Boeing e Airbus investigam formas de evitar contágio em cabinas

  • Lusa
  • 27 Maio 2020

Segundo a IATA, as perdas no setor provocadas pela pandemia rondam os 286 mil milhões de euros, uma queda de 55%. O tráfego aéreo só deverá recuperar os níveis pré-pandemia em 2023.

Os fabricantes aéreos Boeing e Airbus estão a investigar formas de limitar o contágio do Covid-19 dentro dos aviões, uma iniciativa para tranquilizar passageiros e relançar o tráfego aéreo, fortemente afetado pela pandemia.

As pesquisas envolvem académicos, especialistas em medicina e engenheiros, disseram as empresas na terça-feira ao The Wall Street Journal (WSJ).

A Boeing está a desenvolver modelos informáticos que simulam o ambiente em cabina, estando a avaliar igualmente a possibilidade de usar luzes ultravioletas para desinfetar os aviões, disse o construtor de aviões norte-americano ao WSJ. “Estamos a tomar medidas para entender melhor qualquer risco potencial”, confirmou um porta-voz da Boeing.

Por seu lado, o fabricante europeu de aviões Airbus está a trocar informações com universidades de vários países, para encontrar outros métodos para reduzir a propagação do vírus. Entre as alternativas a serem estudadas pela companhia estão desinfetantes com efeitos que podem durar até cinco dias, materiais com propriedades de autolimpeza ou equipamentos nas casas de banho que não requeiram contacto.

A Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) financia há anos investigações sobre a filtragem de ar em aviões, estando a analisar formas de reduzir o risco de propagação do novo coronavírus SARS-CoV-2 entre os passageiros, em conjunto com a Airbus, Boeing e especialistas do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC), indicaram as mesmas fontes ao WSJ.

Apesar de já existirem estudos sobre a propagação de patogénicos durante os voos, o comportamento do novo coroavírus continua a estar rodeado de muitas incógnitas, segundo os investigadores. “Há muitas coisas que ainda não sabemos“, disse John Scott Meschke, um microbiólogo da Universidade de Washington consultado pela Boeing sobre a propagação do vírus.

As pesquisas surgiram numa altura em que as companhias aéreas procuram tranquilizar os passageiros, garantindo que o ar é filtrado em cabina e que o uso de máscaras protege contra o contágio, depois de a pandemia ter levado a uma redução drástica no tráfego aéreo, até menos 90%.

Segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), as perdas no setor provocadas pela pandemia rondam os 314 mil milhões de dólares (286 mil milhões de euros), uma queda de 55% em relação ao ano anterior. O tráfego aéreo só deverá recuperar os níveis pré-pandemia após 2023, de acordo com a organização.

Várias companhias aéreas declararam falência, incluindo a Latam, a maior companhia aérea da America Latina, a Avianca, segunda maior empresa colombiana, a Virgin Australia, a South African Airways (SAA) e a Comair, além da britânica Flybe e de quatro filiais da Norwegian Air Shuttle, na Suécia e Dinamarca.

Até meados de maio, os Estados terão desembolsado cerca de 123 mil milhões de dólares (112 mil milhões de euros) em apoios às companhias aéreas, de acordo com as estimativas da IATA.

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Só 28% do crédito aprovado chegou às empresas

  • ECO
  • 27 Maio 2020

Dos 6,2 mil milhões de euros de linhas de crédito aprovadas, apenas pouco mais de 1,7 mil milhões já chegaram às empresas, indicam dados do IAPMEI.

Os 6,2 mil milhões de euros em linhas de crédito com garantia do Estado destinadas a ajudar as empresas a fazer face às dificuldades financeiras impostas pela pandemia já estão praticamente esgotados, mas menos de um terço desse valor chegou aos seus destinatários. Só 1,7 mil milhões de euros foram já contratados entre a banca e as empresas, avança o Jornal de Negócios (acesso pago), esta quarta-feira.

Segundo um documento disponibilizado os deputados, pelo presidente do IAPMEI, Nuno Mangas, durante uma audição no Parlamento, até 22 de maio tinham sido aprovadas 31.839 operações de financiamento no âmbito das linhas de crédito de apoio às empresas afetadas pela pandemia, num valor total de 6.208 milhões de euros. Das operações aprovadas pelas sociedades de garantia mútua, só 11.596 já tinham sido contratadas, num montante total de 1.733 milhões de euros. Ou seja, só 27,9% do crédito aprovado já terá chegado às empresas.

A demora de acesso às linhas de crédito garantidas pelo Estado tem sido alvo de críticas, tanto por parte das empresas como do próprio Governo. No último debate quinzenal, o primeiro-ministro António Costa apontou o dedo à banca dizendo existir uma “enorme disparidade” entre o valor aprovado de garantias estatais por parte da SPGM (entidade coordenadora da Garantia Mútua) e o valor entregue pelos bancos às empresas. Os bancos socorrem-se do prazo legal máximo de 30 dias úteis que dispõem para aprovar as operações de financiamento para justificar esta diferença. A Associação Portuguesa de Bancos (APB) garantiu ao ECO ainda que os bancos estão a “ser o mais ágeis possível”, lembrando que, em alguns casos, estão a levar cerca de uma semana para contratualizar esses financiamentos.

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5 coisas que vão marcar o dia

Ursula von der Leyen apresentar o plano da Comissão Europeia para ajudar a União Europeia a sair da crise, Nelson de Souza vai ao Parlamento e Vieira da Silva volta a "palco".

É Dia U, de Ursula von der Leyen. É hoje que será conhecido o fundo de recuperação da União Europeia, em resposta à crise provocada pela pandemia de Covid-19. Será o grande momento de um dia que ficará marcado também pela audição de Nelson de Souza no Parlamento, bem como o regresso a “palco” do antigo ministro do Trabalho, Vieira da Silva.

Vem aí o “Plano Marshall” da UE

Depois da proposta ambiciosa de França e Alemanha, à qual os frugais responderam com uma outra, chega o dia de Ursula von der Leyen apresentar o plano da Comissão Europeia para ajudar a União Europeia a sair da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. Espera-se uma “bazuca” que ajude a região a sair de uma profunda recessão. O anúncio será feito às 12h30.

Nelson de Souza responde à pandemia

Também no Parlamento estará o ministro do Planeamento. Em audição regimental, Nelson de Souza irá ser questionado também sobre a forma como os fundos comunitários podem ajudar na resposta à crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. O Adaptar, programa que esgotou em apenas 15 dias, também deverá ser tema na audição.

Vieira da Silva “regressa” para ajudar a sair da crise

Vieira da Silva volta a palco. O antigo ministro do Trabalho e Segurança Social, pasta atualmente ocupada por Ana Mendes Godinho, vai participar na conferência online “Promoção do Emprego e Medidas Sociais”, organizada pelo Conselho Económico e Social no âmbito do ciclo de conferências “Covid-19: Sair da crise”.

Tarifas da energia vão ao Parlamento

A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) vai ao Parlamento, a pedido do PCP, mas também do Bloco de Esquerda. O supervisor é chamado para falar sobre as tarifas energéticas no quadro das medidas extraordinárias de resposta à situação económica e social resultante do surto de Covid-19, bem como para explicar a dimensão dos ganhos dos comercializadores de eletricidade e a forma adequada de os tributar.

Preços dos imóveis comerciais a subir

Depois da forte subida dos preços dos imóveis habitacionais no ano passado, o Instituto Nacional de Estatística (INE) vai revelar a evolução dos preços das propriedades comerciais em 2019. Em 2018, o valor destas aumentou 4,9%, mais 1,6 pontos percentuais face a 2017, naquele que foi o maior crescimento desde 2010.

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Impacto da pandemia na restauração e alojamento pode superar os 50%, diz PwC

Os setores de lazer e artes, transportes e comércio de veículos automóveis e motociclos irão também sentir um impacto muito negativo da pandemia, prevê a PwC.

O impacto da pandemia de coronavírus é sentido um pouco por toda a economia, numa crise diferente da última que se viveu. Mas os efeitos não são iguais em todas áreas de atividade, afetando particularmente o alojamento e a restauração, que poderão ver quedas entre 32% e 54% no Valor Acrescentado Bruto (VAB) do setor em 2020.

As estimativas são da consultora PwC, na primeira edição de um estudo sobre a visão setorial dos impactos do Covid-19. Tendo em conta as medidas de restrição, bem como os indicadores de confiança, será o alojamento o setor mais afetado, com um impacto negativo no VAB que pode ir de 36% a 54%.

O setor terá uma “retoma lenta”, devido ao tempo necessário para a recuperação da confiança dos clientes para viajar. Olhando para a próxima fase, a PwC aponta que este será “um dos setores com maiores necessidades de ajustamento à atividade no período que se segue”, sendo que existem ainda várias incertezas que podem influenciar a recuperação, nomeadamente as ligações aéreas.

Segue-se a restauração, que foi prejudicada pelas medidas de segurança implementadas e pelo risco inerente da deslocação a espaços fechados. A quebra no VAB do setor poderá variar entre -52% e -32%, de acordo com as projeções da consultora, que sublinha que as restrições impostas “irão condicionar a rentabilidade das empresas por um período que se prevê bastante longo”.

Outros setores que terão também um impacto muito negativo são o lazer e artes, transportes e o comércio de veículos automóveis e motociclos. Na escala de impacto, a maioria das indústrias encontra-se no negativo. Com quebras no VAB que vão dos 12% aos 24%, as indústrias automóvel, metalúrgica e metalomecânica e têxtil são condicionadas pela economia global.

Por outro lado, há áreas que sofrem efeitos mais ligeiros, como é o caso da agricultura, educação e indústria farmacêutica. Quanto a setores que sintam efeitos positivos da pandemia, a consultora apenas identifica dois: Saúde e assistência social, Administração Pública e Defesa.

PwC vê contração da economia entre 7,4% e 12,5%

Para além do impacto setorial, a consultora fez também projeções em relação à economia. No cenário mais otimista, o PIB do país irá contrair 7,4% este ano, enquanto, na visão mais pessimista, a queda pode chegar aos 12,5%. De recordar que as projeções do FMI apontam para uma contração de 8% da economia portuguesa.

Quanto à recuperação, cujo formato tem sido discutido pelos economistas, a PwC prevê que ocorra em U ou em L, quando a atividade possa ser normalizada. As projeções têm em conta que a crise deriva de um “choque temporário da oferta e da procura resultante da imposição de medidas sanitárias”, e que houve uma “resposta imediata à crise por parte do Governo e do BCE”.

Analisando a pandemia de Covid-19, comparando com outros surtos com o perfil deste coronavírus, a consultora conclui que a escala de perturbações económicas causadas “não é comparável ao atual surto”. As principais diferenças encontram-se na quantidade de casos ligeiros ou assintomáticos, a transmissão antes da presença de sintomatologia e a duração do período de infeção.

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PS admite enviar reforço do apoio dos sócios-gerentes para Tribunal Constitucional

Os deputados aprovaram, esta terça-feira, um reforço do apoio dos sócios-gerentes. O PS avança que está a estudar se irá ou não pedir a fiscalização do diploma ao Tribunal Constitucional.

Contra a vontade dos socialistas, os deputados aprovaram, esta terça-feira, uma proposta que alarga e reforça o apoio previsto atualmente para os sócios-gerentes. O PS está agora a estudar se irá ou não pedir ao Tribunal Constitucional que fiscalize esta medida, mas ao ECO o deputado Hugo Costa já avança que a medida “pode estar a violar a norma travão” que impede o Parlamento de aprovar despesas não previstas no Orçamento do ano em curso.

Foram a votos, esta terça-feira, duas propostas relativas aos sócios-gerentes, em sede de especialidade. Por um lado, o texto conjunto do PSD, BE e PAN, que estabelecia o alargamento do lay-off simplificado aos sócios-gerentes das micro e pequenas empresas.

E por outro, um projeto de lei do PEV que, em conjunto com a alteração proposta pelo PCP, abre o acesso ao apoio que já está a vigor a todos os sócios-gerentes de micro e pequenas empresas, independentemente da sua faturação. De notar que a ajuda atualmente disponível só está destinada aos sócios-gerentes com até 80 mil euros de faturação.

O primeiro diploma foi chumbado, mas o segundo mereceu o “sim” do PSD, BE, PCP e PEV, tendo sido aprovado. O projeto de lei vai agora subir a plenário para a votação final global, na qual se deverá confirmar a sua aprovação.

Além de alterar o universo de sócios-gerentes abrangidos, este projeto de lei do PEV muda o próprio valor do apoio, estabelecendo como mínimo o montante do Indexante dos Apoios Sociais (IAS) — isto é, 438,81 euros –, e retirando os tetos máximos fixados pelo Executivo de António Costa.

Atualmente, o apoio tem como valor mínimo 219,4 euros e máximo esses 438,81 euros, nos casos em que a base de incidência contributiva é inferior a 658,2 euros. Já nos casos em que a base de incidência contributiva é superior a 658,2 euros, o apoio corresponde a dois terços da tal base de incidência com um teto máximo de 635 euros, mensais.

É esse raciocínio que o diploma vem agora alterar, estabelecendo que: “Durante o período de aplicação desta medida, o trabalhador independente tem direito a um apoio financeiro com duração de um mês, prorrogável mensalmente, até um máximo de seis meses, correspondente ao valor da remuneração registada como base de incidência contributiva, com o limite de mínimo do valor do IAS”. O projeto de lei produzirá, de resto, efeitos a 13 de março.

Em reação ao desfecho das votações na especialidade desta terça-feira, e em declarações ao ECO, o socialista Hugo Costa salienta: “Achamos que pode estar em causa a violação da norma travão, mas vamos estudar”. O PS já tinha admitido recorrer ao Tribunal Constitucional se o diploma que estabelecia o alargamento do lay-off simplificado fosse aprovado, mas o deputado nota agora que, em relação ao reforço do apoio já em vigor, a possibilidade de um pedido de fiscalização ainda está a ser analisada. A decisão do grupo parlamentar deverá ser conhecida já depois da votação final global.

É que, ao contrário do alargamento do lay-off, a proposta aprovada versa sobre o mesmo regime de proteção social que o escolhido pelo Governo para os sócios-gerentes, isto é, o apoio originalmente desenhado para os trabalhadores independentes. “Do ponto de vista político, é diferente”, remata o mesmo deputado. Se o pedido de fiscalização avançar, o reforço do apoio deverá ficar sem efeito até à decisão final do Tribunal Constitucional.

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Resgate de PPR para enfrentar a crise? “Não é expressivo”, diz a APS

A APS aponta para uma fraca adesão dos portugueses à medida que prevê o resgate de PPR sem penalizações, desde que para fazer face a perdas de rendimento resultantes da pandemia.

O resgate de Planos Poupança Reforma (PPR) para compensar quebras de rendimento resultantes dos efeitos da pandemia não estará a ser utilizado por muitos portugueses. A Associação Portuguesa de Seguradores (APS) aponta para que o número de resgates de PPR ao abrigo da medida que entrou em vigor durante o estado de emergência “não seja muito expressivo”.

“A APS não dispõe de dados concretos para os resgates de PPR pelo motivo específico do ‘estado de emergência’, mas a estimativa aponta para que o número não seja expressivo”, disse a entidade liderada por Galamba de Oliveira.

Em causa está a lei que entrou em vigor a 11 de abril, que veio permitir que durante o período do estado de emergência que terminou a 2 de maio, os PPR pudessem ser reembolsados até ao limite mensal do indexante dos apoios sociais. Para tal, os participantes desses planos teriam que ter um dos membros do seu agregado familiar em situação de isolamento profilático ou de doença ou prestasse assistência a filhos ou netos, estivessem em situação de lay-off, desemprego ou cessação de atividade.

Segundo a associação que representa as seguradoras, tendo em conta o total de pagamentos efetuados no âmbito de produtos PPR (considerando todos os motivos para resgates de PPR), “os pedidos de reembolsos durante o período que vigorou o estado de emergência e a Lei n.º 7/2020 são até inferiores aos observados entre o final de janeiro e o início de fevereiro de 2020″.

Apesar de os números apontarem para uma fraca adesão aos PPR como forma de compensar a quebra de rendimento resultante da pandemia, o Parlamento decidiu prolongar para além do estado de emergência, a possibilidade desse resgate sem penalizações em termos fiscais. Esse resgate será possível até ao final de setembro.

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Tribunal de Contas descarta responsabilidade nos atrasos do investimento público

O Governo quer simplificar o processo do investimento público, tendo Ana Catarina Mendes criticado a demora do Tribunal de Contas. A entidade liderada por Vítor Caldeira descarta responsabilidade.

O Governo vai aproveitar o Programa de Estabilização Económica e Social (PEES) para implementar um Simplex SOS para desburocratizar o investimento público, tendo o objetivo de acelerar a recuperação económica. Ainda não se conhecem as alterações propostas, mas no passado o PS criticou o Tribunal de Contas pelos “demorados” e “múltiplos” vistos do Tribunal de Contas. Questionado pelo ECO, a entidade liderada por Vítor Caldeira remete para as regras definidas por lei, descarta responsabilidade nestes atrasos e mostra-se disponível para colaborar com o Executivo nas alterações legislativas que estão a ser preparadas.

António Costa deu o pontapé de partida para o PEES na semana passada, na comissão política do PS, com os quatro pilares, a começar pela maior celeridade dos procedimentos da contratação pública, tanto nos prazos como na burocracia envolvida. Esta terça-feira, Manuel Machado, presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), também disse que era necessário um “simplex” para o investimento público.

Não se conhecem pormenores sobre o que é que o Governo quer mudar no código dos contratos públicos ou noutras leis relacionadas com a contratação pública, mas esta já era uma prioridade do Partido Socialista antes da pandemia. O problema também já tinha sido identificado no Executivo de Siza Vieira que disse ao Expresso no final de abril que iria avançar com “projetos de alteração que garantam a conciliação entre a exigência de transparência e controlo da correção dos procedimentos de adjudicação e a necessidade de rever alguns dos aspetos que a experiência dos últimos anos revelou determinarem mais atrasos”.

Em fevereiro, Ana Catarina Mendes colocou o ónus no Tribunal de Contas ao dizer ao Público que as contratações públicas estão “obrigadas a múltiplos vistos do Tribunal de Contas que são demorados”. “Os concursos estão desertos, porque os procedimentos e os cadernos de encargos dificultam que haja concorrentes”, acrescentou. A líder parlamentar do PS disse iria concentrar-se nas “respostas para a simplificação da contratação pública, garantindo todas as regras de transparência e um novo quadro legislativo que remova os obstáculos do investimento”, abrindo a porta a mudanças nas regras dos vistos do Tribunal de Contas.

Confrontado com estas declarações e a intenção do Governo de mexer com estes procedimentos, o Tribunal de Contas responde ao ECO o que está na lei, descartando ter responsabilidades nestes atrasos: “Note-se que o Tribunal de Contas só dispõe de 30 dias úteis para se pronunciar sobre um processo de visto, se após esses 30 dias o Tribunal não se pronunciar recai um visto administrativo – visto tácito“. Ou seja, passados os 30 dias úteis, o processo continua com um visto automático.

No caso de o Tribunal devolver o processo para pedir mais elementos ou esclarecimentos a contagem do prazo é interrompida e a mesma é retomada quando chega a resposta dos serviços.

Tribunal de Contas

No entanto, pode haver atrasos noutras fases do processo porque o prazo é interrompido caso o Tribunal de Contas devolva o processo à entidade em questão para pedir mais elementos ou esclarecimentos. A contagem do prazo “é retomada quando chega a resposta dos serviços”, esclarece fonte oficial do TdC. E há exemplos recentes deste tipo de atrasos, como é o caso do contrato de serviço público da CP que, segundo o Dinheiro Vivo, foi devolvido ao Ministério das Finanças e ao das Infraestruturas em dezembro de 2019 e foi enviado novamente ao TdC apenas em abril de 2020.

Recentemente, o próprio presidente do TdC ligou, a propósito da Conta Geral do Estado de 2018, a “má execução” do investimento público, visível na diferença entre o objetivo do Governo no Orçamento do Estado e o que é executado, à execução média dos fundos comunitários (Portugal 2020), o que também era um argumento dado pelo Executivo PS no início da legislatura anterior e que levou a críticas ao anterior Governo PSD/CDS. “Não fizemos uma análise detalhada das causas dessa má execução, mas seguramente uma das razões prende-se com a taxa de execução média [do Portugal 2020]”, disse Vítor Caldeira, no Parlamento.

Já quanto às alterações que o Governo quer introduzir, a entidade liderada por Vítor Caldeira diz que “não foi consultado sobre esta matéria até ao momento”, mas mostra abertura para colaborar no processo: “Nos termos da lei, o Governo ou a Assembleia da República podem solicitar ao Tribunal a emissão de parecer sobre projetos legislativos em matéria financeira“. O Tribunal de Contas revela ainda ao ECO que, relativamente à fiscalização prévia, apresentou em janeiro ao Governo um projeto de alteração à lei orgânica do TdC que “contempla medidas neste domínio”, mas cujo conteúdo não é conhecido.

"Os primeiros responsáveis pelo controlo são os próprios organismos e entidades que promovem o investimento público, assim como serão também os mais interessados em assegurar que o investimento que fazem está de acordo com a lei e é um investimento de qualidade.”

Tribunal de Contas

“O Tribunal de Contas desempenha naturalmente o seu papel de controlo externo independente”, afirma, sublinhando, porém, que “os primeiros responsáveis pelo controlo são os próprios organismos e entidades que promovem o investimento público, assim como serão também os mais interessados em assegurar que o investimento que fazem está de acordo com a lei e é um investimento de qualidade”. “Logo, se todos fizermos o trabalho bem feito, não haverá falta de controlo“, conclui fonte oficial do TdC.

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Portugal vai pagar para o fundo de recuperação da UE? Este gráfico diz que sim

A Bloomberg Economics prevê que Portugal possa vir a ser um contribuinte líquido do fundo de recuperação da União Europeia. A proposta da Comissão Europeia é apresentada esta quarta-feira.

Historicamente, Portugal tem beneficiado sempre mais do orçamento comunitário do que o contributo financeiro que dá. Tal deve-se ao método de distribuição das verbas que dá prioridade aos países (e regiões) menos desenvolvidos, principalmente nos fundos comunitários. Esta é uma forma de ajudar os Estados-membros mais pobres que, estando numa união monetária e no mercado único europeu, têm menos instrumentos de desenvolvimento económico à sua disposição.

A lógica poderá ser diferente no fundo de recuperação que está a ser discutido nas instituições europeias. O critério que tem ganho mais destaque é que os países devem ser ajudados consoante a dimensão do impacto da pandemia nas suas economias. Com base neste princípio, dois economistas da Bloomberg Economics, Maeva Cousin e Jamie Rush, simularam qual seria a distribuição do dinheiro face aos contributos de cada país.

O resultado indica que Portugal, à semelhança de países como a Alemanha, Bélgica ou Holanda, seria um contribuinte líquido deste fundo, em vez de ser um beneficiário líquido como acontece habitualmente. Ou seja, pagaria mais do que receberia por causa de uma boa notícia, isto é, o facto de o impacto económico ser, de acordo com as previsões da Comissão Europeia, mais baixo do que a média. Esta hipótese já tinha sido admitida num dos cenários previstos no final de abril pelo instituto alemão ZEW. Vamos ao gráfico e aos pormenores.

Os economistas da Bloomberg Economics comparam as previsões para a evolução do PIB de cada país em 2020 realizadas pela Comissão Europeia no outono de 2019 (antes da pandemia) com as da primavera de 2020 (já com a pandemia em andamento) para calcular o tamanho do choque do vírus na economia. No caso de Portugal, a previsão mudou de um crescimento de 1,7% para uma contração de 6,8%, uma revisão em baixa de 8,5 pontos percentuais que fica ligeiramente aquém dos 8,8 pontos percentuais da diferença das previsões para a média da União Europeia (passou de 1,4% para -7,4%).

“De acordo com esta abordagem, como o choque para a economia portuguesa parece ser um pouco mais baixo do que a média do choque na União Europeia, Portugal poderá receber um pouco menos de ajuda do que a sua percentagem da economia da UE”, explica a economista Maeva Cousin ao ECO, assinalando que “a sua percentagem da dívida da UE [a ser emitida pela Comissão Europeia] irá estar provavelmente em linha com o seu peso na UE (medido pelo rendimento nacional bruto)“.

Ao receber menos dinheiro do que o que terá de pagar para que a UE possa reembolsar o empréstimo que fez, em teoria Portugal poderá ser um contribuinte líquido, o que não acontece neste momento no orçamento comunitário. Questionado pelo ECO, o Governo diz que não comenta enquanto espera pela apresentação da proposta da Comissão Europeia que acontecerá esta quarta-feira.

Contudo, Maeva Cousin ressalva que a ajuda seria recebida já nos próximos anos enquanto as contribuições seriam adiadas, consoante a maturidade dos empréstimos que a Comissão Europeia vai fazer, se o Conselho Europeu aprovar essa forma de financiamento. Além disso, a economista alerta que “há, claro, outras formas de calcular o custo económico da pandemia e, consequentemente, a percentagem de ajuda que cada país irá receber“. Outros indicadores como o número de infetados e o número de mortos ou a dimensão do aumento do desemprego, por exemplo, podem vir a ser utilizados. A conclusão dos economistas da Bloomberg é que, independentemente do método, todos os países “acabam por ganhar” com a estabilização da economia europeia.

O gráfico não deixou de causar surpresa. No Twitter, Bruno Maçães, ex-secretário de Estado dos Assuntos Europeus do Governo PSD/CDS, questionou: “Portugal será um contribuinte líquido do novo fundo de recuperação da UE?”. De seguida, ironizou ao escrever que espera que os franceses “não gastem tudo em vinhos e mulheres”, parafraseando a declaração polémica do ex-presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem.

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Von der Leyen entre a ambição franco-alemã e resistência dos frugais

A Comissão Europeia apresenta esta quarta-feira a sua proposta para o QFP e o fundo de recuperação pós-pandemia. Bruxelas procura equilíbrio entre subvenções (franco-alemã) e empréstimos (frugais).

A proposta franco-alemã foi vista como um “game changer“, mas os frugais — já sem o apoio indireto da Alemanha — apressaram-se a avançar com uma contraproposta, mostrando as diferenças de opinião que persistem dentro do Conselho Europeu. Encurralada por estes dois eixos, a Comissão Europeia apresenta esta quarta-feira a sua proposta para o fundo de recuperação e para o Quadro Financeiro Plurianual (QFP) 2021-2027 que deverá ser discutida em breve pelos chefes de Estado. Uma coisa é certa: consenso precisa-se e rapidamente.

Na semana passada, Angela Merkel e Emmanuel Macron apareceram lado a lado, virtualmente, para anunciar um fundo de recuperação de 500 mil milhões de euros, dentro do próximo QFP, que seja temporário e financiado por endividamento da Comissão Europeia em nome da União Europeia, o qual será reembolsado ao longo dos próximos orçamentos europeus por todos os países (consoante o seu peso no PIB da UE e não o dinheiro que receberam) e com uma maturidade longa. O dinheiro chegará diretamente aos países através de subvenções a fundo perdido, privilegiando as regiões e os setores mais afetados pela crise.

O principal argumento dado pelas instituições europeias, nomeadamente pela Comissão Europeia, é que apesar de a crise ser simétrica, uma vez que o vírus afeta todos os países, a recuperação económica será assimétrica dado que os Estados-membros têm diferentes pontos de partida de endividamento, o que limita a resposta orçamental. A ação a nível europeu permite colmatar esta diferença que existe entre países que partilham a mesma moeda e estão altamente ligados ao nível comercial por causa do mercado único europeu.

Mesmo os que partilham desta opinião poderão vir a criticar esta proposta, argumentando que o valor é pequeno e insuficiente para acelerar a recuperação da economia europeia. Ainda assim, a reação neste quadrante tem sido geralmente positiva, até pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelo polémico ex-ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble. Também António Costa classificou a proposta de “excelente”, apesar de ter chamado a atenção para os “ses” que poderão existir, nomeadamente sobre qual será a chave de distribuição dos fundos e as reformas estruturais que os países poderão ter de fazer. Esta proposta é, assim, mais um “ponto de partida” para as discussões das próximas semanas.

Frugais querem “empréstimos para empréstimos”

Contudo, a maior oposição chega Estados-membros que não querem uma partilha dos custos da crise com a emissão de dívida conjunta ao nível da União Europeia, apesar de esta ser feita através da Comissão Europeia e não sob a forma dos polémicos “eurobonds”. Em resposta à proposta franco-alemã, esse conjunto de países, apelidados de “frugais”, é encabeçado pela Holanda, em conjunto com a Áustria, a Dinamarca e a Suécia, e quer que a resposta europeia seja apenas sob a forma de empréstimos — “empréstimos para empréstimos”, segundo o non paper que circula na imprensa — e não subvenções.

A oferta destes quatro países seria dar condições mais favoráveis nos empréstimos do que as do mercado de capitais, o que limitaria o risco dos Estados-membros serem alvo de especulação por parte dos investidores como aconteceu na crise das dívidas soberanas da Zona Euro que se seguiu à crise financeira. Este fundo de recuperação através de empréstimos, que obriga ao seu reembolso direto dos Estados-membros beneficiados (e não com um caráter redistributivo), também estaria dentro do orçamento comunitário que vai arrancar no início do próximo ano e seria encaminhado para os países mais afetados pela pandemia.

No entanto, o acesso a estes empréstimos obrigaria os países a avançarem com reformas estruturais para tornar as suas economias mais resilientes, o que tornaria este dinheiro menos atrativo do que o que é oferecido pela linha cautelar do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) cuja única condicionalidade é o cumprimento das regras orçamentais europeias a médio e longo prazo, algo a que os Estados-membros já estarão obrigados após terminar a suspensão da aplicação dessas regras decidida por causa da pandemia. Outra diferença é que esta ajuda teria dois anos, enquanto a proposta franco-alemã aponta para três anos.

Ursula von der Leyen promete equilíbrio entre subvenções e empréstimos

No meio-termo, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, comprometeu-se logo desde o início, quando foi mandatada pelo Conselho Europeu, a apresentar uma proposta que tivesse tanto subvenções como empréstimos. Em reação à proposta franco-alemã, a presidente disse que esta “vai na direção da proposta da Comissão” e elogiou o ênfase colocado no orçamento comunitário.

Uma semana antes, num discurso no Parlamento Europeu, Von der Leyen já tinha desvendado algumas das linhas da proposta que apresenta esta quarta-feira. Há três pilares: o instrumento de recuperação e resiliência que servirá para financiar investimento público nas prioridades europeias; um fundo para o investimento estratégico para estimular o investimento privado, nomeadamente para que a UE tenha maior autonomia nas cadeias de valor, e ainda um instrumento para a solvência em que a Comissão pretende ajudar a recapitalizar as empresas; o terceiro pilar será dedicado à saúde e à solidariedade entre Estados-membros e com os vizinhos da UE.

A proposta incluirá também novos recursos, ou seja, novas fontes de receita para o orçamento comunitário que não implicam mais contribuições diretas dos Estados-membros e ainda “um mecanismo para proteger o Estado de direito”, numa alusão à Hungria (e outros países) cujos Governos consolidaram os seus poderes a pretexto da pandemia.

Neste discurso perante os eurodeputados, Von der Leyen também prometeu envolver o Parlamento Europeu nesta decisão, através da sua fiscalização democrática, apesar de a palavra final relativamente ao fundo de recuperação caber ao Conselho Europeu, tendo decidido apresentar aos eurodeputados diretamente a proposta esta quarta-feira às 13h30 em Bruxelas (12h30 em Lisboa).

Os eurodeputados exigem um pacote de recuperação de dois biliões de euros, tendo avisado a Comissão Europeia de que esta não pode utilizar “engenharia financeira” ou “multiplicadores duvidosos” para anunciar números avultados para o fundo de recuperação. Recorde-se que o próximo QFP, onde estará inserido o fundo de recuperação como um complemento, só poderá entrar em vigor após a aprovação do Parlamento Europeu.

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Deputado do PSD demite-se por “falta de confiança” de Rio

  • Lusa
  • 26 Maio 2020

Pedro Rodrigues diz apenas tomar conhecimento de decisões de Rio "pela comunicação social ou no momento em que as mesmas se materializam".

O deputado do PSD Pedro Rodrigues demitiu-se do cargo de coordenador da bancada na Comissão de Trabalho e Segurança Social, invocando “falta de confiança” do presidente do partido e do grupo parlamentar, Rui Rio.

Numa carta a que a Lusa teve acesso – noticiada em primeira mão pelo Expresso -, o ex-líder da Juventude Social Democrata lamentou que Rui Rio não tenha acertado com a equipa de coordenação desta comissão parlamentar “quer o sentido de voto em matérias fundamentais”, “quer o conteúdo e a oportunidade de iniciativas parlamentares nesse mesmo âmbito ou mesmo de debates parlamentares de especial relevância nas áreas da segurança social e do trabalho”.

“Embora discordando em diversos aspetos, não me cabe contestar ou colocar em causa o modo como V. Exa. estrutura o funcionamento e organização do Grupo Parlamentar para a qual tem toda a legitimidade, conferida pela eleição maioritária dos membros do Grupo Parlamentar”, refere.

Pedro Rodrigues critica ainda Rui Rio por “não se reunir e envolver devidamente o Grupo Parlamentar de forma a potenciar a energia, o talento e a criatividade” dos deputados do PSD “num momento histórico tão relevante” devido à pandemia de Covid-19.

“Embora discordando, não me cabe pôr em causa o prolongado silêncio de V. Exa. relativamente a uma iniciativa que desenvolvi a propósito do referendo sobre a eutanásia, em obediência aos meus princípios, na sequência de deliberação do Congresso e na defesa dos valores de uma relevante componente do nosso eleitorado”, acrescenta ainda.

No entanto, o deputado considera não se poder “manter indiferente” à tomada de decisões em áreas da responsabilidade da comissão que coordena, de que diz apenas tomar conhecimento “pela comunicação social ou no momento em que as mesmas se materializam”.

“Apenas posso considerar que tal circunstância se deve à falta de confiança de V. Exa. no Coordenador dos Deputados da 10.ª Comissão. Nesse sentido, não me resta outra alternativa que não seja apresentar a minha demissão, com efeitos imediatos, das funções de Coordenador dos deputados do PSD na 10.ª Comissão”, informa, na carta dirigida a Rui Rio.

Contactado pela Lusa, Pedro Rodrigues escusou-se a prestar declarações.

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Tranquilidade com 40 milhões de prejuízo em 2019

Reforço de provisões, as tempestades Elsa e Fabien, imparidades em Angola, foram causas que levaram a um agravamento dos resultados da Seguradoras Unidas, que agrega a Tranquilidade, Açoreana e LOGO.

O último ano ainda na posse do fundo Apollo e de passagem para a Generali foi negativo para a Seguradoras Unidas, companhia que explora as marcas Tranquilidade, Açoreana e LOGO. De cerca de 50,6 milhões de resultados positivos em 2018 passou para 40,1 milhões negativos durante o ano passado. Questionada por ECOseguros, fonte da Seguradoras Unidas/Tranquilidade/Generali afirma que “tudo estava previsto na data da assinatura do contrato de compra em junho de 2019, pelo que nada se altera em relação ao valor ou condições de venda dos 100% do capital acordados entre a Apollo e a Generali”.

A quebra de resultados é espelhada no aumento do rácio combinado (indicador de margem operacional) da companhia de 95,4% para 105,4%, significando que os resultados dos investimentos financeiros da companhia não compensaram perdas no negócio segurador tradicional.

As perdas deveram-se segundo a fatores não recorrentes na companhia como:

  • Reforço de provisões técnicas Vida e Não-Vida, neste caso devido ao ramo acidentes de trabalho, relacionadas com o teste de adequação de responsabilidades no montante de, respetivamente, 20,6 e 28,2 milhões de euros;
  • Reforço de provisões técnicas nos ramos Acidentes de Trabalho no montante de cerca de 20 milhões de euros devida à alteração da tabela de mortalidade, e no ramo Automóvel, na sua componente de danos corporais, no montante de cerca de 18 milhões de euros;
  • Custos com sinistros relacionados com a ocorrência das tempestades Elsa e Fabien, no montante de 5 milhões de euros, líquidos de resseguro;
  • Custos com o processo de restruturação da Companhia, no montante de 10 milhões de euros;
  • Imparidade nas participações nas subsidiárias africanas, no montante global de 1,3 milhões de euros, relacionada com Angola e com a desvalorização da moeda local.

O resultado de 2018, de 50 milhões de euros, tinha por seu lado sido influenciado positivamente, segundo a companhia, por eventos de caráter não recorrente como mais valias decorrentes da alienação das participadas Europ Assistance e GNB Seguros nos montantes de 19,8 e 12,2 milhões de euros, respetivamente, pela imparidade nas participações nas subsidiárias africanas, no montante global de 5,2 milhões de euros e ainda o desreconhecimento de impostos diferidos (com origem na Tranquilidade) no montante de 24,4 milhões de euros.

Em relação à atividade comercial, a produção de seguro direto atingiu 871,5 milhões de euros em 2019, o que significa uma variação de +9 % em relação ao ano anterior, reforçando a sua 3ª posição no ranking nacional de seguradoras. No mesmo período o mercado segurador apresentou uma variação negativa de 5,7% relativamente a 2018, devido apenas à descida de vendas no ramo Vida.

O crescimento significativo no volume de prémios de seguro direto de 72,3 milhões de euros, deveu-se essencialmente aos ramos Acidentes de trabalho +17,1%, ou seja, +27,8 milhões de euros e em Automóvel +9,8%, ou seja, +32,3 milhões de euros. O ramo Saúde cresceu 9,7% face ao ano anterior, também acima do mercado que cresceu 8,7%.

Durante 2019 foi possível verificar que a Tranquilidade/Seguradoras Unidas tem apenas 5,5% do seu negócio no ramo Vida. Os principais ramos são automóvel com 41,8% dos prémios, acidentes e doença com 31,3% e incêndio, que inclui multirriscos, com 13,3% da receita de prémios.

Ainda na área comercial a Tranquilidade revelou que em 2019, colocou o foco nos agentes profissionais em particular na rede exclusiva, decresceu significativamente os agentes com carteiras reduzidas e concluiu o processo de rebranding da rede física, que conta atualmente com 590 lojas com imagem Tranquilidade, no continente e Madeira e com imagem Açoreana, nos Açores. Destas lojas, 13 são próprias em Lisboa, Porto e 11 nos Açores e 239 são exploradas por agentes exclusivos da marca. Como resultados, os parceiros multimarca e exclusivos cresceram em Não-Vida 13,8% face a 2018, com principal relevo em Acidentes de Trabalho e Automóvel. A companhia adianta ainda que os corretores apresentaram um crescimento de 4,6%, também com grande responsabilidade dos ramos Automóvel e Acidentes de Trabalho e que as parcerias cresceram globalmente 15%, assente sobretudo em Automóvel retalho.

Em custos com sinistros existiu um agravamento geral de 10% em ralação a 2018, com particular incidência em acidentes e doença e automóvel. Os ramos que significam dois terços do negócio da Tranquilidade são os obrigatórios auto e trabalho, exatamente os menos rentáveis do setor segurador. A própria companhia cita os dados da APS para acidentes de trabalho com o rácio combinado em junho de 2019, de 103,6% e em automóvel o mesmo rácio combinado é de 101%. Estes valores acima dos 100% significam que as receitas dos prémios não cobrem em 3,6% e em 1%, respetivamente, os custos das companhias com sinistros e despesas associadas aos ramos.

Os custos operacionais ascenderam a 117,8 milhões de euros em 2019, -4,8% em relação ao ano anterior, dos quais os custos com Pessoal significaram 58,3 milhões de euros. No final de 2019 a Seguradoras Unidas tinha 920 colaboradores.

No ano de 2019, o resultado da atividade financeira da Seguradoras Unidas, foi positivo em 14,1 milhões de euros o que representa uma redução de 48,6 milhões de euros, face ao ano anterior. A rentabilidade média dos ativos financeiros da Companhia foi de +0,9% (+3,8% em 2018) e, incorporando o efeito dos ganhos não realizados contabilizados na reserva de justo valor, a rentabilidade foi de +5,1% (+2,3% em 2018).

Consequências da Covid-19

A publicação das contas da Seguradoras Unidas COVID-19 já seguiu as instruções dadas pela ASF, entidade reguladora que incitou todos os operadores do setor a darem indicações sobre consequências da pandemia na sua atividade, uma vez que os relatórios e contas são apresentados já alguns meses após o começo do novo ano financeiro.

A companhia salienta que “o início do ano 2020 encontra-se a ser marcado por uma substancial e abrupta alteração nas relações sociais, em particular com o chamado isolamento social, e nas práticas laborais, em particular pela abstenção das mesmas ou conversão para regime de teletrabalho”. Como consequência, a Tranquilidade aponta que “haverá provavelmente lugar a um efeito combinado de redução do consumo e da produção, sendo por isso esperadas repercussões na atividade económica com respetivo impacto transversal a todo os setores económicos da sociedade”.

No que respeita à sua atividade, a companhia afirma ainda não ser possível aferir a dimensão dos impactos, estes serão potencialmente negativos dada a estreita relação da Companhia com o mercado segurador, deste com a economia e desta com a população.

Diz o relatório que “São expectáveis efeitos negativos na procura de produtos de seguros e no incremento de anulações de contratos existentes, o que deverá implicar um menor crescimento, ou eventualmente um decréscimo da receita, se bem que porventura compensado de alguma forma pela também expectável redução de sinistralidade em virtude das limitações de circulação de pessoas e da suspensão compulsória da maioria das atividades económicas o que conduzirá certamente a quebras relevantes da atividade comercial, industrial e agrícola”.

Adicionalmente, a seguradora assinala que nos investimentos, representados por ativos financeiros, a maior parte cotados em bolsas, são expectáveis efeitos negativos derivados da natural desvalorização de cotações e índices, bem como da evolução das taxas de juro associadas aos mercados obrigacionistas.

Apesar deste quadro “com elevada incerteza” os impactos estão muito dependentes da severidade e duração do surto epidémico, diz a Seguradoras Unidas, mas com os dados disponíveis ao momento “não se perspetivam efeitos que conduzam a níveis de solvência e equilíbrio financeiro, que ponham a causa as exigências regulamentares exigidas no setor segurador”, conclui o relatório da seguradora.

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Federação de seguros alerta Bruxelas sobre questões mais urgentes no RGPD

  • ECO Seguros
  • 26 Maio 2020

Perspetivando uma próxima revisão do Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD), a federação europeia de seguros divulgou uma nota sobre questões que requerem mais atenção.

Dois anos depois da introdução do regulamento geral da UE relativo à proteção de dados (RGPD), a Insurance Europe publicou uma nota que apresenta a posição da indústria sobre a realidade do Regulamento antes da próxima revisão da Comissão Europeia, mas também sobre o papel do CEPD (comité europeu encarregado das orientações e aplicação do Regulamento).

Num insight briefing, a federação que integra a Associação Portuguesa de Seguradores (APS) reconhece que o setor tem sido sempre um firme apoiante dos objetivos do RGPD. No entanto, a Insurance Europe considera oportuno apontar as áreas do Regulamento e das orientações do Comité Europeu para a Proteção de Dados (EDPB no original) que requerem maior atenção. Estas incluem:

  • Inovação: A utilização de novas tecnologias (Blockchain; IA- inteligência artificial, Big Data -grandes dados e IoT-Internet das coisas), “oferecem oportunidades significativas para as seguradoras expandirem e melhorarem os produtos que oferecem aos consumidores”, refere a nota da Insurance Europe.

Estes avanços tecnológicos podem ser prejudicados por disposições constantes do RGPD ou pelas orientações do Comité Europeu de Proteção de Dados (CEPD) porque, sustenta a federação, “apesar de esforços significativos, não são inteiramente favoráveis à inovação nem se adaptam à era digital”. Por isso, de acordo com a federação europeia de seguros urge:

  • Rever o papel da CEPD: O impacto das suas orientações na aplicação do Regulamento na indústria seguradora deve ser examinado. Em especial, os domínios em que a interpretação do CEPD foi além do texto do regulamento, criando, por exemplo, requisitos adicionais ou restringindo a interpretação de certas disposições do Regulamento.
  • Coerência: No interesse de uma aplicação coerente e à escala europeia do RGPD, “certas orientações nacionais relativas ao Regulamento criaram dispersão na sua aplicação e devem ser reavaliadas”.

No entanto, ressalva a entidade presidida por Andreas Brandstetter (CEO da seguradora austríaca UNIQA), “é demasiado cedo” para rever o texto do RGPD, uma vez que este só é aplicado há dois anos “e quaisquer alterações criariam custos desnecessários para a indústria, que já gastou fundos significativos na interpretação e aplicação do regulamento”.

Porém, reitera, se se verificar que o RGPD não atingiu os seus objetivos em determinados domínios, “a Comissão deveria considerar a possibilidade de desenvolver mais ou diferentes orientações, juntamente com o CEPD, quando pertinente”, sugere a nota da federação europeia da indústria seguradora.

 

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