Pedidos de ajuda à Deco sobre fatura de energia subiram 61%

  • Lusa
  • 15 Abril 2021

Entre janeiro e março, contactos com a Deco por causa da fatura de energia aumentaram para 3.128, sendo que quase metade (1.418) estavam relacionados com faturação.

A associação de defesa do consumidor Deco recebeu no primeiro trimestre deste ano 1.418 pedidos de ajuda sobre a fatura de energia, um aumento homólogo de 61%, havendo casos de subidas de 80 para 200 euros na fatura mensal.

O aumento de pedidos registado está associado, segundo referiu à Lusa, Carolina Gouveia, jurista da Deco, à subida do consumo de eletricidade nestes primeiros três meses do ano, nomeadamente à utilização de equipamentos de aquecimento pelo facto de as famílias estarem mais em casa devido ao confinamento e às temperaturas mais baixas que se registaram, sobretudo em janeiro.

“Este aumento está muito relacionado com o inverno mais frio, com as medidas de confinamento e a necessidade de ficarmos mais tempo em casa, até por causa do teletrabalho, e tudo isso levou a faturas de energia mais elevadas”, afirmou Carolina Gouveia, lembrando que segundo os dados da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) o consumo doméstico de eletricidade aumentou 31% em janeiro face ao mesmo mês do ano passado.

Os dados mostram que a energia esteve na origem de 2.079 pedidos de ajuda de consumidores junto da Deco durante o primeiro trimestre do ano passado, 883 dos quais devido às faturas. Este ano, entre janeiro e março, estes contactos aumentaram para 3.128, sendo que quase metade (1.418) estavam relacionados com faturação.

“Na Deco recebemos denúncias de famílias que receberam faturas de eletricidade de 200 euros para um mês de consumo, quando o valor médio que costumavam pagar seria de 80 euros, o que se deve sobretudo à utilização de soluções de aquecimento que, não sendo as mais eficientes, gastam muita energia”, refere a associação de defesa do consumidor em comunicado.

Com o objetivo de ajudar as famílias a gerir os seus consumos de energia, a Deco criou em novembro do ano passado o Gabinete de Aconselhamento de Energia (GAE) onde uma equipa de mais de três dezenas de técnicos informa e ajuda os consumidores a melhorar a eficiência energética da casa, a compreender o funcionamento do mercado de energia ou a recorrer a mecanismos de apoio em situação de pobreza energética.

“O atendimento é gratuito e o que tentamos fazer é uma análise muito completa sobre o que se passa na casa do consumidor, para perceber o rendimento que tem, que tipo de equipamentos tem em casa e se esta tem problemas de infiltrações ou humidade”, precisou a jurista.

Depois do diagnóstico, os técnicos do GAE estão disponíveis para recomendar soluções que podem ajudar a reduzir a fatura de eletricidade e que podem passar de coisas simples, como calafetar as janelas ou mudar para lâmpadas ‘led’, ou por mudanças mais de fundo, como uma renovação das janelas, procurando ainda, referiu, perceber se há apoios disponíveis e ajudar na respetiva candidatura.

Carolina Gouveia disse ainda que a maior parte dos contactos recebidos nestes primeiros três meses partiram de consumidores que, perante o aumento do valor faturado, pretendiam saber se o mesmo estava correto ou teria erros, havendo uma parte mais reduzida que não consegue pagar o valor de uma vez só e pede ajuda para conseguir um plano a pagamento a prestações.

A Deco assinala também que o apoio extraordinário sobre a fatura de eletricidade, lançado pelo Governo, que teve por base uma redução de 10% da tarifa, é “meritório”, mas “diminuto” “face ao aumento de consumo verificado”.

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Fisco já passou 54 mil cheques do IRS. Reembolso médio é de 990 euros

  • Lusa
  • 15 Abril 2021

Foram liquidadas 73.155 declarações de IRS, sendo que 54.492 resultaram em 51,1 milhões de euros em imposto a devolver aos contribuintes, o que dá um reembolso médio da ordem dos 990 euros.

A Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) liquidou até agora 73.155 das declarações de IRS entregues e destas, 54.492 deram origem a reembolsos no valor de 51,1 milhões de euros, segundo os dados do Ministério das Finanças.

Menos de duas semanas depois de ter arrancado a campanha do IRS foram entregues 1.977.420 declarações de imposto, das quais 821.443 (42%) foram submetidas através do IRS automático.

De acordo com os dados divulgados pelo Ministério das Finanças, daquele total foram liquidadas 73.155, sendo que 54.492 resultaram em 51,1 milhões de euros em imposto a devolver aos contribuintes, o que dá um reembolso médio da ordem dos 990 euros. Estes reembolsos já foram processados e o dinheiro começou esta quarta-feira a chegar à conta dos contribuintes, dia em que foram pagos cerca de 4 milhões de euros, segundo disse à Lusa o secretário de Estado dos assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes.

Entre estas primeiras liquidações há ainda 4.500 notas de cobrança com os contribuintes visados a terem de pagar 1,7 milhões de euros de IRS – o que pode ser feito até 31 de agosto – e 14.163 situações em que não há lugar nem a reembolso nem ao pagamento de imposto.

Apesar de os contribuintes disporem do período entre 01 de abril e 30 de junho para entregarem a sua declaração de IRS independentemente da categoria de rendimentos que auferiram em 2020, os dados publicados pelo Portal das Finanças indicam que são os que tiveram apenas rendimentos de pensões ou de trabalho por conta de outrem que estão a cumprir com maior celeridade esta obrigação declarativa.

Segundo o Portal das Finanças menos de 400 mil dos que tiveram outro tipo de rendimentos entregaram até agora a sua declaração de IRS.

A lei determina que a liquidação do IRS tem de estar concluída em 31 de julho, tendo o imposto de ser pago ou devolvido (via reembolso) até 31 de agosto.

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Governo entrega Programa de Estabilidade com folga para 2022

O Programa de Estabilidade entregue esta quinta-feira pelo Governo é a antecâmara do OE2022 e da política para a retoma pós-Covid. Da UE veio a carta branca para gastar em 2022. Mas será usada?

Em ano de pandemia, o Governo não fugiu ao seu histórico e registou um défice orçamental mais baixo do que o estimado: 5,7% do PIB. As Finanças justificam-no com o melhor desempenho da economia, mas as críticas chegam da esquerda à direita. Esta quinta-feira é entregue o Programa de Estabilidade 2021-2025 em que se define a trajetória das contas públicas e da economia para os próximos quatro anos. Da União Europeia já chegou orientação para não se olhar para o défice no próximo ano. Mas será que essa folga será usada em Portugal?

Tudo caminha no sentido de a União Europeia manter as regras orçamentais suspensas em 2022. A Comissão Europeia deu orientações nesse sentido, vários países vieram logo elogiar essa posição e o Eurogrupo acabou por sinalizar que concorda. Falta a formalização, mas os países já devem preparar o Programa de Estabilidade e o próximo Orçamento do Estado tendo em mente que não têm de cumprir o limite do défice de 3% do PIB ou a regra da redução da dívida pública em 2022, tal como indicaram o presidente do Eurogrupo, Paschal Donohoe, e o vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, em discursos.

Na prática, isto significa que os países podem gastar mais e durante mais tempo para colmatar os impactos da crise pandémica, através de mais apoios temporários e deixando os estabilizadores automáticos (como o subsídio de desemprego) funcionar sem restrições, tal como tem prometido o ministro das Finanças, João Leão. O lema na UE continua a ser de evitar que se retire os estímulos de forma prematura, causando mais danos económicos. “Nas circunstâncias atuais, os riscos de fazer pouco superam os riscos de se fazer demasiado“, resumiu Paolo Gentiloni, comissário europeu para a economia.

O Programa de Estabilidade que o Governo vai entregar esta quinta-feira à Assembleia da República (e até ao final do mês à Comissão Europeia) trará uma deterioração do cenário macroeconómico em 2021 e já terá este enquadramento europeu para 2022, mas não se sabe se Leão vai aproveitar ou não a “folga” dada pela suspensão das regras. Nos últimos documentos oficiais do Executivo (OE2021 e PRR), as previsões apontam para um défice abaixo de 3% do PIB em 2022, mas as circunstâncias mudaram significativamente desde então. Porém, mesmo agora, se o Governo nada fizer (em políticas invariantes), o défice pode baixar para os 2,1% (previsão do CFP) ou para os 1,9% (previsão do FMI) no próximo ano, tal como se previa no OE2021 por causa do caráter temporário das medidas.

Ou seja, as Finanças terão mesmo de gastar mais (ou abdicar de mais receita) com novas medidas ou o reforço das existentes para aproveitar a margem para abrir os cordões à bolsa. Os economistas contactados pelo ECO antecipam que o Governo vá optar pela prudência e, por isso, se a pandemia não o exigir, não irá além de um défice de 3% do PIB para evitar ficar com o estigma de “mau aluno”, algo que marcou Portugal na crise anterior.

Filipe Garcia, da IMF, considera que “Portugal percorre um caminho estreito” entre, por um lado, a necessidade de dar apoios por causa da crise pandémica e, por outro lado, dar a imagem de que tem as contas públicas controladas. “É difícil que o Governo tire o pé” da despesa pública neste momento, reconhece. “Porém, há a consciência do Governo de que este alinhamento europeu de autorização para gastar não irá durar para sempre“, diz o analista, assinalando que “quanto pior estiver o rácio da dívida pública, mais vulneráveis estamos a uma subida da taxa dos juros”. Assim, a expectativa de Garcia é que o Executivo continue a optar pela “prudência”, com um défice alto em 2021 mas uma redução para um valor inferior a 3% em 2022, no pressuposto de que a economia volta a alguma normalidade dado o processo de vacinação.

Portugal tem vivido muito da perceção de ser um país em dificuldades mas cumpridor e este é um capital que se vai tentar preservar“, antecipa o analista da IMF, concluindo que “para 2022 não faria sentido apresentar um valor de défice acima dos 3% do PIB”, mesmo com a indicação de Bruxelas de que pode gastar. “Seria mau dar a sensação de que, se não vai haver penalização, então vamos gastar… Diria que Portugal só tem tido uma postura orçamental prudente para não ter penalização”, argumenta, referindo que essa postura será bom para o resto da economia na medida em que manterá a confiança. Caso a pandemia ainda não esteja controlada em 2022 o Governo pode sempre mudar de planos, nota.

João Loureiro, professor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, concorda com a visão de que o Governo tem mantido a “disciplina orçamental” em 2020 e 2021 e que tal continuará em 2022. “O Governo manifestou a vontade de não acumular dívida pública“, diz, recordando a opção de aproveitar apenas uma pequena parte dos empréstimos disponíveis no Programa de Recuperação e Resiliência. Ainda assim, o economista admite que o exercício de previsão do Programa de Estabilidade “tem um elevado grau de incerteza” pelo que acaba por ser um “formalismo” que tem de ser cumprido, mas que é mais um “exercício teórico”.

Mas do ponto de vista económico faria sentido ter um défice maior no próximo ano? João Loureiro diz ter “dúvidas” uma vez que as “economias estão estagnadas mas não é pelos motivos convencionais” como a procura reprimida por falta de confiança. A causa (a pandemia) é temporária e o economista antecipa que os consumidores não precisam de “nenhum empurrão”, além do levantamento das restrições, para aumentar a despesa. “Assim que a economia for libertada, não necessita de estímulo adicional“, prevê, assinalando que “o potencial do país não vai desaparecer, mas pode demorar algum tempo até haver recuperação”.

Filipe Garcia considera que depende de qual for o tipo de despesa, nomeadamente se é para aumentar os salários da função pública sem ligação à produtividade ou se é para dar mais benefícios fiscais ao investimento para criar dinamismo à economia. Para o analista “não há grandes motivos para apresentar um défice tão alto, após a retirada dos apoios temporários“, argumentando que a prudência orçamental do Estado é positiva para os restantes agentes económicos, os quais são afetados (em termos de custo de financiamentos, por exemplo) quando a confiança dos mercados financeiros no país é afetada.

OE 2022 trará “programa de retoma da economia”. Flexibilidade orçamental pode ir até ao final da legislatura

Em termos políticos, a perspetiva de não se ter de controlar o défice no próximo ano deverá ajudar nas discussões para o Orçamento do Estado, um momento que tinha sido definido por muitos observadores políticos como de rotura para a atual maioria parlamentar de esquerda. Com mais margem para gastar e com o Plano de Recuperação e Resiliência já em marcha, o Executivo terá uma maior capacidade de negociação com o PCP e até com o Bloco de Esquerda, caso regresse à mesa das negociações. Em entrevista ao ECO, o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes, disse que será “um Orçamento que tem de relançar e retomar a nossa economia”, mostrando-se convencido de que haverá “espaço de diálogo” com os parceiros à esquerda.

A mensagem política do Governo para 2022 tem sido de esperança na retoma. Em entrevista à RTP3, o ministro das Finanças anunciou que o OE2022 terá um “programa focado na recuperação da economia” que passará por “forte investimento público”, com a ajuda do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), e por “medidas de recuperação económica e social”. Este Orçamento terá uma “estratégia de recuperação da economia e dos efeitos sociais da crise, na área da saúde e noutras áreas importantes”, garantiu. Além disso, deixou o compromisso de não aumentar impostos, ao contrário do sugerido pelo FMI (para os mais ricos) e pela OCDE (para o ambiente e património).

O Governo poderá mesmo contar com maior flexibilidade orçamental por parte das regras europeias até ao final da legislatura — no calendário “normal”, as próximas legislativas serão em outubro de 2023 –, o que contrasta com a legislatura anterior que ficou marcada pela consolidação orçamental e o primeiro excedente da democracia. Isto porque a Comissão Europeia deixou explícito que os países com uma retoma mais lenta, como é o caso de Portugal, vão gozar de uma maior flexibilidade. Apesar de a média do PIB europeu chegar ao nível pré-pandemia a meio de 2022, essa previsão esconde uma divergência significativa entre países, nomeadamente os do Sul e os do Norte por causa da dependência do turismo. No caso de Portugal, as previsões apontam para que recupere totalmente no final de 2022.

Assim, em 2023, mesmo com as regras orçamentais reativadas, a Comissão compromete-se a usar “toda a flexibilidade” que está no Pacto de Estabilidade e Crescimento. “As situações específicas de cada país irão continuar a ser tidas em conta após a desativação da cláusula geral de escape”, assumiu a Comissão, referindo-se à cláusula que permitiu que as regras orçamentais estivessem suspensas em 2020 e 2021 e, em princípio, em 2022, para todos os países europeus. Falta agora saber se o Governo quererá apelar a uma maior flexibilidade também em 2023, sendo que as previsões do Programa de Estabilidade já devem dar pistas sobre qual a vontade do PS.

Até porque, apesar de toda a flexibilidade, a União Europeia não descarta a mensagem de que os países mais endividados devem ter uma política “mais prudente” e que os apoios devem ser temporários e não definitivos (permitindo uma redução rápida do défice quando forem retirados). Isto é, no médio e longo prazo, países como Portugal terão sempre de implementar medidas para baixar o rácio da dívida pública para níveis mais sustentáveis, mesmo que as regras orçamentais mudem na sequência desta crise. A Comissão Europeia pretende arrancar ainda este ano com o debate sobre o futuro das regras.

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Portugal passa hoje “cheque” de 8 mil milhões ao investidores em dívida pública

Reembolso deverá causar recuo na dívida pública, mas a presidente do IGCP diz ao ECO que o plano é manter 10 mil milhões de euros na almofada financeira até ao final do ano.

Portugal vai devolver ao mercado 8 mil milhões de euros em dívida. Esta linha de obrigações do Tesouro (OT) foi aberta em 2005, ou seja, ainda antes da crise pandémica ou sequer da crise financeira quando os investidores pediam juros próximos de 4% para financiarem o país. Este reembolso continua o caminho de diminuição do montante da dívida mais cara que o Tesouro ainda tem em stock.

Está marcado para esta quinta-feira o reembolso de 8.035 milhões de euros em OT emitidas a 15 de abril de 2005, com um cupão de 3,85%. Todos os anos há uma grande parede de dívida a desembolsar e, para isso, a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP vai amealhando parte do montante das emissões para preparar a este momento, enquanto vai dando resposta às necessidades de financiamento do país. Apesar de ter sido mais cedo (costuma ser mais próximo do segundo semestre), foi o que aconteceu este ano.

Neste momento, o reembolso da OT abril 2021 está totalmente assegurado pelo excedente de tesouraria existente, o que aliás já acontecia antes desta operação”, explicou a presidente do IGCP, Cristina Casalinho, em declarações ao ECO, após a venda sindicada realizada na semana passada.

Em apenas quatro operações de financiamento de longo prazo realizadas este ano, o Tesouro já garantiu quase dois terços do total de 15 mil milhões de euros que precisa de obter em OT. Recorreu por duas vezes a sindicatos bancários para lançar novas linhas de financiamento, primeiro a 30 anos, depois a 10 anos, com as quais arrecadou um total de sete mil milhões de euros, com ambas as operações a registarem forte procura num contexto de elevada liquidez nos mercados. Para essa liquidez tem contribuído também a “bazuca” do Banco Central Europeu, que tem ajudado a manter os juros baixos.

Após este cheque, o país terá os normais reembolsos da dívida de curto prazo ao longo do ano. A partir de 2022, as OT a devolver aos investidores têm valores mais avultados, mas o IGCP poderá manter a estratégia de rollover para evitar acumulações.

Fonte: Boletim Mensal do IGCP

O reembolso poderá ditar um recuo na dívida — que atingiu em fevereiro o recorde de 274,1 mil milhões de euros –, mas não deverá levar a grandes mudanças já que a pandemia de Covid-19 está a obrigar o país a reforçar o financiamento em mercado. Casalinho garante ao ECO que o Tesouro irá manter os cofres cheios para alguma eventualidade, apesar de menos do que no ano passado.

O plano consiste em atingir um saldo de tesouraria no final do ano correspondente a 10 mil milhões de euros, de acordo com aquilo que tem sido comunicado pelo IGCP ao mercado através da informação incluída na apresentação institucional dos investidores”, afirma a presidente da agência. No final de 2020, a almofada financeira situava-se em 17 mil milhões de euros, o valor mais alto dos últimos anos e mais do dobro do final de 2019 (6,8 mil milhões de euros).

A razão para o montante elevado era exatamente este reembolso mais cedo que o normal, mas também o défice abaixo do esperado em 2020. A diminuição este ano poderá ajudar no regresso ao caminho de redução da dívida pública, como já tinha admitido o Governo no Orçamento do Estado para 2021.

O rácio da dívida pública portuguesa subiu de 117,2% do PIB em 2019 para 133,7% do PIB em 2020, um novo recorde provocado pela crise pandémica, acima do anterior pico de 132,9% em 2014. Para este ano, o Governo antecipava, no Orçamento do Estado para 2021, uma redução para 130,9% do PIB (uma estimativa que poderá ser revista esta quinta-feira no Programa de Estabilidade).

O principal contributo para a quebra do rácio da dívida era identificada pelo ministério das Finanças liderado por João Leão será dado pela retoma do crescimento nominal do PIB. Além deste, há um segundo contributo, que é dado “pela redução dos depósitos das administrações públicas em cerca de 1,7 p.p. do PIB”. É nos depósitos das administrações públicas que está a almofada financeira do Estado que tem sido enchida desde a última crise financeira e que será agora usada para travar o agravamento da dívida.

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Sessão mista em Wall Street apesar de bons resultados da banca

Os três maiores bancos dos Estados Unidos apresentaram resultados trimestrais animadores, mas nem isso trouxe ganhos expressivos a Wall Street. Foi dia de sessão mista.

Apesar dos resultados animadores apresentados pela banca, esta quarta-feira foi dia de sessão mista em Wall Street. O S&P 500 e o Nasdaq terminaram as negociações abaixo da linha de água, enquanto o Dow Jones conseguiu registar ganhos, ainda que ligeiros.

O índice de referência nos mercados norte-americanos, o S&P 500, recuou 0,4% para 4.124,84 pontos e o tecnológico Nasdaq perdeu 0,99% para 13.857,84 pontos. Em contraponto, o industrial Dow Jones avançou 0,16% para 33.732,14 pontos.

Wall Street terminou, assim, a sessão com tendência mista, apesar dos resultados surpreendentes apresentados esta quarta-feira pelo Goldman Sachs, pelo Wells Fargo e pelo JPMorgan relativamente ao primeiro trimestre do ano. Os títulos do primeiro desses bancos subiram 2,34% para 335,35 dólares e os do segundo valorizaram 5,53% para 41,99 dólares. Já as ações do JPMorgan caíram 1,87% para 151,21 dólares, apesar das receitas destas instituições terem aumentado, entre janeiro e março. “Os resultados da banca foram forte, mas os mercados [já] esperavam que fossem fortes“, explica Christopher Grisanti, estrategista da MAI Capital Management, citado pela Reuters.

Por outro lado, a pesar sobre Wall Street estiveram as cotadas do setor da tecnologia. Os títulos da Apple desvalorizaram 1,79% para 132,03 dólares, os da Microsoft perderam 1,12% para 255,59 dólares e os da Tesla caíram 3,95% para 732,23 dólares.

Destaque também para a Coinbase Global Inc, que se estreou, esta quarta-feira, nos mercados. Os títulos arrancaram a negociar bem acima do valor de referência de 250 dólares. A par disso, as ações da Riot Blockchain afundaram 15,36% para 50,16 dólares e os da Marathon Digital Holdings deslizaram 15,75% para 42,97 dólares, depois de terem disparado em antecipação à estreia da Coinbase em Wall Street.

A condicionar o sentimento nos mercados, esta quarta-feira, esteve também a decisão das autoridades norte-americanas de suspender a administração da vacina da Johnson&Johnson contra a Covid-19, o que poderá impactar a recuperação da economia.

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Provisões atiram banco polaco do BCP para resultado negativo no primeiro trimestre

  • ECO
  • 14 Abril 2021

O banco polaco do BCP antecipa um resultado líquido negativo no primeiro trimestre de 2021, por causa de provisões adicionais no valor de cerca de 112,4 milhões de euros.

O Bank Millennium, o banco polaco detido a 50,1% pelo BCP, espera ter um resultado líquido negativo, no primeiro trimestre de 2021, apesar do seu “sólido desempenho operacional”. Isto por causa de o Conselho de Administração Executivo ter decidido constituir nas contas de janeiro a março provisões adicionais de 512 milhões de zlotis (cerca de 112,4 milhões de euros) “para riscos legais relacionados com empréstimos hipotecários em moeda estrangeira”.

De acordo com o comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o Conselho de Administração Executivo do Bank Millennium decidiu constituir, nas contas do primeiro trimestre de 2021, provisões no valor de cerca de 112,4 milhões de euros, ou seja, um montante superior às constituídas no quarto trimestre de 2020. Tal reflete, explica o banco, a “continuação da tendência negativa nas decisões judiciais, a entrada de novos processos judiciais e as alterações de metodologia de avaliação de risco daí resultantes”.

Face à constituição destas provisões adicionais, o Bank Millennium espera agora “um resultado líquido negativo”, relativamente ao primeiro trimestre de 2021, apesar do “sólido desempenho operacional”. O banco indica que a 11 de maio serão divulgadas informações adicionais sobre os riscos legais e os resultados do período entre janeiro e março deste ano.

O Millennium Bank não concede créditos em moeda estrangeira desde 2008, mas ainda detém uma carteira destes empréstimos no valor de cerca de três mil milhões de euros. Em 2020, o banco polaco constituiu provisões de 677 milhões de zlotis (cerca 150 milhões de euros) relacionadas com riscos legais associados à carteira de créditos hipotecários concedidos em moeda estrangeira, o que veio a penalizar os resultados da instituição, tal como se antecipa agora no que diz respeito aos números do primeiro trimestre.

Em causa estão, sobretudo, empréstimos para a compra de habitação em francos suíços concedidos há mais de uma década. Estes créditos permitiram às famílias tirarem partido do fator cambial para disporem de melhores condições financeiras nos contratos. A valorização da moeda helvética, no mercado cambial, fez, contudo, que muitos destes clientes vissem os seus créditos agravarem-se para níveis elevados.

(Notícia atualizada às 21h51)

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Sócrates: “Saí do PS porque já não aguentava o silêncio do partido”

Antigo primeiro-ministro - que estava acusado de 31 crimes e foi pronunciado por três crimes de falsificação e três de branqueamento de capitais - deu a primeira entrevista após a decisão instrutória.

José Sócrates acusou o PS de “canalhice” por ter estado em silêncio nos últimos sete anos, desde a sua detenção, e sublinhou que essa foi a razão da sua saída do partido. José Sócrates, em entrevista à TVI, a primeira desde que foi conhecida a decisão de Ivo Rosa relativa à Operação Marquês, justificou-se durante 40 minutos, exaltando-se por várias vezes.

Questionado acerca das declarações de Fernando Medina, “o essencial não é esse personagem, essa afirmação é repugnante, essas declarações de Fernando Medina explica o que é a posição da liderança do partido. Não interessa tanto o que Medina disse mas quem mandou dizer. São declarações de uma profunda canalhice!. O PS devia ter vergonha de desconsiderar o que são direitos fundamentais”. Não se referindo diretamente a António Costa, Sócrates afirmou que “saiu do PS porque já não aguentava o silêncio do partido”, falando na altura em que foi detido e nestes sete anos. Esta quarta-feira, Fernando Medina quebrou o silêncio socialista e disse que do ponto de vista “ético e moral” há um “facto da maior gravidade e singularidade” que é o de “pela primeira vez na nossa história conhecida, termos em julgamento, por um crime no exercício de funções, um ex-primeiro-ministro”, disse no seu espaço de comentário na TVI24.

“Alguém que exerce funções de primeiro-ministro, como outro eleito, tem uma suprema responsabilidade, a responsabilidade dos milhões das pessoas que votaram e dos milhares que o apoiaram diretamente”, defendeu.

“O juiz não me declarou corrupto, estamos na fase de instrução, em que não se declara isto ou aquilo, o que se faz é perceber se há ou não indícios para levar a julgamento ou não”. Sublinhando ainda que “é injusto e falso o que foi dito, nunca pratiquei nenhum acordo com o Carlos Santos Silva que fosse desonesto. Esse crime de corrupção sem ato deixou de existir”. Como síntese da decisão, o que o juiz diz nunca houve um comportamento concreto que se enquadrasse ao longo do meu mandato de seis anos”.

O ex-PM falava no crime que Ivo Rosa lhe imputou de corrupção por ato não concreto, que ao longo dos sete anos de investigação não foi acusado pelo MP. “Eu não faço nenhuma apreciação ao juiz, eu não tenho nenhuma simpatia nem nenhuma antipatia pelo juiz Ivo Rosa. Mas as decisões que ele tomou em relação às mentiras que disseram sobre mim, ele fez o seu dever”, realçando, mais uma vez, que fez prova das acusações que “eram falsas”. E sublinha que este juiz foi o escolhido “segundo as regras”.

E concretizou: “o juiz decidiu deitar abaixo tudo aquilo porque provamos que tudo aquilo eram mentira, que as acusações eram estapafúrdias”.

No caso da OPA da Sonae, “o Governo emitiu um despacho dando uma orientação naquele ponto quanto à golden share”, mostrando um despacho do tempo de ex-PM, que assumiu que foi “rejeitado pela acusação”. Documento que terá sido entregue pelo advogado de defesa ao juiz de instrução. “Nunca foi discutida a golden share, disse o professor de direito Rui Medeiros, que chegou a ser ministro de Passos Coelho”. E disse: “A defesa carreou todo os contra-indícios”.

Na Operação Marquês estavam acusados 28 arguidos entre os quais 19 pessoas singulares e nove pessoas coletivas. Contudo, na decisão instrutória conhecida dia 9 de abril, o juiz Ivo Rosa considerou que não há conexão entre todos os crimes, pelo que decidiu a não pronúncia na totalidade dos crimes de 14 arguidos: Zeinal Bava, Henrique Granadeiro, Rui Mão de Ferro, Bárbara Vara, Joaquim Barroca Rodrigues, Luís Ferreira Marques, José Luís Ribeiro dos Santos, Rui Horta e Costa, José Diogo Gaspar Ferreira, José Paulo, Pinto de Sousa, Hélder Bataglia, Gonçalo Ferreira, Inês Rosário e Sofia Fava.

Quanto ao antigo primeiro-ministro José Sócrates, que estava acusado de 31 crimes, foi pronunciado por três crimes de falsificação e três de branqueamento de capitais, à semelhança do que ficou decidido também para Carlos Santos Silva, que estava acusado de 33 crimes. Os arguidos vão aguardar com a medida de coação de termo de identidade e residência.

Na entrevista à TVI, o ex-socialista explicou ainda que Carlos Santos Silva não estava acusado de corruptor ativo e agora está“, atacou o arguido. “Um juiz, com base num crime que está prescrito, passou muito tempo a caracterizar o crime”. E sublinhou: “eu e Carlos Santos Silva demos a mesma explicação, fui viver para Paris, para estar com os meus filhos, não foi uma vida de luxo, foi o investimento na educação minha e dos meus filhos. E o Carlos Santos Silva decidiu ajudar-me.

Uma coisa está clara: “Quando estava a exercer o cargo de primeiro-ministro, nunca houve atos contrários ao seu exercício”. Frase que aliás repetiu por duas vezes.

Questionado sobre os elevados e recorrentes levantamentos feitos por Carlos Santos Silva, dia sim dia não, o ex-PM justificou que o “dinheiro era para o Carlos Santos Silva. Nem todos os levantamentos eram para me entregar a mim!”.

“Não chega já? Isto começa a ser insultuoso demais, acha que eu sei das contas do meu amigo? Já é altura de fazer o mínimo de justiça para mim, durante sete anos vi-me forçado a provar que o dinheiro não era meu!”, disse o ex-socialista, num tom claramente exaltado. “É muito humilhante falar nisto, eu disponho-me a vir aqui e ainda falam de coisas da minha família”.

 

À saída do Tribunal, o antigo primeiro-ministro recusou as acusações de branqueamento de capitais. Falou de uma “obscena campanha mediática” para condicionar a decisão judicial de sexta-feira e diz não ter dúvidas que houve uma viciação do processo Operação Marquês.

Ao mesmo tempo, Ricardo Salgado, ex-presidente do Grupo Espírito Santo, foi pronunciado por três crimes de abuso de confiança (estava acusado de 31 crimes), ao passo que Armando Vara, acusado de cinco crimes, foi pronunciado por crime de branqueamento.

Foi no ano de 2013 que a investigação começou com a abertura de inquérito. O processo Operação Marquês teve origem numa outra investigação iniciada em 2011 e que visava o amigo de José Sócrates, Carlos Santos Silva. Foi também enviada ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal e à Unidade de Informação Financeira da PJ uma informação da Caixa Geral de Depósitos relativa a avultadas transferências bancárias.

O Ministério Público (MP) fez logo saber que pretende recorrer da decisão instrutória de Ivo Rosa para o Tribunal da Relação de Lisboa e pediu 120 dias para apresentar o recurso, o dobro do tempo que é normalmente admitido por lei. De sublinhar que, uma vez que a apreciação do recurso não é obrigatória a produção de prova, é expectável que esta fase, caso vá para a frente, seja mais curta e dure entre um a dois anos.

 

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99% dos colaboradores da Liberty aderem ao modelo de teletrabalho permanente

Para o CEO da Liberty Seguros no mercado europeu, os resultados mostram a "grande adesão" ao novo modelo organizacional e o "progresso" no plano estratégico da empresa.

Depois de a Liberty ter anunciado aos dois mil colaboradores em Portugal, Espanha, Irlanda e Irlanda do Norte que iriam passar a trabalhar de forma definitiva a partir de qualquer lugar, seguindo um modelo de trabalho remoto, a seguradora avançou para um período de consultas. Os resultados mostram que 1.786 colaboradores da Liberty nos países referidos, ou seja, 99,2% do total, aderiram ao novo modelo de trabalho.

“Estamos muito satisfeitos com a grande adesão que o novo modelo organizacional tem tido junto dos nossos colaboradores e com o progresso que representa no nosso plano estratégico”, começa por dizer Juan Miguel Estallo, CEO da Liberty Seguros no mercado europeu, citado em comunicado. “Após um intenso trabalho para implementar o projeto de transformação digital com todos os nossos stakeholders, sentimo-nos prontos para avançar para uma nova fase de futuro e construir alianças”, acrescenta.

Um dos principais objetivos deste novo ecossistema digital é transformar a cultura organizacional da Liberty. A empresa não só procurou responder ao desejo de teletrabalho permanente, expresso por 93% dos colaboradores da empresa durante o confinamento, mas também concebeu um projeto de organização digital que se antecipou aos desafios de futuro.

Com o Liberty Digital Way, todos os colaboradores em Portugal, Espanha, Irlanda e Irlanda do Norte poderão mudar oficialmente o local de residência e começar a trabalhar a partir de qualquer ponto do seu país de origem. Os colaboradores que decidiram aderir ao modelo de trabalho remoto vão receber, ainda, 660 euros brutos por ano para cobrir despesas de teletrabalho.

O novo modelo de organização digital faz parte de um projeto de transformação que a empresa começou a desenvolver e a implementar há dois anos, com o objetivo de se tornar a primeira companhia de seguros 100% digital e baseada na cloud pública na Europa, tendo contado com um investimento de 100 milhões de euros em tecnologia.

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Coverflex pretende duplicar equipa até final do ano

A startup nacional que acaba de levantar uma ronda de cinco milhões de euros pretende continuar a aumentar a sua equipa, sobretudo nas áreas de produto, engenharia e design.

A Coverflex está empenhada em continuar a crescer a sua equipa de 30 pessoas. Até ao final do ano, o objetivo da startup, que acaba de levantar uma ronda de cinco milhões de euros na maior ronda pre-seed de sempre em Portugal, é duplicar o atual número de colaboradores, sobretudo nas áreas de produto, design e engenharia.

Um dos destinos do investimento obtido é precisamente a contratação de novos talentos, que irão reforçar a equipa que, desde o primeiro dia, que trabalha remotamente, algo que faz parte da cultura empresarial. Neste momento, há vagas em aberto para product manager, product designer, BI analyst, front-end e back-end engineers, entre outros. Os interessados devem candidatar-se através deste link, onde podem ver os requisitos para cada vaga, bem como as outras oportunidades em aberto.

“Desde o início, temos estado concentrados em criar uma equipa experiente e sólida que esteja alinhada com a missão e objetivos da Coverflex. Construir um projeto a partir do zero requer trabalho de equipa e um ambiente onde todos colaborem e cumpram uma estratégia partilhada. Procuramos sempre as melhores pessoas, aquelas que se destacam em cada área. Este processo vai definir o nosso caminho nos próximos anos”, afirma Miguel Santo Amaro, CEO e cofundador da Coverflex, citado em comunicado.

Fundada em 2019 por Luís Rocha, Miguel Santo Amaro, Nuno Pinto e Rui Carvalho, a Coverflex permite às empresas reduzirem os custos e maximizarem o potencial de rendimento dos seus colaboradores, concebendo, operacionalizando e personalizando as suas ofertas de compensação para além do salário, seguro de saúde, subsídio de refeição, benefícios sociais e descontos.

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ManpowerGroup lança campanha de recrutamento com 600 vagas para perfis com skills linguísticas

Cargos ligados à análise de dados, revisores de conteúdo e funções relacionadas com o apoio ao cliente são algumas das oportunidades disponíveis nas cidades do Porto, Braga e Lisboa.

O ManpowerGroup acaba de começar uma nova campanha de recrutamento com 600 vagas em aberto, destinadas a diferentes profissionais que queiram integrar empresas multinacionais, multiculturais e tecnológicos em Portugal. Cargos ligados à análise de dados, revisores de conteúdo e funções relacionadas com o apoio ao cliente são algumas das oportunidades disponíveis nas cidades do Porto, Braga e Lisboa.

Para o grupo, esta é também uma “solução para a geração emigrante que pretenda regressar ao país, capitalizando a sua experiência e skills linguísticos”, lê-se em comunicado. “Hoje, em Portugal, são muito valorizadas competências como a fluência em línguas e a resiliência, aptidões adquiridas pelas pessoas que emigraram, durante as suas vivências por outros países, mas também pelos jovens que se lançam no desafio de viver num outro país e integrar-se numa nova cultura. Nesse sentido, queremos trazer de volta estes perfis, dando-lhes um novo desafio profissional”, explica Rui Teixeira, chief operations officer do ManpowerGroup Portugal.

Por outro lado, faz também partes dos planos desta campanha de recrutamento atrair talento de outras nacionalidades, “oferecendo-lhes o melhor de Portugal, desde oportunidades de carreira a ambientes multiculturais, mas também a possibilidade de viver num local com boa qualidade de vida e segurança”.

Os profissionais a contratar, perfis com formação a partir do 12.º ano e com fluência em línguas, sobretudo inglês, francês, alemão e espanhol, beneficiarão de uma formação inicial focada em domínios e ferramentas digitais, que será, posteriormente, reforçada ao longo do seu percurso na empresa. Além disso, o ManpowerGroup salienta que existem “fortes” possibilidades de progressão de carreiras.

Os interessados devem candidatar-se através deste link, onde encontram todas as informações sobre as vagas disponíveis.

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Prova dos 9: “Não é verdade” que Portugal seja dos que menos testa à Covid, como diz Marta Temido?

A ministra da Saúde diz que "não é verdade" que Portugal seja dos países que menos testes realiza a nível europeu por cada 100 mil habitantes. É verdade? O ECO fez a Prova dos 9.

Em resposta ao Bloco de Esquerda e PSD, a ministra da Saúde diz que “não é verdade” que Portugal seja dos países que menos testes faz à Covid-19 a nível europeu. Também o ministro da Administração Interna veio em defesa do Governo, destacando que o país está à frente da Holanda e de Espanha na estratégia de testagem. É verdade? O ECO fez a Prova dos 9.

Durante a votação do prolongamento estado de emergência, que vai vigorar até 30 de abril, o debate aqueceu quando Bloco de Esquerda e PSD criticaram a estratégia de testagem do Governo, frisando que está “muito aquém” das necessidades e lamentando que Portugal seja uma dos países da União Europeia que menos testes. “Para compensar, é um dos países que mais anuncia que vai testar de forma massificada a população”, ironizou Moisés Ferreira.

Em resposta, a ministra da Saúde ripostou referindo que “não é verdade” que Portugal seja dos países que menos testam, sublinhando que a estratégia já foi alargada na comunidade escolar e defendendo os autotestes. Também o ministro da Administração Interna saiu em defesa do Executivo, afirmando que Portugal tem mais de nove milhões de testes realizados, dando como exemplo o que se está a passar em alguns países da Europa. “Testamos mais do que Espanha, Holanda e Suíça”, disse Eduardo Cabrita, lembrando também que a reabertura das escolas foi acompanhada pela estratégia de testagem e dando como exemplo que, na semana passada, dos 110 mil testes realizados foram detetados 125 casos.

Entretanto, o debate terminou, mas o deputado bloquista não ficou satisfeito com as acusações da ministra e respondeu no Twitter, afirmando: ““Não é verdade”, diz a Ministra da Saúde. Mas, infelizmente, é. Já os anúncios do Governo sobre testagem em massa…”, aludindo a uma notícia do Público, publicada na quinta-feira passada.

É mesmo assim? O ECO foi saber.

A afirmação

“Não é verdade que Portugal esteja nos últimos lugares de testes por 100 mil habitantes“, disse Marta Temido mostrando um gráfico e referindo que “o gráfico mostra-o bem”.

Os factos

Portugal está em 21.º lugar na União Europeia no número de testes realizados, com 1.619 testes realizados por cada 100 mil habitantes, de acordo com os dados divulgados pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC, na sigla em inglês), e referentes à passada quinta-feira.

Dentro do bloco comunitário, o Chipre é o país que mais testes realiza, com 40.958 testes realizados por 100 mil habitantes, seguido da Dinamarca (33.953 testes por 100 mil habitantes) e da Áustria (33.953 testes). França, por exemplo, está na sétima posição com 5.265 testes realizados por 100 mil habitantes, enquanto a Holanda está em 12º lugar, com 3.235 testes por 100 mil habitantes.

No polo oposto, está a Eslováquia com 1.004 testes realizados por 100 mil habitantes, o que o coloca no último lugar na UE, seguido da Roménia (1.198 testes por 100 mil habitantes) e da vizinha Espanha (1.276).

Quanto à taxa de positividade, Portugal apresenta uma taxa de positividade média de 1,7%, o que significa que por cada 100 testes realizados são detetados menos de dois casos de infeção por Covid-19. Este registo coloca o país em 25º lugar ao nível da UE, apenas ultrapassado pela Áustria (1%), Chipre (0,85%), Islândia (0,33%) e Dinamarca (0,26%). Contas feitas, só há quatro países com uma taxa de positividade mais baixa do que Portugal.

Prova dos 9

Tendo em conta os factos analisados, não é verdade que Portugal seja dos países que mais testa dentro da União Europeia, uma vez que está em 21º lugar nos testes realizados por 100 mil habitantes. Além disso, também não é verdade que o país realize mais testes do que a Holanda, tal como o ministro Eduardo Cabrita referiu, já que este país está na 12ª posição. Contudo, é verdade que Portugal está efetivamente a realizar mais testes do que Espanha, já que o país vizinho está no 27º lugar em termos de testagem ao nível da UE.

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BES: CMVM afirma que memorandos da KPMG não documentaram situação em Angola

  • Lusa
  • 14 Abril 2021

O diretor de supervisão da CMVM disse, em tribunal, que os procedimentos de auditoria realizados no BES Angola teriam de estar explicitados nos memorandos da KPMG Portugal.

O diretor de supervisão da CMVM disse esta quarta-feira que os procedimentos de auditoria realizados no BES Angola teriam de estar explicitados nos memorandos da KPMG Portugal e ter impacto na emissão de parecer às contas consolidadas do Grupo BES.

Tiago Ferreira foi ouvido como testemunha no Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão (TCRS), em Santarém, no julgamento do pedido de impugnação apresentado pela KPMG à decisão da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que aplicou uma coima de 1 milhão de euros à auditora por infrações no âmbito da auditoria às contas consolidadas do Banco Espírito Santo (BES), relativas aos exercícios de 2012 e 2013.

Num depoimento que irá prosseguir na quinta-feira, Tiago Ferreira declarou que as situações detetadas pela KPMG Angola nas contas de 2012 e 2013 do BESA, em particular as relativas à carteira de crédito do banco, deveriam ter dado origem a uma explicitação de todos os procedimentos adotados para apuramento da informação necessária à emissão de parecer.

Essa explicitação da “natureza, oportunidade e extensão” dos procedimentos adotados perante a identificação de situações de risco deveria constar dos memorandos elaborados pela KPMG Portugal, responsável pela certificação das contas consolidadas do Grupo BES, afirmou.

Na sessão do passado dia 07, o presidente da KPMG, Sikander Sattar, afirmou que a CMVM não viu os documentos relativos ao BESA porque não solicitou acesso junto dos supervisores angolanos, sublinhando que as pastas de trabalho da KPMG Angola não podem sair do país, a exemplo do que acontece com qualquer outra sucursal situada num país diferente.

Na sua decisão, a CMVM condenou a auditora por práticas como falta de documentação adequada dos procedimentos de auditoria realizados no BES Angola, em particular quanto à prova obtida sobre o crédito a clientes numa unidade que relevava para as contas consolidadas do BES.

Tiago Ferreira, que antes de iniciar funções na CMVM trabalhou em auditoria a instituições de crédito, nomeadamente em Angola (entre 2013 e 2016) pela Ernst & Young, reconheceu “diferenças” no trabalho que é realizado nos dois países, salientando que naquele país africano “era normal outro tipo de risco, que o auditor tinha de acautelar”.

Como exemplo apontou os referenciais contabilísticos diferentes, as deficiências dos sistemas de controlo interno implementados nas instituições bancárias ou as dificuldades no registo predial, este com implicações na avaliação dos colaterais associados aos créditos, dada a prática de “coisas não usuais em Portugal como as promessas de hipotecas”.

Reconhecendo que havia em Angola dificuldades acrescidas ao trabalho de auditoria, como os apontados pela KPMG no processo, nomeadamente quanto ao acesso à informação sobre os mutuários, o destino do financiamento, a cobertura dos riscos, Tiago Ferreira afirmou que essas situações obrigavam à adoção de medidas inspetivas alternativas.

Admitindo que elas tenham existido, Tiago Ferreira afirmou que a descrição pormenorizada desses procedimentos não consta dos documentos da KPMG Portugal para fundamentar por que razão as reservas emitidas às contas em Angola não tiveram impacto nos pareceres das contas consolidadas.

Sikander Sattar, quando questionado pela juíza Mariana Machado sobre os factos que constam na acusação da CMVM, relativos à falta de informação sobre a carteira de crédito do BESA e que o regulador entende que deveria ter originado a emissão de reservas às contas consolidadas do BES, afirmou que esse é um dos “grandes equívocos” da decisão, ao assumir como finais afirmações que são reportadas em relatórios interinos.

No entendimento da CMVM, a documentação deficiente da informação relativa ao BESA inviabilizou a cabal compreensão das contas consolidadas do BES, considerando que a auditora não documentou “factos importantes que eram do seu conhecimento”, não incluiu reservas e prestou informações falsas, e que o fez deliberadamente.

O julgamento prossegue na quinta-feira com a continuação do depoimento de Tiago Ferreira e a audição de Andreia Ferreira, também do departamento de supervisão da CMVM.

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