Regras complexas e poucos incentivos fiscais afastam empresas das SIGI

O regime foi aprovado pelo Governo no início do ano e alterado pelo Parlamento em julho. Mas até agora ninguém criou uma destas sociedades.

O tão ansiado regime das Sociedades de Investimento e Gestão Imobiliária (SIGI) existe, mas ainda ninguém se aventurou, apesar de haver duas empresas do setor imobiliário a preparem entradas na bolsa de Lisboa. A complexidade da regulamentação existente e a falta de incentivos fiscais são vistos como entraves.

A SOCIMI (equivalente às portuguesas SIGI em Espanha) Merlin Properties vai fazer um dual listing para passar a negociar na bolsa de Lisboa, enquanto a promotora imobiliária VIC Properties está a preparar uma oferta pública inicial (IPO) com o mesmo objetivo. Os dois processos deverão avançar nos próximos meses e, em ambos os casos, as empresas podiam ter escolhido formar SIGI, mas nenhuma o fez.

“As SIGI, tal como está a regulamentação, não nos deixam encaixar. Gostaríamos de ser uma SIGI mas, tal como estão regulamentadas, não nos permite“, disse a responsável pelas relações com investidores da Merlin, Inés Arellano, em entrevista ao ECO no início do mês.

O problema é que o regime dos Real Estate Investment Trust (REIT) permite, noutros países, que uma subsidiária de uma empresa estrangeira com este estatuto no país de origem, seja automaticamente considerada também REIT. A lei portuguesa não funciona assim e obriga a que haja mudanças na sociedade.

Após um processo atribulado, o regime das SIGI passou no Parlamento em julho. A versão final determina que as SIGI são um veículo de promoção do investimento e de dinamização do mercado imobiliário e têm de destinar, pelo menos, 75% dos imóveis para arrendamento. A atividade destas sociedades passa pela aquisição de direitos reais sobre imóveis, para arrendamento ou outras formas de exploração económica.

A totalidade do capital (que não pode ser inferior a cinco milhões de euros) tem de estar cotada em bolsa até um ano após a constituição da sociedade, sendo que, a todo o momento, 20% do free float tem de estar disperso em participações inferiores a 2%. A VIC Properties não explica as razões, mas garante também que “a criação de uma SIGI não se encontra, de momento, nos planos“.

Estatuto dos Benefícios Fiscais ainda não é claro

Quem também o podia ter feito era a Corum Investments. A gestora de fundos francesa, que aposta em imóveis comerciais, entrou em Portugal já no segundo semestre do ano e admite que considerou as várias opções possíveis, tendo acabado por escolher registar uma subsidiária da casa-mãe. Quanto a ser SIGI, não viu interesse, como explicou José Gavino, responsável da Corum Investments para o mercado português.

“As SIGI têm uma série de restrições impostas pelo regulador”, disse Gavino. “O fator fiscal é muito importante. Nas SOCIMI em Espanha também não houve investimento até haver incentivos fiscais“, lembrou.

O regime das SIGI prevê isenção total sobre três categorias de rendimentos: prediais, mais-valias e de capitais. No entanto, “a isenção não se aplica a rendimentos comerciais em geral. Não é totalmente claro o tratamento de rendimentos de prestações de serviços necessárias à utilização do imóvel, que estão expressamente previstas na lei depois da apreciação parlamentar“, explica Rui Camacho Palma, partner da Linklaters, acrescentando que também a derrama estadual e municipal ficam isentas.

Do lado dos investidores, aos não residentes é aplicada uma retenção de imposto à taxa fixa de 10%, o que compara com a taxa normal de 28%. “É mais atrativo em comparação com o regime normal”, diz Camanho Palma. Mas os investidores nacionais não têm benefícios face às unidades de participação domésticas e ações.

O regime espanhol tem em consideração a tributação que se vai aplicar ao investidor. Se for inferior aos 19% previstos em Espanha e o investidor tiver uma participação qualificada na SOCIMI, esta sofre uma espécie de tributação autónoma.

“Depois da apreciação parlamentar, o regime fiscal ficou mais claro, mas não consigo dizer que esteja totalmente claro. As principais dúvidas provêm do próprio regime dos organismos de investimento coletivo do Estatuto dos Benefícios Fiscais, mas é natural que o regime fiscal não consiga acompanhar a velocidade da realidade económica”, acrescentou o partner da Linklaters.

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The Gathering marca ritmo do pré-Web Summit em Cascais

Evento reúne empreendedores, investidores e alguns speakers em Cascais, e marca o aquecimento para a maior conferência de empreendedorismo e tecnologia do mundo.

Paddy Cosgrave, CEO e cofundador do Web Summit, com Artur Pereira, country manager do Web Summit e Miguel Pinto Luz, vice-presidente da câmara de Cascais, na conferência de imprensa na Nova SBE, em Carcavelos, na manhã deste domingo. Sam Barnes/The Gathering via Sportsfile

Paddy Cosgrave chega bem antes da hora marcada e espera pelos jornalistas do lado de dentro da entrada da Nova SBE, em Cascais. Desde sábado à noite que cerca de 200 convidados — entre os quais estão empreendedores, investidores, oradores do evento e alguns jornalistas — estão reunidos, em Cascais, no The Gathering, evento em estreia este ano e que marca o arranque da preparação para o Web Summit. O evento é uma espécie de mistura entre o Founders — que juntava fundadores de startups — e a Surf Summit — que costumava acontecer na Ericeira — que, pela primeira vez, não acontecem durante o evento, desde que o Web Summit se mudou para Lisboa.

O maior evento de empreendedorismo e tecnologia do mundo está a pouco mais de 24 horas de arrancar, no Parque das Nações, em Lisboa, mas durante todo o dia deste domingo duas centenas de pessoas de todas de vários continentes já têm programa garantido, entre sessões inspiracionais, de networking e outras atividades.

Para Miguel Pinto Luz, vice-presidente da câmara de Cascais, o The Gathering é um “sinal de que Cascais continua a atrair eventos mais especiais” e de que é possível, longe dos palcos da FIL, estar “à vontade para dizer tudo aquilo que se sente”.

“A tecnologia está cada vez mais política, como todas as empresas. E o Web Summit é exemplo disso”, explicou esta manhã Paddy Cosgrave, em conversa com os jornalistas, elogiando as características de Cascais.

O Web Summit arranca já esta segunda-feira, dia 4 de novembro, à tarde, e conta com a participação do whistleblower Edward Snowden na sessão de abertura. Antes, durante a manhã, dá-se início ao Venture, o evento que decorre ao mesmo tempo do que a conferência e que junta centenas de investidores na cidade. Esta é a quarta edição do Web Summit a decorrer em Lisboa, depois da vinda do evento para Portugal em 2016, depois de deixar a cidade-Natal, Dublin.

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7 insurtech que permitiram ideias com sucesso

  • ECO Seguros
  • 3 Novembro 2019

Da inovação à prática vai sempre um longo e tortuoso caminho, mas há empresas que já estão a viabilizar boas ideias a que faltava tecnologia e escala para conseguirem vencer.

As insurtechs continuam a ser notícia pela capacidade de angariarem investimentos de quem acredita nelas. O relatório ‘Insurance as a Living Business’, produzido pela consultora Accenture, revela que existe um volume de 375 mil milhões de euros de novo negócio a nascer até 2022.

No entanto, só a tecnologia não é suficiente, a mudança exige – segundo a Accenture – “centro no cliente, híper-relevância, agilidade, ser inevitável e inovação”.

O site Inteligent Insurer identificou empresas nesta situação. Aqui ficam alguns traços da inovação já em prática.

Seguro partilhado

A filial suíça da Allianz está a usar uma plataforma em cloud para criar e gerir um novo tipo de seguro que designa partilhado.

Dirige-se a estudantes universitários que partilham residências na Suíça e propõe uma apólice de responsabilidade civil cobrindo os três items mais valiosos que o estudante possui. Recebe um desconto se outros estudantes que partilhem o mesmo apartamento também aderirem. Os segurados podem gerir e atualizar a sua cobertura através de um portal.

Seguros pagos por hora de cobertura

O utilizador do carro insere a matrícula e o valor aproximado do carro que vai conduzir, informa o tempo em que pretende ter a cobertura ativa e junta uma imagem do carro. A Cuvva, que é ressegurada pela Swiss Re, fornece uma cotação imediatamente.

O mercado potencial está naqueles que pagam elevados prémios por seguros de um automóvel que pouco usam. A seguradora calcula que, em termos médios, o seu público alvo pode poupar 70% do seu prémio anual, entre 600 e 1100 euros por ano.

Drone para análise de risco em imobiliário

Drones sobrevoam propriedades detetando problemas e os que podem vir a ser no futuro, permitindo ajustar as coberturas de apólices de seguros de acordo com os relatórios dessa operação.

Quem já faz isto é Betterview, uma empresa da Califórnia que recentemente já levantou 10 milhões de dólares de investidores liderados pela ManchesterStory, uma capital de risco para insurtechs.

A empresa começou como atividade de uma plataforma de inspeção e serviços usando drones, mas evoluiu para uma plataforma de gestão de propriedades em todo o território dos Estados Unidos.

Cobertura de Animais de estimação, mas distribuída por API

A Bought by Many Diz que incentiva os clientes a rejeitar a típica linha de produção da indústria de seguros e aderirem a um site que respeita as suas necessidades financeiras.

A empresa lançou um produto para animais de estimação na Suécia, onde a penetração de seguros deste tipo é elevada.

Embora lançado e explorado pela empresa, o produto é distribuído por diferentes canais e parceiros. Este passo é dado através de economia de application programming interface (API) que permite ligar e partilhar informações entre diferentes plataformas.

90 segundos para obter um seguro imobiliário

A Lemonade já é uma insurtech conhecida do mercado, mas agora entrou na Europa – com apoio da Axa Alemanha e colocou a sede em Amsterdão onde é supervisionada pelo DNB, o banco central holandês.

Com assinaturas mensais baratas usa um AI bot (robot com inteligência artificial) para se obter um seguro para uma propriedade em 90 segundos. Esse feito consegue-se através de sua Policy 2.0, uma nova apólice eletrónica que, segundo a empresa, é desenhada para pessoas comuns: “pequena, fácil de compreender e transparente”.

Comparador de preços torna-se especialista para pequenos negócios

A Simplybusiness diz-se a maior seguradora online do Reino Unido, após ter começado há dez anos, como um simples comparador de preços de apólices da Aviva, Hiscox, QBE e Zurich.

Depois de várias compras e investimentos, pertence desde o ano passado à Travellers, uma seguradora norte-americana de grande dimensão a quem agrada a forma como se pode ser eficiente num ambiente de micro- negócios.

Tecnologia para esbater desconfiança dos consumidores

A ideia da So-sure é atacar a desconfiança dos consumidores em relação aos seguros. “Voltámos às raízes da indústria no século XVII, com um verdadeiro de modelo mutualista e social, juntamos tecnologia e dados do século XXI para lhe dar escala comercial”, diz o CEO da empresa.

Para já usam a venda por telefone e permite, em caso de não existirem participações, uma devolução dos prémios.

Seguros on demand para quem quer facilidade

Para quem não gosta de apólices complicadas a Trov, que através de uma plataforma fornece de imediato cotações para seguros de produtos seguráveis.

É uma empresa apoiada pela Munich Re e já foi experimentada na Austrália e Reino Unido e dá os primeiros passos nos Estados Unidos onde já está a autorizada a operar em 23 Estados.

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Arábia Saudita dá o pontapé de saída para o maior IPO de sempre com a venda da petrolífera Aramco

  • ECO
  • 3 Novembro 2019

Este domingo, a Arábia Saudita deu oficialmente o pontapé de saída à venda em bolsa da empresa mais lucrativa do mundo, a petrolífera Aramco.

A Arábia Saudita deu início este domingo à operação de venda em bolsa da empresa mais lucrativa do mundo, a petrolífera Aramco, avança a Bloomberg. A venda em bolsa desta empresa é uma peça-chave na estratégia da Arábia Saudita para a reforma daquela economia e poderá abrir a porta a alívios fiscais. A distribuição de dividendos é uma das formas de atrair os investidores.

As ações da empresa deverão começar a ser vendidas em dezembro na bolsa de Riade. A avaliação da empresa será feita durante o roadshow que a petrolífera vai fazer junto de investidores como forma de captar interessados, avançou o chairman da empresa, Yasir Al-Rumayyan numa conferência de imprensa na sede da companhia.

“Penso que esta é a altura certa para nós”, afirmou o responsável máximo da petrolífera, acrescentando que ainda está em aberto qual será a percentagem de investidores estrangeiros face aos nacionais. O prospeto com as condições da operação será conhecido a 9 de novembro.

A Aramco é responsável por 10% do petróleo mundial e gera o lucro mais elevado a nível mundial, avaliado em 111 mil milhões de dólares. O valor da operação de venda em bolsa deverá estar nos 2 biliões de dólares, mas a Arábia Saudita está disposta a aceitar um valor abaixo deste, entre 1,6 e 1,8 biliões de dólares.

A venda da petrolífera está inserida no plano de reforma da economia da Arábia Saudita, em que um dos eixos da estratégia do Príncipe Mohammed passa pela redução da dependência daquela economia face à exportação de petróleo.

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Governo afirma que gestão de Espanha do caudal do Tejo “não é aceitável”

  • Lusa
  • 3 Novembro 2019

O Governo considera que a gestão que Espanha fez durante o ano hidrológico 2018/2019 para lançar o regime de caudais anuais para o rio Tejo “não é aceitável”, noticia hoje o jornal Público.

O ano hidrológico 2018/2019 terminou em setembro e Espanha libertou uma média de 14 milhões de metros cúbicos de água diários da barragem de Cedilho, durante o mês de setembro, para que Espanha cumprisse o volume anual integral estabelecido na Convenção de Albufeira, refere o jornal.

“Portugal já referiu de forma clara a Espanha que vai reforçar a sua atitude na próxima reunião plenária da CADC (Comissão para a Aplicação e o Desenvolvimento da Convenção de Albufeira) propondo o incremento de mecanismos de controlo que permitam evitar no futuro situações desta natureza”, afirmou o MAAC citado pelo Público.

O Ministério do Ambiente e Ação Climática (MAAC), refere o jornal, afirma que “nunca se tinha atingido uma situação em que o diferencial do escoamento acumulado em junho para o integral tivesse uma diferença tão significativa, mesmo nos anos em que se verificaram condições de exceção”.

As consequências económicas, ambientais e sociais refletem-se num cenário “dramático” e o Governo português nunca recebeu explicações de Espanha, adianta o jornal.

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Quatro listas disputam eleições na Ordem dos Enfermeiros com dois candidatos a bastonário

  • Lusa
  • 3 Novembro 2019

Mais de 70.500 enfermeiros são chamados a votar na quarta-feira para escolher os representantes da sua ordem profissional, havendo quatro listas, mas apenas duas com candidatos a bastonário.

Segundo os cadernos eleitorais publicados no site da Ordem dos Enfermeiros, há quatro listas que apresentam candidaturas, duas com candidaturas a bastonários e às várias secções regionais, enquanto outras duas são apenas dirigidas a órgãos regionais, uma da Região Autónoma dos Açores e outra da Madeira.

A atual bastonária, Ana Rita Cavaco, recandidata-se ao cargo, encabeçando a lista A, com o lema “Orgulhosamente com os Enfermeiros”.

A lista de Ana Rita Cavaco propõe no seu programa a implementação do internato de especialidade em enfermagem (à semelhança do que acontece com os médicos) e a definição de competências acrescidas em novas áreas de enfermagem, como a forense, oncologia ou do desporto.

Na lista de propostas surge ainda a criação do museu de enfermagem e de um gabinete de apoio aos enfermeiros.

Pela lista B, com o lema “Enfermagem – A Causa Maior”, surge como candidato a bastonário o enfermeiro Belmiro Pereira Rocha.

Entre as propostas da lista B estão um plano estratégico que determine as necessidades de enfermeiros das diversas categorias ou a promoção do “reconhecimento social dos enfermeiros”.

A lista de Belmiro Pereira Rocha propõe-se ainda a criar um fundo de apoio solidário aos membros da Ordem em situação de “comprovada vulnerabilidade”.

Disputam ainda as eleições de dia 6 de novembro as listas C e E, com candidatos, respetivamente, aos órgãos regionais da Madeira e dos Açores.

Além das quatro listas, uma outra viu-se excluída na candidatura que apresentou aos órgãos nacionais e regionais, anunciando que pretendia impugnar o ato eleitoral.

A lista excluída – “Dignificar a Ordem, Valorizar os Enfermeiros – rejeita os argumentos apresentados pela comissão eleitoral, considerando que se trata de “uma decisão ilegal e atentatória dos direitos dos membros da Lista e altamente lesiva dos interesses dos enfermeiros portugueses”.

A lista em causa considera lamentável a rejeição de todas as candidaturas que apresentou (aos órgãos nacionais e regionais – centro, norte e sul) e diz que revela “de forma gritante a necessidade de mudança dos órgãos sociais da Ordem dos Enfermeiros”.

Um dos argumentos da comissão eleitoral tem a ver com desconformidades em relação à lei da paridade entre homens e mulheres.

Entretanto, também a lista B, liderada por Belmiro Rocha, anunciou que apresentou uma ação no Tribunal Administrativo de Lisboa para impugnar as decisões da Comissão Eleitoral, considerando que “violam a lei”.

A lista B diz ter sido notificada de que a lista à secção Regional do Sul da sua candidatura tinha sido excluída por não cumprir a lei da paridade, ao apresentar mais mulheres do que homens.

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António Costa junta-se aos “Amigos da Coesão” para rejeitar cortes nos fundos comunitários

  • Lusa
  • 3 Novembro 2019

Os Estados-membros “Amigos da Coesão” reúnem-se na terça-feira em Praga, devendo reiterar a sua oposição aos cortes previstos para aquela política no próximo orçamento plurianual da União Europeia.

Os Estados-membros pertencentes a este grupo vão debater, no Castelo de Praga, o Quadro Financeiro Plurianual (QFP) da União Europeia para o período 2021-2027, insistindo na centralidade da política de coesão como instrumento determinante para o crescimento económico e a convergência real entre regiões e países do bloco comunitário e, consequentemente, na rejeição dos cortes previstos para aquela política no próximo orçamento comunitário.

O encontro anual do grupo “Amigos da Coesão” acontece num momento particularmente relevante, uma vez que a discussão sobre o próximo QFP está num impasse: na cimeira europeia que decorreu em Bruxelas entre 17 e 18 de outubro, o Conselho Europeu rejeitou a proposta avançada pela presidência finlandesa da UE, que previa uma redução da contribuição global dos Estados relativamente à inscrita na da Comissão Europeia, algo que o primeiro-ministro português considerou “inaceitável”.

“No quadro da discussão sobre o quadro financeiro plurianual da UE, houve uma troca de pontos de vista que teve a vantagem de ser muito franca, muito aberta e muito clara entre todos, e onde ficou bastante evidente as profundas divergências que ainda existem em matéria do futuro quadro financeiro plurianual”, disse na altura António Costa, concedendo que “manifestamente não há condições para fazer qualquer tipo de acordo no curto prazo”.

A proposta esboçada pela presidência finlandesa do Conselho da União Europeia após a primeira ronda de reuniões bilaterais com as representações permanentes apontava para uma eventual redução entre 60 e 70 mil milhões do montante global de 1,279 biliões de euros (preços correntes) previsto pela Comissão Europeia.

Essa redução resultava de uma revisão das contribuições nacionais para o orçamento comunitário para 1,06% do Rendimento Nacional Bruto, um valor consideravelmente inferior aos 1,11% propostos pelo executivo comunitário em maio de 2018 e aos 1,3% defendidos pelo Parlamento Europeu.

Na prática, essa revisão em baixa obrigaria necessariamente a cortes adicionais na política da coesão, além dos 10% originalmente previstos pela Comissão Europeia — na sua proposta, o executivo defende uma dotação de autorizações orçamentais de 373 mil milhões de euros (a preços correntes) para esta política, o que se aproxima de um corte global de 10% face ao atual quadro financeiro plurianual.

A futura comissária europeia para a Coesão, a portuguesa Elisa Ferreira, já se pronunciou contra estes cortes previstos para a área que irá tutelar, inevitáveis segundo o atual executivo devido à saída do Reino Unido, um dos principais contribuidores líquidos para o orçamento da UE.

“Penso que a proposta apresentada pela Comissão é uma base de trabalho, não é mais do que isso […] não cabe à Comissão ter de introduzir valores iniciais muito ambiciosos e depois ter de os reduzir, atrasando os trabalhos”, disse durante a sua audição no Parlamento Europeu, prometendo ir bater-se pelo “valor mais elevado possível” para aquela política no próximo QFP.

Uma proposta de compromisso terá assim de ser encontrada pelo Conselho, não sendo expectável que tal aconteça até ao final do ano, pelo que caberá à Croácia, que vai assumir a presidência rotativa da UE em 01 de janeiro de 2020, assumir a tarefa de desenhar um orçamento não só aceitável para o grupo dos “Amigos da Coesão”, como consensual entre os 27.

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Talkdesk espera ter “condições para entrar em bolsa” dentro de uns anos

  • Lusa
  • 3 Novembro 2019

A tecnológica de origem portuguesa Talkdesk, que atua na área dos 'contact centers', espera ter “condições para entrar em bolsa”, nomeadamente nos EUA, dentro de alguns ano

Em entrevista à agência Lusa, Marco Costa, diretor-geral do grupo para a região EMEA (Europa, Médio Oriente e África), revelou que o grupo espera “estar em condições de entrar em bolsa dentro de alguns anos”, caso continue a crescer e a aumentar o número de clientes.

Há outras alternativas [de financiamento], mas não nego que é um passo muito natural para uma empresa como a nossa”, explicou, detalhando que o mercado de capitais que mais se adequa aos seus planos é o dos EUA, tendo em conta que os investidores da empresa são americanos.

A empresa, que tem sede no Estados Unidos, conta com mais de 400 engenheiros a trabalhar em Portugal, espalhados por Lisboa, Porto e Coimbra e tem como meta atingir os mil em 2020, segundo Marco Costa.

Há um ano, a Talkdesk foi considerada “unicórnio”, ou seja, recebeu uma avaliação superior a mil milhões de dólares, um momento que o mesmo responsável considera que conferiu ao grupo “um adicional de credibilidade muito grande”.

“Não é muito fácil de medir o impacto de ser unicórnio. Deu mais credibilidade, mas não faz o trabalho todo, temos que continuar a fazer o trabalho”, assegurou Marco Costa.

Em setembro, a Talkdesk contava com cerca de 1.800 clientes globais de todos os setores de atividade, sendo que cerca de 70% do seu negócio está nos EUA.

“Temos escritórios em São Francisco e Salt Lake City e contamos com pessoas em todo o país, espalhadas por todos os estados”, salientou Marco Costa.

A Talkdesk conta também com escritórios em Inglaterra e colaboradores no Canadá e em Espanha. Marco Costa adiantou que a o grupo quer avançar agora para a Alemanha e França.

O responsável referiu ainda que a empresa está a trabalhar em produtos que já vão além dos tradicionais serviços de ‘contact center’.

“O ‘contact center’ tradicional precisa de mais soluções e estamos a investir” no desenvolvimento de outros serviços conexos, com comerciais no terreno.

Em outubro do ano passado, a Talkdesk levantou um financiamento de 100 milhões de dólares, sendo que, para já, Marco Costa diz que não é necessário voltar a recorrer a este tipo de operação de financiamento.

O mesmo responsável não descartou que a presença da empresa seja alargada a mais cidades em Portugal.

A

Marco Costa, diretor-geral da Talkdesk desde 2016.Talkdesk

não revelou dados de faturação nem de investimento, adiantando apenas que 50% do montante aplicado é para investigação e desenvolvimento.

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Como é que as empresas podem ajudar os trabalhadores a poupar?

As empresas estão cada vez mais preocupadas com o incentivo à poupança dentro das suas organizações. A Mercer e a Willis Towers Watson explicam como é que os empregadores o podem ajudar a poupar.

Poupar é uma forma de ter capacidade de responder em caso de emergência e garantir alguma estabilidade financeira no futuro, e não é diferente dentro das empresas. Como é que os empregadores incentivam à poupança dentro das organizações?

Segundo as consultoras Mercer e Willis Towers Watson, a “cultura de poupança” ainda é muito um mindset das empresas multinacionais, mas a tendência está a mudar. Os fundos de pensões, seguros de capitalização, PPR e outros benefícios flexíveis, são alguns dos complementos ao salário fixo dos trabalhadores.

A instabilidade financeira, a diminuição de benefícios da segurança social, a motivação e retenção dos colaboradores, otimização de recursos na empresa e aumento da competitividade dentro do setor de atividade são algumas da razões pelas quais há cada vez mais empregadores decididos a apostar neste tipo de benefícios, garantem as consultoras. Neste caso, a poupança para a reforma é uma das opções mais comuns nas empresas, principalmente através dos planos de pensões.

Ainda são uma cultura das empresas multinacionais, que acabam por trazer os exemplos do que se faz lá fora”, refere Vasco Gaspar, consultor na área das pensões da Mercer, mas a tendência parece estar a estender-se para outro tipo de empresas, que caracterizam o tecido empresarial nacional. “A cultura de atribuir os planos de pensões está lá, portanto acabamos por ter clientes de menor dimensão mas que estão com interesse em implementar este tipo de pensões”, sublinha.

Planos de pensões com contribuição definida

Vasco Gaspar sublinha que “não há uma receita que se aplique de igual forma para as empresas”, mas a tendência das multinacionais é implementar planos de pensões de contribuição definida. Neste tipo de planos de pensões, as contribuições são previamente definidas e os benefícios serão os que resultarem do montante das contribuições entregues e da respetiva capitalização. A empresa define previamente qual será a sua contribuição, que pode ser por exemplo 2% sobre o salário mensal de cada trabalhador. As contribuições podem ser voluntárias e, em alguns casos, as empresas igualam o valor dessas mesmas contribuições.

"Em Portugal não somos dos países mais desenvolvidos nesta área, mas aos poucos as coisas estão a mudar e estamos a notar que o número de planos de pensões está a aumentar.”

Vasco Gaspar

consultor na área das pensões da Mercer

Por outro lado, “algumas empresas têm planos de pensões generosos, mas só contribuem se os colaboradores contribuírem. Há tendência para incentivar a poupança privada dos colaboradores”, lembra Vasco Gaspar. Nestes casos, os empregadores apostam em “contribuições de incentivo”, ou seja, “se o colaborador contribuir com 1% do seu salário mensal, a empresa contribui também com mais 1%”, explica.

No final, os benefícios para os colaboradores serão calculados em função do montante final acumulado com essas contribuições e os respetivos rendimentos. “As empresas, ao darem este tipo de benefícios à generalidade dos trabalhadores, também têm benefícios a nível financeiro”, sublinha Cristina Duarte, principal e responsável na linha de wells da Mercer.

Envolver os colaboradores na poupança

“Em Portugal não somos dos países mais desenvolvidos nesta área, mas aos poucos as coisas estão a mudar e estamos a notar que o número de planos de pensões está a aumentar”, frisa Vasco Gaspar.

Os planos de pensões com estas características têm ainda outra vantagem: um maior nível de “envolvimento” dos colaboradores com o próprio benefícios, sublinha Cristina Duarte. “A forma como hoje em dia os planos de pensões são desenhados também ajuda a que as pessoas se envolvam mais. O colaborador contribui com qualquer coisa e a empresa contribui também”, acrescenta Vasco Gaspar.

Está muito em voga as empresas terem uma bolsa de um valor e as pessoas escolhem dentro dessa bola o que é que preferem: saúde, educação, poupança. Algo a que assistimos neste dois últimos anos, foi uma preocupação em pôr nesta bolsa benefícios de poupança.

Cristina Duarte

Principal na Mercer

Os planos de pensões podem ser vantajosos porque são, normalmente, aplicados de igual forma para todos os colaboradores e a própria empresa pode ter benefícios. Para os colaboradores “além de terem uma garantia da reforma, sentem-se mais confortáveis e valorizam esse beneficio”, sublinha Cristina Duarte. “A perspetiva é que continue a crescer. Sem dúvida a preocupação das empresas está centrada na qualidade de vida nos colaboradores e tratar bem dos colaboradores, no ativo, assim como com a saída”, frisa a especialista da Mercer.

Sou empregador: o que fazer?

Se é empregador e está a pensar implementar um plano de pensões para os seus colaboradores, deve começar por “saber o que o mercado está a fazer dentro do setor em que se insere, o que ajuda a empresa a posicionar-se e a decidir onde quer estar”, explica Vasco Gaspar. Em segundo lugar, os diretores de recursos humanos devem perceber o enquadramento da Segurança Social e identificar objetivos da empresa, consoante os perfis dos colaboradores.

Decidido o tipo de plano de pensões, é importante saber como comunicá-los aos trabalhadores e apostar em ferramentas online, como apps, que podem facilitar as próprias escolha dos colaboradores na escolha destas modalidades, frisa a Willis Towers Watson.

Além dos planos de pensões, algumas empresas apostam em bolsas de benefícios. “Está muito em voga as empresas terem uma bolsa de um valor e as pessoas escolherem, dentro dessa bola, o que é que preferem: saúde, educação, poupança. Algo a que assistimos neste dois últimos anos foi uma preocupação em pôr nesta bolsa benefícios de poupança”, refere Cristina Duarte. Estes benefícios flexíveis são um veículo de poupança, que pode ser utilizado para a reforma ou para ser resgatado antes de chegar à reforma.

Para as empresas portuguesas e PME ainda é difícil terem esta disponibilidade financeira para ajudar os colaboradores”, frisa Cristina Duarte. “Se houvesse um incentivo fiscal maior, existia mais disponibilidade financeira para a poupança dos trabalhadores”, destaca.

Para a Mercer, é fundamental apostar na literacia relativa a este tipo de benefícios, bem como reforçar a comunicação deste tipo de planos de pensões, informando os colaboradores sobre todas as condições. E ninguém fica a perder, defende a Mercer. “Se houver por parte das empresas este crescer de responsabilidade, todos ficam a ganhar, porque pessoas têm uma reforma melhor, as empresas que têm mais benefícios fiscais e, porque não cai tudo sobre o Estado”, remata.

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Edição de 2020 do Fórum Iberoamerica vai decorrer em Portugal

  • Lusa
  • 2 Novembro 2019

A próxima edição do Fórum Iberoamerica irá realizar-se em Portugal, sendo “praticamente certo” que o encontro de 2020 decorrerá no Porto, disse à Lusa o eurodeputado Paulo Rangel.

“É certo que será em Portugal, é praticamente certo que o plenário decorrerá no Porto”, afirmou Paulo Rangel, que está em Bogotá, na Colômbia, para participar na XX edição do Fórum Iberoamerica.

O Fórum Iberoamerica foi criado em 2000 e junta, em reuniões anuais, antigos chefes de Estado e de Governo, bem como empresários, políticos, investigadores e representantes de meios de comunicação social de países da América Latina, Portugal, Espanha e Andorra, para promover a reflexão sobre desafios comuns.

Segundo o eurodeputado do Partido Popular Europeu, os temas da edição do próximo ano do Fórum Iberoamerica serão definidos posteriormente.

A edição deste ano, que teve como temas centrais o Desenvolvimento e a Educação, termina hoje em Bogotá e reuniu desde sexta-feira participantes em oito painéis, sobre assuntos que foram desde a energia à cultura, passando pela economia e ambiente.

A comitiva portuguesa que se deslocou a Bogotá foi liderada por Artur Santos Silva, ex-presidente do Conselho de Administração do BPI, e contou com dois palestrantes: Paulo Rangel e Arlindo Oliveira, presidente do Instituto Superior Técnico.

Arlindo Oliveira abordou a questão das migrações e dos refugiados, levando para a reflexão a vertente do impacto das tecnologias digitais, numa altura em que muita da população migrante recorre a ‘smartphones’ como instrumentos de sobrevivência.

Paulo Rangel falou no painel intitulado “Governabilidade e populismos”, procurando pontos de contacto entre os fenómenos populistas que vigoraram na América Latina, nas décadas de 1960 e 1970, e os movimentos que hoje suportam figuras como o ex-ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, ou o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán.

No Fórum, nas reflexões feitas nos oito painéis, juntaram-se figuras como o prémio Nobel da Física Johannes Geore Bednorz ou o prémio Nobel da Paz Muhammad Yunnus.

Na comitiva portuguesa seguiram ainda Ana Pinho, presidente do Conselho de Administração da Fundação de Serralves, Diogo Salvi, CEO da empresa de tecnologias de informação Timwetech, e Rui Vieira Nery, diretor do Programa Gulbenkian Cultura.

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Natixis quer explicar aos alunos do 9.º ano que a tecnologia “não é monopólio de género”

Iniciativa para estimular e promover a inclusão de jovens no mundo tecnológico juntou 36 estudantes do 9.º ano. Os jovens passaram o dia nas instalações da empresa para viverem a experiência.

Para estimular e promover a presença e o trabalho dos jovens no mundo da tecnologia, a Natixis organizou o programa “Champion for Change”, com especial enfoque no género feminino. Um dos objetivos do projeto é promover a interação com escolas, universidades e grupos tecnológicos.

Trinta e seis alunos da Escola EB 2/3 de Rio Tinto passaram o dia nas instalações da Natixis, na terça-feira, para vivenciarem o dia-a-dia de uma empresa tecnológica que conta com mais de 700 colaboradores só na cidade do Porto. A comunidade escolar é o principal público-alvo deste programa, nomeadamente estudantes entre o sétimo e o nono ano.

“É uma fase fulcral para experimentação antes de o aluno tomar uma decisão sobre a área de estudos que quer prosseguir a partir do 10.º ano de escolaridade. O objetivo do programa é proporcionar aos estudantes uma experiência enriquecedora na área tecnológica e ajudá-los perceber se as TIC serão ou não uma opção para uma carreira futura“, explica Nathalie Risacher, senior country manager da Natixis.

"O objetivo do programa é proporcionar aos estudantes uma experiência enriquecedora na área tecnológica e ajudá-los perceber se as TIC serão ou não uma opção para uma carreira futura.”

Nathalie Risacher

Senior country manager da Natixis

O programa já vai na segunda edição e pretende reforçar a mensagem de que as áreas da ciência, tecnologia, engenharia e matemática não são um monopólio de qualquer género e devem ser exercidas por mulheres e homens, com as mesmas oportunidades. Esta premissa surge devido a um estudo da da Microsoft que concluiu que apenas 33% dos colaboradores da indústria digital são mulheres.

Ana Vieira parece ser uma exceção à regra: apaixonada pelo mundo da tecnologia, principalmente por videojogos, teve a primeira PlayStation com apenas dois anos. Refere ao ECO que gostava de trabalhar numa loja de jogos ou até chegar mais longe, ser programadora de jogos. O sonho vem acompanhado de uma educação diferente. Ao contrário de “muitas famílias” que “ensinam às meninas outros tipo de coisas que não esta área mais tecnológica”, tanto o pai como o primo de Ana foram-se transmitindo o gosto pelos jogos e pelo mundo da informática.

Já Ana Ferreira tem ambições diferentes. A estudante gostava de seguir comunicação ou jornalismo, ainda que não descarte áreas ligadas às artes ou ao turismo. Relativamente à experiência do “Champion for Change”, confessa que é “uma experiência que pode mudar a nossa opinião e ditar aquilo que queremos escolher depois do nono ano”.

Também Pedro Dias gostou “bastante da experiência vivida na Natixis”. No entanto, o dia intensivo na fintech francesa não foi suficiente para mudar de ideias. No futuro, o estudante afasta, pelo menos para já, a área de ciências e tecnologias: prefere antes enveredar pelo mundo da música e entrar no conservatório.

Natixis continua a recrutar

Desde 2017 no Porto, a Natixis, divisão internacional do segundo maior grupo bancário em França, já empregou 700 pessoas apenas no Centro de Excelência em IT na Invicta. E promete não ficar por aqui. A tecnológica quer aumentar o número de trabalhadores para um total de 750, até ao final deste ano. Entre as ofertas de trabalho, a fintech está a procura de diversos perfis de IT, nomeadamente áreas de desenvolvimento, business analysis, business intelligence, quality assurance/software testing e também nas áreas de infraestruturas e segurança.

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Comboio da Ponte 25 de Abril com mais 35% de utentes num ano

  • Lusa
  • 2 Novembro 2019

As vendas do passe Navegante estão a aumentar a procura pelos transportes da Margem Sul. A Fertagus, a empresa que opera o comboio na ponte, transportou 21 milhões de passageiros em 2018.

As vendas das empresas de transportes da Margem Sul cresceram com o passe Navegante, tendo o comboio da Ponte 25 de Abril, operado pela Fertagus, registado num ano um aumento no número de utilizadores da ordem dos 35%.

Numa resposta escrita enviada à Lusa, a empresa que faz a ligação ferroviária entre Setúbal e Lisboa adiantou que “em outubro se verifica um crescimento de 34,53%, face a novembro de 2018”, o ano em que a Fertagus transportou 21 milhões de passageiros.

Também a rodoviária do distrito de Setúbal Transportes Sul do Tejo (TST) registou “um significativo aumento na procura dos serviços” entre abril (mês de entrada em vigor do passe) e setembro, com mais 2,4 milhões de passageiros, o que corresponde a um incremento de 400 mil utentes por mês e a um “crescimento médio de 14%”.

Já a Transtejo/Soflusa, que assegura o transporte fluvial entre a Margem Sul e Lisboa, registou um “aumento de procura de 5%, entre abril e setembro de 2019, face ao período homólogo de 2018”, o ano em que transportou cerca de 17,7 milhões de passageiros.

Empresas tentam responder ao aumento da procura. Queixas dos utentes continuam

Em declarações à Lusa, Marco Sargento, da Comissão de Utentes da Margem Sul, aplaudiu o passe mais económico, mas advertiu que persistem os problemas que já existiam nestes meios de transporte e que, inclusivamente, “aumentaram”.

Para fazer face à procura, a Fertagus implementou novos horários e retirou bancos em algumas carruagens para aumentar o número de lugares em pé, mas, segundo Marco Sargento, continuam as “sobrelotações constantes”.

Em 17 de setembro, a administradora da Fertagus, Cristina Dourado, adiantou à Lusa que a empresa se encontrava a “renegociar” com o Estado o contrato de concessão da travessia sobre o Tejo, que termina este ano, revelando também que a empresa estava a estudar a aquisição de material circulante.

No entanto, passado mais de um mês ainda “não há mais desenvolvimentos” sobre a concessão, nem sobre o novo material circulante, com exceção de “uma quinta carruagem que permitiria aumentar a capacidade”, tendo já sido pedida uma avaliação ao fabricante.

Já a medida de retirar bancos para criar um maior número de lugares em pé “tem-se revelado positiva e será previsível a sua extensão a mais unidades”, indicou a Fertagus.

Uma novidade que poderá não agradar a muitos dos utilizadores, como é o caso de Joana Soares, de 24 anos, que considera uma opção “terrível”, a qual evita sempre que pode.

A Transportes Sul do Tejo (TST) afirmou à Lusa que a melhoria da mobilidade dos seus passageiros “é uma prioridade para a empresa”, no entanto, utentes das carreiras com ligação a Lisboa queixam-se das filas e falta de autocarros.

Patrícia Lopes, de 26 anos, indicou que no final do dia, em Alcântara, em Lisboa, se gera “uma fila de 20 ou 30 pessoas que nem conseguem apanhar o autocarro” que pretendem, enquanto Margarida Dias, de 24 anos, apontou já ter chegado atrasada ao trabalho “várias vezes” por não ter lugar no autocarro.

Para fazer face a estes constrangimentos, a TST adiantou que está a “alocar mais viaturas” ao serviço e que continuam “a contratar e a formar novos motoristas” para reforçar a equipa.

Por sua vez, a administração da Transtejo e Soflusa justificou que os “constrangimentos operacionais e de recursos humanos” que têm enfrentado nos últimos meses “inviabilizam o reforço da oferta”.

Esta situação vai ao encontro das declarações da Comissão de Utentes da Margem Sul, que indicou persistirem “carreiras suprimidas, com atrasos injustificáveis e barcos muitas vezes sem as mínimas condições de higiene e conforto”.

Ainda assim, a curto prazo, a Transtejo e Soflusa refere que, para fazer face ao acréscimo de passageiros, vai manter “o esforço e investimento na componente de manutenção da frota, a fim de assegurar a operacionalidade necessária ao cumprimento da oferta diária”.

Desde 01 de abril que a Área Metropolitana de Lisboa tem um passe único metropolitano que abrange os 18 concelhos, por 40 euros, além de novos passes municipais que custam 30 euros.

Esta iniciativa está inserida no Programa de Apoio à Redução do Tarifário dos Transportes Públicos, que prevê que as Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto e as 21 Comunidades Intermunicipais recebam um total de 104 milhões de euros do Fundo Ambiental, através do Orçamento do Estado.

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