Wall Street renova máximos. Dow Jones toca nos 23 mil pontos

A animar os investidores estão não só os últimos dados económicos, que dão conta de uma evolução positiva em vários campos da economia norte-americana, como a reforma fiscal anunciada por Trump.

As bolsas norte-americanas voltaram a bater recordes esta terça-feira. Os investidores estão animados com a reforma fiscal anunciada por Donald Trump e o Dow Jones tocou num novo máximo histórico: os 23 mil pontos. O dólar também continua a valorizar contra o euro com uma possível decisão de Trump em relação à nova liderança da Reserva Federal norte-americana.

O índice de referência S&P 500 fechou acima da linha de água, a valorizar 0,07%, para os 2.559,36 pontos, puxado sobretudo pelo setor da saúde. Já o Nasdaq ficou praticamente inalterado, a cair 0,01%, para os 6.623,66 pontos. O grande destaque vai para o Dow Jones: o índice industrial chegou a tocar nos 23.002,20 pontos, acabando depois por aliviar os ganhos e fechar ligeiramente abaixo desse marco, nos 22.997,44 pontos.

A animar os investidores estão não só os últimos dados económicos, que dão conta de uma evolução positiva em vários campos da economia norte-americana, como a reforma fiscal anunciada por Donald Trump, que deverá beneficiar largamente as empresas cotadas em Wall Street.

As decisões do presidente norte-americano, que já por várias vezes fizeram tremer os mercados, estão, desta vez, a gerar contentamento, também no mercado cambial. O dólar mantém a tendência de ganhos e já vale 1,1767 euros, a beneficiar da provável escolha de John Taylor, atual professor na Universidade de Stanford, para suceder a Janet Yellen na liderança da Fed. A confirmar-se, deverá ser um presidente que irá acelerar a subida dos juros, antecipam os analistas.

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Os 3 alvos de Marcelo: a ministra, a moção de censura e o Orçamento

Num discurso que tocou três pontos fundamentais, o Presidente da República pediu ao Parlamento que avalie se quer manter o Governo e exigiu um pedido de desculpas do Executivo.

Vítimas dos incêndios “no pensamento”, Governo em xeque. Foi desta forma que o Presidente da República falou na noite desta terça-feira, em Oliveira do Hospital, no rescaldo dos incêndios que, desde o início do verão, mataram mais de 100 pessoas em Portugal.

Marcelo Rebelo de Sousa garantiu que as mais de 100 vítimas “estarão para sempre no seu pensamento” e pediu à Assembleia da República que decida se quer manter o Governo em funções.

O Presidente deixou também a porta aberta para a saída de Constança Urbano de Sousa, ministra da Administração Interna, e deu orientações para um reforço das verbas destinadas ao combate aos incêndios nos próximos orçamentos do Estado.

Governo deve manter-se? O Parlamento que decida

"Se, na Assembleia da República, há quem questione a capacidade do atual Governo para realizar estas mudanças que são indispensáveis e inadiáveis, então, que, nos termos da Constituição, a mesma Assembleia, soberanamente, clarifique se quer ou não manter em funções o Governo, condição essencial para, em caso de resposta negativa, se evitar um equívoco, e, em caso de resposta positiva, se reforçar o mandato para as reformas inadiáveis.”

Marcelo Rebelo de Sousa

Presidente da República

O CDS-PP fez saber, esta terça-feira, que irá apresentar uma moção de censura ao Governo, que considera não ter cumprido a “função mais básica do Estado”: proteger as pessoas. “O Estado falhou na prevenção, falhou no combate e terá falhado também no socorro às vítimas”, disse a líder do partido, Assunção Cristas.

Na sequência deste anúncio, o PSD disse que não avançará com a própria moção de censura, mas deu a entender que apoiará a iniciativa do CDS-PP. “Não será surpreendente para ninguém que o PSD não dê apoio a este Governo. Está de certa forma antecipada a decisão que o PSD vai tomar”, disse o deputado José Matos Correia.

É neste contexto que Marcelo Rebelo de Sousa diz a todos os partidos para clarificarem as suas posições e decidirem se querem ou não manter o Governo em funções.

E a ministra? Não deve fazer parte de um novo ciclo

"[O Presidente da República] pode e deve dizer que abrir um novo ciclo, inevitavelmente, obrigará o Governo a ponderar o quê, quem, como e quando melhor serve esse ciclo.”

Marcelo Rebelo de Sousa

Presidente da República

A demissão da ministra Constança Urbano de Sousa tem sido exigida pelos partidos da oposição desde os incêndios de Pedrógão Grande, que vitimaram 64 pessoas. Esta semana, começam a levantar-se vozes mesmo dentro do Partido Socialista. O eurodeputado socialista Francisco Assis considerou “completamente desastrosa” a reação política do Governo aos incêndios do fim de semana, antevendo que, demorando “mais ou menos tempo”, a ministra da Administração Interna acabará, “inevitavelmente”, por se demitir.

Do lado do Governo, a resposta tem sido sempre a mesma. Ainda na segunda-feira, no seu discurso a propósito dos últimos incêndios, o primeiro-ministro assegurou que este não é o “tempo de demissões”, mas de “soluções”.

Agora, o Presidente da República, vem dizer a António Costa que deve repensar essa posição.

Orçamentos com verbas reforçadas para prevenção e combate

"Esta é a última oportunidade para levarmos a sério a floresta e a convertermos em prioridade nacional. Se houver margens orçamentais, que se dê prioridade à floresta e à prevenção dos fogos.”

Marcelo Rebelo de Sousa

Presidente da República

O último recado de Marcelo Rebelo de Sousa foi para as verbas destinadas ao combate e à prevenção de incêndios.

Nas 276 páginas do relatório do Orçamento do Estado para 2018, as palavras “incêndio” ou “fogos” surgem apenas seis vezes. As palavras “combate” e “prevenção”, num contexto de fogos florestais, surgem ainda menos. Ao todo, o Governo destina um total de 234,8 milhões de euros para a Proteção Civil e luta contra incêndios, o equivalente a mais 23,7 milhões face ao ano passado.

Marcelo é claro: é preciso mais.

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Marcelo: Assembleia da República tem de clarificar se quer manter Governo

O Presidente da República deixa ainda um recado à ministra da Administração Interna e exige um pedido de desculpas do Governo.

A Assembleia da República tem de clarificar se considera que o Governo tem, ou não, condições para se manter em funções. O recado foi deixado por Marcelo Rebelo de Sousa, esta noite, num discurso a propósito dos incêndios que lavram esta semana e que já vitimaram 41 pessoas. O Presidente da República deixa para o Parlamento a decisão de afastar o executivo de António Costa, mas, quanto à ministra da Administração Interna, manifesta a sua própria posição: o Governo tem de decidir quem é que melhor serve um novo ciclo que, necessariamente, tem de ser aberto.

"Esta é a última oportunidade para levarmos a sério a floresta e a convertermos em prioridade nacional. Se houver margens orçamentais, que se dê prioridade à floresta e à prevenção dos fogos.”

Marcelo Rebelo de Sousa

Presidente da República

“E agora?”, perguntou Marcelo Rebelo de Sousa, a discursar em Oliveira do Hospital. “O que pode e deve dizer o Presidente da República?”. Desde logo, um recado para os próximos orçamentos do Estado. “Esta é a última oportunidade para levarmos a sério a floresta e a convertermos em prioridade nacional. Se houver margens orçamentais, que se dê prioridade à floresta e à prevenção dos fogos“.

Por outro lado, tem de ser aberto um novo ciclo, que poderá não contar com a ministra Constança Urbano de Sousa. “Pode e deve dizer que abrir um novo ciclo, inevitavelmente, obrigará o Governo a ponderar o quê, quem, como e quando melhor serve esse ciclo“.

"Se, na Assembleia da República, há quem questione a capacidade do atual Governo, então, que a mesma Assembleia clarifique se quer ou não manter em funções o Governo.”

Marcelo Rebelo de Sousa

Presidente da República

Por último, é o Parlamento quem deve decidir se o atual Governo tem condições para continuar o mandato. “Se, na Assembleia da República, há quem questione a capacidade do atual Governo para realizar estas mudanças que são indispensáveis e inadiáveis, então, que, nos termos da Constituição, a mesma Assembleia, soberanamente, clarifique se quer ou não manter em funções o Governo, condição essencial para, em caso de resposta negativa, se evitar um equívoco, e, em caso de resposta positiva, se reforçar o mandato para as reformas inadiáveis”.

Marcelo garantiu ainda que “estará atento e exercerá todos os seus poderes para garantir que, onde existiu ou existe fragilidade, ela terá de deixar de existir”, e exige um pedido de desculpas do Governo. “A melhor, se não única forma de pedir desculpa às vítimas — e, de facto, é justificável que se peça desculpa –, é, por um lado, reconhecer com humildade que portugueses houve que não viram os poderes públicos como garante de segurança, e, por outro, reconhecer o que motivou a fragilidade ou desalento ou descrença dos portugueses“. E, de novo, um recado duro ao Governo: “Quem não entenda isto, humildade cívica e rutura com o que não motivou, não entendeu nada do que se passou no nosso país”.

O Presidente concluiu assegurando que “mudar de vida neste domínio é um dos testes mais decisivos ao mandato” que assumiu. “Impõem-no os milhões de portugueses, mas impõem-no, sobretudo, os 100 portugueses que tanto esperavam da vida no início do verão de 2017 e que não chegaram ao dia de hoje“, disse.

Notícia atualizada às 21h16 com mais informação.

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Sérgio Monteiro ‘apanhado’ na Operação Marquês?

Suspeitas de corrupção relacionam ex-secretário de Estado com investigação ao projeto do TGV, segundo uma das 15 certidões do Operação Marquês.

O ex-secretário de Estado das Infraestruturas estará envolvido na Operação Marquês, avança na noite desta terça-feira o Observador. Em causa está uma das 15 certidões da Operação Marquês, que podem abrir novas investigações. As suspeitas de corrupção ligam Sérgio Monteiro a uma investigação ao projeto do TGV.

De acordo com o Público, o Ministério Público “vai investigar suspeitas de corrupção na forma como foi negociado o acordo de compensação que o Estado português assinou com o consórcio que venceu o troço do TGV Poceirão-Caia”.

Em causa, a parceria Elos, que envolve uma empresa do grupo Lena e outra do grupo Odebrecht, o Banco de Investimento da Caixa Geral de Depósitos e o Caixa BI. De acordo com o jornal, o acordo de compensação surgiu depois do cancelamento do projeto do TGV — uma decisão do Governo de Passos Coelho. “Foi tudo muito transparente e muito aberto. Não pesa nada na consciência do Governo a que pertenci”, disse o ex-secretário de Estado, que concentra as suspeitas do Ministério Público, ao jornal.

A investigação que envolve Sérgio Monteiro é um dos 15 inquéritos-crime extraídos da Operação Marquês: na semana passada, José Sócrates, Ricardo Salgado e Zeinal Bava foram alguns dos 28 nomes acusados de 187 crimes.

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Indústria da Madeira e Mobiliário: Depois dos incêndios, “empresários não aguentam mais quatro anos”

Os industriais da madeira e mobiliário queixam-se da falta de matéria prima e dizem que "não aguentam mais quatro anos". Setor diz que vai ficar dependente das importações em 70%.

A indústria da madeira e mobiliário de Portugal está a ser fustigada pelos incêndios que se registam em Portugal. Vítor Poças, presidente da Associação das Indústrias da Madeira e Mobiliário de Portugal (AIMMP), adianta em declarações ao ECO que “os empresários nacionais não aguentam mais quatro ou cinco anos“.

Para Vítor Poças, os milhares de hectares de floresta ardida ao longo de 2017, “são uma forte ameaça à sustentabilidade do setor”.

O setor, representativo de cerca de 2500 milhões de euros de exportações, adianta que “a madeira portuguesa para os próximos 4/5 anos é manifestamente pouca, pelo que nos tornaremos dependentes das importações em cerca de 70%”.

“Não podemos vender aquilo que temos, pelo que teremos de ir comprar a Espanha. A falta de matéria-prima já é notória”, acrescenta.

Para já, este ano deverá ainda ser de crescimento para o setor podendo, no entanto, começar já a haver um decréscimo nos produtos de primeira transformação. “Mas o próximo ano irá seguramente refletir uma queda no resultados dos produtos de primeira transformação”, refere.

O presidente da AIMMP adiantou mesmo que “o ano de 2017 significou a maior pancada que podia ter sido dada à indústria. E digo pancada como uma externalidade negativa que pouco tem a ver com a indústria, mas que realmente vem trazer prejuízos avultados”.

"O ano de 2017 significou a maior pancada que podia ter sido dada à indústria. E digo pancada como uma externalidade negativa que pouco tem a ver com a indústria, mas que realmente vem trazer prejuízos avultados.”

Vítor Poças

Presidente da AIMMP

Segundo o dirigente associativo, o facto de estes incêndios terem fustigado sobretudo a zona centro do país é ainda mais grave, na medida em que era aí que se concentrava uma grande mancha do pinheiro bravo, que mais alimenta a indústria da madeira e mobiliário.

Vítor Poças salienta que “o fogo constitui uma destruição forte para o pinheiro, uma vez que as árvores afetadas já não rebentam e deviam ser retiradas da floresta para, ou darem lugar a novas plantações, ou para que existisse uma regeneração natural. Em ambos os casos estamos a falar de um ciclo de produção de mais de 20 anos”.

Apesar de tudo, há madeira ardida que pode ser utilizada. “Mesmo a madeira que pode ser utilizada pela indústria perde valor, perde qualidade, perde consistência e resistência mecânica“.

Que soluções existem?

Vítor Poças defende a criação de uma empresa de fomento florestal. Uma ideia que considera revolucionária e que passa “pela criação de uma empresa pública capaz de proceder à agregação de parcelas, com dinheiro para comprar ou permutar terrenos, ou seja, capaz de trabalhar o ordenamento do território”.

Estou a falar de uma empresa pública que tivesse poder de pressão junto dos proprietários, porque precisamos de dimensão. E muitas vezes o que se assiste é que 100 metros quadrados pertencem a seis ou sete proprietários. Faltando dimensão, falta investimento e falta uma gestão profissionalizada“, sublinha Poças.

Para o presidente dos industriais da madeira e mobiliário, num segunda fase “essa empresa, quando já tivesse dimensão, podia ser vendida a privados”. “Nenhum privado arrisca investir na floresta com o risco de incêndio que existe, não há financiamento bancário e não há quem faça seguros. O Estado seria o único a ter capacidade interventiva no terreno”.

A ideia foi mesmo apresentada há cerca de 15 dias a membros do Governo, nomeadamente aos secretários de Estado das Florestas, Indústria e Internacionalização.

Vítor Poças diz que “o secretário de Estado das Florestas gostou da ideia”. No entanto, sublinha que não basta gostar.

É preciso peso político e, brevemente, terei de me encontrar de novo com ele. É preciso acabar com a ideia do subsídio, o que é necessário é que o Estado crie instrumentos para resolver todas estas questões.

Vítor Poças

Aliás, Poças salientou que amanhã, quarta-feira, haverá uma reunião da Plataforma de Acompanhamento das Relações da Fileira Florestal, onde irá estar presente o secretário de Estado das Florestas. E apesar de adiantar que não existe relação entre esta reunião e os incêndios do passado fim de semana, Poças reconhece que esse será seguramente o tema dominante do encontro.

O presidente da AIMMP defende ainda a criação de protocolos entre o Estado e os municípios no sentido de contornar a falta de acessos que hoje se regista nas florestas. “É uma vergonha termos caminhos de carros de bois, onde nem passam tratores, quanto mais carros de bombeiros. É urgente que se coloquem máquinas no terreno para fazer caminhos com um mínimo de cinco metros de largura”.

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Não houve acordo de Centeno com Domingues? Deputados contestam

O PSD está seguro de que houve um acordo para que António Domingues não tivesse de declarar rendimentos ao Tribunal Constitucional. CDS e Bloco não vão tão longe, mas também levantam dúvidas.

As conclusões do relatório da comissão parlamentar que analisou a contratação e demissão de António Domingues como presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) não correspondem à realidade e “é claro” que houve acordo entre Mário Centeno e o antigo banqueiro para que este ficasse dispensado de entregar a declaração de rendimentos e de património ao Tribunal Constitucional. Esta é a apreciação que o PSD faz do relatório, elaborado pelo deputado socialista Carlos Testa, que foi conhecido na semana passada. CDS-PP e Bloco de Esquerda também levantam dúvidas relativamente a algumas das conclusões que constam deste relatório, mas não vão tão longe nas contestações e admitem vir a aprovar o documento, que será votado na próxima semana.

O relatório com as conclusões da “Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar à Atuação do XXI Governo Constitucional no que se relaciona com a Nomeação e a Demissão da Administração do Dr. António Domingues” foi apresentado, esta terça-feira, por Luís Testa. As dúvidas que os deputados tentaram esclarecer nesta comissão giravam em torno da recusa de Domingues em apresentar a declaração de rendimentos e de património ao Tribunal Constitucional, uma obrigação da qual julgava estar isento, depois do acordo a que chegou com o Governo. O relatório da comissão apresentou uma conclusão diferente: “em momento algum houve qualquer acordo” entre Centeno e Domingues; o antigo banqueiro guiou-se por “pressupostos que julgava por adquiridos”.

Foi essencialmente esta conclusão que o PSD contestou na reunião desta terça-feira. “As conclusões deste relatório não correspondem aos depoimentos aqui ouvidos na comissão, nem aos documentos aqui conhecidos, nem aos factos decorridos”, começou por dizer o deputado José Silvano. “Existem testemunhos contraditórios entre si, que transmitem versões contraditórias. Uma corresponderá à verdade, a outra faltará à verdade”, acrescentou o deputado social-democrata, acusando o PS de “parcialidade” na redação do relatório.

"É claro que, desde o início, a questão da dispensa da declaração ao Tribunal Constitucional estava acordada entre António Domingues e o Ministério das Finanças.”

José Silvano

Deputado do PSD

Para o PSD, “é claro que, desde o início, a questão da dispensa da declaração ao Tribunal Constitucional estava acordada entre António Domingues e o Ministério das Finanças“. Essa foi, aliás, “uma das condições acordadas” para que António Domingues aceitasse liderar o banco público. “Isso fica claro na declaração prestada por António Domingues e na carta escrita ao Governo. Se tivéssemos dúvidas, isso é reforçado com as declarações do secretário de Estado Ricardo Mourinho Félix, que disse que o afastamento destas obrigações declarativas não é um lapso, antes resulta de um entendimento entre as partes”, lembrou José Silvano.

"Ficou claro que, para António Domingues, estava assente desde o início que as declarações não eram para ser entregues. No mínimo, o Ministério das Finanças não afastou liminarmente essa hipótese, e isso deve constar do relatório.”

Moisés Ferreira

Deputado do Bloco de Esquerda

Já para o Bloco de Esquerda e para o CDS-PP, não é óbvio que tenha existido acordo entre o Governo e António Domingues, mas os dois partidos também querem que fique mais claro no relatório que há depoimentos contraditórios. “Parece-nos importante que este relatório final não seja apenas a ratificação da teoria do ‘erro de perceção mútuo’. Ficou claro que, para António Domingues, estava assente desde o início que as declarações não eram para ser entregues. No mínimo, o Ministério das Finanças não afastou liminarmente essa hipótese, e isso deve constar do relatório porque, se o tivesse afastado, não chegaríamos à carta de novembro [enviada por Domingues a Centeno], nos termos em que foi escrita”, referiu o deputado bloquista Moisés Ferreira.

"Não é possível concluir que tudo o que o Ministério das Finanças disse é tal e qual como disse, nem que tudo o que António Domingues disse é tal e qual como disse, porque há matérias onde os dois chocam.”

João Almeida

Deputado do CDS-PP

João Almeida, do CDS-PP, reconheceu que esta comissão “funcionou como devia funcionar” e que “o relator fez um esforço para que o relatório permita um debate leal sobre as conclusões”, admitindo mesmo que irá votar as conclusões “de espírito livre”. Ainda assim, “há omissões” que devem ser colmatadas. “Não entendemos que seja possível esta comissão concluir o que é divergente entre as duas partes. Não é possível concluir que tudo o que o Ministério das Finanças disse é tal e qual como disse, nem que tudo o que António Domingues disse é tal e qual como disse, porque há matérias onde os dois chocam“, apontou. Neste contexto, “devem concluir-se os mínimos, e não os máximos”.

Os grupos parlamentares têm agora até dia 20 de outubro para entregar propostas de alteração ao relatório, que será votado a 24 de outubro, seguindo depois para discussão e debate no plenário da Assembleia da República. Todos os partidos deverão apresentar propostas de alteração, à exceção do PCP, que considera que o relatório já “identifica as questões fundamentais”. Fonte oficial do partido refere que não deverão ser entregues propostas de alteração e que eventuais discordâncias com o conteúdo do relatório serão apresentadas numa declaração de voto.

"Em última análise, podemos até achar que o Ministério das Finanças foi incompetente, porque queria ter feito esse acordo mas não conseguiu legislar sobre isso.”

Miguel Tiago

Deputado do PCP

O relatório privilegia o que é material. Perante a indicação de António Domingues de que tinha havido um compromisso, e perante as declarações do Ministério das Finanças que dizem não ter assumido esse compromisso, a verdade é que esse compromisso não só não foi assumido como não está escrito em parte nenhuma. Em última análise, podemos até achar que o Ministério das Finanças foi incompetente, porque queria ter feito esse acordo mas não conseguiu legislar sobre isso”, afirmou o deputado comunista Miguel Tiago.

Já PSD, CDS-PP e Bloco de Esquerda fizeram saber que irão apresentar as suas propostas de alteração até sexta-feira. O relator Luís Testa garantiu “total disposição” para chegar aos “consensos a que seja possível chegar”.

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Carlos Magno ao ECO: “A ERC não travou a operação Altice/TVI”

A ERC não chegou a consenso sobre o negócio Altice/Media Capital. Ao ECO, o presidente, Carlos Magno, confirmou que a ERC "não travou o negócio" e que "a operação segue para a Concorrência".

O negócio da compra da Media Capital pela Altice passou pela ERC e vai seguir agora para a Autoridade da Concorrência (AdC). “A ERC não travou o negócio, o processo seguirá agora para a Autoridade da Concorrência”, afirmou Carlos Magno, presidente do regulador, em declarações ao ECO.

O presidente da Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) escusou-se a fazer mais comentários. No entanto, um comunicado oficial, divulgado na noite desta terça-feira, confirmou que há um parecer enviado à Concorrência na qual refere que “o conselho regulador declara não ter um entendimento unânime sobre os riscos sistematizados para o pluralismo no setor da comunicação social em Portugal e, nessa medida, não ter obtido um consenso sobre o sentido” de voto em relação ao processo de aquisição da Media Capital pela Altice.

Na nota, a ERC refere que “tem o dever de assegurar o pluralismo e a diversidade de expressão, velando pela não concentração da titularidade das entidades que prossigam atividades de comunicação social”. Mais: “Deve assegurar a livre difusão de conteúdos pelas entidades que prosseguem atividades de comunicação social e o livre acesso aos conteúdos por parte dos cidadãos destinatários da respetiva oferta de conteúdos de comunicação social, de forma transparente e não discriminatória, de modo a evitar qualquer tipo de exclusão social ou económica.”

A ERC indica ainda que esta operação “aumentaria a concentração da titularidade de quatro dos cinco segmentos de órgãos de comunicação social regulados pela ERC”: publicações periódicas, operadores de rádio e televisão, disponibilização ao público de serviços de programas de rádio e televisão e conteúdos através de redes de comunicações eletrónicas. E acrescenta: “A presente operação não permite antever benefícios em prol do pluralismo no sistema mediático português.”

A presente operação não permite antever benefícios em prol do pluralismo no sistema mediático português.

ERC

A última reunião decorreu ao longo da tarde desta terça-feira. No entanto, a falta de membros no conselho regulador, que se encontra reduzido a três unidades, ditou que uma decisão (aprovação ou chumbo) só poderia ser tomada por unanimidade. Não a havendo, a ERC ficou impossibilitada de deliberar e o processo tramitou para a Autoridade da Concorrência (AdC), que terá agora a última palavra a dar.

A compra da Media Capital pela Altice é um negócio avaliado em 440 milhões de euros. O ECO sabe que a ERC tinha em mãos um parecer técnico dos serviços que apontava para riscos, não sendo necessariamente desfavorável à operação. Na ERC existia uma corrente, protagonizada por Carlos Magno, segundo a qual as questões levantadas pelo relatório eram mais próximas das competências da AdC e não da pluralidade, diversidade e liberdade de imprensa, como incumbe à ERC, apurou o ECO.

A AdC terá agora 30 dias úteis para se pronunciar sobre o dossiê, ou fazer uma análise mais aprofundada com um prazo máximo de 90 dias úteis a partir da data da notificação da ERC. Durante a tarde desta terça-feira, o regulador confirmou ao ECO que seria feita uma comunicação à imprensa mais perto do fim do dia acerca deste assunto.

(Notícia atualizada às 20h50 com mais informação)

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Santander cria maior plataforma do mundo de empreendedorismo universitário

Santander X junta o banco e 40 universidades de sete países para criar a maior plataforma de empreendedorismo universitário do mundo.

Chama-se Santander X e é uma rede à medida dos empreendedores universitários de todo o mundo. O Banco Santander anunciou esta terça-feira o lançamento do Santander X, uma “iniciativa que nasce com a vocação de se converter no maior ecossistema de empreendedorismo universitário do mundo”, avança o banco em comunicado.

A rede trata de acelerar a colaboração entre universidades e empreendedores de todo o mundo e, no arranque, junta 40 instituições universitárias de sete países, Portugal incluído.

O anúncio foi feito pela presidente do banco, Ana Botín, na Cidade do México. “O Santander X aspira a ser o ponto de conexão de todos os empreendedores. Será o maior ecossistema global de empreendedorismo universitário. Abrirá as portas ao talento para construir um mundo melhor para todos”, explicava a presidente do Santander.

O Santander X aspira a ser o ponto de conexão de todos os empreendedores. Será o maior ecossistema global de empreendedorismo universitário. Abrirá as portas ao talento para construir um mundo melhor para todos.

Ana Botín

Presidente do Santander

Vai servir para “partilhar ideias e conhecimentos, mas também atrair investimentos. Permitirá ainda às universidades difundir as suas melhores práticas, monitorizando os seus programas de empreendedorismo e medindo o seu impacto”, explica o banco em comunicado.

Da rede de universidades, além de Portugal fazem parte instituições da Argentina, Brasil, Chile, Espanha, México e Uruguai. O objetivo é aumentar até 50 o número de universidades aderentes ao programa nos próximos três meses e atingir no total mais de 1.000 instituições. Entre as portuguesas estão as Universidades do Porto, Coimbra, Instituto Superior Técnico e Instituto Politécnico de Setúbal.

Nos próximos quatro anos, o Santander vai destinar 50 milhões de euros no apoio a programas de empreendedorismo nas universidades. No final de 2017, a expectativa do banco prevê 900 projetos ligados ao Santander X.

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UberEATS, a galinha dos ovos de ouro nas contas da Uber

Serviço de entrega de refeições da Uber deverá gerar três mil milhões de dólares em vendas este ano, uma lufada de ar fresco nas contas da empresa. Chega a Lisboa este ano.

O serviço UberEATS permite encomendar refeições através de uma aplicação. Está em franco crescimentoshopblocks/Flickr

O UberEATS é uma autêntica galinha dos ovos de ouro nas contas da Uber. O serviço permite encomendar refeições entregues ao domicílio e está a gerar milhares de milhões de dólares em receitas para a conhecida empresa de transporte, de acordo com números que foram revelados pelo jornal Financial Times [acesso pago]. O serviço deverá chegar a Lisboa até final do ano, prometeu a companhia.

Já se sabia que o negócio das entregas de comida estava a crescer vertiginosamente desde que foi lançado há dois anos. Contudo, o jornal britânico, citando fontes conhecedoras dos números, indica que as encomendas de comida representaram entre 8 e 10% das reservas brutas da Uber no segundo trimestre deste ano. Por outras palavras, o UberEATS, que é uma aplicação separada da plataforma de transporte, deverá gerar mais de três mil milhões de dólares em vendas brutas este ano, ou 700 a 870 milhões de dólares no segundo trimestre, explica a Business Insider.

Estes números são conhecidos numa altura em que a empresa se prepara para juntar Lisboa à lista de 100 cidades onde o mesmo opera. No final de setembro, a Uber Portugal disse estar a “estabelecer parcerias com os melhores restaurantes da cidade” no sentido de trazer o UberEATS para “Lisboa até ao final do ano”. A empresa está ainda à procura de parceiros e estafetas.

Segundo números avançados anteriormente ao jornal Axios, a Uber está a melhorar as suas contas. As receitas aumentaram 17% entre abril e junho em relação ao trimestre anterior, fixando-se nos 1,75 mil milhões de dólares. Os prejuízos desceram 9%, com a Uber a perder 645 milhões de dólares, aproximadamente 547,1 milhões de euros. A empresa está a tentar recuperar a sua imagem depois de uma sucessão de escândalos que culminaram com a saída de Travis Kalanick da presidência da companhia, dando lugar a Dara Khosrowshahi, atual líder da Uber.

Fundo do SoftBank vai investir forte

Nem só pelas contas aparece a Uber nas notícias. É que, de acordo com a Business Insider, o SoftBank prepara-se para comprar uma fatia de 14 a 20% da Uber num investimento multimilionário que deverá ser finalizado “provavelmente na próxima semana”, anunciou a administradora da empresa Arianna Huffington. Desconhece-se o montante exato do investimento.

O investimento será feito através do Vision Fund, o maior fundo de investimento em tecnologia do mundo, que conta com 93 mil milhões de euros em capital. A Uber encontra-se avaliada em cerca de 70 mil milhões de dólares.

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DBRS coloca dívida do Novo Banco em “revisão com perspetiva positiva”

Agência canadiana diz que vai avaliar aquisição do Novo Banco pelo fundo norte-americano Lone Star antes de voltar a atualizar a notação da dívida do banco português.

A DBRS colocou os ratings de dívida e de depósitos do Novo Banco “em revisão com perspetiva positiva”, anunciou esta terça-feira a agência em comunicado.

“Durante este período [de revisão], a DBRS vai avaliar a concretização da aquisição do Novo Banco pelo Lone Star e as suas potenciais implicações para o banco, a rentabilidade, o financiamento e capital”, diz a agência de notação canadiana.

“Um fator chave desta revisão será o impacto na qualidade dos ativos do banco como resultado do mecanismo de capital contingente fornecido pelo Fundo de Resolução para uma carteira de ativos de até 3,9 mil milhões de euros”, argumenta ainda.

Adianta ainda que com a atribuição de um novo Long-Term Issuer Rating de CCC (alto) e de um novo Long-Term Senior Debt de CCC (alto), “todos os rating de dívida sénior do banco estão agora ao mesmo nível que estavam antes do anúncio do exercício de liability management exercise (LME), refletindo o impacto limitado do LME no Novo Banco e a venda esperada ao Lone Star”.

A venda do Novo Banco será assinada esta quarta-feira de manhã no Banco de Portugal.

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Costa respeita moção de censura do CDS: “É perante a AR que o Governo tem de responder”

  • Margarida Peixoto
  • 17 Outubro 2017

António Costa evitou responder sobre se deve pedir desculpas aos portugueses pelas consequências dos incêndios e defendeu que "o essencial" agora é trabalhar para reconstruir os territórios.

“Respeito, é um direito constitucional do CDS. A legitimidade do Governo resulta da Assembleia da República, é perante a Assembleia da República que o Governo tem de responder” — foi assim que o primeiro-ministro, António Costa, respondeu à intenção anunciada pelos centristas de apresentar no Parlamento uma moção de censura ao Governo.

Depois de um encontro com os autarcas, na Lousã, o primeiro-ministro defendeu que a moção de censura faz parte do modo de funcionamento normal do sistema democrático português. Entretanto, o PSD já mostrou abertura para votar favoravelmente a moção dos centristas.

Em declarações transmitidas pela RTP3, António Costa explicou aos jornalistas que ficou definido com os autarcas um plano de trabalho para as próximas duas semanas para se fazer o levantamento de todos os danos materiais que resultaram dos incêndios ocorridos na noite de domingo para segunda-feira, que tiraram a vida a, pelo menos, 41 pessoas e fizeram dezenas de feridos.

“Agora há que arregaçar as mangas e tratar de reconstruir ao mesmo tempo que respondemos as necessidades imediatas”, disse o primeiro-ministro, referindo-se à urgência de repor o abastecimento de água e eletricidade, bem como das redes de comunicações.

Questionado pelos jornalistas se não deveria pedir desculpas aos portugueses pelas tragédias dos incêndios, Costa evitou responder. “Temos de nos concentrar no que é essencial; o que é essencial é trabalhar com os autarcas e as operadoras na reconstrução dos territórios”, argumentou, lembrando ainda a necessidade de revitalizar as economias.

Embora não haja ainda uma estimativa dos prejuízos materiais, Costa sinalizou que os incêndios deste outubro provocaram mais danos materiais do que os de junho. “O que aconteceu neste domingo não tem paralelo, em dimensão de danos materiais, com o que aconteceu com outros incêndios anteriores,” disse, sublinhando que “isso hoje exige um esforço gigantesco”.

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Like & Dislike: Trapalhada e politiquice nos recibos verdes

A nova regra para tributar quem tem recibos verdes foi mal feita. O que é mau. E o Governo recusa admitir que há contribuintes que vão sentir um agravamento fiscal. O que é muito mau.

Para quem não o conheça, António Mendonça Mendes é o novo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, tendo entrado no Governo depois do escândalo da Galpgate que derrubou Rocha Andrade. O facto de ter entrado no Governo já com o Orçamento do Estado em preparação é a única razão, que eventualmente se pode encontrar, para tentar desculpar a grande trapalhada que tem sido a questão dos recibos verdes.

Defraudado

Tudo começa com uma fuga de informação — na ânsia de a geringonça dar boas notícias — que dizia que os trabalhadores com recibos verdes iriam beneficiar de um aumento, de 10 mil para 20 mil, no limite de isenção de IVA de que este regime beneficia. Quando chegou o Orçamento, afinal a duplicação do limite de isenção de IVA não existia.

Assustado

Quem se sentiu com as expectativas defraudadas, terá subido às paredes quando saiu o Orçamento do Estado e percebeu que em vez de um alívio fiscal poderia ser alvo de um enorme aumento de impostos.

Tal como está redigido o articulado da lei do Orçamento do Estado para 2018, os fiscalistas fizeram as contas e chegaram à conclusão de que haveria “casos em que aquilo que os trabalhadores vão pagar a mais em IRS é superior ao salário de um mês inteiro”, como explicava o fiscalista Luís Leon da Deloitte ao Correio da Manhã.

Aliviado

Afinal veio a descobrir-se mais tarde que a lei estava mal feita. O Governo, ao menos, teve a humildade de admitir que a redação possa ser alterada em sede de especialidade, para que fique mais clara.

Insultado

A confusão dos recibos verdes chegou a tal ponto que o Governo achou por bem que António Mendonça Mendes desse uma entrevista para falar sobre o assunto e tentar acalmar mais de um milhão de portugueses com regime simplificado e que passam recibos. A ideia não poderia ter sido pior.

A meio da entrevista, António Mendonça Mendes diz que o Governo está a “pedir aos recibos de altos rendimentos que apresentem faturas”. É miserabilista um país onde quem ganhe mais de 1.368 euros brutos (o limiar a partir do qual as novas regras teriam impacto) ou 1.600 euros brutos (o novo limiar com os novos escalões) seja colocado na prateleira dos “altos rendimentos”.

Ludibriado

Mas isto é um pormenor. A parte da entrevista relativa ao tema dos recibos verdes tem 10 perguntas que a TSF publica e que valem a pena ser lidas. Das 10 perguntas sobre o tema, em sete (70%) o persistente jornalista da rádio pergunta repetidas vezes a António Mendonça Mendes se os trabalhadores que não tenham despesas que alcancem os 25% de rendimento vão ou não pagar mais? Em sete respostas o secretário de Estado consegue a proeza e a habilidade política de não responder de forma direta, evitando assumir o óbvio: é claro que aqueles contribuintes que não tenham despesa que cubra a diferença entre os 25% de dedução e o novo coeficiente de 4.104 euros terão um agravamento fiscal.

Presunção

E a entrevista termina com esta pergunta: “Não acredita portanto que haja trabalhadores com despesas inferiores a 25%?” Ao que António Mendonça Mendes responde: “Não acredito. Se não, teríamos vivido uma fraude durante anos.” Conclusão, o estudo para aferir o impacto da medida foi uma crença do secretário de Estado que ainda por cima acha que desde 2001, quando se criou o regime simplificado, o país tem vivido numa fraude.

Dito isto, o novo regime faz sentido?

A declaração é, no mínimo, infeliz, mas não nos deve retirar o foco do essencial. O novo regime faz sentido? Faz.

Até agora, um trabalhador que declarasse, por exemplo, 100 mil euros de rendimento anual, a sua base tributável era de 75%, já que no regime simplificado se presumia que os restantes 25% seriam despesas que incorria no exercício da sua atividade.

Com as novas regras, o Governo garante ao trabalhador independente uma dedução igual à que já se aplica aos trabalhadores por conta de outrem, de 4.104 euros, o que significa que a base tributável desde trabalhador passará para 95.896 euros (100.000 – 4.104). Para que consiga manter um esforço fiscal igual ao do passado, este trabalhador terá de ter despesas compatíveis com a profissão registadas no e-fatura que cubram a diferença entre 25 mil euros (25% de 100 mil) e o coeficiente de 4.104 euros.

O regime simplificado remonta a 2001, numa altura em que não havia o cruzamento que o e-fatura permite hoje fazer. Logo, o Estado não precisa de presumir a despesa, basta constatá-la. Caso contrário, para um trabalhador que não consiga chegar ao limiar dos 25%, e recebesse à mesma a dedução por inteiro, não estaria a ser abrangido por um regime simplificado, mas por um benefício fiscal.

Dito isto, o novo regime faz sentido, mas não admitir que vá aumentar a carga fiscal para alguns, mesmo considerando o efeito do aumento do número de escalões, é politiquice.

O Like & Dislike é um espaço de opinião.

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