Allianz apoia Bailado

  • ECO Seguros
  • 30 Maio 2019

A Companhia Portuguesa de Bailado, que tem uma parceria com a seguradora Allianz, vai estrear novo espetáculo, no âmbito do centenário do nascimento de Sophia de Mello Breyner Andresen

Uma parceria estabelecida há três anos com a seguradora Allianz, permitiu à Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo continuar a apostar numa programação cultural regular.

A companhia de teatro vai levar à cena, no próximo dia 31 de Maio, no Fórum Municipal Luísa Todi, em Setúbal, o espetáculo, coreografado por Vasco Wellenkamp e Miguel Ramalho, ‘Substância do Tempo’. ‘Substância do Tempo’ inspira-se na poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen, inserindo-se no âmbito do centenário do seu nascimento.

Cofundada por Vasco Wellenkamp e Graça Barros, em 1998, a companhia já estreou mais de 80 obras. Pensada como uma Companhia de Repertório original, na linha técnica e estética do Ballet Gulbenkian, tornou-se um lugar onde coreógrafos, bailarinos, criadores e intérpretes de outras áreas artísticas puderam pesquisar, desenvolver e amadurecer as suas linguagens.

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China alivia carga fiscal à indústria seguradora

  • ECO Seguros
  • 30 Maio 2019

A China reduziu os impostos que recaem sobre as empresas de seguros. Mais gastos com operações e comissões passarão a ser elegíveis como custo na formação do seu rendimento tributável

De acordo com as novas regras, as seguradoras poderão deduzir despesas equivalentes até 18% da receita de prémios de seguro. Anteriormente, o teto era de 15% para as seguradoras de imóveis e de 10% para as seguradoras do ramo vida.

O governo chinês vem, desde o ano passado, implementando uma série de iniciativas para estimular o consumo doméstico e o investimento, assim como para reduzir a carga tributária que incide sobre as empresas.

Pequim também desceu o imposto sobre o rendimento das pessoas físicas e diminuiu o imposto sobre valor o valor acrescentado (IVA) para os segmentos das manufaturas, de transportes e de construção.

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Lista de devedores? “Há que prestar contas, com prudência e sensatez”

Teixeira dos Santos admite a necessidade de escrutínio em relação aos grandes devedores da banca, mas pede prudência para evitar o voyeurismo e desvantagens entre bancos.

O Banco de Portugal deve ou não divulgar os relatórios sobre os grandes devedores em situação de incumprimento? “Esse é um tema bastante delicado…”, responde Fernando Teixeira dos Santos, presidente do EuroBic. “Sim, há que prestar contas, há que averiguar, há que justificar o porquê do envolvimento de dinheiros públicos [nos bancos], mas, apesar de tudo, acho que deve ser feito com prudência, com sensatez. É este o desafio que temos”, clarifica o economista e antigo ministro, no âmbito da conferência do EuroBic “Desafios e Oportunidades”, que se realizou em Viseu.

Teixeira dos Santos começa por dizer que é, “de uma forma geral, defensor de regras de sigilo bancário”. E acrescenta. “Eu acho que a relação entre a banca e os seus clientes é uma relação que deve ser acautelada e acho que deve evitar-se o desenvolvimento de um ambiente de voyeurismo em torno dessas relações”. Mas, ainda assim, “há uma diferença entre aquilo que é o escrutínio político desta relação, da utilização destes dinheiros ou daquilo que eu chamo o voyeurismo puro dessas relações”.

Além disso, chama a atenção para outro risco na divulgação da lista de devedores. “E corremos o risco de criar uma desvantagem muito nociva para os bancos portugueses em comparação com bancos estrangeiros que cá intervêm. Porque existem bancos estrangeiros que concorrem com os bancos portugueses e não tendo beneficiado de intervenções ou ajudas publicas não estão sujeitos a este escrutínio. E podem acabar por merecer a preferência de clientes, que fugindo dos bancos sujeitos a fugas de informação ou sujeitos a esse voyeurismo como eu lhe chamava…”

Ainda assim, nos casos que estão agora em discussão, “existem aqui razões para algum escrutínio politico, no sentido em que, envolvendo dinheiros públicos, temos que saber as razões pelas quais os contribuintes são chamados a intervir desta forma no resgate de instituições bancárias”. Porquê? “O que estamos confrontados é com uma situação em que há bancos que tiveram dificuldades, que está relacionado com as relações comerciais que tem com os seus clientes… e, pelas mais variadas razões, entraram em dificuldades de cumprimento dos seus compromissos, e com repercussão na situação financeira de bancos, bancos esses que tiveram que ser apoiados pelo Estado…envolvendo recursos públicos.

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Lisboa está a perder mais pessoas que as grandes capitais europeias. A culpa é dos preços das casas, alerta Moody’s

O aumento do preço das casas está a levar as pessoas a saírem da capital. O turismo também contribui para este cenário e Lisboa é a capital com o maior rácio de casas convertidas em Airbnb.

As casas estão cada vez mais caras e, nas principais cidades europeias, o acesso à habitação está a tornar-se cada vez mais difícil. A análise é da Moody’s, mas só vem comprovar o que há muito tem vindo a ser dito: o aumento do preço das casas, e a conversão de casas para alojamento local, está a deixar sem alternativas aqueles que querem viver em Lisboa, obrigando a alargar o raio de busca para fora da capital. A acentuar ainda mais esta tendência está o turismo.

O ritmo de crescimento dos preços da habitação em algumas das principais cidades europeias tem superado as médias nacionais entre 2012 e 2018, diz a agência de notação financeira. E apesar da valorização dos preços e da diminuição dos rendimentos das famílias, a população da maioria dessas cidades tem vindo a crescer desde 2000, chegando mesmo “na maioria das principais cidades [a superar] a expansão nacional”.

Mas, no caso de Lisboa, o cenário é inverso. De acordo com a Moody’s, a capital portuguesa é a principal cidade europeia com a maior queda da população: 7% desde 2011 e “a migração para a periferia aconteceu à custa das áreas metropolitanas”.

Os dados mostram que os rendimentos das famílias não estão a acompanhar a evolução dos preços do imobiliário, levando as pessoas a adiar, ou até mesmo pôr de lado, a hipótese de ter uma habitação própria. “Os potenciais compradores de uma primeira habitação estão a adiar ou a abandonar os planos para comprar casa numa grande cidade, levando a uma maior procura por imóveis para arrendamento em áreas urbanas ou compra de casa em cidades periféricas”.

E esta é uma tendência que deverá manter-se porque, face a este cenário, as pessoas acabam por arrendar uma casa ao invés de a comprar. “A forte prosperidade económica e a procura por arrendamento nas cidades diminuíram o risco de desvalorização do preço das casas”, refere a Moody’s.

Pouca construção, turistas e Airbnb acentuam tendência

Mas, tal como já tem sido falado, a Moody’s também alerta para um fator importante para estes fluxos entre Lisboa e as periferias: a pouca construção e o turismo. “A construção de casas novas nas principais cidades europeias continua relativamente baixa, suportando os preços dos imóveis e travando um aumento da oferta”, diz a agência de notação financeira. As casas novas representam apenas “uma pequena parte” das vendas de imóveis residenciais nas zonas urbanas e a Moody’s dá mesmo o exemplo de Madrid, onde as casas usadas representam 80% das vendas.

Somado a isso vem o interesse e, consequente, investimento internacional. “O investimento estrangeiro também exercerá uma pressão ascendente sobre os preços da habitação. Vistos gold e outros incentivos em Espanha e em Portugal estão a atrair mais compradores estrangeiros. A agência faz referência aos investidores asiáticos, cujos investimentos estão a aumentar nas principais cidades, especialmente em Londres e Madrid.

Mas aqueles que não querem cá ficar e estão só de passagem também pesam na procura de casa. Os preços das casas estão a subir também em parte devido à procura de casas para arrendar por turistas. “A procura de arrendamento por turistas nas áreas urbanas está a impulsionar o mercado imobiliário. Entre as principais cidades estão Lisboa, Paris e Amesterdão, com as maiores parcelas de casas usadas pelo Airbnb”.

E aqui Lisboa ocupa mesmo uma posição de topo. De acordo com os dados da Moody’s, a capital portuguesa é a principal cidade europeia com o maior rácio de casas convertidas em alojamentos para a plataforma do Airbnb. São cerca de 33 imóveis por cada 1.000 habitantes.

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Renda acessível: Câmara de Lisboa gasta mais de 88 mil euros em pareceres jurídicos

  • Lusa
  • 29 Maio 2019

A autarquia contratou pareceres jurídicos externos no valor de mais de 88 mil euros sobre o programa de renda acessível de São Lázaro.

A Câmara de Lisboa contratou pareceres jurídicos externos no valor de mais de 88 mil euros sobre o programa de renda acessível de São Lázaro, ao qual o Tribunal de Contas (TdC) recusou o visto prévio, foi revelado esta quarta-feira.

A questão foi colocada pelo CDS na reunião pública do executivo municipal e a vereadora da Habitação, Paula Marques (Cidadãos por Lisboa, eleita na lista do PS), respondeu que foi o próprio departamento jurídico da Câmara que aconselhou o pedido de pareceres externos, que “foram elaborados e, com certeza, serão entregues aos vereadores”.

O vereador do CDS, João Gonçalves Pereira, questionou a Câmara sobre a contratação pelo município de pareceres jurídicos, no valor de mais de 88 mil euros: “Estes pareceres jurídicos já foram elaborados, estão disponíveis para análise da própria Câmara? Há algum parecer jurídico do nosso departamento jurídico que possa ser disponibilizado aos vereadores?“.

De acordo com o CDS, que não questionou a escolha dos escritórios de advogados em causa, foram contratados pareceres a Telles de Abreu & Associados, no valor de mais de 19 mil euros, valor semelhante ao parecer contratado ao escritório Sérvulo & Associados, bem como a Miguel Assis Raimundo, ascendendo a 30 mil euros o parecer contratado a Eduardo Paz Ferreira & Associados.

A Câmara de Lisboa recorreu da decisão do TdC, que em janeiro, recusou visto prévio ao contrato para a construção e reabilitação de imóveis da câmara de Lisboa no âmbito do Programa de Renda Acessível, celebrado entre o município e a empresa Neonsmiles, no valor de dez milhões de euros, para a recuperação de 16 imóveis, correspondentes a 15 edifícios e um terreno, na Rua de São Lázaro.

O acórdão do TdC sustenta que o contrato em causa é uma parceria público-privada, com consequente aplicação do seu regime legal específico, e não um contrato de concessão, conforme a Câmara Municipal de Lisboa o encara. “Existe, pois, um conjunto de condições que deveriam ter sido observadas antes do lançamento do procedimento pré-contratual respeitante ao contrato ora submetido a fiscalização prévia — e que, manifestamente, não foram respeitadas”, lê-se no acórdão dos juízes Mário Mendes Serrano (relator), Paulo Dá Mesquita e Fernando Oliveira Silva.

Na reunião pública do executivo municipal desta quarta-feira foi também levantada a questão da concretização da isenção de taxas de publicidade em situações como a dos comerciantes afetados pelas obras no metro de Arroios. O vice-presidente da Câmara de Lisboa, João Paulo Saraiva (Cidadãos por Lisboa, eleito pelo PS), que tem o pelouro das Finanças, avançou que a proposta será apreciada pela Assembleia Municipal de Lisboa a 11 de junho.

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Altice avisa que “não é, nem será responsável” por eventual desligamento do SIRESP

  • Lusa
  • 29 Maio 2019

A Altice “sempre considerou que a rede SIRESP se reveste de grande relevância para o país", referiu a empresa.

A Altice Portugal comprometeu-se esta quarta-feira a garantir os serviços de rede necessários à segurança das populações e assegurou que “não é nem será responsável por um eventual “desligamento” do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança (SIRESP).

Esta declaração da Altice Portugal, prestadora do serviço SIRESP, consta de uma nota divulgada ao final da tarde de hoje, já depois do tema SIRESP ter sido discutido no Parlamento. A Altice “sempre considerou que a rede SIRESP se reveste de grande relevância para o país” e “vinha defendendo a necessidade de investimentos adicionais em soluções de redundância, que planeou, desenhou e implementou, nomeadamente através da Rede de Transmissão via Satélite e de Redundância de Energias após solicitação da SIRESP em consequência de pedido direto do Ministério da Administração Interna”, refere a empresa.

A rede SIRESP é atualmente detida em 52,1% pela Altice Portugal, 33% pelo Estado e 14,9% pela Motorola Solutions. No entender da empresa, tornou-se “claro para todos o sucesso” destes passos e os resultados alcançados, com uma “considerável redução da área ardida, com 100% de eficácia durante incêndios e intempéries, resultados esses amplamente elogiados e reconhecidos pelo país e pelas autoridades, incluindo autarcas e membros do atual Governo”.

Segundo a Altice, atualmente ninguém tem dúvidas da “melhoria da qualidade, robustez e eficácia” da Rede SIRESP, aproveitando para reafirmar que a garantia da segurança dos portugueses foi, até hoje, a principal preocupação e posturas tidas pelos acionistas da SIPRESP SA. Por outro lado, a Altice declara-se “totalmente alheia ao contexto financeiro a que chegou a SIRESP SA”, observando que “nunca fechou a porta” ao diálogo com o Estado.

“Pelo contrário, sempre demonstrou toda a disponibilidade e abertura para discutir a proposta do Governo para a compra da sua posição acionista, encontrando-se ainda em processo negocial”, diz a Altice, acrescentando que,”ao contrário de outros que ocupam a esfera pública, a Altice Portugal é contra o alarme social”.

“A Altice Portugal é uma empresa responsável, que se pauta por uma conduta de paz social. Por isso mesmo, só agora se pronuncia sobre este tema, face à gravidade das falsidades hoje transmitidas“, sem precisar quais e quem as proferiu. Na sua declaração pública, a Altice reafirma que continua concentrada em “investir, dar emprego e criar valor, sem jogos de poder ou de bastidores”.

Já esta quarta-feira, no Parlamento, o secretário de Estado da Proteção Civil, José Artur Neves, garantiu que o sistema de comunicações de emergência SIRESP funciona e é eficaz, sendo uma rede “robusta, segura e capaz”. Sobre as negociações em curso entre o Governo e a entidade gestora do SIRESP, que decorrem há mais de duas semanas, o secretário de Estado disse que estão a ser desenvolvidas pelo Ministério das Finanças com o objetivo de o Estado assumir uma posição de controlo da empresa.

“Mas o mais importante neste processo, tem a ver com a redundância e funcionamento da rede e isso nós garantimo-lo, tal qual como no ano passado, onde foi garantida a segurança dos portugueses quando mais nenhuma rede funcionou”, sustentou. O secretário de Estado afirmou que “a seu tempo” será transmitido o resultado dessas negociações.

As negociações começaram quando a rede SIRESP ameaçou parar os seus equipamentos de redundância devido a uma dívida de 11 milhões de euros do Estado. O secretário de Estado esclareceu os deputados que o SIRESP “não serve só para fogos”, sendo usado diariamente por 40 mil utilizadores distribuídos por mais de 125 entidades, além das 433 corporações de bombeiros.

José Artur Neves disse também que é falso que a rede SIRESP esteja desatualizada, frisando que 35 países da Europa usam este sistema de rede que é a mais moderna. No final do debate, a deputada do Bloco de Esquerda Sandra Cunha lamentou que o secretário de Estado não tenha respondido às questões levantadas, nomeadamente porque é que “o processo ainda não está concluído passado duas semanas” e se o sistema está ou não preparado “para a próxima época de incêndios”,

Depois dos incêndios de 2017, o Governo aprovou em Conselho de Ministros um novo contrato com a entidade gestora do SIRESP, que deveria entrar em funcionamento em 2018, mas foi chumbado duas vezes pelo Tribunal de Contas.

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Deputados vão ter acesso a toda a informação sobre os grandes devedores da banca

  • Lusa
  • 29 Maio 2019

Os deputados da COFMA vão ter acesso a "toda a informação, sem prejuízo de estarem ao abrigo da lei de sigilo em algumas matérias".

A presidente da Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFMA), Teresa Leal Coelho, disse esta quarta-feira que os deputados da comissão vão ter acesso a “toda a informação” que chegou ao Parlamento sobre os grandes devedores da banca.

Os deputados da COFMA vão ter acesso a “toda a informação, sem prejuízo de estarem ao abrigo da lei de sigilo em algumas matérias e até de responsabilidade criminal noutras matérias”, disse Teresa Leal Coelho (PSD) aos jornalistas à saída da reunião da comissão parlamentar. Na quinta-feira, os dados “serão distribuídos aos coordenadores dos cinco grupos parlamentares que têm assento na COFMA, e será gerido pelos coordenadores a informação que será prestada aos deputados de cada grupo parlamentar”, esclareceu a presidente da comissão.

“Houve consenso na reunião de mesa e coordenadores da comissão de Orçamento e Finanças relativamente aos termos em que vamos desenvolver este processo, vamos sobretudo dar garantias da máxima transparência, nos termos da lei“, disse a deputada. Apesar da “ponderação primeira” dos parlamentares ser a “transparência”, Teresa Leal Coelho disse que a COFMA deve “salvaguardar a recuperação de créditos pelo sistema financeiro”.

Sobre as divergências com o Banco de Portugal relativamente à informação divulgada pelo supervisor financeiro, Teresa Leal Coelho disse que a questão “já está ultrapassada”. “Já seguiu hoje mesmo uma carta para o Banco de Portugal fixando a interpretação que o Parlamento faz da lei e da importância da apresentação do relatório nos termos exatos que a lei estabelece com a informação agregada”, declarou a deputada do PSD.

Teresa Leal Coelho afirmou que o supervisor financeiro “fez uma interpretação distinta (…) do ponto três do artigo 4.º” da lei dos grandes devedores, mas que “na sequência da interpretação autêntica feita pelo parlamento (…) a informação será prestada” à Assembleia da República. “O argumento do Banco de Portugal, além dessa interpretação divergente da nossa, era a de que há agregação de informação que não produz um resultado lógico“, acrescentou a presidente da COFMA. “Veremos quando chegar essa informação”, asseverou.

De acordo com a deputada, do Banco de Portugal “terá chegado toda a informação pedida”, mas ainda não foi possível analisá-la toda. Na sexta-feira, a COFMA irá reunir-se para deliberar em relação aos “critérios sobre a divulgação pública da informação”, disse.

Hoje, o Banco de Portugal considerou que fez o reporte de toda a informação nos termos estritos da lei, já que tem uma interpretação diferente da legislação em relação ao parlamento. Segundo fonte próxima do processo, o supervisor considera que, ao contrário da posição da Assembleia da República, o BdP não está em incumprimento da lei por não ter publicado a lista dos grandes devedores, alegando que se trata de informação sujeita a segredo bancário e que, nesse sentido, cabe ao parlamento decidir sobre a sua divulgação.

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Guerra entre EUA e a China não dá tréguas a Wall Street

As bolsas dos Estados Unidos encerraram em queda, pressionadas novamente pelas tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo.

Os principais índices norte-americanos encerraram em queda, naquela que representa a segunda sessão consecutiva no vermelho. Os investidores continuam atentos, e preocupados, às crescentes tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo, que cada vez mais levantam preocupações relativamente ao crescimento económico norte-americano.

O índice de referência, S&P 500, desvalorizou 0,68% para 2.783,38 pontos, acompanhado pelo industrial Dow Jones que perdeu 0,88% para 25.123,69 pontos. Pelo mesmo caminho foi o tecnológico Nasdaq que caiu 0,79% para 7.547,31 pontos.

Os investidores continuam apreensivos quanto às tensões comerciais entre a China e os Estados Unidos, principalmente depois de Donald Trump ter dito que um acordo entre os dois países está mais longe de ser alcançado. Esta quarta-feira, a imprensa chinesa adiantou que a China está a ponderar travar o fornecimento de metais raros para os Estados Unidos, materiais essenciais para o fabrico de telemóveis.

“O mercado passou de uma postura de pensar que há 100% de hipóteses de haver um acordo comercial, que era apenas uma questão de tempo, para agora basicamente pensar que provavelmente não haverá um acordo”, diz Larry Benedict, fundador da The Trader, citado pela CNBC (conteúdo em inglês).

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Banco de Portugal e Parlamento olham para a mesma lei e veem coisas diferentes

Parlamento diz que Banco de Portugal tem de publicar no seu site um relatório com dados agregados e anónimos das dívidas à banca. Mas o supervisor tem uma interpretação diferente da lei.

Banco de Portugal e Assembleia da República olham para a Lei n.º 15/2019 relativa os grandes devedores da banca e veem coisas diferentes. E é na diferente interpretação que fazem da mesma lei que reside o braço-de-ferro entre ambas as instituições quanto ao “relatório com o resumo sob a forma agregada e anonimizada da informação relevante relativa às grandes posições financeiras” que o Parlamento diz que o supervisor já devia ter publicado no seu site e ainda não o fez.

Mais concretamente, Banco de Portugal e Parlamento divergem no entendimento que fazem do número 3 do artigo 4.º relativo à “Transparência sobre operações de capitalização de instituições de crédito com recurso a fundos públicos“, que diz que:

  • Nos prazos previstos nos artigos 5.º e 6.º, o Banco de Portugal publica, no respetivo sítio da Internet, um relatório com o resumo sob a forma agregada e anonimizada da informação relevante relativa às grandes posições financeiras.

Para o Parlamento isto é claro: o Banco de Portugal tinha 100 dias a contar a partir da publicação da lei para publicar no seu site o tal relatório, um prazo que está definido no artigo 6.º e que terminava no passado dia 23 de maio. E por isso a instituição liderada por Carlos Costa está a violar a lei, dizem os deputados.

Porém, o Banco de Portugal tem outro entendimento: este relatório só vale para futuros pedidos de ajuda, isto é, só o produzirá quando um banco voltar a receber fundos públicos futuramente. E entende que número 3 do artigo 4.º remete apenas para o prazo do artigo 6.º e não propriamente para o artigo em si, que olha para o passado.

O supervisor não chegou sequer a produzir o tal relatório por considerar que isso não estava previsto na lei, mas também porque o exercício de agregação dos dados é mais complexo do que sugere a lei. Ainda assim, o ECO sabe que o Banco de Portugal fará e divulgará o relatório caso tenha orientações claras do Parlamento para o fazer.

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CDS questiona Governo sobre fiscalização do Fisco a condutores

  • Lusa
  • 29 Maio 2019

Numa pergunta dirigida ao Governo, o partido quer saber quem foi o responsável pela iniciativa e quem tomou a iniciativa de requisitar a participação da GNR.

O CDS questionou esta quarta-feira o Governo sobre quem autorizou a ação de fiscalização da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) para identificar condutores com dívidas fiscais e pede o número de operações idênticas realizadas em 2019.

Numa pergunta ao Governo, dirigida aos ministros das Finanças e da Administração Interna, respetivamente Mário Centeno e Eduardo Cabrita, os deputados do grupo parlamentar do CDS-PP começam por referir o “patente abuso de poder” em que a fiscalização denominada “Ação sobre rodas” se traduziu, bem como “a flagrante ilegalidade” decorrente da “violação de direitos e garantias”, como o direito ao contraditório.

Em causa está a ação de fiscalização de condutores promovida durante a manhã de terça-feira por cerca de 20 elementos da AT, com a colaboração da GNR, em Alfena, concelho de Valongo, com o objetivo de cobrar dívidas fiscais aos donos dos veículos automóveis.

A ação acabaria por ser suspensa pelo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais que, em declarações à Lusa, referiu ter sido decidida a abertura de um inquérito para determinar “o enquadramento desta operação” e aferir se todas as garantias dos contribuintes foram respeitadas. Na mesma ocasião, António Mendonça Mendes precisou ainda que a ação foi “desproporcionada”, tendo esta posição sido reiterada hoje por Mário Centeno.

Entre as questões que os deputados Cecília Meireles, Nuno Magalhães, Telmo Correia, João Almeida e Vânia Dias da Silva querem agora ver respondidas está a identificação do responsável pela iniciativa e pela autorização da designada “Ação sobre rodas”, e também quem tomou a iniciativa de requisitar a participação da GNR.

Os deputados querem ainda saber quais as consequências a nível disciplinar ou penal que serão retiradas quando forem apuradas as responsabilidades, qual o número de penhoras realizadas durante esta operação e se o Governo, liderado pelo socialista António Costa, pondera anular as penhoras que tenham sido feitas sem o cumprimento de todas as garantias legais. Na terça-feira, fonte oficial do Ministério das Finanças disse à Lusa que a referida ação não foi definida centralmente pela AT.

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Deputados recebem lista de devedores com 3 mil operações e blindada com password

Nome dos devedores, montante em dívida, quem aprovou. Está tudo num ficheiro Excel que o Banco de Portugal entregou no Parlamento e blindou com uma palavra-passe.

Entre a documentação que o Banco de Portugal enviou ao Parlamento ao abrigo da lei dos grandes devedores está um ficheiro Excel com cerca de três mil grandes posições financeiras e cujo acesso pelos deputados se encontra blindado por uma palavra-passe que também foi entregue por carta.

É neste ficheiro onde está lista com os nomes dos grandes devedores em situação de incumprimento junto da banca, e outros dados como as datas das decisões de concessão de crédito (que em muitos casos são anteriores a 2007), as imparidades, as reestruturações, as ações de recuperação da dívida e quem aprovou as operações. É informação sensível da vida dos bancos que o supervisor deseja manter sob absoluta confidencialidade. E está detalhada por entidade e por grupo (que inclui várias entidades) para cada um dos bancos abrangidos pela lei. São sete bancos: Caixa Geral de Depósitos (CGD), BES/Novo Banco, BPN, Banif, BCP, BPI, BPP.

Basicamente, o Excel tem as fotografias tiradas às grandes posições no momento em que o banco recebeu os fundos públicos, resumiu uma fonte próxima do assunto ao ECO, notando que estas posições terão posteriormente evoluído e então torna-se difícil fazer uma avaliação dos dados recolhidos.

“É uma brutalidade, um manancial de informação. Não há drama nos dados. O drama é a confidencialidade dos dados e a interpretação deles“, adiantou a mesma fonte.

O Parlamento discutiu esta quarta-feira o destino a dar aos documentos que recebeu na semana passada do Banco de Portugal. E há quem queira expor todos os dados publicamente para que os portugueses saibam por que razão o Estado foi chamado a intervir nos bancos nos últimos anos. De acordo com as contas do supervisor, foram utilizados aproximadamente 24 mil milhões de euros em dinheiros públicos para apoiar os sete bancos nos últimos 12 anos. Uma parte destes fundos já foi recuperada.

Mas a tal lista dos grandes devedores é mais do que isso. Também tem os negócios ruinosos com dívida pública ou ações.

A granularidade da informação que os bancos reportaram ao Banco de Portugal levantou diversos problemas de metodologia e harmonização dos dados. Por exemplo, os bancos registam imparidades diferentes para os devedores, dependendo do capital de que dispõem para “imparizar” em determinado momento e também das garantias do devedor, notou a mesma fonte. E esta foi uma das muitas dificuldades que impossibilitaram o Banco de Portugal de produzir o “relatório com o resumo sob a forma agregada e anonimizada da informação relevante relativa às grandes posições financeiras”.

Outro exemplo. A Lei 15/2019 determina que o banco “ajudado” pelo Estado deve revelar as grandes dívidas incumpridas acima de cinco milhões de euros ou que correspondam a pelo menos 1% do fundo público utilizado. Isto criou diferentes critérios de elegibilidade entre os bancos: para o BPI, que recebeu uma ajuda de 1.500 milhões de euros através da subscrição de CoCos pelo Estado em 2012, considerou-se uma grande posição financeira acima de 15 milhões de euros; no BCP, que beneficiou de 3.000 milhões de CoCos subscritos pelo Estado, essa posição foi de 30 milhões; no caso da Caixa, cujas ajudas ascenderam a mais de 6.000 milhões, considerou-se um grande devedor quem devia mais de 60 milhões.

Por não terem publicado este relatório o Parlamento diz que o supervisor está a violar a lei. “Mas da forma como a lei está feita não permite agregações”, notou a mesma fonte.

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Merkel e Macron às avessas na reunião em que (quase) todos rejeitaram Weber

Merkel defendeu Weber mas acima de tudo a influência do PPE. Já os restantes desenharam o perfil do candidato desejado: outro candidato que não Manfred Weber.

A reunião era tão sensível que o Conselho Europeu bloqueou o sinal dos telemóveis de todos os chefes de Governo na sala. Na ementa — além dos filetes de porco com espargos e favas para o jantar — os chefes de Governo da União Europeia tinham que começar a decidir como escolheriam a futura liderança da União Europeia. De acordo com fontes europeias contactadas pelo ECO, não houve decisões, mas as frentes de batalha estão identificadas: vários líderes manifestaram-se contra Weber sem dizer o seu nome; que Merkel defendeu (sem pôr as mãos no fogo) e demonstrou que a decisão vai ter sempre de passar pelo seu Partido Popular Europeu (PPE); a França cada vez mais distante da Alemanha; a Grécia de Tsipras, cada vez mais posta de parte, a defender o socialista Timmermans.

Já se esperava que a reunião dos líderes dos governos da União Europeia não fosse fácil, nem chegasse a uma conclusão automática, mas a perspetiva de um consenso nem sequer ficou mais perto. Alguns líderes começaram a demonstrar mais abertamente de que lado da barricada estão na luta pelo futuro da Comissão Europeia (e não só) e ficou cada vez mais evidente o distanciamento entre aquele que foi o eixo fundamental da liderança na União Europeia nas últimas décadas.

Merkel e Macron cada vez mais distantes

Durante a reunião, Emmanuel Macron defendeu as características que considera essenciais num candidato, como a experiência governativa e a influência capaz de juntar Conselho Europeu e Parlamento Europeu, e ainda os eixos de ação que quer ver numa nova Comissão mais progressista, entre eles a reforma da zona euro. Sobre candidatos, não avançou com nomes, nem pareceu levar a sua de vencida.

A posição de Macron terá colocado Angela Merkel numa posição ainda mais defensiva em relação ao cabeça-de-lista escolhido pelo PPE, família política na qual está integrada a sua CDU. Angela Merkel, que tem uma postura geralmente ambigua até atingir um consenso e que tem evitado colocar candidatos alemães em altos cargos, defendeu Weber dizendo que a experiência governativa não é tudo, e lembrou que o PPE ainda é o partido mais votado e com mais assentos no Conselho. Ainda assim, de acordo com uma fonte com conhecimento da reunião, a defesa de Angela Merkel não foi um sim definitivo a Weber: “Quando Merkel quer algo, ela demonstra claramente. Neste caso não foi bem assim. Defendeu Weber e o PPE, mas não foi intransigente. Ainda há muito caminho” a fazer, explicou a mesma fonte.

Mas houve mais do que nomes e partidos a separar Angela Merkel e Emmanuel Macron: “Cada um listou os eixos de ação que consideram essenciais. Muitos são semelhantes, mas há uma diferença importante, a reforma da zona euro“, disse outra fonte ao ECO.

Tanto Angela Merkel e Emmanuel Macron explicaram aos jornalistas os eixos de ação que consideram essenciais, como as alterações climáticas, a política de imigração, um novo enfoque na inovação, mas se para Macron (e para os socialistas) o aprofundamento da zona euro é um eixo fundamental, a Alemanha e os países mais conservadores há muito que torcem o nariz às propostas mais importantes. Entre estas estão as que envolvem mais transferências de recursos dos Estados-membros como a Alemanha (a que mais contribui) para resolver crises em países, em especial países como os que já apoiaram durante a recente crise.

Na conferência de imprensa que se seguiu à reunião, Angela Merkel assumiu muito claramente a divergência com Emmanuel Macron: “não é segredo que [Macron] não apoia o sistema do spitzenkandidaten [cabeça-de-lista das principais famílias políticas europeias], mas todos temos que viver com as circunstâncias como elas são. O PPE é o partido mais forte no Parlamento, é óbvio que sozinho não tem maioria, mas cada um de nós tem de pensar bem”.

O perfil do líder que é tudo menos Manfred Weber

O presidente do Conselho Europeu pediu aos líderes dos governos que explicassem o que pretendem no próximo presidente da Comissão Europeia, e o que se seguiu foram perfis de líderes onde se incluem quase todos, menos Manfred Weber, o candidato do centro-direita que foi a família política mais votada.

Para a França, e os liberais aos quais Emmanuel Macron vai juntar o seu partido no Parlamento Europeu, o futuro líder deve ter experiência de governação, tem de ser um líder de consensos que consiga mediar eventuais disputas entre o Conselho Europeu e o Parlamento Europeu, e defender uma agenda de maior integração, o que desclassificaria automaticamente o candidato alemão.

Já os socialistas pedem mais experiência e historial, em altos cargos governamentais e na Comissão Europeia, pedindo também alguém que seja capaz de criar consensos, com uma agenda a favor da integração no que à União Económica e Monetária diz respeito, considerando que Frans Timmermans reúne estes requisitos.

Pelo PPE, Angela Merkel deixou claro que o centro-direita é o partido mais representado, tanto no Conselho como no Parlamento Europeu. Sobre o candidato, diz que a falta de experiência executiva não desclassifica ninguém, mas não foi tão longe como dizer que seria Manfred Weber ou nada.

Mais à esquerda, e praticamente isolado na Comissão Europeia, esteve o primeiro-ministro grego Alexis Tsipras, que é a voz isolada da esquerda unitária no Conselho Europeu e que também tem feito a ponte com os Verdes no Parlamento Europeu. O grego lembrou que o grupo da esquerda unitária, o GUE, está manifestamente contra a nomeação de Manfred Weber, que considera que tem colocado a família política mais à esquerda no mesmo saco que a extrema-direita, ambos como extremistas que não devem ter participação nestas decisões. Tsipras, que vai a eleições a 7 de julho e está muito abaixo da Nova Democracia nas sondagens, ainda votar, caso seja o caso, no próximo Conselho Europeu a realizar em junho.

As equipas que vão negociar

As diferentes famílias políticas vão ter de negociar nas próximas semanas um acordo, até porque é preciso uma maioria qualificada reforçada no Conselho Europeu, ou seja, que 72% dos países, que representem pelo menos 65% da população da União Europeia, para a escolha do novo presidente da Comissão Europeia. Essas equipas já estão escolhidas:

  • PPE (centro-direita): Andrej Plenković (Croácia) e krišjānis kariņš (Letónia)
  • S&D (socialistas): Pedro Sanchéz (Espanha) e António Costa (Portugal).
  • ALDE (Liberais): Mark Rutte (Holanda) e Charles Michel (Bélgica).

Estes grupos terão ainda de consultar com o chamado grupo de Visegrado, que inclui a Hungria, Polónia, República Checa e Eslováquia, para tentar refletir os equilíbrios regionais, já que os países mais a leste têm exigido maior representação nos altos cargos da União Europeia. Mas a negociação com este grupo também tem as suas dificuldades.

  • O partido de Victor Orbán , que lidera a Hungria, está suspenso do PPE e mantém vários diferendos sobre o respeito do enquadramento legal europeu (e já disse que considera Manfred Weber um candidato fraco).
  • O partido do primeiro-ministro da Polónia, Mateusz Morawiecki, está no grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus, uma família de centro-direita, mas mais à direita que o PPE e mais eurocético. Mateusz Morawiecki votou pela Polónia contra a reeleição de Donald Tusk, seu compatriota, enquanto líder do Conselho Europeu.
  • Na República Checa, o bilionário tornado primeiro-ministro populista Andrej Babiš, da família política dos liberais, está envolvido num esquema de corrupção — cujo combate foi a sua principal bandeira na campanha eleitoral — sobre a atribuição de fundos europeus a uma empresa que fundou, além de ser acusado de afastar os responsáveis pela investigação.
  • Na Eslováquia, o primeiro-ministro Peter Pellegrini está integrado no grupo dos socialistas, mas o seu país tem sido significativamente conservador, especialmente nas decisões tomadas no Eurogrupo relativamente aos países resgatados, como foi o caso da Grécia. Pellegrini já tinha experiência governativa, mas só assumiu a liderança do governo eslovaco em 2018.

Para além de consultar estes grupo, os negociadores terão ainda mais dois países na lista que prometem ser tudo menos fáceis. O primeiro deles é a Itália, cujo governo eurocético saiu reforçado das eleições europeias e que exige ter um comissário importante — com a pasta dos Assuntos Económicos ou da Concorrência. A Itália é a terceira maior economia da zona euro e o quarto país (se incluirmos o Reino Unido) com a mais população da União Europeia, cerca de 12%.

No caso da Grécia, o único representante da esquerda unitária, a posição é simples: Manfred Weber não. Alexis Tsipras irá servir, enquanto for primeiro-ministro, de representante do grupo mais à esquerda no Parlamento e o seu candidato é o socialista Timmermans. Apesar de ter tido contactos com António Costa e Pedro Sanchéz antes das eleições, depois de se saber do resultado eleitoral e do pedido de eleições antecipadas na Grécia, nem telefonemas, nem sequer uma reunião bilateral teve na terça-feira em Bruxelas com os socialistas que pediam o seu apoio.

Exercer poder sem criar um conflito institucional

Os líderes das principais famílias políticas no Parlamento Europeu — não foi o caso dos liberais — expressaram o seu apoio ao processo do spitzenkandidaten e o Conselho Europeu tomou nota, mas sem matar de vez o processo para evitar um conflito institucional com o Parlamento Europeu, mas chamou a si, de forma inequívoca, a responsabilidade de escolher o líder da Comissão Europeia e do Conselho Europeu.

Foi isso mesmo que Donald Tusk foi dizer aos jornalistas no final da reunião dos líderes: “A discussão de hoje [terça-feira] confirmou o acordo dos líderes em fevereiro do ano passado, de que o Conselho Europeu vai exercer o seu papel na eleição do presidente da Comissão, ou seja, em concordância com os tratados, que não pode haver ‘automaticidade’. Ao mesmo tempo, ninguém pode ser excluído. Ser um cabeça-de-lista não é uma característica que desclassifique, pelo contrário, pode aumentar as suas hipóteses”.

O polaco que preside ao Conselho Europeu lembrou que quem propõe é o Conselho Europeu, e depois quem elege é o Parlamento Europeu, e que mesmo dentro do Conselho Europeu tem de haver uma maioria qualificada. Mas quando fugiu ao discurso escrito, Donald Tusk foi mais longe na mensagem passada às famílias políticas no Parlamento: “as obrigações dos tratados são mais importantes que ideias ou invenções políticas”.

Vestager ganha força

Com Angela Merkel e Emmanuel Macron às avessas, a liberal Margrethe Vestager ganha força como candidata à liderança da futura Comissão Europeia. Em parte, devido a este diferendo: “se não for um francês, a Alemanha também não imporá um alemão, caso contrário o mesmo acontece no BCE”, admitiu uma fonte.

Estes dois líderes podem forçar as suas posições ou chegar a um meio-termo. E esse meio-termo pode muito bem ser Margrethe Vestager, uma líder forte como descreveu o primeiro-ministro do Luxemburgo, com experiência na Comissão e no Governo como pediam liberais e socialistas, e que não seja de nenhuma das duas famílias políticas mais votadas.

Além disso, MargretheVestager ganhou um apoio que não tinha até esta terça-feira, o do seu próprio país. O primeiro-ministro dinamarquês, antigo adversário político de Vestager, defendeu que a comissária da Concorrência tem o perfil para liderar a Comissão Europeia, algo que não tinha feito até agora.

Mas ainda há muito caminho para fazer. Mesmo que o acordo dê a liderança da Comissão Europeia aos liberais, Vestager (que tem a simpatia, mas não o apoio de Angela Merkel) tem ainda contra si não ser oriunda de um país da zona euro, algo que alguns líderes torcem o nariz.

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