados debaixo da subsidiária Media Capital Digital. São eles o portal IOL, o IOL Negócios, o TVI Player, o Mais Futebol, o Auto Portal, a Selfie e a plataforma de descontos Planeo, além dos sites da TVI e TVI24.

Dados do negócio no digital:

  • Receitas com publicidade: 1,89 milhões de euros
  • Outras receitas: 6,12 milhões de euros
  • Gastos operacionais: 7,3 milhões de euros

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