“Não ficará pedra sobre pedra desta decisão” do Banco de Portugal, diz Tomás Correia

  • ECO
  • 16 Março 2019

O presidente da Associação Mutualista aponta várias irregularidades na acusação do Banco de Portugal, e mostra-se confiante de que esta não vai ter seguimento na fase de justiça.

Tomás Correia critica a decisão do Banco de Portugal (BdP), que lhe aplicou uma multa de mais de um milhão de euros, e garante que esta “não será difícil impugnar”. O presidente da Associação Mutualista aponta vários erros e contradições na acusação do BdP, e diz que o supervisor está a ir longe de mais na aplicação dos poderes, em entrevista ao Dinheiro Vivo (acesso livre) e à TSF.

“Não ficará pedra sobre pedra desta decisão” do Banco de Portugal, diz Tomás Correia. Entre as irregularidades apontadas pelo presidente da Associação Mutualista está o facto de não terem tido em conta comunicações, entre a instituição e o próprio regulador, que foram truncadas pelo BdP “para retirar aquilo que contrariaria as conclusões em relação a várias matérias”.

As partes dos documentos trocados com a Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) que terão sido alvo de omissão dizem respeito às áreas de controlo interno, provisões específicas, unidades de participação e relações de créditos entre empresas do grupo Montepio e participadas pela própria CEMG, indica Tomás Correia.

Tomás Correia adianta que já antecipava, desde 2012, que viria a ser alvo de investigação por parte do BdP, e que não ter cedido o Montepio a capital estrangeiro pode ter sido um dos fatores que contribuiu para esta penalização. O BdP “está a ir longe de mais no modo como exerce os seus poderes”, e todos os sete visados consideram que as acusações não têm fundamento, bem como a própria CEMG, reitera.

O presidente da Associação Mutualista está confiante de que na fase da justiça, esta acusação “não tem a mínima possibilidade de poder ter seguimento”. O empréstimo da CEMG à Rioforte, sem análise de risco, de 130 milhões de euros é um dos pontos que leva à acusação, mas Tomás Correia esclarece que “o Montepio emprestou à Rioforte Portugal 30 milhões no final – já tinha lá 60 milhões há muito tempo”, e defende que houve análise de risco.

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Execução orçamental até fevereiro está “muito acima do projetado”

  • Lusa
  • 16 Março 2019

O ministro das Finanças disse à Lusa que as contribuições sociais e a receita dos principais impostos até fevereiro estão muito acima do que estava projetado, apesar da desaceleração da economia.

“As contribuições sociais até fevereiro deste ano estão a crescer 7%, muito, muito acima do que tínhamos projetado para o Orçamento do Estado de 2018 e também para 2019. A receita dos principais impostos está a crescer muito mais do que tínhamos projetado também, de certa forma não sendo até compatível com a desaceleração da economia”, afirmou hoje Mário Centeno, em declarações à Lusa, no âmbito da melhoria do ‘rating’ de Portugal por parte da Standard & Poor’s.

O ministro frisou que “as receitas fiscais têm vindo a acelerar ao longo de 2018 e mantêm-se muito significativamente fortes no início de 2019”.

Mário Centeno adiantou que “em janeiro e fevereiro a receita bruta de IRS cresce 7%, mesmo com a revisão das tabelas, porque houve uma redução do IRS em 2019 e, portanto, menos retenções para cada trabalhador”, registando-se um “crescimento de 7% no total da receita nos dois primeiros meses do ano”.

E de acordo com o ministro, “a mesma coisa acontece no IVA, com um crescimento da receita líquida muito superior a 10%”.

“Tudo isto são indicadores positivos da dinâmica da economia portuguesa que o Governo monitoriza de forma muito consistente”, frisou Mário Centeno.

De acordo com os últimos dados divulgados pela Direção-Geral do Orçamento (DGO), no primeiro mês do ano a receita fiscal aumentou em 594,3 milhões de euros por comparação com janeiro do ano passado, sendo este acréscimo sustentado tanto pelo comportamento dos impostos diretos como dos indiretos.

No conjunto, os impostos diretos observaram um aumento de 11,4%, enquanto os indiretos registaram uma subida homóloga de 27% (tendo em conta o efeito extraordinário do alargamento do prazo do ISP e do IT [Imposto sobre o Tabaco]).

No primeiro mês do ano, a receita do IRS ascendeu a 1.285 milhões de euros, mais 91,3 milhões de euros do que o montante arrecadado no mesmo mês de 2018.

No IRC o valor total da receita foi de 115,5 milhões de euros, correspondendo a uma subida homóloga de 84,4% (mais 52,8 milhões de euros). Para este resultado contribuiu a quebra de 49,3% (equivalente a 21,9 milhões de euros) nos reembolsos.

Entre os impostos indiretos, a receita do IVA totalizou 1.214 milhões de euros em janeiro, refletindo uma subida de 166,5 milhões de euros (15,9%) face ao mesmo período de 2018.

No total, em janeiro, o Estado arrecadou 3,5 mil milhões de euros de receita fiscal, o que traduz uma subida de 20,3% face ao mesmo mês de 2018.

Em janeiro, o excedente orçamental em contas públicas totalizou 1.542 milhões de euros, uma melhoria de 751 milhões de euros face ao período homólogo. O saldo global foi explicado por um crescimento de 10,4% da receita e uma redução da despesa de 1,9%.

Os dados da DGO relativos à execução orçamental de fevereiro serão divulgados em 27 de março.

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Sondagem: PS vence legislativas sem maioria absoluta e Aliança ultrapassa PAN

  • Lusa
  • 16 Março 2019

O PS venceria as legislativas sem maioria absoluta, com 37,3% e mais 12,1 pontos percentuais que o PSD, revela um estudo da Eurosondagem para o Sol e Porto Canal, que coloca a Aliança à frente do PAN.

O estudo de opinião, realizado entre 10 e 14 de março e que tem uma margem de erro de 3,07%, indica uma diferença 15,5 pontos percentuais entre os três partidos da esquerda (PS, CDU e BE, com 52,5%) e as três forças da direita (PSD, CDS-PP e Aliança, com 37%).

De acordo com a projeção global da Eurosondagem, o PS obtém 37,3%, longe da maioria absoluta, mas bem à frente do PSD, que regista 25,2%.

O CDS-PP volta a ser o terceiro partido mais votado, com 8,5%, seguido pelo BE, com 8,1%, e pela CDU, com 7,1%.

A Aliança, do ex-primeiro-ministro Pedro Santana Lopes, com 3,3%, ultrapassa o partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), que obtém 2,4%, mesmo assim um resultado acima do alcançado nas legislativas de 2015, 1,4%.

Na comparação com os resultados das legislativas de outubro de 2015, os socialistas sobem cinco pontos percentuais, passando de 32,3% para 37,3%.

O PSD e o CDS-PP, com 33,7% em conjunto, recuam três pontos percentuais relativamente ao resultado alcançado em 2015 pela coligação PAF (Portugal À Frente), que registou 36,9% dos votos.

A CDU e o BE descem, registando 7,1% e 8,1%, respetivamente. A coligação PCP-PEV tinha alcançado 8,25% e perde nesta sondagem 1,1 pontos percentuais. Já os bloquistas, que tiveram 10,2%, perdem dois pontos percentuais.

No estudo da Eurosondagem, 19% “não sabem ou não respondem” ao inquérito e 8,1% admitem votar branco, nulo ou em partidos que não constam do questionário.

O estudo da Eurosondagem para o Sol, Porto Canal, Diário de Notícias da Madeira e Diário Insular dos Açores foi realizado de 10 a 14 de março de 2019, através de “entrevistas telefónicas, realizadas por entrevistadores selecionados e supervisionados”.

O universo é a população com 18 anos ou mais, residente em Portugal Continental e Regiões Autónomas, para telemóveis e telefones da rede fixa.

A amostra foi estratificada por região, tendo resultado, Norte – 18,4%; Área Metropolitana do Porto – 13,0%; Centro – 26,4%; Área Metropolitana de Lisboa – 24,5%; Sul – 9,0%; Região Autónoma dos Açores – 3,9%; Região Autónoma da Madeira – 4,7%, num total de 1.020 entrevistas validadas.

Foram efetuadas 1.171 tentativas de entrevistas e, destas, 151 (12,9%) não aceitaram colaborar no estudo de opinião.

O erro máximo da amostra é de 3,07%, para um grau de probabilidade de 95,0%.

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Portugal poupou 1.270 ME em juros com subidas de ‘rating’ em 18 meses

  • Lusa
  • 16 Março 2019

O ministro das Finanças disse à Lusa que o Estado poupou 1.270 milhões de euros com as emissões de dívida desde setembro de 2017, altura em que Portugal voltou a ter uma notação de investimento.

Em declarações à Lusa, a propósito da subida hoje do ‘rating‘ de Portugal pela Standard & Poors (S&P), Mário Centemo afirmou ainda que esta melhoria hoje “reflete o reconhecimento de transformações estruturais na economia e terá impacto direto nos custos de financiamento das famílias, empresas e Estado.

“Trata-se de uma decisão que contribui para reforçar a confiança dos investidores e a credibilidade externa de Portugal, com impacto direto nos custos de financiamento das famílias das empresas e do Estado”, acrescentou o ministro das Finanças.

A S&P subiu a nota atribuída a Portugal de ‘BBB-‘ para ‘BBB’, dois níveis acima do grau de investimento especulativo, atribuindo-lhe uma perspetiva estável.

Mário Centeno recordou que em 15 de setembro de 2017, há 18 meses, a S&P foi a primeira das principais agências de ‘rating’ a colocar a dívida portuguesa de novo com a notação de investimento.

“Foi um sinal positivo e ao mesmo tempo muito claro do retorno à normalidade do financiamento da República Portuguesa”, disse o ministro, adiantando que, desde essa altura, “Portugal emitiu 23.420 milhões de euros em dívida nas diferentes maturidades”.

“E dado este reconhecimento e o percurso que fizemos nos mercados financeiros, pagámos menos 1.270 milhões de euros em juros apenas nestas emissões”, adiantou o ministro.

“São poupanças que o Estado tem com o seu financiamento que apenas foram conseguidas pelo resultado das políticas económicas que temos seguido e pelo investimento feito em Portugal ao longo destes anos pelas empresas e pelas famílias”, argumentou.

Em declarações à Lusa, Mário Centeno adiantou também que é preciso continuar o trabalho feito “em prol das novas gerações” e frisou que é importante a concentração da redução da dívida pública.

“Portugal hoje é de novo reconhecido pela Standard & Poor’s. Devemos continuar este trabalho em prol das novas gerações. Aquilo em que é mais importante concentrar-nos, em termos de resultados para Portugal hoje, é a redução da dívida, que continua elevada”, assumiu o governante.

Sobre o impacto que esta melhoria do ‘rating’ terá para Portugal, Mário Centeno frisou que “o financiamento que as empresas têm, o crédito que as famílias podem aceder, beneficia desta redução das taxas”.

“Significa que o rendimento disponível aumenta e que podemos todos em conjunto aumentar o investimento na nossa formação, nas nossas empresas. E o Estado com certeza beneficia porque os 1.200 milhões de euros que pagámos a menos em juros nas emissões desde setembro de 2017 beneficiam o Orçamento do Estado no que é o aumento da despesa em saúde, em educação, nos transportes”, disse o ministro.

A agência de notação financeira S&P subiu o ‘rating’ de Portugal de ‘BBB-‘ para ‘BBB’, passando a ter a mesma avaliação para a dívida soberana portuguesa que a Fitch e a DBRS, que também avaliam a dívida pública portuguesa em ‘BBB’ com perspetiva estável.

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Até onde pode baixar o juro e aumentar o rating da dívida? Ainda há espaço para melhorar

Apesar das quedas no juro, o spread face à Alemanha ainda não atingiu os mínimos. Esta semana, Portugal financiou-se ao custo mais baixo de sempre e beneficiou de uma subida da notação.

Os juros da dívida portuguesa não param de cair. Enquanto se renovam mínimos históricos em mercado secundário, Portugal tem-se financiado a taxas cada vez mais reduzidas (que atingiram o valor mais baixo de sempre para novas obrigações a dez anos esta quarta-feira). A margem para a redução nos juros está a ficar limitada, mas os analistas ainda veem espaço para melhorias no risco-país e no rating nacional.

“Os juros atingiram mínimos históricos depois de o presidente do Banco Central Europeu (BCE) ter falado sobre o abrandamento da economia europeia, nomeadamente a alemã. Mario Draghi não tem argumentos para subir taxas de juro de referência. Além disso, irá voltar aos TLTRO [operações de refinanciamento de prazo alargado] para estimular a economia“, explicou Paulo Rosa, senior trader e economista do Banco Carregosa.

A última reunião do BCE levou a uma quebra generalizada nas yields benchmark (ou seja a 10 anos) das dívidas europeias e, no caso de Portugal, a tocarem mínimos históricos. Em mercado secundário, já chegarem aos 1,32% e, em primário, o Tesouro emitiu esta quarta-feira 862 milhões de euros em Obrigações (OT) que vencem em 2029 a uma taxa de juro nunca vista de 1,298%.

“A decisão do BCE de comunicar ao mercado que não pretende alterar as taxas de juro de referência pelo menos até ao final de 2019 significa que o contexto irá continuar a ser de baixas taxas de juro ao longo dos próximos meses. Um contexto de baixa volatilidade no mercado de taxas e de procura de yield por parte dos investidores poderá continuar a favorecer a diminuição das yields nos soberanos da área do euro, incluindo por parte da dívida portuguesa”, concorda a Patris Corretora.

Yield portuguesa em mínimos históricos

Eurobonds na calha aproximam risco dos países da Zona Euro

Apesar de existente, a margem para mais quedas começa a ficar limitada e Paulo Rosa considera que “1% é uma resistência difícil de ultrapassar” para os juros da dívida portuguesa. O foco é, por isso, para o risco-país, medido através da diferença entre o juro de Portugal e o benchmark europeu que são as Bunds alemãs.

A yield das Bunds a 10 anos está próxima de zero (nos 0,07% esta quarta-feira) após, em 2016, ter chegado a negociar em terreno negativo. À exceção de Itália e Grécia, todos os países da periferia da Zona Euro têm assistido a um estreitar do spread, graças à perceção dos investidores sobre a integração europeia. Além do BCE, também os avanços no orçamento único da Zona Euro abrem a porta à emissão de Eurobonds a uma taxa igual para todos os países.

“Embora os juros em secundário já estejam em mínimos históricos, o spread em relação às Bunds, agora a 125 pontos, ainda não atingiu os mínimos registados após a crise da dívida e que foram nos 105 pontos“, explicou Filipe Garcia, economista e presidente da IMF – Informação de Mercados Financeiros. “Portanto, a próxima referência é ao nível do estreitamento de spread em mais 20 pontos, o que não significa que não possa haver uma queda ainda mais acentuada”.

A Patris Corretora acrescenta que mesmo que o spread de Portugal face à Alemanha não sofra alterações, a tendência de contínua queda observada no custo da dívida alemã poderá também continuar a favorecer a redução da yield na dívida portuguesa. “A manutenção deste contexto poderá ser importante para que, pelo menos, o spread permanece aos atuais níveis”, sublinha a corretora.

Risco-país em queda

Fonte: Reuters

Estado ‘bom aluno’ poupa quase dois mil milhões por cada ponto

Os analistas contactados pelo ECO concordam que os fatores externos explicam, em grande parte, a redução nos custos de financiamento e serviço de dívida registados por Portugal desde o início do ano. No entanto, referem que também fatores internos têm beneficiado o país, nomeadamente o ritmo de crescimento económico — de 2,7% em 2017 e 2,1% em 2018 — de Portugal e a consolidação orçamental.

“Adicionalmente, a estabilidade do ambiente político também poderá ter contribuído, como provavelmente se pode constatar da ausência de preocupação por parte dos mercados financeiros em ano de eleições legislativas em Portugal”, aponta a Patris Corretora.

É uma espécie de ciclo vicioso. A redução dos juros que têm de ser pagos pelo Estado aos investidores é uma das causas para o défice de apenas 0,7% no ano passado (quando foi reembolsada antecipadamente a totalidade da dívida ao Fundo Monetário Internacional, que era mais cara que a restante dívida do país) e a projeção de 0,2% para este ano.

Por cada ponto percentual de quebra no serviço de dívida, há uma poupança de entre 1,6 e 1,8 mil milhões de euros. Ao contribuírem para a diminuição do défice e do rácio da dívida face ao produto interno interno bruto (PIB), estas poupanças levam ao reforço da confiança dos investidores em Portugal e assim sucessivamente. Mas esta estratégia bem-sucedida tem limitações.

“Como se pode ver por exemplo com Itália — longe dos mínimos — também há um conforto com a dívida portuguesa pelo facto de o país ser apercebido como cumpridor — ou pelo menos não rebelde — em relação às diretrizes orçamentais. Se a desaceleração da economia for muito pronunciada, ou se houver uma alteração significativa a nível político nacional, os juros poderiam voltar a subir, mas não é esse o cenário nesta fase”, alerta Filipe Garcia, da IMF.

Novas subidas de rating já estão incorporadas pelo mercado

Paulo Rosa, do Banco Carregosa, considera igualmente que a economia portuguesa deveria estar a crescer mais de 3%, impulsionado pelo investimento (em vez dos 2,2% estimados pelo Governo para 2019, graças ao consumo e exportações). “Com uma dívida acima de 120% do PIB não há uma descida considerável e os investidores estrangeiros veem isso. É um rácio muito elevado que põe em causa projetos futuros. Como o serviço da dívida é baixo, há um efeito fictício”, alerta.

O elevado fardo do endividamento não só público como privado é um dos entraves para melhorias mais expressivas no rating português. Apesar de Portugal ter saído do lixo pelas quatro maiores agências de notação financeira em outubro do ano passado, a avaliação que é feita ao país continua longe dos níveis em que estava antes da crise.

A Standard and Poor’s subiu, esta sexta-feira, o rating de Portugal para BBB, ou seja, dois níveis acima de ‘lixo’. Este é também o grau em que a DBRS e a Fitch colocam o país, enquanto a Moody’s vê um degrau abaixo. No entanto, não o fez sem alertas: o excedente orçamental é previsto apenas em 2020 e a banca continua a “enfrentar obstáculos à rentabilidade e eficiência”.

O outlook é estável e a S&P explica que poderá apenas fazer um downgrade se a tendência de queda no peso da dívida na economia portuguesa estagnasse ou caso as autoridades voltassem atrás com reformas na flexibilização do mercado de trabalho. Em sentido contrário, vai querer ver uma maior capacidade de gerar excedentes externos e da conta de capital, tal como crescimento acima dos pares para fazer um novo upgrade.

Apesar de os analistas concordarem que há espaço para novas subidas na notação financeira, o trader do Banco Carregosa sublinha que terão de ser “graduais e ao longo do tempo” e que estes potenciais upgrades “já estão incorporadas nos juros”.

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Standard and Poor’s sobe o rating de Portugal. Ficamos dois níveis acima de lixo

A agência de notação financeira avaliou esta sexta-feira a dívida portuguesa. Junta-se à Fitch e à DBRS na avaliação, enquanto a Moody's dá uma nota apenas um degrau acima do limiar especulativo.

A Standard and Poor’s subiu o rating de Portugal em um nível, esta sexta-feira. A agência de notação financeira passou, assim, a classificação da dívida portuguesa para BBB com perspetiva estável, ou seja, o segundo nível acima do patamar de ‘lixo’, de que o país saiu em setembro de 2017.

Esperamos que a economia portuguesa tenha um crescimento equilibrado entre 1,5% e 1,7% entre 2019 e 2021. Nos próximos três anos, projetamos que Portugal continue com excedentes orçamentais primários, — excluindo os pagamentos com juros, — mantendo o rácio da dívida pública face ao produto interno bruto (PIB) num caminho firme de redução. Subimos os ratings de crédito soberanos de Portugal para ‘BBB/A-2’ de ‘BBB-/A-3’. O outlook é estável”, refere o relatório publicado pela agência.

A estimativa de crescimento económico de Portugal para este ano, de 1,7%, fica abaixo da atual projeção do Governo que aponta para 2,2%. No entanto, outras agências de notação financeira, bem como instituições como a Comissão Europeia ou o Conselho de Finanças Públicas (CFP) têm revisto em baixa as projeções que fazem para o país, pelo que o Governo também o deverá fazer já em abril quando apresentar o Plano de Estabilidade.

Apesar de estar mais pessimista quanto ao crescimento da economia, a agência reviu em baixa as estimativas para a dívida, graças ao reembolso antecipado ao Fundo Monetário Internacional (FMI) realizado no ano passado.

“O prazo médio remanescente do stock da dívida é de cerca de oito anos, incluindo a extensão dos empréstimos do Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira. Até 2022, os pagamentos médios de juros irão provavelmente cair para cerca de 7% das receitas gerais, de 8% no ano passado, enquanto o Governo refinancia a dívida mais cara com taxas de juros mais baixas. Esperamos que a reserva de liquidez de Portugal, que estimamos em cerca de 9% do PIB no final de 2018, diminua apenas gradualmente ao longo dos próximos anos“.

Bancos preferem pagar dividendos a reforçar capital

A agência explica que estes cálculos não consideram, no entanto, o reembolso futuro do empréstimo feito pelo Governo ao Fundo de Resolução com o objetivo de recapitalizar o Novo Banco, que será pago a 30 anos. Considera sim que o empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução para injetar, tal como no ano passado, capital no Novo Banco terá um impacto de 0,4 pontos percentuais no défice de 2019, que deverá ficar entre 0,5% e 0,6% do PIB na perspetiva da agência.

Em relação à banca, a S&P alerta ainda que “os bancos portugueses continuam a enfrentar obstáculos no que diz respeito à rentabilidade e eficiência num ambiente de fraca procura por crédito”. Apesar de a dependência da banca portuguesa ao financiamento do BCE ter caído para 6% do passivo, “poderá ser difícil de encontrar outras fontes de substituição low cost“.

Os alertas à banca continuam, com a agência a sublinhar que a capacidade de gerar lucro mantém-se pressionada por juros em mínimos históricos, crescimento nulo e ainda grandes stocks de crédito malparado. “Estimamos que os ativos problemáticos domésticos estivessem em 16% dos empréstimos em meados de 2018”, refere, apontando para a diretriz europeia que limita este montante em 11,3%. “A recente propensão dos bancos em pagarem dividendos aos acionistas em vez de usarem os lucros retidos para aumentar as provisões para perdas com empréstimos sugere que existem incentivos mistos para que reconstruam a força financeira”, afirma.

Além da banca, são feitos outros alertas. Com a acompanha eleitoral a aproximar-se, o risco de derrapagem nas contas aumenta. “Antes das próximas eleições legislativas, as pressões de gastos podem ressurgir, particularmente nos salários públicos. Mas estamos bastante confiantes de que o Governo reduzirá o défice ainda este ano em mais 0,2 ou 0,3 pontos do PIB. Antecipamos poupanças através de controlo nas despesas dos ministérios e nas revisões contínuas das despesas”.

A agência considera que, se efetivamente implementadas, as revisões dos gastos poderiam contribuir para um setor público “mais eficiente”. Os gastos gerais do governo — estimados em cerca de 44% do PIB em 2018 – parecem “relativamente altos”, mesmo em comparação com países membros da Zona Euro consideravelmente mais ricos, como a Alemanha ou a Holanda. “Isto implica uma carga fiscal correspondentemente elevada, incluindo sobre os rendimentos do trabalho”, sublinha.

Centeno quer preservar bases sólidas de crescimento

Apesar dos alertas, o panorama geral é de estabilidade e a S&P explica que poderá apenas fazer um downgrade se a tendência de queda no peso da dívida na economia portuguesa estagnasse ou caso as autoridades voltassem atrás com reformas na flexibilização do mercado de trabalho. Em sentido contrário, vai querer ver uma maior capacidade de gerar excedentes externos e da conta de capital, tal como crescimento acima dos pares para fazer um novo upgrade.

O ministério das Finanças considera que “esta decisão reflete o reconhecimento de importantes transformações estruturais na economia nacional e da melhoria das contas públicas”, como afirmou em comunicado. “Trata-se de uma decisão que contribui para reforçar a confiança dos investidores e a credibilidade externa de Portugal, com impacto direto nos custos de financiamento das famílias, das empresas e do Estado”.

O gabinete de Mário Centeno lembrou que Portugal se financiou esta semana, numa colocação de nova dívida a 10 anos, às taxas mais baixas de sempre, enquanto o juro da dívida em mercado secundário tem renovado mínimos históricos e negoceia já nos 1,31%.

“Portugal tem vindo a fazer um caminho que lhe permitiu reforçar a resiliência da economia e das contas públicas, construindo bases sólidas para um crescimento equilibrado. Os resultados alcançados são de extrema importância dados os desafios que se antecipam para o futuro, num contexto de incerteza política e de deterioração do ambiente económico global. O Governo está comprometido em preservar este caminho, por considerar ser o melhor garante de crescimento sustentável, inclusivo e criador de emprego de qualidade”, acrescenta o ministério.

A agência norte-americana S&P juntou-se, assim, à Fitch e à DBRS, que eram as duas agências com melhor avaliação a Portugal, ambas dois degraus acima do nível especulativo. Já a Moody’s — que foi a primeira a avaliar o rating da República este ano e não fez qualquer alteração — coloca Portugal apenas um nível acima desse limiar. A próxima avaliação acontece a 5 de abril pela agência canadiana DBRS. A S&P volta a olhar para Portugal a 13 de setembro.

(Notícia atualizada às 22h30)

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Acionistas da Benfica SAD aprovam venda do estádio e televisão ao clube

  • Lusa
  • 15 Março 2019

Os acionistas da Benfica SAD aprovaram por unanimidade a venda da Benfica Estádio e da Benfica TV ao clube por 99,27 milhões, num negócio cujo pagamento vai ser diferido pelo prazo de 25 anos.

A informação foi avançada pelo clube da Luz através do seu ‘site’ oficial, no qual se lê que a “proposta foi aceite, reconhecendo que esta operação é benéfica para o SL Benfica, sem causar qualquer prejuízo para os acionistas”.

O Benfica recupera também o discurso mais recente de Luís Filipe Vieira, presidente do clube e da SAD, proferido na cerimónia de entrega dos anéis de platina e dos emblemas de dedicação aos sócios, no passado dia 09 de março: “Neste ano, em que comemoramos os nossos 115 anos, damos novo passo no reconhecimento da sua importância. A titularidade do Estádio da Luz e da BTV, atualmente na posse da SAD, passarão na totalidade para o clube. Assim se devolve o Benfica aos benfiquistas, tal como prometi fazer na minha primeira candidatura. Prometemos e estamos a cumprir. E não ficaremos por aqui.”

Na convocatória desta Assembleia-Geral (AG) extraordinária, datada de 15 de março, a SAD ‘encarnada’ especificava que o negócio tem um valor total de 99,7 milhões de euros, um montante que “se encontra dentro do intervalo de justo valor das respetivas participações, de acordo com as avaliações independentes obtidas” e que o montante em causa também está em linha com os valores contabilísticos dos ativos registados no balanço da SAD.

Segundo as ‘águias’, a alienação tornar-se-á efetiva em 01 de julho e o pagamento do referido preço será diferido pelo prazo de 25 anos.

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CNE obriga Infraestruturas de Portugal a repor cartaz do Iniciativa Liberal

  • Lusa
  • 15 Março 2019

A empresa pública Infraestruturas de Portugal foi notificada pela CNE a repor uma estrutura metálica para um cartaz de propaganda política.

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) notificou esta sexta-feira a Infraestruturas de Portugal (IP), liderada por António Laranjo, para repor em 36 horas a estrutura metálica do partido Iniciativa Liberal, que tinha sido montada para a colocação de um cartaz no IC19, em Sintra.

Segundo uma nota divulgada pelo partido Iniciativa Liberal, a CNE notificou a IP de que, “no enquadramento constitucional e legal, resulta que a atividade de propaganda, incluindo a atividade de propaganda político-partidária, com ou sem cariz eleitoral, seja qual for o meio utilizado, é livre e pode ser desenvolvida.”

“A lei não concede qualquer margem de decisão às entidades para determinar outras proibições para além das que a lei taxativamente prevê e nem tão pouco o poder de a remover, salvo perigo iminente para a segurança das pessoas ou das coisas. Em face do que antecede, deve ser reposta, no prazo de 36 horas, a propaganda do partido em causa”, lê-se na nota de imprensa.

O novo partido considerou “inqualificável e inaceitável a intromissão da Infraestruturas de Portugal na atividade política”, acusando a IP de “atacar a liberdade de expressão e de participação do partido ao retirar de forma ilegal a estrutura que tinha montada para a colocação de um cartaz no IC19”. É que a IP retirou aquela estrutura metálica, mas deixou as que já lá estavam, do PCP, PS e BE.

A estrutura de suporte, na qual o partido Iniciativa Liberal ia colocar um cartaz de divulgação da sua mensagem política, foi removida pela Infraestruturas de Portugal e, de acordo com o Observador, a empresa disse que a estrutura “colocava em causa a segurança rodoviária”.

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App criada pelo Governo ajuda viajantes em situação de emergência

Já existe desde 2017, mas agora tem novas funcionalidades. A app "Registo Viajante" pretende ajudar os cidadãos que estejam em situação de emergência no estrangeiro.

A app “Registo Viajante” foi criada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) em 2017, mas adquire agora novas funcionalidades em prol da defesa dos portugueses pelo mundo. Através do registo, esta é capaz de localizar e ajudar os utilizadores que se encontrem em zonas afetadas por uma crise, catástrofe social, natural ou emergência.

“Este é o resultado de uma realidade que se impõe e que exige do Estado um acompanhamento mais aproximado dos cidadãos“, disse José Luís Carneiro, secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, na apresentação que decorreu durante a Bolsa de Turismo de Lisboa, na FIL.

A aplicação é direcionada para portugueses que se encontrem em mobilidade ou emigração circular de forma a permitir que sejam ativados os meios necessários para cada situação de emergência. O objetivo é aumentar a capacidade de resposta dos serviços de proteção consular.

O produto foi desenvolvido pela ARMIS e já conta com mais de 40 mil utilizadores e uma média de 940 viagens registadas por mês. Para além da sua principal função, a app também dá informação útil sobre o país e cidade onde o utilizador se encontra, contém o mapa da rede dos consulados portugueses pelo mundo, e permite o acesso a contactos úteis para situações de necessidade.

José Luís Carneiro considera que esta iniciativa permite a “monitorização, consolidação e sistematização dos dados dos viajantes e facilita a relação entre os serviços e os cidadãos”. Esta medida faz parte do “esforço de modernização gradual do ministério” e dos serviços consulares. A progressiva digitalização do MNE pretende chegar a “permitir aos cidadãos interagir com os serviços sem ter que fazer deslocações“, justificou o secretário de Estado.

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É oficial. Mulher de Pedro Nuno Santos nomeada chefe do gabinete do sucessor do marido

Ana Gamboa é mulher do ministro Pedro Nuno Santos. Trabalhava com Duarte Cordeiro na Câmara de Lisboa desde 2013 e volta a acompanhá-lo agora que é secretário de Estado.

A nomeação de Ana Catarina Gamboa, mulher do ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, como chefe do gabinete do Secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares já é oficial. Foi publicada esta sexta-feira em Diário da República. Este é mais um exemplo de relações familiares neste Executivo que já levaram o Partido Social Democrata (PSD) a acusá-lo de estar “enredado nas teias familiares”.

“Designo como chefe do meu gabinete a licenciada Ana Catarina Gamboa Vaz”, pode ler-se na nota assinada por José Duarte Cordeiro, secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares.

O gabinete do secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares justifica a nomeação pela qualificações de Ana Catarina Gamboa. “Como se pode ler em Diário da República, Ana Gamboa cumpre os requisitos a nível de qualificações, para além de que este é um cargo de absoluta confiança política. Trabalhava com Duarte Cordeiro na Câmara Municipal de Lisboa desde os tempos em que era vereador e passou a chefe de gabinete quando este passou a vice-presidente da Câmara. Ela simplesmente deixou a Câmara e acompanhou Duarte Cordeiro para desempenhar as mesmas funções”, explicou fonte oficial do gabinete do secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares ao ECO.

Já sobre a relação conjugal entre Ana Catarina Gamboa e Pedro Nuno Santos, o gabinete sublinha que “Ana Catarina Gamboa conhece Duarte Cordeiro há mais tempo do que Pedro Nuno Santos”.

Recorde-se que o primeiro-ministro António Costa propôs a nomeação de Duarte Cordeiro para o cargo de secretário de Estados Adjuntos e dos Assuntos Parlamentares em fevereiro e, no dia 17 de fevereiro, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, aceitou a proposta do Executivo. Em Diário da República pode ler-se que “o presente despacho produz efeitos a 18 de fevereiro de 2019”, ou seja, um dia depois da luz verde dada pelo Presidente.

A nomeação de Ana Gamboa, que é agora oficial, já tinha sido noticiada pela RTP e pela revista Sábado, que davam conta de mais um caso de relações familiares entre elementos do Governo, uma incidência inédita na Europa.

Os vários casos de relações familiares dentro do Governo português já levaram o PSD a acusar o Executivo de estar “enredado nas teias familiares de maridos e mulheres e de pais e filhos”. No final do mês passado, o deputado Fernando Negrão, criticou António Costa por “fechar mais o círculo das escolhas governamentais a critérios de consanguinidade ou de relações familiares”. Também o líder do PSD, Rui Rio, se pronunciou, dizendo que, no Conselho de Ministros, “pela primeira vez na história de Portugal, senta-se marido e mulher e pai e filha”.

 

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“Uma franja muito grande da população já nem é viva” quando for devolvido dinheiro do Novo Banco, diz Rui Rio

Não há mesmo nenhum euro dos contribuintes a ser usado no Novo Banco? Tal como Marcelo, Rio diz que há, porque quando o Fundo de Resolução devolver o dinheiro a maioria dos portugueses já nem é viva.

Quando o Fundo de Resolução devolver ao Estado o dinheiro que está a ser emprestado ao Novo Banco, uma “franja muito grande” da população portuguesa “já nem é viva”. As palavras são do Presidente do PSD que diz que, face ao horizonte tão alargado da devolução, vale pouco dizer (como disse o ministro das Finanças e o primeiro-ministro) que não há dinheiro público a ser usado nessa instituição bancária.

“A questão que se coloca é a seguinte: Se o Fundo de Resolução pagar ao Estado aquilo que o Estado está a emprestar, efetivamente não tem custos para os contribuintes. Se não pagar, tem”, sublinhou Rui Rio, em declarações aos jornalistas transmitidas pela RTP 3.

Da mesma opinião partilha o Presidente da República, que na quinta-feira contrariou António Costa e salientou que há efetivamente “dinheiro dos contribuintes direta e indiretamente envolvido; Diretamente através da Caixa Geral de Depósitos, indiretamente envolvido através de financiamentos que vão aumentar a dívida pública do Estado”.

No início do mês, o primeiro-ministro tinha feito questão de garantir que existe um empréstimo ao Novo Banco e não uma “oferta de dinheiro dos contribuintes”. Na mesma linha, o ministro das Finanças já tinha sublinhando que “não há nenhum euro dos contribuintes a ser usado na injeção no Novo Banco“.

Foram esses os argumentos que Rui Rio considerou agora “não valerem nada”, já que a devolução do dinheiro emprestado só deverá ser concretizada daqui a 30 anos. “Na minha opinião, isso não vale nada. Quanto muito, poderia valer aos jovens muito jovens”, frisou o social-democrata.

Quanto à possibilidade de haver uma auditoria às contas do Novo Banco (que abranja o período após a resolução do Banco Espírito Santo), Rui Rio diz que é “absolutamente imprescindível” que tal aconteça. “O Novo Banco sabe que, apresentando determinadas imparidades, o dinheiro dos portugueses vai pagar isso, foi a forma como o Governo encontrou para vender o banco. Temos de ter auditoria que nos avalie se as imparidades são reais ou se estão a ser empoladas no sentido de rapidamente receberem o dinheiro dos contribuintes portugueses”, defendeu o líder do PSD, seguindo mais uma vez os passos de Marcelo Rebelo de Sousa, o que volta a contrariar o defendido por António Costa.

No início do mês, o Novo Banco anunciou que iria pedir uma nova injeção de capital ao Fundo de Resolução. Em causa estão 1.149 milhões de euros.

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Governo diz que nova lei sobre mutualistas não é dirigida a Tomás Correia

  • Lusa
  • 15 Março 2019

“A lei não atribui funções relativamente a ninguém em particular. É uma lei geral e abstrata”, afirmou o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva.

O Governo salientou esta sexta-feira que a nova lei que clarifica o papel do regulador no caso das associações mutualistas não é dirigida “a ninguém em particular”, escusando-se a relacioná-la com o presidente da Associação Mutualista Montepio, Tomás Correia.

“A lei não atribui funções relativamente a ninguém em particular. É uma lei geral e abstrata”, afirmou o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva, falando em Bruxelas, no final de um Conselho de Emprego e Política Social.

Questionado pelos jornalistas — no dia em que foi publicado em Diário da República um diploma para clarificar o papel do regulador no caso das associações mutualistas — se esta legislação está relacionada com Tomás Correia, Vieira da Silva insistiu que “não é nada disso que se trata”.

“A legislação é uma legislação que tinha sido aprovada já há uns meses depois de um longo período de debate público com escassas manifestações de discordância, depois de um período longo em que não existia legislação respeitante às entidades mutualidades de maior dimensão”, elencou o ministro português.

E observou: “Num momento, o Governo é acusado de produzir uma legislação que protege uma determinada administração de uma determinada instituição e, noutro momento, está a ser acusado de aprovar uma legislação que seria, supostamente, contrária a essa mesma administração”.

O decreto-lei em causa, aprovado na quinta-feira em Conselho de Ministros e promulgado pelo Presidente da República horas depois, estabelece que cabe à Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) avaliar questões como a idoneidade de Tomás Correia, presidente da Associação Mutualista Montepio.

Segundo o diploma, cabe à ASF “analisar o sistema de governação, designadamente verificando a adequação e assegurando o registo das pessoas que dirigem efetivamente as associações mutualistas, as fiscalizam ou são responsáveis por funções-chave, incluindo o cumprimento dos requisitos de idoneidade, qualificação profissional, independência, disponibilidade e capacidade, bem como os riscos a que as associações mutualistas estão ou podem vir a estar expostas e a sua capacidade para avaliar esses riscos, por referência às disposições legais, regulamentares e administrativas em vigor para o setor segurador”. Esta cláusula vem clarificar a lei e dá poderes à ASF para fiscalizar os órgãos sociais da Associação Mutualista Montepio.

Desde que, em 21 de fevereiro, foi conhecido que Tomás Correia foi condenado pelo Banco de Portugal a uma multa de 1,25 milhões de euros por irregularidades no período em que era presidente do banco Montepio, se tem discutido a avaliação da idoneidade do gestor, com um ping pong entre o Governo e o regulador dos seguros sobre quem deve fazer essa análise.

Esta terça-feira, em audição no parlamento, o presidente da ASF voltou a insistir que não tem competência para avaliar a idoneidade de Tomás Correia, sob pena de infringir a lei, e que a avaliação do presidente da Associação Mutualista Montepio compete ao Governo.

Sobre esta questão, Vieira da Silva frisou que “não devia nem podia [ser o Governo a avaliá-lo] porque não tem poderes para isso, a lei não lhe atribui esse poder”, cabendo essa função à ASF. “Se dúvidas houvesse sobre assunto, o diploma […] veio esclarecer qualquer dúvida que existisse e, obviamente, essa autoridade vai passar a fazer essa supervisão porque está obrigada, como nós, a cumprir a lei”, adiantou.

Já questionado sobre se Tomás Correia está em condições de continuar no cargo, Vieira da Silva escusou-se a fazer considerações sobre o assunto.

A Associação Mutualista Montepio Geral, com mais de 600 mil associados, é o topo do grupo Montepio e tem como principal empresa o banco Montepio, que desenvolve o negócio bancário.

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