O Grupo Bancalé adquire a sede corporativa da Sareb em Madrid num processo assessorado pela Anticipa-Aliseda.

  • Servimedia
  • 13 Dezembro 2023

A Sociedade de Gestão de Ativos provenientes da Reestruturação Bancária (Sareb) concluiu o processo ordenado de venda da sua sede social em Madrid, dirigido pela Anticipa-Aliseda.

A operação, assinada ontem, foi concluída com um acordo com o Grupo Bancalé, de origem aragonesa e especializado no setor imobiliário e logístico. O grupo, que possui ativos avaliados em 300 milhões de euros, adquiriu o prédio sob um modelo de sale&lease, pelo qual a Sareb continuará sendo a locatária do imóvel. A entidade assinou ontem o contrato de venda e locação de forma simultânea.

A Anticipa-Aliseda, que também é responsável pelos serviços de gestão e comercialização da carteira de imóveis e empréstimos da entidade pública, foi encarregada de dirigir e organizar a venda, que se enquadra no mandato de desinvestimento e pagamento da dívida da Sareb.

A Sareb ocupa este imóvel, localizado no bairro madrileno de Mirasierra, desde 2020. Localizado na rua Costa Brava, 12, foi completamente reformado em 2018 e possui uma área de mais de 6.000 metros quadrados de escritórios, distribuídos por quatro andares acima do solo, além de 145 vagas de estacionamento. É um prédio que possui a certificação de sustentabilidade Breeam. A área térrea é destinada a áreas comuns para os dois locatários e inclui auditório, salas de reuniões e cafeteria.

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5 coisas que vão marcar o dia

Fed decide hoje se mantém a pausa no aumento das taxas de juro. A OCDE divulga a taxa de desemprego mensal e o INE publica as estatísticas do transporte aéreo.

A Reserva Federal (Fed) norte-americana decide esta quarta-feira se mantém a pausa no aumento das taxas de juro. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) divulga a taxa de desemprego mensal, o Instituto Nacional de Estatística (INE) publica as estatísticas rápidas do transporte aéreo e o Eurostat revela o índice da produção industrial na União Europeia e Zona Euro. O secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes, encerra o Fórum da Gestão do Investimento e das Pensões, organizado pela Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios.

Fed decide sobre nova pausa nas taxas de juro

A Reserva Federal (Fed) norte-americana termina esta quarta-feira a reunião de dois dias do comité do mercado aberto e deverá anunciar uma nova pausa das taxas e juro. A conferência de imprensa do presidente da Fed, Jerome Powell, realiza-se às 19h (hora de Lisboa). Em novembro, a Fed decidiu manter as taxas inalteradas entre 5,25% e 5,5%, o seu nível mais elevado desde 2001. Esta foi a segunda pausa consecutiva após 11 subidas, a primeira iniciada em março do ano passado.

Taxa de desemprego mensal da OCDE

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) divulga a taxa de desemprego mensal relativa a outubro. Em setembro, o índice permaneceu estável nos 4,8%, embora o número total de desempregados tenha atingido o valor mais alto do ano, 33,3 milhões de pessoas. Naquele mês, Espanha continuava a ser o país com a taxa de desemprego mais elevada da zona euro, com 12 %.

INE divulga movimento de passageiros nos aeroportos nacionais

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga as estatísticas rápidas do transporte aéreo de outubro. Em setembro, houve 6,7 milhões de passageiros no conjunto dos aeroportos nacionais, o que corresponde a aumentos de 13,5% face ao mesmo mês de 2022 e de 12,3% em relação a 2019, antes da pandemia de covid-19, segundo os dados do INE, publicados no mês passado. Estes números contribuíram para o recorde de 52,16 milhões de passageiros que passaram pelos aeroportos nacionais nos primeiros nove meses do ano, uma subida de 21,8% face ao mesmo período de 2022 e de 11,7% em comparação com o período pré-pandemia.

Índice da produção industrial da União Europeia e da Zona Euro

O Eurostat divulga o índice da produção industrial da União Europeia (UE) e da Zona Euro relativa ao mês de outubro. Em setembro, a produção industrial abrandou 0,9% na UE e 1,1% no espaço da moeda única face ao mês anterior, segundo o Eurostat. De acordo com os últimos dados, Portugal registou a segunda maior quebra neste indicador entre agosto e setembro (-3,0%), sendo só superado pela Bélgica (-3,2%).

Fórum da Gestão do Investimento e das Pensões

O secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes, encerra, às 18h, o Fórum da Gestão do Investimento e das Pensões, organizado pela pela Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios (APFIPP). A sessão arranca às 14h20 com o presidente da APFIPP, João Pratas, e a vice-presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Inês Drumond. O ex-ministro da Economia e sócio da PLMJ Advogados, Pedro Siza Vieira, e o CEO da Associação Alemã de Fundos de Investimento, BVI, Thomas Richter, serão dois dos protagonistas dos painéis do fórum.

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Quais as razões que levaram Marcelo Rebelo de Sousa a vetar a proposta de estatutos dos advogados?

A redução do tempo de estágio e a sua remuneração, bem como os atos próprios foram algumas das razões que levaram Marcelo a vetar o decreto que alterava os estatutos da Ordem dos Advogados.

Depois de vetar os decretos que alteravam os estatutos da Ordens dos Engenheiros, Arquitetos, a 7 de dezembro, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a vetar mais três diplomas deste pacote, o dos Advogados, dos Enfermeiros e dos Médicos. Apenas o dos Farmacêuticos, Notários e Oficiais de Contas foram promulgados.

“O Presidente da República vetou, chamando a atenção para o que a Ordem dos Advogados (OA) considerava os principais pontos preocupantes. Como é possível acharem que um licenciado em direito está apto a exercer sem uma prova de agregação, que deixaria de existir? Foi, aliás, uma questão levantada apenas no dia da votação“, disse a bastonária Fernanda de Almeida Pinheiro à Advocatus.

Mas que razões levaram o Presidente da República a devolver o decreto à Assembleia da República, depois de ouvir Fernanda de Almeida Pinheiro? Uma das razões prende-se com a redução do tempo de estágio.

Atualmente, os advogados têm 18 meses de estágio obrigatório, mas o decreto previa a redução deste tempo para 12 meses. Marcelo sublinhou na nota publicada no site da presidência que, segundo a Ordem, “em toda a União Europeia, só três Estados Membros em 27 possuem estágios com idêntica ou inferior duração”.

Também a Ordem defendia que os atuais 18 meses e não os 12 da proposta, considerando que o atual prazo é “um elemento essencial para a boa organização interna”.

Sede da Ordem dos Advogados.Hugo Amaral/ECO

Outro dos aspetos salientados pelo chefe de Estado foi a remuneração obrigatória do estágio. Um ponto que a bastonária dos advogados não discordava, caso o Estado patrocinasse essa remuneração através do Instituto do Emprego e Formação Profissional.

“O disposto no Decreto afasta-se do que estabelece a lei n.º 12/2023, não se prevendo um mecanismo de cofinanciamento público, nos casos em que tal se justifique, o que, no limite, pode constituir, a não existir, uma barreira no acesso à profissão“, lê-se na nota.

À Advocatus, Fernanda de Almeida Pinheiro sublinhou que esta questão da remuneração “também não faz sentido“, uma vez que a realidade da advocacia não é a dos “grandes escritórios” mas sim dos “advogados em prática individual que mal têm dinheiro para pagar a si próprios, quanto mais aos estagiários”.

Fernanda de Almeida Pinheiro, bastonária da Ordem dos Advogados, em entrevista ao ECO/Advocatus - 17JAN23
Fernanda de Almeida Pinheiro, bastonária da Ordem dos Advogados, em entrevista ao ECO/AdvocatusHugo Amaral/ECO

“Ainda para mais quando os escritórios que teriam forma de pagar esses estágios estão concentrados em Lisboa e no Porto… o que implicaria que muitos estagiários teriam de estar fora da sua área de residência”, acrescentou.

Já o fim dos atos próprios, que permitia a entrada de outras profissões a atividades que são exclusivas à advocacia, Marcelo também não ficou convencido, considerando que pode levar a uma “concorrência desleal”.

“Também a possibilidade agora concedida a outros profissionais não advogados de praticarem atos antes próprios dos advogados parece introduzir uma possibilidade de concorrência desleal, na medida em que estes profissionais não se encontram adstritos, designadamente, aos deveres disciplinares, a ter de pagar quotas para a Ordem e às obrigações de independência, de proibição de conflitos de interesses e de publicidade que impendem sobre os advogados”, refere.

A bastonária defendeu que a profissão de advogado “não pode ser exercida por quem não tem a competência técnica adequada para o fazer, nem o conhecimento deontológico para a exercer”. Caso contrário, “numa altura em que tanto se fala de uma justiça para ricos e outra justiça para os pobres, com estas alterações quem tiver condições económico-financeiras naturalmente que continua a recorrer aos advogados que são quem têm competência técnico-jurídica para tratar do aconselhamento especializado, ficando as restantes pessoas com menos dinheiro à mercê de sabe-se lá de quem”, prevê.

“O facto deste decreto dar a não advogados a possibilidade de praticar atos próprios dos advogados, além de uma deslealdade, é também uma diminuição da garantia das pessoas”, disse Fernanda de Almeida Pinheiro.

A bastonária dos advogados tem criticado fortemente este diploma, chegando a classificá-lo como “terrorismo legislativo”.

“Estes estatutos eram um garrote à entrada da advocacia, feitos de forma apressada e atrapalhada. Uma discussão inútil. Perdeu-se tempo com alterações que não são necessárias. As prioridades deveriam ser a revisão da tabela de honorários, na revisão do sistema de acesso ao direito, nas alterações ao sistema de previdência dos advogados”, referiu a bastonária.

Tomada de posse da nova bastonária da Ordem dos Advogados, Fernanda de Almeida Pinheiro - 09JAN23
Tomada de posse da nova bastonária da Ordem dos Advogados, Fernanda de Almeida PinheiroHugo Amaral/ECO

Para Fernanda de Almeida Pinheiro, o veto de Marcelo é uma vitória do Estado de Direito, do Conselho Geral da OA e da própria advocacia. “Isto não foi, da nossa parte, uma luta corporativista como muitos disseram, é sim uma exigência natural do que são os direitos das pessoas”, acrescentou.

As alterações aos estatutos das Ordens Profissionais foram aprovados em outubro, em votação final global na Assembleia da República, depois de, no final de setembro, o Governo ter alertado que este tema tinha de estar fechado no parlamento até 13 de outubro de forma a não perder fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

No final de setembro, o Governo alertou o parlamento para “a urgência da conclusão do procedimento legislativo” sobre as Ordens Profissionais, através de carta dirigida ao presidente da Assembleia da República.

O executivo detalhava que, para serem aprovados o terceiro e quarto pedidos de pagamentos no âmbito do PRR ainda este ano pela Comissão Europeia, estes tinham de ser submetidos no dia seguinte à aprovação da reprogramação do plano por parte do ECOFIN, ou seja, no dia 18 de outubro.

Tanto o decreto da Ordem dos Advogados como o dos Enfermeiros e Médicos vão agora ser devolvidos à Assembleia da República.

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Imobiliárias exigem ver salários e IRS para marcar visitas a casas para arrendar

  • Ana Petronilho
  • 13 Dezembro 2023

Pressão no mercado de arrendamento leva imobiliárias a exigir de forma "abusiva" a potenciais inquilinos uma longa lista de documentos relativos aos rendimentos, o que pode violar a proteção de dados.

Com o mercado de arrendamento em crise, estando o número de contratos em queda e o valor das rendas a subir, as imobiliárias estão a apertar as exigências para quem quer visitar casas. Foi com surpresa que um casal de 40 anos, sem filhos e ambos com contrato de trabalho sem termo, foi recentemente confrontado com o pedido de uma longa lista de documentação a comprovar os seus rendimentos e os dos fiadores apenas para poder agendar uma visita a um apartamento T1 em Vila Nova de Gaia, com uma renda mensal de 650 euros.

De acordo com o email enviado a estes potenciais inquilinos, a que o ECO teve acesso, “em virtude do elevado número de pedidos”, a Pares by Construmed pediu com caráter “obrigatório o envio dos seguintes documentos para a marcação da visita: Modelo 3 do IRS, a última nota de liquidação de IRS e os três últimos recibos de salário, além da cópia do Cartão de Cidadão ou cartão de residência.

“Todos os documentos deverão ser entregues em formato PDF. Terão que ser enviados os referidos documentos tanto da parte do(s) inquilino(s) como do(s) fiador(es)”, frisa ainda a Pares by Construmed. E para conseguir arrendar aquele apartamento, o mesmo casal era informado que o valor de IRS (rendimento anual bruto) exigido era de 16.680 euros anuais, “tanto para inquilino como para fiador”, segundo a mesma comunicação.

A Pares by Construmed – com atividade sobretudo na região do Porto – avisava ainda que “para a assinatura do contrato [seria] cobrado o valor equivalente a três rendas adiantadas, somadas a duas rendas de caução”. Uma regra que viola a legislação em vigor. De acordo com o Orçamento do Estado para 2023, a caução não pode ultrapassar o valor correspondente a duas rendas e só é possível a antecipação das rendas, até dois meses, por acordo escrito.

Infelizmente, a realidade económica na região do Grande Porto é de uma forte economia informal. (…) Temos de preservar os proprietários de incumprimentos, que iam ter como reflexo a retirada das frações do mercado.

Pares by Construmed

Confrontada pelo ECO, a imobiliária argumentou que a decisão de adotar esta prática deve-se à “elevada procura”, com o registo de “cerca de 600 pedidos diários de visitas”, acompanhado por uma “grande pressão no mercado de arrendamento”. Contabiliza ainda que meses antes eram realizadas “cerca de 300 visitas por mês”, que resultavam em “um ou dois ativos” arrendados, “ficando dezenas deles vazios”.

Além disso, a imobiliária alega que “infelizmente, a realidade económica na região do Grande Porto é de uma forte economia informal” e que, por isso, tem de “preservar os proprietários de incumprimentos, que iam ter como reflexo a retirada das frações do mercado”.

O ECO sabe que esta é uma prática comum em várias imobiliárias e consultoras. A Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco) diz ter “conhecimento desta prática por algumas denúncias” de consumidores. Algo que é condenado por Paulo Caiado, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP).

“Ninguém deverá ter de expor aspetos da sua vida pessoal no âmbito do seu interesse em conhecer as características de determinado imóvel. A indignação perante este tipo totalmente abusivo de exigências deve ser exposta e a conduta denunciada”, sublinha o representante das imobiliárias, em declarações ao ECO.

Ninguém deverá ter de expor aspetos da sua vida pessoal no âmbito do seu interesse em conhecer as características de determinado imóvel. A indignação perante este tipo totalmente abusivo de exigências deve ser exposta e a conduta denunciada.

Paulo Caiado

Presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP)

Já sobre a legalidade da exigência destes documentos, Paulo Caiado frisa que “não existe qualquer obrigação” na lei em vigor, sobretudo quando se trata de um “processo de procura e eventual interesse em conhecer as características de um imóvel”.

A Deco diz que nada na lei “proíbe expressamente a exigência destes documentos”, mas também a associação de defesa do consumidor levanta “muitas dúvidas da efetiva necessidade destes elementos para ser marcada uma visita a um imóvel”.

A jurista Mariana Almeida, do gabinete de apoio ao consumidor da Deco, considera que o acesso a esta documentação “sem especificar a finalidade e o tratamento”, pode colocar “em causa” as regras do Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD). É que, lembra, “só devem ser exigidos os dados necessários à prestação do serviço em causa” e que tem de ser “dado a conhecer ao consumidor o motivo e a finalidade para o qual são requeridos os referidos elementos pessoais”.

Só devem ser exigidos os dados necessários à prestação do serviço em causa. Tem de ser dado a conhecer ao consumidor o motivo e a finalidade para o qual são requeridos os referidos elementos pessoais.

Mariana Almeida

Jurista do gabinete de apoio ao consumidor da Deco

E o mesmo diz a Associação dos Inquilinos Lisbonenses, notando que esta é uma prática generalizada por parte das imobiliárias e que “nada nesta situação é ilegal, mas nada é suportado pela lei”, sobretudo no que toca na Proteção de Dados. Por isso, o secretário-geral da AIL, António Machado, diz ao ECO que, “pelo menos desde 2019” tem vindo a comunicar este tipo de situações ao Governo, apelando a que o mercado de arrendamento seja regulado e fiscalizado.

Mas para a Pares by Construmed, a listagem de documentação pedida “cumpre” com o Regime de Proteção de Dados, vincando que esta prática “é controlada pelo escritório de advogados” que “presta a assistência jurídica há 29 anos”.

Para os proprietários, a listagem enviada “é uma due diligence normal e adequada” para garantir que o futuro inquilino tem “uma taxa de esforço máxima de 35% para o valor da renda do imóvel em causa”, de forma a “proteger os seus investimentos, no sentido de minimizar o risco do arrendamento / incumprimento contratual de forma preventiva”, resumiu ao ECO a Associação Lisbonense de Proprietários (ALP). Por isso, os senhorios entendem que “os arrendatários não devem achar este tipo de requerimento intrusivo ou invasivo da sua vida privada”.

É uma due diligence normal e adequada. (…) Os arrendatários não devem achar este tipo de requerimento intrusivo ou invasivo da sua vida privada.

Associação Lisbonense de Proprietários (ALP)

Este é ainda um cenário que, para os senhorios, resulta do pacote legislativo Mais Habitação que “desde março retirou muitas casas do mercado, tal foi o pânico que criou”. Reforça a ALP que há poucas casas para arrendar no mercado e “uma pressão muito forte pelos potenciais inquilinos”, estando “as agências cada vez mais profissionais e [a fazerem] desde logo uma triagem de candidatos, evitando custos e deslocações desnecessárias”.

No entanto, a ALP reconhece que, no caso concreto desta imobiliária nortenha, falta uma “questão importante na mensagem”, que passa pela “confidencialidade e tratamento dos dados enviados e compliance com o Regime Geral da Proteção de Dados / política de tratamento de dados da imobiliária e confidencialidade”.

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Christine Ourmières-Widener impedida de trabalhar em empresas de topo depois de ter sido despedida da TAP

Gestora diz que com o despedimento com justa causa no seu currículo fica impedida de trabalhar em empresas cotadas e que se sente "achincalhada" pelo Governo, alegando danos profissionais e pessoais.

A ex-CEO da TAP sente-se “fortemente injustiçada, humilhada e destratada” e diz que a sua carreira de 35 anos “ficou destruída” com o despedimento da TAP por justa causa que, além de danos reputacionais, provocou, também, danos morais e pessoais.

Christine Ourmières-Widener vinca que depois desta situação “jamais conseguirá voltar a ser uma gestora de topo em companhias aéreas de bandeira ou em companhias cotadas em bolsa”, enquanto “mantiver esta mancha no seu currículo”, lê-se no processo que avançou em setembro contra as duas empresas do universo TAP – a TAP S.A. e a TAP SGPS – e a que o ECO teve agora acesso.

E este é um impedimento que a gestora francesa, que se diz “achincalhada” pelo Governo, sente também em “outras indústrias cotadas em bolsa”, tendo em conta que o seu despedimento da TAP por justa causa teve eco além-fronteiras em notícias publicadas por meios internacionais.

Como exemplo desse impacto, Christine Ourmières-Widener refere, no processo, que depois dos ministros das Finanças e das Infraestruturas a terem despedido durante a conferência de imprensa, foi forçada pelo governo do Reino Unido a renunciar ao cargo de administradora não executiva do Met Office, o instituto nacional de meteorologia para o qual trabalhava depois de ter sido nomeada a 12 de fevereiro de 2021, recebendo um salário de 15 mil euros anuais. Cargo que, aliás, desempenhou enquanto assumiu os comandos da TAP. Mas para a gestora francesa a sua nomeação para o Met Office era vista como “o ponto alto” da sua carreira e o cargo que “mais se orgulhava” de exercer por ter sido “nomeada com base na sua reputação e mérito profissionais”, lê-se no documento.

O processo de saída do Met Office arrancou imediatamente após o seu despedimento com justa causa, conhecido a 6 de março de 2023. Dois dias depois, a 8 de março, Christine Ourmières-Widener foi contactada pelo chairman do Met Office a pedir explicações sobre a sua situação na TAP, o que levou a gestora a deslocar-se a Londres “para esclarecer o assunto pessoalmente”. No entanto, de acordo com a documentação do processo a que o ECO teve acesso, no dia 16 de março foi comunicado à gestora que o governo do Reino Unido “estava muito preocupado com o impacto das acusações imputadas” e que a sua permanência no cargo estava a ser analisada pela secretaria de Estado da tutela.

No fim da análise do governo do Reino Unido e depois de Christine Ourmières-Widener ter sido notificada do seu despedimento a 21 de março de 2023, foi comunicado à gestora que a continuação no cargo estava “comprometida” e a 10 de maio o Met Office faz saber que “havia decidido exonerar” a gestora que, “de imediato”, questionou se “estariam dispostos a aceitar a sua renúncia”, refere o documento.

Outro exemplo de danos reputacionais apresentado por Christine Ourmières-Widener passa pela sua qualificação no mercado com “risco superior à média” por uma sociedade gestora de fundos com sede no Reino Unido, a Vintage Asset Management, que por isso, a informou que estava impedida de ser sua cliente para realizar investimentos.

Perante estes prejuízos “vincados por todo o mundo” e tentar “mitigar a situação de descrédito internacional”, em julho, a ex-CEO da TAP foi contactada por uma empresa americana, a Trident DMG, consultora especializada em mitigar danos reputacionais em contexto de crise, de estratégia e de comunicação. Foi ainda contactada pela Status Labs, sedeada no Reino Unido, considerada como a principal empresa de gestão de reputação digital, marketing online e relações públicas. O recurso a estas duas empresas está a ser analisado por Christine Ourmières-Widener, tendo em conta que representam “custos bastante elevados” para a gestora.

O impacto pessoal

Além dos prejuízos profissionais, a gestora alega que também na esfera pessoal sentiu danos e que se sente “vexada” e “rebaixada” na sua “dignidade”.

Além das “graves perturbações de sono” que resultaram em “cansaço e dificuldades de relacionamento familiar e social” a que se soma um “desgosto inarrável”, Christine Ourmières-Widener conta, na ação que deu entrada contra a TAP, que se sente “envergonhada perante os comentários públicos que têm vindo a ser feitos em relação à sua pessoa”, com base “numa história falaciosa arquitetada” pela companhia de aviação “para justificar uma causa e fugir à compensação de uma demissão por mera conveniência”.

A gestora diz ainda que se sente “rebaixada” e “humilhada” perante os seus pares, os seus colegas de carreira, os seus amigos e familiares que se mostraram “surpresos” com a situação e com um “profundo sentimento de pena”. Cenário que Christine Ourmières-Widener defende que “não merecia” e que se vê, desta forma, prejudicada no “direito ao bom nome, honra e consideração social”.

Também o seu marido, Floy Widener – que é uma as 15 testemunhas chamadas pela ex-CEO da TAP – é referido no processo. A gestora diz que se sente “culpada” em relação ao seu marido que a acompanhou na mudança de país que a levou a comprar uma casa que “pensava estar paga” no final do seu mandato na companhia. Com toda esta situação, acrescenta Christine Ourmières-Widener, o seu marido passou a “sofrer de ansiedade aguda, insónias e taquicardias diárias”, comprovadas por um relatório médico entregue ao tribunal.

A demissão de Christine Ourmières-Widener aconteceu na sequência da polémica indemnização de 500 mil euros brutos paga à antiga administradora executiva Alexandra Reis para renunciar ao cargo na TAP, que foi considerada ilegal pela Inspeção-Geral de Finanças (IGF). O anúncio foi feito a 6 de março pelos ministros das Finanças e das Infraestruturas, Fernando Medina e João Galamba (que entretanto se demitiu), em conferência de imprensa.

O Ministério das Finanças justificou a demissão com a “violação grave, por ação ou por omissão, da lei ou dos estatutos da empresa”, conforme previsto no artigo 25.º do Estatuto do Gestor Público. O que não dá direito a receber qualquer indemnização.

Uma acusação sustentada nas conclusões da auditoria da IGF, que considerou “nulo” o acordo celebrado entre a companhia aérea e Alexandra Reis, por o Estatuto do Gestor Público não prever “a figura formalmente utilizada de ‘renúncia por acordo’ e a renúncia ao cargo contemplada naquele Estatuto não conferir direito a indemnização”, concluindo “que a compensação auferida pela cessação de funções enquanto administradora carece de fundamento legal”.

O mandato da ex-CEO terminou formalmente a 12 de abril, quase 22 meses depois de tomar posse. Além de Christine Ourmières-Widener, também foi demitido o presidente do conselho de administração, Manuel Beja. Alexandra Reis teve de devolver a maior parte da indemnização.

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Euro a euro, como a ex-CEO da TAP chegou à indemnização de seis milhões

Salários, prémios, subsídios, reparos por danos reputacionais: Christine Ourmières-Widener pede uma indemnização de quase seis milhões à TAP após ter sido despedida "por justa causa" pelo Governo.

Ao cêntimo. Christine Ourmières-Widener está a pedir uma indemnização de 5.943.196,16 euros pela forma como foi despedida da TAP. A francesa alega que não houve justa causa no seu despedimento. Pelo contrário, considera que saiu por “mera conveniência” e que era “elo mais fraco” no caso da saída da ex-administradora Alexandra Reis, de acordo com o processo que avançou contra a companhia aérea em setembro e a que o ECO teve agora acesso. Mas como é que chegou a este valor?

 

Grande parte da indemnização diz respeito aos salários e bónus que deixou de receber. O contrato de Christine Ourmières-Widener era válido até 24 de junho de 2026. Saiu em abril de 2023, ou seja, ainda tinha mais de 38 meses de mandato. A francesa recebia 504 mil euros por ano.

Contas feitas, entre remunerações fixas (1,6 milhões), remunerações variáveis (175,7 mil euros), bónus (1,93 milhões de euros), subsídios de alojamento (120 mil euros) e outros benefícios que já não irá auferir, a ex-CEO contabiliza “danos sob a forma de lucros cessantes” de 4.161.069,58 euros.

Neste ponto, Christine Ourmières-Widener abre um parêntesis em relação ao bónus: embora não tenha sido expressamente aprovado pela comissão de vencimentos, esta “iria aprovar o mesmo até final do contrato”, refere a francesa, lembrando as palavras do ex-secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Santos Mendes, na comissão de inquérito à TAP. Pelo que tem “legítima expectativa ao seu recebimento”, afirma.

A esta soma, acrescenta 15 mil euros que deixou de receber do Met Office, o serviço nacional de meteorologia do Reino Unido para o qual trabalhava em simultâneo (a sua nomeação para administradora não executiva é considerada pela própria como “o ponto alto da sua carreira”) e do qual teve de renunciar na sequência da polémica demissão da TAP pelo Governo português.

Christine Ourmières-Widener reclama ainda 1.079.126,58 euros por “créditos resultantes da execução do mandato”. Este valor diz respeito ao bónus pelo tempo de serviço em que a francesa esteve à frente da TAP, entre 2021 e março de 2023. Um valor a que acresce 84 mil euros relativos à compensação pelo pacto de não concorrência que a impediu de trabalhar na concorrência durante quatro meses.

INAUGURAÇÃO OFICIAL DO NOVO SISTEMA DE GESTÃO DE TRÁFEGO AÉREO - TOPSKY - 14FEV23

Governo “achincalhou” e por causa disso perde 300 mil euros/ano

Por causa dos danos patrimoniais e não patrimoniais, a ex-CEO diz que a TAP lhe deve pagar 504 mil euros. Fala mesmo “na forma achincalhante e caluniosa” como ocorreu a sua destituição, o que lhe trouxe um “grande sofrimento, tristeza e revolta que, naturalmente, muito a afetaram”.

Segundo diz, a TAP, através dos seus acionistas, fizeram parecer que era “uma total incapaz, que nem sabe que se aplica o estatuto de gestor público na TAP” – situação que está relacionada com a indemnização indevida a Alexandra Reis. Para a francesa, foi necessário “encontrar um culpado que abafasse a falta de organização e coordenação entre as tutelas” das Finanças e Infraestruturas.

“Uma descoordenação que persiste até aos dias de hoje (e ficou mais visível na comissão de inquérito)”, rematou. Ourmières-Widener diz-se “alheia” a esta descoordenação, mas “surge como a principal responsável, num processo em que ninguém tem culpas” e ela foi “o elo mais fraco: a única personagem que não é política, não tem aspirações políticas e não tem contactos políticos”.

Com a sua carreira profissional “destruída”, viu-se obrigada a incorrer em “custos avultados com empresas de comunicação americanas especializadas em gestão de crises e escândalos”.

Christine Ourmières-Widener, entretanto contratada para CEO do grupo francês Dubreuil, dono da Air Caraibes e da low cost French Bee, e onde está a receber menos do que recebia na TAP, estima que uma perda de remuneração provocada pela quebra de prestígio profissional na ordem dos 300 mil euros ao ano, que se manterá enquanto o processo não transitar em julgado e a seu favor. E, por conta destes danos emergentes, está a exigir 100 mil euros, a que acresce 25 mil euros por cada novo mês que passa até ao trânsito em julgado da sentença. Já passaram mais três meses desde que o processo entrou no tribunal, pelo que a fatura continua a subir.

Apresentação das novas medidas do Governo para mitigar o aumento do custo de vida - 24MAR23
Apresentação das novas medidas do Governo para mitigar o aumento do custo de vidaHugo Amaral/ECO

A demissão de Christine Ourmières-Widener aconteceu na sequência da polémica indemnização de 500 mil euros brutos paga à antiga administradora executiva Alexandra Reis para renunciar ao cargo na TAP, que foi considerada ilegal pela Inspeção-Geral de Finanças (IGF). O anúncio foi feito a 6 de março pelos ministros das Finanças e das Infraestruturas, Fernando Medina e João Galamba (que, entretanto, se demitiu), em conferência de imprensa.

O Ministério das Finanças justificou a demissão com a “violação grave, por ação ou por omissão, da lei ou dos estatutos da empresa”, conforme previsto no artigo 25.º do Estatuto do Gestor Público. O que não dá direito a receber qualquer indemnização.

Uma acusação sustentada nas conclusões da auditoria da IGF, que considerou “nulo” o acordo celebrado entre a companhia aérea e Alexandra Reis, por o Estatuto do Gestor Público não prever “a figura formalmente utilizada de ‘renúncia por acordo’ e a renúncia ao cargo contemplada naquele Estatuto não conferir direito a indemnização”, concluindo “que a compensação auferida pela cessação de funções enquanto administradora carece de fundamento legal”.

O mandato da ex-CEO terminou formalmente a 12 de abril, quase 22 meses depois de tomar posse. Além de Christine Ourmières-Widener, também foi demitido o presidente do conselho de administração, Manuel Beja. Alexandra Reis teve de devolver a maior parte da indemnização.

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Demissão serviu para “abafar” falhas do Governo. Os argumentos do processo da ex-CEO contra a TAP

O processo de Christine Ourmiéres-Widener contra a TAP, consultado pelo ECO, acusa o Governo de a despedir por "motivos políticos" e "forjar uma alegada motivação para a demissão".

O processo de Christine Ourmières-Widener contra a TAP rejeita que exista “justa causa” para a demissão da antiga CEO, sustentando que a sua saída aconteceu por “motivos meramente políticos” e resulta de uma tentativa para “abafar a total falta de coordenação entre tutelas”. A omissão do papel do Ministério das Infraestruturas, então liderado por Pedro Nuno Santos, no processo é uma das peças da argumentação.

“A Autora [Christine Ourmières-Widener] foi demitida por motivos meramente políticos, numa tentativa – aliás conseguida – de abafar a total falta de coordenação entre tutelas, a responsabilidade pela nomeação da Eng.ª Alexandra Reis para Secretária de Estado do Tesouro, com responsabilidade pelo acompanhamento da execução do Plano de Reestruturação”, lê-se no processo, consultado pelo ECO.

As audições na Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP são repescadas ao longo da ação em que é reclamada uma indemnização de 5,9 milhões de euros. Por exemplo, quando o ex-secretário de Estado Hugo Mendes afirma que “não foi a CEO que de repente se lembrou. Ela teve uma autorização do acionista, ou do representante do acionista”.

Toda a história construída ardilosamente pelas réus foi destapada neste momento: como é evidente, a Autora não decidiu, autonomamente, alterar a comissão executiva e propor à Engª Alexandra Reis um acordo“, sustenta no processo a advogada Inês Arruda. Pelo contrário, “teve autorização do representante do acionista e agiu em conformidade com todas as instruções que lhe foram sendo dadas”.

Se o Governo sustentou a ex-CEO desconhecia o Estatuto do Gestor Público (EGP) e a necessidade de uma assembleia geral para a demissão de Alexandra Reis, a acusação é devolvida. É afirmado que os Ministérios das Finanças e das Infraestruturas pensariam que a ex-CEO “poderia ser exonerada com justa causa e com efeitos imediatos (à semelhança do que sucede com os membros do Governo)”.

“Verificando que tal não era possível, acabaram, à última da hora, por forjar uma alegada motivação para a demissão”, com “o único propósito de se furtarem a pagar-lhe a indemnização prevista nos EGP – tal como já havia sido anunciado – numa atitude inqualificável e, no mínimo, pouco escrupulosa”.

 

Veja os principais argumentos do processo:

Intervenção do Ministério de Pedro Nuno Santos ignorada

Segundo o processo, há “erro nos pressupostos de facto” da demissão da ex-CEO. Sustenta, por exemplo, que Christine Ourmières-Widener “não tem que ter conhecimentos para lavrar o acordo” de renúncia celebrado com a antiga administradora Alexandra Reis ou “para aferir da conformidade do mesmo face à legislação portuguesa aplicável, num tema que, como acima se demonstrou é controverso”, a “renúncia onerosa de administradores”, isto é, com direito a compensação.

As réus ignoram, propositadamente, a intervenção do Ministério das Infraestruturas e Habitação ao longo de todo o processo, o que é absolutamente escandaloso.

Por outro lado, sustenta-se que a TAP e a TAP SGPS, as réus, “ignoram, propositadamente, a intervenção do Ministério das Infraestruturas e Habitação ao longo de todo o processo, o que é absolutamente escandaloso. Reconhecer que o mesmo interveio deixaria as réus sem argumentos”.

IGF recomenda avaliação e não demissão

A ação considera que a ex-CEO fez em todo o processo o que “um gestor profissional criterioso faria” e que o relatório da IGF recomenda uma “avaliação da atuação dos administradores envolvidos quanto à inobservância dos normativos aplicáveis” e não uma exoneração com justa causa “em praça pública”. Acrescenta que nem a IGF nem o Ministério das Finanças apreciaram a sua culpa.

Alega-se ainda que “as deliberações unânimes não indicam factos concretos que permitam imputar à Autora as conclusões ali extrapoladas, limitando-se a indicá-las, sem alegar matéria factual que as suporte”. Por outro lado, trata-se de uma ilegalidade sanável, uma vez que o montante que alegadamente não devia ter sido pago foi recuperado, uma vez que Alexandra Reis teve de devolver a maior parte da indemnização.

Falta de fundamentação da gravidade

O processo sublinha “a notória falta de fundamentação da gravidade da ilegalidade, que além de recair sobre interpretação errónea do ato praticado – considerando ter sido uma demissão ao invés de uma renúncia onerosa”, desconsidera vários aspetos.

São exemplos o facto de a “decisão ter sido sustentada em assessoria jurídica, no âmbito de enquadramento legal válido (…), tomada com transparência para com o Estado, com o chairman (então Manuel Beja), com o CFO ( administrador financeiro, Gonçalo Pires) e ainda com dois administradores não executivos e acautelando interesses financeiros”.

Demissão por mera conveniência

Para a advogada de Christine Ourmières-Widener, Inês Arruda, “não havendo culpa”, a ex-CEO só poderia ser demitida “por mera conveniência”, como prevê o artigo 26.º do EGP. Pelo contrário, “agiu com total boa fé, convicta da legalidade do ato e da razoabilidade do valor acordado”. Sem culpa, não existe juízo de imputabilidade, pelo que “deve entender-se que não existe fundamento para demitir a Autora nos termos e com os fundamentos que constam das Deliberações Unânimes por Escrito (DUE)”.

Desconhecimento da lei não é censurável

As DUE que formalizam a demissão imputam à ex-CEO o desconhecimento das regras legais imperativas estabelecidas para a cessação de funções de gestores públicos. O processo sustenta que as réus “não alegam quais as normas em causa” e que a renúncia “operou-se nos termos que, nem a lei comercial, nem o EGP vedam: acompanhada da atribuição de uma compensação”.

Não se tratou de um (hipotético) desconhecimento que possa ser considerado especialmente censurável à luz do elevado padrão dos deveres de cuidado legalmente exigidos a estes gestores públicos”, conclui.

Ex-CEO cumpriu deveres de informação

O Ministério das Finanças desconhecia por completo o processo que levou à renúncia de Alexandra Reis até ser noticiado o valor da indemnização, há pouco menos de um ano.

Ora a demissão é sustentada também no “desconhecimento e omissão continuada dos deveres de informação [às tutelas] e reporte sobre matérias centrais ao funcionamento” da TAP. No processo, é lembrada a mensagem de Hugo Mendes recebida por Christine Ourmières-Widener: “o Ministro aceita os valores, por favor fecha tudo”. Ou depois na Comissão Parlamentar de Inquérito: “O ponto é, não foi a CEO que de repente se lembrou. Ela teve uma autorização do acionista, ou do representante do acionista”.

Destaca-se também “a presunção que o ex-Ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, fez sobre a coordenação com a tutela das finanças”, quando referiu na CPI que “quando deu à Autora o consentimento para avançar com a proposta de reestruturação e autorização para fechar o acordo, pelo valor que resultava do email de 02/02/2021, estava convicto que o seu secretário de Estado, com poderes delegados, estava coordenado com o secretário de Estado do Ministério das Finanças (Miguel Cruz)”.

O acionista das réus é o Estado. E o Estado não é bicéfalo! Se existe uma descoordenação entre as tutelas, e se uma das tutelas atua em nome e representação do acionista, não pode depois o próprio Estado beneficiar dessa mesma descoordenação e prejudicar terceiros de boa fé.

A ação nota ainda que a ex-CEO informou o presidente do conselho de administração e o administrador financeiro.

O acionista das réus é o Estado. E o Estado não é bicéfalo! Se existe uma descoordenação entre as tutelas, e se uma das tutelas atua em nome e representação do acionista, não pode depois o próprio Estado beneficiar dessa mesma descoordenação e prejudicar terceiros de boa fé”, alega o processo.

Daí que conclua que a gestora francesa “não violou nenhum dos deveres que vêm mencionados na respetiva fundamentação da demissão com ‘justa causa’”.

Governo manteve Christine em funções

Outro argumento que a advogada da ex-CEO tenta desmontar é o de que existiu “uma desconsideração pela repartição de competências entre órgãos sociais” da TAP, “geradora de uma intolerável quebra das relações de integridade, lealdade, cooperação, confiança e transparência com o acionista”.

Ora, apesar dessa consideração, Christine Ourmières-Widener continuou, durante mais de um mês, a exercer as suas funções enquanto CEO, continuou a participar nas reuniões da Comissão Executiva, nas quais era convidada a votar, e a ter que lidar, diariamente, com temas urgentes”.

Foram as tutelas que trouxeram má reputação à TAP

“A acusação de que a Autora é responsável pelas ‘consequências negativas sobre a reputação e boa gestão das réus”, ou que “as consequências negativas sobre a reputação e boa gestão das réus” advêm da celebração do acordo com a Eng.ª Alexandra Reis, é revelador de uma má fé e um total desrespeito pela Autora e pelo seu percurso profissional”, afirma o processo.

O que trouxe, eventualmente, consequências negativas sobre a reputação e boa gestão das empresas públicas foi a evidente falta de coordenação das tutelas.

“O que trouxe, eventualmente, consequências negativas sobre a reputação e boa gestão das empresas públicas foi a evidente falta de coordenação das tutelas”, a que a ex-CEO é alheia, considera.

O processo conclui, por isso, que a destituição de Christine Ourmières-Widener “não se fundou em justa causa” e que, por outro lado, “há atuação ilícita e culposa da sociedade“, bom como “ataque difamatória à honra ou reputação profissional do administrador”.

A demissão de Christine Ourmières-Widener aconteceu na sequência da polémica indemnização de 500 mil euros brutos paga à antiga administradora executiva Alexandra Reis para renunciar ao cargo na TAP, que foi considerada ilegal pela Inspeção-Geral de Finanças (IGF). O anúncio foi feito a 6 de março pelos ministros das Finanças e das Infraestruturas, Fernando Medina e João Galamba (que entretanto se demitiu), em conferência de imprensa.

O Ministério das Finanças justificou a demissão com a “violação grave, por ação ou por omissão, da lei ou dos estatutos da empresa”, conforme previsto no artigo 25.º do Estatuto do Gestor Público. O que não dá direito a receber qualquer indemnização.

O mandato da ex-CEO terminou formalmente a 12 de abril, quase 22 meses depois de tomar posse. Além de Christine Ourmières-Widener, também foi demitido o presidente do conselho de administração, Manuel Beja.

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Direção da TSF demite-se em bloco

Rui Gomes, Rosália Amorim e Artur Cassiano assumiram funções há menos de três meses. Da TSF, já confirmou ao +M José Paulo Fafe, CEO do grupo, vão sair cerca de 30 trabalhadores.

A direção da TSF apresentou esta terça-feira a demissão dos seus cargos, sabe o +M. Rui Gomes, diretor-geral, Rosália Amorim, diretora de informação, e Artur Cassiano, subdiretor, tinham assumido funções no final de setembro.

A demissão em bloco tem a ver com a redução do número de trabalhadores do grupo. O número de trabalhadores que permanecem na TSF após a restruturação – confirmada esta terça-feira em reunião junto de todos os diretores das marcas do GMG -, não permitirá a concretização do projeto que se propuseram realizar, terão defendido os diretores demissionários.

Da TSF, já confirmou ao +M José Paulo Fafe, CEO do grupo, vão sair cerca de 30 trabalhadores.

O projeto para a TSF, acordado entre a direção e a administração há cerca de dois meses, passaria pela existência de investimento, expansão e algumas contratações, diz fonte próxima do processo, ao +M.

Entretanto, a administração já terá dado conhecimento das demissões, ainda não aceites, à Comissão de Trabalhadores da rádio.

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Apoio esmagador da AG da ONU à resolução que exige cessar-fogo imediato em Gaza

  • Lusa
  • 12 Dezembro 2023

O projeto de resolução, apresentado à Assembleia pelo Egito, obteve 153 votos a favor, 10 contra e 23 abstenções dos 193 Estados-membros. Portugal votou a favor do cessar-fogo imediato.

A Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU) aprovou esta terça-feira, com apoio esmagador de 153 países, uma resolução não vinculativa que exige um cessar-fogo humanitário imediato em Gaza, após o Conselho de Segurança ter falhado em aprovar a mesma exigência.

O projeto de resolução, apresentado à Assembleia pelo Egito, e copatrocinado por cerca de 80 Estados-membros da ONU, incluindo Portugal, obteve 153 votos a favor, 10 contra e 23 abstenções dos 193 Estados-membros da ONU. Votaram contra este texto países como Israel, Estados Unidos ou Áustria e entre os países que se abstiveram estão Ucrânia, Alemanha, Itália, Reino Unido ou Cabo Verde.

A resolução manifesta preocupação com a “situação humanitária catastrófica na Faixa de Gaza”, “exige um cessar-fogo humanitário imediato” e apela à proteção dos civis, ao acesso humanitário e à libertação “imediata e incondicional” de todos os reféns.

Mas, tal como o texto adotado pela Assembleia-Geral no final de outubro – que apelava a uma “trégua humanitária imediata, duradoura e sustentada, que conduzisse à cessação das hostilidades”, a resolução hoje aprovada não condena especificamente o grupo palestiniano Hamas, uma ausência que tem sido sistematicamente criticada por países como Estados Unidos, Reino Unido ou Israel.

Ao contrário das resoluções do Conselho de Segurança, as resoluções da Assembleia Geral não são juridicamente vinculativas. Mas, como disse na segunda-feira o porta-voz da ONU, Stepháne Dujarric, as mensagens da assembleia “também são muito importantes” e refletem a opinião da comunidade internacional.

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Biden anuncia 185 milhões de euros em ajuda militar à Ucrânia

  • Lusa
  • 12 Dezembro 2023

Este valor ainda faz parte de um pacote que está prestes a esgotar-se e Biden pediu ao Congresso, até agora sem sucesso, que aprove um novo fundo.

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou esta terça-feira, durante uma reunião na Casa Branca com seu homólogo ucraniano, Volodymir Zelenski, que aprovou mais de 185 milhões de euros em ajuda militar à Ucrânia. “Acabei de assinar um apoio de 200 milhões de dólares [cerca de 185 milhões de euros] do Departamento de Defesa para a Ucrânia”, disse Biden aos jornalistas no início da reunião na Sala Oval com o presidente ucraniano.

A propósito do conflito com a Rússia, Biden transmitiu a Zelenski que não quer que os ucranianos se rendam e avisou que o Presidente russo, Vladimir Putin, quer atacar novamente as centrais elétricas ucranianas, para agravar a situação durante o inverno. Zelenski encontrou-se com Biden em Washington pela terceira vez desde o início da guerra e numa altura delicada, porque a oposição republicana está a bloquear o Congresso dos EUA de aprovar novos financiamentos para a Ucrânia.

Os 200 milhões de dólares fazem parte de um pacote que está prestes a esgotar-se e Biden pediu ao Congresso, até agora sem sucesso, que aprove um novo fundo de 106 milhões de dólares que inclua 61 milhões de dólares para a Ucrânia e 15 milhões de dólares para Israel.

Biden enviou, por isso, uma mensagem aos republicanos no Congresso para que aprovem o novo orçamento para a Ucrânia antes de partirem para as férias e acrescentou que, se não o fizerem, estarão a dar a Putin “o melhor dos presentes de Natal”.

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Vendas de vinho do Porto caem há mais de 20 anos

  • Lusa
  • 12 Dezembro 2023

"Este ano é provável que as vendas dos vinhos do Porto e Douro caiam possivelmente em valores não inferiores a 5% em volume nas duas denominações de origem”, indica o presidente da AEVP.

As vendas de vinho do Porto decresceram cerca de 20% nos últimos 20 anos, perspetivando-se uma quebra de cerca de 5% este ano nos vinhos do Porto e Douro, segundo a associação representativa do comércio.

As vendas em volume e valor do vinho do Porto decrescem estruturalmente há mais de 20 anos. Durante este período perderam-se mais de 20% da totalidade em volume”, afirmou António Filipe, presidente da Associação das Empresas de Vinho do Porto (AEVP), esta terça-feira, na Comissão de Agricultura e Pescas.

A AEVP foi uma das organizações do Douro ouvidas na Assembleia da República sobre a restauração da Casa do Douro como associação pública e de inscrição obrigatória. Durante a audição, António Filipe disse que a Região Demarcada do Douro “atravessa um período muito difícil” e que o setor dos vinhos do Porto e Douro em geral confrontam-se, também com uma situação “extremamente desafiante”.

“Só no ano passado as vendas de vinho do Porto no Reino Unido caíram cerca de 22% em volume, um valor sem paralelo desde os tempos da Segunda Guerra Mundial. Este ano é provável que as vendas dos vinhos do Porto e Douro caiam possivelmente em valores não inferiores a 5% em volume nas duas denominações de origem”, referiu ainda.

E, segundo acrescentou, as vendas de vinhos da Denominação de origem Controlada (DOC) Douro, “apesar de um desempenho notável neste período, não têm conseguido compensar as perdas do setor de vinho do Porto, nomeadamente em termos dos preços pagos pelas uvas na região vendidas, na maior parte dos casos, a preços inferiores ao de custo”.

As margens dos operadores irão ter este ano uma contração muito significativa em virtude de não ter sido possível transferir para os mercados os impactos sofridos nos custos de produção, nomeadamente em termos de mão-de-obra e de materiais de engarrafamento”, referiu.

E apontou como razões que têm contribuído para esta situação a alteração dos hábitos de consumo dos clientes finais, os temas relacionados com o álcool, saúde e segurança rodoviária, o impacto dos aumentos dos impactos sobre o álcool a nível global, a redução global dos consumos particularmente nos vinhos generosos e o excesso sistemático de produção relativamente ao consumo mundial”.

Acrescentou ainda a “concorrência dos vinhos do novo mundo particularmente pela via preço” e deu como exemplo que produzir um quilo de uvas no Douro não custa menos que 80 cêntimos, enquanto produzir no Chile custa 11 cêntimos. “Estes factos são relevantes porque os mercados são cada vez mais competitivos e mais exigentes, o nível de concorrência é feroz”, afirmou.

Realçou ainda que o “vinho do Porto é aquele que tem demonstrado maior resiliência na queda relativamente a todos os restantes vinhos fortificados no mundo” e que o que foi feito no caso dos vinhos tranquilos do Douro “foi absolutamente notável”, porque a partir do zero, nos anos 2000, construiu-se um mercado que representa mais de 225 milhões de euros.

Por fim, disse que o Douro faturou 620 milhões de euros de vendas no ano passado. Nove meses depois da aprovação dos diplomas do PS, PCP e BE que restauram a Casa do Douro como associação pública e a cerca de um mês da dissolução da Assembleia da República, decorreu hoje, em sede de especialidade, uma audição conjunta de várias organizações ligadas ao Douro.

Criada em 1932 para defender os viticultores e a viticultura duriense, a Casa do Douro viu alterados os seus estatutos para associação com gestão privada e inscrição facultativa em 2014, durante o Governo de Passos Coelho. Em 2020, entrou em vigor a lei que a reinstitucionalizou como associação pública e inscrição obrigatória, mas, em 2021, o Tribunal Constitucional apontou inconstitucionalidades à lei, nomeadamente, uma insuficiência na definição de competências de natureza pública.

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Cerca de 18% das estruturas de Gaza danificadas pela guerra, segundo a ONU

  • Lusa
  • 12 Dezembro 2023

"Houve um impressionante aumento de 49% no número total de estruturas atingidas desde a última avaliação, a 7 de novembro de 2023", indicou o Centro de Satélites das Nações Unidas.

Cerca de 18% de todas as estruturas da Faixa de Gaza foram danificadas desde o início da guerra entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas, anunciou esta terça-feira a ONU, baseando-se em imagens de satélite de alta resolução.

Além disso, houve um impressionante aumento de 49% no número total de estruturas atingidas desde a última avaliação, a 7 de novembro de 2023″, indicou o Centro de Satélites das Nações Unidas (UNOSAT), a partir de uma imagem recolhida a 26 de novembro de 2023 com o satélite de elevadíssima resolução WorldView-3.

Estes números “sublinham a necessidade urgente de um cessar-fogo imediato e de apoio para enfrentar a crescente crise humanitária na Faixa de Gaza. O impacto nas infraestruturas civis é evidente, com milhares de casas e de instalações essenciais danificadas”, sublinhou a UNOSAT.

A Faixa de Gaza, um dos territórios mais densamente povoados do mundo, está a ser incessantemente bombardeada pelo Exército israelita desde 7 de outubro, em retaliação ao ataque perpetrado nesse dia em território israelita pelo Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), desde 2007 no poder naquele enclave e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel.

Este ataque de proporções sem precedentes fez 1.200 mortos, na maioria civis, e cerca de 240 reféns, israelitas e estrangeiros, e Israel prometeu eliminar o Hamas, realizando desde então bombardeamentos e, desde 27 de outubro, também uma ofensiva terrestre naquele território palestiniano. O Ministério da Saúde do Hamas anunciou esta terça-feira que os bombardeamentos israelitas à Faixa de Gaza ali fizeram pelo menos 18.412 mortos e mais de 50.000 feridos desde o início da guerra.

Até 26 de novembro, a UNOSAT identificou “10.049 estruturas destruídas, 8.243 estruturas gravemente danificadas e 19.087 estruturas moderadamente danificadas, perfazendo um total de 37.379 estruturas afetadas, o que corresponde a cerca de 18% do total de estruturas da Faixa de Gaza”, declarou a agência num comunicado.

“As províncias do norte da Faixa de Gaza e da cidade de Gaza são particularmente preocupantes, porque sofreram um aumento substancial dos danos”, indicou ainda a agência das Nações Unidas. Na província norte do território, foram contabilizadas 3.806 novas estruturas parcialmente destruídas, ao passo que o número na cidade de Gaza foi de 6.243 estruturas com estragos.

“A cidade de Gaza, em particular, registou o maior número de estruturas recém-destruídas, com um total de 2.397”, precisou a UNOSAT.

“Comparando estes dados com a nossa avaliação de 07 de novembro de 2023, em que a UNOSAT identificou 6.583 estruturas destruídas, 6.062 estruturas gravemente danificadas e 12.405 estruturas com danos moderados, perfazendo um total de 25.050 estruturas, registou-se um aumento de 49% do número total de estruturas danificadas, o que sublinha o impacto crescente do conflito nas infraestruturas civis”, sublinhou a agência no comunicado.

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