Hoje nas notícias: professores, cativações e florestas

  • ECO
  • 14 Fevereiro 2019

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

O ministro das Finanças decidiu apertar as cativações das verbas nos serviços públicos, para uma cativação única de 30%. Outros ministros estão de saída, para integrar a lista do PS às europeias, o que leva a uma remodelação do Governo. A tomada de posse dos novos membros do Executivo deverá acontecer na próxima segunda-feira. Já Capoulas Santos avançou com uma medida para majorar os custos com operações de limpeza ou gestão das florestas para efeitos de IRC ou IRS, de forma a diminuir o imposto final. Pelas escolas, os professores ponderam formas de financiar a greve, e alertam para que, se o Governo não marcar negociações, alguns alunos fiquem sem aulas no terceiro período. Veja estas e outras notícias que marcam as manchetes nacionais.

Depois do crowdfunding, professores querem fundo para greves

Numa altura em que é muito discutida a forma como os enfermeiros financiam a greve, através de uma plataforma de crowdfunding, os professores aparecem com uma ideia diferente. Fundos criados dentro das escolas, com quotizações entre os professores, é o plano delineado, segundo indica o secretário-geral da Fenprof. Os professores alertam ainda que, caso as negociações com o Governo não sejam marcadas no segundo período letivo, novas formas de luta podem deixar os alunos do 12º ano sem aulas no terceiro período. Leia a notícia completa no Diário de Notícias (acesso pago).

Líder da UGT acusa os ministros de “desrespeito”

O secretário-geral da UGT reconhece que existe “algum mal-estar” entre a UGT e o Governo, porque “a posição” da central sindical “está a incomodar” o Executivo. Em entrevista ao Público e à Renascença, Carlos Silva defende que o país vive “um sobressalto cívico e sindical” e a culpa é do Governo que “alimentou expectativas acima das suas possibilidades”. O responsável defende que “há uma convergência do mundo sindical e compete ao Governo perceber o que está em cima da mesa”.E admite que vê com preocupação a greve dos enfermeiros. Leia a notícia completa no Público (acesso pago).

Centeno agrava cativações do Estado

O Governo apertou as cativações das verbas dos serviços públicos. Em vez de cativar 15% da verba transferida do Orçamento do Estado (OE) para os serviços públicos e outra de 15% na receita própria dos mesmos, passou a fazer uma cativação única de 30% sobre o montante transferido, como forma de controlar a despesa. O novo método de cativação foi comunicado aos ministérios no início deste mês pela Direção-Geral do Orçamento (DGO). Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago).

Novos ministros tomam posse segunda-feira

Vem aí mais uma remodelação do Governo, e os novos ministros deverão tomar posse na tarde de segunda-feira, adiantam o Público e a Sábado. Na base desta mudança está a nomeação de Pedro Marques, ministro do Planeamento e Infraestruturas, e Maria Manuel Leitão Marques, da Presidência e Modernização Administrativa para a lista de candidatos socialistas ao Parlamento Europeu. Deverá ser Pedro Nuno Santos, atual secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, que sobe a ministro das Infraestruturas, pasta que poderá ainda conjugar com a Habitação. Já Mariana Vieira da Silva pode ser a escolha para substituir o secretário. Marcelo deve receber no dia anterior a lista com os nomes das pessoas que vão assumir funções. Leia a notícia completa na Sábado (acesso pago).

Limpeza das florestas vai dar descontos nos impostos

Os gastos com atividades que contribuírem para a defesa da floresta contra os incêndios vão ver um aumento da majoração para efeitos de IRC ou IRS no valor de 40%. O objetivo deste incentivo, inscrito numa portaria do ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, é subir o valor dedutível, baixando o imposto final. Limpezas, reflorestações, certificações ou planos de gestão florestal, conduzidas por empresas ou por proprietários individuais, que exerçam diretamente uma atividade económica de natureza silvícola ou florestal, são algumas das operações incluídas nesta majoração, que tem efeito a partir de 1 de janeiro deste ano. Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

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Finanças apertam cativações. Centeno corta 30% na verba transferida para os serviços públicos

  • ECO
  • 14 Fevereiro 2019

Centeno está mais cauteloso e decidiu mudar a forma como são feitas as cativações: em vez de 15% na verba transferida e 15% na receita própria dos serviços públicos, agora faz corte único de 30%.

O Governo apertou as cativações das verbas dos serviços públicos. Em vez de cativar 15% da verba transferida do Orçamento do Estado (OE) para os serviços públicos e outra de 15% na receita própria dos mesmos, passou a fazer uma cativação única de 30% sobre o montante transferido, como forma de controlar a despesa.

A notícia foi avançada pelo Correio da Manhã (acesso pago), que garante que o novo método de cativação foi comunicado aos ministérios no início deste mês pela Direção-Geral do Orçamento (DGO). Na base deste aperto está uma norma que, segundo o jornal, já fazia parte do OE em anos anteriores, mas que também faz parte do OE para este ano. Assim, segundo o Ministério das Finanças, “está-se apenas a implementar os cativos que estão determinados na Lei do OE para 2019”.

Mas o Correio da Manhã garante que a alteração foi feita e tem um objetivo claro: os serviços têm tendência a inflacionarem as receitas próprias, o que garantia que a cativação inicial de 15% incidia sobre um valor mais elevado. Assim, obtinham mais verbas para fazer face às despesas.

Mas o ministério liderado por Mário Centeno decidiu este ano ser mais cauteloso, fazendo a retenção inicial de 30%, num contexto macroeconómico que se prevê ser de abrandamento da economia. O jornal indica que “alguns responsáveis” dos serviços já alertaram que a medida deixa vários serviços “em risco de fechar portas por falta de dinheiro”.

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Greve na Função Pública terá primeiros efeitos no lixo e nos hospitais

  • Lusa
  • 14 Fevereiro 2019

Estruturas sindicais que convocaram esta greve nacional estimam que vá ter uma elevada adesão, com um impacto mais visível nos setores da saúde, educação, finanças e autarquias.

A greve dos funcionários públicos que está marcada para sexta-feira terá os seus primeiros efeitos ainda esta quinta-feira, nos hospitais e serviços de recolha de lixo, onde os horários noturnos se iniciam entre as 22h00 e as 24h00.

As estruturas sindicais que convocaram esta greve nacional estimam que vá ter uma elevada adesão, com um impacto mais visível nos setores da saúde, educação, finanças e autarquias, podendo levar ao encerramento de escolas e deixar lixo por recolher.

Na prática, a paralisação inicia-se esta noite dado que o pessoal da recolha de lixo começa a trabalhar a partir das 22h00 na maioria dos municípios e quem trabalha de noite nos hospitais inicia o turno às 11h00.

Na base do protesto, que envolve sindicatos da CGTP e da UGT, está o facto de o Governo prolongar o congelamento salarial por mais um ano, limitando-se a aumentar o nível remuneratório mais baixo da administração pública, de 580 para 635,07 euros, na sequência do aumento do salário mínimo nacional para os 600 euros.

A paralisação começou por ser marcada pela Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública (CGTP), há cerca de um mês, na expectativa de que o Governo ainda apresentasse uma proposta de aumentos generalizados para a função pública, o que não veio a concretizar-se.

A Federação Sindical da Administração Pública (FESAP) e a Federação Nacional da Educação (FNE), filiadas na UGT, marcaram dias depois greve para a mesma data, pelos mesmos motivos.

A FESAP e FNE emitiram um pré-aviso de greve também para hoje para dar cobertura legal a quem queira participar numa concentração de dirigentes e ativistas sindicais que vai decorrer ao início da tarde em frente ao Ministério das Finanças, em Lisboa.

O secretário-geral da UGT vai participar na ação de luta, onde será aprovada uma resolução para entregar no Ministério das Finanças.

A última greve nacional da administração pública ocorreu em 26 de outubro e foi convocada pela Frente Comum, pela FESAP e pelo Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE).

Nessa data, os sindicatos assumiram que aquela tinha sido a maior greve na Função Pública desde o período de intervenção da troika, com adesões médias entre os 80 e 90% na saúde e na educação e de 100% em muitas autarquias e tribunais.

Os trabalhadores da Função Pública têm os salários congelados desde 2009. A Frente Comum reivindica aumentos de 4% e um aumento mínimo de 60 euros, para quem ganhe até 1.500 euros. A FESAP reivindica 3,5% de aumento.

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100% biodegradável: já é possível imprimir em 3D… em cortiça

A inovação, 100% biodegradável, é conseguida a partir de resíduos de cortiça resultantes do fabrico de rolhas.

Os investigadores Elisabete Costa, Tatiana Antunes, Martinho Oliveira e Sara Silva.D.R.

Investigadores da Universidade de Aveiro conseguiram imprimir objetos em cortiça com recurso a uma impressora 3D. A inovação, 100% biodegradável, é conseguida a partir de resíduos de cortiça resultantes do fabrico de rolhas, explica a Universidade em comunicado.

Os investigadores acreditam que, além de permitir imprimir objetos ecológicos, a cortiça tem “o toque, o odor e a cor” únicos. “Temos, assim, um filamento para impressão 3D, com personalidade e amigo do ambiente que pode ser usado para as mais diversas impressões, pois permite a impressão de objetos com uma excelente estética e qualidade, com uma cor característica associada”, explica Tatiana Antunes, a estudante de Mestrado em engenharia de materiais.

A solução, “totalmente nova”, usa um novo componente é feito com “um filamento compósito que foi desenvolvido recorrendo a uma matriz plástica biodegradável e que incorpora partículas de cortiça que são parte de um resíduo resultante do processo de fabrico de rolhas”.

O projeto, desenvolvido na Escola Superior Aveiro-Norte (ESAN) e no departamento de engenharia de materiais e cerâmica, contou com a orientação dos professores Martinho Oliveira e Elisabete Costa e ainda com o acompanhamento da investigadora Sara Silva e da Amorim Cork Composites.

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Foi isto que Costa deu à Função Pública. O que falta dar?

Em mais de três anos de Governo, António Costa reverteu os cortes salariais da Função Pública, repôs as 35 horas e até subiu a base remuneratória. O que ficou por fazer, segundo os sindicatos?

Antes de mais, é preciso separar “ganhos” de “reposição”; e o que os últimos três anos provam é que o Executivo de António Costa “nada deu” aos funcionários do Estado, só “devolveu”. Quem o diz é Orlando Gonçalves, dirigente da Frente Comum, um dos sindicatos que escolheram o final desta segunda semana de fevereiro para marcar uma greve geral da Administração Pública. Que balanço é já possível fazer deste Governo? A Frente Comum dá-lhe nota negativa e a Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP) salienta que a geringonça ficou “aquém” das muitas expectativas que tinham sido criadas.

Esta quinta-feira, os funcionários públicos associados à FESAP, ao Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e das Entidades com Fins Públicos (SINTAP), à Federação Nacional da Educação (FNE) e à Federação Nacional de Professores (FENPROF) iniciam uma greve de dois dias. Na sexta, somam-se a estes os trabalhadores do Estado associados à Frente Comum.

O motor desta paralisação nacional é sobretudo a subida da base remuneratória da Função Pública (para 635,07 euros mensais) sem que tenha sido feita a atualização da Tabela Remuneratória Única (TRU) e sem que tenha sido proposta uma valorização salarial para os cerca de “600 mil trabalhadores” que desde 2009 não têm aumentos.

Foi no início de dezembro do ano passado que o Ministério das Finanças anunciou que os 50 milhões de euros reservados no Orçamento do Estado para 2019 para valorizações salariais na Função Pública iriam chegar, afinal, apenas aos que ganhavam menos, subindo-se a base remuneratória para os tais 635,07 euros (valor correspondente à atual quarta posição da TRU).

De imediato, os sindicatos criticaram a proposta, pedindo o alargamento desses aumentos a todos os trabalhadores. Várias reuniões depois e sem um consenso à vista, o Governo colocou um “ponto final” nas negociações. Seguiu caminho o aumento da base remuneratória sem que esteja previsto qualquer outro aumento este ano.

O Executivo de António Costa deverá, assim, chegar ao fim sem ter satisfeito uma das principais reivindicações das estruturas sindicais da Função Pública: Aumentos salariais para todos os trabalhadores do Estado.

A par deste, não faltam pedidos dos funcionários públicos que acabaram por não ser atendidos pela geringonça. Há, por outro lado, algumas conquistas a apontar, nos últimos três anos. Os sindicatos rejeitam a ideia de que se tenham registado “ganhos”, mas dão nota positiva às “reposições” que foram feitas.

“Temos que fazer uma separação entre ganhos e reposição. O Governo não deu absolutamente nada, devolveu”, sublinha Orlando Gonçalves, em conversa com o ECO. O dirigente da Frente Comum destaca como positivo o regresso às 35 horas semanais e o descongelamento das progressões.

Do lado da FESAP, José Abraão faz questão de enfatizar a reversão dos “cortes salariais do tempo da Troika” e o descongelamento das carreiras. Elogia também o aumento da base remuneratória, embora teça algumas críticas à proposta que acabou por ser aprovada em Conselho de Ministros.

  • Reversão dos cortes salariais

Foi no final de 2015 que o Governo começou a reverter de forma gradual os cortes salariais que marcaram o período de austeridade. Os primeiros 20% desses cortes foram apagados ainda em 2015, seguindo a reversão de mais 20% (ou seja, 40%) em janeiro de 2016, mais 20% (ou seja, 60%) a partir de abril de 2016 e mais 20% (ou seja 80%) em julho desse ano. Em outubro de 2016, deu-se assim a eliminação completa da redução remuneratória.

Segundo indicou a Unidade Técnica de Apoio Orçamental, esta reversão custaria 447 milhões de euros.

  • Descongelamento das carreiras

Conforme o acordo feito entre o Governo de António Costa e os seus parceiros sentados à esquerda no Parlamento, o descongelamento das carreiras está a ser feito em quatro fases. A 1 de janeiro de 2018, os funcionários com dez pontos passaram a receber 25% do acréscimo salarial a que tinham direito por via da progressão. A 1 de setembro de 2018, somaram-se a esses 25% mais 25%. A 1 de maio e a 1 de dezembro de 2019 estão previstas as duas outras fases em falta, chegando estes trabalhadores do Estado ao fim do ano com a valorização salarial que lhes é devida completa.

Para os funcionários que estavam a progredir da terceira posição da TRU para a quarta, essas duas últimas fases serão antecipadas, isto é, passam a receber os 635,07 euros mensais já no início do ano. Isto porque o Governo decidiu aumentar a base remuneratória da Função Pública, fazendo desse valor o salário mínimo do Estado.

Sobre este processo e em declarações ao ECO, o dirigente da FESAP sublinha que as mudanças de posição remuneratória foram entretanto “absorvidas pela inflação”, não tendo efetivamente sido sentidas pelos funcionários.

  • 35 horas para todos

Em causa está a reversão de uma das medidas tomadas durante o período da troika. Em julho de 2016, foram repostas as 35 horas semanais na Função Pública, deixando-se de fora, contudo, os trabalhadores com contrato individual de trabalho.

Só em 2018 é que esses funcionários conseguiram garantir a redução horária da sua semana de trabalho, uma medida que acabou por gerar alguma confusão nos hospitais. Na altura, os representante do setor da saúde chegaram mesmo a avisar que essa passagem das 40 para as 35 horas iria provocar o “caos”. O então ministro da Saúde respondeu: “Contrataremos os recursos que forem necessários contratar. Mas objetivamente os que estiverem disponíveis e os que fizerem falta”.

  • Integração dos precários

De acordo com o Ministro do Trabalho e da Segurança Social, já cerca de 14,5 mil precários receberam luz para a entrada nos quadros da Administração Pública, num total de mais de 30 mil candidatos. Ao nível da Administração Local, contam-se atualmente nove mil candidatos admitidos. “É evidente que existem lacunas, atrasos e problemas”, disse Vieira da Silva, no Parlamento. Segundo o Governo, este processo de integração deverá estar concluído este ano.

“O Programa de Regularização Extraordinária de Vínculos Precários da Administração Pública é um sistema tão burocrático”, critica a Frente Comum, referindo que o Governo não fez um esforço real para combater esta situação. Apenas “deu continuidade” às políticas anteriores.

  • Admissão de mais trabalhadores

No que diz respeito às áreas que têm estado mais “fechadas” à admissão de funcionários, o primeiro-ministro já anunciou um concurso de recrutamento para os quadros do Estado de mil jovens com formação superior. Isto de modo a reforçar os centros de competências e as áreas estratégicas de conceção e planeamento de políticas públicas e de digitalização da administração. “Esta operação de recrutamento será complementada com o programa de capacitação avançada para trabalhadores em funções públicas“, explicou ainda o Ministério de Mário Centeno, em comunicado.

À parte destes processos, é importante notar que há mais 10.600 funcionários públicos desde o início do Executivo de António Costa. Os dados referidos fazem parte do Boletim Estatísticos do Emprego Público mais recente e dizem respeito ao período entre 2015 e 2017.

  • Subida da base remuneratória

Em 2019, o Governo reservou 50 milhões de euros para valorizar as remunerações da Função Pública, tendo decidido concentrar essa verba nos escalões remuneratórios mais baixos. Assim, a partir deste ano, o salário mais baixo do Estado passa a ser 635,07 euros, valor equivalente à quarta posição da TRU e que contrasta com os 600 euros da remuneração mínima garantida nacional.

Aos jornalistas, o Ministério das Finanças explicou que desses 50 milhões de euros, 20 milhões de euros serão gastos apenas com a subida em linha com o salário mínimo nacional. Os restantes 30 milhões servirão, por isso, para o aumento de 35 euros referido, que será conseguido tanto pela via administrativa como pela via das progressões (para os funcionários que estavam na 3ª posição da TRU e já reuniam as condições de antiguidade necessárias para chegar à 4ª).

De notar que por ambas as vias, e para preservar a “hierarquia das carreiras”, os pontos que tinham sido acumulados pelos funcionários para avançarem na carreira serão eliminados. “Os únicos que vão realmente usufruir dessa medida são os mais novos [porque não tinham muitos pontos para perder]. São pouquíssimos porque as admissões estiveram congeladas”, sublinha o dirigente da Frente Comum ouvido pelo ECO.

“[Com esta medida] o Governo acaba por empurrar para 2029 a próxima mudança de escalão remuneratório“, acrescenta, por sua vez, José Abraão, da FESAP.

Os quatro anos de geringonça ainda não chegaram ao fim, mas os sindicatos já conseguem antecipar que reivindicações ficarão por satisfazer. A principal diz respeito aos aumentos salariais de toda a Função Pública, mas a revisão das carreiras não lhe fica muito atrás em importância. Há ainda a questão da contabilização do tempo de serviço dos professores, cujas negociações ainda não foram retomadas.

A FESAP nota também que ficam por fazer as “novas convenções” da ADSE que iriam melhorar este serviço. E a Frente Comum faz questão de notar que o trabalho extraordinário continua a valer “metade” do que no privado, mas reforça que esta não é uma prioridade.

  • Aumentos para todos os funcionários públicos

Este ano, apenas são alvo de aumentos remuneratórios os funcionários públicos que ganhavam menos de 635 euros, ou seja, que ocupavam os escalões mais baixos da TRU. Ficam assim por valorizar os salários dos “600 mil trabalhadores” que há dez anos não têm aumentos. Em 2009, esses funcionários tiveram um aumento de 2,9%, mas desde então os seus salários não têm crescido.

Pior, diz José Abraão ao ECO, “o salário mínimo transformou-se no salário médio” da Função Pública, o que torna difícil “reter talento”. Orlando Gonçalves, da Frente Comum, corrobora esse argumento e acrescenta: “Qualquer funcionários público ganha hoje menos do que ganhava em 2009, em termos líquidos, por causa do peso do IRS e da ADSE”.

  • Revisão das carreiras

“Há cerca de 80 carreiras que não são revistas desde 2009”, identifica José Abraão. Entre essas carreiras, estão a dos informáticos, a dos vigilantes da natureza, a dos veterinários e até a dos polícias municipais. “Neste ponto, o Governo foi manifestamente insuficiente”, sublinha o dirigente da FESAP.

“É necessário rever os conteúdos funcionais das carreiras especiais e os seus salários”, salienta, por sua vez, a Frente Comum, referindo que esta matéria deveria ter sido tratada, por lei, em 2009, mas acabou por se arrastar. “Este Governo só reviu três carreiras”, enfatiza, declarando haver ainda muito por fazer neste campo.

  • 9 anos, 4 meses e 2 dias dos professores

Continua por resolver a questão da contabilização do tempo congelado dos professores. Em causa estão nove anos, quatro meses e dois dias, mas o Executivo insiste em contar apenas cerca de dois anos.

A proposta chegou mesmo às mãos do Presidente da República, que a vetou e obrigou o Governo a regressar às negociações, o que ainda não aconteceu. António Costa tem defendido que essa reunião não deve ser marcada até que haja realmente novas propostas para serem discutidas. Os professores estão assim num impasse e, por isso, juntam-se também esta quinta e sexta à greve.

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Diogo da Silveira na despedida: “Deixo a Navigator numa posição fantástica”

CEO prepara-se para abandonar a papeleira portuguesa em abril. Diz que sai por "decisão pessoal", mas garante que deixa a Navigator "numa posição fantástica".

Diogo da Silveira já começou a despedir-se do cargo de presidente executivo da Navigator que ocupou nos últimos cinco anos. Diz que abandona por decisão pessoal, mas sublinha que deixa a papeleira portuguesa “numa posição fantástica”.

“A empresa está numa forma fantástica, sólida e preparada para enfrentar os riscos mas também as oportunidades”, referiu Diogo da Silveira na sua última conference call de analistas, em que teve oportunidade de explicar os lucros de 225 milhões de euros que a Navigator obteve em 2018.

Numa curta comunicação, o ainda CEO da papeleira disse que não vai continuar no cargo por “decisão pessoal”. “Senti que isto era um ciclo para mim e que chegou o tempo para fechar este capítulo da minha vida profissional”, referiu Diogo da Silveira.

Lembrou o trabalho que fez à frente da Navigator, nomeadamente na diversificação e aumento da capacidade das operações da empresa e no rejuvenescimento dos quadros e tudo isto num contexto de “razoável evolução dos lucros”. “O EBITDA cresceu todos os anos, tendo atingido 455 milhões de euros em 2018”, assinalou.

O mandato termina no dia 9 de abril, data a partir da qual tomará posse a nova administração liderada por João Castello Branco. O atual chairman da Navigator que também marcou presença na conferência para dizer que, “à exceção do Diogo, é intenção que se mantenha a restante equipa executiva”.

"A empresa está numa forma fantástica, sólida e preparada para enfrentar os riscos mas também as oportunidades.”

Diogo da Silveira

CEO da Navigator

Castello Branco quis deixar um agradecimento pessoal a Diogo da Silveira pela “liderança da empresa nos últimos cinco anos”. “Muito foi alcançado neste período. (…) O nosso foco passa por continuar o bom trabalho que tem sido feito até agora. Queremos prosseguir a excelência comercial e industrial“, frisou o chairman.

Atualmente, integra a comissão executiva da Navigator António José Pereira Redondo, José Fernando Morais Carreira de Araújo, Nuno Miguel Moreira de Araújo dos Santos e João Paulo Araújo Oliveira.

Durante a conference call, Diogo da Silveira disse aos analistas que a Navigator não vai mexer na política de dividendos, a qual considera ser “sólida”. A papeleira pagou um dividendo de 27,894 cêntimos em 2018.

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5 coisas que vão marcar o dia

O INE publica os dados relativos à evolução da economia em 2018. O dia ficará também marcado pela greve da Função Pública e pela discussão sobre uma nova comissão de inquérito à Caixa.

Em dia de greve da Função Pública, o Instituto Nacional de Estatística (INE) vai divulgar os dados relativos à evolução da economia portuguesa em 2018, assim como os dados da atividade turística, que tem sido um dos principais motores da economia e que apresentou fortes sinais de desaceleração no ano passado. Será também o dia em que o Parlamento vai discutir a constituição de uma nova comissão parlamentar de inquérito à gestão feita na Caixa Geral de Depósitos (CGD). Lá fora, os deputados britânicos voltam a discutir a estratégia para o Brexit.

Como evoluiu a economia em 2018?

O INE publica, esta manhã, os dados relativos à evolução do Produto Interno Bruto (PIB) em 2018. Os economistas antecipam que a economia portuguesa tenha crescido 2,1% no ano passado, valor que fica abaixo da previsão de 2,3% do Governo. Qualquer um destes valores ficará abaixo do crescimento de 2,8% que foi registado em 2017.

Turismo deverá abrandar

Para além das contas nacionais trimestrais, o INE vai ainda publicar os dados relativos à atividade turística no conjunto do ano passado. Os dados para o período de janeiro a novembro mostram já uma clara desaceleração daquele que tem sido um dos principais motores da economia nacional: o número de hóspedes aumentou apenas 1,6% neste período (quando tinha subido 8,7% entre janeiro e novembro de 2017), enquanto o número de dormidas caiu 0,2% (depois da subida de 7,2% que tinha registado no mesmo período de 2017).

Parlamento discute comissão de inquérito à Caixa

O Parlamento discute, esta tarde, a constituição de uma nova comissão parlamentar de inquérito à gestão que foi feita na Caixa desde o ano de 2000, depois de já ter sido conhecida a auditoria da EY à gestão do banco público entre 2000 e 2015 e de ter sido promulgada uma lei que garante às comissões de inquérito o acesso às informações solicitadas aos bancos. O projeto para a constituição desta nova comissão é apresentado por PS, PSD, Bloco de Esquerda e CDS-PP, pelo que é certo que será aprovado. Esta quinta-feira terá lugar apenas a discussão deste projeto, e não a votação, que só irá decorrer na sexta-feira.

Função Pública em greve

Os funcionários públicos participam numa greve convocada pela Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP), a Federação Nacional de Educação (FNE) e a Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, em protesto por aumentos salariais para todos os trabalhadores. A greve deverá afetar, sobretudo, os setores da Saúde, Educação, Finanças e autarquias.

Parlamento britânico volta a discutir Brexit

O Parlamento britânico fará um novo debate em torno da estratégia para o Brexit depois de, no mês passado, ter chumbado o acordo alcançado entre Theresa May e a União Europeia para a saída do Reino Unido do espaço comunitário. A primeira-ministra britânica disse que espera levar um novo acordo de volta ao Parlamento “o mais rápido possível”, mas, para já, não há ainda data para uma nova votação.

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Wall Street fecha em alta com a energia a brilhar. General Electric dispara 4%

A farmacêutica Teva destacou-se pela negativa com um tombo de quase 8%. A sessão ficou também marcada pelo anúncio do IPO da Levi Strauss.

O rally acionista em Wall Street continua pela terceira sessão consecutiva. O otimismo dos investidores prende-se com as expetativas que os EUA e a China possam chegar a um acordo comercial, enquanto os dados da inflação acalmaram as preocupações que um sobreaquecimento da economia pudesse levar a Reserva Federal norte-americana a descer a taxa de juros de referência.

Em Beijing, onde se encontra para negociar um acordo comercial, o Secretário de Estado do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, afirmou que “até agora, está tudo bem” sobre as conversações, que classificou como “produtivas”. Matthew Keator, partner da gestora de patrimónios Keator Group, explicou, em declarações à agência Reuters, que “o mercado está a antecipar um acordo com a China”.

A sessão ficou também marcada pela divulgação de dados da inflação nos EUA. Os preços dos combustíveis mais baixos ajudaram a abrandar a taxa de inflação global em 1,6%, o ritmo mais lento desde junho de 2017, enquanto a inflação subjacente (excluindo alimentos e energia) situou-se em 2,2% em janeiro, face às projeções de uma desaceleração para 2,1%.

O índice industrial Dow Jones ganhou 0,44% para 25.536,49 pontos, enquanto o financeiro S&P 500 subiu 0,27% para 2.752,26 pontos e o tecnológico Nasdaq valorizou 0,08% para 7.420,38 pontos.

Numa altura em que a época de resultados se aproxima do fim, foi a energia que se destacou pela positiva, em parte devido à retoma dos preços do petróleo. A energética General Electric disparou 3,91% para 10,37 dólares por ação a beneficiar das notícias de que registou um número recorde de pedidos de turbinas a gás em 2018. Em sentido contrário, a farmacêutica Teva Pharmaceuticals tombou 7,69% para 6.424 dólares graças a um outlook para 2019 mais fraco que o esperado.

A famosa marca de jeans Levi Strauss anunciou também esta quarta-feira que quer entrar para a bolsa. Pretende captar 100 milhões de dólares (88,5 milhões de euros) através de uma Oferta Pública Inicial (IPO, na sigla em inglês). O encaixe financeiro será usado pela empresa para cobrir custos operacionais com a expansão para mercados emergentes (incluindo China, Índia e Brasil), estando aquisições estratégicas fora dos planos da empresa.

No mercado cambial, o dólar voltou aos ganhos depois de uma interrupção no rally (que era já o maior em três anos), que durou apenas na terça-feira. A divisa norte-americana apreciou-se 0,53% contra o euro, para 1,1266 dólares.

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Reclamações nos CTT caem 7% em 2018 para duas por cada dez mil objetos distribuídos

  • Lusa
  • 13 Fevereiro 2019

De acordo com os Correios, as reclamações cujo canal de entrada foi o livro de reclamações representaram, em 2018, 11% do total das reclamações relativas ao serviço público universal.

Os CTT – Correios de Portugal receberam em 2018 duas reclamações por cada dez mil objetos distribuídos pelos serviços postais, uma redução de 7% face ao ano anterior, divulgou esta quarta-feira a empresa.

As reclamações totais de serviços postais recebidas pelos CTT caíram 7% em 2018 face a 2017. Em 2018, os CTT receberam, por todos os canais de entrada (‘e-mail’, carta, ‘call center’, presença física nos pontos CTT, livro de reclamação físico e eletrónico) o correspondente a duas reclamações por cada dez mil objetos distribuídos”, avançaram, em comunicado, os Correios.

Os CTT notaram ainda que a informação divulgada pela Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom), relativa às reclamações sobre serviços postais, “é parcial, não englobando a totalidade das reclamações recebidas por diversos canais de entrada, mas apenas as recebidas através do livro de reclamações e as diretamente remetidas à Anacom”.

De acordo com os Correios, as reclamações cujo canal de entrada foi o livro de reclamações representaram, em 2018, 11% do total das reclamações relativas ao serviço público universal. “Mesmo considerando apenas os dados dos livros de reclamações nos termos divulgados pela Anacom, o grupo CTT foi o que teve melhor evolução nas reclamações dos operadores em serviços postais”, vincou a empresa. Os CTT reportam trimestralmente ao regulador as reclamações e pedidos de informação de serviço universal recebidas, por norma, até 15 de março.

Tendo “por objetivo o esclarecimento cabal que os dados objetivos permitem dar, os CTT entregaram hoje à Anacom a respetiva informação, para uma contabilização rigorosa e objetiva da totalidade dos dados relativos ao serviço postal universal”, indicaram os CTT. Na sessão desta quarta-feira em bolsa, os CTT cederam 0,58% para 3,09 euros. A Anacom divulgou que, entre os casos no setor postal registados no livro de reclamações, “os CTT receberam 20 mil reclamações (87,4% do total do setor postal), o que corresponde a um aumento de 36% face ao ano anterior”.

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Investimento público ficou 1.180 milhões abaixo do previsto, diz a UTAO

Os técnicos do Parlamento analisaram a execução orçamental do ano passado. Défice ficou pior por causa da baixa execução dos fundos comunitários para apoio social e dividendos do Banco de Portugal.

O investimento público no ano passado ficou 1.180 milhões de euros abaixo do previsto pelo Governo no Orçamento do Estado para 2018 aprovado na Assembleia, dizem os técnicos do Parlamento, no relatório onde analisam a execução orçamental de 2018 em contabilidade pública, a que o ECO teve acesso. O Governo tem-se revelado otimista quanto aos resultados em contabilidade nacional, a ótica que Bruxelas usa para acompanhar as contas públicas dos estados-membros.

Quando fez o Orçamento do Estado para 2018, ainda em 2017, o Governo apresentou uma previsão de despesa de investimento público que depois reviu em baixa em outubro de 2018, quando entregou o Orçamento do Estado para 2019. No entanto, o resultado final revelado pelo boletim de execução da Direção-Geral do Orçamento (DGO) foi ainda mais baixo.

“O investimento, quando excluído da despesa com concessões, evidenciou um crescimento homólogo (4,7%) substancialmente abaixo da taxa de variação permitida pelo OE/2018 (48,3%), o que corresponde a um desvio de 1.180 milhões de euros. Para este resultado, contribuíram os reduzidos graus de execução de despesa em investimento na empresa Infraestruturas de Portugal (excluindo concessões) e no setor da Saúde, com níveis de 45% e 44%, respetivamente, os quais correspondem a desvios nominais de 160 milhões de euros e 168 milhões de euros“, diz a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO).

Os técnicos que dão apoio aos deputados da comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Administração Pública dizem mesmo que “o investimento, excluído de concessões, apresentou o maior contributo para o baixo grau de execução da despesa, ficando cerca de 1180 milhões de euros abaixo do OE/2018”.

Esta comparação é particularmente relevante já que foi este o valor validado politicamente pelo Bloco de Esquerda, PCP e Verdes no Parlamento, partidos que muito têm criticado o Executivo pela falta de investimento público.

Apesar da baixa taxa de execução desta despesa, o défice em contabilidade pública acabou por desiludir. Em outubro, o Governo previa que fechasse 2018 em 1.304 milhões de euros, mas ficou em 2.083 milhões de euros.

A UTAO ajustou estes valores de forma a torná-los comparáveis, mas a tendência manteve-se embora com uma diferença menor. Segundo os técnicos do Parlamento, o défice ficou 205 milhões de euros pior do que o previsto. Para este resultado contribuiu principalmente o desempenho da rubrica outras despesas correntes.

“Ao longo do ano, o baixo grau de execução das transferências da União Europeia para os subsetores Estado e Segurança Social (no âmbito do Fundo Social Europeu e do Fundo Social de Auxílio às Pessoas Mais Carenciadas) e, por outro, os rendimentos de propriedade, nos quais avulta um montante de dividendos do Banco de Portugal (414,9 milhões de euros) inferior ao previsto (500 milhões de euros).”

Os técnicos da UTAO revelam ainda que, da almofada que o Ministério das Finanças tinha de parte para fazer face a surpresas negativas na execução, e que no total atingia 3.002 milhões de euros, foram usados 1.898 milhões de euros. No entanto, este valor é ainda parcelar já que a informação referente às cativações só está atualizada até setembro.

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O que é a ADSE? Quem beneficia? E o que se está a passar nas relações com os privados?

  • Lusa e ECO
  • 13 Fevereiro 2019

ADSE, sistema de saúde para os funcionários públicos criado há mais de meio século, tem estado envolta em polémica devido a um diferendo com alguns hospitais privados. Saiba o que está em causa.

A ADSE conta com 1,2 milhões de beneficiários, entre funcionários públicos no ativo, aposentados do Estado e familiares, sendo um sistema de saúde pago exclusivamente com os descontos mensais dos beneficiários titulares.

O sistema existe há mais de meio século e funciona como uma espécie de seguro de saúde dos funcionários públicos e reformados que, a troco de um desconto mensal de 3,5% sobre o seu salário ou pensão, podem ter acesso a prestadores de saúde privados a preços mais baixos (regime convencionado). Podem ainda optar pelo regime livre, sendo reembolsados mais tarde.

Nos últimos meses, a ADSE tem estado envolta em polémica devido a um diferendo com alguns hospitais privados, já que o instituto público de gestão participada exige a devolução de 38 milhões de euros por excesso de faturação em 2015 e 2016.

Esta situação, que se seguiu a um agitado período de negociação em torno da tabela de preços da ADSE, levou a que os maiores grupos de saúde privados tenham ameaçado romper as convenções com a ADSE a partir da segunda semana de abril.

Eis alguns pontos essenciais sobre o tema:

ADSE existe há mais de 50 anos

A ADSE (Assistência na Doença aos Servidores Civis do Estado) foi criada em 1963 e os seus beneficiários não efetuavam qualquer desconto para o sistema. No início, abrangia apenas os funcionários públicos no ativo, mas foi sendo alargada aos dependentes, cônjuges e aposentados.

Os beneficiários começaram a contribuir para o sistema de saúde em 1979 com 0,5% do salário, ficando os reformados isentos. Um ano depois, a ADSE foi transformada na Direção-Geral de Proteção Social aos Trabalhadores em Funções Públicas e o desconto aumentou para 1% e assim se manteve durante mais de 20 anos.

Inscrição é facultativa e renúncia passa a ser possível

Em 2006, com o Governo de José Sócrates entraram em vigor várias alterações ao funcionamento e ao esquema de benefícios da ADSE, passando esta a ser equiparada a entidade administradora das receitas provenientes do desconto obrigatório.

A inscrição na ADSE deixou de ser obrigatória e os beneficiários passaram a poder renunciar ao subsistema de saúde, ficando, no entanto, sem hipótese de regressar.

O desconto aumentou em 2007 para 1,5% no caso dos funcionários no ativo e os aposentados passaram a contribuir com 1% da sua pensão, percentagem que foi subindo gradualmente até atingir 1,5%. Os descontos passaram então a constituir receita própria da ADSE.

Contribuição mais do que duplicou durante a troika

Durante o programa de ajustamento, com o Governo de Passos Coelho, a taxa de desconto dos beneficiários aumentou num primeiro momento para 2,5% e, menos de um ano depois, em maio de 2014, voltou a subir para 3,5%, valor que se mantém até hoje.

Nesse ano, as receitas provenientes dos descontos ultrapassaram 520 milhões de euros (contra cerca de 280 milhões de euros em 2013).

Foi nessa altura que o sistema deixou de receber verbas do Orçamento do Estado e passou a ser suportado integralmente pelos descontos dos beneficiários, tendo registado o seu primeiro excedente, de 63 milhões de euros, em 2015.

Encargos da ADSE com saúde em 2016

De acordo com o último relatório de contas publicado pela ADSE, o universo dos prestadores convencionados, em 2016, abrangeu 1.613 entidades. Cerca de 908 mil beneficiários procuraram a rede da ADSE, enquanto 475 mil optaram pelo regime livre.

De acordo com a demonstração de resultados de 2016, os custos com o sistema de financiamento de cuidados de saúde, suportados diretamente pela ADSE totalizaram 538,8 milhões de euros, um acréscimo de 19,6% face ao ano anterior.

A faturação dos prestadores da rede convencionada aumentou 26,3% entre 2015 e 2016 para 405,3 milhões de euros.

Segundo o relatório, o custo médio de financiamento por beneficiário da ADSE no regime convencionado “tem vindo aumentar substancialmente ao longo dos últimos anos”, tendo crescido 29,6% entre 2015 e 2016, para 331,45 euros. Já o custo médio por beneficiários em regime livre foi de 137,74 euros.

ADSE transforma-se em instituto público

A ADSE passou para a tutela do Ministério da Saúde em 2015 e no ano seguinte foi criada a Comissão de Reforma do modelo da ADSE, tendo esta passado a ser um instituto público de gestão participada a partir de 1 de janeiro de 2017. Foi no final desse ano que começou a ser discutida a atualização das tabelas da ADSE e que estalou o diferendo entre o instituto público e os hospitais privados.

Discussão sobre novas tabelas não foi pacífica

As novas tabelas de preços que a ADSE apresentou ao setor privado motivaram fortes críticas do setor, tendo a Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP) considerado que os valores representavam “perdas incomportáveis” para os privados e punham em causa o acesso dos beneficiários aos cuidados de saúde.

O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, em declarações à Lusa em janeiro de 2018, classificou como “absolutamente escandalosos” os preços que a ADSE paga por alguns atos médicos.

“Não me admira que quem gere a medicina privada em Portugal possa recusar ter o seguro da ADSE nestas circunstâncias, disse Miguel Guimarães na altura.

Devolução de 38 milhões de euros agravou discórdia

A discórdia entre os privados e a ADSE agravou-se nos últimos meses quando, em dezembro, o conselho diretivo do instituto público comunicou aos hospitais e clínicas privados que estes teriam de devolver 38 milhões de euros devido a excessos de faturação efetuados entre 2015 e 2016.

A decisão da ADSE teve por base um parecer da Procuradoria Geral da República (PGR) que surgiu na sequência de um recurso à justiça por parte da APHP onde contestava as regularizações.

O que está em causa nas regularizações

Segundo o conselho diretivo da ADSE, os prestadores de saúde podem faturar o valor que entenderem sobre atos médicos, sobretudo medicamentos, dispositivos ou cirurgias, sem que esteja definido um valor máximo. Porém, estão sujeitos a uma regularização posterior, já que em 2009 foi introduzido o princípio da regularização.

Porém, a APHP disse desconhecer o parecer da PGR, sublinhando que o assunto estava a ser dirimido nos tribunais, tendo a associação um outro parecer em seu poder, da autoria de Vital Moreira, a defender exatamente o contrário.

Segundo a associação, “não é razoável pretender fazer regularizações retroativas de faturas conferidas e pagas, com base em valores que ninguém sabe quais são e em que contexto foram praticados”.

Privados ameaçam romper convenções com ADSE

Já no final do ano passado a APHP realizou uma assembleia-geral extraordinária para analisar a situação e o presidente da associação, Óscar Gaspar, contou que alguns prestadores admitiam deixar de ter convenção com a ADSE.

Esta semana, a José de Mello Saúde (que gere os hospitais e clínicas CUF), a Luz Saúde e o Grupo Lusíadas anunciaram romper as convenções com a ADSE a partir da segunda semana de abril, motivando reações de vários partidos políticos e do Presidente da República, que apelou a um entendimento.

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IFD e Novo Banco assinam empréstimo de 40 milhões para financiar empresas portuguesas

  • Lusa
  • 13 Fevereiro 2019

Contrato de empréstimo é destinado aos “setores da indústria transformadora, turismo, agricultura, comércio e serviços", a empresas com "particular apetência para projetos em investimento produtivo.

A Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD), mais conhecida como banco de fomento, e o Novo Banco assinaram esta quarta-feira, no Ministério da Economia, em Lisboa, um contrato de empréstimo de 40 milhões de euros para financiar empresas portuguesas.

De acordo com o comunicado conjunto do Ministério da Economia, do Novo Banco e da IFD, o contrato de empréstimo é destinado aos “setores da indústria transformadora, turismo, agricultura, comércio e serviços”, a empresas com “particular apetência para projetos em investimento produtivo e de desenvolvimento do negócio nas áreas da inovação e internacionalização”.

O financiamento enquadra-se na linha Capitalizar ‘MidCaps’ (empresas de capitalização média), proveniente do Banco Europeu de Investimento (BEI), e completa os 100 milhões de euros de crédito acordados com bancos portugueses, depois do acordo de 60 milhões assinado com o BCP em janeiro.

O ministro adjunto e da Economia, Siza Vieira (C) acompanhado por Henrique Cruz (D), presidente da Comissão Executiva da IFD, e pelo António Ramalho (E), presidente da Comissão Executiva do Novo Banco durante a assinatura do contrato de financiamento entre IFD e Novo Banco em Lisboa, 13 fevereiro 2019.ANDRÉ KOSTERS / LUSA 13 fevereiro, 2019

Na cerimónia de assinatura do protocolo estiveram presentes o ministro Adjunto e da Economia e os presidentes executivos do Novo Banco e da IFD.

Em declarações à agência Lusa, à margem da assinatura do protocolo, o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, disse que “o sistema bancário em Portugal tem dificuldade em conceder crédito a longo prazo às pequenas e médias empresas (PME)” e não responde a tempo a projetos de investimento que “demoram tempo a pagar-se e que exigem prazos”.

O ministro considerou ainda que “falta na economia portuguesa a capacidade de trazer capital para as empresas em fase de nascença” e que “ainda não provaram que têm o modelo de negócio suficientemente desenvolvido”, concluindo que instituições como a IFD “atuam naquilo que são as falhas de mercado”.

Já o presidente executivo do Novo Banco, António Ramalho, anunciou que os 40 milhões de crédito concedido vão estar “centralizados no Novo Banco, mas descentralizados nos objetivos de colocação destes fundos”, explicando que “10% dos fundos estão afetos aos Açores” e que espera ter outros “10% afetos à Madeira”.

O presidente executivo da IFD, Henrique Cruz, considerou o acordo “mais um testemunho que a IFD está empenhada em financiar o acesso ao financiamento pelas empresas portuguesas”.

“A IFD conclui assim a colocação da primeira tranche de 100 milhões de euros para financiamentos que podem ir até 12 anos e, assim, faz com que chegue à economia outro tanto que o Novo Banco e outra instituição financeira [o BCP] terão de acompanhar, perfazendo um total de 200 milhões de euros”, completou.

Segundo o comunicado conjunto, “a IFD dá preferência às propostas de carteira de empréstimos às PME e ‘MidCaps’ que privilegiem o financiamento do investimento relativamente ao fundo de maneio” e que “apresentem maturidade média mais longa (podendo ir até 12 anos)”.

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