BCP afunda 5% com maré vermelha nas bolsas
BCP regista pior sessão em quase cinco meses. Afunda 5% perante forte sentimento de aversão ao risco nas bolsas europeias. Perde 700 milhões desde que atingiu máximos do ano.
A intensa pressão vendedora nos mercados acionistas está a castigar de forma particular as ações do BCP. O banco afunda 5% esta terça-feira, naquele que é o pior desempenho desde abril, numa sessão marcada pelo regresso das tensões nucleares em torno da Coreia do Norte.
Há um forte sentimento de aversão ao risco esta manhã. O PSI-20, por exemplo, perde 1,5% com apenas um título a negociar acima da linha de água, a Pharol. Já os títulos do BCP estão sob pressão. São os que mais cedem. Já chegaram a ceder 4,73% para 0,2115 euros esta manhã, tratando-se da maior queda intradiária desde o dia 4 de abril, há quase cinco meses.
Em cerca de duas horas e meia de negociação em Lisboa já foram negociados mais de 31 milhões de papéis do banco liderado por Nuno Amado, refletindo esta pressão vendedora em torno do BCP. Compara com a média diária de 55 milhões de títulos dos últimos 12 meses.
BCP continua a perder valor em bolsa
Lá por fora, o índice da Bloomberg que acompanha o setor financeiro europeu cede 1,29%, com todos os bancos a negociar abaixo da linha de água. O BCP lidera as quedas. Mas instituições como o Generali, National Bank of Greece, Alpha Bank ou Commezbank recuam mais de 2,7%.
Perde 700 milhões desde máximos do ano
O BCP tem estado no centro das atenções dos investidores desde que começaram a surgir as notícias de que estava na corrida pelo banco polaco do Deutsche Bank, a 7 de julho. Três dias mais tarde o banco confirmou o interesse no negócio avaliado em cerca de 400 milhões de euros e num mercado onde já está presente com o Millenium Bank.
Ainda que os analistas tenham considerado que a instituição portuguesa não tenha estofo para concorrer com Santander ou Commezbank, outros dois bancos que disputam a operação do Deutsche Bank na Polónia, a verdade é que no final do mês passado o BCP passou à segunda fase do concurso.
Na altura, o BPI Research salientou o impacto desta compra nos rácios de capital do BCP, um indicador para o qual o banco trabalhou intensamente nos últimos anos e que culminou com o aumento de capital de 1.300 milhões de euros ainda em fevereiro. Em concreto, diziam os analistas daquele banco de investimento: “Os impactos de capital tornam menos provável que o BCP possa superar o Santander ou o Commerzbank no processo de venda do Deutsche Bank. Para o BCP, estimamos que o potencial negócio (…) poderá ter um impacto negativo de cerca de 80 pontos base no rácio de capital Tier 1 (11,2% em março)”.
Ao ECO, vários analistas consideraram que este tem sido um dos pontos para os investidores diminuírem a sua exposição ao BCP. A instituição vai desembolsar dinheiro quando “ainda não terminou a fase de estabilização financeira”, explicava Paulo Rosa, trader sénior do Banco Carregosa. “É um constrangimento à distribuição de dividendos a partir de 2018/2019, tal como tinha sido sinalizado aquando da realização do aumento de capital”., nota Pedro Lino, da Dif Broker.
Este movimento de recuo intensificou-se desde que a ação tocou um máximo do ano nos 0,2588 a 13 de julho. Desde então, o banco foi perdendo cada vez mais valor. Quanto? 690 milhões de euros foi quanto a capitalização bolsista do BCP viu emagrecer em cerca de mês e meio.
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