Jerónimo Martins e Sonae sobem no ranking das maiores retalhistas do mundo

Donas do Pingo Doce e do Continente ganham terreno na lista das 250 maiores retalhistas do mundo, elaborada pela consultora Deloitte e controlada por americanas e alemãs, com uma “intrusa” chinesa.

A Jerónimo Martins – dona do Pingo Doce (Portugal), da Biedronka (Polónia) e da Ara (Colômbia) – e a Sonae, que detém o Continente no ramo alimentar e outras marcas no retalho especializado, consolidaram as respetivas posições na mais recente edição do estudo Global Powers of Retailing 2023, elaborado pela consultora Deloitte.

Pedro Soares dos Santos, presidente da Jerónimo MartinsTIAGO PETINGA/LUSA

O grupo de origem familiar liderado por Pedro Soares do Santos subiu duas posições em relação ao ano anterior e ocupa agora o 47º posto a nível mundial. Uma performance suportada no crescimento de 8,3% das receitas consolidadas, para 24.697 milhões de dólares, de acordo com a metodologia aplicada e o período em análise (ano fiscal de 2021).

Com receitas consolidadas de 8.136 milhões de dólares no exercício fiscal encerrado a 30 de junho do ano passado, o que correspondeu a um aumento de 3,4% face ao anterior, considerando apenas a atividade retalhista, o conglomerado nortenho comandado por Cláudia Azevedo e presente em 62 geografias ganha também uma posição e passa a ocupar o 143º lugar nesta lista que integra as 250 maiores empresas retalhistas do mundo.

Claudia Azevedo
Cláudia Azevedo, CEO da Sonae

Num outro índice, divulgado em janeiro e elaborado pela Universidade de St. Gallen e pela consultora EY, a Jerónimo Martins (detida a 56% pela família Soares dos Santos) e a Sonae (controlada pela família Azevedo através da holding Efanor, que detém 53% do capital) apareceram entre a elite das 500 maiores empresas familiares do mundo. Estas empresas portuguesas, que têm a presidência executiva entregue a elementos da família, figuravam, respetivamente, no 69º e no 231º lugar do Family Business Index de 2023.

No último ano fiscal, os 250 maiores retalhistas do mundo alcançaram uma taxa de crescimento total de 8,5%, num total de 5,65 biliões de dólares. O ranking mundial continua a ser liderado pela Walmart, com a Amazon e a Costco a completarem o pódio. No top 10, dominado por empresas norte-americanas e alemães, que viu o crescimento abrandar para 8%, destaca-se a retalhista chinesa JD: ocupa agora a 7ª posição, duas acima da edição de 2022.

O Global Powers of Retailing da Deloitte identifica anualmente os 250 maiores retalhistas do mundo e analisa o desempenho obtido pelo setor ao nível do volume de negócios, crescimento e rentabilidade nas várias geografias, segmentos de atividade e formatos de loja, bem como as principais tendências de mercado. A mais recente edição deste estudo mostra que as retalhistas digitais estão a beneficiar com o aumento do comércio online, ainda que as empresas tentem trazer os consumidores de volta às lojas físicas numa era pós-Covid.

“Apesar de os comportamentos dos consumidores estarem a regressar a níveis pré-pandémicos, existem tendências que vieram para ficar não só nos hábitos mais digitais e omnicanal, mas também numa maior preocupação com operações e produtos sustentáveis. Numa altura em que a personalização é um fator diferenciador para os consumidores, os retalhistas terão de utilizar a tecnologia e a inovação para criar uma experiência de compra integrada e adaptada as necessidades de cada consumidor”, indica, em comunicado, o partner da Deloitte, João Paulo Domingos.

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Espanhola CriteriaCaixa reforça na Sonae para 5%

  • ECO
  • 31 Janeiro 2023

Holding de investimentos que gere o património da Fundação La Caixa, principal acionista da dona do BPI, fica com 5,001% dos direitos de voto da Sonae.

A espanhola CriteriaCaixa, que entrou na Sonae em 2019 com uma posição qualificada de 2%, reforçou a participação na empresa controlada pela família Azevedo, chegando a 5,001% dos direitos de voto.

Em comunicado enviado à CMVM, a empresa liderada por Cláudia Azevedo, informa ter recebido esta terça-feira a informação de que este limiar foi ultrapassado na passada sexta-feira, dia 27 de janeiro.

Com sede em Palma de Maiorca, a CriteriaCaixa é uma holding de investimentos que gere o património da Fundação La Caixa, principal acionista do catalão CaixaBank, que detém o BPI.

A Sonae encerrou a sessão desta terça-feira a subir 0,16%, para 9,36 cêntimos por ação.

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Líder da Sonae fala em Davos de “valores autênticos” e “empregos que fazem sentido”

No Fórum Económico Mundial, Cláudia Azevedo explicou por que não despediu durante os confinamentos e advertiu que a performance e o envolvimento dos trabalhadores são uma tarefa de toda a organização.

A presidente executiva da Sonae advertiu em Davos que “as pessoas valorizam quão autênticas as empresas são” e criticou os “muitos processos de despedimentos, em quantidades enormes” anunciados nas últimas semanas por empresas que “ainda há seis meses diziam que valiam muito e agora despedem 10 mil ou 5 mil pessoas através de uma chamada Zoom”.

Durante um debate sobre a atração de talento, que integra o programa do encontro anual do Fórum Económico Mundial, na Suíça, Cláudia Azevedo sugeriu que “os valores têm de ser autênticos” e que “há um padrão mínimo de decência” a cumprir, lembrando, por exemplo, a decisão tomada durante a pandemia de não aderir ao regime especial de lay-off disponibilizado pelo Governo.

“Ajuda-me a mim como CEO. Quando houve os confinamentos [decretados pelos governos devido à Covid-19], para mim foi muito fácil dizer que não ia despedir ninguém porque sei que os valores [do grupo que lidera] que estiveram lá nos últimos 50 anos vão estar lá nos próximos 50 anos”, completou a líder da holding que detém negócios como o Continente.

Quando houve os confinamentos, para mim foi muito fácil dizer que não ia despedir ninguém porque sei que os valores [do grupo] que estiveram lá nos últimos 50 anos vão estar lá nos próximos 50 anos.

Cláudia Azevedo

CEO da Sonae

Ao lado do secretário de Estado do Trabalho dos EUA, Martin J. Walsh; do CEO da multinacional de recursos humanos Recruit Holdings, Hisayuki Idekoba; e de Jo Ann Jenkins, líder da associação americana AARP, focada nas questões laborais que afetam pessoas com mais de 50 anos, Cláudia Azevedo disse que não encara a disputa pelo talento na ótica de “empresas a concorrerem com empresas”, notando a “diferença” que faz ter “pessoas muito boas e envolvidas no seu emprego”.

Olhar para dentro numa “corrida de fundo”

A presidente da Sonae sublinhou ainda que, ao contrário daquela que é a visão mais tradicional sobre este tema, as empresas não devem olhar para os seus funcionários apenas como “um dos muitos stakeholders” e reforçou que toda a organização tem de trabalhar para a melhoria da performance e do envolvimento de quem lá trabalha.

“As organizações passam muito tempo a olhar para os mercados, para as suas dinâmicas, e não o tempo [que deveriam] a olhar para dentro, para os seus empregados, e a usar as mesmas metodologias. [Analisar] como podemos ter pessoas com uma melhor performance e mais engagement. Não é tudo sobre o [regime] híbrido, é muito mais profundo do que isso. É dar um emprego que faça sentido”, completou.

Já questionada pela moderadora Lynda Gratton, professora de Gestão da London Business School, sobre a influência que tem nestes temas o cariz familiar da Sonae – Cláudia substituiu o irmão Paulo, que sucedera ao pai Belmiro –, respondeu que o negócio da Sonae é olhado numa perspetiva de “longo prazo” e com o objetivo de deixá-la “em melhor situação” para as gerações seguintes. Uma “corrida de longo curso” que, garantiu ainda, se reflete nas “decisões que toma e na forma como trata as pessoas e tenta envolvê-las”.

Esta manhã, também em Davos, Mário Centeno mostrou-se otimista, esperando boas surpresas na economia este ano e admitindo que a Zona Euro possa escapar à recessão. O governador o Banco de Portugal destacou ainda a emissão de dívida conjunta na UE como um salto na integração e pediu uma economia mais inclusiva. “Não fizemos o suficiente na redistribuição de riqueza”, resumiu o antigo ministro das Finanças.

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Sonae lança OPA para retirar Sonaecom da bolsa

Cláudia Azevedo pretende retirar de bolsa a terceira empresa do grupo em três anos. Para isso, a Sonae compromete-se a pagar 2,5 euros por ação da Sonaecom, 25% superior à cotação de terça-feira.

A Sonae SON 0,18% pretende retirar a Sonaecom da bolsa nacional. Para isso, o grupo controlado pela família Azevedo anunciou esta quarta-feira uma Operação Pública de Aquisição (OPA) no valor de 2,5 euros por ação sobre 11,6% do capital que a Sonae não controla, refere a empresa num comunicado enviado à CMVM.

“A contrapartida oferecida é de 2,50 euros por ação, o que constitui um prémio de 25% face à cotação de ontem e de 32,6% face à média ponderada dos últimos seis meses”, refere a Sonae em comunicado, adiantando que o pagamento será feito em numerário.

Caso a OPA seja confirmada pela CMVM e depois aceite pelos acionistas, a Sonae terá de desembolsar cerca de 90 milhões de euros para passar a controlar a totalidade do capital da Sonaecom.

De acordo com a estrutura acionista da tecnológica, a família Azevedo detém 88,36% do capital da Sonaecom, através da Sonae SGPS e da sociedade holandesa Sontel.

A estrutura acionista da Sonaecom conta ainda com os norte-americanos da Discerene como acionista qualificado, que desde 19 de julho de 2019 deteem 2,79% do capital da empresa.

No caso de a OPA permitir ultrapassar uma participação de 90% dos direitos de voto, a Sonae revela que “recorrerá ao mecanismo de aquisição potestativa, resultando na exclusão da negociação das ações em mercado.”

Segundo a empresa liderada por Cláudia Azevedo, o objetivo da OPA passa por permitir “o controlo exclusivo” da Sonaecom pela Sonae e “permitirá uma maior eficiência e flexibilidade na gestão operacional dos negócios detidos pela Sonaecom e a exploração de novas oportunidades de desenvolvimento do seu portefólio”, refere a empresa em comunicado.

O anúncio de OPA surge após esta quarta-feira, às 13h27, a CMVM ter suspendido as ações da Sonaecom, numa altura em que os títulos subiam 3,5% e o volume de negociação situava-se bem acima dos valores médios registados nas últimas sessões.

Longo historial de saídas de empresas Sonae da Bolsa

A Sonaecom é liderada por Ângelo Paupério e está listada na bolsa nacional desde 31 de maio de 2000. No entanto, desde fevereiro de 2014 (após a OPA lançada pela Sonae no âmbito da fusão entre a Zon e a Optimus) que não faz parte do principal índice acionista da Euronext Lisboa (PSI).

Atualmente, a tecnológica gera mais de 70% do seu negócio além-fronteiras, maioritariamente através da prestação de serviços informáticos, além de ser dona do Público e deter uma participação de 26,07% do capital da NOS.

Não é a primeira vez que a família Azevedo retira uma das suas empresas do mercado de capitais. A última vez que isso ocorreu foi no ano passado com a Sonae Indústria.

Nessa altura, após a Efanor (holding da família) deter mais de 90% da empresa e deliberado a 28 de junho, em assembleia-geral, a intenção de adquirir a totalidade do capital da empresa, retirou a Sonae Indústria de bolsa.

No ano anterior, em 2020, foi a vez da Sonae Capital sair de bolsa. Em outubro, na sequência de uma OPA voluntária lançada pela Efanor depois de controlar mais de 90% da empresa, a Sonae Capital despediu-se da Euronext Lisboa.

A Sonaecom será assim a terceira empresa da família Sonae que Cláudia Azevedo retira de Bolsa, desde que assumiu a liderança da empresa em julho de 2018.

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Lucros da Sonae sobem 33% até setembro, mas travam durante o verão

Dona do Continente lucrou 210 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, com vendas de 5,5 mil milhões de euros. Cláudia Azevedo diz que grupo “apoia as famílias, mantendo preços competitivos".

A Sonae registou 210 milhões de euros de lucro nos primeiros nove meses deste ano, um crescimento de 32,6% face a igual período de 2021, por ter beneficiado do “desempenho positivo do portefólio, do [período] comparável afetado pela pandemia e do contributo para o resultado indireto da reavaliação dos ativos da Sierra e do portefólio da Bright Pixel”.

No entanto, os resultados do terceiro trimestre mostram uma quebra na rentabilidade “devido aos esforços para suportar os custos inflacionários e garantir a competitividade das ofertas”, além do efeito da mais-valia com a venda da Maxmat à cimenteira do grupo BME, registada no ano passado. O lucro de 92 milhões de euros entre julho e setembro ficou 4,3% abaixo do que tinha registado no verão do ano anterior.

Num contexto de elevados custos de energia e níveis crescentes de inflação e de taxas de juros, os vários negócios “conseguiram, mais uma vez, aumentar os níveis de investimento, reforçar as propostas de valor e apoiar as famílias a enfrentar estes desafios, nomeadamente mantendo preços competitivos e respondendo às novas necessidades dos consumidores”, salienta Cláudia Azevedo, notando que a conquista de quota de mercado no último trimestre é “um reconhecimento claro” dos clientes.

“A rentabilidade foi naturalmente afetada pelos custos recorde de energia e transporte, pelos preços de abastecimento mais elevados e pelos movimentos de migração para produtos de gama e preço inferiores (trading down). No entanto, os resultados consolidados demonstraram uma forte resiliência e a nossa posição financeira manteve-se muito sólida”, resume a presidente executiva do grupo nortenho, citada num comunicado enviado à CMVM esta quarta-feira.

A rentabilidade foi naturalmente afetada pelos custos recorde de energia e transporte, pelos preços de abastecimento mais elevados e pelos movimentos de migração para produtos de gama e preço inferiores.

Cláudia Azevedo

CEO da Sonae

Entre janeiro e setembro, o volume de negócios rondou os 5,5 mil milhões de euros, mais 10,4% do que no período homólogo, dos quais 4,3 mil milhões foram realizados pela MC, dona do Continente. Aliás, o crescimento no conjunto dos negócios foi superior (15%) no terceiro trimestre, em particular, “sustentado pelos sólidos ganhos de quota de mercado dos negócios de retalho”, assinala a Sonae, descrevendo um desempenho positivo “transversal aos formatos alimentares e não alimentares”.

Em termos de desempenho operacional, a MC está a “enfrentar fortes pressões na sua estrutura de custos, dado os elevados custos recorde de energia, juntamente com as medidas implementadas para proteger os seus clientes e reforçar a competitividade, suportando parte dos custos inflacionários”. Por exemplo, os custos de energia até setembro ficaram cerca de 40 milhões de euros acima dos níveis de 2021, sendo apontado como “o principal fator explicativo da queda da margem”.

O EBITDA subjacente diminuiu 0,6 pontos percentuais (pp) no trimestre e 0,3 pp no conjunto dos primeiros nove meses do ano, no qual atingiu os 440 milhões de euros. “Os elevados custos de energia e os preços na produção foram parcialmente suportados pelos negócios de forma a combater a inflação e apoiar as famílias, pressionando a estrutura de custos e conduzindo a uma redução das margens”, justifica. As vendas na vertente internacional cresceram mais de 40% este ano, destacando-se aí o contributo das insígnias de desporto da ISRG (Iberian Sports Retail Group), joint-venture da Sonae com a JD Sports que detém a marca SportZone.

No relatório enviado à CMVM, o grupo sediado na Maia calcula ter investido 579 milhões de euros nos últimos 12 meses, incluindo a aquisição de 10% na Sierra (ramo imobiliário), a participação adicional na Nos (telecomunicações) e os vários investimentos da Bright Pixel (antiga Sonae IM), capital de risco nas áreas tecnológicas, tanto em novas empresas como no reforço das participações.

“A dívida líquida do grupo situou-se em 1.022 milhões de euros e a estrutura de capitais do grupo manteve-se sólida, com rácios de alavancagem e níveis de liquidez muito confortáveis (mais de mil milhões de euros de liquidez disponível), estando o grupo totalmente financiado até ao início de 2024 e com um custo médio de financiamento de cerca de 1%”, assegura a Sonae aos investidores.

Worten “refresca” vendas e moda cresce 8%

No retalho de eletrónica, as vendas da Worten atingiram 315 milhões de euros no terceiro trimestre (+10,6% em termos homólogos”, sustentadas pelas categorias de venda sazonais devido às temperaturas elevadas no verão. No setor imobiliário, a Sierra regista uma valorização de 9% dos seus ativos, superando os mil milhões de euros, com os centros comerciais a dispararem 25,2% as vendas entre julho e setembro.

Por outro lado, o negócio da moda (Zeitreel) aumentou as vendas em 8%, para 102 milhões de euros, com o contributo de todas as marcas que explora: MO, Salsa, Zippy e Losan. A ISRG cresceu mais de 40% e reforçou o peso no online para 19%, a valer quase uma em cada cinco euros vendidos por este negócio do ramo desportivo. Nos restantes setores, destaque ainda para o Universo (serviços financeiros) que regista mais de um milhão de clientes e aumenta produção em 16%; e para a Nos, que cresceu 4,1% no terceiro trimestre e reforçou o contributo para os resultados da Sonae.

 

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Sonae “estica” braço de investimento tecnológico com 300 milhões

Liderada por Eduardo Piedade, a Bright Pixel Capital conta mais do que duplicar o valor investido desde 2016 em negócios de tecnologia aplicada ao retalho, infraestrutura digital ou cibersegurança.

Bright Pixel Capital é a nova designação do braço de investimento tecnológico do grupo Sonae, que conta com cerca de 50 investimentos diretos e engloba participações em empresas – desde as fases iniciais às de crescimento – focadas em áreas estratégicas de negócio, como a tecnologia aplicada ao retalho (retail tech), infraestrutura digital, cibersegurança e tecnologias emergentes.

Em comunicado enviado às redações, a propósito da apresentação da nova identidade criada para a investidora de capital de risco do grupo nortenho, a antiga Sonae IM contabiliza já ter investido mais de 250 milhões de euros desde que foi criada em 2016. E avança que pretende “investir mais 300 milhões de euros nos próximos anos em empresas capazes de mudar indústrias a nível global”.

Tendo no portefólio empresas como a Arctic Wolf, a Outsystems, a Feedzai e a Ometria, a empresa é liderada por Eduardo Piedade e tem agora como mote “Building a Brighter Future Together” [a construir juntos um futuro mais brilhante]. Mas se a nova identidade “transmite modernidade e agilidade”, ressalva que “ao mesmo tempo enfatiza os seus valores de orientação a resultados financeiros e ao crescimento”.

A mais recente operação realizada pela Bright Pixel Capital foi um acordo com a Thales Europe para a venda da totalidade do capital da Maxive, uma holding ligada à cibersegurança que agrega a S21sec e a Excellium. No relatório relativo às contas do primeiro trimestre, em que a Sonae lucrou 42 milhões de euros, é referido que essa transação tem subjacente um enterprise value da Maxive de 120 milhões de euros e estimado um impacto positivo de cerca de 63 milhões nos resultados consolidados da Sonaecom.

Estamos certos de que esta mudança nos ajudará a projetar a nossa marca e os nossos valores únicos junto de empresas disruptivas por todo o mundo.

Eduardo Piedade

CEO da Bright Pixel Capital

“Estamos orgulhosos da carteira de investimentos que construímos ao longo dos últimos cinco anos e que conta com empresas distintas e globais. A nova marca reflete a ambição de nos consolidarmos como um dos principais investidores e impulsionadores destas indústrias. Estamos certos de que esta mudança nos ajudará a projetar a nossa marca e os nossos valores únicos junto de empresas disruptivas por todo o mundo”, frisa o managing partner e CEO da Bright Pixel Capital.

Nova imagem da Bright Pixel Capital

Esta transformação está englobada na nova identidade corporativa apresentada em fevereiro pela holding liderada por Cláudia Azevedo, que envolveu também uma mudança nas várias unidades de negócio do grupo sediado na Maia.

Só as empresas em que não tem posição maioritária, as marcas comerciais (como o Continente) e o retalho de eletrónica (Worten) é que mantiveram as designações originais. A operação de retalho alimentar passou a ser apenas MC, a unidade imobiliária conhecida pelos centros comerciais ficou Sierra, a área da moda transformou-se em Zeitreel e os serviços financeiros assumiram a designação Universo.

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Sonae lucra 42 milhões de euros no primeiro trimestre de 2022

Grupo liderado por Cláudia Azevedo regista vendas recorde de 1.700 milhões de euros até março, reduz a dívida e valoriza o portefólio, conseguindo “ultrapassar os desafios” provocados pela guerra.

A Sonae reportou um resultado líquido atribuível a acionistas no valor de 42 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano, que justifica com o “forte desempenho operacional e a atividade de gestão do portefólio”. Nos primeiros três meses de 2021, que coincidiram com um período de confinamento em vários países, incluindo em Portugal, o grupo nortenho tinha lucrado apenas um milhão de euros.

Entre janeiro e março, o volume de negócios consolidado ascendeu a um novo valor recorde de 1,7 mil milhões de euros na sequência de um crescimento homólogo de 5%, puxado sobretudo pela MC (alimentar) e pela Zeitreel (moda), com o EBITDA a aumentar 17%, para 149 milhões de euros. A dívida líquida diminuiu quase 600 milhões, enquanto o valor líquido do portefólio valorizou 65 milhões face a dezembro, atingindo os 4,1 mil milhões de euros.

“Estes resultados foram conseguidos num contexto muito desafiante, marcado pela invasão russa à Ucrânia. Apesar de a Sonae não estar direta e materialmente exposta a estes países, os nossos negócios sentiram já os efeitos indiretos do conflito, nomeadamente através do aumento dos preços da energia, da inflação generalizada e dos constrangimentos nas cadeias de abastecimento, tendo conseguido ultrapassar estes desafios”, sublinha a CEO Cláudia Azevedo, numa nota publicada na CMVM.

Os nossos negócios sentiram já os efeitos indiretos do conflito, nomeadamente através do aumento dos preços da energia, da inflação generalizada e dos constrangimentos nas cadeias de abastecimento.

Cláudia Azevedo

CEO da Sonae

A gestora promete que o grupo sediado na Maia vai continuar “focado em servir os clientes em todos os mercados e em preparar o portefólio de investimentos para o futuro”. “Independentemente da evolução da economia global e dos mercados financeiros, com o nosso grupo de negócios, a nossa sólida situação financeira e a competência das nossas equipas, estamos bem posicionados para atravessar este ciclo de incerteza, continuar a reforçar as nossas posições competitivas e aproveitar oportunidades que se nos apresentem”, acrescenta.

Nos últimos 12 meses, o grupo controlado pela Efanor, a holding da família Azevedo que vai ser transformada em Sociedade Anónima Europeia, investiu 516 milhões de euros, com 110 milhões de euros a serem gastos em aquisições só nos primeiros três meses deste ano. A maior fatia (83,5 milhões) foi direcionada para a compra de uma participação adicional de 10% na Sierra, passando a deter 90% da empresa dedicada ao setor imobiliário, que no final do ano passado abriu um novo capítulo na gestão e na estratégia.

Continente ganha quota de mercado

A análise por unidades de negócio revela um crescimento de 3,8% no retalho alimentar (2,2% na base comparável de lojas), com a dona do Continente a registar vendas próximas dos 1,3 mil milhões de euros e a reclamar que “[continuou] a ganhar quota de mercado, beneficiando de melhores níveis de perceção dos clientes”.

Já a Worten, num “contexto desfavorável do mercado de eletrónica e da reorganização da oferta em Espanha Continental”, sofreu uma contração de 4,1%. Faturou 261 milhões de euros num trimestre em que comprou os outros 50% do marketplace Dott, que pertenciam aos CTT — serviço que acaba de ser integrado no portal da Worten.

Após dois anos “desafiantes”, com a pandemia de Covid-19 a impor várias semanas de encerramento dos centros comerciais, a Sierra conseguiu registar melhorias nos indicadores-chave de desempenho operacional, que “continuaram a convergir para níveis pré-pandemia”. A dona do Colombo ou do NorteShopping triplicou o lucro para 9,8 milhões de euros e registou uma valorização de 5,1% dos ativos, para 972 milhões de euros.

Já o negócio da moda, em que explora as marcas MO, Salsa, Zippy e Losan, logrou retomar ao nível pré-pandemia no arranque deste ano, com vendas de 96 milhões de euros. Um desempenho “particularmente positivo”, argumenta a Sonae, considerando que nestes meses iniciais de 2022 foi adiada a época de saldos em Portugal, houve pressões na cadeia de abastecimento com a greve dos motoristas de camiões espanhóis e uma queda na confiança dos consumidores depois do início da guerra na Ucrânia, na última semana de fevereiro.

No segmento desportivo, a ISRG (Iberian Sports Retail Group), joint-venture da Sonae com a JD Sports que detém a marca SportZone, cresceu 66% e reforçou o peso no online de 15,7% para 21,1% sobretudo devido à aquisição da Deporvillage. Nos serviços financeiros (Universo), assente em vários segmentos de negócio, como compras, transferências e crédito pessoal, aumentou a produção em 23%, para 257 milhões. E diz ter conquistado 96 mil novos clientes face ao primeiro trimestre de 2021, chegando no final de março aos 989 mil.

Muito ativa na atividade de gestão de portefólio continuou a Bright Pixel (antiga Sonae IM), que no final do primeiro trimestre atingiu um capital investido no portefólio ativo de 159 milhões de euros. Destaque para a saída do capital da ciValue e para a distribuição da Armilar Ventures Partners III, na sequência da venda da Safetypay, que representaram um encaixe de perto de 40 milhões; e para dois novos investimentos: na plataforma de avaliação de produtos Experify e na Hackuity, startup que atua na área de prevenção de ciberataques.

Finalmente, a Nos registou um volume de negócios de 373 milhões de euros até março (+10,6% em termos homólogos), impulsionada pelos segmentos de media e entretenimento (+71,1%) e de telecomunicações (9%), “com um contributo positivo das subscrições de serviços móveis, das soluções de serviços para o segmento de B2B e das receitas de roaming devido a menos restrições de viagens”. Lucrou mais 35% no trimestre.

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Já não dá para comprar no Dott. Worten absorve antiga montra partilhada com os CTT

Marca de retalho especializado da Sonae ficou com os 60 trabalhadores do marketplace que partilhou com os CTT até ao início de 2022. Operação acrescenta cinco milhões de artigos à Worten online.

Acabaram-se as compras no shopping online Dott. A montra virtual de produtos, que era dividida (50% – 50%) entre o grupo Sonae e os CTT até início deste ano, foi absorvida pela Worten. Além dos 60 trabalhadores que estavam neste projeto, a marca de retalho especializado passou a vender, no seu site, todos os artigos anteriormente disponibilizados no Dott.

O fim da parceria foi tornado público na apresentação de resultados dos CTT relativa ao ano passado. Em janeiro, a empresa de correios vendeu à Worten a participação que tinha no marketplace Dott, tendo as duas entidades “reforçado a sua parceria estratégica na área da logística”. Na altura, não foi revelado o montante desta transação.

Cinco meses depois, quem entra no portal do Dott para comprar artigos é automaticamente reencaminhado para a página da internet da Worten. Em entrevista ao ECO, o responsável de operações da retalhista, Mário Pereira, explica esta mudança.

“Reconhecemos uma enorme competência à equipa de gestão. Mas era uma tarefa muito desafiante e difícil tornar o Dott no marketplace de referência de Portugal. Juntámos as duas marcas para sermos mais fortes e incorporar as competências”, explicou Mário Pereira.

Reconhecemos uma enorme competência à equipa de gestão. Mas era uma tarefa muito desafiante e difícil tornar o Dott no marketplace de referência de Portugal. Juntámos as duas marcas para sermos mais fortes e incorporar as competências

Mário Pereira

Responsável de operações da Worten

A integração do Dott incluiu a entrada de “60 jovens digitais” nos quadros da Worten e a passagem do até agora líder da montra digital, Gaspar d’Orey, para o cargo de responsável por toda a área de online da marca do grupo Sonae.

A página da Worten também passou a contar com “mais cinco milhões de artigos”, como mercearia, bebidas com e sem álcool e ainda para limpeza de casa. Tal como no Dott, os produtos são comercializados junto de vendedores próprios — e não diretamente pela Worten.

A compra dos 50% do Dott aos CTT representou a terceira aquisição nacional da Worten em pouco mais de um ano. Em 2021, a marca do grupo Sonae comprou a plataforma de contratação de serviços Zaask e ainda a empresa de reparações de eletrodomésticos e equipamentos informáticos Satfiel.

No início de 2021, a Worten vendeu 17 lojas físicas em Espanha à MediaMarkt e fechou outras 14 no mesmo país.

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Sonae vai pagar melhor e mais cedo a fornecedores com práticas sustentáveis

Solução “pioneira” a nível ibérico, acordada com Santander, permite a fornecedores do Continente, Worten, MO e Zippy antecipar faturas em melhores condições, indexadas a critérios de sustentabilidade.

Os fornecedores da Sonae já podem fazer a antecipação de faturas, ao abrigo dos acordos que tem com várias instituições financeiras com o objetivo de facilitar a gestão de tesouraria. A partir de agora, um novo protocolo de confirming vai “garantir, adicionalmente, que aqueles que apresentem um bom desempenho em indicadores ESG [ambientais, sociais e de governo corporativo] obtenham ainda melhores condições”.

Esta solução “pioneira na Península Ibérica” na antecipação dos recebimentos, acordada com o Banco Santander Portugal no valor de 50 milhões de euros e anunciada esta quarta-feira, promete “condições mais vantajosas” para os fornecedores e é descrita como um incentivo financeiro para boas práticas de sustentabilidade na cadeia de abastecimento do grupo nortenho, que no global representou cerca de 5,6 mil milhões de euros em 2021.

O acordo vai beneficiar inicialmente os fornecedores do Continente, da Worten, da MO e da Zippy. A classificação de desempenho ESG dos fornecedores, explica a Sonae num comunicado de imprensa, será feita de forma independente com apoio da EcoVadis, apresentada como uma plataforma global líder na avaliação da performance de sustentabilidade de empresas.

Este protocolo de confirming com base em critérios ESG é uma forma de premiar o trabalho [ao nível da sustentabilidade] e reconhecer financeiramente as melhores práticas.

João Dolores

Diretor financeiro da Sonae

“Vemos os fornecedores como parceiros com quem percorremos um caminho comum, nomeadamente na implementação de formas sustentáveis de utilização dos recursos e na promoção de soluções inovadoras para os desafios ambientais e sociais que, juntos, enfrentamos na cadeia de valor. Este protocolo de confirming com base em critérios ESG é uma forma de premiar esse trabalho e reconhecer financeiramente as melhores práticas”, declara João Dolores, diretor financeiro (CFO) da Sonae.

A Efanor Investimentos SGPS, a holding da família Azevedo que é a maior acionista do grupo Sonae, vai ser transformada em Sociedade Anónima Europeia. A alteração do estatuto legal para dar “estabilidade” a negócios e investimentos no estrangeiro deve estar concluída até ao final do primeiro semestre, com fonte oficial a garantir ao ECO que esta operação “não tem qualquer implicação ou benefício fiscal”.

Em 2021, ano em que a remuneração de Cláudia Azevedo subiu para 1,6 milhões de euros, a Sonae registou lucros de 268 milhões, o montante mais elevado em oito anos, fruto de um crescimento homólogo de 45,6%. As vendas consolidadas do grupo sediado na Maia subiram 5,3% e atingiram um novo valor recorde no último exercício, ultrapassando os sete mil milhões de euros.

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Maior acionista da Sonae transforma-se em sociedade anónima europeia

Holding da família Azevedo altera estatuto legal para dar “estabilidade” a negócios e investimentos no estrangeiro. Fonte oficial garante ao ECO que “não tem qualquer implicação ou benefício fiscal”.

A Efanor Investimentos SGPS, a holding da família Azevedo que é a maior acionista do grupo Sonae, vai ser transformada em Sociedade Anónima Europeia, apurou o ECO. O projeto foi proposto em fevereiro pelo conselho de administração e a operação deverá estar concluída até ao final do primeiro semestre.

Além de deter ativos relevantes em Portugal, a empresa administrada por Maria Margarida Azevedo (viúva de Belmiro), os filhos Paulo e Cláudia Azevedo, Ângelo Paupério ou Carlos Moreira da Silva participa também em negócios e investimentos noutros países da União Europeia. E frisa que “o estatuto da sociedade europeia foi criado justamente para este tipo de entidades, com o propósito de lhes atribuir um quadro regulatório comum”.

“O objetivo desta alteração é o de atribuir à Efanor um estatuto legal supranacional, com vocação comunitária, que lhe permita ter uma estabilidade e uniformidade normativa nos vários Estados-membros e alargar as possibilidades de organização e de cooperação a nível europeu, potenciando o desenvolvimento das suas atividades”, aponta fonte oficial.

A transformação em Sociedade Europeia não implica qualquer alteração no plano operacional ou organizativo, e não tem também qualquer implicação ou benefício fiscal. A Efanor continuará a estar sujeita à lei portuguesa e a apurar e pagar os seus impostos em Portugal.

Fonte oficial da Efanor

Questionada pelo ECO sobre as implicações em termos práticos que terá esta transformação da Efanor, que tem um capital social de quase 83 milhões de euros, em Sociedade Anónima Europeia, a mesma fonte responde que “não implica qualquer alteração no plano operacional ou organizativo, e não tem também qualquer implicação ou benefício fiscal” associado.

“Aliás, após a transformação, continuará a estar sujeita à lei portuguesa e a apurar e pagar os seus impostos em Portugal, ou seja, não haverá qualquer modificação face ao que acontece atualmente, existindo sim uma perspetiva de continuidade. (…) Pretende-se apenas garantir que, sempre que a Efanor operar noutros Estados-Membros, o poderá fazer ao abrigo de um quadro regulatório comum”, completa.

De acordo com os dados que constam do documento em que o conselho de administração propõe aos acionistas a transformação em Sociedade Anónima Europeia, no exercício acabado a 31 de outubro de 2021 obteve um resultado líquido de 25,8 milhões de euros. O passivo ascendia a 162 milhões de euros, com a Efanor a apresentar capitais próprios positivos de 1.046 milhões de euros.

O projeto de pacto social desta holding sediada no Porto estabelece que “além das participações de que seja titular na data da morte do fundador que faleça por último, a sociedade não poderá deter outras participações senão nas sociedades Sonae, Sonae Indústria e Sonae Capital, e em sociedades que possam resultar de cisões” destas últimas.

Sonae presente em mais de 60 países

Com um portefólio diversificado nas áreas de retalho, serviços financeiros, tecnologia, imobiliário e telecomunicações, a Sonae registou vendas consolidadas recorde em 2021, superando os sete mil milhões de euros, com os lucros a subirem 45,6% face ao ano anterior. O grupo liderado por Cláudia Azevedo está presente em mais de 60 países, o que inclui operações, prestação de serviços a terceiros, escritórios de representação, acordos de franchising e parcerias.

A Zeitreel — designação adotada para o negócio da moda depois da recente reformulação da imagem corporativaé uma das mais internacionalizadas nas operações de retalho, através das marcas Salsa, MO, Zippy e Losan. A Sierra, que não vê “oportunidades” para novos shoppings em Portugal, detém e gere vários centros comerciais um pouco por todo o mundo. E a Worten, apesar de ter vendido 17 lojas em Espanha (onde está desde 2009) à MediaMarkt, mantém uma unidade comercial em Madrid e 15 nas ilhas Canárias, além do canal de vendas online.

A lista de participações em empresas que somou e de que se desfez em 2021, sobretudo no espaço europeu, mostram a crescente exposição internacional do grupo controlado pela Efanor. Entre outros, vendeu 25% do capital da MC (retalho alimentar) a um fundo da gigante mundial CVC, comprou a britânica Gosh! Food (alimentação de base vegetal), vendeu a participação de 50% na Maxmat à neerlandesa BME e a percentagem igual que tinha na seguradora MDS ao londrino The Ardonagh Group.

Cláudia Azevedo (CEO), João Günther Amaral (CDO) e João Dolores (CFO) durante a apresentação de resultados da Sonae, na MaiaDR Sonae 17 Março, 2022

No segmento desportivo, a ISRG (Iberian Sports Retail Group), joint-venture da Sonae com a JD Sports, adquiriu 80% da Deporvillage, retalhista online de equipamento de desporto, e expandiu para uma nova geografia com a compra da Sports Unlimited Retail, que opera nos Países Baixos com as marcas Perry Sport e Aktiesport. E ainda passou a ter uma posição de controlo (50,1%) na Bodytone International Sport, produtora de origem espanhol e distribuidora internacional de equipamentos de fitness.

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Agora há uma horta no Campus Sonae. Produtos serão doados

Projeto, em parceria com a Noocity, tem como objetivo produzir cerca de 700 kgs de produtos hortícolas por ano, os quais serão doados a uma instituição local.

Há mais campo no campus da Sonae, na Maia. O grupo instalou uma horta comunitária na cobertura verde de um dos armazéns de logística, dando oportunidade aos 3.200 colaboradores na sede de meter mãos à terra e cultivar produtos agrícolas que serão doados a uma instituição de solidariedade social local. O projeto, em parceria com a Noocity, faz parte do projeto europeu PROBONO, e é conhecido no Dia Mundial da Terra.

“A horta comunitária já conta com 100 colaboradores de empresas do grupo que, em regime de voluntariado, são responsáveis pelo cultivo, manutenção e desenvolvimento da horta, podendo o trabalho ser desenvolvido durante o horário laboral. A Horta do Sonae Campus vai produzir legumes e ervas aromáticas e, ao mesmo tempo, fomentar momentos de networking e aprendizagem, contribuindo para o bem-estar dos colaboradores”, descreve o grupo.

A horta está instalada na cobertura verde de um dos armazéns de logística, sendo composta por 20 espaços de cultivo e tem como objetivo produzir cerca de 700 kgs de produtos hortícolas por ano, os quais serão doados.

“O projeto foi pensado para ser sustentável e ecoeficiente, incorporando tecnologia que permite uma poupança anual no consumo de água de 195 mil litros e uma redução anual de CO2 em 1.400 kgs. O projeto vai permitir também valorizar os resíduos orgânicos dos espaços de restauração que existem no complexo, nomeadamente através da utilização de vermicompostores para transformação em adubos naturais”, destaca a Sonae.

A Horta do Sonae Campus contribui, assim, para reforçar os eixos estratégicos da Sonae de Pessoas e Planeta, ao nível da sustentabilidade — com a redução da pegada ecológica e valorização de resíduos — da responsabilidade corporativa — com a doação dos alimentos à comunidade — e da valorização das pessoas e do equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, “contribuindo para a realização pessoal dos colaboradores através do voluntariado”, realça o grupo dono do Continente e da Worten.

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Remuneração de Cláudia Azevedo na Sonae sobe para 1,6 milhões em 2021

  • Lusa
  • 6 Abril 2022

Cláudia Azevedo recebeu, em 2021, 505.600 euros a título de remuneração fixa e dois prémios de 551.000 euros cada um. Em 2020, a remuneração fixa foi de 493.800 euros e os prémios de 372.700 euros.

A remuneração da presidente da Comissão Executiva (CEO) da Sonae subiu de 1.239.200 euros em 2020 para 1.607.600 euros em 2021, sendo o salário da gestora distribuído por três partes, incluindo dois prémios, segundo um relatório.

De acordo com o documento, divulgado esta quarta-feira, Cláudia Azevedo recebeu, em 2021, 505.600 euros a título de remuneração fixa e dois prémios de 551.000 euros cada um. Em 2020, a remuneração fixa foi de 493.800 euros e os prémios de 372.700 euros cada um.

Na sua descrição das remunerações, a Sonae explicou que esta remuneração variável está dividida em dois, o Prémio Variável de Curto Prazo (PVCP) e o Prémio Variável de Médio Prazo (PVMP). Assim, o PVCP equivale no máximo a “50% do valor do prémio variável total. Este prémio é pago em numerário, no primeiro semestre seguinte ao ano a que diz respeito, podendo, todavia, e a critério da Comissão de Vencimentos, ser pago, no mesmo prazo, em ações, nos termos e condições previstos para o Prémio Variável de Médio Prazo”.

Por sua vez, o PVMP é “destinado a reforçar o compromisso dos(as) administradores(as) executivos(as) com a empresa, alinhando os seus interesses com os dos acionistas e aumentando a consciencialização da importância do respetivo desempenho para o sucesso global e sustentável da sociedade” sendo que “o valor atribuído corresponde, no mínimo, a 50% do prémio variável total, pago com um diferimento de três anos, após a sua atribuição, ie. quatro anos após o ano de ‘performance’”.

A empresa explicou ainda que o prémio variável de curto prazo “resulta da concretização de KPIs [indicadores de performance] coletivos e individuais”, sendo que “não é garantido dado que a sua atribuição está dependente da consecução de objetivos”.

Já o PVMP atribuído “é convertido em ações Sonae, sendo valorizado à data de atribuição a preços representativos da cotação do título, no mercado de ações em Portugal, considerando-se para o efeito, o preço médio da cotação das ações da sociedade”, referiu a Sonae.

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