Governo não pode tomar “decisões economicamente irracionais” na compra de veículos, diz Apetro

  • Lusa
  • 23 Maio 2019

O secretário-geral da Apetro defende que, no que diz respeito às tecnologias disponíveis para automóveis, ainda não existe uma solução ideal.

A Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (Apetro) afirmou esta quinta-feira que percebe que o Governo “possa forçar um bocadinho em determinadas direções” em relação à opção pelo automóvel elétrico, mas não pode tomar “decisões economicamente irracionais”.

“Percebo que o Governo queira dar o exemplo, dentro do Estado, que, por vezes, possa forçar um bocadinho em determinadas direções, mas não deve ser levado a um extremo que leve a decisões economicamente irracionais”, afirmou esta quinta-feira o secretário-geral da Apetro, António Comprido, num encontro com jornalistas.

Questionado sobre as afirmações do ministro do Ambiente, Matos Fernandes, que declarou o fim da era do diesel, o porta-voz das empresas petrolíferas defendeu que a escolha deve ser decidida “segundo critérios de racionalidade económica e não de ditar uma tecnologia em detrimento das outras”.

“Um técnico de uma instituição pública que percorra muitas dezenas de quilómetros por ano neste país é evidente que a solução económica e tecnicamente mais fiável continua a ser um carro a gasóleo. Neste momento, dentro das tecnologias disponíveis, não há uma que se diga ‘é a solução’“, declarou, contrapondo que em casos em que a deslocação se faz dentro de uma cidade “se calhar o carro elétrico” faz sentido.

A Apetro reúne as principais empresas petrolíferas que atuam no mercado português, nomeadamente a BP, Cepsa, Galp, Repsol, a Prio, a OZ Energia, a Rubis Gás, a CLC, a CLCM, a Saaga, a Sintética, Spinerg e Total.

Depois das declarações do ministro do Ambiente no final de janeiro, foi notícia a aquisição pelo Turismo de Portugal de 46 carros a diesel por considerar que ainda é “‘a opção mais racional’ tendo em conta o rácio custo/benefício e a rede de abastecimento elétrica insuficiente que existe no território português”.

Em reação, o Turismo de Portugal esclareceu que “o procedimento de contratação de veículos em regime AOV [Aluguer Operacional de Veículos] foi iniciado no começo de 2017”, sendo que, nessa altura, se concluiu que “a autonomia dos veículos elétricos disponíveis no mercado inviabilizaria a respetiva utilização” pelos seus serviços. “Os preços das viaturas também implicariam um gasto mais elevado do que aquele que foi aprovado”, refere na nota.

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Oeiras quer ser a Silicon Valley portuguesa. Vai investir 400 milhões

  • Lusa
  • 23 Maio 2019

A Câmara de Oeiras vai construir no concelho o "Oeiras Valley", um "ecossistema único para negócios, ciência e tecnologia". O projeto prevê ainda a construção de imóveis para venda e arrendamento.

A criação de um “ecossistema único para negócios, ciência e tecnologia” é o objetivo do programa “Oeiras Valley”, lançado oficialmente esta quinta-feira pelo município, que deverá constituir uma agência municipal para concretizar a ambição no terreno.

“Tenho vindo a defender, há largos anos, a ideia de que Oeiras reúne todas as condições para ser uma espécie de Silicon Valley portuguesa. E é dessa forma que nós queremos realizar este sonho”, afirmou o presidente da câmara, Isaltino Morais. O autarca, que falava no auditório do Templo da Poesia, no Parque dos Poetas, em Oeiras, acrescentou que o lançamento do programa é a concretização de uma visão para “um município mais moderno, mais inteligente, mais desenvolvido, mais internacional e inclusivo”.

O lançamento do programa terá, no entanto, “os munícipes e os cidadãos no centro” de um novo ciclo de desenvolvimento do município, que permita criar em Oeiras o “maior viveiro de inovação, ciência, criatividade e tecnologia em Portugal”, salientou Isaltino Morais.

O presidente da autarquia notou que Oeiras se encontra bem posicionado para atingir o objetivo a que se propõe, uma vez que é o segundo município a nível nacional “com maior volume de negócios das empresas não financeiras”, concentrando um elevado número de empresas do setor das tecnologias de informação e comunicação (TIC). “O nosso município concentra 10,8% das empresas deste setor existentes na Área Metropolitana de Lisboa”, frisou o eleito por um movimento independente, nomeando a escolha da Cisco, da HP e da Google para fazer de Oeiras “a sua casa”.

Apesar de o município ter sido pioneiro na criação de parques empresariais, científicos e tecnológicos, como Taguspark, Quinta da Fonte e Lagoas Park, Isaltino Morais ambiciona atrair mais investimento para o concelho, que possibilite a Oeiras afirmar-se como “primeiro município português na área da ciência” e reforçar o seu papel nas exportações. Para atingir os objetivos do programa, a autarquia assume a necessidade de apostar em políticas de desenvolvimento económico e social, e na melhoria da mobilidade, devido aos problemas reconhecidos na área dos transportes.

O município, além do lançamento de um programa de bolsas que permita aos jovens do concelho aceder ao ensino universitário, propõe-se a ajudar os empresários a ultrapassar as dificuldades burocrática através da constituição de uma “agência ou empresa” de âmbito municipal que dinamize o desenvolvimento do “Oeiras Valley”.

“O ponto de partida já é muito elevado, praticamente 13% do PIB é gerado aqui em Oeiras. A fasquia já é muito alta e, portanto, o crescimento a partir de agora tem de ser mesmo muito qualitativo e há áreas aqui nos estão a criar alguns problemas“, frisou Isaltino Morais, em declarações à Lusa, apontando para a acentuada falta de investimento nos transportes.

O município contribuirá com um investimento global de 400 milhões de euros para facilitar a concretização do programa “Oeiras Valley”, que contará com uma aposta em outras áreas, como a habitação, com a construção prevista de fogos para venda e arrendamento. Para o presidente da autarquia, o programa demonstra um grande empenhamento da câmara e que “não se está a dormir à sombra dos louros”.

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Seguro à habitação com atualização automática do valor do imóvel

  • ECO Seguros
  • 23 Maio 2019

O valor dos imóveis objeto do seguro à habitação passa a ser automaticamente atualizado, de acordo com indicadores publicados pela supervisão.

No seguro de riscos relativos à habitação o valor do imóvel seguro passa a ser automaticamente atualizado, de acordo com os índices publicados pelo supervisor do sector, a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões, ASF.

Na norma regulamentar que fixa a atualização automática, a ASF explica que os índices por si publicados “têm como objetivo fornecer aos consumidores de seguros um valor de referência que contribua para evitar, de forma expedita, a desatualização dos capitais seguros no âmbito de contratos que cobrem riscos relativos ao imóvel”.

A ASF avisa, entretanto, que cabe aos tomadores de seguros certificar-se dos valores a segurar,
“tendo em conta, entre outras, as eventuais variações regionais face aos índices de âmbito nacional e as alterações dos bens seguros”.

Os índices a considerar nas apólices com início ou vencimento no terceiro trimestre de 2019 são os seguintes:

Índice de Edifícios (IE) – 387,73
Índice de Recheio de Habitação (IRH) – 269,81
Índice de Recheio de Habitação e Edifícios (IRHE) – 340,56

(Base 100: primeiro trimestre 1987)

Pode consultar a Norma Regulamentar n.º 4/2019-R, de 16 de maio de 2019.

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Câmara de Lisboa gastou ilegalmente quatro milhões de euros em obras sem concurso

  • ECO
  • 23 Maio 2019

Fiscalização do Tribunal de Contas concluiu que a Câmara de Lisboa aprovou empreitadas como trabalhos "suplementares", quando não o eram. CML falhou ao não recorrer a concurso público.

A Câmara de Lisboa gastou, ilegalmente, quatro milhões de euros em obras públicas feitas sem recorrer a concurso, concluiu o Tribunal de Contas (TC) após uma fiscalização, citado pela TSF. De acordo com o relatório, os responsáveis pelas obras incluem vereadores que aprovaram partes desses contratos públicos. A autarquia já informou que vai recorrer da decisão do TC.

A fiscalização analisou três empreitadas e concluiu que os trabalhos que a câmara classificou como trabalhos “a mais”, “suplementares” e, em alguns casos, para resolver “erros ou omissões”, não o eram na realidade, violando, assim, o Código dos Contratos Públicos. Não dependeram de “circunstância imprevista”, como defendia a autarquia.

Em causa está a falta de concursos públicos para avançar com estas obras, relativas a pavimentos e estruturas de drenagem da cidade — despesas ilegais de cerca de 1,3 milhões de euros — e outras duas para recuperar arruamentos e infraestruturas de saneamento nas zonas sul e norte de Lisboa — 1,1 e 1,4 milhões de euros, respetivamente.

Entre os responsáveis estão vereadores que aprovaram parte desses contratos em reunião de câmara, mas também dois chefes de divisão, uma diretora municipal e engenheiros. Estes podem incorrer em multas entre os 2.550 e os 18.360 euros.

Numa nota enviada à TSF, a câmara de Lisboa já informou que vai recorrer da decisão do TC, garantindo que lança concurso para todas as obras e que era “impossível abrir concurso público específico para cada arruamento ou pavimentação pois uma cidade como Lisboa tem milhares de ruas para reparar”.

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Como o RGPD mudou a vida de empresas como a EDP, CGD e até o Metro

Um ano depois da entrada em vigor do RGPD, o ECO foi saber o que mudou nas empresas portuguesas, das pequenas às grandes, como EDP, Galp ou CGD. Todas se queixam da burocracia e do aumento de custos.

Se por um lado o Regulamento Geral da Proteção de Dados (RGPD) trouxe aos utilizadores um maior controlo da privacidade dos dados pessoais, por outro trouxe às empresas mais burocracia e encargos financeiros. A alteração da cultura interna das empresas, com a mudança de processos e metodologias, e a contratação de um Encarregado de Proteção de Dados, a pessoa responsável pela proteção de dados (ou DPO na sigla em inglês, de Data Protection Officer) foram algumas das consequências mais significativas da aplicação do RGPD.

O RGPD, aplicável a todos os Estados membros da União Europeia, provocou, há cerca de um ano, alguma agitação no tecido empresarial. As empresas ouvidas pelo ECO fazem um balanço positivo da implementação do regulamento, embora apontem o aumento significativo da sobrecarga burocrática sobre a sua atividade. “Houve uma evidente alteração de processos operacionais nos Contact Centers”, exemplifica Jorge Pires, da Associação Portuguesa de Contact Centers (APCC).

As empresas tentaram preparar-se atempadamente para a entrada em vigor da legislação, sobretudo tendo em conta “a extrema complexidade e variedade do conjunto de normas que engloba uma manutenção de alerta permanente nas suas operações”, sublinha Jorge Pires. Mas, apesar da preparação prévia, Cristina Máximo dos Santos, DPO da CGD, conta que a Caixa também passou pela alteração de alguns processos. “Instituiu-se um modelo de governo para atribuição de responsabilidades nesta matéria e alteraram-se alguns processos de gestão e decisão. A proteção de dados passou a estar envolvida desde a conceção dos produtos e à fase da sua comercialização, de modo a que os clientes percecionem a criação de valor e a qualidade do serviço que a CGD lhes presta”, refere.

Para o grupo Jerónimo Martins a aplicação do regulamento não implicou alterações disruptivas, porque não houve uma mudança significativa dos principais processos, uma vez que que a proteção de dados já era uma preocupação das empresas do grupo. Contudo, as empresas de Soares dos Santos também sentiram um aumento do peso da burocracia. “O regulamento obriga a um maior esforço na documentação de atividades, e por isso mesmo verificamos um peso acrescido no trabalho administrativo e processual”, salienta fonte oficial do grupo de distribuição alimentar.

Para além desta sobrecarga burocrática, a aplicação do RGPD está a ser encarada por algumas empresas como uma oportunidade para mudar a cultura interna. É o caso da Galp. O diretor de assuntos jurídicos da petrolífera refere que esta alteração foi uma forma de “repensar os processos e criar novas formas de negócio em conjunto com os clientes e parceiros”. O que mudou? Rui Neves frisa que o RGPD “acabou por permitir melhorar processos e implementar novas soluções que robustecem a proteção dos dados pessoais”.

É notório que a proteção de dados, face às características da moderna sociedade digital, é cada vez mais um tema de maior relevância social, um pouco por todo o mundo.

Cristina Máximo dos Santos

DPO da CGD

A opinião é unânime. Todas as empresas ouvida pelo ECO fazem um balanço positivo, mas têm consciência “que se trata de um trabalho permanente, com inúmeras dificuldades”. “Exige a interiorização de uma cultura mais rigorosa no relacionamento com os titulares dos dados”, acrescenta a DPO da CGD. Também o diretor de organização e sistemas de informação do grupo Lusíadas Saúde, Luís Vaz Henriques, considera que a aplicação do RGPD “não terminou” e que se trata de “um processo de melhoria contínua”.

Apesar da relevância e da maior consciência da sociedade da importância de proteger os dados pessoais, Cristina Máximo dos Santos considera que, em Portugal, continua a ser necessário algum trabalho de sensibilização sobre esta matéria. Na visão da EDP, “o RGPD pretende essencialmente dar, ou devolver, aos titulares um maior controlo sobre os seus dados e sobre a forma como são tratados”. “Neste contexto, genericamente, parece-nos que esse desígnio terá sido alcançado”, defende a diretora de auditoria da empresa, Azucena Hernandez. Para o grupo hoteleiro Vila Galé, “mesmo antes da entrada em vigor do RGPD, sempre houve preocupação em ter infraestruturas informáticas robustas, que garantissem a qualidade dos dados e a deteção de violações, internas ou externas”. As opiniões não se dividem e neste ponto sai reforçada a ideia de que, nos dias de hoje, a privacidade dos dados pessoais é cada vez maior.

O regulamento vem promover maior transparência das empresas face aos titulares, pelo que consideramos que gerou uma maior consciencialização coletiva da importância da privacidade.

Grupo Jerónimo Martins

Desde que o RGPD entrou em vigor, o Vila Galé, “tem vindo a registar um aumento do número de solicitações relacionadas com o exercício dos direitos sobre os dados pessoais (transparência, acesso, retificação, esquecimento, etc.) e um aumento nos contactos diretos dos nossos clientes com o nosso Encarregado de Proteção de Dados, que acompanha a implementação e manutenção do RGPD”, avança fonte oficial.

RGPD obrigou a investimentos “consideráveis”

As empresas ouvidas pelo ECO reconhecem que o novo regulamento acabou por ter um impacto financeiro e foi necessário realizar alguns investimentos. “Em média, foram consideráveis”, admite Jorge Pires. “Quer no plano do estudo prévio da legislação, quer na consultoria de implementação”, refere.

A encarregada de Proteção de Dados da CGD reconhece que as alterações regulatórias, como é o caso do RGPD, têm sempre impacto financeiro, nomeadamente “os desenvolvimentos informáticos que se fizeram e estão a ser efetuados no contexto da transformação digital”, exemplifica. Na Galp, “o impacto foi significativo, tanto em termos de recursos humanos como de sistemas“, diz o diretor de assuntos jurídicos. E no grupo Jerónimo Martins a aplicação do regulamento também envolveu algum investimento, nomeadamente nas “ações de formação desenvolvidas, na documentação produzida e nas pequenas alterações de processo”.

Na imobiliária Century 21 foi necessário um investimento inicial significativo para adaptar a plataforma informática, formar a rede de agentes e normalizar os templates de documentos utilizados pela marca. “As primeiras semanas foram muito intensas, para conseguirmos as devidas autorizações dos clientes e dos contactos em base de dados, mas sem dúvida que o balanço é muito positivo”, conta o presidente executivo da empresa, Ricardo Sousa.

Já os Metros de Lisboa e do Porto ainda não conseguiram fazer o balanço do impacto financeiro total. “Poderá ser ainda necessário realizar mais investimentos para além dos custos de alocação de recursos internos”, justifica fonte oficial do Metro de Lisboa.

Quase todas as empresas de média e grande dimensão, optaram pela nomeação de um DPO ou, em alternativa, contrataram esse serviço em regime de outsourcing.

Jorge Pires

Associação Portuguesa de Contact Centers

Um dos custos inerentes à entrada em vigor do RGPD foi a obrigação — para algumas empresas — de ter um Encarregado de Proteção de Dados ou DPO. Esta figura pode ser nomeada internamente ou contratada. Segundo Jorge Pires, da Associação Portuguesa de Contact Centers, “quase todas as empresas de média e grande dimensão, optaram pela nomeação de um DPO ou, em alternativa, contrataram esse serviço em regime de outsourcing”.

Para além da APCC, empresas como a Galp, o Metro de Lisboa e Porto, a EDP, a CGD, o grupo Lusíadas Saúde, o grupo hoteleiro Vila Galé e o grupo Jerónimo Martins nomearam também um DPO tendo em conta a complexidade da função. Segundo a Encarregada de Proteção de Dados da CGD, a missão de um DPO é de “indiscutível importância”. Tanto para a CGD como para o Metro de Lisboa, “o DPO tem tido um papel muito relevante no desenvolvimento do plano de implementação do RGPD”.

O Grupo Lusíadas Saúde optou por contratar um DPO internacional que acompanha os vários países onde o Grupo UnitedHealth está presente. O Encarregado de Proteção de Dados foi nomeado a partir dos EUA, tendo em conta que é a figura que “mantém um alinhamento entre o RGPD e a equipa que define as políticas de segurança, designada de EIS (Enterprise Infomation Security), onde a implementação do framework internacional HITRUST, agrega além do RGPD outras normas internacionais de segurança da informação e saúde”, salienta o diretor de organização e sistemas de informação do grupo, Luís Vaz Henriques.

O DPO tem tido um papel muito relevante no desenvolvimento do plano de implementação do RGPD do Metro de Lisboa.

Fonte oficial do Metro de Lisboa

Em contra corrente, a imobiliária Century 21 optou por não nomear um DPO. Apesar de a figura não existir, o CEO da empresa refere que “existe um departamento com a responsabilidade de verificação de todo o processo interno”.

As empresas obrigadas a ter um Encarregado de Proteção de Dados são todas as que tratem dados sensíveis em grande escala como atividade principal, todos os organismos públicos “exceto tribunais no exercício da sua função jurisdicional” e empresas que façam o “controlo regular e sistemático” dos titulares dos dados, como é o caso do Facebook, por exemplo.

Comissão de Proteção de Dados, mais que um mero fiscalizador

A Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) desempenha um papel relevante, de acordo com as empresas ouvidas pelo ECO. Não só por garantir os direitos dos cidadãos em matéria de privacidade, mas “também por gerar um ambiente competitivo equilibrado entre as empresas através da exigência de cumprimento por todos das obrigações legais de proteção de dados“, conclui o diretor de assuntos jurídicos da Galp.

Seria importante ser definido um modelo claro do que devem ser as evidências num processo de fiscalização.

Luís Vaz Henriques

Diretor de organização e sistemas de informação do grupo Lusíadas Saúde

Já Luís Vaz Henriques entende que o papel da CNPD vai para lá de mero fiscalizador e refere a necessidade de existir uma lista de parâmetros (lista de evidências) a serem auditados. “Seria importante ser definido um modelo claro do que devem ser as evidências num processo de fiscalização”, conclui o diretor de organização e sistemas de informação do grupo Lusíadas Saúde.

A falta de clareza nas regras é reconhecida pela própria Comissão Nacional de Proteção de Dados. Por exemplo, no que diz respeito às clínicas e consultórios médicos não é necessário pedirem aos pacientes consentimento para tratar dados de saúde. “Há uma má compreensão por parte das clínicas e consultórios médicos de que é preciso recolher o consentimento para tratar os dados de saúde. Isso não é verdade”, afirmou a presidente da Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD), Filipa Calvão, à Lusa, frisando que esses pedidos resultam de uma interpretação errada do RGPD. Apenas se impõe a necessidade de consentimento para o tratamento desses dados para efeitos de ‘marketing’.

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Guardiola já terá acordo com Juventus: 24 milhões por ano

  • ECO
  • 23 Maio 2019

Treinador deve assinar contrato a 4 de junho e será apresentado dia 14. Segundo agência de notícias italiana AGI, Guardiola vai ganhar 24 milhões de euros por ano na Juventus, de Cristiano Ronaldo.

Pep Guardiola já terá chegado a acordo com a Juventus para ser o próximo treinador dos bianconeri. O espanhol irá assinar um contrato válido por quatro anos para treinar os campeões italianos, recebendo cerca de 24 milhões de euros por temporada, avança a agência de notícias italiana AGI.

Segundo a mesma fonte, a ligação entre as partes será assinada a 4 de junho e Guardiola apresentado no dia 14 de junho. O espanhol será assim o sucessor de Massimilliano Allegri, que anunciou ir deixar o comando técnico da equipa de Cristiano Ronaldo, ao final de cinco épocas.

Pep Guardiola já treinou Barcelona, Bayern de Munique e Manchester City, tendo sido campeão por todos os clubes. O desafio em Itália, contudo, é sobretudo ganhar a Liga dos Campeões, grande sonho dos bianconeri que não têm sofrido com muita concorrência na Serie A.

Já de acordo com o inglês The Sun, o Manchester City tem rotulado a notícia de ridícula, escusando-se aliás nesse adjetivo para “nem comentar” o noticiado em Itália.

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Farfetch abre 36 vagas para programa de estágios remunerados em Lisboa, Porto e Braga

As candidaturas estão abertas até ao próximo dia 30 de junho e podem ser feitas através do site da própria empresa. Já os estágios, em Lisboa, Porto e Braga, têm a duração de seis meses.

Vem aí mais uma edição do programa de estágios remunerados PLUG-IN da Farfetch. A plataforma da indústria da moda de luxo vai lançar, ainda este ano, um total de 36 vagas para recém-graduados nas áreas de tecnologia e de produto. As candidaturas estão abertas até ao próximo dia 30 de junho, avança a empresa em comunicado.

Dentro da área da tecnologia, a empresa liderada por José Neves está a recrutar para funções de information systems, security, architecture, infrastructure e engineering, enquanto as vagas para a área de produtos dizem respeito a product design, back office products, product general, product analytics e product data science.

As candidaturas àquela que é já a quarta edição do PLUG-IN terminam no final de junho e podem ser feitas através do site da empresa. Os estágios, com a duração de seis meses, têm início marcado para setembro nos escritórios da Farfetch em Lisboa, Porto e Braga. De acordo com a empresa, será meio ano de “contexto real de desenvolvimento de projetos, com um acompanhamento muito próximo de especialistas de diversas áreas da Farfetch”.

Para além da fase de avaliação inicial, da qual faz parte a análise de perfil e uma primeira entrevista, este ano, “o processo de seleção inclui um hackathon, um evento de um dia, em formato de design thinking sprint, que será realizado nos escritórios no Porto e em Lisboa, e nos qual os candidatos terão de dar resposta a desafios técnicos”, explica a Farterch.

O CTO da Farfetch diz que os seis meses de estágio são uma “oportunidade de aprender com mentores, integrar equipas internacionais, desenvolver competências técnicas e, ao mesmo tempo, passar por experiências pessoais muito ricas”.Farfetch

Olhando para as três edições anteriores do programa de estágios, 104 dos trainees que participaram ficaram a trabalhar na Farfetch. “É uma taxa de sucesso de 95% e estamos a falar de um programa intensivo, exigente e tecnicamente muito desafiante”, afirma Ana Sousa, vice-presidente dos recursos humanos da empresa.

Cipriano Sousa, CTO da Farfetch, refere, ainda, que o programa PLUG-IN dá aos participantes “a possibilidade de sair da universidade e entrar diretamente numa experiência profissional, na qual têm a oportunidade de ser desafiados, aprender e participar no desenvolvimento de uma plataforma tecnológica verdadeiramente global”.

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Tensões comerciais sem fim à vista preocupam investidores. Nasdaq cai mais de 1%

Os investidores temem a retaliação da China pelas sanções impostas pelos EUA a empresas tecnológicas. Os índices de referência registam perdas de 1%.

Wall Street prolonga as perdas da última sessão, enquanto persistem os medos em torno da guerra comercial. Com a Huawei na “lista negra” das exportações dos EUA e outras empresas chinesas na mira para sanções semelhantes, os investidores estão preocupados com a retaliação da China. Os índices registam quedas próximas de 1% no arranque desta sessão.

O Nasdaq é dos índices mais penalizados com estas restrições, que são impostas sobre empresas tecnológicas. Recua 1,14% para os 7.662,87 pontos, com cotadas como a Apple a cair 1,54% para os 179,96 dólares. A Alphabet, dona da Google, e a Amazon não escapam. Descem 0,68% e 1,12%, respetivamente.

“Isto já evoluiu para uma guerra comercial mais ampla. Inicialmente, tratavam-se de tarifas e retaliações, agora estamos a falar sobre banir empresas e as perspetivas a curto prazo não parecem muito favoráveis”, aponta Scott Brown, economista-chefe da Raymond James, à Reuters (acesso livre).

As cotadas mais expostas às tensões comerciais registam também quedas, desempenhos que pressionam os índices. A Boeing, uma das maiores exportadoras dos Estados Unidos, recua 2,56% para os 343,66 dólares, e a multinacional Caterpillar desliza 1,17% para os 122,12 dólares.

Perante estas incertezas, o industrial Dow Jones derrapa 0,96% para os 25.530,24 pontos, enquanto o S&P 500 cai 0,86% para os 2.831,61 pontos.

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Regulador mudou. Apetro ataca aumento de custos para as petrolíferas

  • Lusa
  • 23 Maio 2019

Transferência de competências de regulação dos combustíveis para a ERSE "não devia implicar a necessidade de um custo adicional", diz a associação que representa as petrolíferas.

A Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (Apetro) afirma que a transferência de competências de regulação dos combustíveis para a ERSE “não devia implicar a necessidade de um custo adicional”, que é suportado pelas empresas desde sábado.

“Quando se transferem competências da ENMC [Entidade Nacional para o Mercado de Combustíveis] para a ERSE [Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos] na realidade não devia implicar a necessidade de um custo adicional, porque se cada vez que a administração pública decide fazer transferências de competências de um órgão para o outro cria taxas adicionais para financiar”, afirmou o secretário-geral da Apetro, António Comprido, num encontro com jornalistas.

De acordo com o diploma publicado na sexta-feira em Diário da República, o financiamento da nova atividade da ERSE “advirá da cobrança de uma contribuição regulatória, com periodicidade trimestral, às entidades que introduzam produtos de petróleo, nomeadamente gasolinas, gasóleos e gases de petróleo liquefeito no mercado nacional”, calculado com base nas quantidades de petróleo introduzidas no mercado nacional no trimestre anterior, em toneladas.

A contribuição sobre a gasolina é de 0,129 euros por tonelada ou fração, no caso do gasóleo é de 0,121 euros por tonelada ou fração e para os gases de petróleo de 0,131 euros por tonelada ou fração.

De acordo com as contas feitas pela Apetro “nas costas de um envelope”, a nova contribuição – com base nos consumos de 2018 – representa cerca de 700 mil de euros, mas António Comprido admite que possa atingir um valor superior.

“É um custo novo [para as empresas]. Em termos relativos unitários, por litro, é um valor muito pequenino. Dará menos de uma décima de cêntimo o impacto. Em termos de custo de produto vai representar um acréscimo, mas que em termos unitário é muito pouco significativo”, refere António Comprido.

Já sobre o novo modelo de regulação, o secretário-geral da Apetro disse que “não é normal que a indústria dos combustíveis esteja debaixo da mesma tutela da eletricidade e do gás natural”, mas a associação diz que “aceita” a decisão política.

Para o responsável, “o mérito principal que este novo arranjo tem é o de ter clarificado quem regula, quem fiscaliza e quem licencia, em linhas muito simples. Temos uma DGEG [Direção Geral de Energia e Geologia] que licencia, uma ENSE [Entidade Nacional para o Setor Energético, ex-ENMC] que fiscaliza e uma ERSE que regulamenta”.

“As coisas ficam mais arrumadas”, lançou, mas “para os operadores é muito mais complicado, porque têm que lidar com três entidades em vez de só com uma”.

“As interfaces nem sempre estão claramente definidas e há algumas lacunas, mas isso – quero acreditar – que com o tempo vão mudando”, acrescentou.

O modelo de financiamento da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) para alargar a sua área de atuação aos combustíveis e gás de botija entrou em vigor no sábado e prevê uma contribuição a pagar pelas entidades do setor.

A Apetro reúne as principais empresas petrolíferas que atuam no mercado português.

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Altice garante que segurança da rede SIRESP não será posta em causa

  • Lusa
  • 23 Maio 2019

Alexandre Fonseca, presidente da Altice Portugal, recusou falar como acionista e remeteu as perguntas sobre a negociação relativamente ao SIRESP para o Governo.

O presidente da Altice Portugal, Alexandre Fonseca, garante que a segurança na rede do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP) não será posta em causa, apesar da negociação que ainda decorre com o Governo.

“No que depende da Altice Portugal com certeza que tudo faremos para garantir, também no âmbito da nossa prestação de serviços à SIRESP, todas as condições de segurança que são possíveis nesta rede, que aliás sempre esteve à altura das expectativas que estavam criadas”, afirmou.

Alexandre Fonseca falava na Covilhã, distrito de Castelo Branco, à margem da cerimónia de inauguração do projeto de infraestruturação em fibra ótica de nova geração que abrange seis concelhos da zona da serra da Estrela.

Questionado pelos jornalistas sobre o processo negocial que decorre no âmbito do SIRESP, Alexandre Fonseca recusou falar como acionista e remeteu as perguntas sobre a negociação para o Governo.

Já na qualidade de representante do fornecedor tecnológico deste sistema, e apesar de estar em causa uma empresa 100% privada, sublinhou que a Altice Portugal “reconhece a importância do serviço que presta e da natureza quase pública de alguns serviços”.

“Nessa perspetiva e no que depender da Altice Portugal, [a empresa] nunca deixará que os portugueses fiquem em situações de insegurança por serviços que estejam à nossa guarda ou que estejam a ser prestados por nós”, referiu.

O Governo “tem prosseguido negociações regulares com os acionistas privados” do SIRESP, sendo que, no dia 15 de maio, o ministro da Administração Interna manifestou confiança de que seja encontrada uma “solução nos próximos dias” para essas negociações.

A informação chegou depois de o primeiro-ministro, António Costa, ter afirmado em plenário da Assembleia da República que o objeto da negociação que está em curso poderá passar pela aquisição da posição acionista por parte do Estado no SIRESP.

A SIRESP é detida em 52,1% pela PT Móveis (Altice Portugal), 33% pela Parvalorem (Estado) e 14,9% pela Motorola Solutions.

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BCE arrasa reforma da supervisão de Centeno. Leia aqui o parecer

São várias as críticas do BCE à proposta da reforma da supervisão financeira em Portugal. Desde logo, porque poderá criar pressão política extra sobre o governador do Banco de Portugal.

O Banco Central Europeu (BCE) já tem parecer sobre a proposta sobre a reforma da supervisão financeira. E a avaliação está longe de ser positiva, com a instituição a deixar uma longa lista de reparos às mudanças que se pretende introduzir na arquitetura de supervisão do sistema financeiro em Portugal. E fá-lo desde logo porque em muitos casos vai contra as próprias regras europeias, como é o caso da nomeação e exoneração do governador do Banco de Portugal, que passa a estar sobre “pressão adicional” com o novo enquadramento legal, segundo o BCE.

A reforma da supervisão foi lançada em 2017 por Mário Centeno e o projeto legislativo está agora nas mãos do Parlamento.

Entre outros, a proposta prevê a criação do Conselho Nacional dos Supervisores, que ficará com a competência macroprudencial até agora nas mãos do Banco de Portugal, autonomiza a autoridade de resolução, que também está atualmente na esfera do banco central português. Traz também mudanças no processo de designação e afastamento do governador do Banco de Portugal. E é aqui que começam as primeiras dúvidas do BCE.

O BCE foi o último a pronunciar-se sobre o tema e o parecer não é vinculativo. Já antes, Banco de Portugal, Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e Autoridade de Supervisão dos Seguros e Fundos de Pensões (ASF) também já criticado a proposta.

Dúvidas em torno do governador do Banco de Portugal

Os reparos começam logo em torno da figura do governador do Banco de Portugal, nomeadamente quanto à duração do mandato.

A proposta do Governo estabelece um mandato de sete anos, “superior à duração mínima de cinco anos exigida” pelos estatutos do Sistema Europeu dos Banco Centrais. Mas a “disposição relativa à designação do governador de entre um dos membros do conselho de administração do Banco de Portugal durante o seu mandato não é compatível com os estatutos do Sistema Europeu dos Bancos Centrais”, refere o BCE no parecer a que o ECO teve acesso e que foi inicialmente divulgado pelo Observador (acesso livre).

Logo a seguir explica: “Dado que o período remanescente da duração inicial do mandato do antigo membro do conselho de administração do Banco de Portugal (designado como governador) pode ser inferior a cinco anos, a duração mínima do mandato prescrita pelos estatutos do Sistema Europeu dos Bancos Centrais não seria respeitada. Em consequência, (…) a proposta de lei tem de ser alterada para garantir que a duração do mandato não pode ser inferior a cinco anos”.

As observações do BCE sobre o governador do Banco de Portugal são ainda mais longas quando analisa as mudanças no processo de exoneração e nomeação.

A proposta do Governo procede a algumas alterações neste capítulo, mas a autoridade europeia diz que não se pode ir além do que as regras dos bancos centrais já estabelecem.

“Um governador só pode ser exonerado se ‘deixar de preencher os requisitos necessários ao exercício das [suas funções] ou se tiver cometido falta grave’. O BCE é da opinião que os conceitos subjacentes às circunstâncias em que um governador pode ser exonerado são conceitos autónomos do direito da União, cuja aplicação e interpretação não dependem de um contexto nacional”, diz BCE.

A proposta deixa em aberto a possibilidade de a nomeação do governador ter de ser confirmada por um recém-eleito Governo nos casos em que essa eleição tenha ocorrido nos últimos seis meses do mandato anterior. O BCE nota que “a falta dessa confirmação produziria efeitos equivalentes à exoneração do governador com um fundamento diferente dos previstos no artigo 14.º-2 dos Estatutos do Sistema Europeu de Bancos Centrais [o que estabelece os motivos para a exoneração], em especial dado que, nesses casos, o desiderato de salvaguardar a liberdade do governador face a influência política deixaria de poder ser alcançado”.

Por outro lado, uma vez que também a Assembleia da República poderá propor ao Conselho de Ministros a cessação do mandato do governador, algo que está dentro dos estatutos do Sistema Europeu dos Bancos Centrais, “esta disposição pode criar um nível suplementar de pressão política sobre o exercício das responsabilidades do governador”.

Uma última crítica do BCE que precisa de clarificação: “A Lei Orgânica do Banco de Portugal é incompatível com os Estatutos do Sistema Europeu dos Bancos Centrais, na medida em que prevê que o mandato do governador pode cessar em caso de fusão ou cisão do Banco de Portugal. Independentemente de o Banco de Portugal ser objeto de um processo de reestruturação, o governador só pode ser exonerado se deixar de preencher os requisitos necessários ao exercício das suas funções ou se tiver cometido falta grave.

Financiamento da Autoridade da Concorrência é ilegal

O Banco de Portugal já tinha alertado e o BCE volta a tocar no ponto: ter o supervisor bancário a financiar a Autoridade da Concorrência não é legal.

“No que diz respeito ao Banco de Portugal, os limites decorrentes da proibição de financiamento monetário prevista no artigo 123.º, n.º 1, Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia devem ser tidos em conta na conceção do novo quadro institucional do sistema de supervisão financeira em Portugal”, começa por alertar o supervisor. “O BCE tem afirmado repetidamente que a legislação nacional não pode exigir que um banco central nacional financie o exercício de funções do setor público, uma vez que tal teria um efeito equivalente a uma concessão de crédito”, contextualiza.

E conclui: “O projetado financiamento da Autoridade da Concorrência pelo Banco de Portugal seria incompatível com a proibição de financiamento monetário (…), que, entre outros aspetos, proíbe a concessão de créditos, sob a forma de descobertos ou sob qualquer outra forma, por um banco central nacional a favor do setor público”.

BCE quer manter política macroprudencial no Banco de Portugal

Em relação às atribuições do Conselho Nacional de Supervisores Financeiros, o BCE diz que a proposta de lei não é clara em “matéria de coordenação das respostas a pedidos de entidades nacionais e estrangeiras, bem como de organizações internacionais”.

“O impacto deste poder deve ser avaliado cuidadosamente porque se todos os pedidos tiverem de ser endereçados ao CNSF e coordenados por esta entidade, essa situação pode causar um atraso considerável na capacidade do Banco de Portugal de responder enquanto autoridade nacional competente no contexto do Mecanismo Único de Supervisão”, alerta o BCE.

Também há reticências na transferência das competências macroprudenciais do Banco de Portugal para o Conselho Nacional de Supervisores Financeiros. O BCE preferia mantê-las na esfera do banco central por uma questão de eficiência.

Tendo em conta que o mercado português é relativamente pequeno, explica o BCE, “existem argumentos, de uma perspetiva de eficiência e de sinergias, a favor da concentração das responsabilidades de supervisão e macroprudenciais numa única autoridade”.

“Apesar do facto de a proposta de lei prever que o governador do Banco de Portugal dirija as discussões sobre matérias macroprudenciais durante as reuniões do conselho de administração do CNSF, tendo em conta que o Banco de Portugal só teria dois representantes no conselho de administração do CNSF, parece duvidoso que Banco de Portugal mantenha um papel de primeiro plano em matéria de política macroprudencial”, salienta a instituição.

Autoridade de Resolução também deixa dúvidas

O BCE deixa para o final da sua análise os seus comentários em relação à Autoridade de Resolução, que passa a ser um organismo autónomo do Banco de Portugal com a proposta do Governo. E também aqui há reservas.

“Dado que o Banco de Portugal assumiria a liderança do planeamento da resolução e a autoridade de resolução seria responsável pela execução das ferramentas de resolução, seria importante existir um entendimento comum sobre o plano de resolução, considerando também que existe risco para a reputação do Banco de Portugal caso a execução dos planos de resolução pela autoridade de resolução não seja bem-sucedida“, diz o BCE.

(Notícia atualizada às 16h37 com mais informação)

Leia aqui na íntegra o parecer do BCE

 

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