Diretores ainda não sabem como organizar vacinação nas escolas

  • ECO
  • 23 Março 2021

Filinto Lima disse não saber onde, nem quantos docentes e não docentes vão ser vacinados no próximo fim de semana e pediu que a informação chegasse rapidamente.

O presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima, disse, em entrevista à Rádio Renascença, não saber onde, nem quantos docentes e não docentes vão ser vacinados no próximo fim de semana e pediu que a informação por parte da DGS ou da task force chegasse rapidamente.

Quando questionado sobre o número de pessoas que serão vacinadas no próximo fim de semana, Filinto Lima não tem resposta. “O que sabemos é pelos jornais. Sabemos que este fim de semana os professores do primeiro ciclo e do pré-escolar e os não docentes irão ser testados. Depois, em que quantidade, em que moldes vai ser realizada a vacinação, isso desconhecemos”, notou.

Por isso mesmo, “os diretores aguardam que a task force entre em contacto com as escolas para que possamos ajudar no sentido de que esta realidade se concretize”.

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Hoje nas notícias: Dividendos, RSI e vacinas

  • ECO
  • 23 Março 2021

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Os dividendos generosos em tempos de pandemia destacam-se na imprensa económica esta terça-feira. Apesar da quebra dos lucros em 2020, 14 cotadas portuguesas vão entregar aos acionistas 1.935 milhões de euros. Da secção de mercados para a sociedade, o destaque é a subida expressiva no número de pessoas que passaram a beneficiar de RSI em fevereiro, depois da entrada em vigor de um novo confinamento.

Cotadas dão aos acionistas 83% dos lucros

O impacto da pandemia levou a um rombo de 23% nos resultados líquidos às cotadas portuguesas. Ainda assim, este ano, serão mais duas a pagar dividendos, num total de 14 das 18 cotadas do PSI-20. A “fatia” dos lucros que vai chegar às carteiras dos acionistas é da ordem dos 83%, que há muito não se via. Serão 1.935 milhões de euros, uma queda de 13% face ao total do ano passado.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago)

Confinamento deste ano gera quase 3 mil novos beneficiários de RSI

A decisão de “fechar” novamente o país este ano, para travar a propagação do novo coronavírus, agravou a tendência crescente observada no número de beneficiários de Rendimento Social de Inserção (RSI). Os dados atualizados esta semana pela Segurança Social mostram que a quantidade de pessoas a receberem este subsídio passou de 211.398 em janeiro para 214.239 em fevereiro, mais 2.841 em apenas um mês.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado)

Diretores ainda não sabem como organizar vacinação de professores

O presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima, diz não saber onde, nem quantos docentes e não docentes, vão ser vacinados no próximo fim de semana. Pede, por isso, que a informação por parte da DGS ou da task force da vacinação chegue rapidamente.

Leia a entrevista completa na Rádio Renascença (acesso livre)

Fundos europeus financiaram crise pandémica

Portugal reprogramou mil milhões de euros vindos da Europa para enfrentar a pandemia da Covid-19 desde abril. Com o pedido aprovado em outubro, o dinheiro ajudou as áreas da saúde e educação, mas também as empresas e os trabalhadores. Este valor ajudou, nomeadamente, na compra de camas de cuidados intensivos, na compra de computadores para escolas e nos apoios ao emprego.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago)

“Acho que Rui Rio vai mesmo ser primeiro-ministro”, diz Isaltino

O presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais, diz-se um “admirador” do presidente do PSD, Rui Rio, e até acrescenta: “Acho que ele vai mesmo ser primeiro-ministro” e “tem todas as condições para ganhar as eleições em 2023”. No entanto, Isaltino Morais diz-se “surpreendido” que Rio “não mande calar certas vozes no partido que prestam mau serviço à democracia”, criticando “determinados posicionamentos táticos ou estratégicos que, além de erráticos, vão contra todos os princípios do PSD, como a história dos movimentos independentes para as autárquicas”. Além disso, para o autarca de Oeiras, “se Rui Rio não for buscar nada ao PS, nunca chegará ao Governo, porque a esquerda é maior do que a direita”.

Leia a notícia completa no Diário de Notícias (acesso livre)

 

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5 coisas que vão marcar o dia

No Parlamento, os ministros das Finanças e do Ambiente explicam venda de barragens da EDP e Vítor Bento é ouvido no inquérito ao Novo Banco. INE divulga preços das casas. DGS atualiza vacinação.

Prossegue a comissão de inquérito ao Novo Banco, com a audição do antigo presidente do BES e do Novo Banco, Vítor Bento. O ministro das Finanças, João Leão, e ministro do Ambiente, Matos Fernandes, vão ao Parlamento explicar a venda das barragens da EDP à Engie. O Instituto Nacional de Estatísticas (INE) divulga a evolução dos preços das habitações no quarto trimestre de 2020. A Direção-Geral de Saúde (DGS) faz nova atualização da campanha de vacinação contra a Covid-19. Câmara de Lisboa discute prolongamento dos apoios à compra de bicicleta.

Vítor Bento no inquérito ao Novo Banco

Prossegue a comissão de inquérito ao Novo Banco, com a audição do antigo presidente do BES e do Novo Banco, Vítor Bento. Já na passada quinta-feira os deputados ouviram o ex-administrador da sua equipa João Moreira Rato que, entre outros apontamentos, abordou a venda da seguradora Tranquilidade (num processo em que participou Siza Vieira) e a insuficiente recapitalização do banco bom que foi criado após a resolução. Há mais duas audições esta semana: José Honório (ex-vice-presidente do BES e ex-administrador do Novo Banco) e Carlos Albuquerque (ex-diretor de supervisão do Banco de Portugal).

Ministros explicam venda de barragens pela EDP

A polémica em torno da venda das barragens pela EDP a um grupo liderado pela francesa Engie continua na ordem do dia. Esta terça-feira, o ministro das Finanças, João Leão, e ministro do Ambiente, Matos Fernandes, vão à comissão de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território dar respostas às dúvidas dos deputados a propósito do negócio de 2,2 mil milhões de euros. O Bloco de Esquerda e o PSD consideram que a transação foi feita de forma a evitar o pagamento de 110 milhões de euros em imposto de selo.

Como vão os preços das casas em tempos de pandemia?

O INE divulga a evolução dos preços das habitações no quarto trimestre de 2020. Em tempos de pandemia, têm sido vários os alertas a propósito de uma correção em baixa dos preços das casas. Ainda assim, o mercado tem resistido aos efeitos da pandemia, ainda que a subida do índice de preços das casas venha a observar uma desaceleração nos últimos trimestres.

Quantas vacinas já foram administradas em Portugal?

No total, em todo o país, 827.902 pessoas — cerca de 8% da população — já receberam a primeira dose e 341.034 pessoas — cerca de 3% da população — já têm a vacinação completa contra a Covid-19. Estes eram os dados da última terça-feira. A DGS faz nova atualização da campanha de vacinação esta terça-feira relativamente a uma semana em que a vacina da AstraZeneca esteve temporariamente “suspensa” devido a eventuais situações de coágulos no sangue em quem tinha tomado esta vacina. Entretanto, a Agência Europeia do Medicamento assegurou que a vacina é “segura”.

Câmara de Lisboa discute apoios à compra de bicicleta

A Assembleia Municipal de Lisboa discute a prorrogação do prazo de receção de candidaturas ao Programa de Apoio à Aquisição de Bicicleta do Município de Lisboa (2020) e a aprovação das regras de funcionamento do Programa de Apoio à Aquisição de Bicicleta do Município de Lisboa para o ano de 2021 e a atribuição de apoios à aquisição de Passe Mensal da Rede Gira.

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O que é a Greenvolt, a empresa liderada por Manso Neto que quer ir para a bolsa?

Empresa de energias renováveis a partir de biomassa da Altri conta com Manso Neto para ganhar visibilidade. Entrada em bolsa ajudará, mas também dará músculo para investir no solar e nas eólicas.

Pareceu uma contratação de clube de futebol, mas no mundo dos negócios. Manso Neto, que durante anos esteve à frente da EDP Renováveis, contribuindo para que seja, atualmente, uma das maiores empresas mundiais no setor das energias renováveis, saiu da empresa no âmbito do Caso EDP, mas aceitou, agora, o desafio de liderar a Greenvolt. Mas que empresa é esta?

Manso Neto deixou de exercer o cargo de CEO da EDP Renováveis há vários meses, depois de ter sido constituído arguido por suspeita de quatro crimes de corrupção ativa e um de participação económica em negócio. Esteve suspenso — suspensão essa que caducou entretanto –, mas já não voltou para sentar-se na cadeira de executivo da empresa do Grupo EDP. Foi substituído por Miguel Stilwell.

Apesar de ter saído do cargo, tinha um acordo de não concorrência que lhe garantia uma remuneração de 560 mil euros por ano, durante os próximos três anos, para não exercer funções em empresas concorrentes. “Rasgou-o” para aceitar o desafio de Paulo Fernandes, o “patrão” da Altri (e também da Cofina), impulsionando o negócio de energias renováveis.

Foi contratado para liderar a Bioelétrica da Foz, que entretanto mudou de nome: chama-se, agora, Greenvolt. A Bioelétrica da Foz chegou a ser uma parceria da Altri com a EDP, mas essa chegou ao fim em 2018 — pagou 55 milhões de euros pelos 50% que não detinha da empresa. A Altri passou a controlar a totalidade da empresa que produz energia elétrica a partir de biomassa florestal.

“Atualmente estão em operação cinco centrais – Mortágua, Ródão (Celtejo), Constância (Caima) e Figueira da Foz (duas na Celbi) – com uma potência instalada total de cerca de 96,7 MW, produzindo um total de 720 GWh por ano”, refere a Altri no seu site. E é um negócio que está a crescer. E a contribuir para as contas da Altri.

“As receitas associadas à unidade de produção de energia elétrica através de biomassa florestal, desenvolvida através da subsidiária Greenvolt – Energias Renováveis (anteriormente designada por Bioelétrica da Foz), atingiram, no quarto trimestre de 2020, o montante de 20,9 milhões de euros, (…) um crescimento de 5,2% face ao quarto trimestre de 2019”. No total de 2020, “ascenderam a 86,9 milhões de euros, o que se traduz num crescimento de 35%” face a 2019. O EBITDA chegou aos 32,9 milhões. Cresceu 49%.

O peso da Greenvolt nas contas da Altri já é expressivo, medido pelo EBITDA. Os 32,9 milhões de euros de 2020 representaram 25% dos 130,37 milhões de euros alcançados pela empresa que a controla, num ano em que os resultados líquidos caíram 65% para os 34,9 milhões de euros.

Mais visibilidade, cá e lá fora

O negócio de energias renováveis da Altri está a crescer, mas tem pouca visibilidade. O rebranding ajuda, mas o principal é mesmo o novo CEO da empresa, Manso Neto. O gestor, com ampla “experiência de liderança e gestão global de negócios complexos, relacionados, em especial, com o setor energético”, foi escolhido para CEO da Greenvolt para potenciar a empresa nas energias renováveis.

Um passo importante para fazer crescer a Greenvolt será a potencial entrada da empresa em bolsa, ganhando “independência” da Altri, também ela cotada na Euronext Lisboa. A Altri “encontra-se a estudar a admissão à cotação na Euronext Lisbon, da sua subsidiária integralmente detida, Greenvolt, empresa que materializa a presença do Grupo Altri no setor das energias renováveis”, disse a empresa em comunicado enviado à CMVM.

Ganhará, com a entrada no mercado, mais nome, mas também mais músculo financeiro. A Greenvolt “tem um ambicioso projeto de expansão nacional e internacional. Sob a liderança de João Manso Neto e com o profundo know how e expertise que aportará ao negócio, a Greenvolt pretende consolidar a sua posição de liderança no mercado nacional (…) no mercado das energias renováveis”, disse a Altri. E pretende afirmar-se também “como um player de referência a nível internacional”.

Aposta na energia solar

A Greenvolt obtém energia renovável a partir de biomassa, florestal, mas não quer limitar-se a esse segmento. A biomassa “continuará a ser o core business da sociedade, com inquestionáveis competências”, mas a empresa pretende desenvolver o negócio das energias renováveis também, “através de modelos inovadores, de energia solar e eólica”, diz a Altri.

De acordo com o Expresso (acesso livre), a Greenvolt é já dona de um conjunto de sociedades recentemente constituídas para apostarem em vários projetos de energia renovável. Um desses é a Sociedade de Energia Solar do Alto Tejo, do qual tem 80% do capital, e cujos gestores estão a trabalhar num projeto solar de 1.200 MW em Portalegre. E controla ainda a Paraimo Green, Piara Solar, Maior Green, Amieira Green e Ribatejo Green, que conta com a participação do dono da Gesto Energia, empresa que desenvolve projetos fotovoltaicos.

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Bastonário dos advogados: “A CPAS teve algum progresso com o seguro de proteção de rendimentos, que permite abranger os advogados em situação de incapacidade”

A Advocatus entrevistou o bastonário dos Advogados a três dias da assembleia geral relativa ao sistema de previdência. Mas não assume qual será o seu sentido de voto; se quer ou não um referendo.

Luís Menezes Leitão, bastonário da Ordem dos Advogados, dá uma entrevista à Advocatus, três dias antes da realização da assembleia geral que decidirá se os advogados farão um referendo para escolher o sistema de previdência. Mas o bastonário não assume uma posição sobre a atual situação da CPAS, defendendo alguns pontos desta face ao regime geral da Segurança Social. Diz que prefere não estar incluído num sistema que o obrigue a parar de trabalhar com a situação de baixa (como acontece na SS) mas recusa-se a assumir se vai votar a favor ou contra esse mesmo referendo.

Durante a campanha eleitoral, por várias vezes, referiu que a CPAS não protegia os advogados da melhor maneira. Atualmente, o que pensa sobre este sistema de previdência?

Acho que teve algum progresso, a partir do momento em que foi instituído o seguro de protecção de rendimentos, que permite abranger os advogados em situação de incapacidade, conforme tínhamos defendido no nosso programa. Mas há ainda muitas coisas a melhorar para que os advogados possam ter um adequado e justo sistema de previdência.

Nos últimos meses, ‘o assunto’ para os Advogados tem sido a manutenção ou não da CPAS. Pergunto-lhe diretamente: é a favor do poder de escolha de um Advogado face ao seu sistema de previdência?

Essa é uma questão a debater pelos advogados num referendo, se o mesmo vier a ser aprovado, sobre a qual por isso o Bastonário não se irá pronunciar antecipadamente.

Tem sido cauteloso nas palavras quanto às reivindicações de alguns advogados para mudar o sistema de previdência. Concorda ou não concorda que a CPAS é parca nos apoios à doença para advogados?

Concordo. É por isso que achamos essencial reforçar esses apoios. Já começou a ser feito com o seguro de protecção de rendimento e esperamos que a situação ainda possa melhorar em ordem a que os advogados tenham a protecção de que necessitam numa situação de infortúnio.

Luís Menezes Leitão, bastonário da Ordem dos Advogados, em entrevista ao ECO/Advocatus - 07JAN20
Luís Menezes Leitão, bastonário da Ordem dos AdvogadosHugo Amaral/ECO

A contribuição mensal é calculada da forma mais justa?

Não. Esse é o principal problema da CPAS, ao estabelecer uma tributação com base em valores mínimos, que neste momento são de montante insustentável para grande parte dos advogados. Isso resultou da reforma de 2015 que mandou subir as contribuições mínimas em sete pontos percentuais e ainda as indexou ao salário mínimo, que estava constantemente a subir. A situação foi atenuada em 2018, quando se estabeleceu o desconto de –14%, mas a Direcção da CPAS tem procurado desde então continuar a subir as contribuições mínimas, o que sempre mereceu a nossa frontal oposição.

A sustentabilidade da CPAS é um dado adquirido?

Nada é adquirido, ainda mais nos tempos de enorme incerteza que vivemos. Mas pelo menos compara favoravelmente com a segurança social, quer em termos de rácio contribuintes/beneficiários que é de 5,5 para 1 enquanto a segurança social é de 1,5 para 1, quer em termos do seu património que dá para pagar 5 anos e meio de pensões, enquanto que o da segurança social só dá para pagar um ano de pensões.

Como advogado, qual o regime de previdência que escolheria, se pudesse escolher?

Como advogado tenho uma posição pessoal, que é contrária a assumir uma obrigação de inactividade em contrapartida da protecção social. Por isso não desejo um sistema que me obrigaria a parar de trabalhar, sempre que estivesse de baixa ou quando me reformasse. Mas admito que outros Colegas tenham uma visão diferente e que para eles essa questão não seja relevante.

Sugeriu aos advogados que não pudessem pagar quotas esta fase de crise a suspensão de actividade. Seria um rombo assim tão grande o adiamento do pagamento das quotas?

Essa pergunta está incorrecta. Nós adiámos o pagamento de seis meses de quotas, quer em 2020, quer agora em 2021, e não recomendámos a ninguém que suspendesse a actividade. O que decidimos foi deixar de cobrar a taxa de reinscrição aos advogados que regressassem depois de terem pedido a suspensão da inscrição na Ordem. Isto porque na altura mais dramática da terceira vaga recebemos informação de que vários Colegas tinham suspendido a inscrição, devido a terem sido infectados pelo vírus e quisemos permitir-lhes regressar sem quaisquer encargos.

Como advogado tenho uma posição pessoal, que é contrária a assumir uma obrigação de inatividade em contrapartida da proteção social. Por isso não desejo um sistema que me obrigaria a parar de trabalhar, sempre que estivesse de baixa ou quando me reformasse”

Esta semana saiu uma notícia relativa ao rendimento médio de um advogado (cerca de 1400 brutos). A profissão perdeu o ‘élan’ que tinha há uns anos?

Há muito tempo que os rendimentos da profissão de advogado se têm vindo a degradar e é nosso objectivo combater essa situação. Para isso achamos que é essencial rever a tabela de honorários do SADT que foi aumentada apenas em oito cêntimos, depois de os magistrados terem sido aumentados em centenas de euros. Por isso a Ordem já impugnou nos tribunais essa decisão da Ministra da Justiça e não descansaremos enquanto a situação não for resolvida.

O que vai votar no dia da assembleia geral?

O meu voto será visto em primeiro lugar pelos advogados.

Muitos acusam-no de ter adiado consecutivamente a AG que se realiza agora a 26 para adiar a votação. Como se defende?

A assembleia geral foi convocada logo que foram apresentadas as assinaturas necessárias para o efeito e os adiamentos deveram-se às restrições às reuniões colocadas pelas autoridades de saúde, cuja decisão entendemos não dever contestar. Compreendo a urgência de muitos Colegas, mas é nossa responsabilidade evitar que a assembleia de advogados levasse a uma enorme tragédia na nossa profissão. Infelizmente já tivemos muitos advogados infetados com este vírus, e alguns perderam mesmo a sua vida. O Conselho Geral e o Bastonário têm por isso a responsabilidade de garantir as condições de segurança de qualquer reunião de advogados e evitar riscos que poderiam ter consequências muito graves para todos os participantes.

As razões de saúde pública mantêm-se. O que permitiu ter sido realizada em março e não em novembro?

O facto de termos conseguido contratar uma plataforma informática, que só agora está acessível, para calcular os votos de milhares de advogados. A assembleia não será presencial o que garante que possa ser realizada em condições de segurança através da participação e da votação on-line.

Vai recandidatar-se a bastonário?

Neste momento estou concentrado em exercer o presente mandato. A decisão relativa a uma eventual recandidatura será tomada em momento posterior.

A campanha eleitoral parece que continua nas redes sociais, com constantes ataques ao seu mandato por parte de quem concorreu diretamente consigo. Como encara isso?

Muito bem.

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Farmácias a postos para venderem autotestes. Falta saber quais

Apesar de já terem sido divulgados os critérios a respeitar na utilização do autotestes à Covid, as farmácias estão a aguardar a listagem do regulador sobre os testes que poderão ser comercializados.

Depois de as autoridades de saúde terem definido os critérios para a utilização de testes rápidos de antigénio para uso da população em geral, as farmácias aguardam que o Infarmed publique a lista relativa aos testes passíveis de serem comercializados. Findo este passo, a Associação de Farmácias de Portugal assegura que em pouco tempo estes testes estarão disponíveis no mercado.

Na sexta-feira passada, Infarmed, Direção-Geral da Saúde e Instituto Dr. Ricardo Jorge, divulgaram uma circular conjunta a estabelecer os “critérios de inclusão no regime excecional para a utilização de testes rápidos de antigénio de uso profissional por leigos”, isto depois de o Governo ter autorizado a venda destes autotestes em farmácias e outros locais de venda de medicamentos não sujeitos a receita médica, como é o caso das parafarmácias e dos espaços bem-estar de alguns hiper e supermercados.

Em causa estão os testes rápidos de antigénio que permitem detetar possíveis casos de infeção por Covid-19 através da recolha de uma amostra de fluido das fossas nasais e cuja colheita é feita através de uma zaragatoa (mais pequena do que a utilizada nos testes PCR). Assim, além de ser um teste menos evasivo que o PCR, uma das grandes vantagens destes autotestes é o facto de permitir resultados entre 10 a 30 minutos, pelo que são especialmente recomendados em rastreios comunitários.

Contudo, apesar de terem sido divulgados os critérios a respeitar na utilização destes autotestes fica ainda a faltar a lista dos testes que poderão ser comercializados. “O Infarmed ainda terá que analisar e avaliar [os testes] para, depois, escolher quais são aqueles que têm mais confiança para depois serem utilizados pelos cidadãos comuns”, explica Manuela Pacheco, presidente da Associação de Farmácias de Portugal (AFP), em declarações ao ECO.

Assim apesar de ainda não existir qualquer previsão para a divulgação da lista, a responsável aponta que o processo estará também dependente da “proatividade dos fornecedores”. “Os fornecedores terão de enviar as características dos seus dispositivos médicos, — neste caso os testes que pretendem que sejam reconhecidos. E, e se eles o fizerem rapidamente, mais rapidamente serão avaliados“, aponta Manuela Pacheco.

Para serem utilizados como autotestes, têm de estar registados pelos fabricantes junto do regulador, tal como sublinha a circular conjunta divulgada pelas autoridades competentes. Até agora, os testes rápidos só tinham “luz verde” para ser executados para uso profissional, pelo que é necessário uma autorização para uso dos leigos.

Depois desta fase, a AFP garante que não haverá nenhum “problema” para os disponibilizar nas farmácias, pelo que o processo deverá ser rápido. “Qualquer armazenista consegue disponibilizar-nos o material nas farmácias em 12-24 horas, portanto isso não será um problema”, assinala Manuela Pacheco.

E se na Alemanha a procura por autotestes levou a que esgotassem em poucas horas, Manuela Pacheco não antecipa que a situação se repita em Portugal. “Vai haver procura mas a procura há-de ser q.b.”, antecipa a presidente da AFP, acrescentando que as farmácias estarão “devidamente preparadas” para responder às necessidades dos clientes. Além disso, a responsável sublinha que o número de testes disponíveis vai depender da quantidade de marcas que vão ser autorizadas pelo Infarmed.

Por fim, ao ECO, Manuela Pacheco aponta ainda que os farmacêuticos terão um “papel essencial” em todo este processo, já que devem transmitir aos cidadãos como executar estes testes, como devem recolher a amostra adequadamente, por forma a que “seja em quantidade suficiente e de boa qualidade” para evitar falsos negativos, bem como explicar como os cidadãos devem proceder à comunicação dos resultados.” Não é comprar em qualquer lado”, alerta, acrescentando que “tem de haver sempre alguém com conhecimento prévio para explicar como deverá ser executado, quais são os procedimentos e os passos a seguir”.

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Resgate antecipado de PPR é possível até setembro. Saiba em que condições

  • ECO Seguros
  • 23 Março 2021

O resgate antecipado e sem penalizações deste tipo de poupança continua possível, em caso de certa vulnerabilidade que afete pessoa do agregado familiar. Bancos e seguros devem informar aforradores.

A Lei do Orçamento de Estado (OE2021) estabeleceu regras excecionais para o reembolso antecipado de Planos de Poupança (PPR-reforma, PPE-educação e PPRE-reforma/educação), as quais estarão em vigor até 30 de setembro de 2021.

O resgate antecipado destas poupanças, sem penalizações – contando que o produto tenha sido contratado antes de 31 de março de 2020 -, vigorou até final de dezembro em resultado da excecionalidade introduzida no contexto da pandemia. Com a lei do OE2021 prolonga-se a possibilidade de resgate antecipado, desde que um dos membros do agregado familiar do titular se encontre numa de oito situações de vulnerabilidade, detalha a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF):

1. Esteja em situação de isolamento profilático ou de doença ou preste assistência a filhos ou netos ;

2. Tenha sido colocado em redução do período normal de trabalho ou em suspensão do contrato de trabalho, em virtude de crise empresarial [lay-off];

3. Se encontre em situação de desemprego e inscrito no Instituto do Emprego e Formação Profissional, I.P.;

4. Seja elegível para o apoio extraordinário ao rendimento dos trabalhadores;

5. Seja elegível para o apoio extraordinário à redução da atividade económica de trabalhador independente ;

6. Sendo trabalhador em situação de desproteção económica e social, preencha os pressupostos para beneficiar do apoio extraordinário;

7. Apresente uma quebra do rendimento relevante médio mensal superior a 40 % no período de março a dezembro de 2020 face ao rendimento relevante médio mensal de 2019 e, cumulativamente, entre a última declaração trimestral disponível à data do requerimento do apoio e o rendimento relevante médio mensal de 2019;

8. Sendo arrendatário num contrato de arrendamento de prédio urbano para habitação própria e permanente em vigor à data de 31 de março, esteja a beneficiar do regime de diferimento do pagamento de rendas e necessite desse valor para regularização das rendas alvo de moratória.

Segundo explica um comunicado da ASF, para a generalidade desses casos e nos termos de disposições aplicáveis, o valor dos planos a reembolsar pode ir até ao limite mensal do Indexante dos Apoio Sociais (IAS), atualmente 438,81 euros.

No caso específico da indicada exceção 8 (inquilinos que precisem da poupança para regularizar prestações devidas ao senhorio), “o valor dos planos a reembolsar pode ir até ao limite mensal de 1,5 IAS, ou seja, 658,22 euros. O valor do PPR reembolsado deve corresponder ao valor da unidade de participação à data do requerimento de reembolso”.

O organismo de Supervisão recorda também que, “no caso de planos que tenham sido subscritos até 31 de março de 2020 não é aplicável a penalização fiscal prevista no n.º 4 do artigo 21.º do Estatuto dos Benefícios Fiscais”.

As instituições de crédito e as entidades autorizadas a comercializar este tipo de produtos financeiros “devem divulgar de forma visível, até 30 de setembro de 2021, a possibilidade de resgate de PPR, PPE e PPR/E, ao abrigo deste regime nos seus sítios na Internet e nos extratos de conta com uma área para a prestação de informações ao cliente, caso os emitam”, determina ainda o regulador.

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TAP oferece um ano de salários para tornar pré-reformas mais atrativas

Mais de 700 trabalhadores já tinham pedido as várias medidas voluntárias na semana passada. Período de adesões termina esta quarta-feira.

O programa de medidas voluntárias da TAP está quase a chegar ao fim e a adesão a reformas antecipadas e pré-reformas está a ser problemática devido a atrasos nas informações pedidas pelos trabalhadores. Para tornar estas duas opções mais atrativas, a companhia aérea decidiu oferecer uma compensação equivalente a 12 meses de salário.

O plano de reestruturação da TAP — cuja proposta está ainda a ser avaliada pela Comissão Europeia — implica um corte de 1,4 mil milhões de euros na massa salarial. Os sindicatos negociaram com a administração (e com o Governo) alternativas para reduzir os despedimentos, que resultaram numa série de medidas voluntárias: rescisões por mútuo acordo, reformas antecipadas, pré-reformas, trabalho a tempo parcial e licenças sem vencimento.

No dia 11 de fevereiro, cada trabalhador da TAP recebeu informação sobre as opções que lhe estavam disponíveis. Os mais velhos encontraram na sua área pessoal a possibilidade de aderir a reforma antecipada ou pré-reforma. No primeiro caso, são elegíveis pessoas com mais de 62 anos de idade (a completar em 2021) e 40 anos de descontos. Já o segundo, poderá abranger trabalhadores com 61 anos.

Já com o processo em curso, a TAP anunciou que iria compensar a aplicação do fator de sustentabilidade da Segurança Social com o pagamento de 12 salários. Para situações de reforma antecipada o montante é recebido de uma só vez, enquanto para pré-reformas é dividido entre 50% no início da situação de pré-reforma e os outros 50% aquando da passagem à situação de reforma, segundo apurou o ECO.

Em ambos os casos, o montante da compensação é calculado sem os cortes remuneratórios que serão aplicados com os acordos de emergência, ou seja, de 25% para a generalidade dos trabalhadores ou 50% para os pilotos. A adesão a estas medidas está disponível até esta quarta-feira, após o período ter sido prolongado devido aos pedidos dos trabalhadores, que alegavam não ter ainda conhecimento de todas as condições.

Na semana passada, mais de 700 trabalhadores já tinham aderido às várias medidas voluntárias discutidas entre a empresa e os sindicatos no âmbito das negociações dos acordos de emergência (que ficarão em vigor devido à suspensão dos acordos de empresa e enquanto não forem negociados novos acordos). Os números para cada segmento não estão fechados e irão depender dos níveis de adesão. Por exemplo, maior recurso ao part-time e a licenças sem vencimento poderá resultar em menos despedimentos.

Entre rescisões por mútuo acordo e por iniciativa da empresa deverão sair 800 pessoas. Para determinar quem irá sair, serão aplicados vários critérios em simultâneo, sendo que o absentismo (produtividade) e o custo (medido pelo salário fixo) serão fatores penalizadores. Por outro lado, a experiência e antiguidade na empresa, bem como as habilitações literárias e técnicas poderão beneficiar os trabalhadores.

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Governo envia ao Parlamento carta de compromissos sobre Novo Banco junto de Bruxelas

Finanças enviaram à comissão de inquérito ao Novo Banco a carta assinada por Centeno com os compromissos assumidos por Portugal para Bruxelas autorizar acordo de capital contingente de 3.890 milhões.

“É pouco, mas relevante”. Fonte parlamentar avançou ao ECO que o Governo já começou a enviar documentos pedidos pela comissão de inquérito ao Novo Banco, após as reclamações dos deputados. Um dos documentos enviados é particularmente sensível: a carta assinada pelo então ministro das Finanças, Mário Centeno, em 2017, juntamente com a lista dos compromissos assumidos pelo Estado português para a Comissão Europeia dar “luz verde” ao acordo de capital contingente de 3.890 milhões de euros.

É este acordo que está no centro de toda a discussão da comissão de inquérito que visa apurar as perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução e que realiza esta terça-feira nova audição: a Vítor Bento, o último presidente do BES e o primeiro do Novo Banco.

Em 2017, para concluir a venda de 75% do capital do Novo Banco ao fundo americano Lone Star, o Estado português teve de assumir compromissos junto da Comissão Europeia para aprovar um auxílio público. Além de um plano de reestruturação, incluindo a redução de pessoal, a venda de operações internacionais e a redução do malparado, o Novo Banco ficou obrigado a cumprir várias exigências do ponto de vista do desempenho operacional. Há, aliás, um documento que é público, mas muita informação sobre esses compromissos foi rasurada. O documento que chegou ao Parlamento é o mesmo, mas sem as rasuras.

Ao assumir estes compromissos (segundo o banco, eram 33 compromissos, que ficaram concluídos no ano passado), o Governo obteve a aprovação europeia para criar o chamado mecanismo de capital contingente, que vinculou o Fundo de Resolução à parte má do Novo Banco: o fundo da banca ficou obrigado a cobrir a parte de capital em falta para o banco cumprir os rácios e sempre que as falhas de capital tenham origem em perdas com um conjunto de ativos problemáticos herdados do BES. Até hoje, do envelope de 3,89 mil milhões de euros, cerca de três mil milhões já foram “gastos” e a instituição prepara-se para apresentar nova fatura esta semana quando apresentar as contas de 2020.

Há duas semanas, em entrevista ao ECO, a deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua criticou o Executivo porque ainda não tinha enviado qualquer informação pedida pelo Parlamento no âmbito do inquérito parlamentar. “O Governo não enviou um documento, não fez nada. Não entregou absolutamente nada”, acusou a dirigente. E repetiu a crítica no arranque das audições nesse mesmo dia: “O Governo está em falta para com a comissão de inquérito. (…) Nem correspondência, nem os compromissos com a União Europeia”, lamentou.

Entretanto, o Governo emendou a mão e já começou a enviar dados. Também chegou ao Parlamento o documento confidencial de autorização da Comissão Europeia para o auxílio de estado. Ainda assim, continua a faltar documentação pedida pelos deputados, como a correspondência trocada com Bruxelas, o Banco de Portugal e o próprio Novo Banco. O ECO questionou o Ministério das Finanças sobre o atraso no envio de informação, mas não obteve uma resposta.

O ex-ministro e atual governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, é um dos nomes que irá à comissão de inquérito ao Novo Banco, mas só deverá ser chamado numa fase posterior, quando os deputados discutirem a venda da instituição.

Para já, e nas próximas semanas, o inquérito irá debruçar-se sobre a fase da resolução do BES e do Novo Banco, em agosto de 2014. Depois de Vítor Bento, serão chamados o antigo vice-presidente do banco José Honório (quinta-feira) e ex-diretor de supervisão do Banco de Portugal Carlos Albuquerque (sexta-feira). As audições com os ex-governadores Carlos Costa e Vítor Constâncio foram adiadas para depois da Páscoa.

Esta segunda-feira, depois da audição do ex-administrador financeiro do Novo Banco João Moreira Rato na quinta, o PSD deu entrada com um requerimento para solicitar mais dois documentos: ao Banco de Portugal, o relatório do ETRICC 2 que se refere à avaliação da Tranquilidade em 2014; e à Tranquilidade, as projeções económicas da companhia elaboradas em 2014 no momento prévio à venda da empresa ao fundo Apollo e, ainda, cópia dos relatórios e contas de 2014 a 2019.

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Segundo confinamento “cria” mais 30 mil desempregados. Maioria são mulheres e têm ensino secundário

Os números do IEFP mostram que mais 30 mil desempregados inscreveram-se nos centros de emprego em janeiro e fevereiro. A maioria são mulheres, têm o ensino secundário e são do setor dos serviços.

Portugal já estava com restrições por causa da pandemia, mas o país entrou em confinamento em meados de janeiro, ditando o fecho de portas da maioria dos negócios. Apesar dos apoios que estão no terreno, já há indícios do impacto deste segundo confinamento no mercado de trabalho: há quase mais 30 mil desempregados inscritos no IEFP, dos quais a maioria são mulheres, pessoas com o ensino secundário e que trabalhavam no setor dos serviços.

Nos dois primeiros meses do ano, num período de confinamento em Portugal, o número de desempregados inscritos no IEFP aumentou em 29,6 mil pessoas, de acordo com os cálculos do ECO com base nos dados divulgados pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional. Este é o maior aumento do desemprego registado em Portugal desde março e abril de 2020, o período do primeiro confinamento mais restritivo, em que se registaram 77 mil desempregados, mas é de realçar que este foi o primeiro impacto, que nesta altura a incerteza ainda era maior e que os apoios do Estado ainda não estavam no terreno, tendo as empresas feito queixas dos atrasos. No total, entre março e setembro do ano passado registaram-se quase mais 100 mil desempregados.

Em outubro e novembro, o desemprego aliviou, mas em dezembro voltou a agravar-se ligeiramente. A tendência intensificou-se no início deste ano por causa do confinamento com o número de desempregados inscritos no IEFP a atingir um máximo de maio de 2017, apagando pelo menos dois anos de criação de emprego em Portugal. O impacto foi maior no feminino com mais 17.679 mulheres a inscreverem-se no IEFP, em comparação com mais 11.910 homens. Acresce que, no total, há mais mulheres desempregadas (240 mil) do que homens (190 mil).

Por nível de escolaridade, os menos afetados foram os trabalhadores mais escolarizados, com o ensino superior (+1.608), que continuam a ser a franja da população com menos desempregados inscritos no IEFP. Os mais afetados foram os indivíduos com o ensino secundário (+9.740), mantendo-se como a franja da população com mais desempregados inscritos no IEFP. Nos níveis mais baixos de escolaridade os aumentos vão dos 3.000 aos 8.000.

Em termos regiões, a maioria dos novos desempregados registados entre dezembro e fevereiro está em Lisboa (+16.113 ou +12,9%), mas o Norte, onde se registou um aumento de 9.634 desempregados (+6,4%), continua a ser a região com mais desempregados (mais de 150 mil). A região do Algarve também foi fortemente afetada com mais 2.146 desempregados (+6,9%) em dois meses.

Setor dos serviços lidera desemprego

Por atividade económica, a esmagadora maioria (mais de dois terços) dos novos desempregados estava setor dos serviços. Dentro deste setor, o maior aumento do desemprego verifica-se nas atividades imobiliárias, administrativas e dos serviços de apoio de onde vieram mais 9.737 registados no IEFP. Esta é a atividade económica onde há mais desempregados neste momento (mais de 100 mil).

Fonte: IEFP. Aumento do desemprego em termos homólogos. Os efeitos da Covid-19 no mercado de trabalho vistos por esta ótica são semelhantes à ótica em cadeia (face aos meses anteriores), o que sugere que o impacto continua a incidir sobre os mesmos setores.

Segue-se o alojamento, restauração e similares e o comércio por grosso e a retalho com cerca de mais quatro mil desempregados, cada, em dois meses, somando um total de cerca de 50 mil e de 40 mil desempregados, respetivamente. Na indústria, é de notar que houve um aumento de 1.104 desempregados no setor da construção.

É expectável que o impacto da pandemia no mercado de trabalho se prolongue em março e nos meses seguintes dada que o desconfinamento será feito de forma gradual e com critérios apertados, podendo haver recuos. A recuperação do emprego só deverá acontecer quando o nível de restrições for mais baixo, o que poderá acontecer no terceiro trimestre, consoante a evolução do processo de vacinação.

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SURE apoia 21,6% dos trabalhadores portugueses. Portugal ainda não gastou tudo o que recebeu

Um relatório da Comissão Europeia de balanço do SURE revela que Portugal é um dos três países que ainda não gastou tudo o que recebeu.

Portugal ainda não gastou na totalidade os três mil milhões de euros de empréstimo da União Europeia que recebeu no início de dezembro. Segundo um relatório da Comissão Europeia de balanço do SURE, mecanismo de apoio ao emprego, Portugal é um dos três países onde os gastos ficaram aquém do dinheiro recebido até ao momento. Ainda assim, 21,6% dos trabalhadores portugueses beneficiaram ou estão a beneficiar deste apoio europeu.

A Comissão Europeia divulgou esta segunda-feira um relatório de balanço do SURE, uma das principais medidas criadas no âmbito da resposta europeia à crise pandémica. O objetivo deste instrumento é emprestar dinheiro aos Estados-membros a juros muito baixos para estes implementarem medidas de proteção do emprego e para alguns gastos com saúde, como por exemplo o lay-off simplificado em Portugal.

Um ano depois, o SURE terá apoiado entre 25 a 30 milhões de pessoas, beneficiou entre 1,5 a 2,5 milhões de empresas e poupou cerca de 5,8 mil milhões de euros aos Estados-membros em juros. No caso de Portugal, a poupança estimada, até ao momento, é de 242 milhões de euros, relativamente ao montante já recebido. O empréstimo de três mil milhões de euros, ao qual se deve juntar mais 2,9 mil milhões de euros durante este ano e o próximo, tem uma maturidade média de 14,6 anos.

Fonte: Comissão Europeia. “Excesso” de despesa pública face ao valor do empréstimo do SURE.

Quase todos os Estados-membros já gastaram o valor que receberam, até excedendo, mas há exceções: é o caso de Portugal, Itália e da Roménia, os três países que ainda têm fundos do SURE por gastar. Contudo, a Comissão Europeia diz que estes países garantiram que iam usar o montante recebido, ajustando medidas ou prolongando a duração dos apoios elegíveis ao abrigo do SURE.

Portugal tem usado este empréstimo principalmente para as medidas de apoio ao emprego, beneficiando 21,6% dos trabalhadores portugueses (dos quais 3,5% correspondem a trabalhadores independentes). Além do lay-off simplificado e do apoio à retoma progressiva, o Governo português está a usar o SURE para pagar os apoios aos pais que têm crianças na escola (quando esta fechou) e para financiar as ajudas para as empresas que estão a dar formação de curto prazo aos trabalhadores quando a economia está “fechada”.

Fonte: Comissão Europeia. Número de trabalhadores abrangidos pelo SURE.

Mas os fundos também estão a servir para financiar medidas relacionadas com a saúde. Aliás, cerca de 20% dos três mil milhões de euros (600 milhões de euros) financiaram custos relacionados com equipamento de proteção individual (EPI), o pagamento de baixas ou quarentenas relacionadas com a Covid-19 e outros custos com o Serviço Nacional de Saúde (SNS), nomeadamente o “prémio” dado no final de 2020 aos profissionais de saúde.

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Portugal conta com nova tranche “reforçada” do SURE por causa do segundo confinamento

Governo vai receber, este ano, uma segunda tranche "reforçada" do mecanismo de apoio ao emprego criado por Bruxelas. Finanças justificam "cheque" mais avultado com o segundo confinamento.

O segundo confinamento em que Portugal mergulhou a meio de janeiro levou ao regresso do lay-off simplificado e a uma maior adesão aos apoios públicos. Perante estes custos acrescidos que não estavam previstos, Portugal vai receber uma verba “reforçada” do SURE, o mecanismo de apoio ao emprego da Comissão Europeia, uma vez que está a gastar mais do que previa, revela o Ministério das Finanças ao ECO.

Portugal deverá já em 2021 receber uma verba reforçada devido à execução das medidas acima do esperado inicialmente (devido ao confinamento prolongado no primeiro trimestre deste ano)“, responde o gabinete de João Leão às questões colocadas pelo ECO, após um relatório da Comissão Europeia de balanço do SURE ter revelado que Portugal é um dos três países que ainda não gastou todo o dinheiro que recebeu de empréstimos da União Europeia.

O Estado português conta receber os restantes 2,9 mil milhões de euros do SURE este ano e no próximo ano, após os três mil milhões de euros que recebeu no início de dezembro. Da resposta do Ministério das Finanças interpreta-se que estava prevista uma determinada verba para 2021, mas o segundo confinamento levou a um reforço desta para acautelar os custos acrescidos.

No mês de janeiro, o Estado gastou cerca de 20 milhões de euros com o lay-off simplificado e 45 milhões de euros com o apoio à retoma progressiva, mas é expectável que estes números subam significativamente em fevereiro e março, período em que a economia continuou bastante condicionada pela pandemia. O custo dessas duas medidas em fevereiro, de acordo com o anunciado pelo Governo, já era de 135 milhões de euros, ao qual se junta a despesa fiscal com a isenção da TSU do empregador.

O ministro das Finanças já admitiu em algumas ocasiões que quando construiu o Orçamento do Estado para 2021 (OE 2021) não contava ter um segundo confinamento, ainda por cima mais prolongado do que o do ano passado. Apesar de contar com várias folgas nas verbas centralizadas no Terreiro do Paço, a opção de Leão passa por aproveitar também as ajudas europeias, recorrendo mais ao SURE face ao previsto anteriormente. No Ministério das Finanças calculava-se que o custo do confinamento podia ir aos 600 milhões de euros por cada mês.

Portugal é dos que mais recebe do SURE em percentagem do PIB

Questionado sobre o porquê de Portugal ainda não ter gasto toda a verba do SURE que recebeu em dezembro, o gabinete de João Leão responde que “é importante referir que Portugal foi o país da UE que teve acesso a maior verba alocada pelo Programa SURE em percentagem do PIB“.

“Relativamente ao montante já recebido (3 mil milhões no nosso caso), Portugal foi igualmente um dos países que recebeu uma verba mais alta em percentagem do PIB“, acrescenta o Ministério das Finanças, desvalorizando o facto de ser um dos três países que ainda não gastou a totalidade da verba.

Ao todo, Portugal irá receber 5,9 mil milhões de euros, o que corresponde a quase 3% do PIB, sob a forma de empréstimos da Comissão Europeia a juros muito baixos, o que gera uma poupança estimada em 242 milhões de euros, comparado com o que Portugal pagaria se fosse financiar-se aos mercados financeiros. A maturidade média da dívida que o país fica perante a UE é de 14,6 anos.

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