Não houve acordo de Centeno com Domingues? Deputados contestam

O PSD está seguro de que houve um acordo para que António Domingues não tivesse de declarar rendimentos ao Tribunal Constitucional. CDS e Bloco não vão tão longe, mas também levantam dúvidas.

As conclusões do relatório da comissão parlamentar que analisou a contratação e demissão de António Domingues como presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) não correspondem à realidade e “é claro” que houve acordo entre Mário Centeno e o antigo banqueiro para que este ficasse dispensado de entregar a declaração de rendimentos e de património ao Tribunal Constitucional. Esta é a apreciação que o PSD faz do relatório, elaborado pelo deputado socialista Carlos Testa, que foi conhecido na semana passada. CDS-PP e Bloco de Esquerda também levantam dúvidas relativamente a algumas das conclusões que constam deste relatório, mas não vão tão longe nas contestações e admitem vir a aprovar o documento, que será votado na próxima semana.

O relatório com as conclusões da “Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar à Atuação do XXI Governo Constitucional no que se relaciona com a Nomeação e a Demissão da Administração do Dr. António Domingues” foi apresentado, esta terça-feira, por Luís Testa. As dúvidas que os deputados tentaram esclarecer nesta comissão giravam em torno da recusa de Domingues em apresentar a declaração de rendimentos e de património ao Tribunal Constitucional, uma obrigação da qual julgava estar isento, depois do acordo a que chegou com o Governo. O relatório da comissão apresentou uma conclusão diferente: “em momento algum houve qualquer acordo” entre Centeno e Domingues; o antigo banqueiro guiou-se por “pressupostos que julgava por adquiridos”.

Foi essencialmente esta conclusão que o PSD contestou na reunião desta terça-feira. “As conclusões deste relatório não correspondem aos depoimentos aqui ouvidos na comissão, nem aos documentos aqui conhecidos, nem aos factos decorridos”, começou por dizer o deputado José Silvano. “Existem testemunhos contraditórios entre si, que transmitem versões contraditórias. Uma corresponderá à verdade, a outra faltará à verdade”, acrescentou o deputado social-democrata, acusando o PS de “parcialidade” na redação do relatório.

"É claro que, desde o início, a questão da dispensa da declaração ao Tribunal Constitucional estava acordada entre António Domingues e o Ministério das Finanças.”

José Silvano

Deputado do PSD

Para o PSD, “é claro que, desde o início, a questão da dispensa da declaração ao Tribunal Constitucional estava acordada entre António Domingues e o Ministério das Finanças“. Essa foi, aliás, “uma das condições acordadas” para que António Domingues aceitasse liderar o banco público. “Isso fica claro na declaração prestada por António Domingues e na carta escrita ao Governo. Se tivéssemos dúvidas, isso é reforçado com as declarações do secretário de Estado Ricardo Mourinho Félix, que disse que o afastamento destas obrigações declarativas não é um lapso, antes resulta de um entendimento entre as partes”, lembrou José Silvano.

"Ficou claro que, para António Domingues, estava assente desde o início que as declarações não eram para ser entregues. No mínimo, o Ministério das Finanças não afastou liminarmente essa hipótese, e isso deve constar do relatório.”

Moisés Ferreira

Deputado do Bloco de Esquerda

Já para o Bloco de Esquerda e para o CDS-PP, não é óbvio que tenha existido acordo entre o Governo e António Domingues, mas os dois partidos também querem que fique mais claro no relatório que há depoimentos contraditórios. “Parece-nos importante que este relatório final não seja apenas a ratificação da teoria do ‘erro de perceção mútuo’. Ficou claro que, para António Domingues, estava assente desde o início que as declarações não eram para ser entregues. No mínimo, o Ministério das Finanças não afastou liminarmente essa hipótese, e isso deve constar do relatório porque, se o tivesse afastado, não chegaríamos à carta de novembro [enviada por Domingues a Centeno], nos termos em que foi escrita”, referiu o deputado bloquista Moisés Ferreira.

"Não é possível concluir que tudo o que o Ministério das Finanças disse é tal e qual como disse, nem que tudo o que António Domingues disse é tal e qual como disse, porque há matérias onde os dois chocam.”

João Almeida

Deputado do CDS-PP

João Almeida, do CDS-PP, reconheceu que esta comissão “funcionou como devia funcionar” e que “o relator fez um esforço para que o relatório permita um debate leal sobre as conclusões”, admitindo mesmo que irá votar as conclusões “de espírito livre”. Ainda assim, “há omissões” que devem ser colmatadas. “Não entendemos que seja possível esta comissão concluir o que é divergente entre as duas partes. Não é possível concluir que tudo o que o Ministério das Finanças disse é tal e qual como disse, nem que tudo o que António Domingues disse é tal e qual como disse, porque há matérias onde os dois chocam“, apontou. Neste contexto, “devem concluir-se os mínimos, e não os máximos”.

Os grupos parlamentares têm agora até dia 20 de outubro para entregar propostas de alteração ao relatório, que será votado a 24 de outubro, seguindo depois para discussão e debate no plenário da Assembleia da República. Todos os partidos deverão apresentar propostas de alteração, à exceção do PCP, que considera que o relatório já “identifica as questões fundamentais”. Fonte oficial do partido refere que não deverão ser entregues propostas de alteração e que eventuais discordâncias com o conteúdo do relatório serão apresentadas numa declaração de voto.

"Em última análise, podemos até achar que o Ministério das Finanças foi incompetente, porque queria ter feito esse acordo mas não conseguiu legislar sobre isso.”

Miguel Tiago

Deputado do PCP

O relatório privilegia o que é material. Perante a indicação de António Domingues de que tinha havido um compromisso, e perante as declarações do Ministério das Finanças que dizem não ter assumido esse compromisso, a verdade é que esse compromisso não só não foi assumido como não está escrito em parte nenhuma. Em última análise, podemos até achar que o Ministério das Finanças foi incompetente, porque queria ter feito esse acordo mas não conseguiu legislar sobre isso”, afirmou o deputado comunista Miguel Tiago.

Já PSD, CDS-PP e Bloco de Esquerda fizeram saber que irão apresentar as suas propostas de alteração até sexta-feira. O relator Luís Testa garantiu “total disposição” para chegar aos “consensos a que seja possível chegar”.

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Carlos Magno ao ECO: “A ERC não travou a operação Altice/TVI”

A ERC não chegou a consenso sobre o negócio Altice/Media Capital. Ao ECO, o presidente, Carlos Magno, confirmou que a ERC "não travou o negócio" e que "a operação segue para a Concorrência".

O negócio da compra da Media Capital pela Altice passou pela ERC e vai seguir agora para a Autoridade da Concorrência (AdC). “A ERC não travou o negócio, o processo seguirá agora para a Autoridade da Concorrência”, afirmou Carlos Magno, presidente do regulador, em declarações ao ECO.

O presidente da Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC) escusou-se a fazer mais comentários. No entanto, um comunicado oficial, divulgado na noite desta terça-feira, confirmou que há um parecer enviado à Concorrência na qual refere que “o conselho regulador declara não ter um entendimento unânime sobre os riscos sistematizados para o pluralismo no setor da comunicação social em Portugal e, nessa medida, não ter obtido um consenso sobre o sentido” de voto em relação ao processo de aquisição da Media Capital pela Altice.

Na nota, a ERC refere que “tem o dever de assegurar o pluralismo e a diversidade de expressão, velando pela não concentração da titularidade das entidades que prossigam atividades de comunicação social”. Mais: “Deve assegurar a livre difusão de conteúdos pelas entidades que prosseguem atividades de comunicação social e o livre acesso aos conteúdos por parte dos cidadãos destinatários da respetiva oferta de conteúdos de comunicação social, de forma transparente e não discriminatória, de modo a evitar qualquer tipo de exclusão social ou económica.”

A ERC indica ainda que esta operação “aumentaria a concentração da titularidade de quatro dos cinco segmentos de órgãos de comunicação social regulados pela ERC”: publicações periódicas, operadores de rádio e televisão, disponibilização ao público de serviços de programas de rádio e televisão e conteúdos através de redes de comunicações eletrónicas. E acrescenta: “A presente operação não permite antever benefícios em prol do pluralismo no sistema mediático português.”

A presente operação não permite antever benefícios em prol do pluralismo no sistema mediático português.

ERC

A última reunião decorreu ao longo da tarde desta terça-feira. No entanto, a falta de membros no conselho regulador, que se encontra reduzido a três unidades, ditou que uma decisão (aprovação ou chumbo) só poderia ser tomada por unanimidade. Não a havendo, a ERC ficou impossibilitada de deliberar e o processo tramitou para a Autoridade da Concorrência (AdC), que terá agora a última palavra a dar.

A compra da Media Capital pela Altice é um negócio avaliado em 440 milhões de euros. O ECO sabe que a ERC tinha em mãos um parecer técnico dos serviços que apontava para riscos, não sendo necessariamente desfavorável à operação. Na ERC existia uma corrente, protagonizada por Carlos Magno, segundo a qual as questões levantadas pelo relatório eram mais próximas das competências da AdC e não da pluralidade, diversidade e liberdade de imprensa, como incumbe à ERC, apurou o ECO.

A AdC terá agora 30 dias úteis para se pronunciar sobre o dossiê, ou fazer uma análise mais aprofundada com um prazo máximo de 90 dias úteis a partir da data da notificação da ERC. Durante a tarde desta terça-feira, o regulador confirmou ao ECO que seria feita uma comunicação à imprensa mais perto do fim do dia acerca deste assunto.

(Notícia atualizada às 20h50 com mais informação)

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Santander cria maior plataforma do mundo de empreendedorismo universitário

Santander X junta o banco e 40 universidades de sete países para criar a maior plataforma de empreendedorismo universitário do mundo.

Chama-se Santander X e é uma rede à medida dos empreendedores universitários de todo o mundo. O Banco Santander anunciou esta terça-feira o lançamento do Santander X, uma “iniciativa que nasce com a vocação de se converter no maior ecossistema de empreendedorismo universitário do mundo”, avança o banco em comunicado.

A rede trata de acelerar a colaboração entre universidades e empreendedores de todo o mundo e, no arranque, junta 40 instituições universitárias de sete países, Portugal incluído.

O anúncio foi feito pela presidente do banco, Ana Botín, na Cidade do México. “O Santander X aspira a ser o ponto de conexão de todos os empreendedores. Será o maior ecossistema global de empreendedorismo universitário. Abrirá as portas ao talento para construir um mundo melhor para todos”, explicava a presidente do Santander.

O Santander X aspira a ser o ponto de conexão de todos os empreendedores. Será o maior ecossistema global de empreendedorismo universitário. Abrirá as portas ao talento para construir um mundo melhor para todos.

Ana Botín

Presidente do Santander

Vai servir para “partilhar ideias e conhecimentos, mas também atrair investimentos. Permitirá ainda às universidades difundir as suas melhores práticas, monitorizando os seus programas de empreendedorismo e medindo o seu impacto”, explica o banco em comunicado.

Da rede de universidades, além de Portugal fazem parte instituições da Argentina, Brasil, Chile, Espanha, México e Uruguai. O objetivo é aumentar até 50 o número de universidades aderentes ao programa nos próximos três meses e atingir no total mais de 1.000 instituições. Entre as portuguesas estão as Universidades do Porto, Coimbra, Instituto Superior Técnico e Instituto Politécnico de Setúbal.

Nos próximos quatro anos, o Santander vai destinar 50 milhões de euros no apoio a programas de empreendedorismo nas universidades. No final de 2017, a expectativa do banco prevê 900 projetos ligados ao Santander X.

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UberEATS, a galinha dos ovos de ouro nas contas da Uber

Serviço de entrega de refeições da Uber deverá gerar três mil milhões de dólares em vendas este ano, uma lufada de ar fresco nas contas da empresa. Chega a Lisboa este ano.

O serviço UberEATS permite encomendar refeições através de uma aplicação. Está em franco crescimentoshopblocks/Flickr

O UberEATS é uma autêntica galinha dos ovos de ouro nas contas da Uber. O serviço permite encomendar refeições entregues ao domicílio e está a gerar milhares de milhões de dólares em receitas para a conhecida empresa de transporte, de acordo com números que foram revelados pelo jornal Financial Times [acesso pago]. O serviço deverá chegar a Lisboa até final do ano, prometeu a companhia.

Já se sabia que o negócio das entregas de comida estava a crescer vertiginosamente desde que foi lançado há dois anos. Contudo, o jornal britânico, citando fontes conhecedoras dos números, indica que as encomendas de comida representaram entre 8 e 10% das reservas brutas da Uber no segundo trimestre deste ano. Por outras palavras, o UberEATS, que é uma aplicação separada da plataforma de transporte, deverá gerar mais de três mil milhões de dólares em vendas brutas este ano, ou 700 a 870 milhões de dólares no segundo trimestre, explica a Business Insider.

Estes números são conhecidos numa altura em que a empresa se prepara para juntar Lisboa à lista de 100 cidades onde o mesmo opera. No final de setembro, a Uber Portugal disse estar a “estabelecer parcerias com os melhores restaurantes da cidade” no sentido de trazer o UberEATS para “Lisboa até ao final do ano”. A empresa está ainda à procura de parceiros e estafetas.

Segundo números avançados anteriormente ao jornal Axios, a Uber está a melhorar as suas contas. As receitas aumentaram 17% entre abril e junho em relação ao trimestre anterior, fixando-se nos 1,75 mil milhões de dólares. Os prejuízos desceram 9%, com a Uber a perder 645 milhões de dólares, aproximadamente 547,1 milhões de euros. A empresa está a tentar recuperar a sua imagem depois de uma sucessão de escândalos que culminaram com a saída de Travis Kalanick da presidência da companhia, dando lugar a Dara Khosrowshahi, atual líder da Uber.

Fundo do SoftBank vai investir forte

Nem só pelas contas aparece a Uber nas notícias. É que, de acordo com a Business Insider, o SoftBank prepara-se para comprar uma fatia de 14 a 20% da Uber num investimento multimilionário que deverá ser finalizado “provavelmente na próxima semana”, anunciou a administradora da empresa Arianna Huffington. Desconhece-se o montante exato do investimento.

O investimento será feito através do Vision Fund, o maior fundo de investimento em tecnologia do mundo, que conta com 93 mil milhões de euros em capital. A Uber encontra-se avaliada em cerca de 70 mil milhões de dólares.

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DBRS coloca dívida do Novo Banco em “revisão com perspetiva positiva”

Agência canadiana diz que vai avaliar aquisição do Novo Banco pelo fundo norte-americano Lone Star antes de voltar a atualizar a notação da dívida do banco português.

A DBRS colocou os ratings de dívida e de depósitos do Novo Banco “em revisão com perspetiva positiva”, anunciou esta terça-feira a agência em comunicado.

“Durante este período [de revisão], a DBRS vai avaliar a concretização da aquisição do Novo Banco pelo Lone Star e as suas potenciais implicações para o banco, a rentabilidade, o financiamento e capital”, diz a agência de notação canadiana.

“Um fator chave desta revisão será o impacto na qualidade dos ativos do banco como resultado do mecanismo de capital contingente fornecido pelo Fundo de Resolução para uma carteira de ativos de até 3,9 mil milhões de euros”, argumenta ainda.

Adianta ainda que com a atribuição de um novo Long-Term Issuer Rating de CCC (alto) e de um novo Long-Term Senior Debt de CCC (alto), “todos os rating de dívida sénior do banco estão agora ao mesmo nível que estavam antes do anúncio do exercício de liability management exercise (LME), refletindo o impacto limitado do LME no Novo Banco e a venda esperada ao Lone Star”.

A venda do Novo Banco será assinada esta quarta-feira de manhã no Banco de Portugal.

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Costa respeita moção de censura do CDS: “É perante a AR que o Governo tem de responder”

  • Margarida Peixoto
  • 17 Outubro 2017

António Costa evitou responder sobre se deve pedir desculpas aos portugueses pelas consequências dos incêndios e defendeu que "o essencial" agora é trabalhar para reconstruir os territórios.

“Respeito, é um direito constitucional do CDS. A legitimidade do Governo resulta da Assembleia da República, é perante a Assembleia da República que o Governo tem de responder” — foi assim que o primeiro-ministro, António Costa, respondeu à intenção anunciada pelos centristas de apresentar no Parlamento uma moção de censura ao Governo.

Depois de um encontro com os autarcas, na Lousã, o primeiro-ministro defendeu que a moção de censura faz parte do modo de funcionamento normal do sistema democrático português. Entretanto, o PSD já mostrou abertura para votar favoravelmente a moção dos centristas.

Em declarações transmitidas pela RTP3, António Costa explicou aos jornalistas que ficou definido com os autarcas um plano de trabalho para as próximas duas semanas para se fazer o levantamento de todos os danos materiais que resultaram dos incêndios ocorridos na noite de domingo para segunda-feira, que tiraram a vida a, pelo menos, 41 pessoas e fizeram dezenas de feridos.

“Agora há que arregaçar as mangas e tratar de reconstruir ao mesmo tempo que respondemos as necessidades imediatas”, disse o primeiro-ministro, referindo-se à urgência de repor o abastecimento de água e eletricidade, bem como das redes de comunicações.

Questionado pelos jornalistas se não deveria pedir desculpas aos portugueses pelas tragédias dos incêndios, Costa evitou responder. “Temos de nos concentrar no que é essencial; o que é essencial é trabalhar com os autarcas e as operadoras na reconstrução dos territórios”, argumentou, lembrando ainda a necessidade de revitalizar as economias.

Embora não haja ainda uma estimativa dos prejuízos materiais, Costa sinalizou que os incêndios deste outubro provocaram mais danos materiais do que os de junho. “O que aconteceu neste domingo não tem paralelo, em dimensão de danos materiais, com o que aconteceu com outros incêndios anteriores,” disse, sublinhando que “isso hoje exige um esforço gigantesco”.

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Like & Dislike: Trapalhada e politiquice nos recibos verdes

A nova regra para tributar quem tem recibos verdes foi mal feita. O que é mau. E o Governo recusa admitir que há contribuintes que vão sentir um agravamento fiscal. O que é muito mau.

Para quem não o conheça, António Mendonça Mendes é o novo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, tendo entrado no Governo depois do escândalo da Galpgate que derrubou Rocha Andrade. O facto de ter entrado no Governo já com o Orçamento do Estado em preparação é a única razão, que eventualmente se pode encontrar, para tentar desculpar a grande trapalhada que tem sido a questão dos recibos verdes.

Defraudado

Tudo começa com uma fuga de informação — na ânsia de a geringonça dar boas notícias — que dizia que os trabalhadores com recibos verdes iriam beneficiar de um aumento, de 10 mil para 20 mil, no limite de isenção de IVA de que este regime beneficia. Quando chegou o Orçamento, afinal a duplicação do limite de isenção de IVA não existia.

Assustado

Quem se sentiu com as expectativas defraudadas, terá subido às paredes quando saiu o Orçamento do Estado e percebeu que em vez de um alívio fiscal poderia ser alvo de um enorme aumento de impostos.

Tal como está redigido o articulado da lei do Orçamento do Estado para 2018, os fiscalistas fizeram as contas e chegaram à conclusão de que haveria “casos em que aquilo que os trabalhadores vão pagar a mais em IRS é superior ao salário de um mês inteiro”, como explicava o fiscalista Luís Leon da Deloitte ao Correio da Manhã.

Aliviado

Afinal veio a descobrir-se mais tarde que a lei estava mal feita. O Governo, ao menos, teve a humildade de admitir que a redação possa ser alterada em sede de especialidade, para que fique mais clara.

Insultado

A confusão dos recibos verdes chegou a tal ponto que o Governo achou por bem que António Mendonça Mendes desse uma entrevista para falar sobre o assunto e tentar acalmar mais de um milhão de portugueses com regime simplificado e que passam recibos. A ideia não poderia ter sido pior.

A meio da entrevista, António Mendonça Mendes diz que o Governo está a “pedir aos recibos de altos rendimentos que apresentem faturas”. É miserabilista um país onde quem ganhe mais de 1.368 euros brutos (o limiar a partir do qual as novas regras teriam impacto) ou 1.600 euros brutos (o novo limiar com os novos escalões) seja colocado na prateleira dos “altos rendimentos”.

Ludibriado

Mas isto é um pormenor. A parte da entrevista relativa ao tema dos recibos verdes tem 10 perguntas que a TSF publica e que valem a pena ser lidas. Das 10 perguntas sobre o tema, em sete (70%) o persistente jornalista da rádio pergunta repetidas vezes a António Mendonça Mendes se os trabalhadores que não tenham despesas que alcancem os 25% de rendimento vão ou não pagar mais? Em sete respostas o secretário de Estado consegue a proeza e a habilidade política de não responder de forma direta, evitando assumir o óbvio: é claro que aqueles contribuintes que não tenham despesa que cubra a diferença entre os 25% de dedução e o novo coeficiente de 4.104 euros terão um agravamento fiscal.

Presunção

E a entrevista termina com esta pergunta: “Não acredita portanto que haja trabalhadores com despesas inferiores a 25%?” Ao que António Mendonça Mendes responde: “Não acredito. Se não, teríamos vivido uma fraude durante anos.” Conclusão, o estudo para aferir o impacto da medida foi uma crença do secretário de Estado que ainda por cima acha que desde 2001, quando se criou o regime simplificado, o país tem vivido numa fraude.

Dito isto, o novo regime faz sentido?

A declaração é, no mínimo, infeliz, mas não nos deve retirar o foco do essencial. O novo regime faz sentido? Faz.

Até agora, um trabalhador que declarasse, por exemplo, 100 mil euros de rendimento anual, a sua base tributável era de 75%, já que no regime simplificado se presumia que os restantes 25% seriam despesas que incorria no exercício da sua atividade.

Com as novas regras, o Governo garante ao trabalhador independente uma dedução igual à que já se aplica aos trabalhadores por conta de outrem, de 4.104 euros, o que significa que a base tributável desde trabalhador passará para 95.896 euros (100.000 – 4.104). Para que consiga manter um esforço fiscal igual ao do passado, este trabalhador terá de ter despesas compatíveis com a profissão registadas no e-fatura que cubram a diferença entre 25 mil euros (25% de 100 mil) e o coeficiente de 4.104 euros.

O regime simplificado remonta a 2001, numa altura em que não havia o cruzamento que o e-fatura permite hoje fazer. Logo, o Estado não precisa de presumir a despesa, basta constatá-la. Caso contrário, para um trabalhador que não consiga chegar ao limiar dos 25%, e recebesse à mesma a dedução por inteiro, não estaria a ser abrangido por um regime simplificado, mas por um benefício fiscal.

Dito isto, o novo regime faz sentido, mas não admitir que vá aumentar a carga fiscal para alguns, mesmo considerando o efeito do aumento do número de escalões, é politiquice.

O Like & Dislike é um espaço de opinião.

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CMVM aplica 140 mil euros em coimas no terceiro trimestre

O regulador do mercado de capitais proferiu decisão em 12 processos de contraordenação, dos quais oito considerados muito graves, durante o terceiro trimestre do ano.

Um total de 11 processos de contraordenação e coimas que ascenderam a 140 mil euros. Trata-se do balanço da atividade sancionatória levada a cabo pelo regulador do mercado de capitais português no terceiro trimestre deste ano.

Nas estatísticas trimestrais sobre contraordenações divulgadas nesta terça-feira, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) refere que do total de contraordenações, quatro foram por violação de deveres de negociação em mercado, quatro por violação dos deveres de informação ao mercado e três por violação dos deveres de intermediação financeira.

No que respeita ao grau de gravidade associado, as decisões tomadas entre julho e setembro respeitam a oito processos de contraordenação muito graves, dois processos de contraordenação graves e um processo de contraordenação menos grave, tendo sido aplicadas coimas no total de 140.000 euros, quatro admoestações e decididos dez arquivamentos.

A CMVM refere que no mesmo período foram ainda instaurados cinco processos de contraordenação, dois relativos à violação de deveres de informação ao mercado, dois referentes à atividade dos organismos de investimento coletivo e um relativo à violação dos deveres de negociação em mercado.

A entidade liderada por Gabriela Figueiredo Dias revela ainda que no final de setembro, tinha em curso 97 processos de contraordenação. Destes, 27 respeitam a violações de deveres de intermediação financeira, 25 respeitam a violações de deveres de informação, 23 são referentes à atividade dos organismos de investimento coletivo, 15 por violação de deveres de negociação em mercado e sete referentes à atuação dos auditores.

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Incêndios: Quer manifestar-se? Há convocatórias para todo o país

  • Rita Frade
  • 17 Outubro 2017

O número de manifestações marcadas via Facebook, contra o governo e em solidariedade para com as vítimas dos incêndios, têm vindo a aumentar ao longo do dia.

Depois daquele que foi considerado o pior dia do ano em termos de incêndios em Portugal (15 de outubro), o qual provocou a morte de, pelo menos, 41 pessoas e mais de 70 feridos, os portugueses decidiram seguir o exemplo de Espanha e convocar uma série de manifestações no Facebook.

Sónia Cunha, de Mondim de Basto, Vila Real, disse em declarações à agência Lusa que decidiu avançar com a manifestação, porque estava “cansada de ver tanta desgraça na televisão, de ver comentários no Facebook e sem ver ninguém a tomar uma atitude”.

Só esta terça-feira vão decorrer, pelo menos, duas manifestações em Lisboa: “Vão de férias – Protesto Civil e apartidário” (uma referência à Ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa — que, num debate, disse que não se iria demitir pois seria mais fácil gozar as férias que, segundo a própria, não teve) e “Todos a Belém“. Para amanhã está marcada uma em Leiria (“Todos Juntos Pela Reflorestação Do pinhal De Leiria“).

Vão de férias - Protesto Civil e apartidário

As restantes irão decorrer durante o próximo fim de semana, um pouco por todo o país:

Sábado:

Domingo:

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PSD admite votar a favor de moção de censura do CDS

  • Marta Santos Silva
  • 17 Outubro 2017

O deputado Matos Correia anunciou que os social-democratas reúnem amanhã para decidir se apoiam a moção de censura dos centristas, mas indiciou que estão preparados para a votar favoravelmente.

O deputado do PSD Matos Correia admitiu esta terça-feira, em declarações transmitidas pela SIC Notícias, que o partido social-democrata possa chegar a uma decisão favorável em relação à moção de censura ao Governo anunciada pelo CDS.

Sem ser totalmente claro, afirmou que “não será surpreendente para ninguém que o PSD”, que vai reunir amanhã para decidir se apoiará a moção de censura do CDS, “não dê apoio a este Governo” pelas falências que demonstrou nos incêndios deste verão. Nas suas palavras, assumiu, “está de certa forma antecipada a decisão que o PSD vai tomar”.

Matos Correia falou aos jornalistas para explicar que o PSD tem tentado ressarcir as vítimas dos incêndios com maior velocidade através de vários meios, incluindo uma proposta após Pedrógão Grande, em junho, que foi rejeitada pelas esquerdas. A proposta para que houvesse uma maior celeridade na ajuda às vítimas vai ser novamente submetida, continuou.

“Não é tradição do PSD apresentar moções de censura”, disse, explicando o motivo de o PSD não ter apresentado uma moção própria. “Não avançará com nenhuma”. No entanto, na reunião desta quarta-feira o partido deverá decidir apoiar a apresentada pelo CDS.

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Morais Leitão distinguida pelo IFLR1000. 15 advogados distinguidos

  • ADVOCATUS
  • 17 Outubro 2017

A sociedade de advogados Morais Leitão está referenciada no International Financial Law Review. A sociedade foi premiada em cinco categorias.

A sociedade de advogados Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva (MLGTS) foi reconhecida pelo diretório International Financial Law Review (IFLR1000). A publicação destacou no seu ranking para 2018 um total de 15 advogados e deu nota máxima (tier 1) em cinco áreas de atividade.

O diretório especializado em matérias financeiras e que serve de referência aos profissionais do setor atribuiu nota tier 1 à sociedade MLGTS em Banking and finance, Capital markets, M&A, Project finance e Project development.

“É com satisfação que recebo a notícia, em particular por se revelar um reconhecimento do nosso trabalho na área de energia. A área de prática de energia tem já uma história de décadas no escritório e é claramente uma área com a qual o mercado nos identifica e uma contínua aposta da MLGTS”, segundo disse à Advocatus Catarina Brito Ferreira, advogada que ganhou o prémio de rising star.

Quanto ao número de advogados, a publicação destacou 15 profissionais, mais cinco que no ano passado.

Advogados distinguidos, por área de atividade

  • João Soares da Silva, em Capital Markets: Equity, e M&A;
  • Luís Branco, em Banking;
  • Carlos Osório de Castro, em Capital markets: Equity e M&A;
  • Nuno Galvão Teles, em M&A;
  • Luísa Soares da Silva, em Capital markets: Equity e Capital markets: Structured finance and securitisation;
  • Filipe Lowndes Marques, em Investment, Banking e Project Finance;
  • João Alfredo Afonso, em Capital markets: Equity e M&A, Financial restructuring;
  • Ricardo Andrade Amaro e Eduardo Paulino, em Capital markets: Equity e M&A;
  • Catarina Brito Ferreira (rising star);
  • Pedro Gorjão Henriques e Helena Soares de Moura, em Restructuring and insolvency;
  • Ana Monjardino e Cláudia Castanheira dos Santos, em Project development, Capital markets: Structured finance and securitisation, M&A, e Project finance;
  • Cláudia Santos Cruz, em Energy and infrastructure, Project development, Banking, Project finance e M&A.

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Venda do Novo Banco assinada hoje às 11h30

Banco de Portugal, Fundo de Resolução e Lone Star assinam esta quarta-feira de manhã, pelas 11h30, o contrato de venda do Novo Banco ao fundo norte-americano, apurou o ECO.

Mais de três anos depois da medida de resolução aplicada ao BES, o Novo Banco vai finalmente ser vendido. O contrato de venda do banco de transição ao fundo norte-americano Lone Star pelo Banco de Portugal e Fundo de Resolução é assinado esta quarta-feira, às 11h30, apurou o ECO. Cerimónia terá lugar no Banco de Portugal.

Celebrado o negócio, os americanos passam a controlar 75% do Novo Banco mediante a prometida injeção de 1.000 milhões de euros na instituição, isto depois de concluída com sucesso a oferta de recompra de dívida no início do mês e da autorização de Bruxelas às ajudas estatais na semana passada.

De resto, o Novo Banco aprovou já esta segunda-feira o aumento de capital de 750 milhões de euros, a primeira tranche do reforço de capital que ficou acordado com o fundo americano. A segunda tranche de 250 milhões será concluída até ao final deste ano.

Conforme revelou o ECO em primeira mão, o Lone Star prepara-se para mudanças na estrutura de governo do Novo Banco. Vai criar um Conselho Geral de Supervisão que será liderado pelo inglês Byron Haines e que será composto integralmente por membros estrangeiros: três indicados pelo Lone Star (Donald Quintin, Benjamin Dickgieβer e Kambiz Nourbakhsh) e outros três independentes, entre os quais o antigo embaixador americano em Lisboa, Robert Sherman.

Quanto à equipa executiva, vai continuar a ser liderada por António Ramalho. Os restantes membros também vão manter-se, pelo menos, nos próximos meses, mas o ECO sabe que há nomes ainda sob avaliação e é possível que alguns dos que entram agora no Conselho Geral passem para a administração executiva nos próximos meses.

(Notícia atualizada às 17h47)

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