Norte apela ao Presidente da República que contribua para corrigir desigualdades territoriais

Nuno Botelho foi reeleito presidente da Associação Comercial do Porto esta quinta-feira e apelou ao Presidente da República que acabe com as assimetrias regionais.

Nuno Botelho, presidente da Associação Comercial do Porto, apelou esta quinta-feira, ao Presidente da República que contribua para corrigir as desigualdades territoriais que afetam o norte do país. Perante o apelo Marcelo Rebelo de Sousa assegurou que compreende como é importante dar voz à Associação, como é importante dar voz ao Porto, dar voz ao Norte. “Vi com este apelo uma preocupação com assimetrias, desigualdades a corrigir. Insuficiências e injustiças a combater. Anoto e registo esse apelo”, refere o Presidente da República.

Há 14 anos que a Associação Comercial do Porto não recebia um Presidente da República em visita oficial. Marcelo Rebelo de Sousa foi o convidado de honra da ACP e concedeu à associação, de forma simbólica, a atribuição do título de membro honorário da ordem do Infante D. Henrique. “Pela história que já fez merece o reitorado de reconhecimento dos portugueses, reconhecimento expresso por várias vezes mas hoje aqui confirmado”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

Dizendo que “o Porto e o Norte não pedem nada. O Porto e o norte apenas exigem aquilo a que têm legitimamente direito“, Nuno Botelho defendeu que os partido políticos devem colocar a “questão da regionalização e a descentralização na agenda da próxima legislatura”.

Ao contrário do que acontece em toda a Europa, a macrocefalia portuguesa está a aumentar. O centralismo está a reprimir cada vez mais as regiões.

Nuno Botelho

Presidente da Associação Comercial do Porto

Para o presidente da ACP não se trata de uma questão Lisboa versus Porto mas sim de um problema nacional. Apela, por isso, para a “necessidade imperativa de transferir os centros de decisão para junto da economia real. Para o Algarve, para o Alentejo, para o Centro. Mas também, e claramente para o Norte. Trata-se sim de saber em que cidades são decididos e geridos os fundos”, evidencia.

Dá o exemplo de programas como o Compete, que continuam a ser geridos centralmente em Lisboa “quando é aqui que se encontram sediadas o maior número de empresas do nosso país”, constata o presidente da ACP.

Perante esta descentralização acrescenta ainda que o norte é a região onde o emprego mais cresceu nos últimos anos. “Somos uma região que é hoje responsável por aproximadamente 50% das exportações nacionais. Apresentamos uma balança comercial positiva, em que as exportações equivalem a 150% das importações”, conclui.

“Acreditar na Europa é prova de sensatez e de realismo”, diz Marcelo

No jantar que se seguiu à reeleição de Nuno Botelho como presidente da Associação Comercial do Porto, Marcelo Rebelo de Sousa regressou ao tema das eleições europeias e afirmou que “acreditar na Europa é prova de sensatez e de realismo”.

Marcelo lamenta a abstenção portuguesa, que atingiu os valores mais altos de sempre. Para o Presidente da República “é revelador” que os portugueses tenham sufragado de forma “contundente” a escolha europeia, “sobretudo num tempo em que tantos, de fora da Europa, tudo têm feito para a dividir e enfraquecer”, porque “ela própria, vezes demais, se encarregou de facilitar tais propósitos, desunindo-se no acessório, alimentando razões de queixa no crucial, pelo atraso e displicência, pela quase sobranceria no lidar com os europeus”, afirmou o Presidente da República perante uma assistência com mais de 300 personalidades, ligadas ao setor empresarial, autárquico, académico e económico, membros da Associação Comercial do Porto.

 

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Bicicletas da Uber produzidas em Portugal chegam a Lisboa. São 1.000 e mais modernas

Vão chegar à capital mais bicicletas vermelhas, mas ainda mais modernas. Suporte para telemóvel, painel frontal e novo sistema de segurança são algumas das novidades. E são portuguesas.

Numa altura em que são cada vez mais as empresas a apostar nos transportes alternativos em Lisboa, a Uber reforça a aposta nas bicicletas. A empresa vai trazer para as ruas da capital mais 1.000 Jump elétricas, só que estas serão mais modernas. Continuarão a ser vermelhas, mas terão novos acessórios. E são Made In Portugal.

Às 750 bicicletas elétricas que a Uber já tinha na capital, esta sexta-feira vão juntar-se outras 1.000. Mas estes novos modelos 5.6 têm a particularidade de terem sido “produzidos em Portugal”, assegura a empresa. Recorde-se que, a 1 de abril, a Uber revelou que tinha celebrado “uma parceria com uma fábrica portuguesa” embora sem revelar qual. Dois meses depois, as bicicletas chegam à rua.

Com esta as novas bicicletas serão ao todo 1.750 Jump espalhadas por Lisboa. Apesar de todas serem elétricas, os novos modelos 5.6 terão novidades:

  • QR Code

Contrariamente ao método antigo, em que era necessário um pin para desbloquear as bicicletas, agora o utilizador vai precisar apenas de ler o QR Code na aplicação da Jump para começar a andar. O QR Code vai ser lido no painel frontal;

  • Painel frontal

Localizado debaixo do guiador e na traseira da bicicleta, o painel frontal vai permitir ao utilizador colocar a e-bike em modo pausa ou reportar a necessidade de uma reparação;

  • Suporte para telemóvel

A Uber adicionou às bicicletas um suporte para o telemóvel, colocado junto ao guiador, “para que seja possível recorrer a GPS de forma mais dinâmica e sem necessidade de utilizar as mãos”;

  • Cable lock

Por último, o cable lock vai permitir uma mais flexibilidade ao prender a bicicleta a qualquer estrutura. A Uber trocou a barra em “U” por um cabo recolhível integrado na estrutura da e-bike, o que “tornará mais fácil o estacionamento seguro e ordenado nas zonas autorizadas para estacionamento de bicicletas disponíveis na cidade”.

  • Novo sistema de carregamento

E se antes era preciso recolher as bicicletas descarregadas para lhes dar mais bateria, agora isso já não vai ser preciso. Com o novo sistema, a Uber pode “transformar uma bicicleta sem carga numa pronta a usar em apenas alguns minutos”;

“A experiência de condução será ainda mais fiável, já que a partir de agora a bicicleta consegue auto-diagnosticar as falhas mais comuns. E com conectividade total, a nossa frota está mais inteligente e segura, já que utilizamos os dados de diagnóstico em tempo real de cada veículo para otimizar o seu desempenho com algoritmos que vão diretamente para a nossa cloud“, diz Ryan Rzepecki, cofundador e CEO da Jump, em comunicado.

Veja as novas bicicletas Jump

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Grupo que vai simplificar candidaturas de I&D do Portugal 2020 já está operacional

  • Lusa e ECO
  • 30 Maio 2019

O grupo em causa tem agora até dia 15 de julho para apresentar um primeiro relatório com propostas concretas de simplificação de resultados dos trabalhos desenvolvidos.

O grupo de trabalho para a simplificação de candidaturas de investigação e desenvolvimento (I&D), no âmbito do Portugal 2020, reuniu esta quarta-feira pela primeira vez para clarificar a metodologia e trabalho a desenvolver, indicou o ministro do Planeamento à Lusa.

“Esta reunião foi de lançamento e clarificação da metodologia e do trabalho a desenvolver”, avançou Nelson de Souza, em declarações à Lusa.

O grupo em causa tem agora até dia 15 de julho para apresentar um primeiro relatório com propostas concretas de simplificação de resultados dos trabalhos desenvolvidos. Até esta data, podem ainda ocorrer reuniões intercalares com outros organismos ou membros do Governo.

Neste primeiro encontro, para além do ministro do Planeamento, estiveram presentes o ministro Adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira, o ministro da Ciência, Manuel Heitor e três personalidades escolhidas para liderar o grupo — os professores Elvira Fortunato, António Cunha e José Manuel Mendonça.

Adicionalmente, estiveram presentes responsáveis de entidades como a Agência para o Desenvolvimento e Coesão (Ad&C), o IAPMEI – Agência para a Competitividade e Inovação, a Fundação da Ciência e Tecnologia e a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP).

“O papel destes organismos vai ser, nesta fase, o de estar e disponibilizar inteiramente para aquilo que os membros do grupo de trabalho entendam como necessário em matéria de opinião, apoio e suporte”, explicou Nelson de Souza.

Segundo o líder da pasta do Planeamento, a reunião decorreu “num consenso quase total em termos de objetivos”, esperando-se agora o aparecimento das propostas.

Queremos soluções simples para resolver problemas que muitas vezes parecem complexos, mas também, por vezes, se resolvem com soluções pragmáticas”, garantiu.

Este grupo de trabalho foi criado em 20 de maio e tem ainda como objetivo, conforme decretado num despacho publicado na altura, limitar “de modo significativo” o número de casos em que se recorre a meios externos, “estudando, designadamente, a viabilidade de constituição de um painel de peritos permanente”.

O Governo explicou também, no diploma, que na definição das prioridades de intervenção dos fundos comunitários do período 2014-2020, que identificou os principais constrangimentos e potencialidades, verificou-se a necessidade de reforçar a simplificação e desmaterializar procedimentos.

O objetivo final é o de aumentar a produção científica de qualidade reconhecida internacionalmente, privilegiar a cooperação e a internacionalização, estimular o investimento empresarial em investigação e desenvolvimento, e reforçar a transferência de conhecimento científico e tecnológico para o setor empresarial.

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Venezuela: FMI diz que contactos estão suspensos desde finais de janeiro

  • Lusa
  • 30 Maio 2019

“O trabalho nesta área está suspenso desde finais de janeiro quando os acontecimentos políticos deram origem a questões sobre o reconhecimento do Governo”, adiantou um porta-voz do FMI.

O FMI assegurou esta quinta-feira que os seus contactos com o governo venezuelano estão “suspensos” desde “finais de janeiro” devido à crise política, pelo que não pode avaliar a “qualidade” dos dados divulgados recentemente pelo banco central do país.

“O trabalho nesta área está suspenso desde finais de janeiro quando os acontecimentos políticos deram origem a questões sobre o reconhecimento do governo”, adiantou um porta-voz do Fundo Monetário Internacional (FMI) em comunicado enviado à Efe. O responsável adiantou que, até então, a instituição liderada por Christine Lagarde tinha estado “em contacto com as autoridades venezuelanas no âmbito da obrigação de todos os países membros apresentarem informação económica precisa e oportuna”.

O FMI reforçou em março que ainda aguardava a opinião dos países membros relativamente ao reconhecimento do governo da Venezuela, depois de o líder da oposição Juan Guaidó se ter autoproclamado, em finais de janeiro, presidente interino perante o que considera ser “usurpação” do poder por parte de Nicolas Maduro.

Guaidó recebeu o apoio dos governos de mais de 50 países, incluindo os Estados Unidos, o Canadá e a maioria dos países da América Latina, enquanto a China e a Rússia mantêm o reconhecimento de Nicolas Maduro. O banco central da Venezuela quebrou, entretanto, o silêncio que manteve durante mais de três anos e informou na terça-feira que a inflação do país atingiu os 130.000% em 2018, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) registou uma contração de 22,5% no último trimestre do ano passado.

Os dados publicados pela instituição confirmam o processo de hiperinflação que a Venezuela atravessa, mergulhada numa profunda crise económica apesar de possuir as maiores reservas de petróleo do mundo.

“A publicação destes dados sobre o PIB e a inflação foi realizada pelas autoridades por sua iniciativa própria. Não podemos dar uma opinião sobre a qualidade dos dados, uma vez que não temos tido a oportunidade de fazer uma avaliação completa devido à ausência de contactos com as autoridades”, concluiu o porta-voz do FMI. Segundo as previsões do Fundo, a economia venezuelana deve registar uma quebra de 25% em 2019.

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Lucro da Altri sobe 12,5%. Receitas aumentam apesar da queda do preço da pasta de papel

Os lucros da empresa liderada por Paulo Fernandes subiram nos primeiros três meses do ano, assim como as receitas. Isto apesar de o preço de venda da pasta de papel continuar em queda.

A Altri registou um resultado líquido de 36,7 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, um valor que aumentou 12,5% face ao mesmo período do ano passado. As receitas aumentaram, mesmo num período marcado pela continuação da queda preço de venda da pasta de papel.

No mesmo período, o EBITDA do grupo situou-se nos 75 milhões de euros, o equivalente a uma subida de 18% face ao ano passado, com a margem EBITDA a alcançar 35,9%, refere a Altri em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) esta quinta-feira.

Já as receitas da papeleira aumentaram 19,6% para os 207,4 milhões de euros, mesmo num trimestre “em que se continuou a verificar a descida do preço de venda da pasta BHKP e no qual se realizou a paragem anual de manutenção da sua unidade da Figueira da Foz”.

Entre janeiro e março deste ano, a Altri produziu cerca de 262,3 mil toneladas de pasta de papel e, “apesar da referida paragem da Celbi, durante 15 dias, o volume de pastas produzidas aumentou cerca de 2% face ao trimestre homólogo de 2018”, refere a empresa. De toda essa quantidade produzida, 242,4 mil toneladas foram exportadas, o que se traduziu numa receita de 156 milhões de euros.

O investimento líquido realizado neste período foi de 22,9 milhões de euros, dos quais sete milhões foram relativos à construção da nova central de biomassa na Figueira da Foz.

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Teixeira dos Santos diz que Sócrates o alertou sobre escolha de Vara para a CGD

  • Lusa
  • 30 Maio 2019

Ex-ministro das Finanças de José Sócrates diz que foi ele quem escolheu Armando Vara para a administração da CGD e que o antigo primeiro-ministro o alertou sobre as repercussões políticas da escolha.

O ex-ministro das Finanças Teixeira dos Santos disse esta quinta-feira em tribunal, no âmbito da Operação Marquês, que José Sócrates o tinha alertado para as repercussões políticas da escolha de Armando Vara para administrador da CGD, segundo fonte do processo.

Reiterando que foi ele quem escolheu Armando Vara para a administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Teixeira dos Santos disse ao juiz de instrução que tinha sido alertado pelo ex-primeiro ministro José Sócrates sobre as repercussões políticas da escolha, algo que não tinha dito aos investigadores do Ministério Público.

Num depoimento de quase quatro horas, o ex-ministro das finanças ouviu do juiz muitas das perguntas com as quais foi confrontado na fase de inquérito da Operação Marquês e, segundo a mesma fonte, respondeu com algumas nuances a favor de Sócrates e ter-se-á lembrado de mais alguns pormenores sobre os assuntos que foram abordados.

Entre os temas falados constaram a adjudicação ao consórcio Elos (grupo Lena, arguido no processo) de um troço do comboio de alta velocidade (TGV) e sobre a escolha de Armando Vara, também arguido neste caso, para a administração do banco público.

A explicação para a escolha prendeu-se, segundo a testemunha, com a necessidade de um equilíbrio na administração da CGD, alcançado com a escolha de um elemento vindo de fora.

Teixeira dos Santos é uma das cinco testemunhas arroladas por José Sócrates para prestar esclarecimentos nesta fase do processo, apesar de ter sido uma das mais de 200 já inquiridas pelo Ministério Público na fase de investigação.

Na sexta-feira é a vez de Santos Ferreira, presidente da CGD entre 2005 e 2008 e depois do BCP até 2012, prestar depoimentos.

Sócrates está acusado de corrupção passiva de titular de cargo político, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal qualificada.

Entre outras imputações, o Ministério Público acredita que Sócrates recebeu cerca de 34 milhões de euros, entre 2006 e 2015, a troco de favorecimentos a interesses do ex-banqueiro Ricardo Salgado no Grupo Espírito Santos e na PT, bem como para garantir a concessão de financiamento da CGD ao empreendimento de luxo Vale do Lobo, no Algarve, e por favorecer negócios do Grupo Lena.

Entre os 28 arguidos estão ainda Carlos Santos Silva, Henrique Granadeiro, Zeinal Bava, Armando Vara, Bárbara Vara, Joaquim Barroca, Helder Bataglia, Rui Mão de Ferro e Gonçalo Ferreira, empresas do grupo Lena (Lena SGPS, LEC SGPS e LEC SA) e a sociedade Vale do Lobo Resort Turísticos de Luxo.

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“Não me recordo. Não conheci o processo. Não acompanhei o dossiê”. Assim foi a audição a mais um ex-administrador da Caixa

Rodolfo Lavrador foi administrador da Caixa Geral de Depósitos entre 2008 e 2013. Foi ouvido esta quinta-feira na comissão parlamentar de inquérito, mas pouco adiantou.

Durou cerca de três horas a audição de Rodolfo Lavrador na comissão parlamentar de inquérito à recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD) e das respostas dadas pelo antigo administrador do banco público pouco ou nada sobrará para a história. E um exemplo que ilustra a “inutilidade” da audição surgiu já na parte final numa troca de argumentos entre o inquirido e deputado do PCP Paulo Sá, já cansado das respostas inconclusivas que ouviu nas horas anteriores:

– “Vou colocar questões genéricas já que não se lembra de operações concretas. Qual era a apreciação que fazia dos financiamentos de ações?“, questionou o deputado comunista.

– “Nenhuma das operações, no que diz respeito à concessão inicial, foram do meu tempo. Em abstrato é muito difícil dar opiniões sobre operações concretas. O que posso dizer é que não foi uma prática que tenha sido seguida nas administrações de que fiz parte”, respondeu Rodolfo Lavrador.

– “É muito hábil a responder. Mas se fosse ao banco pedir um empréstimo para comprar raspadinha, ficava de pé atrás?“, insistiu Paulo Sá, soltando alguns risos dos outros deputados.

– “Seguramente que não emprestaria dinheiro para fins especulativos dessa natureza“, retorquiu o antigo administrador da CGD.

Perante as perguntas dos deputados sobre os créditos dados a Joe Berardo, Manuel Fino, ou os financiamentos à La Seda e à Artlant, as respostas de Rodolfo Lavrador, que teve o pelouro jurídico entre 2008 e 2013, não variavam muito entre: “Não acompanhava o dossiê”, “Não estou em condições de responder, não conheci o processo”, “Nunca tive qualquer responsabilidade na gestão deste assunto” ou “Não me recordo desse assunto”.

“Já percebi que fez um acompanhamento da Caixa normal”, ironizou Mariana Mortágua, depois de uma nova bateria que perguntas às quais não obteve resposta suficiente. Com o microfone fechado, uma deputada do PSD atirava: “Para que serve afinal um administrador?”

Reestruturação da dívida de Berardo foi “boa decisão”

Rodolfo Lavrador não estava na administração do banco quando se decidiu concessão inicial às sociedades de Berardo (Fundação Berardo e Metalgest) para comprar ações do BCP. Mas já fazia parte da gestão quando se decidiu reestruturar a dívida. Porque não se executaram logo os títulos do banco?

“Não sou um especialista da matéria, mas foi-nos explicado que era um grande volume de ações. E a venda de um bloco de ações ia ter um significativo desconto”, respondeu o antigo administrador. Neste tema, Rodolfo Lavrador foi mais expansivo. Logo depois de ter explicado as razões para a não execução das ações, expôs os motivos que levaram a CGD a aceitar como garantia os títulos da Associação Coleção Berardo. Classificou esta decisão como “boa”, num acordo onde participaram outros dois bancos credores de Berardo: o BES e o BCP.

“Em 2011 os títulos do BCP já não tinham uma boa valorização” e que “o que se conseguiu foi um passo em frente”, disse. “Era importante haver uma posição concertada com os bancos envolvidos. Acordo quadro fortalece todos os credores. (…) Penso que a Caixa saiu numa melhor posição do que antes na perspetiva da recuperação”, considerou Rodolfo Lavrador.

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J. K. Rowling vai publicar quatro novos livros digitais sobre universo “Harry Potter”

  • Lusa
  • 30 Maio 2019

Os livros digitais pretendem aprofundar “a rica história da magia”, cada um deles com uma temática à volta das lições de Hogwarts, e vão ainda vão conter anotações, páginas manuscritas e esboços.

A escritora britânica J.K. Rowling, autora da saga “Harry Potter”, vai publicar uma série de quatro pequenos livros de não-ficção em formato digital sobre o mundo dos estudantes de Hogwarts, intitulada “Harry Potter: A Journey Through…”.

O anúncio foi feito esta quinta-feira pela editora de Rowling, a Pottermore Publishing, que vai lançar este ano a série de ‘e-books’, adaptada do audiolivro “Harry Potter: Uma História da Magia” — inspirada na exposição da British Library com o mesmo nome.

Estes quatro livros pretendem aprofundar “a rica história da magia”, cada um deles com uma temática à volta das lições de Hogwarts, explorando “o folclore tradicional e a magia no coração das histórias de Harry Potter”, com ilustrações do artista Rohan Daniel Eason, revela a Pottermore. Além de explorar as origens da magia e o folclore tradicional, os livros digitais também vão conter anotações, páginas manuscritas e esboços, acrescentam os editores em comunicado.

Os títulos dos novos ‘eBooks’, ainda sem tradução, a serem publicados nos próximos meses, são “Harry Potter: A Journey Through Charms and Defence Against the Dark Arts”, “Harry Potter: A Journey Through Potions and Herbology”, “Harry Potter: A Journey Through Divination and Astronomy” e “Harry Potter: A Journey Through Care of Magical Creatures”.

Os dois primeiros livros, dedicados aos temas “Feitiços e Defesa Contra as Artes das Trevas”, e “Poções e Herbologia”, respetivamente, serão publicado no dia 27 de junho, os outros sairão “logo de seguida”, adiantam. Os ‘eBooks’ vão ser inicialmente publicados em inglês, francês, italiano e alemão, e estão disponíveis para pré-encomenda na Amazon UK e na Amazon US, Apple e Kobo.

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Presidente do PSD admite “ajustamentos” para legislativas mas sem mudanças estruturais

  • Lusa
  • 30 Maio 2019

O presidente do PSD admitiu que o partido irá fazer “ajustamentos” depois da derrota nas europeias, mas rejeitou que haja mudanças estruturais para as legislativas.

O presidente do PSD admitiu esta quinta-feira que o partido irá fazer “ajustamentos” depois da derrota nas europeias, mas rejeitou que haja mudanças estruturais para as legislativas, considerando que “está tudo em aberto” porque “são eleições completamente diferentes”.

Em declarações aos jornalistas à margem de uma intervenção na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), em Lisboa, Rui Rio recusou detalhar em público a análise que foi feita na Comissão Política de quarta-feira à noite sobre os 21,94% obtidos pelo PSD no domingo, o pior resultado de sempre do partido em eleições de âmbito nacional. “Se olhar para mim, vê a minha idade, vê o meu currículo, eu não quero mudar aquilo que sou. Devemos ser coerentes, agora naquilo que é a forma de comunicar, na forma de atuar no quotidiano há de ter pequenos ajustamentos”, afirmou.

Rio defendeu que, nas legislativas, o PSD não quer ter 22% — “queremos ter mais 32 do que 22%” — embora salientando que são “eleições completamente diferentes, com motivações completamente diferentes” e, provavelmente, com uma abstenção muito menor. “Está tudo em aberto, mas não podemos ignorar o resultado que tivemos, se metêssemos a cabeça na areia não éramos inteligentes”, afirmou.

Rio manifestou-se contra o que diz ser uma “tendência de se procurar dizer ao eleitorado o que ele quer ouvir” — que disse afetar quer PS, quer PSD, quer outros partidos — considerando que o país não pode ser tratado como “um produto”. “Eu penso que o segredo na política está em, de uma forma séria, captarmos eleitorado para o que são as nossas ideias, o que entendemos que garante o melhor futuro para Portugal, assim é que a política é feita com nobreza e assim é que se pode até perder de pé”, defendeu.

“Quando nós tentamos vender as nossas propostas como quem vende uma pasta de dentes, aí se perdermos não perdemos de pé”, afirmou, contrapondo que, mesmo uma vitória com esta atitude, “não serve para nada”. Rio defendeu que “o eleitorado está mais adulto” e distingue o que são as decisões nas europeias e nas legislativas, admitindo que as eleições de domingo possam funcionar como “uma sondagem real” para outubro, mas apenas isso. “Não estou a dizer que o PSD vai ganhar de largo, até pode piorar, mas estou a fazer uma análise com sinceridade”, disse.

Questionado se o tom mais agressivo do cabeça de lista social-democrata, Paulo Rangel, em relação ao PS poderá ter prejudicado o PSD, Rio recusou responder. “Não vou em público fazer a análise que foi feita em privado e que, nalguns pontos, ainda está a ser feita”, afirmou.

Sobre os critérios aprovados na quarta-feira pela Comissão Política para a escolha dos candidatos a deputados do PSD, que incluem qualidades como o mérito e a lealdade à orientação da direção, Rio classificou-os como “pacíficos” — considerando que defender o contrário é que “seria notícia” — e disse serem “muito parecidos” com os definidos nas anteriores legislativas. “Se a sua pergunta é: reconhece que no quadro atual há um outro com falta de lealdade? Claro que reconheço, não sou hipócrita, agora não vamos discutir isso na praça pública”, afirmou.

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Fundo africano desafia Angola a juntar-se ao clube

Sanjeev Gupta, diretor de serviços financeiros, desafiou Angola a fazer parte do fundo para ajudar a desenvolver as infraestruturas no continente africano.

Conferência Angola - Novo Ciclo Político e de Investimento - 30MAI19
Sanjeev Gupta, diretor de serviços financeiros da Africa Finance Corporation.Hugo Amaral/ECO

A Africa Finance Corporation (AFC) garante que “a narrativa” em torno de África vai mudar nos próximos anos e desafia Angola a juntar-se ao fundo de investimento, numa altura em que já conta com contribuições de países como a Nigéria, Cabo Verde, Guiné ou Zimbábue.

O diretor de serviços financeiros da AFC, Sanjeev Gupta, esteve em Lisboa na conferência Angola: Novo ciclo político e de investimento, onde lembrou que existem diversas oportunidades em África a “clamar” por investimento.

Concretamente em relação a Angola, Sanjeev Gupta afirmou que “não é preciso conhecer física quântica para saber que o país está a clamar por desenvolvimento das infraestruturas ou formas de explorar melhor os recursos”.

“Há população a clamar por oportunidades de educação, acesso a mercados e comércio”, salientou, perante uma plateia que contava com o ministro da reforma do Estado de Angola, Adão Correia de Almeida.

A missão da AFC é promover o desenvolvimento das infraestruturas no continente africano, gerando retorno para os acionistas do fundo. Enquanto fundo multilateral, a AFC garante já ter aplicado 3.000 milhões de dólares para financiar projetos de infraestrutura de larga escala em países africanos.

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Operação stop provoca primeira baixa no Fisco. Diretor de Finanças do Porto sai

O Diretor de Finanças do Porto demitiu-se depois da polémica com as operações stop feitas pelo Fisco e pela GNR. O secretário de Estado e o ministro das Finanças já tinham criticado a operação.

O diretor de Finanças do Porto, José Manuel de Oliveira e Castro, colocou esta quinta-feira o seu lugar à disposição, soube o ECO. Entretanto, as Finanças já emitiram um comunicado onde confirmam que o pedido foi aceite “prontamente”.

“Na sequência da forma como decorreu a ‘Ação sobre rodas’, desenvolvida pela Direção de Finanças do Porto, para preservar a Autoridade Tributária e Aduaneira enquanto instituição de reconhecida relevância, o Diretor de Finanças do Porto decidiu colocar hoje o seu lugar à disposição, tendo a sua demissão sido prontamente aceite pelo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais”, refere o Ministério das Finanças em comunicado, citado pela agência Lusa.

Foi um dos casos da semana. Pelas 8h00, esta terça-feira, os condutores de Alfena, em Valongo, foram surpreendidos por uma operação stop na Autoestrada 41, no distrito do Porto, levada a cabo por 20 elementos da Autoridade Tributária (AT) e 10 militares da Guarda Nacional Republicana com o objetivo de cobrar dívidas fiscais. A operação foi batizada de “Ação sobre Rodas”.

Durante esta ação, as autoridades fizeram o cruzamento das matrículas das viaturas com a situação dos proprietários no Fisco, convidando os cidadãos com dívidas a pagarem esses valores. Caso não o fizessem, GNR e AT estavam em condições de penhorar as viaturas.

O ministério das Finanças rapidamente demarcou-se da operação, alegando o seu desconhecimento. O secretário de Estado António Mendonça Mendes falou em “desproporção” e o ministro das Finanças afirmou que “não foi uma decisão feliz” e que “foi desproporcionada”.

Depois da polémica, o Governo veio dizer que decisão de fazer uma operação stop para identificar contribuintes com dívidas ao Fisco tinha sido “tomada localmente”, tendo deixado isolado o Diretor de Finanças do Porto. Além disso, a tutela abriu um inquérito ao caso.

A posição do Diretor de Finanças do Porto ficou muito fragilizada depois de Mário Centeno ter feito estas declarações: “A decisão não foi feliz”. O ministro das Finanças disse esta quarta-feira ainda que foi “aberto um inquérito para saber se os direitos de todos os contribuintes foram preservados”. Para Mário Centeno, em operações destas “os decisores podem não fazer uma avaliação correta da proporção face ao objetivo” e, por isso, foram dadas “instruções claras” sobre como fazer essa avaliação.

Já antes, António Mendonça Mendes tinha criticado a operação stop levada a cabo pelo Fisco e GNR. “Quero deixar claro que há uma desproporção entre os meios que são utilizados nesta operação e o fim desta operação. Quero dizer que não foi apenas dada uma ordem de cancelamento imediato assim que tive conhecimento desta operação, como foi dada ordem de cancelamento a qualquer operação desta natureza para cobrar” dívidas ao fisco, afirmou o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais à SIC Notícias, revelando que, desde 7 de maio, houve sete operações deste tipo no distrito do Porto.

Esta operação stop, em que os agentes penhoravam os automóveis em caso de dívidas não pagas ao Fisco, foi alvo de um sem número de criticas. Foi o caso da Ordem dos Advogados que, em comunicado, disse que a ação de fiscalização levada a cabo pela Autoridade Tributária e Aduaneira e pela GNR com vista a cobrar dívidas fiscais aos condutores de Alfena, no Porto, merecia “o mais firme repúdio”. A Ordem dos Advogados considerou “repugnante” a ideia de “tratar um cidadão, eventualmente devedor de impostos, como se de um vulgar criminoso se tratasse”. E salientou ainda que “não é permitido promover a penhora indiscriminada de bens de pessoas ou empresas que sejam devedoras de impostos”.

Em declarações ao ECO, o antigo diretor do IRS, Manuel Faustino, criticou a alocação de tantos meios à operação batizada de “Ação sobre Rodas”, classificando-a de “completamente absurda”.

“A AT aparentemente fez uso de poderes que a lei não lhe dá. A penhora nos termos legais não implica a apreensão da viatura, implica a apreensão dos documentos. A viatura não fica à guarda do Fisco”, afirmou Faustino. O fiscalista explicou ainda que, atualmente, a Administração Fiscal “tem meios internos muito mais eficazes” na sua atuação, sendo estranha esta operação na rua. “Se foi uma manifestação de poder ou de força, foi muito contraproducente. Isto foi um tiro no pé”, rematou.

(Notícia atualizada com comunicado das Finanças)

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Três perspetivas sobre o Estado de Angola

Paulo Portas, Jaime Nogueira Pinto e António Martins da Cruz partilharam a sua visão sobre o estado do Estado de Angola. Da relação com Portugal à geoestratégia e à transição do poder.

Em que estado está o Estado de Angola? O que mudou no país desde a saída de José Eduardo dos Santos do poder? Estará o ambiente mais favorável aos negócios e a economia do país mais aberta ao exterior?

Na conferência Angola: Novo ciclo político e de investimento, Paulo Portas, Jaime Nogueira Pinto e António Martins da Cruz foram chamados a partilhar uma perspetiva sobre o presente e o futuro daquele país africano. Saiba o que pensam.

Paulo Portas: Questão económica é um “desafio” para a Presidência de João Lourenço

O antigo vice-primeiro-ministro português, Paulo Portas, está otimista quanto ao futuro de Angola: “Faço parte dos que acreditam que [o país] superará as dificuldades”, afirmou. Mas é na estabilidade, desenvolvimento e saúde da economia que reside o principal “desafio” para a Presidência de João Lourenço, que assinala dois anos em setembro.

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“Acho que o Presidente sabe que Angola vem de um ciclo recessivo, que gostaria de ver condições mais favoráveis, mas acaba de ter a honestidade de assumir que o crescimento será de 0% e que teremos que esperar por 2020 para que possa ser melhor; e que sabe que a dívida pública de Angola terá atingido 90% do PIB, pelo que deverá garantir condições para reduzir essa dívida”, afirmou Paulo Portas na conferência. “É evidente que um homem responsável só poderia propor ao país uma mudança”, atirou.

Para Paulo Portas, “é essencial a efetivação do IVA, pelo menos para os grandes contribuintes, para combater a evasão tributária” e, desta forma, suprimir “dificuldades orçamentais”. Além disso, “é essencial ter sucesso na atração de investimento” e “conseguir convencer o investimento estrangeiro a apostar agora” em Angola — “nomeadamente o português, mas não só”, reiterou o também ex-presidente do CDS-PP.

Dito isto, o antigo parceiro de Governo de Pedro Passos Coelho afirmou que Portugal tem de “defender” a relação que mantém com Angola, que é “um dos principais clientes” do país. Até porque, num contexto de globalização, “não há espaços vazios”: “Todo e qualquer espaço vazio que Portugal deixe com Angola será, obviamente, aproveitado por outros Estados, alguns deles nossos amigos e parceiros”.

Jaime Nogueira Pinto: “Diversificando a economia”, Angola “pode voltar a ser caso de sucesso”

O historiador e politólogo Jaime Nogueira Pinto enalteceu a “singularidade de Angola”, que “repetiu o modo normal de se fazerem Estados”, primeiro com uma guerra pela independência e, depois, com uma guerra civil: “Muitas vezes, no fim das guerras civis, desmobiliza-se o exército. Ora, em Angola não se fez isso”, frisou.

http://videos.sapo.pt/EYKgHooQgNbmVNLIazI4

No entanto, recordou que existem desafios pela frente se o país quiser manter essa “singularidade”, nomeadamente no facto de “a renovação com o Presidente João Lourenço” ter coincidido “com o agravar da economia do país por causa da queda dos preços do petróleo”.

Jaime Nogueira Pinto afirmou que João Lourenço tem levado a cabo uma “campanha de saneamento nacional”, atacando a corrupção, que é um dos problemas “mais endémicos” do país, além “do nepotismo”. “Este esforço tem vindo a ser reconhecido dentro e fora de Angola”, garantiu o historiador português.

Ainda assim, o politólogo reconheceu que esse incremento da credibilidade angolana não tem sido acompanhado por ações concretas da comunidade internacional: “Ainda não se viu do exterior, sobretudo dos EUA, uma correspondente devolução da confiança, que ponha fim às sanções que muito prejudicam Angola”, afirmou.

António Martins da Cruz: Angola tem de dar “sinais positivos para ganhar confiança do exterior”

O embaixador português e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, António Martins da Cruz, afirmou que Angola tem de dar “sinais positivos” que permitam ao país conquistar “a confiança” dos investidores estrangeiros.

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“O Presidente João Lourenço iniciou as reformas que prometera e que os eleitores esperavam, com ceticismo, com otimismo, com um wait and see. Deu um fator de esperança, desbravou vários caminhos que eram essenciais para a política e a economia, alterado as perceções sobre Angola”, referiu o ex-ministro de Durão Barroso.

No entanto, “o novo ciclo político angolano, sem estar em sintonia com o ciclo económico internacional, tem tido dificuldade em afirmar-se”. Mas tem de continuar a dar “sinais positivos para ganhar a confiança exterior de governos, empresários e, muito importante, opinion makers, afirmou António Martins da Cruz.

O foco deve estar, por isso, em “melhorar para obter classificações mais positivas das agências de rating“, melhorando também, desta forma, a credibilidade de Angola perante o exterior.

O ex-ministro português terminou com uma provocação aos críticos das relações bilaterais entre Portugal e Angola. “Nunca ninguém foi à bomba de gasolina e perguntou: ‘tem aí petróleo da Noruega? É que eu não quero petróleo de países que não têm o mesmo sistema político que o meu'”, concluiu.

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