5 coisas que vão marcar o dia

Os novos deputados da Assembleia da República tomam posse, uma semana antes da cerimónia de posse do novo Governo. São ainda conhecidos os resultados anuais da Greenvolt e há um novo relatório da OCDE

Seguem os preparativos para a tomada de posse do novo Executivo liderado por Luís Montenegro, na próxima semana. Os novos deputados da Assembleia da República tomam posse esta terça-feira, depois da Conferência de Líderes esta segunda-feira. No plano económico são ainda conhecidos importantes indicadores de sentimento dos consumidores e há um novo relatório anticorrupção da OCDE. O dia será ainda marcado pela divulgação de contas da Greenvolt.

Tomada de posse dos deputados da XVI Legislatura da Assembleia da República

Os 230 deputados eleitos nas legislativas de 10 de março, ganhas pela Aliança Democrática (AD), têm agendada para hoje a sua tomada de posse. Ontem, decorreu a conferência de líderes da Assembleia da República para preparar a XVI legislatura, permitindo prosseguir hoje com a posse dos novos deputados. Já na próxima terça-feira, dia 2 de abril, está agendada a posse do Governo, que deverá decorrer no Palácio da Ajuda, em Lisboa.

Greenvolt apresenta contas anuais

A empresa liderada por João Manso Neto apresenta o resultado líquido relativo a 2023. A Greenvolt registou lucros de 5,9 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano passado, menos 64,7% que os obtidos em período homólogo. Apesar da quebra dos lucros, a companhia reportou um aumento das receitas totais de 45,9%, à boleia “do forte crescimento do segmento de utility scale e da geração distribuída” que mais do que compensou “a quebra registada no negócio da biomassa”.

Como evoluiu a avaliação das casas?

O Instituto Nacional de Estatística divulga o Inquérito à Avaliação Bancária na Habitação, em fevereiro. A avaliação bancária da habitação registou em janeiro a segunda subida mensal consecutiva, com o valor mediano do metro quadrado a aumentar 14 euros (0,91%), para 1.550 euros, no primeiro mês de 2024. Em termos homólogos, o metro quadrado valorizou ao ritmo mais baixo desde maio de 2016.

OCDE lança outlook anti-corrupção

É revelado o primeiro outlook anticorrupção e Integridade da OCDE. Trata-se do primeiro relatório deste género, que utiliza novos dados recolhidos através dos Indicadores de Integridade Pública da OCDE, para avaliar a força dos quadros anticorrupção e de integridade dos países e identificar áreas onde há espaço para melhorias.

Confiança dos consumidores nos EUA e na Alemanha

O dia será ainda marcado pela divulgação de alguns indicadores económicos, tanto na Europa, como nos Estados Unidos. Durante o dia será divulgada a confiança dos consumidores nos Estados Unidos e na Alemanha, relativos a março e abril, respetivamente. As expectativas dos economistas do ING é que este indicador de confiança revele uma melhoria face ao mês anterior.

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Cargofive levanta 2,5 milhões para reforçar expansão na Europa e consolidar no Brasil e México

A startup portuguesa que desenvolveu uma plataforma direcionada para transitários marítimos pretende este ano aumentar entre 10% a 15% o número de colaboradores.

A Cargofive, startup portuguesa que desenvolveu uma plataforma direcionada para transitários marítimos (entidade responsável pelo transporte de carga desde o fornecedor até ao cliente), levantou 2,5 milhões de euros para reforçar desenvolvimento de produto e expansão para a Europa do Norte e “consolidar” posição em mercados como Brasil e México.

“No último ano, estivemos em processo de expansão no sul da Europa, consolidando alianças estratégicas com parceiros tecnológicos e da cadeia de fornecimento, sendo este o nosso terceiro melhor mercado”, adianta ao ECO Sebastian Cazajús, CEO e cofundador.

“Com este novo investimento, procuraremos reforçar a nossa posição nos mercados do Norte da Europa. Do lado latino-americano, temos agentes comerciais na região e, tendo conquistado importantes clientes no México e no Brasil, procuramos uma maior consolidação nestes mercados”, reforça o responsável da empresa.

A ronda, que contou com a nova participação de venture capital como a Indico Capital e a EIT Urban Mobility, uma iniciativa do European Institute of Innovation and Technology (EIT), organismo da União Europeia, segue-se a uma ronda liderada pela Shilling & Lince Capital, juntamente com angel investors e de fundos da União Europeia (PRR) como parte do projeto Nexus. Nesta ronda seed, concluída em junho do ano passado, a Cargofive levantou 1,8 milhões de euros.

Crescimento até 15% nos colaboradores

O novo financiamento irá alimentar ainda mais a inovação e o desenvolvimento de produto, contando a empresa investir em marketing e vendas para “expansão estratégica na Europa e nas Américas”, bem como “expandir a sua presença logística com novas integrações de serviços marítimos e terrestres”.

O transporte marítimo de mercadorias é responsável por cerca de 90% do volume total de circulação de mercadorias a nível global, mas apresenta níveis de ineficiência sendo necessário acelerar a sua digitalização. A proposta da Cargofive passa por uma plataforma através da qual os transitários marítimos conseguem comparar preços e vender capacidade de contentores em tempo real, de forma transparente e 100% online.

A startup opera em mais de 10 mercados. “A Cargofive continua a ser uma startup portuguesa e Portugal continua a ser o nosso segundo melhor mercado, parte da equipa da Cargofive está localizada em Portugal, onde estão sediados os VC que acreditam no nosso projeto. Além disso, os membros que pretendemos contratar ao longo do ano estarão localizados em Portugal, por isso temos raízes profundas em Portugal e planeamos mantê-lo assim”, diz Sebastian Cazajús.

A expansão será, assim, acompanhada por um crescimento da equipa que atualmente é composta por 47 pessoas.

“Estamos a planear um aumento no quadro de funcionários”, diz o CEO, sem adiantar um valor. “Normalmente não temos uma estratégia de expansão muito agressiva, que é o que nos tem permitido crescer de forma sustentável e evitar entrar nas demissões massivas que têm sido comuns ultimamente na indústria tecnológica, afirma.

“Estaremos focando na área de desenvolvimento de negócios, procurando pessoas com experiência em logística, mas que entendam a disrupção tecnológica que vivemos e saibam aproveitá-la ao máximo. Se a pessoa tem experiência em logística, conhece os mercados que queremos atingir e conhece tecnologia, é a ideal para a vaga. Além disso, procuraremos engenheiros de software experientes em IA, para nos ajudar a desenvolver nosso produto de acordo com as necessidades atuais e futuras do mercado”“, refere.

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Tebas: “A Superliga destrói o ecossistema do futebol europeu. Temos de nos perguntar porque é que a Premier League, a Ligue 1 e a Bundesliga também são contra

  • Servimedia
  • 26 Março 2024

Nos últimos dias Javier Tebas, presidente da LALIGA concedeu duas entrevistas ao "El País" e ao meio de comunicação internacional "Politico", nas quais continua a alertar para os perigos da Superliga.

Florentino Pérez é um homem que tem muita influência, tem grandes estratégias, está “preocupado” com “todos os danos que pode causar ao futebol, tanto na Europa como em Espanha”, disse ao Politico. Ele tem grandes estratégias. Qual é a estratégia agora, teremos de ver, mas eu nunca o daria como morto”.

Da mesma forma, na entrevista ao “El País”, Tebas sublinha que outra competição como a Superliga teria um efeito negativo nos campeonatos nacionais, especialmente em termos de receitas audiovisuais: “Qualquer competição que se crie, nova ou gratuita, afecta sempre a liga nacional”. De facto, tal como salientado na audiência no Tribunal Provincial de Madrid, responsável pela resolução do litígio entre a LALIGA, a UEFA e a A22, o promotor da Superliga, e que o El País refere na entrevista, um relatório da KPMG afirma que a Superliga reduziria as receitas da LALIGA em 65%.

Outro aspeto abordado na entrevista ao El País e sobre o qual Tebas se debruça é a meritocracia: “A nossa competição nacional baseia-se há 30 anos no facto de algumas equipas jogarem na Europa em função dos seus resultados nessa competição. O que faz a Superliga? O que é que acontece se tivermos uma competição nacional de 38 jornadas em que sabemos antes de competir quem vai jogar na Liga dos Campeões e na Liga Europa? Que entusiasmo é que há? Que valor é que há? Que patrocinadores é que vamos arranjar? Destroem todo o ecossistema. Há que perguntar a nós próprios porque é que a Premier League, a Ligue 1 ou a Bundesliga são contra.

Por último, Tebas observou no “El País” que a nova Liga dos Campeões, apesar de ter mais jogos na próxima época, é diferente do sistema proposto pela A22: “A chave do modelo da Superliga é que não existe acesso a todas as competições europeias. Só há acesso à última, a azul. A dourada e a outra não o têm. No atual modelo da Liga dos Campeões, temos acesso a todas as competições europeias. Essa é a chave.

 

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Faltam trabalhadores ao Fisco, mas campanha de IRS não deverá ser afetada

Fisco começou a avisar que está a demorar a dar respostas por falta de recursos humanos. Presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos indica ao ECO que campanha de IRS não deve ser afetada.

A falta de trabalhadores na Autoridade Tributária (AT) não deverá prejudicar a campanha de IRS, que arranca já na próxima segunda-feira. A projeção é do presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos (SIT), que, em declarações ao ECO, avisa que os contribuintes devem evitar entregar as declarações nos primeiros e últimos momentos, isto é, logo no dia 1 de abril e no dia 30 de junho.

A escassez de mãos no Fisco não é um problema propriamente novo, mas vem subindo de tom. Tanto que, conforme noticiou o ECO, a Autoridade Tributária passou mesmo a admitir aos contribuintes, numa mensagem automática, que as respostas podem demorar “mais tempo do que o previsto ou desejado”, nomeadamente, por falta de trabalhadores.

Não é muito normal na nossa administração admitir publicamente este tipo de problema“, assinala o presidente do SIT, que defende, porém, que “há muito tempo” que esta situação já devia ter sido reconhecida. “A AT tem uma escassez de recursos humanos tão grande que, nalgum momento, o problema tinha de vir à tona“, acrescenta Gonçalo Rodrigues.

Segundo relata o sindicalista, o problema só não é mais grave porque têm sido deslocados trabalhadores entre vários serviços “para tapar buracos no apoio às famílias e empresas“. Por exemplo, trabalhadores da área da inspeção estão a ser deslocados para a área do atendimento telefónico, para garantir que esse serviço continua a dar resposta aos contribuintes portugueses.

Apesar deste cenário difícil, o presidente do STI não antecipa problemas no que diz respeito à campanha de IRS, que arranca na próxima semana, tendo em conta que a entrega da Modelo 3 já é feita obrigatoriamente pela via digital. “Não acho que o IRS seja o problema”, sublinha o sindicalista.

Ainda assim, recomenda que os contribuintes que evitem entregar as suas declarações no arranque da campanha. Um conselho que é regularmente dado por fiscalistas, uma vez que o sistema informático do Fisco tende a falhar nesses momentos, com a elevada adesão dos portugueses.

Em contraste com o cenário de relativa tranquilidade esperado quanto ao IRS, Gonçalo Rodrigues teme que as filas para os números de contribuintes para não residentes se agravem, nos próximos tempos, por efeito da escassez de trabalhadores. “Há duas ou três semanas, enviaram-me uma foto e parecia a entrada de um estádio de futebol”, conta o representante dos funcionários dos impostos.

Piorar antes de melhorar

Para resolver a escassez de recursos humanos na Autoridade Tributária, o presidente do STI sugere a abertura de concursos para as carreiras especiais. “Uma das soluções seria contratar milhares de pessoas”, salienta o sindicalista, que detalha que são necessários, pelo menos, 2.000 novos trabalhadores.

Mas “tudo depende do que se quer fazer”, isto é, se o Governo pretende que a AT faça um atendimento “de toda a gente que se dirige aos serviços”, são precisas muitas mãos. “Mas há outras hipóteses. Por exemplo, os serviços de menor complexidade podiam ser feitos por uma carreira de apoio à inspeção ou mesmo por carreiras gerais“, sugere Gonçalo Rodrigues.

Por outro lado, mesmo havendo abertura para recrutar mais mãos, o problema não seria imediatamente resolvido, considerando a complexidade das matérias tratadas pelo Fisco. “Não conseguimos formar um inspetor em três meses. Na área da gestão tributária, também não é em seis ou sete meses que se formam as pessoas”, entende o presidente do STI, que receia, portanto, que a situação ainda piore antes de melhorar.

Pior. Há muitos trabalhadores a saírem para a reforma sem conseguirem passar o seu conhecimento a funcionários mais jovens. “Esse conhecimento está a perder-se e isso não se recupera do dia para a noite. Estamos muito envelhecidos na AT e não vai ser fácil dar a volta”, observa o sindicalista.

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Portugal está à porta do clube dos países com melhor rating da dívida

Portugal deverá voltar na quarta-feira ao índice FTSE World Government Bond Index ao fim de 10 anos de ausência, mas é pouco provável que isso provoque uma queda significativa das taxas de juro.

Tudo aponta para que, já esta quarta-feira, Portugal regresse ao índice obrigacionista FTSE World Government Bond Index (WGBI), depois de mais de uma década de ausência.

“A FTSE Russell confirma que Portugal agora cumpre os limiares mínimos de tamanho de mercado e classificação de crédito para entrada no FTSE WGBI”, refere a FTSE Russell, do grupo da London Stock Exchange Group (LSEG), num comunicado publicado a 5 de março, dias depois da Standard & Poor’s ter subido a notação da dívida portuguesa de “BBB+” para “A-“, e colocado o outlook da economia com perspetiva positiva.

Com a decisão da Standard & Poor’s, Portugal passou a deter uma notação creditícia acima do nível de “A” por parte das três principais agências de rating – Fitch, Moodys e Standard & Poor’s.

O anúncio da FTSE Russel será feito esta quarta-feira após o fecho das bolsas norte-americanas e, confirmando-se todas as expectativas, os títulos de dívida da República passarão a cotar no WGBI, juntando-se assim a uma série de outros 20 países que fazem parte deste índice de dívida soberana com mais de 30 anos.

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Apesar da sua longevidade, o WGBI está longe de ser uma referência no mercado para fundos de investimento e fundos de pensões. Apesar de classificar a entrada de Portugal no WGBI como “excelente”, Vasco Valente, gestor do NB Euro Bond e um dos melhores gestores de obrigações europeias, refere que “os fundos de investimento mobiliários europeus, normalmente, têm os índices do Barclay’s, do Merril Lynch ou do JP Morgan como benchmark.”

Apesar da entrada de Portugal no clube dos países com as melhores notações de crédito, a probabilidade de isso gerar uma procura significativa das obrigações da República (aumentando o preço e subido a yield) por parte de fundos de pensões e outros fundos de investimento não deverá ser grande.

“O FTSE não é seguido pela generalidade dos fundos de pensões e seguradoras portuguesas, e creio que continentais europeias. No entanto, o setor segurador britânico é muito grande e possível que sigam o FTSE primordialmente”, refere Vasco Teles, vaticinando que, “se assim for, é natural que se venha a sentir alguma movimentação de mercado, mas diria que dificilmente fará com que ande mais de 5 a 10 pontos base no longo prazo, num primeiro impacto.”

As obrigações do Tesouro estiveram a alargar na segunda-feira, com as principais linhas (2, 5 e 10 anos) a registarem uma subida ligeira da yield para 2,8%, 2,64% e 3,07% respetivamente, em contraposição com uma queda do preço dos títulos, como sinal de uma pressão mais vendedora do que compradora dos títulos de dívida da República.

Atendendo que a estratégia de financiamento do Estado para este ano pressupõe a emissão de 13,9 mil milhões de euros por via emissão bruta de obrigações do Tesouro e que até ao momento o IGCP já realizou 8 leilões de dívida num montante de 4,48 mil milhões de euros em obrigações do Tesouro e uma operação sindicada de 4 mil milhões de euros, Portugal conta ainda emitir cerca de 5,4 mil milhões de euros em títulos de dívida de longo prazo até ao final do ano, salvo qualquer revisão do programa de financiamento da República que possa ocorrer.

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BPN, Efacec, Novobanco e EDP. As quatro injeções de capital que prejudicaram as contas públicas

“A variação das transferências de capital foi inferior a 1%, tendo mantido o nível elevado observado em 2022, refletindo várias medidas extraordinárias de despesa de capital”, escreve o INE.

As injeções de capital que o Governo fez nas empresas penalizaram as contas públicas em 0,53% do PIB, no ano passado. Em causa estão 1,42 mil milhões de euros, sendo que o peso maior é o registo de perdas adicionais de créditos não passíveis de recuperação detidos pela Parvalorem. Mas a Efacec, afinal também teve um impacto superior ao inicialmente estimado.

A variação das transferências de capital foi inferior a 1%, tendo mantido o nível elevado observado em 2022, refletindo várias medidas extraordinárias de despesa de capital”, escreve o Instituto Nacional de Estatística esta segunda-feira.

“Em 2023, estas medidas incluíram o montante referente à reprivatização da Efacec (impacto líquido de 166,2 milhões de euros), o registo de perdas adicionais de créditos não passíveis de recuperação detidos pela Parvalorem (915,9 milhões de euros), a conversão de ativos por impostos diferidos (DTA) do Novo Banco em crédito tributário reembolsável (117 milhões de euros) e ainda o registo de uma sentença do Supremo Tribunal Administrativo, que determinou o pagamento de 227,6 milhões de euros pelo Estado à EDP, como devolução do montante pago em 2009 pelos direitos de exploração da concessão da barragem do Fridão, cuja construção não ocorreu”, detalha o INE nos destaques sobre o Procedimento dos Défices Excessivos e dos principais agregados das Administrações Públicas.

O próprio INE recorda que, em 2022, as transferências de capital incluíram apoios ao grupo TAP (990 milhões de euros), à SATA AIR Açores (197 milhões), a conversão de DTA no montante de 245 milhões de euros e à Efacec (159 milhões). Em 2022, as injeções penalizaram as contas públicas em 0,07% do PIB. A diferença face a 2023, prende-se com o aumento nominal do PIB.

O Governo tinha remetido para este momento o impacto que os apoios concedidos à Efacec teriam nas contas públicas. Em novembro, quando foi anunciada a venda da empresa ao fundo alemão Mutares, o Executivo explicou que assumiu perdas de 200 milhões referentes aos apoios concedidos à empresa, ao longo dos meses, desde a nacionalização e que injetou mais 159 milhões que espera vir a recuperar no futuro, já que terá direito a receber dois terços da venda da empresa, dentro de cinco anos, no mínimo.

Este investimento final do Estado representou um investimento de 201 milhões de euros, aos quais se somavam mais 30 milhões para o pagamento de contingências, menos 72 milhões de euros de garantias que tinham sido prestadas pela Norgarante à Efacec no passado e que foram retirados nesse momento. Ora, segundo as contas do INE, “o impacto líquido” da reprivatização da Efacec foi de 166,2 milhões e não os 159 inicialmente avançados.

Na conferência de imprensa, na qual foi anunciado o negócio, em novembro de 2023, o secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes reconheceu que a operação iria ter um impacto nas contas públicas, mas não avançou valores porque INE e a Direção Geral de Orçamento (DGO) ainda estão a avaliar o impacto.

Com os dados publicados esta segunda-feira pelo INE, que incluem uma atualização do valor nominal do PIB, é possível concluir que a Efacec teve um peso de 0,006% nas contas públicas.

Apesar de politicamente a Efacec se assumir como um dossier mais quente, foram os 916 milhões de créditos do antigo BPN impossíveis de recuperar que mais penalizaram as contas públicas e impediram que o excedente fosse maior.

Recorde-se que na reestruturação do BPN, o banco de Oliveira e Costa, foram constituídas, em 2010, as sociedades Parvalorem, Parups, e Parparticipadas tendo como acionista único o BPN. Em 2012, o Estado, através Direção-Geral do Tesouro e Finanças, ficou com 100% das ações representativas do capital social destas sociedades, passando desde então a ser o seu acionista único, assumindo diretamente todos os direitos e obrigações. Foi transferido para a Parvalorem e para a Parups, um conjunto de ativos (créditos, imóveis, ativos financeiros e obras de arte). De acordo com o SEC 2010 estas entidades foram classificadas no setor das Administrações Públicas e passaram a registar as perdas dos ativos transferidos no ano de constituição.

O ano passado, estas empresas foram reestruturadas e fundidas na Parvalorem, que tem o objetivo de recuperar a carteira de crédito até ao fecho da empresa em 2027. “No âmbito desse processo foi apurado o valor dos créditos que não serão recuperados, registado como transferência de capital com impacto no saldo das Administrações Públicas” que ascendem a 915,9 milhões de euros.

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Vodafone propunha manter ofertas e vender rede de cobre da Nowo

Além do espetro 5G e do acesso à sua rede de fibra, a Vodafone também propunha vender rede de cobre da Nowo e manter ofertas por alguns anos, alargando-as. Mas falhou em convenceu o regulador.

A Vodafone propunha vender a rede de cobre da Nowo como parte dos compromissos (“remédios”) para tentar convencer a Autoridade da Concorrência (AdC) a aprovar a compra da operadora. A Vodafone também prometeu manter parte das ofertas da Nowo durante algum tempo, alargando-as a 12 concelhos onde a operadora não está presente, segundo parte do projeto de decisão da AdC a que o ECO teve acesso.

Esta segunda-feira soube-se que o regulador aprovou um projeto de decisão que chumba a compra da Nowo pela Vodafone. A AdC confirmou depois que a Vodafone “falhou em demonstrar que esta aquisição não teria impacto negativo na concorrência” e a Vodafone lamentou, considerando, pelo contrário, que se perde “uma oportunidade para reforçar o nível de competitividade do mercado, que traria claros benefícios para os clientes e para o setor”.

No rescaldo da decisão, noticiada em primeira mão pelo ECO, foi possível apurar que o projeto de decisão terá mais de 300 páginas, no qual a entidade presidida por Nuno Cunha Rodrigues justifica a opção de se opor à realização da concentração. Duas fontes disseram que a aprovação terá ocorrido já perto da meia-noite de sexta-feira, dia 22 de março.

O documento expõe os compromissos que a Vodafone propôs à AdC para tentar viabilizar a compra da concorrente, parte dos quais ainda não eram conhecidos publicamente. É o caso da “venda da rede HFC da Nowo”, uma rende de cabo antiga (híbrida) que chega a 900 mil casas, mas também a “manutenção, por um período de […] anos, de parte das ofertas da Nowo no mercado, alargada a 12 concelhos onde a Nowo não está, atualmente, presente”. O número de anos está truncado na versão a que o ECO teve acesso.

Não eram os únicos compromissos. O projeto de decisão mostra que estava ainda prevista a introdução da figura do mandatário de monitorização, que teria a responsabilidade de fiscalizar o cumprimento dos compromissos pela Vodafone.

Além disso, a operadora liderada por Luís Lopes já tinha revelado que, entre os chamados “remédios” propostos à AdC estava a cedência de 40 MHz de espetro 5G da Nowo à Digi, que tinham sido adquiridos numa fase exclusiva do leilão da Anacom, bem como facultar à Digi o acesso grossista à rede de fibra ótica da Vodafone. A Digi é uma operadora romena que está a construir uma rede 5G e uma rede de fibra ótica em Portugal, e que se prepara para entrar no mercado com ofertas móveis e fixas.

Estas promessas não chegaram para convencer a AdC de que o negócio não iria prejudicar a concorrência e os consumidores. Em linhas gerais, a investigação aprofundada do regulador apurou que, apesar da baixa quota de mercado da Nowo, as restantes operadoras oferecem preços mais baixos nas regiões onde ela está presente — o chamado ‘efeito Nowo’.

Perante os compromissos assumidos pela Vodafone, a AdC entendeu que a cedência de espetro à Digi respondia “eficazmente ao efeito de agravamento das barreiras à entrada”, mas o acesso grossista à rede de fibra da Vodafone “não permite responder aos efeitos unilaterais e coordenados decorrentes da operação de concentração”.

Quanto à venda da rede HFC da Nowo e a manutenção da oferta por um período limitado, “não permitem afastar — de forma isolada ou em conjunto com os demais compromissos propostos — os efeitos jusconcorrenciais da presente operação de concentração”, lê-se no documento. Face a isto, a AdC considerou que os compromissos propostos pela Vodafone “são inadequados para obstar aos entraves à concorrência que resultam da presente operação de concentração”.

Concluída a análise, a AdC prepara-se para matar o negócio entre a Vodafone e os espanhóis da MásMóvil, decorrendo agora um período para audiência prévia dos interessados.

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PRR, saúde e salários da Função Pública marcam arranque da legislatura no Parlamento

A primeira iniciativa do Governo de Luís Montenegro será aprovar uma proposta de lei para desbloquear o pagamento do 5.º cheque dos fundos europeus. PCP apresenta moção de rejeição que será chumbada.

A nova legislatura arranca esta terça-feira com a instalação da Assembleia da República e a eleição de José Pedro Aguiar-Branco como presidente do Parlamento, por proposta da Aliança Democrática (AD), coligação liderada pelo PSD que venceu as legislativas de 10 de março.

PRR, plano de emergência para a saúde, aumentos salariais para a Função Pública, designadamente professores, com o descongelamento da carreira, e forças de segurança, com a atribuição do suplemento de risco, serão os temas quentes que vão marcar o início da atividade legislativa. Há ainda a moção de rejeição do PCP ao programa de Governo, que será chumbada com os 138 votos de toda a direita.

O presidente do PSD, Luís Montenegro, após ter sido indigitado para primeiro-ministro pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém, Lisboa, 20 de março de 2024. MIGUEL A. LOPES/LUSAMIGUEL A. LOPES/LUSA

Do lado do novo Governo, chefiado por Luís Montenegro, a prioridade será desbloquear o pagamento dos 3,19 mil milhões de euros relativo ao quinto cheque do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que está relacionado com a reforma da orgânica do Estado, que passa, nomeadamente, pela concentração de ministérios no novo edifício da Caixa Geral de Depósitos (CGD), extinção de dezenas de cargos dirigentes e fusão de vários serviços, com vista a gerar poupanças e ganhos de eficiência.

Num dos primeiros Conselhos de Ministros do novo elenco governativo, Montenegro deverá aprovar diplomas que acelerem o cumprimento das metas e marcos do PRR no que toca à reforma administrativa do Estado. A proposta de lei, que poderá ou não colher os contributos do Executivo de António Costa, terá depois de passar pelo crivo do Parlamento.

Ora, o último Conselho de Ministros da maioria absoluta socialista aprovou, esta segunda-feira, dois projetos de propostas de lei para ajudar o Governo de Montenegro a acelerar a sua execução dos fundos comunitários. Isto, depois das críticas do comentador Luís Marques Mendes, que acusou o Governo de atrasar o PRR, e o posterior desmentido do Executivo demissionário.

Resta saber se o novo primeiro-ministro vai aproveitar o trabalho de casa de António Costa e seguir com o planeado, fazendo apenas alguns ajustes, ou avançar noutra direção, apresentando alterações de fundo.

O certo é que o desbloqueio dos pagamentos do PRR é crucial. No seio da cúpula máxima do PSD há a plena noção da rapidez que será necessária, nos próximos tempos. Não foi por acaso que Luís Montenegro fez o “sacrifício”, como classificou Marcelo Rebelo de Sousa, de ser indigitado como primeiro-ministro de madrugada para poder apresentar-se nessa qualidade num encontro que teve logo a seguir, em Bruxelas, com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Saúde, professores e forças de segurança

Paralelamente, o Governo de Montenegro vai avançar com o plano de emergência para a saúde, contratualizando com privados, para reduzir as listas de espera para consultas e cirurgias. O descongelamento da carreira dos professores e a valorização das forças de segurança são outras bandeiras, mas o Executivo ainda está a avaliar o que pode avançar por decreto e por proposta de lei, que, neste caso, teria de ser viabilizada pela maioria dos deputados.

Estas matérias também estão no elenco de prioridades do PS. Mas os socialistas não querem revelar já se apresentam ou não com iniciativas, porque estão à espera para ver qual a decisão do Governo de Montenegro em relação a um eventual Orçamento retificativo. Pedro Nuno Santos já avisou que aprova uma revisão orçamental se for para atribuir o subsídio de risco aos polícias e aumentar os salários dos professores, via descongelamento da carreira, e dos profissionais de saúde. Se Montenegro atirar estas medidas para o Orçamento do Estado para 2025, o PS chumba a proposta, ameaçou o líder da oposição.

Mas é ainda incerto se o PSD vai querer avançar com um retificativo, já que terá margem orçamental para implementar algumas das principais medidas do programa. A ideia que tem vindo a ganhar terreno é de que os benefícios reputacionais de uma revisão orçamental são diminutos e que será possível governar com o Orçamento de Costa.

O presidente do Chega, André Ventura, já sinalizou quais seriam as duas primeiras iniciativas legislativas do Chega: a equiparação do suplemento de missão a todas as forças e serviços de segurança, guardas prisionais e forças militares, e uma “reforma de luta contra a corrupção, ampliando largamente a capacidade de o Estado confiscar bens da corrupção e crimes económicos“.

A questão do subsídio das forças de segurança parece ser unânime entre os partidos, ainda que não seja obrigatório que passe pelo Parlamento, a não ser que faça parte de um Orçamento retificativo. Tanto PS como Chega já sinalizaram disponibilidade para viabilizar um retificativo que se foque em áreas onde há entendimentos, como os aumentos para alguns grupos da Função Pública.

Já a Iniciativa Liberal vai avançar com várias propostas legislativas no arranque da sessão legislativa, destacando cinco na área da habitação e da saúde. Na habitação, há um foco na reversão das “medidas lesivas” do pacote Mais Habitação, aprovado pelo Governo de António Costa, nomeadamente as alterações “desproporcionais e persecutórias ao regime do Alojamento Local”, segundo indica o partido no projeto de Lei a que o ECO teve acesso. Querem também revogar o direito de preferência do Estado em transações particulares de imóveis de habitação.

Já na saúde, a IL quer que seja assumido o compromisso de dar médico de família a todos os portugueses, nomeadamente com a contratualização da prestação de cuidados de saúde com os setores social e privado. Além disso, quer também o regresso das parcerias público-privadas na saúde, nos hospitais de Braga, Loures e Vila Franca de Xira.

A par destas propostas, vai avançar também com um pacote com várias medidas de descomplicação e desburocratização do Estado, coordenado por Carlos Guimarães Pinto.

Moção de rejeição e aumento do salário mínimo já em 2024

O Bloco de Esquerda “começará, desde o primeiro dia da legislatura, a cumprir os compromissos que assumiu nas eleições”, revela o partido de Mariana Mortágua em declarações ao ECO. “Isso passa, entre outros temas, pela valorização das carreiras dos trabalhadores do Estado, pelo aumento de rendimentos também no setor privado ou pelo reforço dos instrumentos de combate à pobreza“, indica, sem dar mais detalhes. Nestas áreas, o programa eleitoral dos bloquistas defende que o salário mínimo deve subir, já em 2024, para os 900 euros. De salientar que, este ano, o ordenado mínimo progrediu 60 euros, de 760 para 820 euros.

Entre as medidas de combate à pobreza, o BE propõe ainda “o alargamento do acesso ao Complemento Solidário para Idosos (CSI), elevando o seu valor de referência a ser calculado a partir do valor do limiar da pobreza, com 14 prestações por ano e eliminando a norma que contabiliza os rendimentos dos filhos e das filhas para acesso a esta prestação social”, lê-se no programa. Os primeiros projetos do BE serão anunciados esta terça-feira.

Nos primeiros dias de Parlamento, o PCP vai avançar com uma moção de rejeição ao programa de Governo de PSD/CDS que será chumbada com os 138 votos da da maioria de direita (80 da AD, 50 do Chega, e 8 da IL). Para ser aprovada, a iniciativa precisa de, pelo menos, 116 votos, isto é, de uma maioria absoluta em efetividade de funções.

Para além disso, o partido liderado por Paulo Raimundo vai propor iniciativas que visam “o aumento geral dos salários, incluindo do salário mínimo nacional para mil euros em 2024; o aumento extraordinário das reformas e pensões; a valorização e a garantia de condições de trabalho dos profissionais de saúde, bem como o reforço do SNS; a contabilização de todo o tempo de serviço dos professores; o controlo e fixação de preços de bens e serviços essenciais; a defesa do direito à habitação; o combate às privatizações, à corrupção e às injustiças; a defesa do cumprimento da Constituição da República Portuguesa”, indicou ao ECO a deputada do PCP, Paula Santos.

No que diz respeito ao descongelamento da carreira dos professores, poderá haver acolhimento tanto por parte do PSD/CDS como do PS, para além de BE, Livre e PAN. Esta será uma das matérias que deverá reunir maior consenso parlamentar.

O PAN vai avançar com iniciativas na área fiscal, sistema eleitoral, proteção animal, direitos das mulheres e ambiente. Segundo fonte oficial do partido, entre as primeiras iniciativas encontra-se “um programa de emergência fiscal, para proteger os rendimentos das famílias e devolver-lhes a receita fiscal gerada pela inflação”, onde se inclui uma “revisão intercalar de escalões de IRS; a reintrodução do IVA Zero até 31 de dezembro de 2024; o alargamento da duração do IRS Jovem por mais dois anos; a criação de um regime especial de isenção contributiva para os trabalhadores-estudantes e a redução para 6% do IVA dos cuidados médico-veterinários e da ração dos animais de companhia”.

Já para o sistema eleitoral há propostas para a “criação de um círculo nacional de compensação e a alteração dos círculos eleitorais, para garantir uma maior representação de todos os distritos, incluindo do interior e dos círculos da emigração”. Em matéria ambiental, vão propor “promover a criação de um Tratado do Mar e assegurar o cumprimento e regulamentação da Lei do Clima, garantindo a aprovação de uma moratória que impeça a mineração em mar profundo e a instalação e entrada em funções do Conselho para a Ação Climática”.

O Livre não respondeu às questões colocadas pelo ECO até ao fecho da edição deste artigo.

Lobby e revisão constitucional ficaram pendentes

Além das iniciativas que os partidos vão dar prioridade, existem também alguns dossiês que não ficaram fechados na última legislatura. É o caso da lei do lobby. Tudo indicava que iria avançar antes da dissolução, já que a Assembleia da República aprovou na generalidade os projetos de lei do PS, PSD, IL e PAN para regulamentar o lobbying, mas tal acabou por não se concretizar na especialidade já que o PSD pediu um adiamento e já não restava tempo antes da dissolução.

Esta lei previa a criação de um registo de transparência da representação de interesses junto do Parlamento e há vários partidos que voltaram a inscrever esta intenção nos programas.

Há ainda a revisão constitucional, para a qual tinha sido criada uma Comissão Eventual para a Revisão Constitucional, em dezembro de 2022. “Foram apresentados 8 Projetos de Revisão Constitucional que no seu conjunto compreendem 393 propostas de alteração, revogação e aditamento de artigos da Constituição”, como indica um relatório do Parlamento.

No entanto, é de salientar que Bloco e PCP acordaram travar o processo de revisão constitucional, segundo sinalizaram após uma reunião esta segunda-feira. A revisão constitucional exige a aprovação por dois terços dos deputados.

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Portugal desperdiçou 790 milhões de euros em linhas de crédito

Dos 890 milhões de euros que Portugal tinha à disposição desde 2018, a quase totalidade ficou por utilizar. Banco Europeu de Investimento decidiu cancelar linhas de crédito on-lending, apurou o ECO.

A maior parte das linhas de crédito que o Banco de Fomento herdou da IFD foram canceladas e Portugal terá desperdiçado cerca de 790 milhões de euros de financiamento, apurou o ECO.

O Banco Europeu de Investimento (BEI) decidiu atribuir à Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD) – uma das entidades que foi integrada na Sociedade de Garantia Mútua para dar origem ao Banco Português de Fomento – um empréstimo de 100 milhões de euros, no âmbito de uma linha de crédito de 250 milhões de euros.

“O acordo é o primeiro entre o banco da UE e a instituição promocional nacional portuguesa e permitirá à IFD facultar linhas de crédito ao sistema bancário nacional em condições financeiras vantajosas, tanto em termos de baixas taxas de juro como de longos prazos, para apoiar projetos de investimento de empresas portuguesas”, anunciava o BEI em comunicado a 26 de janeiro de 2018. O contrato de empréstimo foi assinado pelo vice-presidente do BEI, Román Escolano, e pelo administrador executivo da IFD, Henrique Cruz.

Este empréstimo de 100 milhões foi operacionalizado através de dois intermediários financeiros – o Novobanco e o BCP. Num ponto de situação feito em 2020 pela IFD, com a EY, esta linha tinha apoiado 28 empresas e tinha 46 milhões de euros de financiamento aprovado.

Fonte: Caracterização e impacto das operações de financiamento às empresas pela Instituição Financeira de Desenvolvimento 2016-2020

Mas desde essa primeira tranche nunca mais foi pedido um reforço da mesma e o ECO sabe que a linha não foi utilizada na totalidade e os bancos ainda não foram informados do seu cancelamento. De acordo com as regras, os montantes não utilizados terão de ser devolvidos ao BEI. Com os bancos a melhorar o rácio entre depósitos e crédito o apetite por linhas on-lending reduziu-se, já que a liquidez deixou de ser um problema e não faz sentido levantar mais liquidez, já que isso representa um custo adicional para a banca, explicou ao ECO uma fonte do setor.

O relatório e contas do banco de 2022 explica que “nos compromissos revogáveis e no âmbito da atividade de on-lending encontram-se refletidos os contratos de financiamento celebrados com o BEI que totalizam 790 milhões de euros e com o CEB, no montante de 100 milhões e que dizem respeito a linhas de crédito aprovadas e não utilizadas”.

Posteriormente, o BPF nunca fez qualquer comunicado com um avanço na execução destas linhas. O relatório e contas revelava ainda que, “de acordo com os aditamentos aos contratos ocorridos, as datas limite de execução ocorrerão até ao final de 2023”.

Fonte: Relatório e Contas do BPF2022

E assim foi já que estão por utilizar 790 milhões deste 890 milhões de euros. A decisão prende-se também com o facto de o BEI ter um custo com este tipo de liquidez disponível para Portugal, que poderia levantar o montante contratado, se e quando o entender, explicou ao ECO outra fonte do setor. Como em cinco anos não o fez, a opção foi cancelar as linhas.

O ECO questionou oficialmente as duas instituições, mas ambas optaram por não confirmar o cancelamento das linhas. “O BEI e o BPF mantêm uma comunicação contínua para ajustar opções de financiamento às necessidades do mercado, de forma a contribuir para a competitividade da economia portuguesa e ao mesmo tempo promover a transição verde e digital do país”, disse ao ECO fonte oficial da instituição agora liderada por Nadia Calviño.

Já o Banco de Fomento sublinhou que “no quadro de uma colaboração contínua e de uma parceria consolidada, o BPF e o BEI têm estabelecido um conjunto de acordos para apoiar as PME e as MidCaps em Portugal, com o intuito de maximizar o impacto positivo na economia e nas empresas portuguesas”.

“Temos mantido um diálogo próximo com o BEI, para alinhar a criação de novas linhas ou instrumentos financeiros quando identificadas lacunas específicas no mercado que possam não ter sido atendidas por outras soluções ao dispor das empresas portuguesas, como é caso o Fundo Europeu de Garantias, associado às linhas de apoio lançadas durante a pandemia de Covid-19, bem como os instrumentos desenvolvidos no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, que satisfaçam necessidades similares”, acrescentou fonte oficial da instituição liderada por Celeste Hagatong e Ana Carvalho.

Fontes do mercado ouvidas pelo ECO sublinham que as necessidades do setor estão agora mais concentradas na obtenção de garantias que ajudem a multiplicar o balanço dos bancos, mas o BPF, presentemente apenas disponibiliza garantias para o setor social e para a área da sustentabilidade. A prometida substituição da linha de garantias ADN, lançada em 2018 e descontinuada o ano passado, ainda não teve qualquer avanço, apesar de já ter sido prometida para o primeiro semestre de 2023.

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Maduro oficializa recandidatura à presidência da Venezuela

  • Lusa
  • 25 Março 2024

Os opositores, "submissos ao imperialismo, todos eles lacaios da direita, são o anti-projeto, são uma escaramuça", disse Nicolás Maduro.

O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido do regime) formalizou esta segunda-feira a candidatura de Nicolás Maduro às eleições presidenciais de 28 de julho, nas quais concorre a um terceiro mandato de seis anos.

A candidatura foi apresentada ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) pelo vice-presidente do PSUV, Diosdado Cabello, um ato transmitido em direto pela televisão estatal venezuelana, com milhares de simpatizantes de várias partes do país presentes no local, na capital Caracas.

“Hoje vim não só escrever o meu nome, mas escrever um sonho de pátria, vim convidar-vos a continuar a sonhar e a transformar a nossa realidade, a avançar para o futuro. Esta não é uma eleição para uma cor, um nome ou um homem, o que vamos eleger no dia 28 de julho é o direito ao futuro, à existência, à vida, à independência, a ter uma pátria”, disse Nicolás Maduro, uma vez apresentada a candidatura.

Maduro aproveitou para acusar a oposição de pretender entregar a Venezuela aos norte-americanos. Os opositores, “submissos ao imperialismo, todos eles lacaios da direita, são o anti-projeto, são uma escaramuça”, disse. “Nunca tiveram um projeto para o país, mas ambições pessoais, interesses económicos, que querem satisfazer a qualquer preço, para entregar o nosso país ao império norte-americano”, adiantou.

Segundo a imprensa local, Nicolás Maduro, foi o décimo político venezuelano a formalizar a sua candidatura às presidenciais de 28 de julho, poucas horas antes de terminar o prazo para a apresentação de candidaturas.

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PAN/Madeira diz que viabiliza orçamento e programa do governo caso não haja eleições antecipadas

  • Lusa
  • 25 Março 2024

"Tudo depende da posição do Presidente da República. Se entender manter o Governo Regional, estamos disponíveis para viabilizar apenas o programa do Governo e o orçamento regional", diz PAN.

A deputada única do PAN na Assembleia da Madeira disse esta segunda-feira estar disponível para “viabilizar apenas” o Programa do Governo e o Orçamento Regional do executivo PSD/CDS-PP, caso não se realizem eleições antecipadas no arquipélago.

“Não há acordo. Mas, tudo depende da posição do Presidente da República. Se entender manter o Governo Regional [de coligação PSD/CDS-PP], estamos disponíveis para viabilizar apenas o Programa do Governo e o Orçamento Regional”, disse Mónica Freitas, em declarações à agência Lusa.

A dirigente do Pessoas-Animais-Natureza reagia às declarações do presidente demissionário do executivo madeirense, o social-democrata Miguel Albuquerque, que considerou não haver justificação para eleições antecipadas na região, adiantando estar em fase final a negociação para assegurar ao Presidente da República que se mantém a mesma maioria absoluta.

O Governo Regional da Madeira, de coligação PSD/CDS-PP, com o apoio parlamentar do PAN, está em gestão desde o início de fevereiro, depois de o presidente do executivo ter pedido a demissão, após ter sido constituído arguido no âmbito de um processo em que são investigadas suspeitas de corrupção no arquipélago.

Na sequência da exoneração de Miguel Albuquerque, formalmente aceite em 05 de fevereiro e que levou à queda do executivo, o representante da República, Ireneu Barreto, anunciou que iria manter o Governo da Madeira em gestão até o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, decidir se dissolve o parlamento madeirense. Sobre a crise política na região, o Presidente da República anunciou hoje que vai ouvir na quarta-feira os partidos com assento na Assembleia Legislativa da Madeira, reunindo o Conselho de Estado no mesmo dia, às 18:00.

O PAN defendeu desde o início da crise política na Madeira que só mantinha o acordo de incidência parlamentar, que garante a maioria absoluta ao executivo, se Miguel Albuquerque abandonasse o Governo Regional. Nas declarações à Lusa, Mónica Freitas admitiu que, no caso de o chefe de Estado decidir “manter a atual situação” e excluir o cenário de eleições regionais antecipadas, o PAN tomará a sua posição em nome da estabilidade.

“Estamos disponíveis para qualquer cenário. O nosso foco são as pessoas e as causas”, sublinhou. Mónica Freitas realçou que o PAN “vai ouvir na quarta-feira Marcelo Rebelo de Sousa e expor a sua posição depois de ter auscultado as pessoas sobre a situação” política na região.

Questionado sobre a composição da maioria absoluta que pretende apresentar a Marcelo Rebelo de Sousa, Miguel Albuquerque admitiu que “possivelmente será a mesma”, composta por PSD, CDS-PP e PAN. As audiências do Presidente da República com os partidos com assento parlamentar decorrem na quarta-feira por ordem crescente de representação, começando com o BE, às 10:00, seguindo-se, com intervalos de meia-hora, o PAN, a IL, o PCP, o CDS-PP e o Chega.

Da parte da tarde, o chefe de Estado ouve o Juntos Pelo Povo (14:00), o PS (14:30) e o PSD (15:00). Às 18:00 realiza-se a reunião do Conselho de Estado, órgão de consulta do Presidente, no qual se deverá avaliar o cenário de dissolução da Assembleia Legislativa Regional da Madeira e convocação de eleições antecipadas.

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Uso da marca ‘Bolhão’ por hipermercado da Sonae levanta dúvidas

  • Lusa
  • 25 Março 2024

"A administração do Continente reconheceu o erro e afirmou que a campanha de divulgação da nova loja será corrigida", indica o município portuense.

A associação que representa alguns comerciantes do Mercado do Bolhão, no Porto, afirmou esta segunda-feira estar preocupada com a utilização do logótipo ‘Bolhão’ por um hipermercado do grupo Sonae e com a abertura de praças de alimentação e supermercados nas proximidades. Em comunicado, a Associação de Comércio Tradicional Bolha de Água afirma que desde o início do ano “o nome ‘Bolhão’ está a ser publicitado pelo Bom Dia Continente”, que abrirá no Quarteirão D. João I.

“Se já é difícil a um mercado de frescos sobreviver a mais uma instalação de uma cadeia alimentar, basicamente à porta do mercado, mais difícil será, se lhes é permitido apoderarem-se do valor comercial do Bolhão, como está a acontecer”, refere a Bolha de Água, que diz querer saber que medidas vai tomar o município pela utilização “abusiva” do nome Bolhão.

“É nosso entendimento que é uma obrigação legal o município do Porto atuar prontamente. Aquele empreendimento tem o nome Quarteirão D. João I. Não se chama Quarteirão Bolhão”, defende. Contactada pela Lusa, a Câmara do Porto afirmou que teve conhecimento do “uso abusivo” da marca e que “prontamente diligenciou um protesto junto da administração do hipermercado do grupo Sonae”.

“A administração do Continente reconheceu o erro e afirmou que a campanha de divulgação da nova loja será corrigida”, acrescentou o município, dizendo não ter competências “para evitar a abertura desta superfície comercial”. No comunicado, a associação diz ainda estar preocupada com a abertura em breve de mais uma praça de alimentação, gerida pela Time Out, na Estação de São Bento.

“Ao mesmo tempo, também se promove a transição de um mercado de frescos e tradicional para outra praça de alimentação no Bolhão, destruindo os elementos diferenciadores e de atratividade do mesmo mercado que terá de competir com dois colossos: a Sonae e a Time Out”, acrescenta, solicitando “urgência de atuação” por parte do município.

Sobre a marca e logótipo ‘Bolhão’ a associação defende ainda que o artigo que determina a sua utilização seja revisto, passando a abranger os arrendatários das lojas exteriores, o que considera “incompreensível” não acontecer. “À data atual nenhuma entidade jurídica, particular ou coletiva pode utilizar o nome, marca ou logótipo do Bolhão sem consentimento expresso do município”, refere.

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