Desconfinamento vai parar e Lisboa vai dar um passo atrás
O Governo deverá anunciar esta quinta-feira que Portugal não avança para a nova fase de desconfinamento, a 28 de junho. Além disso, Lisboa e outros concelhos vão ter de recuar.
O Conselho de Ministros volta a avaliar esta quinta-feira a situação epidemiológica do país, sendo muito Portugal não deverá avançar para a nova fase de desconfinamento, prevista inicialmente para segunda-feira. Além disso, Lisboa vai passar a ter medidas mais apertadas, assim como outros concelhos, sobretudo na Área Metropolitana de Lisboa, tendo em conta o aumento dos casos relacionados com a variante Delta do coronavírus, identificada em seis em cada dez novos casos de Covid-19 na região.
Na avaliação da semana passada, a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, sinalizou que o país estava numa situação mais preocupante do que a da semana anterior e disse que “muito dificilmente” existirão condições para avançar para a nova fase de desconfinamento, na qual se previa que, a partir de 28 de junho, as lojas do cidadão passassem a funcionar sem marcação obrigatória e que caíssem as restrições à lotação dos transportes públicos. Uma afirmação que ganhou tração tendo em conta que o boletim da DGS desta quarta-feira revelou que o país como um todo está na zona vermelha da matriz de risco, com um aumento da taxa de incidência (média de novos casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias) para 128,6 a nível nacional e 129,6 no continente (na última atualização estes valores eram 119,3 e 120,1 respetivamente).
Já esta semana, a ministra da Saúde, Marta Temido, reconheceu que Portugal está “em contraciclo” com a Europa, referindo que está a ser feito “um esforço” para “equilibrar vacinação, testagem e medidas não farmacológicas”. O objetivo é evitar restrições com impactos económicos “muito pesados” — leia-se um confinamento mais generalizado (que, de resto, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já recusou).
Depois do Conselho de Ministros de 17 de junho, o agravamento da pandemia em Portugal levou o Governo a mostrar um “cartão vermelho” a Sesimbra, que recuou no desconfinamento, por ter estado duas semanas consecutivas com uma incidência da Covid-19 acima do limite de 240 casos por 100 mil habitantes.
O Executivo mostrou ainda um “cartão amarelo” a Lisboa e outros oito concelhos (ver lista abaixo), que ficaram estagnados na fase de 1 de maio. E como alguns registaram um desempenho negativo pela segunda vez consecutiva, superando o limite de 240 casos por 100 mil habitantes, como apurou o ECO, vão ter de recuar no desconfinamento. Ou seja, vão ter de retornar às regras que determinam, por exemplo, que os restaurantes, cafés e pastelarias só podem funcionar até às 15h30 ao fim de semana e feriados, com a presença no interior, no máximo de quatro pessoas por grupo e de seis nas esplanadas. Durante a semana podem funcionar até às 22h30.
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa antecipa também que “o cenário mais provável” é o concelho recuar nas medidas de desconfinamento. “O Governo vai avaliar a situação amanhã [quinta-feira], se aplicar o critério que tem seguido e verificando-se aquilo que tem sido a evolução dos indicadores, vai ser esse o cenário mais provável”, com Lisboa a fazer marcha-atrás no plano de desconfinamento, disse na quarta-feira Fernando Medina durante a visita a um centro de vacinação.
Os dados mais recentes, divulgados na sexta-feira, mostram que a incidência cumulativa a 14 dias da Covid-19 no concelho de Lisboa situa-se nos 306 casos por 100 mil habitantes. Trata-se de um aumento significativo face ao balanço da sexta-feira anterior, cuja incidência de Lisboa se situava nos 222 casos por 100 mil habitantes.
Além de Sesimbra que já recuou a semana passada, em risco de estagnarem ou recuarem no desconfinamento, para medidas mais apertadas, estão os seguintes concelhos:
- Albufeira
- Arruda dos Vinhos
- Braga
- Cascais
- Lisboa
- Loulé
- Odemira
- Sertã
- Sintra
Face à propagação acelerada da variante Delta, que é mais transmissível do que as demais, vai manter-se a proibição de circulação de e para a Área Metropolitana aos fins de semana, apurou o ECO, sem no entanto evoluir para uma verdadeira cerca sanitária, já que muitos dos concelhos que vão recuar se situam precisamente na AML. Esta medida, que chegou a ser comparada a uma “cerca sanitária” pelas vozes mais críticas, entrou em vigor na sexta-feira e só caducou às 6h00 da passada segunda-feira.
Duas dezenas de concelhos em alerta
No Conselho de Ministros da semana passada, o Governo deixou ainda 20 concelhos em alerta, que estão também em risco de recuar no desconfinamento na próxima segunda-feira. Muitos deles são na região da Grande Lisboa e estão na fase que entrou em vigor a 14 de junho. São eles:
- Alcochete
- Águeda
- Almada
- Amadora
- Barreiro
- Grândola
- Lagos
- Loures
- Mafra
- Moita
- Montijo
- Odivelas
- Oeiras
- Palmela
- Sardoal
- Seixal
- Setúbal
- Sines
- Sobral de Monte Agraço
- Vila Franca de Xira
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