Economia portuguesa cresceu apenas 5 mil milhões em seis anos

  • Lusa
  • 7 Março 2017

O Produto Interno Bruto cresceu pouco mais de 5.000 milhões de euros desde 2010, segundo dados divulgados esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística.

A economia portuguesa cresceu pouco mais de 5.000 milhões de euros desde 2010, ano anterior ao pedido de ajuda financeira, levando seis anos a ultrapassar o montante que valia nessa altura, segundo números revistos e divulgados hoje pelo INE.

Em 2010, no ano anterior ao pedido de ajuda financeira à ‘troika’ – Fundo Monetário Europeu (FMI), Comissão Europeia e Banco Central Europeu (BCE) –, a economia portuguesa valia 179.930 milhões de euros.

Desde então, o Produto Interno Bruto (PIB) português, a preços de mercado, caiu nos dois anos seguintes, tendo começado a recuperar o seu valor em 2013, mas apenas em 2016 atingiu 185.000 milhões de euros, ficando pela primeira vez em seis anos acima do valor registado no final de 2010.

Isto significa que, em termos acumulados, o PIB cresceu pouco mais de 5.000 milhões de euros em seis anos. A título de exemplo, quase 5.000 milhões de euros foi o montante injetado no Novo Banco através do Fundo de Resolução Bancário e significa cerca de metade do que o Estado gasta com juros da dívida num ano.

Outra conclusão dos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), que são publicados hoje num documento chamado ‘Portugal 2015’ e que compara vários indicadores sócio económicos entre 1990 e 2015, é relativa ao mercado de trabalho.

O INE conclui que, no pico da crise económica, entre 2011 e 2013, “a diminuição global do emprego foi na ordem de 311.000 unidades”, e que, no entanto, nos anos seguintes, a recuperação do emprego – que ficou nas 119.300 unidades – ficou “bastante aquém do necessário para compensar as perdas dos anos anteriores”.

O ano de 2013 foi aquele em que a taxa de desemprego atingiu o nível mais elevado até ao momento, tendo atingido 16,6% da população ativa, salienta.

No ano seguinte reduziu-se para 13,9%, o que representou uma inversão da tendência de aumento que se verificava desde 2001, apenas contrariada em 2008, segundo o INE.

No conjunto do ano passado, a taxa de desemprego representava 11,1% da população ativa, o que traduz uma diminuição de 1,3 pontos percentuais em relação a 2015.

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Os dez piores países para expatriados

Alguns países queridos dos portugueses estão no Top10 dos que apresentam piores condições de vida para os expatriados. A seleção foi feita pela InterNations. A maior parte dos destinos fica em África.

A lista costuma ser outra: a dos países que apresentam as melhores condições de vida para os expatriados. O Business Insider (acesso livre/ conteúdo em língua inglesa) resolveu inverter a lógica e compilar os piores. Vai ter algumas surpresas.

Numa sondagem feita pela InterNations, a maior rede mundial de pessoas que vivem e trabalham no estrangeiro, a empresa pediu a 14.300 expatriados, que representam 174 nacionalidades e vivem em 191 países ou territórios, para avaliarem 43 indicadores de qualidade de vida — como saúde e bem-estar, segurança, viagens e transporte; felicidade pessoal e opções de lazer — numa escala de 1 a 7. A partir daqui, a InterNations calculou os resultados para obter uma média da qualidade de vida em países estrangeiros.

Veja os dez piores resultados.

 

 

 

 

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UTAO: crescimento pode chegar a 1,9% este ano

  • Margarida Peixoto
  • 7 Março 2017

No final de 2016 a atividade económica acelerou. E isso pode colocar o PIB deste ano a crescer 1,9%, mais 0,4 pontos percentuais do que a meta do Governo. A menos que Centeno já tivesse previsto tudo.

Se a dinâmica da atividade económica se mantiver como esperado pelo Governo, o crescimento do PIB pode atingir 1,9% este ano — um valor acima da meta de 1,5% que foi definida no Orçamento do Estado para 2017. A menos que o ministro das Finanças, Mário Centeno, já tivesse previsto tudo. As contas são da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) e resultam da aceleração da atividade verificada no final do ano passado.

“Mantendo-se a dinâmica de crescimento intra-anual que se estima estar prevista no OE2017, a projeção para o crescimento do PIB anual seria revista em alta em 0,4 pontos percentuais, para 1,9%”, lê-se na nota distribuída esta terça-feira aos deputados da comissão de orçamento e finanças, e a que o ECO teve acesso.

Os peritos do Parlamento explicam que “a informação estatística sobre a atividade económica do quarto trimestre de 2016” permite calcular “um efeito de carry-over de cerca de um ponto percentual para o crescimento de 2017.”

O “efeito carry over” é a contribuição que o crescimento de um ano dá à atividade económica do ano seguinte. Estatisticamente, assume-se que o nível do PIB se mantém inalterado do último trimestre de um ano, para o ano seguinte — ou seja, que as taxas de crescimento em cadeia serão zero no ano corrente. Sempre que o ano termina a crescer acima da média anual verificada, isso dá um efeito carry over positivo. Se terminar o ano com a economia a abrandar, o efeito é o oposto.

No caso de 2016 para 2017, o carry over é positivo. Como termo de comparação, vale a pena ver que com os dados que eram conhecidos até ao segundo trimestre de 2016, o carry over para este ano não ia além de 0,55 pontos percentuais. Volvido o segundo semestre, sobe para 0,96 pontos.

"O comportamento da dinâmica intra-anual poderá ter sido antecipado, pelo que a projeção para o crescimento anual de 1,5% poderá não ter que ser ajustada com a divulgação destes dados.”

Unidade Técnica de Apoio Orçamental

Execução orçamental em contabilidade pública, janeiro 2017

Há, contudo, uma importante ressalva: os peritos lembram que estas contas assumem que o Governo não estaria, de antemão, a contar com um efeito carry over como o que veio a revelar-se. Se, pelo contrário, esse efeito já estivesse incorporado na meta de 1,5% inscrita no OE2017, o impacto é agora nulo.

Peritos estimam mais défice do que Governo

Tanto Mário Centeno como o primeiro-ministro António Costa já garantiram que o défice de 2016 “não será superior a 2,1%” do PIB. Contudo, mesmo depois dos dados da execução orçamental publicados pela Direção-geral do Orçamento, e do valor do PIB revelado pelo INE, os peritos do Parlamento continua a fazer contas que dão um resultado ligeiramente superior de défice: a UTAO aponta para 2,3% do PIB.

Se não forem tidas em conta as operações de natureza extraordinária, o défice sobe para 2,6%, uma décima acima da meta definida pela Comissão Europeia.

Os peritos explicam que os cerca de 570 milhões de euros de medidas extraordinárias dizem respeito, sobretudo, ao Programa Especial de Redução do Endividamento do Estado (PERES), que representa 0,2% do PIB, e às pre-paid margins, que representam 0,15% do PIB.

Daí que, eliminando este impacto de medidas extraordinárias em 2016, e fazendo o mesmo para o exercício de 2015 (quando o impacto de efeitos extraordinários foi negativo por causa do Banif), a redução do défice conseguida pelo Governo de António Costa passe a ser menos expressiva: 0,4 pontos percentuais.

Seja como for, a confirmar-se esta estimativa, o valor “deverá permitir o encerramento do Procedimento por Défice Excessivo”, escreve a UTAO. A decisão cabe à Comissão Europeia, depois de serem revelados os dados oficiais para o défice de 2016 pelo INE (a publicação está agendada para 24 de março) e da atualização do Programa de Estabilidade 2017-2021, que tem de ser apresentada pelo Executivo em abril.

Execução de 2016 esgotou dotação provisional

Tal como a própria UTAO já tinha antecipado, os peritos confirmam agora que a dotação provisional — uma almofada constituída no Orçamento do Estado para fazer face a imprevistos — foi completamente esgotada em 2016. Estão em causa 535 milhões de euros que já é possível identificar onde foram aplicados: serviram para reforçar as dotações para gastos com pessoal do Ensino Bárico e Secundário e Administração Escolar (262 milhões de euros), para transferir para a Administração Central do Sistema de Saúde (120 milhões de euros) e reduzir pagamentos em atraso, e ainda para o IFAP (100,8 milhões de euros). O Instituto da Mobilidade e dos Transportes recebeu também 13,9 milhões de euros.

A informação da DGO permite ainda identificar como foram geridas as reservas orçamentais que tinham sido mantidas no Ministério das Finanças para permitir a reversão remuneratória. Do total de 447 milhões de euros que estavam orçamentados, o Governo reafetou 338 milhões de euros. Os programas orçamentais que receberam reforço de verbas foram sobretudo três: Ensino Básico e Secundário e Administração Escolar, Saúde e Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

Mas a UTAO identifica uma irregularidade: apesar de as verbas terem sido transferidas para o programa da Saúde, no total os organismos não registam um aumento da dotação para despesas com pessoal. “O que indicia a utilização da reversão remuneratória para outros efeitos diferentes dos estipulados no OE2016”, frisa o documento.

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Isabel dos Santos promete ficar na Sonangol: “Não somos parte do Governo”

As eleições gerais angolanas não deverão ter influência no mandato de Isabel dos Santos à frente da Sonangol. Numa cimeira no Texas, a empresária prometeu cumpri-lo até ao fim.

Isabel dos Santos está esta terça-feira no Texas (EUA). É oradora na cimeira energética CERAWeek.Sonangol

As eleições gerais angolanas não deverão afastar Isabel dos Santos da liderança da Sonangol. A garantia é dada pela própria empresária em declarações à agência Reuters: “Não somos parte do Governo. Temos um mandato claro que foi dado à empresa e vamos cumpri-lo”, disse à margem da cimeira CERAWeek, que está a decorrer em Houston, no Texas.

A CERAWeek é considerada uma importante plataforma de discussão pelo setor energético, sendo que Isabel dos Santos deverá reunir com responsáveis de empresas como a Chevron, ExxonMobil, Total, BP e Statoil, com o objetivo de “avaliar futuras oportunidades e reforçar relações de cooperação”, lê-se num comunicado.

A garantia de Isabel dos Santos de que permanecerá no board da petrolífera estatal angolana vem contrariar a notícia avançada pelo semanário Expresso no final de fevereiro, onde se dava conta de que a presidente do conselho de administração da Sonangol estaria a ser “muito pressionada” e deveria abandonar o cargo ainda antes do sufrágio que se deverá realizar em agosto.

A CERAWeek decorre ao longo desta semana e reúne empresas de referência na indústria do gás e do petróleo. Isabel dos Santos, filha do Presidente José Eduardo dos Santos — que conduz os destinos do país há 36 anos — é oradora nesta edição, no painel “Transforming Global E&P”, que terá lugar esta terça-feira. Nele, a empresária “vai partilhar as grandes linhas de transformação que tem implementado na Sonangol com vista à otimização do desempenho financeiro e operacional da empresa”, refere a firma numa nota enviada às redações.

Angola pode vir a refinar petróleo no exterior

Esta terça-feira, soube-se ainda que o Governo angolano está a estudar a possibilidade de passar a refinar no estrangeiro algum petróleo bruto explorado no país, para consumo nacional. A notícia é avançada pela agência Lusa, que cita “um documento oficial” a que teve acesso. Em causa, um despacho assinado pelo ministro dos Petróleos, José Maria Botelho de Vasconcelos, com vista à contratação de uma empresa de consultoria que terá especificamente a missão de elaborar um “estudo de viabilidade técnico-económico de processamento de petróleo bruto angolano numa refinaria fora do país”.

Angola é o maior produtor de petróleo em África, com mais de 1,6 milhões de barris de crude por dia, mas a capacidade de refinação nacional é insuficiente, cingindo-se a atividade à refinaria de Luanda, o que obriga à importação de grande parte dos produtos refinados que consome. A solução de recorrer a uma refinaria estrangeira tem sido defendida por alguns especialistas como hipótese mais acessível, face aos custos avultados de construção e manutenção de uma refinaria de raiz em Angola.

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As respostas que Carlos Costa ainda não deu

O governador do Banco de Portugal está debaixo de fogo, depois de terem sido divulgados novos documentos que provam que tinha conhecimento da situação financeira do BES antes do colapso do banco.

Pouco mais de dois anos depois, Carlos Costa volta ao Parlamento para responder sobre a sua atuação no caso do Grupo Espírito Santo (GES). Desta vez, a polémica gira em torno da reportagem da SIC, o “Assalto ao Castelo”. O castelo, entenda-se, é o Banco de Portugal, descrito como “uma fortaleza protegida pelas muralhas do segredo”.

Na reportagem, o governador do Banco de Portugal é acusado de ter tido acesso a informação que lhe teria permitido afastar Ricardo Salgado muito antes da derrocada do GES, no verão de 2014. Em causa, cinco conjuntos de documentos:

  • Um relatório feito por técnicos do Banco de Portugal, datado de 8 de novembro de 2013, que analisa a atuação de Ricardo Salgado, José Maria Ricciardi, Amílcar Morais Pires e Paulo José Lameiras Martins e onde se conclui haver indícios suficientes para retirar a idoneidade ao presidente do antigo Banco Espírito Santo (BES);
  • Um outro relatório elaborado por técnicos do Banco de Portugal, com os resultados de uma avaliação feita pelo supervisor, entre março de 2011 e abril de 2012, à situação financeira do GES. Os técnicos apuraram falhas graves nas áreas de auditoria interna e compliance de 20 sucursais e filiais do BES;
  • Uma análise elaborada pelo BPI, concluída em janeiro de 2013 e entregue em mão a Carlos Costa em maio desse ano, onde é feito um balanço da situação financeira do GES e que conclui que o grupo estava falido desde 2011, com uma dívida de 5,8 mil milhões de euros;
  • A ata de uma reunião onde foi aprovado um empréstimo de 60 milhões de euros, concedido pela Caixa Económica Montepio Geral à Rioforte, que foi assinada por uma pessoa que não esteve presente nessa reunião;
  • A troca de correspondência entre o Banco de Portugal e o regulador financeiro do Dubai, relativamente à operação da Espírito Santo Bankers Dubai, a filial do BES nesse país. As cartas trocadas entre os dois reguladores provam que o Banco de Portugal sabia que esta filial servia de ponte para a transferência de capitais de Angola para financiar empresas do GES, sem que tenha atuado relativamente a este assunto.

Os documentos divulgados pela SIC levantaram novas (e muitas) questões, às quais Carlos Costa já se mostrou disponível para responder, ao pedir para ser ouvido no Parlamento. Se vier mesmo a ser chamado, estas são algumas das perguntas a que terá de responder.

Por que não retirou a idoneidade a Salgado mais cedo?

Esta é a principal questão que já vem sido feita desde agosto de 2014: porque é que o Banco de Portugal não afastou Ricardo Salgado mais cedo?

No relatório datado de 8 de novembro de 2013, os técnicos do Banco de Portugal pediam “uma atuação tempestiva, caso esta se venha a revelar necessária”. Na prática, pediam que o regulador retirasse a idoneidade a Ricardo Salgado, que só abandonou definitivamente o BES em julho de 2014.

"No final de 2013, o Banco de Portugal não dispunha de factos demonstrados que, dentro do quadro jurídico então aplicável, permitissem abrir um processo formal de reavaliação de idoneidade dos membros do órgão de administração BES.”

Carlos Costa

Governador do Banco de Portugal

Contudo, em dezembro de 2014, na comissão parlamentar de inquérito à queda do universo GES, Carlos Costa omitiu as conclusões deste relatório. “No final de 2013, o Banco de Portugal não dispunha de factos demonstrados que, dentro do quadro jurídico então aplicável, permitissem abrir um processo formal de reavaliação de idoneidade dos membros do órgão de administração BES, em especial do presidente da sua comissão executiva”, garantiu.

Afinal, o governador tinha, ou não, informações que chegassem para afastar Salgado? Este relatório tinha, ou não, essas informações? Se tinha, por que optou por não afastar Salgado? E por que decidiu Carlos Costa, na comissão de inquérito, omitir as conclusões deste relatório?

"O dever só é exequível se for acompanhado de poder. E o poder está aquém daquilo que eu gostaria. Se me perguntar ‘se pudesse, faria?’, digo-lhe: há muito tempo.”

Carlos Costa

Governador do Banco de Portugal

Carlos Costa já deu resposta a algumas destas questões. Logo depois de a reportagem da SIC ter ido para o ar, o Banco de Portugal emitiu um comunicado com alguns esclarecimentos. Mas, antes disso, recorde-se o que o governador já tinha dito na comissão de inquérito feita em dezembro de 2014: “Na prática, a legislação atual dá-nos poder de pressão, mas não nos dá aquilo que era mais importante, que é poder de imposição. Estamos com um dilema. É que nem sempre o que se deve, se pode. O dilema é que o dever só é exequível se for acompanhado de poder. E o poder está aquém daquilo que eu gostaria. Se me perguntar ‘se pudesse, faria?’, digo-lhe: há muito tempo”.

Os técnicos do Banco de Portugal fazem uma interpretação diferente da do seu governador, considerando que o regulador não precisava de mais poder legal para agira, se assim o tivesse desejado. Isto porque o retirar da idoneidade é uma avaliação de ordem preventiva, e não repressiva, pelo que, se o regulador tivesse uma dúvida razoável sobre a idoneidade da pessoa em causa, deveria “recusar o registo ou cancelá-lo consoante o caso”.

Carlos Costa tem, assim, de esclarecer mais uma questão: tinha, ou não, o poder de que precisava para afastar Salgado?

No comunicado emitido a 1 de março último, o Banco de Portugal dá uma pista sobre aquela que deverá voltar a ser a resposta de Carlos Costa quando se sentar no Parlamento: “Eventuais decisões do Banco de Portugal que impeçam o exercício de funções profissionais estão sujeitas a pressupostos e limites legais específicos e, simultaneamente, às regras gerais de procedimento, comprovação e fundamentação aplicáveis ao exercício da autoridade pública”.

O que fez em relação às deficiências de controlo detetadas?

O outro relatório elaborado por técnicos do regulador diz respeito a uma avaliação, feita entre março de 2011 e abril de 2012, à situação financeira do GES. Os técnicos apuraram falhas graves nas áreas de auditoria interna e compliance de 20 sucursais e filiais do BES. Mais concretamente, identificaram deficiências de controlo interno, com dois casos especialmente graves: o BES Angola e o BES Vénétie, em Paris, onde foram detetadas 28 deficiências.

Quando lhe foram comunicadas estas falhas, o Banco de Portugal enviou cartas às administrações dos bancos, a quem sugeriu medidas corretivas e a quem solicitou relatórios de progresso dessas medidas.

Falta saber: Quais são as filiais e sucursais em causa? Que medidas sugeriu o Banco de Portugal? Recebeu os relatórios de progresso que solicitou? Houve alguma alteração nas práticas “pouco transparentes ou mesmo opacas” destes bancos, depois de as administrações terem sido notificadas? Se não tiver havido progressos nem alterações a estas práticas, foi aplicada alguma sanção, ou aberto algum processo contra estas filiais e sucursais?

Por que colocou o relatório do BPI na gaveta?

A avaliação feita pelo BPI dá conta de uma situação financeira do GES bem mais negra do que aquela que o grupo reportava.

Os casos mais preocupantes são os da Espírito Santo Financial Group (ESFG, a dona do BES), da Rioforte e da Espírito Santo Resources. Segundo o BPI, a ESFG reportava lucros de 1.658 milhões em 2011, mas os resultados verdadeiros seriam entre prejuízos de 74 milhões e lucros de 253 milhões.

A ES Resources reportava lucros de 94,8 milhões; teria prejuízos entre os 388 milhões e os 822 milhões. Já a Rioforte acumulava uma dívida de 1.469 milhões de euros. A dívida total do grupo GES, em dezembro de 2011, seria de 5.880 milhões.

Segundo a SIC, o relatório do BPI terá sido entregue por Fernando Ulrich, em mão, ao próprio Carlos Costa, em maio de 2013. O governador terá despachado o relatório para o vice-governador, que, por sua vez, o enviou ao departamento de supervisão prudencial. Não se conhece qualquer atuação do Banco de Portugal após ter tido conhecimento do relatório — que, aliás, só veio a público durante a comissão parlamentar de inquérito ao BES, em dezembro de 2014.

Porque é que este relatório ficou na gaveta?

No segundo esclarecimento que emitiu, o Banco de Portugal contraria a data mencionada pela SIC e diz que só recebeu o relatório do BPI a 1 de agosto de 2013. Nessa data, aponta o regulador, “já se encontrava em preparação uma análise particularmente exigente dos principais grupos económicos devedores à banca (ETRICC 2), cuja realização foi aprovada pelo Conselho de Administração do Banco de Portugal no dia 11 de setembro de 2013”.

Foi em resultado dessa análise, a chamada ETRICC 2, feita “por única e exclusiva atuação do Banco de Portugal” que “foi detetado, no final de novembro de 2013, que as contas publicamente divulgadas pela Espírito Santo International não refletiam a sua verdadeira realidade financeira”, refere o regulador.

E conclui: “A avaliação do GES realizada pelo BPI em nada alterou a análise e o planeamento em curso no Banco de Portugal, nem contribuiu para os resultados que vieram a ser apurados no ETRICC 2”.

Por que afastou Silveira Godinho?

Outra questão levantada na reportagem da SIC prende-se com o afastamento de José Silveira Godinho, até então responsável pelo departamento de supervisão prudencial. Foi a este departamento que foi encaminhado o relatório do BPI, em 2013. Contudo, que se conheça, este departamento não retirou qualquer conclusão da avaliação feita pelo BPI. E, em setembro de 2014, António Varela substituiu Silveira Godinho, que foi recolocado na fábrica de notas do Carregado.

Não há como fugir à pergunta: se a avaliação ao GES feita pelo BPI “em nada alterou a análise em curso no Banco de Portugal, nem contribuiu para os resultados que vieram a ser apurados”, por que foi afastado Silveira Godinho?

Pressionou a troika para não se fazer uma avaliação externa à banca?

Em “Assalto ao Castelo”, a SIC entrevista Nicolas Veron, um antigo consultor da troika que admite que os credores tiveram dúvidas sobre o BES “numa fase muito inicial”. Mas o ponto-chave desta entrevista é a acusação que faz a Carlos Costa. O antigo consultor lembra que a troika fez questão de fazer uma avaliação externa aos balanços dos bancos da Irlanda, Espanha, Grécia e Chipre. Porque é que o mesmo não foi feito em Portugal? “O Banco de Portugal não quis que isso acontecesse, isso é muito claro. Argumentaram com muita veemência”, diz Nicolas Veron.

É verdade? Houve mesmo pressão, por parte do regulador português, para que não fosse feita uma avaliação externa e independente à banca nacional? Se sim, porquê?

O Montepio esclareceu o empréstimo concedido à Rioforte?

O quarto documento revelado diz respeito a um empréstimo de 60 milhões de euros que a Caixa Económica Montepio Geral concedeu à Espírito Santo Hotéis, empresa do grupo Rioforte. Dois problemas: primeiro, o empréstimo foi concedido a um universo empresarial falido; segundo, a ata da reunião em que o empréstimo foi aprovado foi assinada por um administrador que não esteve presente na reunião.

Em abril de 2015, o Montepio envia um email ao departamento de supervisão prudencial do Banco de Portugal, com uma correção à ata inicial. A correção era simples: deixou de aparecer o nome de Jorge Barros Luís, o administrador que não estava presente na reunião.

O Banco de Portugal exige então esclarecimentos ao Montepio, dando-lhe cinco dias úteis para responder.

O Montepio respondeu? Que esclarecimentos prestou? E foi-lhe aplicada alguma sanção, tendo em conta que, como o próprio regulador referiu, um empréstimo a um universo empresarial falido é “punível em sede contraordenacional”?

O que é o Banco de Portugal sabia sobre a operação no Dubai?

O último episódio procura esclarecer a teia GES-Dubai-Angola. A personagem principal desta história é o Espírito Santo Bankers Dubai, a filial do BES nesse país. E a história começa em janeiro de 2010, quando o Banco de Portugal envia uma carta ao regulador financeiro do Dubai para confirmar que, como o BES alegou ao regulador português, a filial do Dubai não tinha autorização para fornecer dados pessoais sobre os clientes para o estrangeiro. O regulador do Dubai respondeu que não tinha qualquer conhecimento desse impedimento.

A partir daí, os dois reguladores trocaram correspondência regularmente até, pelo menos, meados de 2013.

Pelo meio, o Banco de Portugal conclui o seguinte: a filial do BES no Dubai servia, por um lado, para canalizar capitais para as empresas falidas do GES; e servia, por outro, como ponte para transferir capitais angolanos para outros destinos.

A primeira parte foi denunciada pelo regulador do Dubai em março de 2011, numa carta onde dá conta de que a “larga maioria dos ativos” geridos pela filial nesse país estava a ser colocada em empresas do GES. Ao todo, as aplicações nesta filial atingiam os 913 milhões de dólares, dos quais 60% foram investimentos feitos em empresas do GES.

Resta saber o que é o Banco de Portugal fez com a informação que lhe foi comunicada pelo Dubai. À SIC, disse que “o ES Bankers Dubai não se encontrava sujeito à supervisão preventiva do branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo por parte do Banco de Portugal, mas da DFSA [o regulador do Dubai]”.

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Centeno espera concluir venda do Novo Banco “nas próximas semanas”

  • Lusa
  • 7 Março 2017

A condução e conclusão da venda do banco "é de extrema importância", mas Centeno não adianta ainda uma data concreta.

O ministro das Finanças, Mário Centeno, disse esta terça-feira esperar que o processo de venda do Novo Banco esteja concluído “nas próximas semanas”.

O governante falava em Lisboa, durante uma conferência de imprensa conjunta com o ministro das Finanças francês, Michel Sapin, em que abordaram o tema do futuro da União Europeia.

Questionado pelos jornalistas sobre o Novo Banco — cuja venda à Lone Star o jornal Público escreve que já só espera pela decisão do Banco Central Europeu, sendo o dia 17 o “prazo desejado para fechar a operação” — Centeno adiantou apenas que “a expectativa é que o processo decorra nas próximas semanas”. O ministro não adiantou, contudo, uma data concreta.

Na resposta aos jornalistas, o ministro destacou ainda que a condução e conclusão do processo “é de extrema importância”.

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Peso dos impostos na economia em 2015 no valor mais alto dos últimos 20 anos

  • Lusa
  • 7 Março 2017

A carga fiscal atingiu em 2015 o valor mais elevado desde 1995, tendo aumentado mais de cinco pontos percentuais nos últimos 20 anos.

A carga fiscal atingiu em 2015 o valor mais elevado desde 1995, representando 34,4% do PIB, tendo aumentado mais de cinco pontos percentuais nos últimos 20 anos, segundo números atualizados e divulgados hoje pelo INE.

De acordo com os dados publicados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), em 1995, primeiro ano para o qual são apresentados números, a carga fiscal representava 29% do Produto Interno Bruto (PIB): 13,2% diziam respeito aos impostos indiretos, 8,1% aos impostos diretos e 7,7% às contribuições efetivas para a Segurança Social.

Em 2015, a carga fiscal representava 34,4% do PIB, mais 5,4 pontos percentuais do que há 20 anos: os impostos indiretos representavam 14,5% do PIB, os diretos 10,8% e as contribuições sociais 10,8%.

Nesse ano, o peso dos impostos indiretos (como o IVA e os impostos especiais sobre o consumo, como o sobre os produtos petrolíferos ou sobre o tabaco) na economia é o maior desde 2006, quando representava 14,8% do PIB.

A carga dos impostos diretos (sobre o rendimento das famílias e das empresas) na economia foi crescendo nos últimos 20 anos, atingindo um pico de 11,4% em 2011 e descendo nos dois anos seguintes, representando 10,8% do PIB em 2015.

Já o peso das contribuições para a Segurança Social na economia atingiu um pico de 9% em 2014, continuando nesse valor em 2015.

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Carlos Ghosn quer replicar fórmula de sucesso na Mitsubishi

O líder da Renault-Nissan vai também assumir a função de CEO da Mitsubishi, onde a aliança adquiriu em 2016 uma posição. O objetivo é colocar a fabricante nipónica novamente no caminho dos lucros.

A indústria automóvel mundial tem à cabeça duas grandes figuras que falam a língua de Camões. De um lado está o português Carlos Tavares, que comanda os destinos do Grupo PSA, e do outro o brasileiro com origem francesa e libanesa, Carlos Ghosn, que lidera a aliança Renault-Nissan. Duas figuras que estão no centro das atenções num setor que está a sofrer algumas mudanças de monta.

A oficialização da compra da Opel pelo grupo PSA, liderado pelo português Carlos Tavares, nesta segunda-feira, é o grande tema da atualidade no setor automóvel mundial. Mas não é a única grande mexida na indústria. Carlos Ghosn, antigo “patrão” do gestor português quando este trabalhava na Renault-Nissan, que salvou há quase duas décadas a Nissan do colapso financeiro, vai tentar replicar a fórmula de sucesso também na Mitsubishi. O atual chairman e CEO da Nissan e da Renault, chairman da Mitsubishi Motors, chairman e CEO da aliança Renault-Nissan, vai voltar a “arregaçar as mangas” e assumir o cargo de CEO da Mitsubishi já a partir do dia 1 de abril próximo.

O objetivo do gestor, é colocar a fabricante automóvel nipónica novamente no caminho dos ganhos, depois de esta ter reportado prejuízos de 1,4 mil milhões de dólares (em torno de 1,3 mil milhões de euros), em 2016. “Vou dedicar um pouco do meu tempo a orientar a a Mitsubishi rumo ao normal desenvolvimento e apoiar a a sua equipa”, afirmou Carlos Ghosn em entrevista à Business Insider (acesso livre/ conteúdo em inglês) publicada nesta terça-feira.

A partida em missão de salvamento de Ghosn acontece depois de em outubro do ao passado, a Nissan ter adquirido uma posição de 34% na Mitsubishi num negócio avaliado em 2,3 mil milhões de dólares (quase 2,2 mil milhões de euros), que permitiu a esta entrar para o universo da aliança Renault-Nissan. “Quando surgiu a oportunidade — devido a algumas circunstâncias infelizes relacionadas com a Mitsubishi Motors — de a ter dentro da aliança, ficamos convencidos que seria um bom encaixe. Não foi algo que surgiu do nada”, afirmou Ghosn à Business Insider.

Certo é que, tal como Carlos Tavares, Carlos Ghosn é um dos gestores do setor automóvel mais eficientes a reduzir custos e retirar empresas de situações financeiras difíceis. Exemplo disso mesmo foi o que aconteceu na fase inicial de Ghosn nos comandos dos destinos da Nissan, ocasião em que encerrou cinco fábricas, despediu milhares de trabalhadores, reduziu em 20% o custo pago pela fabricante nipónica com componentes automóveis e recusou dar luz verde a novos modelos que não fizessem dinheiro. Um processo pelo qual passou a ser conhecido como “O assassino de custos”, mas que em balanço permitiu à Nissan passar de uma dívida de 17 mil milhões de dólares (cerca de 16 mil milhões de euros) para rumar a um crescimento saudável.

No caso da Mitsubishi, segundo Carlos Ghosn referiu à Business Insider, um dos maiores problemas é o facto de esta não crescer, sendo que durante muitos anos produziu cerca de um milhão de carros, em média. Mesmo após a compra da Opel pelo grupo PSA, que passou a ser o segundo maior fabricante automóvel do mundo, a Renault-Nissan mantém-se como o terceiro maior construtor.

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Paulo Macedo garante que CGD vai manter liderança

  • Lusa
  • 7 Março 2017

O banco público quer manter a "oferta de produtos e serviços financeiros com valor acrescentado", assegura o presidente executivo.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) vai manter o lugar de principal banco em Portugal, mesmo após o processo de reestruturação que está a levar a cabo. A garantia foi dado pelo presidente executivo do banco público, Paulo Macedo.

“A CGD é o banco líder em Portugal e vai manter-se assim. A CGD está num processo de solidez, de recapitalização mas também está num processo de reestruturação, para apoiar melhor as empresas, para apoiar melhor os particulares“, disse hoje Paulo Macedo na abertura da 5ª Conferência franco-portuguesa, em Lisboa.

Segundo o responsável, o banco quer manter a “oferta de produtos e serviços financeiros com valor acrescentado” e ajudar as empresas com quem trabalha “a procurar novos mercados e investir no aumento da produção”.

Numa conferência sobre relações comerciais entre França e Portugal e do investimento francês no país, o presidente da CGD afirmou que o banco público tem “identificadas e em acompanhamento mais de 1.800 empresas francesas” que estão presentes nas geografias onde o Grupo CGD tem presença.

Macedo destacou ainda as “boas relações entre Portugal e França” e os investimentos franceses em Portugal em vários setores – como tecnologias de comunicação e informação, automóvel, aeronáutica ou agrícola – para garantir que o banco público estará sempre disponível “para apoiar essas empresas”.

A CGD está num processo de recapitalização com o objetivo de aumentar o capital em cerca de 5.000 milhões de euros, o que servirá para assumir maiores níveis de imparidades (perdas potenciais, nomeadamente com créditos), cumprir rácios de capital (indicadores de solvabilidade da instituição) mais exigentes e ainda fazer face aos custos da reestruturação que está a fazer (com fechos de agências e saídas de pessoal, nomeadamente através de reformas).

Do valor total do aumento de capital, já foi executada a primeira fase, que equivale a cerca de 1.300 milhões que vieram de operações contabilísticas (a integração da ParCaixa e a conversão para capital das obrigações contingentes subscritas pelo Estado em 2012, os chamados CoCos).

Quanto ao restante valor, 2.700 milhões de euros virão de uma injeção de dinheiro direta do Estado e cerca de 1.000 milhões de euros de emissão de dívida subordinada que conta para efeitos de capital.

De acordo com o calendário inicial, a primeira fase da emissão de dívida (o objetivo é colocar 500 milhões de euros) deverá acontecer nas próximas semanas, mas para isso a CGD tem ainda de apresentar as contas de 2016 (sendo esperados prejuízos consideráveis num ano de reforço de imparidades). Após o fecho das contas, o banco irá realizar um road show junto de investidores institucionais para anunciar as condições da emissão de dívida.

O secretário de Estado das Finanças, Ricardo Mourinho Félix, falou nos últimos meses sobre este assunto e disse esperar que os juros da emissão fiquem abaixo de 10%, assegurando que existem “vários investidores interessados”.

Já a segunda parte da emissão de dívida, com os restantes 500 milhões de euros, deverá acontecer 18 meses depois.

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Portugal pediu 153 registo de patentes junto do Instituto Europeu de Patentes

O pedido de registo de patentes junto do Instituto Europeu de Patentes cresceu 8,5% face a 2015. A Novadelta-Comércio e Indústria de Cafés foi a empresa que mais pedidos fez.

O Instituto Europeu de patentes (IEP) recebeu 153 pedidos de registos de patentes de empresas e instituições nacionais em 2016, um número recorde. Este valor representa um crescimento de 8,5% face a 2015 e é um dos maiores crescimentos na Europa, uma vez que a média da União Europeia -0,6%.

O número de patentes europeias concedido a centros de investigação e empresas portuguesas pelo IEP registou um crescimento de 23% para 59, o valor mais elevado dos últimos dez anos.

Segundo o comunicado enviado às redações, o pedido de patentes que chegam ao IEP com origem em Portugal “aumentaram sobretudo nas áreas de Química Orgânica Fina, Transportes, Maquinaria e dispositivos elétricos e Energia”. “No geral, as tecnologias com maior número de pedidos de registo de patentes com origem em Portugal estão relacionadas com as áreas de Mobiliário (8%), Indústria Farmacêutica (8%) e Cálculo/Medição (7%)”, pode ler-se no comunicado.

Nas empresas a Novadelta-Comércio e Indústria de Cafés é a que regista maior número de pedidos de registo de patentes junto do IEP no ano de 2016, seguido pela Saronikos Trading and Services, Bial-Portugal e a Universidade do Porto.

Por regiões, o Norte, mais concretamente o Minho e Douro Litoral lideram o ranking regional com 41% do total de pedidos de registo de patentes em Portugal, seguidos por Lisboa, e Beira Litoral. Em termos de cidades, a liderança pertence a Lisboa.

Em termos globais, o Instituto Europeu de Patentes recebeu 160 mil pedidos de patentes com origem na Europa, um valor semelhante ao registado no ano anterior.

Benoît Battistelli, presidente do IEP adianta que “os resultados de 2016 confirma a atratividade da Europa enquanto líder do mercado global no âmbito da inovação. “Numa conjuntura política e económica em constante mutação, as empresas de todo o mundo mantiveram a sua procura por proteção de patentes na Europa. Apesar de assistirmos a um crescimento impressionante no número de pedidos de registo de patentes com origem na Ásia, as empresas europeias mantêm o papel de líderes na inovação e crescimento no seu mercado de origem, provando a sua resiliência face a condições económicas adversas”.

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Zona euro abranda crescimento em 2016

  • Lusa
  • 7 Março 2017

O crescimento das economias da zona euro e da União Europeia abrandou, no acumulado de 2016, face ao ano anterior, para 1,7% e 1,9%, respetivamente, divulga hoje o Eurostat.

Segundo uma estimativa do gabinete de estatísticas da União Europeia (UE), no quarto trimestre de 2016, o Produto Interno Bruto (PIB) da zona euro cresceu 1,7%, face ao período homólogo de 2015, e 0,4% na comparação com o trimestre anterior. Em 2015, o PIB dos 19 países da moeda única tinha aumentado 2,0% e o da UE 2,2%.

Já o conjunto dos 28 Estados-membros viram a sua economia crescer, entre outubro e dezembro de 2016, 1,9% face ao quarto trimestre de 2015 e 0,5% face ao período entre julho e setembro de 2016.

No terceiro trimestre de 2016, o PIB da zona euro tinha aumentado 1,8% em termos homólogos e 0,4% na variação em cadeia e o da UE tinha crescido 1,9% na comparação homóloga e 0,4% face ao trimestre anterior.

Em termos homólogos, a economia da Roménia foi a que mais cresceu no quarto trimestre do ano passado (4,8%), seguindo-se a Eslovénia (3,6%) e a Bulgária (3,4%), enquanto a Grécia viu o PIB recuar 1,1%.

Face ao trimestre anterior, a Estónia (1,9%), a Polónia (1,7%) e a Lituânia (1,4%) registaram as maiores taxas de crescimento, enquanto na Grécia a economia recuou 1,2%.

O PIB português aumentou, no quarto trimestre de 2016, 2,0% em termos homólogos e 0,6% na variação em cadeia.

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Atualização das pensões publicada em Diário da República

  • ECO
  • 7 Março 2017

As pensões até 842,64 euros aumentam 0,5%. A atualização foi publicada hoje em Diário da República mas tem efeitos a partir do dia 1 de janeiro de 2017.

A atualização das pensões foi publicada esta terça-feira em Diário da República, com efeito a partir do dia 1 de janeiro deste ano. As pensões até 842,64 euros aumentam 0,5%, como previsto. Na portaria publicada, o Governo sublinha que a decisão do aumento se baseou em parte na inflação: “Considerando que a variação média do IPC [Índice de Preços ao Consumidor] nos últimos 12 meses, sem habitação, disponível em dezembro de 2016, foi de 0,52%”.

As primeiras pensões com os valores atualizados foram pagas logo a 10 de janeiro de 2017, embora com particularidades: o valor da pensão tinha aumentado mas a alteração no modelo de pagamento do subsídio de Natal, que passa a ser pago metade em duodécimos em vez de na totalidade, o que resulta num valor menor cada mês.

Assim, a compensação viria mais tarde, tanto com os acertos necessários com o aumento que, para muitos pensionistas, chega em agosto, como com o pagamento do resto do subsídio de Natal no final do ano. Em termos anuais, o pensionista recebe mais com este modelo.

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