Despedimentos coletivos caem para menos de metade em 2021

  • Lusa
  • 21 Janeiro 2022

No ano passado, o número de trabalhadores a despedir totalizou 4.441 (contra 8.033 em 2020), tendo sido efetivamente despedidos 3.759 (que compara com 7.513 em 2020).

O número de despedimentos coletivos comunicados em 2021 totalizou 336, menos de metade do registado em 2020, revelam dados publicados esta sexta-feira pela Direção-Geral do Emprego e das Relações do Trabalho (DGERT).

Os dados mostram que em 2021 o número caiu em 51,9% face a 2020, ano marcado pela pandemia de covid-19 e quando foram comunicados 698 despedimentos coletivos, o valor mais elevado desde 2013 (ano com 990 processos comunicados).

Em 2021, o número de trabalhadores a despedir totalizou 4.441 (contra 8.033 em 2020), tendo sido efetivamente despedidos 3.759 (que compara com 7.513 em 2020).

A maioria dos processos ocorreu nas microempresas (118) e nas pequenas empresas (122), seguindo-se as médias empresas (64) e as grandes empresas (32). Lisboa e Vale do Tejo foi a região mais afetada (213 processos), seguida pelo Norte (86), Centro (26), Algarve (7) e Alentejo (4).

Tendo em conta apenas o mês de dezembro, foram comunicados à DGERT 18 processos de despedimento coletivo, face a 48 no mesmo mês de 2020.

Em dezembro, foi no comércio por grosso e a retalho e reparação de veículos automóveis e motociclos que se verificou a maior percentagem de despedimentos coletivos (31%), seguindo-se as indústrias transformadoras e as atividades administrativas e dos serviços de apoio (ambas com 13%).

Também se verificaram despedimentos coletivos na construção (9%), no setor da eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio (9%), nos transportes e armazenagem (4%), nas atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares (4%) e nas atividades de saúde humana e apoio social (4%).

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TAP fecha o ano de 2021 com números acima do plano de reestruturação

A TAP vai apresentar os resultados oficiais de 2021 em março. Números provisórios apontam para um crescimento da receita 15% acima do previsto no plano de reestruturação.

A TAP já fechou os números provisórios de 2021, e registou um desempenho operacional acima do que consta no plano de reestruturação aprovado pela Comissão Europeia no final do ano. De acordo com informações apuradas pelo ECO, as receitas da TAP cresceram 14% acima do previsto, enquanto as despesas operacionais ficaram 5% aquém do valor constante do plano de reestruturação. “Embora as contas apenas sejam apresentadas em março, estamos concentrados no cumprimento do plano, cuja implementação está a correr melhor do que o inicialmente previsto“, afirmou ao ECO uma fonte oficial da companhia.

Oficialmente, a TAP não revela detalhes sobre os números de 2021 nem sobre o que consta do plano de reestruturação, e remete mais informação para março/abril, quando as contas de 2021 forem aprovadas em conselho de administração e assembleia geral, para posterior comunicação ao mercado. Mas não desmentiu os números do ECO.

A TAP, recorde-se, entrou na campanha eleitoral por causa das afirmações de Rui Rio no debate com António Costa. O líder do PSD confrontou o líder do PS com um quadro com as tarifas de um voo da TAP de Madrid para São Francisco, e que faz escala em Lisboa. “Um voo da TAP que faz Madrid-São Francisco, e faz escala em Lisboa. Sabe quanto paga o espanhol? 190 euros de Madrid a São Francisco com escala em Lisboa. O português, se apanhar o avião em Lisboa para ir para São Francisco, paga 697 euros”.

Em resposta, numa mensagem escrita enviada ao ECO, a companhia aérea explicou a diferença de preços com o facto de um voo ser direto e o outro não. “Os preços são determinados pela lei da oferta e da procura. Há uma forte concorrência na oferta de voos de qualquer aeroporto da Europa para os EUA“. Por outro lado, “os voos diretos entre dois destinos têm sempre uma maior procura do que os voos com escalas. A lei da oferta e da procura funciona, pelo que são normalmente mais caros do que os voos com escalas, um produto mais demorado, menos confortável e pior, desse ponto de vista”.

De acordo com as informações apuradas pelo ECO, a pandemia atrasou a recuperação da atividade da TAP, mas isso acabou por ter dois efeitos positivos no desempenho operacional de 2021: por um lado, a despesa foi inferior ao previsto, por outro, a menor disponibilidade de voos pressionou a procura de voos de longo curso, o que permitiu aumentar preços. Particularmente para o Brasil. Num voo de ida para São Paulo, por exemplo, para o próximo dia 31 de janeiro, a tarifa mais baixa é de 675 euros em classe económica e, como se lê, já há poucos lugares disponíveis. Em business, já ultrapassa os mil euros.

De resto, o aumento de casos de covid-19 entre o pessoal das companhias aéreas está a deixar aviões em terra um pouco por todo o mundo e a TAP não é exceção. A transportadora portuguesa confirma a existência de voos cancelados. Como o ECO revelou, “a TAP tem estado a ajustar a operação para fazer face a um pico de baixas de tripulantes (maioritariamente devido ao Covid), que já levou ao cancelamento de alguns voos, estando os passageiros a ser acomodados noutros voos da companhia ou de companhias parceiras“, respondeu fonte oficial da companhia, sem indicar números concretos.

Em resposta, o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) revelou que via “com apreensão o cancelamento de inúmeros voos da TAP nas últimas semanas” e acrescentou que isso refletia um “desajuste” do quadro de pessoal face às necessidades.

No final do ano, a Comissão Europeia deu luz verde ao plano de reestruturação da TAP, mais de um ano depois do envio da primeira proposta pelo Governo, considerando que a companhia tem viabilidade a longo prazo. Bruxelas impôs, no entanto, compromissos. A TAP terá de ceder 18 slots no aeroporto de Lisboa e vender empresas. A decisão abre caminho à entrada de mais 1.526 milhões de euros do Estado na transportadora, de um total global de 3,2 mil milhões de euros ao longo até 2025, ano em que já deverá registar lucros. O equilíbrio orçamental deverá ser atingido em 2023, de acordo com o plano de reestruturação.

Em declarações à agência Lusa, a presidente executiva (CEO) da TAP, Christine Ourmières-Widener, disse estar confiante de que qualquer governo que saia das próximas legislativas verá que o plano de reestruturação da companhia pode criar valor ao país. “Estou confiante que qualquer governo vai ver como este plano [de reestruturação] está bem organizado e bem estruturado e que é um plano que conseguirá trazer valor, não só à companhia, mas também ao país”, defendeu Ourmières-Widener, em entrevista à agência Lusa.

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Irlanda levanta quase todas as restrições Covid a partir das 6h de sábado

Vão chegar ao fim uma série de restrições que estavam em vigor na Irlanda, nomeadamente limites à capacidade para eventos ao ar livre e eventos no interior e a utilização do certificado.

O chefe de Governo da Irlanda anunciou o levantamento de quase todas as restrições impostas devido à Covid-19 a partir das 6h00 de sábado. “Está na altura de sermos nós próprios outra vez”, disse Micheál Martin, quando revelou o relaxamento das medidas, segundo o Irish Times (acesso livre, conteúdo em inglês).

As visitas domiciliares vão ser permitidas sem restrições, o horário de encerramento antecipado para o alojamento e eventos será levantado, assim como as restrições de capacidade para eventos ao ar livre e eventos no interior, incluindo casamentos. As discotecas vão poder reabrir e um regresso faseado ao escritório vai começar a partir de segunda-feira.

As regras que ditavam o distanciamento físico, mesas no interior apenas com lugares sentados, grupos de seis para atividades, a necessidade de um certificado Covid para todos os locais e atividades e o requisito de dar os detalhes de contacto vão também chegar ao fim na Irlanda.

A recuperação da sociedade e da economia da Irlanda “já está em andamento e continuaremos a fazer o que for necessário para apoiá-la”, disse o “taoiseach” irlandês, que decidiu também manter e alargar a prestação de um conjunto de apoios.

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Casa Aberta disponível para pessoas com mais de 50 anos

  • Lusa
  • 21 Janeiro 2022

A dose de reforço já está disponível em casa Aberta para pessoas com 50 ou mais anos que tenham o esquema vacinal primário contra a covid-19 há mais de cinco meses.

A modalidade de vacinação Casa Aberta está desde esta sexta-feira disponível para pessoas com 50 ou mais anos que tenham o esquema vacinal primário contra a covid-19 há mais de cinco meses, informaram os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde.

Em comunicado, informam também que se mantém a mesma modalidade de vacinação para pessoas com 30 anos ou mais e que foram vacinadas com a vacina da Janssen há 90 ou mais dias, sem necessidade de qualquer tipo de marcação ou contacto prévio.

Está também disponível a modalidade Casa Aberta mediante senha digital para grupos prioritários de vacinação, como magistrados e elementos do sistema judicial, estudantes dos cursos de saúde (mediante declaração do estabelecimento de ensino superior) e cidadãos das mesas de voto para as eleições legislativas de dia 30 e respetivos elementos auxiliares.

Grupos prioritários, diz-se no comunicado, são também os profissionais da PSP, GNR, Polícia Judiciária e Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), além da comunidade universitária (estrutura docente e apoio) e pessoas com comorbilidades, elegíveis para esta fase da vacinação, portadoras de declaração médica.

Os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde lembram que para usufruírem do sistema de senha digital da modalidade Casa Aberta os utentes devem solicitar uma senha no dia em que pretenderem ser vacinados. No portal Covid-19 devem preencher um formulário. E no centro de vacinação, os utentes devem apresentar um documento comprovativo da profissão que exercem.

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Yellen admite preocupação com inflação alta nos EUA

  • Lusa
  • 21 Janeiro 2022

"É claro que a inflação é um motivo válido de preocupação", disse a secretária do Tesouro dos EUA.

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos reconheceu esta sexta-feira que a inflação elevada é “um motivo válido de preocupação”, mas antecipou que baixará no próximo ano, depois da esperada subida das taxas de juro pela Reserva Federal.

Numa intervenção por videoconferência no Fórum de Davos, Janet Yellen destacou a solidez económica dos Estados Unidos, com um crescimento previsto de 5,3% em 2021 e uma taxa de desemprego de 3,9%, em plena recuperação da crise provocada pela pandemia de covid-19.

“O mercado laboral está excecionalmente forte. Mais de seis milhões de empregos foram criados no ano passado e a taxa de desemprego está de novo abaixo de 4%”, indicou.

No entanto, Yellen apontou os problemas criados pela subida da inflação, após os Estados Unidos terminarem o ano com uma taxa de 7%, a mais alta em quatro décadas.

“É claro que a inflação é um motivo válido de preocupação”, disse, assinalando que “supera qualquer aumento que deveria ocorrer normalmente num mercado de trabalho com uma taxa de desemprego de 3,9%”.

A secretária do Tesouro disse que espera que a inflação “diminua substancialmente no próximo ano”, quando “se espera que o banco central norte-americano continue a enfrentar essa pressão completando o seu duplo mandato (de promoção de pleno emprego e de estabilidade de preços)” e suba as taxas de juro.

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Diário de campanha. Rosa Mota chama “nazizinho” a Rui Rio

  • Tiago Lopes
  • 21 Janeiro 2022

Antiga maratonista e campeã olímpica esteve presente esta sexta-feira num encontro com apoiantes do líder do PS onde chamou Rui Rio de “nazizinho”.

Com o avançar da pandemia de Covid19, os partidos foram obrigados a fazer algumas alterações nas suas campanhas. É, por isso, esperado que muitas das suas ações passem por uma comunicação mais presente nas redes sociais. O ECO vai resumir diariamente até ao dia 30 de janeiro tudo o que de mais importante foi dito pelos principais intervenientes na corrida às legislativas de 2022.

A polémica do dia nas redes sociais envolve a antiga maratonista Rosa Mota. Na manhã desta sexta-feira, António Costa esteve reunido, em Monsanto, Lisboa, com 15 personalidades independentes, onde também estava presente a campeã olímpica de 1988. E foi aqui que Rosa Mota se dirigiu a Rui Rio como “nazizinho”.

“Eu realmente não percebo como é que as pessoas não conseguem ver o que se tentou destruir naquela cidade (Porto). Ele é que manda, é um nazizinho e o resto põe de lado”, disse Rosa Mota numa conversa com apoiantes do líder do PS, António Costa.

Rui Rio não demorou a responder, registando que “não é essa a forma de se fazer campanha, nem de fazer política”.

“Eu nem vou conferir grande importância porque acho que é dar importância demais a quem a não deve ter, agora não é essa a forma de se fazer campanha, nem de fazer política, a minha não é e está provado que não é, mas o doutor António Costa é que sabe quem mete dentro da sala”, disse o líder do PSD, à chegada à Figueira da Foz, em declarações às televisões.

Outros apontamentos da campanha

No Twitter, o PAN divulgou uma publicação onde reforça a aposta na criação de um Ministério da Economia e das Alterações Climáticas e do Ministério do Ambiente, Biodiversidade e Proteção Animal, lembrando que a “economia não pode estar dissociada das alterações climáticas.”

Já o Bloco de Esquerda lembra a importância do SNS como pilar da democracia. “A solução para os seus problemas não passa por destruí-lo e enviar pessoas para o privado,” lê-se na conta oficial do partido liderado por Catarina Martins.

O Partido Socialista publicou um conjunto de imagens do encontro desta sexta-feira com 15 personalidades independentes.

O dirigente comunista João Ferreira está em isolamento depois de ter testado positivo à Covid-19, mas nem por isso ficou afastado das redes sociais. Na sua conta no Twitter publicou um vídeo de Manuel Pires da Rocha, primeiro candidato da CDU pelo círculo da Coimbra.

André Ventura voltou a criticar o elevado preço que os portugueses pagam para circular nas estradas de Portugal.

O “Diário de campanha nas redes” é uma rubrica diária sobre os acontecimentos que estão a marcar a campanha eleitoral nas redes sociais.

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Processo EDP volta para as mãos de Carlos Alexandre

Este foi o último processo a ser sorteado no total dos processos do novo Ticão. Suspeitas que recaem sobre Mexia, Manso Neto e Pinho voltam para as mãos de Carlos Alexandre.

O processo EDP voltou a ir parar às mãos de Carlos Alexandre. O sorteio eletrónico dos processos do novo Ticão — que agora tem nove juízes de instrução e não apenas Carlos Alexandre e Ivo Rosa — foi realizado no passado dia 12 de janeiro. Mas o processo EDP — que envolve Mexia, Manso Neto e Manuel Pinho — ficou de fora desta distribuição eletrónica. O ECO/Advocatus sabe que o processo ficou retido no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e só esta sexta-feira chegou ao Ticão para ser sorteado. Certo é que — apesar de existirem mais sete juízes no tribunal — o processo foi de novo parar às mãos deste juiz de instrução.

O processo já tinha estado nas mãos de Carlos Alexandre que aplicou uma caução de seis milhões a Manuel Pinho e prisão domiciliária com pulseira eletrónica. O ex-ministro ficou assim como o arguido com a mais alta caução aplicada pela justiça portuguesa, com aplicação da pulseira eletrónica. Este sorteio eletrónico surge também pelo facto de Ivo Rosa estar em exclusivo com o processo BES, Octopharma e Marquês e por isso ter de ‘transferir’ os seus processos aos seus colegas.

O processo das rendas excessivas da EDP está há cerca de dez anos em investigação no Departamento Central de Investigação e Ação Penal e tem como arguidos o ex-presidente da EDP António Mexia, João Manso Neto, ex-presidente da EDP Renováveis, o administrador da REN e antigo consultor de Pinho João Faria Conceição, e Pedro Furtado, responsável de regulação na empresa gestora das redes energéticas. Manuel Pinho foi constituído arguido no âmbito do caso EDP por suspeitas de fraude fiscal e branqueamento de capitais, num processo relacionado com dinheiros provenientes do Grupo Espírito Santo.

O inquérito investiga práticas de corrupção e participação económica em negócio nos procedimentos relativos à introdução no setor elétrico nacional dos Custos para Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC).

No dia 11 de janeiro, o Conselho Superior da Magistratura decidiu contra o pedido de impugnação de Carlos Alexandre e mais quatro magistrados contra o sorteio eletrónico dos processos. Com esta decisão, o processo EDP sairia das mãos do juiz Carlos Alexandre. Mas, para já, tudo se mantém como estava, neste que é um dos processos mais mediáticos do Ticão.

No dia 4 de janeiro entrou em vigor a lei que retirou a exclusividade da dupla Carlos Alexandre e Ivo Rosa no “Ticão”. Este diploma determinou que o TCIC passasse a ter uma composição com mais sete juízes, e não apenas dois, depois de se fundir com o Juízo de Instrução Criminal de Lisboa. Mas esta nova fase do Ticão ficou marcada por esta impugnação de seis páginas.

Outro dos processos mediáticos pendentes no Ticão — da instrução do caso da divulgação dos mails do Benfica pelo Porto Canal, que estava a cargo de Carlos Alexandre — voltou por sorteio a calhar ao mesmo juiz, com uma probabilidade de 1 para 7, tendo em conta o número de magistrados que compõem atualmente o ‘Ticão’.

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Das 372 páginas das medidas de coação de Pinho, só seis são escritas por Carlos Alexandre

Recurso de Ricardo Sá Fernandes defende que decisão de Carlos Alexandre de aplicar caução em alternativa à prisão domiciliária vai contra a lei.E acusa o juiz de fazer copy paste do despacho do MP.

Um despacho de 372 páginas, que nada mais é do que “um repositório de citações”, “copy paste da tese do Ministério Público (MP)”, com apenas seis páginas “da autoria do próprio juiz” e em que os fundamentos para aplicação de caução e prisão domiciliária a Manuel Pinho ocupam apenas uma página. Estas são algumas das críticas do advogado Ricardo Sá Fernandes, relativamente ao despacho de promoção assinado por Carlos Alexandre, no recurso relativamente às medidas de coação aplicadas a Manuel Pinho, em dezembro.

Carlos Alexandre aplicou uma caução de seis milhões a Manuel Pinho e prisão domiciliária com pulseira eletrónica, no âmbito do processo EDP. O ex-ministro ficou assim como o arguido com a mais alta caução aplicada pela justiça portuguesa, com aplicação da pulseira eletrónica.

Manuel Pinho foi constituído arguido no âmbito do caso EDP por suspeitas de fraude fiscal e branqueamento de capitais, num processo relacionado com dinheiros provenientes do Grupo Espírito Santo.

Ricardo Sá Fernandes acusa ainda o Ministério Público de aproveitar o facto de Carlos Alexandre ser o juiz de instrução responsável para a promoção das medidas de coação, já que os factos novos não motivaram nos arguidos vontade de fuga, numa investigação que já dura há dez anos sem ter sido deduzida acusação pelo Ministério Público.

“Abriu-se uma janela de oportunidade” utilizada pelo Ministério Público, “numa altura em que o processo estaria afeto a um juiz que tem uma conceção muito favorável à perspetiva do Ministério Público”. Embora admitam que “não se trata de uma crítica ao magistrado, mas sim de uma conduta violadora da boa fé e lealdade processual por parte da acusação”.

O que é dito por Ricardo Sá Fernandes, em concreto?

  • O despacho a quo é composto por 372 páginas que são pouco mais do que um repositório de citações de jurisprudência e doutrina, na sua maioria sem qualquer relação com o caso em análise, bem como de um copy paste integral da indiciação do Ministério Público, terminando com uma remissão total e sem qualquer fundamentação própria para a promoção do Ministério Público sobre os fundamentos das medidas de coacção.
  • Só 6 páginas – da 366 à 371 – do despacho é que são “da pena” do juiz de Instrução e referentes ao caso concreto, sendo tudo o resto “um puro exercício de copy paste de outras decisões, proferidas noutros processos, de jurisprudência e de doutrina sem qualquer relação ou interesse para estes autos, que o transformam numa autêntica manta de retalhos (de resto, cada parágrafo do documento está escrito com tipo e tamanho de letra diferentes, decorrente desse exercício de exaustivo copy paste)”.
  • “É mais do que natural que se citem autores, decisões, pareceres, para fundamentar ou secundar determinada opinião/decisão. Já não é normal que se deposite, sem critério, citação atrás de citação, muitas vezes sem qualquer interesse para o que se discute ou sem a mínima ligação aos autos. Infelizmente, é o que acontece com a decisão”.
  • “Exemplos de citações ou considerações que nada importam para estes autos são a referência ao crime de corrupção para o comércio internacional (pág. 350), que não está, nem nunca esteve, em causa; a referência ao perigo de perturbação do inquérito (pág. 356), que não está, nem nunca esteve, em debate”.
  • “A referência ao facto de que os arguidos se remeteram ao silêncio (págs. 354 e ss.), quando ambos prestaram declarações (um remetendo para as declarações prestadas perante MP em momento anterior, outra prestando declarações durante 6 horas perante o juiz)”.
  • O despacho é, como se vê, uma colagem de trechos de uma série de decisões que o Senhor Juiz a quo terá tomado noutros processos. É de lamentar que assim seja, considerando a importância daquilo que se discute, e o peso das medidas decretadas.
  • De facto, alguém que tem o poder de retirar a liberdade a um cidadão – cuja inocência se deve, nesta fase, ter por presumida – não se dar ao trabalho de se debruçar em concreto sobre os factos, é chocante e triste para a Justiça portuguesa. A pressa é inimiga da perfeição, e a preguiça é inimiga da Justiça.
  • Ou seja, depois de cerca de 6 horas de interrogatório de cada um – quanto a Manuel Pinho, aquando do interrogatório de 30 de julho, quanto a Alexandra Pinho, a 14 de dezembro, durante o qual foram juntos 59 documentos e respondidas todas as questões que lhe foram colocadas –, o Senhor Juiz de Instrução limitou a sua apreciação da defesa dos Arguidos ao que consta de págs. 367 e 368 – de consistência escandalosamente nula ou próximo disso –, e fundou o perigo de fuga numa pura remissão para o que sustentara o MP a tal propósito, o que fora, por sua vez, praticamente nada.

Medidas de coação vão contra a lei?

Outra das questões em que o advogado de Pinho não poupa críticas ao juiz de instrução prende-se com o facto de ter aplicado o pagamento da caução de seis milhões em alternativa à prisão domiciliária com pulseira eletrónica. Defende que esta medida privativa de liberdade tem natureza excecional e não pode ser alternativa ao pagamento de caução ou vice versa e critica o facto do valor “não estar minimamente explicado”. Avisando que “não vigora em Portugal o sistema de liberdade “on bail”, porque “a liberdade não se compra”. Concretizando:

  • O juiz “oferece a Manuel Pinho a sua liberdade, caso ele pague uma caução milionária (de resto, a mais alta alguma vez aplicada em Portugal). Nos termos da CRP, “a prisão preventiva tem natureza excecional, não sendo decretada nem mantida sempre que possa ser aplicada caução ou outra medida mais favorável prevista na lei”, equiparando-se à prisão preventiva à prisão domiciliária.
  • O valor determinado “foi de 6 milhões, mas podia ter sido de 600 €, 6000 €, 60.000€, 600.000 €, 16.000.000 €. Enfim, não está minimamente explicada a razão que levou o senhor Juiz a optar pelo valor de 6 milhões de euros, e não um valor mais baixo ou mais alto“.
  • “Não vigora em Portugal o sistema de liberdade “on bail”; no nosso sistema, a liberdade não se compra”.
  • O Juiz “não pode determinar que há um perigo de fuga de tal maneira evidente que a única forma de evitar a concretização desse perigo é retirar a liberdade a alguém, para logo de seguida determinar que pode estar em liberdade, desde que pague. Isto significa, desde logo, que considera que o pagamento de uma caução é suficiente para acautelar o invocado perigo de fuga”.
  • Nos termos do Código de Processo Penal, “a obrigação de permanência na habitação só pode ser aplicada quando se revelarem inadequadas ou insuficientes as outras medidas de coação. Ora, se considera a prestação de uma caução suficiente e adequada, tendo em conta a gravidade dos factos e o perigo invocado, então é porque não julga que a domiciliária seja necessária”.
  • Voltando a invocar o CPP, o advogado defende que “se o arguido estiver impossibilitado de prestar caução ou tiver graves dificuldades ou inconvenientes em prestá-la, pode o juiz, oficiosamente ou a requerimento, substituí-la por qualquer ou quaisquer outras medidas de coação, à exceção da prisão preventiva ou de obrigação de permanência na habitação”.
  • “Ao sujeitar o arguido à medida de domicilária, não sendo tal medida necessária porque passível de ser substituída por pagamento de caução, o despacho violou os arts. 193.o, n.o 2 e 197.o, n.o 2 do CPP”.
  • A decisão de sujeitar o arguido a prisão em casa, “possibilitando-lhe a substituição dessa medida contra o pagamento de uma caução, é também inconstitucional, por violação directa do art. 28.o, n.o 4 da CRP”.

 

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Preço do leite em Portugal 5 cêntimos/litro abaixo da média da UE em 2021

  • Lusa
  • 21 Janeiro 2022

Preço do leite em Portugal é de 29,98 euros por kilo, enquanto na UE chega aos 35,47 euros. País com saldo comercial negativo de 239 milhões de euros, mas leite, natas e manteigas com saldo positivo.

O preço médio do leite em Portugal fixou-se em 29,98 euros por 100 quilogramas (kg) em 2021, abaixo dos 35,47 euros da União Europeia (UE), segundo um relatório da subcomissão dedicada ao leite.

“Em 2021, o preço médio do leite PT situou-se nos 29,98 euros por 100 kg, comparando com os 35,47 euros por 100 kg da UE. Uma diferença de mais de cinco cêntimos por litro (aproximadamente um quilograma de leite), que se reflete numa diferença de cerca de 15,4% entre Portugal e a UE”, revelou o documento divulgado esta sexta-feira, que esteve em discussão no dia 12 de janeiro, entre o Ministério da Agricultura e a Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Agroalimentar (PARCA).

Por sua vez, em 2019, o consumo de leite foi de cerca de 112 kg por habitante, menos 10% face a 2010.

Naquela década, a quebra no consumo foi justificada, sobretudo, pela redução do leite para consumo, que passou de 84 para 72,2 kg. A partir de 2015, o leite para consumo estabilizou em cerca de 73 kg por ano. “[…] No caso da manteiga a tendência foi inversa, com um aumento do consumo ‘per capita’ de 24%”, indicou.

Em 2020, Portugal exportou 266 milhões de leite e produtos lácteos, com destaque para o leite/natas em natureza. Por mercado, de acordo com os últimos dados disponíveis, reportados a 2019, Espanha foi o principal mercado, representando 91 milhões de euros, seguido por Angola (49 milhões de euros).

A UE representou 63% das exportações do setor, “apenas se verificando situação inversa com os queijos e requeijão, que foram exportados maioritariamente para países terceiros”.

No sentido inverso, em 2020, o montante de importações situou-se em 505 milhões de euros, destacando-se o queijo e o requeijão. Em 2019, os produtos foram importados essencialmente da UE, com Espanha a liderar com 52%, seguindo-se Alemanha e França.

Portugal representa um saldo comercial negativo de 239 milhões de euros, embora tendo um comportamento diferente consoante os produtos. O leite e natas apresentam um saldo positivo, tal como a manteiga. Em sentido inverso estão o queijo e o requeijão, soro de leite e iogurtes”, concluiu.

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“O processo foi sempre político”, defende Rui Moreira após ser absolvido

Rui Moreira defende que sempre acreditou na justiça portuguesa, depois de ser absolvido no caso Selminho.

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, defendeu em conferência de imprensa que o processo no qual esteve envolvido “foi sempre político”, após ser absolvido no caso Selminho pelo crime de prevaricação. Com esta decisão, o autarca vai continuar no cargo à frente da câmara da Invicta.

O autarca estava acusado do crime de prevaricação mas “o Ministério Público (MP) não conseguiu provar que Rui Moreira tenha influenciado a resolução do acordo entre a Câmara Municipal do Porto e a Selminho”. Em declarações após o anúncio, o responsável saudou a decisão: “Sempre acreditei na justiça portuguesa, sempre respeitei as decisões dos tribunais mesmo quando senti que estava a ser injustiçado”.

Para Rui Moreira, este processo “foi sempre político”, ainda que “não na sua origem”. “Transformou-se há quatro anos, altura em que houve uma campanha eleitoral. Depois o assunto foi apagado pelo MP e aconteceu agora outra vez. Já não tenho idade para acreditar no Pai Natal ou em acasos”, atirou o autarca.

Perante a decisão de o MP recorrer do acórdão, o presidente da Câmara salienta que o MP “é livre de interpor recursos”. Salienta ainda que “a espessura do acórdão é bem representativa de que a acusação era destituída de qualquer fundamento”, acrescentando que lamenta que o MP e a instrução “não tenham querido ouvir a testemunha chave” quando o advogado o pediu.

No centro da polémica está um terreno no Douro, vendido por um casal que o registou por usucapião, à imobiliária Selminho, em 2001, e que o tribunal considerou ser propriedade municipal, na sequência de uma outra ação movida pela autarquia em 2017.

Rui Moreira agradece ao tribunal ter “analisado” o processo para “esclarecer que a postura do município foi sempre a mesma” e que não teve “qualquer intervenção direta ou indireta”.

(Notícia atualizada às 18h45)

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Segurança Social recebeu quase 42 mil pedidos de apoio à família

O balanço foi adiantado ao ECO pelo Ministério do Trabalho: em dez dias, a Segurança Social recebeu quase 42 mil pedidos de apoio à família.

A Segurança Social recebeu 41,9 mil pedidos de apoio excecional à família relativos à semana de dezembro em que as creches e as atividades de tempo livre (ATL) estiveram encerradas por decisão do Governo, face à escalada dos casos de Covid-19. O número foi adiantado ao ECO pelo Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

“De 10 a 20 de janeiro, e relativamente ao mês de referência de dezembro, foram apresentados 41,9 mil pedidos de apoio excecional à família, dos quais 5,3 mil relativos a trabalhadores independentes“, indicou esta sexta-feira fonte do gabinete de Ana Mendes Godinho.

Convém explicar que terminou esta quinta-feira, dia 20 de janeiro, o prazo para as entidades empregadoras e os trabalhadores independentes apresentarem à Segurança Social os requerimentos de apoio relativos ao período compreendido entre 27 e 31 de dezembro.

Este subsídio dirige-se aos trabalhadores por conta de outrem e aos trabalhadores independentes que faltem ao trabalho para prestar assistência a filhos ou outros dependentes a seu cargo, menores de 12 anos (ou independentemente da idade, caso tenham deficiência ou doença crónica), desde que a necessidade dessa assistência seja motivada pelo encerramento de estabelecimentos como creches e escolas por decisão do Governo, no quadro da crise pandémica.

Assim, relativamente à última semana de dezembro, o apoio excecional à família está disponível somente para os pais que tenham faltado ao trabalho face ao encerramento das creches e atividades de tempos livres.

No caso dos trabalhadores por conta de outrem, este subsídio corresponde a dois terços da remuneração-base, assegurados em iguais partes pela Segurança Social e pela entidade empregadora, ou a 100% do ordenado, no caso das famílias monoparentais e dos pais que tenham partilhado entre si a assistência aos dependentes.

Já para os trabalhadores independentes, o apoio equivale a um terço da base de incidência contributiva mensualizada referente ao terceiro trimestre de 2021.

De notar que, como o apoio agora pedido ainda é relativo ao ano passado, aplicam-se os limites então em vigor em função do salário mínimo e do Indexantes dos Apoios Sociais. Ou seja, se considerássemos um mês completo, o subsídio para os trabalhadores dependentes seria no mínimo de 665 euros e no máximo de 1.995 euros e para independentes variaria entre 438,81 euros e 1.097 euros. Uma vez que as creches e os ATL só estiveram encerrados numa das semanas de dezembro, o apoio será calculado em proporção pela Segurança Social.

Para os pais que tenham faltado ao trabalho no início do ano, por causa do adiamento do regresso às aulas pós quadra festiva, o apoio à família terá de ser pedido entre 1 de 10 de fevereiro, segundo a Segurança Social. No caso dos trabalhadores por conta de outrem, o formulário do apoio à família é entregue pelo trabalhador à empresa e é depois a entidade empregadora que solicita o apoio à Segurança Social.

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Novobanco inicia análise interna a António Ramalho após escutas comprometedoras

O conselho geral e de supervisão do Novobanco confirma que está a realizar uma "análise independente" à atuação de António Ramalho que foi apanhado em escutas comprometedores no caso de Vieira.

O conselho geral e de supervisão do Novobanco, onde têm assento nomes escolhidos pelo acionista Lone Star, confirmou esta sexta-feira que avançou com uma “análise independente” à atuação de António Ramalho em relação a Luís Filipe Vieira, na sequência das escutas feitas no âmbito da Operação Cartão Vermelho, reveladas nas últimas semanas pelos jornais, e que podem comprometer o CEO do banco. Os resultados desta análise vão ser partilhados com o Banco Central Europeu (BCE), que também já disse que está a investigar o assunto.

Vale a pena recordar que, numa das escutas, António Ramalho surge a combinar uma reunião com o ex-presidente do Benfica — dono do grupo económico Promovalor, um dos grandes devedores do Novobanco — para ajudar a prepará-lo para a audição na comissão de inquérito ao banco que ia ter dentro de dias, em maio do ano passado.

Noutra escuta diz ao ex-administrador Vítor Fernandes que Rui Fontes, seu colega na administração, estava a ser preparado por uma agência de comunicação no sentido de dificultar os trabalhos dos deputados que procuravam perceber a origem das perdas geradas pelo banco e imputadas ao Fundo de Resolução. “Vai monocórdico e chato, porque os gajos não vão perceber nada do que ele vai dizer”, disse Ramalho a Fernandes.

Há ainda outro assunto comprometedor para o Novobanco que as escutas mostraram: a instituição financeira tentou fechar um negócio de compra e venda de imóveis, com prejuízo para o banco, e onde se procurou ocultar o nome de Luís Filipe Vieira ao Fundo de Resolução para que este desse aval à operação. Pelo meio, houve subornos a funcionários do banco a troco de informações. “Surreal”, foi o que considerou o inspetor tributário que integra a investigação sobre o que estava a acontecer.

Seriedade e rapidez na análise

Estas escutas foram reveladas pela Sábado e pela CNN há duas semanas e agora o conselho geral e de supervisão, que tem por missão fiscalizar a administração de Ramalho, esclarece que avançou logo a 7 de janeiro com uma análise independente e está a olhar para o assunto “com seriedade”. A investigação decorre “de forma pormenorizada, rigorosa, e baseada em factos e nas informações disponíveis”, acrescenta.

Byron Haynes, presidente daquele conselho, adianta ainda em comunicado que tal análise independente “estará concluída de forma atempada e exaustiva” e que “a abordagem, os resultados e a documentação relevante de suporte desta análise serão partilhados com o BCE, numa base contínua e quando completa”.

António Ramalho já teve oportunidade de se explicar publicamente. Em relação ao encontro com Vieira, disse que se tratou de uma “conversa rápida” e que queria fazer saber ao ex-presidente do Benfica que o Novobanco estava disponível para dar a informação sobre o seu processo e dar ainda uma sugestão: não fazer perante os deputados “as cenas de não saber, não conhecer e de não perceber o que é que se passa”.

Também recusou que a ideia de “instrumentalização” de uma comissão de inquérito onde os depoimentos são feitos dentro do quadro do Código Penal.

Já o Fundo de Resolução disse ao ECO estar atento e à espera de desenvolvimentos do BCE.

Eis o comunicado na íntegra:

O Conselho Geral e de Supervisão (“CGS”) do Novobanco e os seus órgãos competentes confirmam que iniciaram imediatamente a 7 de janeiro de 2022 uma análise independente dos conteúdos divulgados na imprensa nas últimas três semanas relativos à “Operação Cartão Vermelho”.

O CGS confirma que os assuntos abordados relacionados com a “Operação Cartão Vermelho” estão a ser analisados com seriedade e que a análise independente está a ser efetuada de forma pormenorizada, rigorosa, e baseada em factos e nas informações disponíveis ao CGS e ao Novobanco.

A análise independente estará concluída de forma atempada e exaustiva, através de um procedimento adequado. A abordagem, os resultados e a documentação relevante de
suporte desta análise serão partilhados com o Banco Central Europeu (“BCE”), numa base continua e quando completa.

O CGS destaca os primeiros nove meses de Atividade e Resultados do Grupo novobanco de 2021, publicados a 28 de outubro de 2021, confirmando o terceiro trimestre de resultados positivos. O novobanco está na trajetória da rentabilidade, do crescimento e preparado para apoiar as empresas e a economia nacional. O desempenho operacional alcançado pelo novobanco e os resultados financeiros positivos demonstram um crescimento sustentável do negócio.”

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