TAP: “Com esta ou outra privatização não ficará acautelado interesse nacional”, diz Sitava
O Sitava "é frontalmente e claramente contra a privatização da TAP”, disse o coordenador do sindicato, durante uma audição no Parlamento.
O Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava) mostrou-se esta quinta-feira contra a privatização da TAP, afirmando que a venda a privados não acautela o interesse público, durante uma intervenção no parlamento. Numa audição, na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, o coordenador do Sitava, Fernando Henriques, garantiu que “com esta ou outra privatização não ficará acautelado o interesse nacional”.
“O Sitava, enquanto maior sindicato do grupo TAP, com mais de 2.500 associados, é frontalmente e claramente contra a privatização da TAP”, referiu, recordando tentativas anteriores, bem como o desfecho da privatização da companhia, levada a cabo em 2015.
Nessa altura, realçou, não se assistiu “ao crescimento da TAP”. A TAP “não estava a crescer e sim a inchar. E tudo aquilo que incha rebenta”, realçou, alertando que neste momento a transportadora conta com menos 30% da força de trabalho para fazer face a um nível de serviço que já voltou a 2019.
O coordenador do Sitava criticou ainda a administração da TAP, que “parece que só tem autonomia para escolher a frota automóvel ou os escritórios de luxo para onde pretendem ir”. Na mesma audição, Erasmo Vasconcelos, dirigente da Comissão de Trabalhadores dos Serviços Portugueses de ‘Handling’ (assistência em terra nos aeroportos), alertou para os efeitos que uma privatização da TAP poderá ter na Groundforce, que está ainda envolvida num processo de insolvência.
O responsável alertou que um futuro dono poderá achar que a empresa é excedentária e defendeu “a manutenção da TAP na esfera pública”. Erasmo Vasconcelos mostrou ainda alguma preocupação com a possível aquisição da Groundforce por uma empresa privada, o grupo NAS, alertando que poderá trazer alterações no que diz respeito ao acordo de empresa.
Para o dirigente sindical, é ainda preciso ter em conta os efeitos da inflação nos trabalhadores, apelando para uma atualização salarial. Questionado sobre se entrada de um privado na TAP que se mostrasse comprometido com a estabilidade laboral era mais aceitável para a Comissão, Erasmo Vasconcelos disse que era preciso primeiro perceber se o Estado ficaria como acionista e com que participação, mas alertou que, caso seja minoritária, achava que os direitos dos trabalhadores poderiam não ficar salvaguardados.
Esta quarta-feira, sindicatos dos pilotos, tripulantes e técnicos de manutenção reclamaram uma gestão “eficiente” e “transparente” da TAP, seja num modelo público ou privado, enquanto a Comissão de Trabalhadores rejeitou a privatização e os sindicatos de terra a defenderam.
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