Boom do turismo não chega para compensar importações

A balança comercial de bens e serviços piorou 412 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano. O aumento do excedente dos serviços foi insuficiente para compensar o aumento do défice dos bens.

O turismo aumentou o excedente comercial de serviços no primeiro semestre deste ano em mais de 800 milhões de euros, segundo os dados divulgados esta segunda-feira pelo Banco de Portugal. Contudo, o desempenho positivo não foi suficiente para amparar o impacto negativo do défice comercial de bens. As importações aumentaram a um ritmo superior das exportações nos primeiros seis meses do ano, o que agravou em 1.236 milhões de euros a balança comercial de bens — uma tendência que já se verificava no primeiro trimestre de 2017.

“Até junho, a balança de bens e serviços registou um excedente de 713 milhões de euros, menos 412 milhões de euros do que no período homólogo“, assinala o Banco de Portugal esta segunda-feira, referindo que “o aumento do excedente da balança de serviços em 825 milhões de euros foi insuficiente para compensar o aumento do défice da balança de bens”. Em causa está a subida de 14,7% das importações de bens face a 12,1% das exportações, o que agravou o já pesado défice comercial.

O excedente comercial de Portugal — que atingiu um máximo histórico no ano passado — acabou por perder 412 milhões de euros, mesmo com a rubrica “viagens e turismo” a avançar 808 milhões de euros no primeiro semestre, face ao mesmo período do ano passado. Ao todo, o défice da balança comercial de bens situa-se nos 5.374 milhões de euros. Já o excedente da balança comercial de serviços situa-se nos 6.087 milhões de euros.

Balança comercial de bens e de serviços até junho

Fonte: Banco de Portugal

Este desempenho que a economia portuguesa tem vindo a registar desde o início do ano refletiu-se também no PIB. Segundo a informação divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística na semana passada, “a procura externa líquida registou um contributo ligeiramente negativo para a variação homóloga [e em cadeia] do PIB” do segundo trimestre, que cresceu 2,8%. O organismo de estatísticas explica que foram as exportações que desaceleraram mais do que as importações, o que prejudicou o PIB dos meses de abril a junho.

O INE divulgou também, no início do mês, que Portugal vendeu um total de 27,8 mil milhões de euros em bens para o exterior, no conjunto dos seis primeiros meses do ano. Por outro lado, as importações totalizavam 34,1 mil milhões de euros no final do primeiro semestre.

(Atualizado pela última vez às 12h20)

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Marselha: carro embate em paragem e mata uma pessoa

  • ECO
  • 21 Agosto 2017

A polícia francesa já deteve o condutor do veículo e montou uma operação de prevenção na zona. Não se fala em atentado terrorista, mas sim na possibilidade de uma situação de cariz psiquiátrico.

Um carro chocou contra duas paragens de autocarro na zona do Porto Velho de Marselha, causando um morto e um ferido, entre as 6h30 e as 7h30 da manhã desta sexta-feira. A polícia francesa deteve o condutor do veículo e montou uma operação de prevenção na zona. De acordo com a informação divulgada pela Associated Press, a vítima mortal era uma mulher de 42 anos.

O veículo, um Renault Espace, terá sido roubado antes do incidente. O condutor de 35 anos era conhecido da polícia por roubar viaturas. É um francês que não vive em Marselha, escreve o Le Figaro. De acordo com o procurador da cidade, citado pelo jornal francês, o caso não está a ser investigado como um atentado, já que não existem pistas nesse sentido. “Orientamo-nos mais para uma pista psiquiátrica”, acrescentou.

Através do Twitter, a polícia aconselhou os cidadãos a manterem-se longe da zona do incidente. Também alertou para que as pessoas tivessem cuidado com a informação veiculada nas redes sociais, muitas vezes falsa, após ter começado a circular o rumor de que se tratava de um atentado de cariz islamista.

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Leonardo Mathias: Venda do Novo Banco e da PT “é inevitável”

  • ECO
  • 21 Agosto 2017

A Lone Star e a Altice vão vender o Novo Banco e a PT, respetivamente, entre cinco e sete anos, estima o ex-secretário de Estado da Economia. Fundos são "oportunistas", mas "cumprem um papel", diz.

O ex-secretário de Estado de Pires de Lima, então ministro da Economia, projeta que os fundos de investimento Lone Star e Altice vão vender os ativos adquiridos em Portugal nos próximos anos. É o caso do Novo Banco — venda ainda a confirmar — e da PT, mas também da Media Capital, caso se confirme o negócio entre a Altice e a Prisa. Em entrevista ao Público publicada esta segunda-feira, Leonardo Mathias admite que estes fundos são “oportunistas”, mas “cumprem um papel”, desde que sigam a legislação e sejam supervisionados.

“Exatamente por não serem empresas dos setores onde investem, [os fundos] têm estratégias e prazos de saída, pelo que é inevitável que, tanto o Lone Star como a Altice, a cinco anos ou a sete anos estejam vendedores do Novo Banco e da PT”, afirmou o ex-secretário de Estado da Economia, assinalando que tanto a Altice como a Lone Star são atraídos por ativos que estejam espalhados em várias geografias, aproveitando-se das “economias de escala”.

Questionado sobre a venda do Novo Banco, que tem 15% da quota de mercado em Portugal, Mathias disse que “gostaria” de viver noutra realidade. Contudo, perante o “arrumar a casa” dos bancos, que estão a resolver os seus problemas internos, estes não estão disponíveis para fazer aquisições. “E, então, aparecem estes investidores [fundos de private equity] mais oportunistas, mas que cumprem um papel“, conclui o ex-governante.

É inevitável que, tanto o Lone Star como a Altice, a cinco anos ou a sete anos estejam vendedores do Novo Banco e da PT.

Leonardo Mathias

Ex-secretário de Estado da Economia

Leonardo Mathias argumenta que os fundos “desempenham um papel muito importante do ponto de vista macroeconómico porque se substituem a investidores sem disponibilidade”. Contudo, reconhece que o objetivo destes fundos é “maximizar o capital num período curto de tempo”. “Através de custos de financiamento mais baixos, de uma gestão mais agressiva e mais moderna e de economias de escala, estão em melhores condições para rentabilizar as aplicações”, explica.

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FT: Com a saída de Bannon, o plano fiscal de Trump vai renascer

  • ECO
  • 21 Agosto 2017

O "fantástico" e "massivo" plano fiscal de Donald Trump poderá ter agora uma segunda oportunidade com a saída de Steve Bannon da Casa Branca. A crença é do Financial Times.

Desde que Donald Trump pisou pela primeira vez o chão da Sala Oval que o pacote de medidas mais esperado tem sido a reforma fiscal. Um “corte massivo”, uma medida “fenomenal”, todos adjetivos utilizados pelo próprio presidente para aumentar as expectativas dos particulares e das empresas.

E a princípio deu resultado: os investidores agarraram-se à esperança de que os lucros iriam crescer e Wall Street iniciou um rally que lhe permitiu atingir os 21.000 pontos, uma barreira nunca antes ultrapassada. À medida que o tempo foi passando e o plano fiscal não viu a luz do dia, a alegria começou a dissipar-se.

As prioridades do presidente dos Estados Unidos passaram a ser outras: bloquear a entrada de imigrantes de vários países muçulmanos, criar conflitos com vários países desde o continente americano até ao continente asiático, jogar golfe… Mas isto poderá estar prestes a mudar.

Com a saída de Steve Bannon da comitiva presidencial — o criador da direita alternativa, arquiteto da vitória de Trump e de políticas como o bloqueio de imigrantes –, o Financial Times chama a atenção para uma mudança de estratégia presidencial que poderá voltar a aproximar Trump do seu partido. A administração estará a pressionar o avanço das reformas fiscais e a investigar as importações de aço.

Em declarações ao jornal, Gary Hufbauer, economista do Peterson Institute for International Economics afirmou que a guerra comercial foi apenas uma “distração” da agenda que realmente importava — a fiscal –, e que não será positivo se o presidente continuar a insistir no mesmo, visto que “demora muito tempo e agrava a situação com muitos indivíduos dos quais precisa de apoio para o plano fiscal”.

A reforma fiscal é vista pelos conselheiros do presidente dos Estados Unidos como a melhor maneira de o mesmo recuperar a sua popularidade não só junto do seu partido, mas também do setor empresarial. Os número de aceitação de Trump sofreram um golpe fortíssimo depois das manifestações de Charlottesville, com muitos dos seus conselheiros empresariais a abandonar os órgãos consultivos por não concordarem com a posição do presidente.

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Revista de imprensa internacional

O sucessor de Kalanick na Uber será conhecido em breve. No setor tecnológico, as preocupações viram-se para os robôs autónomos utilizados em guerras. A Europa continua assombrada pelos atentados.

Esta semana vão ser revelados mais documentos sobre o Brexit, cujas negociações vão para a segunda ronda no final deste mês. Na Europa a atualidade noticiosa continua a ser dominada pelos atentados terroristas, uma vez que a identidade de dois suspeitos foi revelada. No mundo financeiro teme-se uma guerra de divisas entre os bancos centrais.

Politico

Reino Unido dá novo passo em direção ao Brexit

O Governo britânico vai revelar mais planos sobre a relação com a União Europeia após a sua saída. Theresa May vai divulgar as suas orientações relativamente a um acordo comercial de bens e serviços e na confidencialidade dos documentos trocados entre os Estados-membros e o Reino Unido. A próxima ronda de negociações acontece em Bruxelas no final de agosto. Faltam 18 meses para os britânicos abandonarem a UE.

Leia a notícia completa aqui. (Conteúdo em inglês / Acesso gratuito)

Reuters

Identificados suspeitos dos ataques em Espanha e Finlândia

O marroquino de 18 anos, Abderrahman Mechkah, foi identificado pelo tribunal finlandês como suspeito de matar duas mulheres e ferir oito pessoas com uma faca na passada sexta-feira. Mechkah encontra-se atualmente hospitalizado e está detido durante as investigações preliminares. Já os investigadores espanhóis acreditam que Younes Abouyaaqoub, um marroquino de 22 anos, foi o condutor da carrinha que arrastou uma multidão na passada quinta-feira.

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CNBC

A guerra da moeda entre bancos centrais

Os mercados financeiros devem preparar-se para uma eventual guerra da moeda entre o Banco Central Europeu e a Reserva Federal, caso estes bancos centrais não coordenem as suas políticas. O gestor dos investimentos da Algebris, Alberto Gallo, afirmou à CNBC que é importante que os bancos centrais sincronizem os esforços para sair de um ambiente de taxas de juro baixas. “Se não for feito de forma sincronizada, vai haver uma guerra da moeda”, afirmou Gallo.

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Market Watch

Elon Musk pede às Nações Unidas ação contra os “robôs assassinos”

Esta segunda-feira, o presidente executivo da Tesla e outros 115 especialistas em inteligência artificial e robôs enviaram uma carta à ONU para que a organização liderada por António Guterres tome medidas para parar o perigo de armas autónomas. “Caso sejam desenvolvidas, [as armas autónomas] permitirão que os conflitos armados sejam travados numa escala muito superior à atual, e em tempos mais rápidos do que os humanos conseguem compreender”, lê-se na carta.

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Recode

Jeff Immelt será o sucessor de Travis Kalanick na Uber

Fontes próximas da tecnológica apontam o ex-presidente executivo da General Electric como o principal candidato à sucessão de Kalanick como CEO da Uber. A confirmação do nome deverá acontecer daqui a duas semanas. Segundo o Recorde, existem outros dois nomes a ser considerados, mas nenhum deles será uma mulher, como alguns esperariam. Uma das principais apoiantes de Jeff Immelt é Arianna Huffington, uma das administradoras da empresa.

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Entre sondagens e “batotas”, quem supervisiona as eleições?

  • Marta Santos Silva
  • 21 Agosto 2017

Conheça a história de uma sondagem encomendada, divulgada, desmentida e controversa até ao fim. Com todos os receios, afinal em Angola quem monitoriza as urnas? Um novo movimento quer dar resposta.

As eleições angolanas aproximam-se e os principais candidatos já procuram perceber, através de sondagens, onde estão nas preferências dos eleitores que esta quarta-feira, 23 de agosto, vão deitar os boletins nas urnas.

No entanto, alguns ativistas veem as eleições com ceticismo e anteveem “batota” se o MPLA, atual partido do poder pelo qual concorre o escolhido de José Eduardo dos Santos, João Lourenço, for bem-sucedido apesar da grande contestação popular que se tem feito sentir. As sondagens contraditórias não ajudam. Abaixo, o ECO explica como vai funcionar a fiscalização das eleições angolanas, incluindo por um movimento popular que chama os próprios eleitores para que guardem as suas urnas.

A sondagem desmentida (falsamente?)

Começou com uma sondagem divulgada pelo site apoiado pelo ativista Rafael Marques, já anteriormente detido pelo regime de José Eduardo dos Santos, o Maka Angola. A sondagem, que teria sido encomendada pela Presidência da República, dava ao MPLA apenas 38% dos votos. A oposição, em conjunto, ultrapassava assim o partido do Governo, e a UNITA, que nesta sondagem juntava 32% das intenções de voto, já declarou a sua vontade de fazer uma coligação com a CASA-CE, que se via com 26% das intenções de voto. O Maka Angola escrevia ter tido acesso aos resultados da sondagem, realizada pela empresa brasileira Sensus, Pesquisa e Consultoria.

Também desta sondagem constaria a informação ainda mais danosa para o regime de José Eduardo dos Santos: “uns esmagadores 91% dos inquiridos consideram que os dirigentes, nos seus atos governativos, apenas atribuem prioridade aos seus interesses pessoais”.

A resposta não tardou. O Jornal de Angola, frequentemente associado ao Governo de Luanda, publicou um desmentido feito pelo Consórcio Markepoll Consulting, uma empresa angolana que teria trabalhado com a brasileira Sensus, para dizer que a sondagem veiculada pelo Maka Angola “nunca” tinha sido realizada, sendo os dados “falsos”. O Jornal de Angola divulgaria, pouco depois, uma outra sondagem que dizia ser real, realizada por essas empresas e que dava a vitória ao MPLA com 68% dos votos.

O Maka Angola, por sua vez, veio procurar desmentir o desmentido, explicando as origens da empresa Marketpoll, que diz estar ligada ao regime angolano e não à sondagem inicial a que tinha tido acesso. “Sejamos muito claros: esta Marketpoll é MPLA. (…) Os seus desmentidos nem valem o papel em que foram escritos”, lia-se no site.

É um facto que os números publicados na primeira sondagem divulgada pelo Maka Angola eram muito baixos para o MPLA, que em 2008 venceu as eleições com 82% dos votos e, com 72%, em 2012. Uma sondagem divulgada pela Deutsche Welle lusófona, do Instituto Superior Politécnico Jean Piaget de Benguela, em parceria com o Instituto Superior Politécnico Sol Nascente do Huambo e o apoio da Universidade Católica Portuguesa, já dava a João Lourenço cerca de 60% das intenções de voto.

Mas os ativistas desconfiam que o MPLA consiga ser bem-sucedido em muitas das províncias angolanas devido ao crescente descontentamento popular com as políticas de José Eduardo dos Santos, em conjunto com o pouco carisma do seu suposto sucessor João Lourenço. “Nas condições atuais — com corrupção, desemprego, pobreza — o MPLA não ganha. Se o MPLA ganhar, é um problema de batota”, defendeu o ativista Marcos Mavungo à Deutsche Welle. Mas como são fiscalizadas as eleições angolanas, e o que é feito no terreno?

O que se faz para evitar essa “batota”?

Tudo começa com a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) angolana, que tem como tarefa certificar-se de que o processo eleitoral é transparente e fiável. A CNE deve garantir que os votos são contados nas assembleias de voto e as urnas são posteriormente transportadas para as comissões municipais eleitorais, com os resultados a serem enviados por fax para a própria CNE.

Mas o ativista angolano Manuel Nito Alves, que foi processado por calúnia e difamação contra o Presidente da República, tem estado a organizar um Movimento Revolucionário através das redes sociais, no qual apela aos cidadãos que, depois de votarem, fiquem junto das assembleias de voto para ajudar a garantir que as urnas não entram nem saem enquanto os votos não sejam contados. “Quanto terminar [o voto], queremos o resultado das eleições. Não podemos deixar que as urnas saiam dali. A contagem deve ser no mesmo local”, defende Nito Alves, citado pela Deutsche Welle lusófona. A ideia destes ativistas, que colocam em causa a transparência que deveria ser garantida pela CNE, é que os eleitores permaneçam a cerca de 20 metros da urna para poderem controlá-la em conjunto.

Também há observadores internacionais na eleição angolana, como é habitualmente o caso em países cuja transição democrática foi relativamente recente. Mas mesmo aqui tem havido controvérsia. Embora a União Europeia tenha sido uma das entidades convidadas pela CNE angolana para observar as eleições, Luanda não quis assinar um memorando de entendimento para cumprir as exigências da União Europeia, que queria proteção e meios para se deslocar pelas 18 províncias do país. “Quem quiser vir, vem e quem não quiser, pode não vir”, disse o ministro das Relações Exteriores de Angola Georges Chikoti, citado no Jornal de Angola.

“As únicas instituições com as quais Angola assinou tratados específicos para a observação das eleições são a União africana e a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, às quais pertencemos”, acrescentou o ministro, que disse ainda que Angola não aceita “lições” de ninguém.

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Empresa francesa de aviação investe 20 milhões em Grândola

  • ECO
  • 21 Agosto 2017

A empresa francesa de aviação Lauak vai investir 20 milhões de euros em Grândola. Segundo a empresa, o investimento vai criar 100 postos de trabalho.

A Lauak vai avançar com um investimento de 20 milhões de euros numa fábrica em Grândola. A notícia é avançada esta segunda-feira pelo Jornal de Negócios [acesso pago] que revela ainda a criação de 100 postos de trabalho. A nova fábrica servirá para o fabrico de componentes para aviões. Esta junta-se às unidades industriais que os franceses já têm em Setúbal e Évora, além de uma empresa vocacionada para atividades turísticas em Grândola.

A empresa já foi constituída no ano passado e chama-se Lauak Grândola. No registo comercial da sociedade anónima, segundo o jornal, a atividade principal é o “estudo, desenvolvimento, fabrico e montagem de peças e componentes para a indústria aeronáutica e peças metálicas para aplicações industriais”. Os franceses terão também comprado terrenos na zona industrial deste concelho.

Segundo o Jornal de Negócios, a Lauak Grândola terá a possibilidade de utilizar incentivos relativos a investimento desta ordem, seja de natureza financeira, fiscal, ao emprego e à formação. Os representantes da Lauak Portugal, incluindo o seu diretor-geral, Armando Gomes, estiveram reunidos com o ministro da Economia na semana passada.

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Novo escalão do IRS beneficia contribuintes de rendimentos superiores

  • Lusa
  • 21 Agosto 2017

O fiscalista Manuel Faustino afirmou que o desdobramento do segundo escalão do IRS "não vai beneficiar nada" os contribuintes do nível inferior de rendimentos, "mas todos os superiores".

Em entrevista à Lusa, Manuel Faustino, o primeiro diretor dos serviços do IRS do Fisco, afirmou que uma alteração desta natureza beneficia os contribuintes do novo escalão, mas também todos os que estiverem nos níveis superiores “até ao final da montanha”. Isto porque o IRS “é um imposto progressivo” e, portanto, “toda a matéria coletável que se situar no novo escalão vai ser tributada à nova taxa e isso vai refletir-se nas chamadas taxas médias, que vão necessariamente ter de repercutir esse efeito”.

Uma das promessas do Governo era aliviar a carga fiscal dos rendimentos mais baixos, uma intenção que consta do programa do Governo, de 2015, e cujo montante foi calculado no Programa de Estabilidade, apresentado em abril, em 200 milhões de euros em 2018, sendo que tanto o ministro das Finanças como o primeiro-ministro já afirmaram publicamente que o objetivo é desenhar uma medida direcionada aos contribuintes do segundo escalão (com rendimentos entre os 7.091 e os 20.261 euros anuais).

Um exemplo: se se criar um novo escalão para que, até 15 mil euros de rendimento bruto, a taxa de tributação seja de 20%, isto fará com que os primeiros 15 mil euros de matéria coletável de todos os contribuintes que aufiram pelo menos aquele rendimento anual, incluindo os do patamar mais alto de rendimentos, passem a ser tributados a 20% em vez de a 28,5%, como atualmente acontece.

Isto faz com que o custo da medida, estipulado pelo Governo em 200 milhões de euros, “não resulte direta e imediatamente só do novo escalão”, mas que “resulte também tecnicamente do efeito da progressividade dos escalões”, refere Manuel Faustino.

O fiscalista deixa ainda uma sugestão para, por um lado, criar mais justiça no imposto e, por outro, captar mais receita fiscal através de uma gestão mais eficiente das deduções: é que aos contribuintes com rendimentos prediais que não optem pelo englobamento das rendas nos rendimentos totais seja “imputado proporcionalmente” nas deduções do rendimento do trabalho o valor das rendas.

“Não faz sentido que um contribuinte tenha 15 mil euros de rendimento do trabalho e aí abata tudo aquilo a que tem direito a abater em deduções e que tenha 300 mil euros [em rendas] tributados a 28%. Devia ser imputada proporcionalmente a esse rendimento uma parte das deduções relativamente às quais opta pela tributação a 28%”, defendeu.

Na prática, este contribuinte “tem 1.500 ou 1.600 euros de deduções à coleta e vai deduzi-las na integralidade resultante dos 15 mil euros do rendimento do trabalho e isso parece-me injusto” porque “ele não vive só dos 15 mil euros do rendimento do trabalho”, nota o advogado, sublinhando que o rendimento total é de 315 mil euros.

Neste sentido, Manuel Faustino defende uma alteração que permita que o cálculo das deduções à coleta a que cada agregado tem direito tenha em conta o rendimento total das famílias, incluindo aquele que não está sujeito a englobamento, o que geraria poupanças, já que as deduções à coleta têm limites que variam em função do nível de rendimento do agregado.

O fiscalista considera ainda que “o tratamento que hoje em dia é dado às pensões e às reformas no IRS é inadequado” e defende que “as pensões deviam ter uma discriminação positiva”. O problema é que, atualmente, quando as pessoas passam para a reforma, “passam a receber praticamente metade do que recebiam e, portanto, têm uma diminuição significativa da sua capacidade contributiva”.

“É certo que há um reflexo automático na taxa do IRS, mas só isso penso que é pouco”, afirma Manuel Faustino, acrescentando que a dedução específica, que é igual à da categoria A (rendimentos do trabalho dependente), “é insuficiente e não acompanha a redução da capacidade contributiva”. A solução é, refere, “no mínimo, aumentar a dedução específica e, como outros Estados fazem, aumentar as deduções à coleta em função da idade“, lamentando que “o IRS não dê nada” aos pensionistas.

O alívio da carga fiscal no IRS para os baixos rendimentos é uma das medidas que o Governo vai negociar com os partidos que o suportam no parlamento e incluir na proposta de Orçamento do Estado para 2018 (OE2018), que deverá chegar à Assembleia da República até 15 de outubro.

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Corticeira Amorim dita segunda-feira de perdas em Lisboa

  • Juliana Nogueira Santos
  • 21 Agosto 2017

O principal índice bolsista português iniciou esta semana em terreno de perdas, com apenas quatro cotadas a negociar no verde. A Corticeira Amorim é a que mais pressiona.

O principal índice bolsista português iniciou esta semana em terreno de perdas, com apenas três cotadas a negociar no verde. A penalizar o PSI-20 está a Corticeira Amorim, cujas ações seguem a desvalorizar mais de 2%. A banca também empurra o índice para a terceira sessão negativa, seguindo a tendência das principais praças europeias.

Com apenas a Altri, a Galp Energia e a Pharol a registarem inícios de sessão positivos, a bolsa lisboeta abriu a desvalorizar 0,25%. O destaque negativo vai para a Corticeira Amorim que começou o dia a renovar mínimos de maio deste ano, com as ações a deslizarem até aos 10,93 cêntimos.

No setor da banca, o BCP perde 0,65% para 22 cêntimos, enquanto as ações do Montepio ainda não negociaram esta manhã. Aliás, o volume de negociação continua bastante baixo, fator que é já tradicional nesta altura do ano. Os analistas do BPI deixaram esta quarta-feira o balanço da semana que passou, registando-se uma diminuição ainda maior do volume médio diário de negociação dos seis títulos com maior peso, afirmando que “esta evidência ficou visível também este ano”.

Na Europa, o clima de terror ainda se faz sentir, com as principais bolsas a registarem desempenhos negativos. O espanhol IBEX-35 segue a perder 0,19%, o alemão DAX cai 0,32% e o Stoxx 600 derrapa 0,13%. No Reino Unido, May divulgará pormenores sobre a informação confidencial obtida junto da União Europeia antes do Brexit, fazendo tremer o londrino FTSE (-0,09%).

(Notícia atualizada às 8h33)

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Beira Litoral, a região que transforma negócio em fileira

  • Filipe S. Fernandes
  • 21 Agosto 2017

Estrutura produtiva diversificada e virada para o mercado internacional coexiste com áreas de especialização tradicionais, atividades económicas mais recentes e assentes em tecnologia e conhecimento.

Em janeiro de 2016, a PT Inovação passou a Altice Labs, e passou a coordenar a partir de Aveiro centros em Israel e França num total de 1000 engenheiros, 650 dos quais em Portugal. Como referia então a Altice, empresa de origem francesa que comprara a PT-Meo, “Portugal foi o primeiro país no mundo a ter uma rede telefónica completamente automatizada, fruto da capacidade de inovação da PT Inovação, a qual teve um papel charneira na introdução de uma solução de comutação automática que substituiu as tradicionais telefonistas”. E que há 22 anos inventou um conceito que veio revolucionar o setor das telecomunicações e que mudou para sempre a forma como comunicamos: o pré-pago, hoje utilizado por 3,7 mil milhões de pessoas em todo o mundo.

Um ano depois, a Altice referia que a maioria das implementações da rede de fibra ótica da Altice nos Estados Unidos, França, na Índia recorre a tecnologia e sistemas de Informação OSS/BSS da Altice Labs, desenvolvidos e produzidos em Portugal. Nessa mesma altura, a Altice Labs assinava um memorando com a Ericsson Telecomunicações para a aceleração do 5G.

A Altice Labs é hoje parte ativa do ecossistema de inovação, atuando em parceria com universidades de todo o mundo, instituições de I&D, fornecedores, fabricantes e clientes. As atividades de inovação exploratória giram em torno de temas estratégicos, nomeadamente tecnologias Cloud (computação e rede), Smart Living, Internet das Coisas, Big Data, Segurança & Privacidade, Serviços Digitais & Plataformas, 5G e Redes do Futuro, incluindo o quadro de evolução ótica.

No outro polo da região, em Viseu, corria o ano de 1980 quando dois irmãos engenheiros, nascidos na freguesia viseense de Santos Evos, mas licenciados por universidades sul-africanas, criaram em Viseu uma empresa de serviços de engenharia de redes, incluindo construção, instalação, gestão e manutenção. Nascia a Visabeira.

Aproveitando a liberalização das telecomunicações e os investimentos públicos na expansão nas redes de eletricidade e na instalação de redes de televisão de e do gás, que se deu a partir de meados do anos 80 do século passado, o grupo Visabeira cresceu não só em Portugal como em Espanha, França, Bélgica, Marrocos, Argélia, Angola e Moçambique, entre outros.

Muitos anos depois, em 2008, no Instituto Pedro Nunes, uma aceleradora de startups da Universidade de Coimbra, nascia a Feedzai, especializada no processamento de dados em tempo real. Fundada por Nuno Sebastião, Paulo Marques e Pedro Bizarro, através do software Fraud Prevention That Learns faz a análise que grandes massas de dados, o chamado big data, para a deteção e prevenção de fraude na banca e comércio eletrónico. Em 2016 e 2017, a Feedzai integrou a lista da Tech Tour Growth 50, ranking que destaca as empresas de maior potencial e crescimento na Europa. Por isso, como diz Nuno Sebastião, “a Feedzai é, com orgulho, uma empresa portuguesa que conta com grandes clientes em todos os continentes, entre eles alguns dos maiores bancos em todo o mundo. Acreditamos que estamos no caminho certo e que os próximos anos serão de crescimento e sucesso contínuo”.

Estes três exemplos mostram uma característica comum na Beira Litoral que é a de transformar um negócio numa fileira, seja na indústria de cerâmica, automóvel ou telecomunicações.

Nestes cerca de 100 quilómetros entre Aveiro e Viseu pela A25, por exemplo, multiplicam-se os projetos empresariais, a capacidade de inovação, atravessam-se variadas paisagens portuguesas, desde as praias e planícies da Beira Litoral ao agreste planalto beirão e a Espanha, por terrenos dos distritos de Aveiro, Viseu e Guarda. O percurso abrange a Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro, constituída pelos municípios de Águeda, Albergaria-a-Velha, Anadia, Aveiro, Estarreja, Ílhavo, Murtosa, Oliveira do Bairro, Ovar, Sever do Vouga e Vagos, a Comunidade Intermunicipal Viseu-Dão-Lafões, com os municípios Aguiar da Beira, Carregal do Sal, Castro Daire, Mangualde, Nelas, Oliveira de Frades, Penalva do Castelo, Santa Comba Dão, São Pedro do Sul, Sátão, Tondela, Vila Nova de Paiva, Viseu e Vouzela e ainda com a Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, composta por Cantanhede, Coimbra, Condeixa-a-Nova, Figueira da Foz, Mira, Montemor-o-Velho, Penacova, Soure, Arganil, Góis, Lousã, Miranda do Corvo, Oliveira do Hospital, Pampilhosa da Serra, Penela, Tábua, Vila Nova de Poiares, Mortágua e Mealhada. A região de Coimbra sem os concelhos mais interiores como Arganil, Góis, Lousã, Miranda do Corvo, Oliveira do Hospital, Pampilhosa da Serra, Penela, Tábua, Vila Nova de Poiares, Mortágua e Mealhada. Esta é considerada a região com maior PIB per capita da zona centro e acima da média nacional, segundo dados do INE de 2015.

A rede de conectividade

A Beira Litoral tem tido uma variação demográfica positiva, embora alguns dos seus municípios tenham registado perda de população. A estrutura etária da população da região apresenta características semelhantes às registadas para o nível regional e nacional, com o processo de envelhecimento da população mas com uma intensidade menor, isto é, uma população menos envelhecida.

As cidades como Aveiro, Coimbra e Viseu têm dominância na prestação de serviços públicos da região com a especialização do emprego no setor da educação, saúde e apoio social excede os 30% da média nacional. Estas cidades geram fortes dinâmicas sócio económicas. Em Dão Lafões, centram-se em Viseu, estruturante de todo o território da sub-região e uma das maiores cidades médias portuguesas. A centralidade de Coimbra criou um processo de conurbação que se exprime no eixo Coimbra – Figueira da Foz, que grande densidade populacional, ao mesmo tempo que os concelhos do interior se caracterizam como territórios de baixa densidade populacional. A cidade de Aveiro encabeça um subsistema com uma forte vocação industrial no eixo Aveiro-Ílhavo-Estarreja-Águeda-Ovar, desenvolvendo intensas relações com a Área Metropolitana do Porto, com a região de Dão Lafões e com a região de Coimbra.

A A25 corresponde ao antigo Itinerário Principal n.º5 (IP 5), que era conhecida pela sua sinistralidade rodoviária. É uma das principais autoestradas de Portugal, sendo a principal porta rodoviária do país para o resto da Europa. Por ela circulam diariamente milhares de veículos ligeiros e pesados com destino ao estrangeiro. Cruza-se com a A 1, A 17, A 23, A 24, A 29, A 35, IP 2, IP 3. Assim, a Beira Litoral dispõe atualmente de um stock de infraestruturas de transporte terrestre capazes de assegurar níveis de conectividade externa tanto com Lisboa ou Porto como com Espanha. Os Itinerários Principais longitudinais e transversais (Aveiro-Viseu-Guarda) conferem elevadas acessibilidades aos principais centros urbanos da Região Centro nas direções Norte-Sul e Este-Oeste, que complementados com as ligações capilares, compõem vastas zonas de acesso às respetivas capitais de distrito em menos de 20 ou 40 minutos.

Em termos ferroviários, a região de Aveiro e Coimbra é atravessada pela linha do Norte, tendo serviços urbanos no trecho entre Aveiro e Porto, e pela Linha do Vouga. A estas infraestrutura acrescem ainda o Porto de Aveiro e a Plataforma logística de Aveiro e do porto da Figueira da Foz, as quais desempenham um papel relevante no apoio aos processos de exportação e de importação das principais empresas localizadas nos respetivos hinterlands. A Comunidade Intermunicipal de Viseu, Dão e Lafões situa-se numa confluência de vias, podendo-se chegar aqui pelas estradas A25, A24 ou IP3, bem como pela principal linha internacional de caminhos-de-ferro, a linha da Beira Alta, com as estações de Mangualde, Nelas e Santa Comba Dão. Recentemente Helena Freitas, coordenadora da Unidade de Missão para a Valorização do Interior, referiu necessidade de reforçar “as estruturas de conectividade do país tanto física como digital e que permitem por exemplo trabalhar o big data e reforçar a agenda digital”, as estradas do futuro.

A rede empresarial intensa

No Baixo Vouga, em Estarreja, localiza‑se a segunda mais importante plataforma de química pesada do país, a seguir à de Sines, nascida nos anos 1950 a partir do Amoníaco Português como base da indústria química mineral e adubeira. Este núcleo industrial atravessou tempos difíceis e as mudanças estruturais da economia nacional e internacional. Esteve em crise, resistiu e hoje é um importante polo industrial. Está centrada nas resinas e plásticos, e na química mineral dos sódicos e clorados, mantendo relações estreitas de abastecimento em derivados aromáticos com o complexo petroquímico da Petrogal, em Matosinhos.

É constituída por empresas como a Uniteca, produtora de ácido clorídrico, cloro líquido, hipoclorito de sódio e soda cáustica e está associada a empresas de fornecimento de produtos químicos para tratamento de águas e efluentes e para a indústria do papel, detergentes e decapantes para fins industriais e institucionais, a CUF ‑ Químicos Industriais que é a produtora de anilina (principal fornecedora da Dow Portugal), de ácido sulfanílico e acionista maioritária da Uniteca e da Renoeste.

A Dow Portugal fabricante de plásticos para isolamento térmico na construção onde está desde 1978 e a Cires – Companhia Industrial de Resinas Sintéticas– produtora de PVC (desde 1960) e que foi a primeira joint venture japonesa na Europa, e associada a utilizadores como a Previnil. É pioneira no fabrico de polímeros em Portugal. A Air Liquide, que pertence a um grupo francês especializado em gases industriais, gases medicinais e serviços associados, está em Portugal desde 1923. Escoa grande parte da sua produção de óxido de carbono e de hidrogénio para a Dow e CUF, respetivamente, posicionando‑se como outro dos elementos-chave deste intrincado cluster químico. Em articulação com este complexo, existem ainda empresas como a Bresfor – Indústria do Formol, empresa criada em 1973, que produz formol e resinas de ureia (formaldeído) e se localiza na Gafanha da Nazaré, e a Mistolin, empresa de Vagos produtora de desengordurantes e detergentes para uso profissional.

Este é um exemplo da capacidade de resiliência de uma região que nunca se desindustrializou e que, com exceção de Coimbra, registou nos últimos 30 anos do século XX uma erosão industrial.

No que diz respeito à atividade económica, o tecido produtivo da região de Aveiro apresenta elevado grau de especialização na indústria transformadora, nomeadamente nos setores dos produtos químicos, minerais e metalúrgicos. Denota-se também alguma especialização em torno da fabricação de mobiliário e colchões ou da madeira (nos municípios do interior), cortiça e papel ou do setor dos produtos alimentares, restauração, alojamento, restauração e bebidas (nos municípios do litoral). A densidade de empresas na região (22,6 empresas/ Km2) é superior à registada para a região Centro (8,6), sendo especialmente elevada nos concelhos de Aveiro (46,2), Ílhavo (52,1), e Ovar (36,7).

No que concerne às zonas industriais, estas estruturam-se numa orientação Norte-Sul em torno dos principais eixos viários, com uma concentração particular em Anadia, Oliveira do Bairro, Aveiro e ílhavo a Sul, e Ovar a Norte. As áreas comerciais têm um padrão de concentração ainda maior, estando localizadas sobretudo em Aveiro e Ílhavo e, em menor grau, Ovar e Águeda. Ovar e Aveiro são também os únicos municípios que têm centros comerciais. Nos demais municípios ocorre uma concentração das poucas unidades comerciais de peso nas sedes do município.

Numa análise SWOT, feita em 2014, admitia-se que esta região de Aveiro era marcada pela forte cultura de empreendedorismo, dinamismo industrial e capacidade exportadora em setores sustentados por um perfil de diferenciação de produto e com valor acrescentado, com um desempenho acima da média nacional no que toca ao saldo entre empresas dissolvidas e novas empresas constituídas, uma forte especialização da região em torno da indústria transformadora com níveis de qualificação mais elevados do que a média nacional, propensão exportadora e um papel estratégico no reforço do seu potencial como polo de internacionalização do país, dinamismo e internacionalização da investigação científica e tecnológica em setores relevantes para a região e em setores emergentes a nível global e existência de centros de I&DT adequados às especializações produtivas sub-regionais. Mantinham-se algumas pontos fracos como baixos níveis de formação da mão-de-obra e dos empregadores em alguns setores, falta de oferta de serviços e infraestruturas nas áreas de localização empresarial insuficiente para as novas necessidades das empresas, como por exemplo serviços avançados de telecomunicações, gestão, estratégia de marketing, lacunas no sistema logístico da sub-região e na articulação entre a rede regional de mobilidade e rede nacional.

Na região de Viseu, Dão e Lafões caracterizam-se pelas atividades metalomecânicas: fornecedores de componentes e equipamentos industriais especializados, produção de madeiras, mobiliário e habitat e de soluções bioquímicas para as indústrias agroalimentares, mas em que há a presença de um “fosso” muito visível entre as estratégias empresariais mais qualificadas da região (representadas por um número reduzido de empresas de média e grande dimensão, fortemente internacionalizadas) e um grande número de atividades de muito pequena dimensão, de dimensão familiar e baixa capacidade de absorção de incentivos mais avançados à inovação. Apesar da capacidade de empreendimento privado instalada na região, os níveis de criação de novas empresas e estratégias empresariais qualificadas é ainda limitado.

Por sua vez a Região de Coimbra detém amplos recursos agrícolas, hídricos e florestais, sustentando na região um conjunto de atividades económicas gradualmente organizadas numa lógica de fileira – com destaque para a horticultura, fruticultura, cereais, pesca/aquicultura e indústria do pescado, produção florestal e de papel – e levadas a cabo por um tecido empresarial que combina uma malha relativamente atomizada e fragmentada de pequenas empresas (característica transversal do setor primário no país) com um conjunto limitado de empresas de transformação e distribuição de maior dimensão e com uma capacidade de inserção no mercados internacionais que marca indubitavelmente o perfil de exportação da região. Tem tradição e know how industrial nas indústrias agroalimentar, de pasta e papel, de material de construção e metalúrgicas têm uma presença dispersa na região e que, não obstante o menor grau de clusterização e internacionalização da indústria da região em comparação com a realidade de territórios vizinhos ao longo do litoral, garantem um nível de especialização e de produtividade do setor globalmente mais elevado que o padrão nacional.

A potência universitária

Existe um ecossistema regional de inovação em que pontificam duas Universidades como a de Coimbra, a mais antiga de Portugal, e de Aveiro, uma das mais recentes, e vários Institutos Politécnicos em Coimbra e Viseu, bem como as Escolas Politécnicas da Universidade de Aveiro, com cerca de 40 mil alunos, j+a com algum peso de alunos internacionais. Esta rede contribui para o surgimento de novas atividades de base tecnológica e para a modernização de atividades ditas tradicionais.

Desenvolveram mega clusters de competências distintivas tanto nas Ciências Básicas (Aveiro e Coimbra) como nas Tecnologias da Informação e Eletrónica – TICE (Aveiro e Coimbra), Ciências e Tecnologias da Saúde (Coimbra), Ciências e Tecnologias dos Materiais (Aveiro e Coimbra), Ciências do Ambiente e do Mar (Aveiro) ou Ciências Sociais e Humanas (Coimbra).

Para além dos centros ligados às universidades destacam-se um conjunto de centros de apoio e desenvolvimento tecnológico em domínios vários (cerâmica e vidro, moldes e ferramentas especiais, têxteis e vestuário, telecomunicações, biomassa para a energia, computação gráfica, entre outras). De entre as entidades desta natureza ligadas à universidade destaca-se, pela sua natureza e expressão, o Instituto Pedro Nunes.

O conjunto de infraestruturas de inovação abarca múltiplos domínios da ciência e da tecnologia: a saúde, as ciências da vida, as ciências farmacêuticas, a biotecnologia, a informática e as telecomunicações, o setor agroalimentar, a floresta, as indústrias criativas, os materiais, etc.

Ambiente e turismo

Ria de Aveiro é ponto de atração turística da região.Pixabay

O Mar e a Ria, mais do que marcas identitárias da região de Aveiro, são recursos incontornáveis para a sua estratégia turística e que têm uma capacidade de atração elevada. Em Dão Lafões concentra-se, ainda, um grande número de estâncias termais como o Carvalhal, Caldas da Felgueira, Cavaca, São Pedro do Sul, Sangemil e Alcafache. A região de Coimbra contém, como se escreve em Estratégia Integrada de Desenvolvimento Territorial da região, “um mosaico de recursos turísticos com uma área de influência territorial e uma capacidade de captação de fluxos de procura ainda relativamente limitada mas cuja preservação e notoriedade no mercado nacional lhes confere um forte potencial de valorização ainda por explorar”.

Contam-se os tradicionais sol e praia entre a Figueira da Foz e Mira, provavelmente as praias mais próximas da Espanha central, as condições naturais para prática de desportos radicais e de aventura, as termas do Buçaco, as tradições gastronómicas e de artesanato e as aldeias do xisto, mas também o Centro de Alto Rendimento de Montemor-o-Velho, o Centro de Convenções e Espaço Cultural do Convento S. Francisco e o Parque Biológico da Serra da Lousã. O território encerra importantes recursos no âmbito do Turismo do Centro, nomeadamente a capacidade instalada na área termal, rico e diversificado património histórico, arqueológico e cultural, o potencial enoturístico por via da Rota do Dão, projeto da iniciativa da CVR Dão que conta com o apoio da própria CIM Viseu Dão Lafões, bem como a proximidade a outros roteiros e a importantes polos de atividade turística, como a Serra da Estrela, Geoparque, Aveiro, Aldeias Históricas, Aldeias de Xisto, etc.

A região possui áreas de extraordinária importância ambiental: Reserva Natural das Dunas de São Jacinto, ZPE da Ria de Aveiro, Barrinha de Esmoriz, Rio Vouga, Pateira de Fermentelos e Dunas de Mira, Gândara e Gafanhas.

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Carlos Costa apanhado de surpresa com investigação a funcionário

  • ECO
  • 21 Agosto 2017

Rui Carvalho foi afastado por alegada violação de deveres de comunicação ao conselho de administração do Banco de Portugal. Costa terá sido apanhado de surpresa em julho de 2017.

O conselho de administração do Banco de Portugal garante que só teve conhecimento do caso que está a ser investigado pelo Ministério Público três anos depois. Em causa está a compra e venda das ações do BES por parte de um funcionário do Departamento de Mercados e Gestão de Reservas (DMR) que esteve envolvido na resolução do banco. Em reação, Carlos Costa demitiu Rui Carvalho, diretor desse departamento. Em declarações ao Jornal de Negócios esta segunda-feira, o Banco de Portugal põe as culpas no consultor de Ética e no DMR.

Fonte oficial do Banco de Portugal respondeu que não apurou que tivesse existido uma notificação a “qualquer membro do conselho de administração, incluindo ao Dr. José Ramalho [então vice-governador], em termos, circunstanciados e de completude, que permitissem uma adequada perceção da gravidade da situação em causa“. Só em julho deste ano, já com a Procuradoria-Geral da República no terreno, é que o Banco de Portugal soube da situação, “o que levou ao conjunto de ações e decisões do conselho de administração”.

Segundo o Jornal de Negócios [acesso pago], depois de ser demitido, Rui Carvalho passou a ser consultor do Banco de Portugal. Já o funcionário sob investigação foi transferido para outro departamento. Foi ainda aberto um processo de investigação interno dada a falta de notificação da situação à administração. O Banco de Portugal assinalou ainda que em setembro de 2014, um mês depois da resolução do BES, pediu aos departamentos envolvidos o nome dos colaboradores que tiveram acesso a informação privilegiada — para avaliar potenciais abusos de mercado –, mas o DMR recusou-se a entregar essa lista.

Além do DMR, o consultor de Ética, Orlando Caliço, também não reportou o caso à administração, apesar de ter tido conhecimento do mesmo três meses depois da resolução. Na mensagem para Caliço, o funcionário terá explicado que comprou as ações, mas vendeu-as na manhã de 1 de agosto quando soube que iria trabalhar diretamente sobre o BES. “Quando me escreveu já não havia uma situação de conflito de interesse para avaliar“, apontou o ex-consultor de Ética ao Jornal de Negócios, que não respondeu à mensagem.

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Proprietários de alojamento local deverão pagar mais condomínio

  • ECO
  • 21 Agosto 2017

A medida faz parte do relatório do grupo de trabalho do Governo com o Bloco de Esquerda e deverá ser transposta para a nova legislação do alojamento local.

Quem alugar quartos ou habitações temporariamente deverá pagar mais pelo condomínio. A medida faz parte do relatório do grupo de trabalho do Governo com o Bloco de Esquerda sobre políticas públicas de habitação e deverá ser transposta para a nova legislação do alojamento local, a ser preparada pela recém-criada Secretaria de Estado da Habitação.

A solução está a ser avançada esta segunda-feira pelo jornal Público [acesso pago], que apurou junto de um responsável do Governo que “é necessário regular de uma forma inteligente [o alojamento local temporário] que resolva o problema e não mate uma atividade da nova economia que é benéfica ao país.” A mesma fonte afirmou que o pagamento adicional de condomínio “já é uma prática corrente”.

No entanto, esta proposta entra em choque com o projeto-lei que já foi entregue na Assembleia da República e que atribui aos condomínios o poder de autorizar ou não o alojamento local temporário, caso a caso. Este é da autoria de dois deputados do PS, Carlos Pereira e Filipe Neto, e foi feito sem o conhecimento do Governo.

No relatório do grupo de trabalho são ainda propostas mais duas medidas de regulação complementar, sendo elas a “aproximação das condições fiscais aplicáveis ao alojamento local e ao arrendamento de longa duração” e a “obrigação dos proprietários com vários alojamentos locais disponibilizarem, complementarmente, alojamento em arrendamento de longa duração na mesma área urbana e em proporção a definir”. Das três, apenas a que diz respeito ao agravamento do condomínio deverá ser transposta para lei.

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