Delta, Sonae e EDP lideram ranking de reputação corporativa em Portugal

Estudo coloca o Grupo Nabeiro na dianteira dos critérios ambientais, sociais e de governação (ESG). Conheça as empresas mais bem pontuadas em 25 setores de atividade no mercado português.

O Grupo Nabeiro (Delta Cafés), a Sonae e a EDP lideram a edição portuguesa de 2021 do ranking Merco de avaliação corporativa, que avalia anualmente as empresas que melhor cumprem os critérios ambientais, sociais e de governação (ESG na sigla inglesa).

Jerónimo Martins (4º lugar), Galp (5º), Ikea (6º), Microsoft (7º), Lidl (8º), Vodafone (9º) e Continente (10º) completam o top 10 deste monitor de referência no espaço ibero-americano, lançado pela primeira vez em 1999, que resultou nesta pontuação a partir de cinco avaliações, 12 fontes de informação e 1.209 inquéritos.

No que respeita às subclassificações ESG (Ambiental, Social, Governança), a Delta é a empresa mais ambientalmente responsável, com o grupo de origem alentejana a liderar também a componente social e a comandar a lista respeitante à boa governação, sendo neste caso seguida pela Sonae e pela concorrente Jerónimo Martins, dona do Pingo Doce.

Em declarações ao ECO, Rui Miguel Nabeiro sublinha que “a sustentabilidade está no ADN” do Grupo Nabeiro, que “trabalha continuamente para a conciliação entre o modelo de crescimento económico e o modelo de sustentabilidade de todas as nossas empresas, de forma a assegurar o desenvolvimento sustentado do negócio”.

“Estamos comprometidos na contínua aplicação de práticas empresariais ambientalmente sustentáveis, investindo no desenvolvimento de novas tecnologias e trabalhando para reduzir o impacto ambiental das nossas operações através da otimização dos processos fabris”, acrescenta o presidente executivo.

Trabalhamos continuamente para a conciliação entre o modelo de crescimento económico e o modelo de sustentabilidade de todas as nossas empresas.

Rui Miguel Nabeiro

CEO do Grupo Nabeiro (Delta Cafés)

Rui Miguel Nabeiro, que acaba de ser eleito presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa, pretende que o grupo familiar “[continue] a ter um papel ativo na construção de valor para a sociedade, contribuindo para a adoção de comportamentos mais responsáveis, acrescentando simultaneamente valor aos vários momentos de consumo e de partilha proporcionados pelo café”.

Quais as empresas mais responsáveis em 25 setores?

O ranking identifica ainda as empresas líderes em cada um dos principais setores, como é o caso da Delta (alimentação), Accenture (auditoria e consultoria), Volkswagen (automóvel), Santander (banca), Super Bock Group (bebidas), Ikea (distribuição especializada), Jerónimo Martins (distribuição generalista), Renova (drogaria e perfumaria), Samsung (eletrónica de consumo / informática), Adecco (recursos humanos), Bial (farmacêutico) ou Sonae (holding empresarial).

Pestana (hotelaria e turismo), Corticeira Amorim (indústria), Microsoft (informática e software), ANA (infraestruturas e construção), Rádio Comercial (meios de comunicação), EDP (petróleo, gás, energia e água), Luz Saúde (saúde), Tranquilidade (seguros), Google (serviços de internet), Siemens (tecnológico / industrial), Vodafone (telecomunicações), Luís Simões (transporte de mercadorias e logística) e CP (transporte de passageiros) completam a lista setorial divulgada esta quinta-feira.

Sónia Cardoso, diretora de Sustentabilidade da Sonae, contabiliza que nas várias vertentes ESG, só em 2021, este que é o maior empregador privado em Portugal investiu 21 milhões de euros em apoios à comunidade, apoiou 1.271 instituições, disponibilizou mais de 700 horas dos colaboradores para iniciativas de voluntariado, reduziu em 16% as emissões de CO2, atingiu 74% de reciclabilidade das embalagens de plástico dos produtos e deu mais de 1,2 milhões de horas de formação aos colaboradores.

Cláudia Azevedo (CEO), João Günther Amaral (CDO) e João Dolores (CFO) durante a apresentação de resultados da Sonae, na MaiaDR Sonae 17 Março, 2022

“A cultura ética é o elemento central na vida da EDP. Tudo gira em redor da ética. O código, o processo ético, a provedoria independente, o regulamento, o sistema de auscultação e denúncia, as auditorias e os mecanismos de integridade. E ainda o facto de o CEO liderar a cultura ética, convocando-a em permanência e imprimindo a sua promoção e valorização”, respondeu, por outro lado, Miguel Viana, diretor de Sustentabilidade da EDP, questionado sobre os principais destaques ao nível ético e de governança corporativa.

Seguindo aquela que descreve como “a metodologia de evolução reputacional mais completa do mundo”, o Merco Responsabilidade ESG Portugal 2021 contou com a participação de 179 executivos de grandes empresas, 41 jornalistas de informação económica, 30 membros do governo, 36 analistas financeiros, 35 responsáveis de ONG, 35 dirigentes sindicais, 30 dirigentes de associações de consumidores e 800 cidadãos (Merco Consumo). A par destas avaliações, integra também uma análise da reputação na esfera digital das empresas (Merco Digital).

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Isabel dos Santos? Nos está “protegida de qualquer turbulência acionista”, diz Cláudia Azevedo

Sonae lamenta que processos judiciais contra Isabel dos Santos continuem a arrastar-se nos tribunais, mas garante que atual posição de 33,45% na Nos é “confortável” em termos de controlo e influência.

Continuam “parados” os processos judiciais que estão a correr em Portugal e também em Angola relativamente a Isabel dos Santos, com quem a Sonae tinha criado em 2012 a Zopt para juntar os interesses no setor das telecomunicações — e que controlavam em partes iguais.

Essa participação na Zopt continua arrestada, como as outras que a empresária angolana tinha em empresas portuguesas. Cláudia Azevedo, CEO da Sonae, admite que “a única coisa boa no meio disto tudo é que a Nos mantém um desempenho muito bom e conseguiu-se proteger a empresa de qualquer turbulência acionista”.

No verão de 2020, o grupo sediado na Maia anunciou a intenção de desfazer essa parceria com Isabel dos Santos no seguimento do caso Luanda Leaks, que expôs os esquemas financeiros da empresária africana que terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano, utilizando paraísos fiscais.

Na conferência de imprensa realizada esta quinta-feira para apresentar os resultados de 2021, o diretor financeiro da Sonae, João Dolores, recordou que o grupo nortenho tem neste momento, direta ou indiretamente, 33,45% da Nos. E mesmo no dia em que seja dissolvida a Zopt, “pode eventualmente subir a participação até 49,9%, sem espoletar uma OPA”.

É uma posição económica com um nível de controlo e de influência que nos deixa confortáveis. (…) Iremos continuar atentos. O mais importante é garantirmos que a Nos não é afetada por isto.

João Dolores

Diretor financeiro da Sonae

“É uma posição económica com um nível de controlo e de influência na empresa que nos deixa confortáveis. Se em qualquer momento decidirmos reforçar a participação, iremos fazê-lo. Queremos que as questões judicial e acionista se resolvam. Estamos à espera das autoridades judiciais. Iremos continuar atentos. O mais importante é garantirmos que a empresa não é afetada por isto, que opera bem e continua a executar o seu projeto de telecomunicações no mercado português”, frisou o gestor.

Questionado sobre os planos de expansão para a MC, depois de 25% da operação de retalho alimentar ter sido vendida à CVC em meados de 2021, João Dolores descreveu que já estão a ser “executados planos de expansão” em Portugal, onde “continua a abrir lojas em proximidade de forma bastante acelerada” com a insígnia Continente Bom Dia, e pretende “continuar a aumentar o footprint para estar mais próxima dos clientes e ter um parque de lojas mais completo”.

“Vamos continuar a investir também nos nossos canais digitais em todos os formatos, em particular dentro da MC. E temos também planos de expansão na área de saúde e do bem-estar — em Portugal através da Well’s e em Espanha da Arenal. A MC não para e a CVC está muito alinhada com esta estratégia”, resumiu o responsável financeiro.

Ninguém pode afirmar que está protegido contra todos os ataques. Todas as empresas com algum destaque são atacadas diariamente e estão diariamente a defender-se. É o nosso caso.

João Günther Amaral

Diretor de desenvolvimento da Sonae

Já quanto ao tema da cibersegurança, que nos últimos meses tem estado na agenda, sobretudo depois do ataque informático à Vodafone Portugal, concorrente da Nos, a administração da Sonae assegura que “faz tudo e mais alguma coisa para [se] proteger”. “Ninguém pode afirmar que está protegido contra todos os ataques. Todas as empresas com algum destaque são atacadas diariamente e estão diariamente a defender-se. É o nosso caso. E até à data temos feito isso tudo com sucesso”, respondeu João Günther Amaral.

Esta quinta-feira, Cláudia Azevedo, CEO da Sonae, garantiu que “não tem nenhum sinal” de que possam vir a faltar produtos alimentares nas prateleiras do Continente. E apesar do contexto de aumento de custos com a energia e com as matérias-primas, promete igualmente que vai “lutar” por manter os preços baixos para os consumidores e que “não vão faltar as promoções” nos supermercados em 2022.

No ano passado, os lucros da Sonae aumentaram para 268 milhões de euros, um crescimento de 45,6% face ao ano anterior. Este é o valor mais elevado dos últimos oito anos. O volume de negócios consolidado da empresa liderada por Cláudia Azevedo subiu 5,3% e atingiu um valor recorde, ultrapassando os sete mil milhões de euros.

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Continente promete prateleiras cheias e promoções nas lojas em 2022

Cláudia Azevedo diz que Sonae tem “flexibilidade e criatividade” para garantir abastecimento e preços baixos nos supermercados. Critica a Concorrência e pede ao Governo corte de impostos na energia.

A Sonae garante que “não tem nenhum sinal” de que possam vir a faltar produtos alimentares nas prateleiras do Continente. E apesar do contexto de aumento de custos com a energia e matérias-primas, promete igualmente que vai “lutar” por manter os preços baixos para os consumidores e que “não vão faltar as promoções” nos supermercados em 2022.

Em conferência de imprensa, a presidente executiva da Sonae disse que “tudo [fará] para que não aconteça” um aumento generalizado dos preços, assegurando que a empresa vai “lutar” por manter os preços baixos nas lojas. “Posso garantir que faremos tudo para reduzir ao máximo [o impacto da subida dos custos] e encontrar formas criativas de fornecer outros produtos, outros cabazes”, sublinhou.

“Nestes últimos dois anos de pandemia ganhámos um músculo de flexibilidade e de criatividade. Passámos dois anos, sobretudo na MC, em que nos perguntávamos se iam ou não faltar produtos. E conseguimos garantir que há sempre produtos. Se não conseguirmos de um lado vamos buscar ao outro. Conhecemos bem os consumidores, o Continente tem 36 anos [no mercado] e sempre conseguiu dar resposta. Não vão faltar as promoções”, resumiu Cláudia Azevedo.

A empresária nortenha explicou que “as negociações com os fornecedores são uma constante” – alguns são pequenos produtores, outros multinacionais muito maiores do que a Sonae – e avisou que “toda a cadeia de valor tem de absorver alguns choques e procurar alternativas (…), baixando num sítio e aumentando noutro”. “Não pode passar tudo para o consumidor final, acrescentou.

Cláudia Azevedo (CEO), João Günther Amaral (CDO) e João Dolores (CFO) durante a apresentação de resultados da Sonae, na MaiaDR Sonae 17 Março, 2022

A limitação na venda de óleo alimentar nos supermercados, explicou, é apenas uma tentativa de evitar o açambarcamento, já que os armazéns estão cheios desse tipo de artigos – “é mais para moldar a procura”. Sobre o risco da dependência do mercado português na importação de cereais da Ucrânia, como o milho para rações, Cláudia Azevedo, vestida esta quinta-feira com as cores da bandeira ucraniana da cintura para cima, lembra que “há sítios alternativos no Brasil ou nos EUA para ir buscar esses cereais”.

A totalidade do trigo que é usado nas padarias do Continente já é produzida em Portugal, num total de sete toneladas de farinha, a partir de searas plantadas em 1.500 hectares no Alentejo. Pode esse projeto ser alargado a outros cereais, como o milho? “Demora algum tempo. Já não produzíamos praticamente trigo em Portugal e este foi um projeto da MC com o Clube de Produtores para reintroduzir este cereal no país. É um bom desafio voltarmos a cultivar outros cereais em Portugal”, respondeu.

Dos impostos na energia ao regulador “chato”

Durante a conferência de imprensa realizada na Maia, Cláudia Azevedo frisou ainda que a subida dos preços da energia “afeta toda a gente [e] tem de haver desenvolvimentos” nesse campo. Reclamou que “não faz sentido afetar tanto a indústria portuguesa e 50% dos custos serem impostos”. “Não faz sentido prejudicar toda a gente para recolher mais impostos. Espero novidades nessa frente. Portugal tem muitos dias 70% de abastecimento por energias renováveis, temos de ter esse benefício”, argumentou.

Já questionada sobre os processos da Autoridade da Concorrência relativos a concertação de preços que têm visado os supermercados, como o Continente, Cláudia Azevedo confia que “os consumidores não têm dúvidas de que [o setor é] um dos mais competitivos e promocionais de toda a Europa”, que espanta até os operadores estrangeiros que entram em Portugal, como a Mercadona. Contesta que “o que Autoridade da Concorrência vê, mais ninguém vê”, que “é muito chato os reguladores serem assim em Portugal, mas [vai] defender o bom nome da empresa até ao fim”.

Um mês depois de refrescar a marca e os valores para “moldar o amanhã”, a Sonae apresenta os resultados de 2021 no meio de um cenário de guerra na Europa. A empresa portuguesa tinha apenas uma pequena filial da Losan (vestuário infantil) na Rússia, que “já estava a tentar fechar”. “Tínhamos contratos com distribuidores de roupa para criança e simplesmente fechámos. É pouco significativo”, descreveu a filha do fundador, que quer tornar a Sonae mais ágil, menos perfeita e tão eficiente como a de Belmiro.

Os lucros da Sonae aumentaram para 268 milhões de euros em 2021, um crescimento de 45,6% face ao ano anterior. Este é o valor mais elevado dos últimos oito anos. O volume de negócios consolidado da empresa liderada por Cláudia Azevedo subiu 5,3% e atingiu um valor recorde, ultrapassando os sete mil milhões de euros.

Numa altura em que continuam “parados” os processos judiciais que estão a correr em Portugal e também em Angola relativamente a Isabel dos Santos, com quem a Sonae tinha criado a Zopt para juntar os interesses no setor das telecomunicações — e que controlavam em partes iguais —, Cláudia Azevedo admite que “a única coisa boa no meio disto tudo é que a Nos mantém um desempenho muito bom e conseguiu-se proteger a empresa de qualquer turbulência acionista”.

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Mais de 60% do financiamento da Sonae já tem “enquadramento sustentável”

No último ano, o grupo liderado por Cláudia Azevedo refinanciou mais de 900 milhões de euros, com spreads associados a “metas ambiciosas” em indicadores ambientais, sociais e de corporate governance.

A Sonae anunciou esta sexta-feira ter completado “um conjunto muito significativo” de operações de financiamento indexadas ao desempenho em indicadores ambientais, sociais e de corporate governance (ESG na sigla inglesa), fazendo com que o grupo tenha atualmente contratualizadas operações de financiamento com enquadramento sustentável, Green ou ESG Linked de mais de mil milhões de euros.

Segundo o grupo liderado por Cláudia Azevedo, este valor representa agora mais de 60% das linhas de financiamento de médio e longo prazo das empresas consolidadas integralmente pela Sonae, entre linhas utilizadas e disponíveis, tendo assim atingido a meta que tinha fixado. No caso da holding, particulariza, a percentagem é já de 92% e na MC (retalho alimentar) de 56%.

“Só nos últimos 12 meses refinanciámos mais de 900 milhões de euros, com spreads associados a metas ambiciosas para indicadores ESG. Isto só é possível porque na Sonae estamos empenhados em crescer com responsabilidade e não hesitamos em assumir compromissos financeiros que dependem do nosso impacto nas pessoas, nas comunidades e no planeta”, destaca o diretor financeiro, João Dolores.

Só nos últimos 12 meses refinanciámos mais de 900 milhões de euros, com spreads associados a metas ambiciosas para indicadores ESG [Environmental, Social & Governance].

João Dolores

Diretor financeiro da Sonae

Em comunicado enviado às redações, o conglomerado nortenho, que no mês passado apresentou uma nova identidade corporativa, sublinha que estas operações financeiras “demonstram o reconhecimento da estratégia de desenvolvimento sustentável do grupo por um conjunto muito alargado de instituições bancárias nacionais e internacionais”.

Os acordos celebrados “reforçam a posição de liquidez, aumentam a maturidade média da dívida e reduzem os custos de financiamento”, estando os spreads destas operações indexados ao desempenho das empresas do universo Sonae na promoção da presença de mulheres em cargos de liderança, à redução das emissões de CO2 e ao aumento da taxa de reciclagem dos resíduos gerados nos centros comerciais.

A Sonae, que vai transformar o campus da Maia num laboratório de inovação sustentável, foi selecionada em janeiro para integrar o Bloomberg 2022 Gender-Equality Index (GEI), que inclui na edição deste ano um total de 418 empresas de meia centena de setores — o financeiro, tecnológico e das utilities são os mais representados — e provenientes de 45 países.

Desde que a filha de Belmiro de Azevedo ascendeu à presidência executiva em 2019, deixando a Sonae Capital e sucedendo a Paulo Azevedo e Ângelo Paupério na chefia da holding, o grupo tem vindo a reforçar a liderança e a fazer crescer (por via orgânica e aquisições) os vários negócios que explora no retalho, telecomunicações, imobiliário, tecnologias ou gestão de investimentos, dentro e fora do país. Os dados mais recentes, relativos aos últimos 12 meses acabados em setembro de 2021, mostram um volume de negócios consolidado de 6,9 mil milhões de euros.

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Sonae entra no índice Bloomberg para a igualdade de género

Grupo liderado por Cláudia Azevedo junta-se a outras sete cotadas - Jerónimo Martins, Galp, EDP, EDP Renováveis, REN, NOS e BCP - no índice de transparência e boas práticas na igualdade de género.

A Sonae foi selecionada para integrar o Bloomberg 2022 Gender-Equality Index (GEI), que inclui na edição deste ano um total de 418 empresas de meia centena de setores — o financeiro, tecnológico e das utilities são os mais representados — e provenientes de 45 países e regiões, com uma capitalização bolsista combinada de 16 biliões de dólares (14,2 biliões de euros).

O grupo nortenho liderado por Cláudia Azevedo junta-se assim à NOS, à REN e a outras cotadas portuguesas, como a Jerónimo Martins, a Galp, a EDP, a EDP Renováveis ou o BCP, que já faziam parte da anterior edição deste índice que visa replicar o desempenho das empresas de capital aberto comprometidas com a prestação de informação transparente sobre as suas práticas e políticas relativas à igualdade de género.

Liderança feminina e pipeline de talento; igualdade de remuneração e paridade salarial; cultura inclusiva; políticas de prevenção contra o assédio sexual; ser uma marca pró-mulher. São estes os cinco pilares de desempenho avaliados no índice, num total superior a 70 indicadores, neste projeto da Bloomberg. Com a multinacional de origem retalhista sediada na Maia a distinguir-se, em particular, nos três primeiros indicadores e a alcançar uma pontuação global de 78%.

Assumimos o compromisso de 39% das posições de liderança serem ocupadas por mulheres até 2023. Esta decisão implica agir no imediato em diferentes etapas da carreira das nossas colaboradoras.

João Günther Amaral

Membro da comissão executiva da Sonae

Na edição de 2022, a pontuação média no GEI foi de 71%. A análise feita às 418 participantes, entre as quais algumas das principais empresas do mundo — as que têm uma capitalização de mercado de mil milhões de dólares são elegíveis para a inclusão no índice –, mostra que as mulheres ocupam 31% das cadeiras nos conselhos de administração. 72% têm um diretor para a área da diversidade e da inclusão (Chief Diversity Officer ou equivalente) e 61% exigem que a lista de candidatos para cargos de gestão seja equilibrada em matéria de género.

Sonae Tech Hub

Falando num “equilíbrio de direitos, liberdades e oportunidades”, João Günther Amaral, membro da comissão executiva, lembra que a Sonae assumiu há três anos o compromisso de ter 39% das posições de liderança ocupadas por mulheres até 2023 e que essa decisão “implica agir no imediato em diferentes etapas da carreira das colaboradoras” do grupo.

“Integrar este índice de referência mundial é um reconhecimento importante do progresso que já alcançámos e vem reforçar a nossa confiança em continuar este caminho pela igualdade”, acrescentou o administrador da Sonae, citado num comunicado enviado às redações esta quarta-feira.

29o Digital Business Congress - 21NOV19
Miguel Almeida, presidente executivo da NOSHugo Amaral/ECO

Também a NOS se estreia neste índice em 2022, reclamando que a inclusão no GEI reforça o compromisso “para com a igualdade de tratamento e de oportunidades entre todas as suas pessoas, e para com a eliminação de qualquer tipo de discriminação em função do sexo”. Objetivos que diz estarem materializados no Plano para a Igualdade de Género 2022 e na Declaração de Compromisso para a Diversidade e Inclusão da empresa de telecomunicações.

“Os princípios da igualdade, diversidade e inclusão assumem um papel central na estratégia de recursos humanos da NOS, estando intrinsecamente relacionados com a evolução, crescimento e diversificação do nosso negócio. Apostamos na captação e retenção dos melhores talentos e promovemos a igualdade de oportunidades, independentemente do género. Estamos muito conscientes do impacto que estas práticas têm na valorização das nossas pessoas e esta distinção incentiva-nos evoluir cada vez mais”, resume Miguel Almeida, CEO da NOS.

Num mundo tão dinâmico e em permanente mudança, é essencial para o sucesso que as empresas acolham a diversidade, e em particular a igualdade de género.

Andy Brown

CEO da Galp

Já Andy Brown, CEO da Galp, que volta a fazer parte do índice este ano, concorda que “num mundo tão dinâmico e em permanente mudança, é essencial para o sucesso que as empresas acolham a diversidade, e em particular a igualdade de género”. “Estamos determinados a melhorar continuamente e o GEI permite-nos acompanhar o progresso que fazemos e prestar contas por ele”, conclui o líder da empresa energética.

JM e BCP a subir na classificação

A metodologia do GEI assenta na ponderação de dois fatores: 30% para disclosure (divulgação de informação) e 70% para data excellence (desempenho). No conjunto das duas dimensões, a Jerónimo Martins obteve este ano uma classificação de 71,55%, que representa uma subida de 6,5 pontos face à última edição.

Para Susana Correia de Campos, Head of Corporate Employee Relations do Grupo Jerónimo Martins, este resultado “atesta a consistência” com que esta área é trabalhada no seio da retalhista que detém o Pingo Doce (Portugal) ou a Biedronka (Polónia) e que este “é um trabalho diário de melhoria contínua num grupo que [se] orgulha de ter 68% dos cargos de gestão ocupados por mulheres”.

É um trabalho diário de melhoria contínua num Grupo em que nos orgulhamos de ter 68% dos cargos de gestão ocupados por mulheres.

Susana Correia de Campos

Head of Corporate Employee Relations do Grupo Jerónimo Martins

Já o Millennium BCP integra o Bloomberg Gender-Equality Index pelo terceiro ano consecutivo e é o único banco português na lista. A instituição financeira sublinha que o compromisso com todos os critérios ESG (environmental, social and corporate governance) está espelhado na evolução da classificação neste ranking: 77,79% em 2020, 78,11% em 2021 e 80,76% em 2022.

“Sermos referenciados à escala global numa matéria tão relevante é um orgulho para os profissionais do Millennium BCP e constitui um claro sinal do empenho do banco em criar uma cultura empresarial que promove a igualdade de oportunidades, premeia o mérito e a qualidade do trabalho em equipa”, salienta Miguel Maya, citado numa nota de imprensa.

Miguel Maya, presidente do Millennium BCPANTÓNIO COTRIM/LUSA

O presidente da comissão executiva frisa ainda que “uma organização que valoriza a diversidade e a equidade de condições independentemente de género, raça, religião ou orientação sexual, está seguramente mais bem preparada para interpretar novos contextos e desafios, bem como para respeitar e corresponder às necessidades dos clientes num mundo complexo, global e diverso”.

(Notícia atualizada às 18:15 com a declaração de Miguel Almeida)

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Venda da corretora de seguros pode dar mais 5% às ações da Sonae, estima BPI/CaixaBank

Sonae anunciou na semana passada a venda da corretora de seguros MDS ao grupo britânico Ardonagh por 100 milhões. Analistas consideram bom negócio para a holding liderada por Cláudia Azevedo.

A venda da corretora de seguros MDS ao grupo britânico Ardonagh por 100 milhões de euros poderá ter um impacto positivo de 5,5% no valor das ações da Sonae SON 0,00% , de acordo com o BPI/CaixaBank, que considera que a operação mostra, mais uma vez, o compromisso da holding da família Azevedo de “cristalizar valor com a venda de negócios mais maduros”.

“Temos avaliado esta participação na MDS pelo book value. Esta venda poderá representar, por isso, um impacto positivo de 3% no nosso preço-alvo”, começam por dizer os analistas do banco numa nota de research publicada esta segunda-feira.

Contudo, “considerando que a Sonae incorpora um desconto de holding, não excluímos que o mercado possa não ter atribuído qualquer valor a esta participação. Nesse sentido, a avaliação do mercado do potencial impacto de acréscimo estaria em +5,5%”, acrescentam José Rito e Guilherme Sampaio.

O BPI/CaixaBank atribui um preço-alvo de 1,40 euros ao título. As ações está a subir quase 3% para os 0,998 euros nesta sessão, registando a sexta sessão consecutiva de valorizações.

Na passada quinta-feira, a Sonae e a IPLF Holding, da família brasileira Suzano, estabeleceram um acordo com o The Ardonagh Group, o maior grupo de corretagem independente do Reino Unido, para a venda de 100% do capital social do Grupo MDS, operação que deverá estar concluída durante o primeiro semestre de 2022. A Sonae irá encaixar cerca de 100 milhões de euros pelos 50% que detém na MDS, anunciando uma mais-valia de 74 milhões de euros neste negócio.

Para o banco de investimento, esta venda “mostra mais uma vez mais o compromisso da Sonae de cristalizar valor com a venda de alguns dos seus negócios mais maduros”.

“Tem sido evidente o ritmo de reestruturação da Sonae nos últimos 24 meses: negócio da Sierra Prime, venda/reestruturação da Worten Espanha, novo contrato com o Banco CTT, venda da Maxmat, alguma rotação de ativos com algumas participações da Sonae IM em companhias tecnológicas e a venda de cerca de 25% da Sonae MC”, elencam os analistas do BPI/CaixaBank.

Entre outros negócios, a Sonae explora a rede de super e hipermercados Continente.

Sonae acelera na bolsa após vender corretora de seguros

Nota: A informação apresentada tem por base a nota emitida pelo banco de investimento, não constituindo uma qualquer recomendação por parte do ECO. Para efeitos de decisão de investimento, o leitor deve procurar junto do banco de investimento a nota na íntegra e consultar o seu intermediário financeiro.

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Bolsa fecha em alta e completa semana sempre a subir

Foi o dia das retalhistas em Lisboa: a Sonae disparou quase 6% e a Jerónimo Martins ganhou mais de 2%. Bolsa registou a quinta sessão de ganhos esta semana.

A bolsa de Lisboa fechou a sessão desta sexta-feira em alta, completando uma semana sempre a subir. O PSI-20 acumulou uma valorização semanal de mais de 1,5%, depois de duas semanas sob pressão.

O principal índice português avançou 0,64% para 5.744,02 pontos, na quinta sessão seguida de ganhos. Foram sobretudo as duas retalhistas nacionais a darem força a Lisboa: a Sonae — que detém a cadeia de hiper e supermercados Continente — disparou 5,84% para 1,069 euros e a Jerónimo Martins — que explora o Pingo Doce e a Biedronka na Polónia — somou 2,51% para 21,20 euros.

Sonae dispara

Mais cinco cotadas — além das duas retalhistas — encerraram a última sessão da semana em terreno positivo, com destaque para a Corteira Amorim (+1,70%) e para a REN (+0,80%). No caso da gestora da rede elétrica nacional, foi a primeira reação do mercado em relação aos resultados apresentados esta quinta-feira: registou lucros de 68,4 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, menos 10% em relação ao mesmo período do ano passado.

A GreenVolt caiu 2,81% e teve o pior desempenho em Lisboa. No setor da energia, também a Galp cedeu 1,36% para 8,84 euros, num dia em que os preços do barril de petróleo desvalorizam mais de 1% devido à força do dólar e à possibilidade de os EUA libertarem reservas estratégicas.

O BCP, outro dos pesos pesados nacionais, caiu também mais de 1%.

Lá por fora, as principais praças europeias também encerraram a semana em alta, com o Stoxx 600 a subir mais de 0,30%. O parisiense Cac-40 avançou cerca de 0,50% e atingiu um novo máximo.

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“Hipótese de um IPO da Sonae MC poderá ser explorada no futuro”, diz CFO da Sonae

Encaixe da venda de 25% da dona do Continente à CVC será usado para novos investimentos. "Seremos muito rigorosos na identificação de oportunidades e não temos pressa", garante João Dolores.

Não foi no IPO em 2018, devido às condições no mercado bolsista, foi agora. No primeiro dia de agosto, a Sonae anunciou o acordo para a venda de 24,99% da Sonae MC à CVC Capital Partners por 528 milhões de euros, acrescidos de um pagamento contingente diferido de até 63 milhões, num negócio que vinha a ser preparado nos últimos dois meses. Mas porquê agora e com que objetivo? E o que ganha em troca o gigante europeu do private equity?

“Através da entrada de um investidor estratégico como a CVC, atingimos muitos dos objetivos que tínhamos quando explorámos o IPO mas com condições mais atrativas para a Sonae, nomeadamente uma avaliação substancialmente superior e a possibilidade de contar com um acionista de referência que contribuirá com o seu know-how e experiência para o sucesso da empresa”, sublinha João Dolores, administrador financeiro (CFO) da Sonae, em resposta ao ECO.

A Sonae SGPS avançou a 4 de outubro de 2018 com um IPO de até 25% do capital, que avaliava a empresa entre 1,4 e 1,6 mil milhões, mas abandonou a operação no dia 11 perante a forte turbulência nos mercados. O mês terminaria como o pior para o índice S&P500 desde setembro de 2011. O negócio com a CVC avalia o retalho num intervalo entre 2,1 e 2,36 mil milhões. Ainda assim, João Dolores não afasta a venda de novas parcelas do capital em bolsa: “A hipótese IPO poderá ainda vir a ser explorada no futuro”. As ações da holding reagiram em alta na segunda-feira, mas acabaram por corrigir.

O “timing” e a avaliação foram elogiados pelos analistas. Quer a JB Capital Markets, quer o CaixaBank BPI assinalaram que o negócio avalia a Sonae MC acima do valor que era por eles atribuído. “Cristaliza parte do valor da unidade central da Sonae com uma avaliação atraente”, sublinha a primeira, acrescentando que “o momento não poderia ser melhor”, dado o impacto positivo da covid-19 no consumo de alimentos e o desempenho acima dos pares. A retalhista conseguiu um crescimento de 5,4% das receitas no primeiro trimestre e de 7,3% no EBITDA, em relação aos primeiros seis meses de 2020.

O que motivou o negócio?

O administrador financeiro da Sonae SGPS salienta que a “operação melhora a posição financeira do grupo”, isto é, permite encolher a dívida, que no final de junho era de 1,5 mil milhões. Mas esse não será o principal motivo, nem o destino final do dinheiro. A venda “permite que analisemos novas oportunidades de investimento com mais ambição e confiança”, explica.

"O que podemos assegurar é que seremos, como sempre, muito rigorosos e disciplinados na identificação e análise de oportunidades.”

João Dolores

CFO da Sonae SGPS

Nos tempos que correm ter 528 milhões parados em cash faz pouco ou nenhum sentido. Mas João Dolores não abre o jogo sobre os planos da Sonae: “É cedo para dizer exatamente onde iremos investir no futuro. O que podemos assegurar é que seremos, como sempre, muito rigorosos e disciplinados na identificação e análise de oportunidades e que não temos pressa. A Sonae tudo fará para se manter fiel ao historial de sucesso de criação de valor para os seus acionistas e restantes stakeholders“.

A Sonae fez uma conference call com analistas na segunda-feira para dar algumas explicações sobre o negócio. O analista financeiro António Seladas, da AS Independent Research, enviou uma nota aos clientes, onde dá conta do que foi dito e assinala que a empresa disse não ter planos para usar o encaixe em dividendos extra ou programas de compra de ações.

O reforço na Nos, onde a Sonae SGPS tem, direta e indiretamente, cerca de 33% do capital, é um cenário admitido por António Seladas. Recorde-se que a maior fatia (52,15%) é detida a meias com Isabel dos Santos, que tem as ações arrestadas. As ações dispersas no mercado (free-float) equivalem a cerca de 40%. No entanto, na conference call, o CFO afirmou que a empresa está “satisfeita” com as participações atuais na Sonae Sierra e na Nos.

Dividendo atrativo para a CVC

Para a CVC, o investimento permite ganhar exposição a uma retalhista que gera “cash flows” elevados e paga este ano 140 milhões em dividendos relativos aos resultados de 2020, o que tendo em conta a avaliação implícita no negócio com a Sonae equivale a uma rentabilidade de 6,6%. Uma yield difícil de encontrar no atual contexto de taxas de juro.

Na conference call, João Dolores referiu que existe uma política de dividendos definida para a Sonae MC, mas não adianta qual. “Não podemos comentar os termos do acordo efetuado entre as partes, que, compreensivelmente, é confidencial. O que poderemos afirmar é que a CVC terá os direitos habituais de um acionista minoritário com uma participação desta magnitude”, responde ao ECO.

"Não esperamos que esta transação represente qualquer constrangimento ou limitação à flexibilidade financeira da Sonae MC.”

João Dolores

CFO da Sonae SGPS

O CFO garante, no entanto, que a remuneração aos acionistas não irá criar entraves aos planos de investimento da dona do Continente. “Relativamente aos dividendos, não esperamos que esta transação represente qualquer constrangimento ou limitação à flexibilidade financeira da Sonae MC.”

Tal como a CVC espera valorizar a sua participação, João Dolores também acredita que “a experiência significativa que o novo parceiro tem nos mercados de retalho internacionais e a forma disciplinada como perspetiva a criação de valor a longo prazo podem traduzir-se em novas ideias que podem ser exploradas pela Sonae MC, contribuindo para o sucesso da empresa no futuro. A estratégia da empresa não irá mudar, mas a forma de a executar pode beneficiar muito do desafio e contributos do nosso novo parceiro.”

Aos analistas, o CFO admitiu a possibilidade de a CVC vir a desinvestir através de um IPO, mas acredita que a Sonae encontrou um parceiro de longo prazo para o retalho. A conclusão da operação está prevista ainda para o mês agosto, momento em que o private equity passará a ter representação no conselho de administração da Sonae MC.

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Sonae vende 24,99% da dona do Continente por 528 milhões de euros a fundo de “private equity”

Quase três anos depois de falhar OPV, a Sonae decidiu agora vender diretamente 24,99% da Sonae MC. Negócio com fundo de "private equity" avalia empresa em até 2,4 mil milhões de euros.

A Sonae SON 0,00% chegou a um acordo com a CVC Strategic Opportunities para a venda de uma posição minoritária de 24,99% na Sonae MC, a subsidiária que gere as insígnias de retalho da Sonae, incluindo o Continente, Continente Modelo, MeuSuper, Wells e outras marcas. O negócio foi anunciado este sábado num comunicado e deverá ser concluído em agosto.

O acordo prevê o pagamento pela CVC de 528 milhões de euros à Sonae por esta posição, operação que avalia a Sonae MC em até 2,4 mil milhões de euros, com um enterprise value superior a quatro mil milhões. Está ainda previsto “um pagamento contingente diferido de até 63 milhões de euros”. A informação também foi comunicada aos mercados via CMVM.

A alienação de uma posição na Sonae MC acontece depois de a Sonae ter lançado e falhado uma oferta pública de venda de ações que resultaria na dispersão de 21% do capital da empresa. A 11 de outubro de 2018, uma semana depois de o prospeto ter sido aprovado pela CMVM, a Sonae anunciou a desistência, justificando-se com “condições adversas nos mercados internacionais”. A maior “fatia” destinava-se a investidores institucionais.

Quase três anos depois, a Sonae segue outra rota: vende um pouco mais de ações face ao que tinha previsto na OPV, mas diretamente a um investidor de private equity. O ramo de Strategic Opportunities da CVC foi lançado em 2014 para investir em “negócios de alta qualidade” e já aplicou quatro mil milhões de euros em 11 investimentos, segundo números do próprio fundo.

A Sonae continua a ter uma posição de controlo na Sonae MC, mas estabelece, deste modo, uma “parceria estratégica” com um “investidor mundial de referência que partilha da mesma visão para a Sonae MC e apoia o seu plano de crescimento”. Segundo a Sonae, a CVC Strategic Opportunities, com origens no Luxemburgo, “está a investir na Sonae MC com um horizonte de investimento de longo prazo”.

“A CVC irá trazer a sua vasta experiência no setor do retalho, bem como o seu longo historial de apoio a iniciativas de crescimento orgânico e inorgânico, apoiando a Sonae MC na execução da sua estratégia”, lê-se no comunicado.

O portefólio da Sonae MC é extenso: além do Continente, detém insígnias como Continente Modelo, Continente Bom Dia, MeuSuper, Wells, Dr.Wells, Arenal, Go Natural, BAGGA, Note, Zu, Maxmat, HomeStory e Washy. A estas juntam-se ainda uma série de marcas do segmento de grande consumo: Fácil & Bom, Continente Seleção, Gutbier, Kasa, MakeNotes, MyLabel, Seguros Continente, Skinerie, Yämmi e Yes!Diet.

A Sonae MC tem ainda perto de mil lojas, que opera diretamente. Nos últimos 12 meses, gerou um EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) subjacente de 527 milhões de euros e receitas de 5,2 mil milhões de euros.

A Sonae MC detém insígnias como o Continente, bem como uma série de outras marcas. INÁCIO ROSA/LUSA

Venda “fortalecerá ainda mais a Sonae MC”

Citada num comunicado, Cláudia Azevedo, presidente executiva da Sonae, mostra-se entusiasmada com esta parceria: “Acreditamos que fortalecerá ainda mais a Sonae MC e a sua estratégia de crescimento. Esta parceria com um dos investidores institucionais mais bem-sucedidos do mundo valida o sólido histórico de desempenho da Sonae MC e da sua equipa, especialmente após os desafios colocados pela pandemia. Na Sonae, estamos muito orgulhosos da jornada da Sonae MC e entusiasmados com a oportunidade de continuar a apoiar o seu crescimento.”

"Acreditamos que [esta operação] fortalecerá ainda mais a Sonae MC e a sua estratégia de crescimento.”

Cláudia Azevedo

Presidente executiva da Sonae

Por sua vez, Jan Reinier Voûte, co-head da CVC Strategic Opportunities, afirma que é um “prazer” investir na Sonae MC como “principal retalhista alimentar em Portugal e de estabelecer uma parceria com a Sonae SGPS e a família Azevedo”. “Sob a Liderança de Luís Moutinho, o Continente desenvolveu ofertas de excelência para todas as famílias portuguesas e estabeleceu uma forte fidelização e envolvimento dos clientes, tanto nas lojas como online. Estamos ansiosos para trazer a experiência da CVC para alimentar o seu crescimento a longo prazo e sucesso contínuo”, acrescenta.

Num plano mais financeiro, a venda é protagonizada pela Camoens Investments, uma entidade detida indiretamente por fundos geridos pela CVC Advisers Company. A operação “não está sujeita a quaisquer condições prévias”, nem deverá gerar “qualquer mais ou menos valia para a Sonae”.

Nesta operação, a Sonae foi assessorada pelo Goldman Sachs International como consultor financeiro exclusivo e pelo escritório de advogados Morais Leitão.

Na sexta-feira, a Sonae valorizou 0,97% na bolsa. Os títulos da holding trocaram de mãos pela última vez na sessão a 83,25 cêntimos. O grupo assumia uma capitalização bolsista de 1,665 mil milhões de euros, de acordo com informações da Euronext.

(Notícia atualizada pela última vez às 11h13)

Cotação da Sonae na bolsa de Lisboa:

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Unicórnios também entram na nova associação de empresários

A associação, que vai ser apresentada em meados de junho, conta já com 42 empresas, mas o número deverá crescer. Outsystems é uma das que está na lista.

Reforçar a competitividade do país e tirá-lo da cauda da Europa. É o mote que junta mais de 40 grandes empresas numa nova associação que quer ser apartidária e não quer um lugar à mesa da concertação social.

Sonae, Semapa, Millennium, Grupo Mello e Amorim são alguns das empresas que fazem parte da nova associação, como avançou o Jornal de Negócios. Mas a lista não inclui apenas grupos empresariais mais tradicionais. Segundo apurou o ECO, também fazem parte unicórnios portugueses da área tecnológica, como a Outsystems, liderada por Paulo Rosado. A Farfetch, ao contrário do que tinha sido noticiado, não integra a lista.

Educação e reforço das qualificações, capitalização das empresas e aumento da sua escala, o papel do estado e os custos de contexto – são as três grandes áreas a que o novo “think tank” dará prioridade programática e em grupos de trabalho.

Representação ao mais alto nível

A associação, inspirada no modelo norte-americano das “business roundtables”, terá como “chairman” Vasco de Mello, que este ano deixou a liderança executiva do Grupo Mello. A direção, que terá nove membros, contará ainda com Cláudia Azevedo, CEO da Sonae, e António Rios Amorim, CEO da Corticeira Amorim, como vice-presidentes.

Segundo o Negócios, à frente do “think tank” estarão ainda João Castello Branco, CEO da Semapa, Nuno Amado, “chairman” do BCP e Guy Villax, CEO da Hovione. Haverá ainda um secretário-geral e as direções serão rotativas.

Ao que o ECO apurou junto de uma fonte que pediu para não ser identificada, as empresas serão sempre representadas ao mais alto nível, seja através do CEO ou do presidente do conselho de administração.

A mesma fonte explicou que a associação “bebe de algumas ideologias e não de outras”, mas será “apartidária”. Garante também que “não quer ser parceiro social” e que a iniciativa não está relacionada com qualquer descontentamento em relação às estruturas que representam os patrões. “É olhar para a economia e perceber como pode ser melhorada e até otimizada. Apontar caminhos”.

“É uma iniciativa cívica absolutamente importante na perspetiva de se criar um ambiente mais favorável ao crescimento e ao investimento”, explicou um empresário contactado pelo ECO. “Em comparação com concorrentes europeus, temos um ambiente de negócios menos competitivo e com pouca escala, que é mal vista”, acrescenta.

Nome ainda não está fechado

A ideia de criar a associação nasceu e cresceu com o confinamento, sobretudo a partir do início deste ano, que incentivou uma reflexão mais profunda sobre o papel que os grandes empresários podem ter no crescimento da economia. A notícia surge depois da passagem de vários devedores do BES e Novo Banco pela comissão parlamentar de inquérito, que foi alvo de muitas críticas.

O nome ainda não está definido – o branding ainda decorre – assim como a criação do site. O arranque está previsto até ao final de junho, sendo que a expectativa é que o número de empresas participantes cresça das atuais 42.

(Notícia corrigida às 17h15 com indicação de que a Farfetch não faz parte do grupo de empresas)

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Sonae com vendas recorde. Pandemia pesa nos lucros, mas dividendo sobe 5%

Lucros encolheram para menos de metade face ao ano anterior por causa da pandemia. Ainda assim, 2020 fica para a história com um recorde de vendas, com o online a mais do que duplicar.

A Sonae fechou 2020 com lucros, mas menores que os registados no ano anterior devido aos impactos da pandemia do novo coronavírus nas contas da holding. A Covid-19 passou fatura ao resultado líquido, mas não impediu a empresa liderada por Cláudia Azevedo de alcançar um recorde de receitas, com o retalho alimentar e a Worten a destacarem-se. E as vendas online mais do que duplicaram.

“Apesar dos impactos negativos causados pela Covid-19, tanto a nível operacional como no que diz respeito à reavaliação de ativos, o resultado líquido da Sonae atribuível a acionistas foi positivo e atingiu 71 milhões de euros em 2020″, refere a empresa em comunicado enviado à CMVM. O EBITDA, por seu lado, encolheu para 631 milhões.

Os lucros apresentaram uma queda de 57,2%, face aos 166 milhões de 2019, que contempla uma redução de 91 milhões no valor das propriedades de investimento da Sonae Sierra. A Sonae Sierra foi fortemente castigada pela pandemia, tendo em conta que as restrições para travar a Covid-19 mantiveram muitos espaços comerciais fechados ou praticamente encerrados. Mas a Sonae MC, que detém o Continente, brilhou.

“O volume de negócios consolidado cresceu 6,1% para mais de 6,8 milhões de euros, um valor recorde“, refere a Sonae, notando que este feito em ano de pandemia se deve sobretudo ao contributo positivo da Sonae MC e da Worten.

“O crescimento em 2020 foi fortemente impulsionado pelas vendas online, sendo que os principais negócios de retalho atingiram quotas de mercado online bastante acima das suas quotas de mercado já de liderança no offline“, diz a empresa liderada por Cláudia Azevedo.

“O total das receitas agregadas de e-commerce dos negócios da Sonae mais do que duplicou em 2020, atingindo cerca de 480 milhões de euros, o que comprova as competências digitais dos negócios da Sonae, num contexto de súbita aceleração do e-commerce”, remata.

Mais investimento, menos dívida. Dividendo sobe

Apesar do contexto, a “Sonae continuou a apostar no desenvolvimento dos seus negócios, tendo o investimento total atingido os 502 milhões de euros, mais 25,7% ou 103 milhões do que no ano anterior”, nota a empresa. “Este capex da Sonae significativamente superior ao de 2019 demonstra a força financeira do grupo e confiança nas atuais estratégias dos seus negócios”, diz.

O crescimento do investimento não pesou na dívida. “A Sonae gerou um free cash flow de 220 milhões antes de dividendos pagos”, o que permitiu uma diminuição de 4% da dívida líquida face ao final de 2019, para 1.103 milhões de euros“, sendo que a perspetiva é de que conseguirá continuar a baixá-la mesmo com mais dividendos.

O “Conselho de Administração irá propor à Assembleia Geral Anual de Acionistas o pagamento de um dividendo de 0,0486 euros por ação, 5% acima do dividendo distribuído no último ano“, diz a Sonae. “Este dividendo corresponde a um dividend yield de 7,4%, com base na cotação de fecho de 31 de dezembro de 2020 (que se situou em 0,66 euros), e a um payout ratio de 85% do resultado direto consolidado atribuível aos acionistas da Sonae”.

(Notícia atualizada às 7h21 com mais informação)

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Sonae obtém 20 milhões de euros em dívida sustentável

  • Lusa
  • 21 Dezembro 2020

Dona do grupo Continente emitiu esta segunda-feira um novo empréstimo obrigacionista, no valor de 20 milhões de euros, indexados a indicadores ambientais, sociais e de governo corporativo (ESG).

A Sonae emitiu esta segunda-feira um novo empréstimo obrigacionista, no valor de 20 milhões de euros, indexados a indicadores ambientais, sociais e de governo corporativo (ESG).

“A Sonae SGPS informa que procedeu no dia 18 de dezembro à emissão de um Empréstimo Obrigacionista indexado ao desempenho do grupo em indicadores ambientais, sociais e de governo corporativo (ESG), por subscrição particular, no montante de vinte milhões de euros”, pode ler-se no comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

De acordo com o comunicado à CMVM, “o spread final desta operação depende da capacidade da Sonae em promover a presença de mulheres em cargos diretivos e em reduzir as emissões de CO2 [dióxido de carbono]”.

Num comunicado paralelo enviado à comunicação social acerca do mesmo assunto, a empresa afirma que “a operação foi organizada pelo Banco BBVA, por subscrição particular, sem recurso a garantias e pelo prazo final de cinco anos“.

Anteriormente, no dia 10 de dezembro, a Sonae já tinha realizado “um conjunto de refinanciamentos de 150 milhões de euros também ligados a indicadores ESG”, e agora “o montante total de empréstimos de longo prazo contratados pela Sonae SGPS e pela Sonae MC com enquadramento sustentável, Green e ESG, ascende já a 280 milhões de euros”.

De acordo com o grupo Sonae, o valor “representa mais de 15% do montante de dívida bruta atual destas empresas”, enquanto a empresa “reforça a sua posição de liquidez e aumenta a maturidade média da sua dívida”.

A Sonae também já se comprometeu a atingir a neutralidade carbónica em 2040 e atualizou o seu plano de igualdade de género, “com metas ainda mais ambiciosas para a liderança no feminino”, segundo a empresa.

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