Contratos fantasma, ficheiros secretos e falta de memória marcam estreia da comissão de inquérito à CGD

Foram muitas as explicações, as dúvidas e peripécias durante as quase 15 horas de audições que marcaram o arranque dos trabalhos da comissão de inquérito à recapitalização da CGD.

Florbela Lima (EY), Carlos Costa e Vítor Constâncio foram os primeiros inquiridos na comissão da CGD.DR

Afinal, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) tem ou não todos os contratos dos grandes créditos que concedeu? E por que razão Carlos Costa não quer partilhar os “ficheiros secretos” sobre a sua atuação no caso do BES? Vítor Constâncio, o ex-governador “genérico” do Banco de Portugal, disse não ter “memória” dos alertas sobre operações irregulares no banco público há mais de 15 anos. Foram muitas as explicações, as dúvidas e peripécias durante as quase 15 horas de audições que marcaram o arranque dos trabalhos da II comissão de inquérito à recapitalização da CGD e aos atos de gestão. Nas próximas semanas há mais.

EY e os contratos fantasma

Primeira audição: a EY, responsável pela auditoria independente aos atos de gestão da CGD entre 2000 e 2015. Entre as conclusões principais a que a auditora chegou estão as perdas de 1,2 mil milhões de euros que o banco público registou naquele período relativamente aos 25 maiores créditos. Aliás, foi esta auditoria que deu origem à II comissão de inquérito à recapitalização da CGD e aos atos de gestão.

Passava pouco depois das 15h00 de terça-feira quando Florbela Lima, partner da EY e principal autora do relatório da auditoria, começou a falar. Deixou logo um aviso que seria premonitório: “O nosso trabalho não emitiu juízos de valor sobre a qualidade das decisões tomadas“, explicando de seguida que abordou antes o processo de decisão tendo em conta as regras e as normas internas em vigor na CGD em cada período.

Florbela Lima haveria de socorrer-se deste argumento ao longo das quatro horas da audição para evitar qualificar muitas das operações ruinosas para o banco público. A uma provocação de um deputado, a especialista responsável pelo relatório final disse: “Há decisões que não foram justificadas, sim. Se houve créditos de favor? É o senhor deputado que tira essa conclusão, não somos nós. Não analisámos a qualidade das decisões“.

Há decisões que não foram justificadas, sim. Se houve créditos de favor? É o senhor deputado que tira essa conclusão, não somos nós. Não analisámos a qualidade das decisões.

Florbela Lima

Auditora da EY

Também disse por várias vezes que não se pode estabelecer uma relação direta entre o facto de a CGD não ter cumprido as regras do crédito e os grandes defaults. Os deputados tentaram muitas vezes extrair de Florbela Lima um dado que a própria auditoria permitiu concluir: em que período se concentraram as maiores perdas para o banco e houve mais atropelos às regras internas de concessão de crédito. “Durante todos os anos verificámos este tipo de situações” em que o normativo não foi cumprido, esclareceu a responsável.

Florbela Lima, partner da EY é ouvida perante a II COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO À RECAPITALIZAÇÃO DA CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS E À GESTÃO DO BANCO - 26MAR19
Florbela Lima a chegar ao Parlamento. A partner da EY foi a primeira a ser ouvida na comissão de inquérito à CGD.Hugo Amaral/ECO

Mas a audição acabou por ficar marcada pelo tema dos contratos em falta relativamente a alguns dos maiores créditos da CGD. Inicialmente, Florbela Lima alertou que “há informação que não foi localizada” e que a auditoria se cingiu à informação que a EY teve acesso, um apontamento que fez alguns deputados franzir o sobrolho. O assunto foi explorado até a auditora admitir que não lhe foi disponibilizada documentação sobre quatro dos 25 financiamentos mais problemáticos. Recordamos uma parte do diálogo entre Florbela Lima e a deputada do CDS Cecília Meireles sobre este tema:

– “Eu não estou a dizer que não existe contrato, estou a dizer que o contrato não nos foi disponibilizado”, explicou Florbela Lima.

– “O facto de não ter sido disponibilizado é um indício muito forte de que não há sequer contrato. Como é que sem suporte documental a CGD pode recuperar este crédito?”, questionou Cecília Meireles.

– “É um facto”, reconheceu a partner da EY sobre o facto de, não havendo documentos que comprovem a dívida, torna-se difícil para o banco bater à porta do devedor para a reclamar.

No dia seguinte, logo pela manhã, o banco afastava qualquer dúvida:

A CGD confirma a formalização contratual respeitante aos quatro créditos mencionados como parte do top 25 do relatório de auditoria da EY. A CGD esclarece ainda que das 60 operações referidas na audição, apenas 24 tinham exposição à data de dezembro de 2015, confirmando a CGD que tem os documentos contratuais que identificam e legitimam integralmente a sua posição e direitos.

Carlos Costa e a auditoria de 2011

Foi a deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua quem confrontou Carlos Costa com o tema: o Banco de Portugal já sabia em 2011 quais eram os grandes créditos problemáticos para a CGD e isso não fez travar nomeações de antigos administradores como fez a auditoria da EY. Disse a deputada:

Eu também achava que o relatório da EY tinha sido decisivo para estas avaliações [de nomes para cargos], até que vou procurar nos documentos enviados ao Parlamento e encontro uma auditoria do Banco de Portugal de 2011, afirmou Mariana Mortágua, citando depois várias passagens da auditoria de 2011, onde revelou ter encontrado informação “sobre os contratos mais precisa e minuciosa” do que na EY relativamente aos grandes devedores do banco do Estado, como Joe Berardo, a Investifino, o Grupo Espírito Santo ou o grupo Goes Ferreira.

Após várias críticas da deputada bloquista sobre a inação do supervisor face ao que já sabia há oito anos, Carlos Costa respondeu com ironia:

– “Felizmente, a deputada está a dar ao Banco de Portugal o mérito de ter feito a auditoria e de ter detetado as situações”, disse o governador, arrancando sorrisos amarelos aos deputados.

Não foi o único momento em que a resposta de Carlos Costa soltou risos agridoces na comissão. Isso aconteceu quando foi confrontado sobre o seu envolvimento nos grandes créditos problemáticos para a CGD, e o governador disse: “Não tenho nem nos meus registos nem na minha memória” ter participado nas reuniões que decidiram estas operações. Vale a pena ler o artigo do ECO “As comissões de inquérito à banca provocam amnésia? ‘Não me lembro’ para perceber o motivo pelo qual os deputados sorriram com um amargo de boca com a intervenção do governador.

Carlos Costa foi ao Parlamento esta quarta-feira. Audição demorou cinco horas.André Kosters/Lusa

Outros temas levantados na audição que durou cinco horas: o monte comprado a Armando Vara, que Carlos Costa disse ter sido adquirido por “procuração” dado que não se encontrava em Lisboa na altura; o momento do pedido de escusa que afinal não foi em novembro do ano passado mas logo no início de 2017, “sempre que a questão se colocou”. Sobre a escusa, o governador rejeitou que isso signifique que esteja implicado pela auditoria. Afirmou que se afastou das decisões do supervisor para a “reforçar a qualidade da decisão” em termos da perceção pública.

O último braço-de-ferro com o governador ficou marcado por aquilo que os deputados chamaram de “ficheiros secretos”, lembrando a série televisiva protagonizada pela dupla de agentes do FBI Fox Mulder e Dana Scully. Quais eram estes “x-files”? O relatório “Costa Pinto”, um extenso documento elaborado pelo então presidente da comissão de auditoria João Costa Pinto (com a ajuda da consultora BCG) sobre a atuação do Banco de Portugal no caso do BES e que Carlos Costa se recusa a enviar ao Parlamento.

“É um documento interno” para “reflexão do governador” e que está protegido “pelas regras do sistema dos bancos centrais” que visam “salvaguardar a independência da supervisão”, justificou Carlos Costa, quando disse no Parlamento que não vai mesmo enviar o documento que terá apontado falhas à atuação do supervisor em relação ao BES.

O governador “genérico” do Banco de Portugal

Vítor Constâncio mal tinha acabado de se sentar e já avisava os deputados: “Não tenho muito mais a acrescentar depois do que disse nas respostas por escrito que dei na primeira comissão”. Ainda assim, a audição com o antigo governador do Banco de Portugal (2000-2010) durou mais de cinco horas e acabou por ser a mais longa das três que se realizaram na última semana. É um velho conhecido das lides parlamentares, não só porque Vítor Constâncio foi político (liderou o PS entre 1986-1989), como também já tinha sido chamado anteriormente ao Parlamento para prestar declarações sobre a atuação do Banco de Portugal em casos como o BPN e o BES. Aliás, já lá tinha ido em 2012 por causa da nacionalização do BPN.

Ao contrário de Carlos Costa, que tentou proteger-se de todas as críticas e acusações, Vítor Constâncio chegou à comissão como “alguém que já passou à história”. Talvez por isso foi-lhe mais fácil reconhecer falhas no seu mandato:

– “Não sinto que tudo correu mal, mas decididamente que houve falhas em relação a alguns aspetos da supervisão, mas não foi só em Portugal mas em todos os países europeus”, disse.

Vítor Constâncio é ouvido perante a II COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO À RECAPITALIZAÇÃO DA CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS E À GESTÃO DO BANCO - 28MAR19

Os deputados quiseram colocá-lo na pele de co-responsável das perdas da CGD, um papel que Vítor Constâncio sempre recusou a assumir pessoalmente.

Por exemplo, o antigo governador disse que era “genericamente” o responsável máximo do Banco de Portugal. “Há que fazer uma distinção entre o que é a participação pessoal ou não, o que é uma responsabilidade genérica de uma instituição. Numa grande organização, o presidente nunca é informado de tudo. Não é da responsabilidade de gestores de topo, sobretudo de quem não tem a responsabilidade direta da supervisão”, afirmou quando lhe perguntaram se o supervisor sabia de eventuais irregularidades no banco público, nomeadamente operações que não seguiram as regras internas. Vítor Constâncio admite a possibilidade de atos ilícitos, mas duvida que tenham existido.

Também lembrou que “a CGD sempre foi uma instituição que nunca deu muitas preocupações” ao Banco de Portugal. Aqui, Vítor Constâncio socorreu-se de vários indicadores: lucros de biliões de euros, taxa de rentabilidade mais alta do mercado, rating de grande qualidade. Só que veio a crise e foi a “explosão geral” no crédito malparado que afetou todo o setor financeiro.

Podemos não gostar dos famosos créditos, mas a supervisão não podia fazer nada para evitá-los porque foram operações legais.

Vítor Constâncio

Ex-governador do Banco de Portugal

Por várias vezes os deputados tentaram puxar pela memória de Vítor Constâncio sobre os alertas de Almerindo Marques, antigo administrador do banco público, que lhe enviou duas cartas a denunciar operações irregulares e lesivas para a CGD. Mas o esforço dos deputados foi em vão porque o antigo governador não se lembra da correspondência:

“Se a carta existiu, haverá registo no Banco de Portugal. Não tenho ideia dessa carta. Não tenho obrigação de ter memória de todas as cartas, era impossível”, afirmou Vítor Constâncio, encolhendo os ombros.

Ainda assim, mais tarde, quando foi novamente confrontado com o tema, o antigo governador disse lembrar-se do que lhe lhe transmitiu o seu vice (que era quem tinha o pelouro da supervisão): “As respostas que obtive é que as operações eram legais“.

Foram vários os momentos de exaltação de Vítor Constâncio, muitas vezes de irritação quando os deputados acusavam-no de não ter atuado nos empréstimos ruinosos da CGD que o relatório da EY expôs. O ex-governador dizia sempre que se tratavam de operações legais, e que sendo legais o supervisor não podia impedi-las.

“Podemos não gostar dos famosos créditos, mas a supervisão não podia fazer nada para evitá-los porque foram operações legais”, disse por várias vezes. “É a lei, é a lei, é a lei”, chegou a responder por cima de uma intervenção de Mariana Mortágua.

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Aforradores portugueses são os europeus com maior apetite por investimento sustentável

A Allianz GI não divulga as empresas portuguesas incluídas nos seus fundos, mas diz que o cumprimento de critérios ESG por parte das cotadas nacionais está "na média europeia".

Os aforradores portugueses são os europeus com maior interesse em investimento socialmente responsável. Um estudo da Allianz Global Investors indica que 86% dos investidores de retalho considera importante ou muito importante alocar as suas poupanças em investimentos sustentáveis e 87% têm intenções de apostar em fundos com estes objetivos.

Pensamos sempre nos países nórdicos, mas o que vemos é uma grande importância dos países do sul da Europa. Há muitos países que falam sobre sustentabilidade, mas não fazem muito”, afirmou Isabel Reuss, diretora global de análise de Investimento Socialmente Responsável (ISR) do grupo, em declarações aos jornalistas na apresentação do estudo.

Critérios ambientais, sociais e de governance (ESG, na sigla em inglês) têm ganho destaque a nível europeu, que se começa a aproximar dos EUA, onde a tendência já está em forte crescimento. O estudo da gestora de ativos coordenado pela consultora Nielsen (realizado com mil investidores em cada um dos dez países) mostra que 92% dos portugueses está interessado em temas relacionados com sustentabilidade.

Em Portugal, não há uma grande diferença entre homens e mulheres, o que acontece em muitos países“, explicou Reuss, acrescentando que os portugueses também conferem o mesmo grau de importância aos diferentes aspetos de sustentabilidade: 99% tanto a água limpa como a saúde, 98% a educação e a salários justos ou 97% à luta contra a corrupção, direitos humanos e sociais e o combate às alterações climáticas.

Quão importante é o investimento sustentável em cada país?

Fonte: Allianz GI

Assessoria financeira trava aposta no investimento sustentável

Os investidores até estão dispostos a comprometer parte da rendibilidade em prol da sustentabilidade, mas a diretora global de análise ISR considera que não será necessário. “É uma estratégia como outra qualquer. Há subidas e descidas, mas consegue gerar um desempenho como qualquer outra”, afirmou a responsável do grupo, que oferece uma série de fundos de investimento diferentes neste segmento, incluindo quatro fundos comercializados em Portugal. “Certo é que os critérios ESG têm um grande impacto a longo prazo”.

Reuss vê várias razões para que a tendência ganhe impulso na Europa no futuro. Além do interesse de investidores institucionais, a Allianz GI têm cada vez mais family offices e clientes de retalho a procurarem estas soluções. Também a mudança geracional poderá ajudar: “As mulheres e os millennials mostram particular interesse e, pela primeira vez, assistimos a uma divisão igual da riqueza entre sexos e a que sejam as mulheres a decidirem onde põem o seu dinheiro“.

Já do lado das empresas, a Allianz GI também considera que há avanços e que a integração de critérios ESG na gestão é “o novo normal”. A gestora de ativos aplica estas diretrizes tanto como parte da análise como enquanto objetivo de investimento, sendo que há setores excluídos — como os que envolvem trabalho infantil ou armamento — e há também uma forte componente de envolvimento com a gestão.

Não divulga quais as empresas portuguesas que são alvo de investimento por parte dos fundos da Allianz GI, mas Reuss explicou que o cumprimento de critérios ESG por parte das cotadas nacionais está “na média europeia”. França e Reino Unido destacam-se pela positiva, enquanto a Alemanha está na ponta oposta.

Há, no entanto, limitações. Entre os inquiridos no estudo que têm acesso a assessoria financeira, apenas a 30% já foi oferecido um fundo de investimento sustentável. “Há claramente muito a fazer no campo da assessoria financeira”, disse Reuss, elogiando a iniciativa em curso em Portugal de criação de uma certificação de analistas financeiros especializados em investimento socialmente responsável.

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Grupo de 70 trabalhadores da Soares da Costa vai pedir insolvência da construtora

  • Lusa
  • 30 Março 2019

Sindicato alega que construtora deveria ter começado a cumprir o PER em outubro de 2018, mas não houve ainda nenhum pagamento das prestação da dívida superior a 45 milhões de euros.

Setenta trabalhadores da Soares da Costa reunidos este sábado em plenário decidiram, por unanimidade, pedir a insolvência da empresa por incumprimento do pagamento dos salários em atraso previsto no Processo Especial de Revitalização (PER), informou o Sindicato da Construção.

“A partir de segunda-feira os trabalhadores vão começar a vir ao sindicato para o nosso advogado tratar do assunto”, afirmou o presidente do sindicato em declarações à agência Lusa. Segundo Albano Ribeiro, “os trabalhadores estão cansados de tantas mentiras da atual administração” da construtora, que “deveria ter começado a cumprir o PER em outubro de 2018, mas não efetuou ainda o pagamento de nenhuma das prestações” devidas aos funcionários, num total que o sindicato diz ascender a mais de 45 milhões de euros.

“Como presidente do sindicato não defendo a insolvência, mas nesta situação, em que há trabalhadores com dez e mais meses de salários em atraso, é muito complicado”, afirmou o dirigente sindical.

Contactada pela agência Lusa, fonte oficial da Soares da Costa disse que “não comenta afirmações vindas” do presidente do Sindicato da Construção, mas referiu que, apesar das dificuldades em cumprir o calendário previsto no PER, “têm sido feitos alguns pagamentos” aos trabalhadores. Segundo a fonte, “ainda em janeiro” passado a verba recebida da Câmara de Braga, no âmbito de um processo judicial relativo às obras do Estádio Municipal daquela cidade, foi “integralmente usada para pagar sete meses de salários a todos os trabalhadores”.

Aprovado pelos credores em dezembro de 2017, com 79,5% de votos a favor e 16,1% contra, e transitado em julgado em junho, o PER atualmente em curso é o segundo apresentado pela Soares da Costa, e, ao contrário da primeira versão do documento, mereceu o acordo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), que com o BCP surge entre os maiores credores da construtora.

Apesar de aprovado pelos credores, o primeiro plano apresentado ao abrigo do PER da empresa tinha sido chumbado em maio do ano passado pelo tribunal, que considerou que o documento desrespeitava o princípio da igualdade entre os credores, beneficiando os que reclamavam créditos na moeda angolana. Segundo o tribunal, este plano impunha também a realização de dações de bens aos credores, em desrespeito de normas do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas (CIRE).

O novo plano, que a construtora garante que já não faz distinção entre credores, prevê uma redução da dimensão do perdão de dívida face ao anterior: para a dívida não garantida a instituições de crédito e a fornecedores, na ordem dos 607 milhões de euros, a Soares da Costa obteve um perdão de 50%, enquanto aos trabalhadores (cujos créditos rondam os 50,2 milhões de euros) o pagamento terá de ser integral.

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À frente na corrida das tecnológicas, Lyft acelera em bolsa. Quem se segue?

A plataforma concretizou a maior entrada em Wall Street de uma tecnológica desde a Snap em 2017. A rival Uber poderá ser a próxima e candidata-se ao lugar de maior IPO de sempre.

A Lyft estreou-se na bolsa de Nova Iorque, esta sexta-feira, com um ganho de 8,74%. A tecnológica de transporte de passageiros, que é a maior concorrente da Uber nos EUA, somou 1,78 mil milhões de dólares em capitalização de mercado e abriu a porta a uma série de tecnológicas que se preparam também para se lançar em Wall Street.

As ações da Lyft estrearam-se às 15h48 (hora de Lisboa) com uma valorização superior a 20% e chegaram mesmo a tocar os 87,24 dólares. O montante compara com os 72 dólares por ação da oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) fechado na quinta-feira e com o qual a empresa conseguiu 2,3 mil milhões de dólares. Acabou por terminar a sessão nos 78,29 dólares por ação e com uma capitalização bolsista de 22,4 mil milhões de dólares.

Esta foi a maior entrada em bolsa de uma tecnológica desde o Snap em 2017, mas não será a única este ano. A Uber deverá ser a próxima. A documentação necessária para o IPO já foi entregue ao regulador dos mercados norte-americano e a operação deverá avançar no próximo mês, segundo noticiou recentemente a Reuters. Atualmente avaliada em 76 mil milhões de dólares, o valor da tecnológica poderá disparar até aos 120 mil milhões.

Não só nos EUA estão a acelerar as colocações em bolsa das plataformas de transporte de passageiros. Na Europa, a Cabify está mais atrasada no processo — ainda não o confirmou oficialmente, mas já é dado como certo pelo imprensa espanhola –, mas um IPO na bolsa de Madrid poderá avançar no último trimestre deste ano. Segundo o Cinco Días, os responsáveis da Cabify têm estado em negociações com bancos em Espanha, mas o forte confronto entre taxistas e estas plataformas no país poderá ser um entrave.

Como nem só de transportes se fazem as grandes tecnológicas, há outros dois IPO do setor esperados este ano. O Pinterest, rede social de partilha boards de imagens que está avaliada em 12 mil milhões de dólares, também já entregou o prospeto ao regulador. O Slack, app de mensagens profissionais, está avaliado em 7,1 mil milhões de dólares e também quer entrar para a bolsa de Nova Iorque, no segundo trimestre deste ano. O Airbnb, plataforma de arrendamento temporário de habitações, também já esteve no grupo, mas recuou e sinalizou que o IPO poderá não acontecer este ano.

Apesar de o setor tecnológico parecer estar ebulição, apenas uma operação consegue candidatar-se ao lugar de maior IPO de sempre em Nova Iorque e rivalizar com o Alibaba. A tecnológica chinesa chegou, em 2014, à bolsa com uma capitalização de 230 mil milhões de dólares e após uma oferta pública inicial em que levantou 25 mil milhões de dólares. A Uber poderá agora destronar esta posição.

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Andrew Tuck, editor da Monocle: “Não criámos uma revista, criámos uma marca”

Andrew Tuck, editor da Monocle foi um dos convidados do Seminário INOVDESIGN 2019 que decorreu na Fundação de Serralves.

A Monocle é mais que uma revista. Descrita como uma “reunião entre a Foreign Policy e a Vanity Fair”, é hoje também uma estação de rádio, um website, uma marca de acessórios, tem cafés e lojas, organiza conferências e segue uma contracorrente do digital.

Fundada por Tyler Brûlé, tem desde o primeiro dia contado com a edição de Andrew Tuck, que na passagem pelo Porto e em entrevista ao #ecoolhunter, explicou como a marca de media se tornou num “ícone” do lifestyle internacional.

Andrew Tuck, editor da revista Monocle, em entrevista ao ECO - 27MAR19
Andrew Tuck, editor da Monocle, na Fundação de Serralves.Hugo Amaral/ECO

“Desde o primeiro momento pensámos que somos uma marca e pensámos naquilo que queríamos ser enquanto marca. E ser uma marca significa don’t go with the flow”, foi assim que pensámos há 12 anos quando se anunciava que o futuro seria digital e que as revistas iriam desaparecer”, começou por dizer Andrew Tuck aos presentes no seminário INOVDESIGN 2019, explicando como o processo teve início com um logo, com “testar impressões, sentir o cheiro do papel”.

“New or old Media?” são questões que já não fazem sentido para o editor, assumindo o projeto como uma marca de media contemporânea, que tem a revista no centro de toda a operação.

“Deep connections” é o que procuram manter com uma comunidade com quem criam relações diárias através de uma newsletter, mensais por via da revista, anuais com a publicação de livros, ou até nos eventos que organizam, cerca de 60 por ano. “As pessoas querem relacionar-se”, reforça.

Se são uma Love Brand? “Há pessoas apaixonadas pelo que fazemos, algumas desde o primeiro dia”, diz, revelando que o segredo para uma boa história está naquilo a que chama de “Sydney beach test”.

Portugal e a Monocle têm uma relação antiga, que parece estar para continuar. Assim como o ADN Europeu mas também global da marca, tendo Andrew Tuck, durante a intervenção em Serralves, passado pela B Word – de Brexit, que, em clima de incerteza, já obrigou a mudanças na Monocle, como nos conta em entrevista.

Os tempos são de “changed and adapted” diz, e quanto ao futuro “well, there will always be surprises”, enquanto negócio e empresa de media, acrescentou o editor no final da sua intervenção em Serralves. Na entrevista revela alguns dos próximos projetos da Monocle.

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Bloco diz que SNS tem de garantir a melhor qualidade de prestação de cuidados

  • Lusa
  • 30 Março 2019

Catarina Martins referiu que "esta oportunidade de alterar a lei de bases da saúde não pode ser desperdiçada".

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, defendeu este sábado que deve ser o Serviço Nacional de Saúde (SNS) a garantir a toda a gente, em todo o país, a melhor qualidade de prestação destes cuidados.

“Está a ser debatida na Assembleia da República uma lei que é essencial para as condições de vida no interior do país, que é a lei de bases da saúde”, disse a líder do Bloco, que falava aos jornalistas, em Estremoz, durante uma visita ao mercado da cidade.

Catarina Martins referiu que “esta oportunidade de alterar a lei de bases da saúde não pode ser desperdiçada” e lembrou que “alterar a lei de bases da saúde para proteger o SNS da sangria dos recursos para os hospitais privados é defender o funcionamento do SNS em todo o país e é acabar com a sangria de recursos humanos de que o país precisa no SNS”.

“O interior tem sido particularmente prejudicado pela forma como tantas vezes profissionais e recursos vão para o setor privado em vez de estarem no SNS, e depois, o setor privado não quer fazer o serviço público no interior, porque no interior não faz lucro”, adiantou a líder bloquista.

Para a coordenadora do BE, “se a concorrência com o setor privado e o crescimento do setor privado da saúde à conta do orçamento público tem criado problemas em todo o país, as populações do interior são as primeiras a sofrer com esses problemas, porque veem desde logo a incapacidade do SNS de atrair profissionais para as zonas do interior”.

“Ouvi o senhor primeiro-ministro dizer em entrevista que está muito interessado em fazer uma lei de bases da saúde negociada à esquerda. Ainda bem que assim é”, adiantou a líder bloquista, lembrando que foi “o Bloco de Esquerda o primeiro partido a apresentar uma proposta de lei de bases da saúde, que foi feita por João Semedo e por António Arnaut”.

Catarina Martins referiu que “é necessário para que este trabalho comum exista, parar a sangria de recursos do Orçamento do Estado para o setor privado da saúde e garantir que o Serviço Nacional de Saúde é o prestador de cuidados de saúde em todo o país e a toda a população”.

A líder do BE defendeu “uma lei de bases que acabe com a ideia de que o Estado financia o setor privado, que protege o Serviço Nacional de Saúde e os recursos do SNS e limita as contratualizações ao setor social e ao setor privado, nas áreas onde não há oferta do SNS, é a única lei de bases da saúde que pode fazer a diferença para salvar o SNS”.

Catarina Martins, afirmou, ainda, que para salvar o SNS, é importante que o “Governo tenha a disponibilidade de fazer uma lei de bases mais exigente, que acabe com as PPP e que limite a contratualização com o setor social e setor privado às áreas onde é necessário, acabando com uma concorrência desleal entre público e privado, que tem vindo a retirar os profissionais de saúde onde são mais necessários, desde logo no interior do país”.

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Mais de 100 mil pessoas já viram esta instalação no MAAT. Este é o último fim de semana

  • ECO
  • 30 Março 2019

A instalação 'Over Flow' pretende ser uma experiência imersiva numa paisagem marítima, após uma catástrofe ecológica.

Este fim semana é a última oportunidade para ver o trabalho de Tadashi Kawamata no MAAT, em Lisboa. Mais de 100 mil pessoas já viram a instalação do artista japonês Tadashi Kawamata na galeria oval do MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, segundo a instituição.

A instalação ‘Over Flow’ pretende ser uma experiência imersiva numa paisagem marítima, após uma catástrofe ecológica. “Integra resíduos de plástico e barcos abandonados, recolhidos na costa portuguesa durante as campanhas de limpeza de praias”, explica o museu. Este é o último fim de semana para ver o trabalho do japonês.

Na galeria oval do MAAT, a rede protege o visitante dos detritos que chegam aos oceanos e alerta para o excesso de consumo e poluição dos oceanos. Que futuro terão os crocs pretos, a luva de pescador, as embalagens vazias, o capacete amarelo e outros (muitos) objetos que foram parar ao Atlântico?

A peça, que integra programação da BoCA – Biennial of Contemporary Arte, foi criada para este espaço, resulta de um trabalho no terreno, em Portugal, entre o Tadashi Kawamata, artistas, arquitetos e o coletivos Os Espacialistas, que durou cerca de um ano.

A instalação do artista japonês pode ser vista até 1 de abril na galeria oval do MAAT, enquanto na galeria principal se encontra Ficção e Fabricação, Fotografia de Arquitetura Após a Revolução Digital e na Central Tejo continua, até 22 de abril, Hello, Robot, uma exposição concebida pelo Vitra Design Museum.

  • Over Flow, de Tadashi Kawamata

    Galeria Oval, MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia

    Até dia 1 de abril, das 11.00 às 19.00

    Bilhetes: 5 euros; estudantes e seniores 2,5 euros; grupos de mais de 10 pessoas 2,5 euros por pessoa; gratuito até aos 18 anos e para membros MAAT.

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IRS automático chega a mais contribuintes este ano. Saiba se é um dos contemplados

Em 2019, são 3,2 milhões os agregados que podem ser potencialmente abrangidos pela entrega automática da declaração do IRS. O universo dilatou, mas ainda há muitos contribuintes excluídos. É um deles?

O universo dos contribuintes portugueses que, este ano, poderão beneficiar do IRS automático cresceu. O secretário de Estados dos Assuntos Fiscais já adiantou que, em 2019, serão abrangidos potencialmente 3,2 milhões de agregados nacionais, grupo do qual fazem parte, pela primeira vez, os subscritores de Planos Poupança Reforma (PPR). Apesar desse alargamento, há ainda portugueses que continuam a ter de seguir o caminho mais tradicional e preencher a declaração.

De acordo com o decreto publicado no início de fevereiro em Diário da República, a declaração automática de rendimentos está apenas disponível para os sujeitos passivos de IRS que tenham recibo no último ano rendimentos do trabalho dependente ou de pensões (exceto pensões de alimentos) ou rendimentos tributados por taxas liberatórias. Esses contribuintes não devem, além disso, optar pelo englobamento dos rendimentos.

A esta condição somam-se, outras oito. Os contribuintes que pretendem usar o IRS automático têm de ter auferido esses rendimentos “apenas em território português” e que não podem ter recebido gratificações pela prestação de trabalho a entidades diferente da entidade patronal; têm de ter sido “residentes durante a totalidade do ano a que o imposto respeita” (no caso, 2018) e não podem ter tido o estatuto de residente não habitual.

É ainda exigido que estes contribuintes não tenham usufruído de benefícios fiscais (exceto os relativos à dedução à coleta do IRS por valores aplicados em PPR), não tenha pago pensões de alimentos, não tenham tido deduções relativas a ascendentes e não tenham tido “acréscimos ao rendimento por incumprimento de condições relativas a benefícios fiscais”.

Todas estas condições têm de ser cumpridas cumulativamente, isto é, basta falhar uma para que não possa recorrer à declaração automática. No ano passado, foram três milhões os agregados que reuniram as condições vigentes nessa ocasião, número que este ano sobe para 3,2 milhões com o alargamento aos subscritores de PPR.

No primeiro ano em que foi disponibilizada esta entrega automática do IRS, aderiram 800 mil agregados. No segundo, atingiu-se os 1,5 milhões de agregados, cerca de metade do universo potencial. Este ano, o número deverá voltar a subir, face à contínua conquista da “confiança” dos contribuintes, como indicou o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.

De resto, António Mendonça Mendes já fez questão de notar que em alguns casos esta possibilidade só não é usada porque os contribuintes têm de fazer alguma correção do agregado ou das despesas, o que implica a recusa dos valores automáticos e o preenchimento pelo modo “tradicional”.

Sem a possibilidade de recorrer à entrega automática de IRS, continuam os contribuintes que obtiverem rendimentos das categorias B (rendimentos empresariais e profissionais obtidos por conta própria), E (rendimentos capitais que resultem de elementos patrimoniais, bens, direitos ou situações jurídicas e de natureza mobiliária), F (rendimentos prediais) e G (incrementos patrimoniais, onde se incluem as mais-valias, as indemnizações ou os acréscimos patrimoniais não justificados).

De notar que todo este exercício automático resulta, sublinham os fiscalistas, numa entrega separada da declaração anual de IRS, mesmo para os casais, o que pode ser prejudicial para as suas contas. Os especialistas recomendam, por isso, que faça várias simulações e verifique se a tributação conjunta não é mais vantajosa.

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Novos passes podem tirar 42 mil carros de Lisboa

  • ECO
  • 30 Março 2019

Câmara Municipal de Lisboa antecipa um aumento de 55 mil pessoas a usarem transportes públicos, apenas numa primeira fase, segundo escreve o Expresso, este sábado.

A descida do preço dos passes sociais, a partir da próxima segunda-feira, poderá levar a uma redução no número de carros de circulam todos os dias em Lisboa de cerca de 42 mil. Os números são do vereador da Mobilidade e Segurança na Câmara Municipal de Lisboa (CML), Miguel Gaspar, em declarações ao Expresso (acesso pago).

“Até agora vendiam-se cerca de 550 mil passes na Área Metropolitana de Lisboa (AML). Um aumento de 10% na procura dos transportes públicos em resultado da redução das tarifas significa ter mais 55 mil passes vendidos. E até é uma estimativa conservadora, porque temos outros estudos que apontam para um impacto ainda maior, entre 10% e 20%. Ou seja, o aumento pode ir dos 55 mil aos 110 mil novos passes”, afirmou Gaspar, ao semanário.

Se todas as 55 mil pessoas, que se espera que passem a andar de transportes públicos, deixarem o automóvel em casa, poderá significar uma quebra de 42 mil automóveis, tendo em conta que nos dias úteis cada veículo tem, em média, 1,3 ocupantes. A redução poderá vir a ter impacto no consumo de combustíveis fósseis, nas emissões de CO2 e no espaço ocupado por veículos na cidade.

As estimativas para o reforço da procura por transportes numa primeira fase é cerca de um terço do objetivo traçado para 2030. O Governo pretende fazer crescer e melhorar a rede, bem como atrair mais 150 mil pessoas, de acordo com o Expresso. O objetivo é que a quota de utilização de transportes públicos aumente para 33%, dos atuais 25%.

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António Costa quer Mário Centeno nas Finanças se PS vencer legislativas

  • Lusa
  • 30 Março 2019

O primeiro-ministro não colocou a meta eleitoral na maioria absoluta, afirmando apenas que quer “o melhor resultado possível” para o PS em outubro.

O primeiro-ministro, António Costa, admitiu este sábado que, caso o PS ganhe as eleições legislativas em outubro, quer que Mário Centeno continue como ministro das Finanças, em entrevista à TSF e ao Dinheiro Vivo.

“Acho que tem mesmo a oportunidade de poder, se os portugueses nos permitirem voltar a formar um novo Governo, de ser não só aquele [ministro das Finanças] que fez uma legislatura completa, mas também fazer uma segunda legislatura”, afirmou numa entrevista conduzida por Anselmo Crespo, subdiretor da TSF, e Rosália Amorim, diretora do Dinheiro Vivo.

Como tem acontecido noutras entrevistas, António Costa não coloca a meta eleitoral na maioria absoluta, afirmando apenas que quer “o melhor resultado possível” para o PS em outubro.

Nas europeias de 26 de maio, os socialistas têm como cabeça de lista o ex-ministro Pedro Marques e o chefe do Governo assumiu que daria “seguramente” um bom comissário europeu.

Ainda sobre a nova lei de bases da saúde, que o PS já disse que confirmaria no parlamento se o Presidente da República a vetasse, o primeiro-ministro afirmou que as conversações com os parceiros à esquerda estão a correr bem e pediu que não se dramatize uma eventual ausência do PSD deste entendimento.

“Não vale a pena dramatizar muito a questão porque seria a primeira vez que haveria acordo”, afirmou, recordando como, ao longo da história recente, a esquerda e os dois partidos de direita, PSD e CDS, nunca se entenderam no SNS ou na lei de bases da saúde.

(título corrigido às 19h37. O PS nāo ganhou as últimas eleições)

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Maioria dos taxistas sem medo do impacto dos novos passes em Lisboa

  • Lusa
  • 30 Março 2019

Representantes das associações consideram que o impacto desta medida não é comparável ao do impacto causado pela introdução das plataformas eletrónicas de transporte de passageiros.

A diminuição do preço dos passes de transporte em Lisboa, a partir de segunda-feira, não assusta a maior parte do setor do táxi, que se mostra, com exceção de uma associação, despreocupado quanto ao impacto no negócio. O presidente da Federação Portuguesa do Táxi (FPT), Carlos Ramos, não acredita que a introdução dos novos passes Navegante, mais baratos e mais atrativos, “vá ter um impacto”.

O presidente da Associação Nacional de Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL), Florêncio Almeida, entende também que os passes “não afetam nada”, podendo, “pelo contrário, trazer vantagens para o setor dos táxis”.

“É previsível que haja alguma alteração porque vai haver mais gente a deixar o carro em casa (por terem comprado passe de forma a ficar mais económico) e, eventualmente, em alguma situação, podem ter de apanhar um táxi”, disse à Lusa Carlos Ramos, uma opinião partilhada por Florêncio Almeida.

Ambos os representantes das associações consideram que o impacto desta medida não é comparável ao do impacto causado pela introdução das plataformas eletrónicas de transporte de passageiros em veículos descaracterizados (TVDE), cuja atividade tem sido fortemente contestada pela FPT e pela ANTRAL.

Pelo contrário, Pedro Pinto, membro fundador da recém-criada Associação Portuguesa para a Mobilidade (APMobi), crê que, “se nada for feito para tornar os preços dos táxis mais competitivos, esta redução dos preços dos passes urbanos vai afetar de forma bastante significativa o setor, talvez até mais do que afetou a chegada das plataformas TVDE”.

Apesar de os táxis terem um “papel cada vez mais preponderante em curtas distâncias e como complemento a outros serviços de transportes públicos”, o representante reconhece que o setor “continua estagnado e com regras que não são alteradas há décadas”. “Hoje em dia mobilidade significa flexibilidade (de preços, de fronteiras, de serviços) e se o setor dos táxis quer fazer parte desta nova mobilidade tem de mudar”, concluiu.

Vítor Mendes, Elias Sambu e Nuno Hungria, taxistas na cidade de Lisboa ouvidos pela Lusa numa praça de táxis, consideram que o setor não sairá afetado depois do dia 1 de abril. Mais otimista está Nuno Hungria, para quem o aumento da compra do passe “leva as pessoas a deixar o carro em casa e, numa altura em que haja um imprevisto nos transportes ou atrasos, podem ter de recorrer aos táxis.”

Elias Sambu frisou que “a população vai continuar a andar de transportes públicos porque as necessidades de quem anda de táxi e de quem anda de transportes públicos são diferentes”. O taxista apontou o exemplo da sua própria família, que “não apanha táxis e utiliza os passes, que muito ajudam, ainda mais agora”.

A generalidade dos taxistas entrevistados pela Lusa mostrou-se despreocupada quanto a alguma alteração no setor dos táxis devido à descida do preço dos passes, acreditando que, caso aconteça, será de forma positiva.

A partir de segunda-feira, o novo passe Navegante Metropolitano custa no máximo 40 euros mensais por utente e permite viajar em todos os operadores de transportes públicos na Área Metropolitana de Lisboa (AML). São também criados 18 passes Navegante Municipal, um para cada dos 18 concelhos que integram a AML e, neste caso, permite apenas viajar no concelho para o qual foi adquirido por 30 euros.

As crianças até ao mês em que completam os 13 anos podem viajar gratuitamente em toda a AML com o cartão Lisboa Viva (no qual se carrega o passe) e são mantidos os atuais descontos para estudantes, reformados, pensionistas e carenciados, tendo como referência os novos preços.

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Carlos Costa deu aval a 857 milhões para offshores

  • ECO
  • 30 Março 2019

Governador do Banco de Portugal assinou pareceres favoráveis enquanto liderava a Direção Internacional do BCP, entre janeiro de 2000 e março de 2004, revela o Correio da Manhã.

O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, deu pareceres favoráveis à concessão de empréstimos a 21 sociedades offshore controladas pelo BCP, enquanto liderava a Direção Internacional do mesmo banco, segundo revela este sábado o Correio da Manhã (acesso pago). No total, os créditos ascendem a mais de 857 milhões de euros.

Carlos Costa participou no processo de decisão que envolveu 17 offshores Cayman e quatro Goes Ferreira, que, sendo controladas pelo BCP, foram usadas para comprar ações do próprio banco. A desvalorização dos títulos levou a perdas na ordem das centenas de milhões de euros para o BCP. O CM escreve que as operações foram investigadas pelo Ministério Público, após uma queixa apresentada por Joe Berardo no final de 2007.

O processo levou à condenação dos administradores do BCP na altura, Jardim Gonçalves, Filipe Pinhal e António Rodrigues. O atul governador do Banco de Portugal foi ouvido como testemunha no processo, em 2012, tendo justificado os pareceres favoráveis (a crédito cuja única garantia de pagamento eram também ações do BCP) com base na confiança que tinha nas decisões tomadas pelos funcionários do BCP.

O CM contactou Carlos Costa sobre a posição adotada neste caso e sobre a a passagem pela administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD), entre abril de 2004 e setembro de 2006. Fonte oficial do Banco de Portugal afirmou: “O processo relativo ao BCP é público e já foi apreciado na justiça, tendo transitado em julgado. Neste processo, o governador não foi alvo de qualquer acusação, tendo apenas sido ouvido como testemunha”.

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