Centeno baixa previsão do crescimento. Não chega, avisam economistas

O ministro das Finanças quantificou, pela primeira vez, o corte na previsão de crescimento. Os economistas ouvidos pelo ECO, que já antecipavam um cenário pior, olham com cautela para a Zona Euro.

Falta pouco mais de um mês para Mário Centeno enviar para a Comissão Europeia a atualização do Programa de Estabilidade, com novas previsões para a economia portuguesa. O Governo sinalizou que pode rever em baixa a previsão de crescimento do produto interno bruto (PIB): o ministro da Economia admite uma “nova fase do ciclo económico” e o ministro das Finanças indica que pode cortar “duas décimas” à projeção de crescimento económico, colocando-a em 2%. Uma projeção que ainda pode ser vista como otimista, revelam as previsões dos economistas contactados pelo ECO.

Em outubro de 2018, quando entregou o Orçamento do Estado para este ano, o Governo previu uma subida do PIB de 2,2% este ano, contra um crescimento económico de 2,3% no ano passado. Entretanto, o Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou que a economia cresceu 2,1% em 2018. E sucedem-se revisões em baixa das instituições internacionais.

Resta agora aguardar pelo Fundo Monetário Internacional que em abril atualiza previsões no âmbito dos Encontros de Primavera, que se realizam entre os dias 12 e 14 na cidade de Washington, nos EUA. Para já, o FMI vê a Zona Euro a crescer 1,6%. Mas quando esteve em Lisboa para participar no Conselho de Estado, a diretora-geral do Fundo, Christine Lagarde, pintou um quadro de abrandamento a nível mundial.

Mário Centeno está consciente desta tendência de abrandamento. Na entrevista à RTP, na quarta-feira, o ministro admitiu rever em baixa as previsões de crescimento “em apenas uma décima ou duas”. Ou seja, a previsão de crescimento do PIB passa de 2,2% para 2% no cenário de maior revisão.

No entanto, pode ser insuficiente este corte. Tanto o Santander como o BPI apontam para um crescimento de 1,8%, a par do que o Banco de Portugal e o FMI anteveem. Já o Conselho de Finanças Públicas (CFP), que aponta para 1,9%, e a OCDE que tem uma projeção 2,1%, estão mais próximos do que pode vir a ser a nova previsão de crescimento que o Governo se prepara para assumir dentro de cerca de um mês.

“De acordo com as nossas previsões, uma estimativa de 2% para o crescimento em 2019 parece ser otimista”, diz ao ECO a economista do BPI Teresa Gil Pinheiro.” A previsão do BPI para o crescimento do PIB em 2019 é de 1,8%, consolidando a perspetiva de que a economia está atualmente numa fase mais madura do ciclo, com ritmos de crescimento mais sustentáveis”, afirma a economista, acrescentando que “os riscos, positivos e negativos, que envolvem este cenário são equilibrados, ainda que ligeiramente enviesados em sentido descendente, tendo em conta a permanência de fatores de incerteza na economia global”.

Rui Constantino, economista-chefe do Santander – instituição que aponta para um crescimento de 1,8% -, adianta que “em breve” o banco vai “fazer uma reavaliação do cenário, incorporando também a visão sobre a economia global, que apontaria a uma revisão em baixa”. No entanto, “a dimensão da revisão ainda não pode ser quantificada”, adianta Rui Constantino.

"Em breve, iremos fazer uma reavaliação do cenário, incorporando também a visão sobre a economia global, que apontaria a uma revisão em baixa, mas a dimensão da revisão ainda não pode ser quantificada.”

Rui Constantino

Centeno justifica a revisão mais tímida das previsões com o facto de ver “sinais mistos” na economia. Apesar do abrandamento das exportações, e de a economia já ter crescido menos que o previsto em 2018, o ministro das Finanças lembra o comportamento muito positivo das receitas fiscais e das contribuições para a Segurança Social que se explica apenas pela robustez da atividade económica.

Mário Centeno tem destacado a evolução destes indicadores como um sinal da evolução da economia. Em janeiro, a receita fiscal (excluindo o ISP e Imposto sobre o Tabaco que beneficiaram de fatores transitórios) subiu 12,8% graças ao andamento do IVA (mais 15,9%), do IRS (mais 7,6%) e do IRC (mais 84,4%) “devido ao desempenho da economia”, assinalam as Finanças. O ministério tutelado por Mário Centeno destaca também o crescimento de 7,3% da receita com contribuições para a Segurança Social, depois de um crescimento de 6,3% em 2017 e de 7,6% em 2018. “A evolução da receita destes impostos e contribuições sociais, em que não existiu nenhum aumento de taxas entre 2018 e 2019, reflete o dinamismo da economia e do mercado de trabalho, que manteve uma aceleração ao longo de 2018 e dá indicações de continuar em 2019.”

Além das informações que recolhe juntos dos serviços que tutela, Mário Centeno olha também para indicadores produzidos pelo banco central. Na entrevista à RTP, o governante mencionou que o indicador coincidente do Banco de Portugal, referente a janeiro, parece sugerir uma inversão da tendência de abrandamento.

Os economistas ouvidos identificam um conjunto de indicadores a acompanhar com atenção nos próximos tempos para saber como anda a economia. “Como a incerteza se materializa já nas revisões de crescimento para a Zona Euro (como efetuado quinta-feira pelo BCE), deveremos acompanhar a evolução das variáveis de procura externa: PIB dos principais parceiros externos, avaliação da carteira de encomendas externas (ao nível da confiança dos empresários) e a evolução das exportações”, defende o economista-chefe do Santander.

No Orçamento deste ano, o Executivo previa um crescimento de 4,2% na procura externa relevante, que mede a que se dirige à economia portuguesa. Mário Centeno estimava que se este indicador crescesse dois pontos menos, ou seja, 2,2%, o crescimento do PIB ficaria três décimas abaixo. Daí a necessidade de acompanhar o que se passa nos principais parceiros comerciais.

Teresa Gil Pinheiro refere a importância de acompanhar a evolução das exportações e também das importações de bens e serviços, acrescentando que seguir a economia nacional passa também por acompanhar de perto o andamento dos indicadores coincidentes do Banco de Portugal e de atividade e clima económico do INE que “são os que melhor resumem a evolução da atividade e do sentimento dos agentes económicos”.

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Portugal lidera novos pedidos de extradição ao Brasil

  • Lusa
  • 10 Março 2019

Portugal foi o país que registou maior número de novos pedidos de extradição de cidadãos ao Brasil até setembro de 2018, segundo dados do Ministério da Justiça e da Segurança Pública brasileiro.

Portugal foi o país que registou maior número de novos pedidos de extradição de cidadãos ao Brasil, até setembro de 2018, segundo dados do Ministério da Justiça e da Segurança Pública brasileiro.

Dos 59 novos pedidos de extradição contabilizados até setembro de 2018 pelo ministério brasileiro (últimos dados disponíveis), Portugal tinha 16 novos pedidos de extradição passivos (quando o Brasil recebe o pedido de outro Estado), seguindo-se a Argentina, a Turquia e o Uruguai, cada um com sete, e o Paraguai com quatro. Suíça, França, Espanha, Chile, Bolívia, China, Austrália e Lituânia ficaram em último da lista, com apenas um novo pedido de extradição cada.

Já nos pedidos novos ativos (pedidos pelo Brasil) de extradição do Brasil quem lidera é o Paraguai, Uruguai e EUA, cada um com 18 novos pedidos daquele país em setembro de 2018. Portugal é ainda líder no total de novos pedidos de “cooperação jurídica internacional” àquele país, com 34,3% do total, registado até setembro de 2018, de 4.577 novos pedidos contabilizados de 113 países. Em segundo lugar, ficou a França com 8,2% dos pedidos de cooperação jurídica em todas as áreas e em terceiro o Peru, com 8,1%.

Os pedidos de “cooperação jurídica internacional” podem ser nas áreas penal ou cível, em processos de extradição, sequestro e Transferência de Pessoa Condenada (TPC), de acordo com a definição do Ministério da Justiça brasileiro. Na área de processo cível pode tratar-se do cumprimento de uma medida cautelar, de medidas sobre ativos, relatório social, reconhecimento e execução de sentenças, assistência jurídica gratuita, informações, localização de pessoas, obtenção de provas e comunicação de atos processuais.

Já nos novos pedidos ao Brasil de transferência de pessoas condenadas, Espanha e Bolívia lideram com três novos pedidos cada. Portugal fez apenas dois novos pedidos, ficando em segundo. Ainda em matéria penal, Portugal lidera com 47,47% dos novos pedidos de cooperação internacional da iniciativa do Brasil, seguido do Peru e Suíça.

Já do lado do Brasil o maior número de novos pedidos de transferência de pessoas condenadas foi para a Geórgia, com cinco, seguida dos EUA (quatro) e Grã-Bretanha (três). Na área civil, Portugal também lidera com 19,72% dos pedidos de cooperação jurídica feitos pelo Brasil desde o início do ano passado até setembro. Mas também liderou, com 20,92% do total de novos pedidos de cooperação jurídica feitos ao Brasil no mesmo período, também na área civil.

Em segundo lugar, nos novos pedidos ativos na área civil, ou seja feitos pelo Brasil a outros Estados, ficaram os EUA, com 16,82%, do total de 2.099 pedidos, seguidos do Japão, com 8,86%. Já no número de pedidos novos passivos (pedidos pelos outros países ao Brasil), em segundo lugar ficou a França, com 15,69% do total de 631 pedidos e em terceiro a Argentina, com 10,14%.

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Empresas pagam 1.000 euros aos trabalhadores para limpar florestas. Mas queixam-se da falta de interessados

  • ECO
  • 10 Março 2019

Há falta de mão-de-obra e é difícil encontrar interessados (e manter os poucos que há) em limpar florestas. Os terrenos e matas devem ser limpos até 15 de março.

As matas e florestas devem ficar limpas até ao final desta semana mas, para estes trabalhos, as empresas florestais não têm mãos a medir. O mesmo não se aplica aos trabalhadores que, dizem, são escassos. A falta de mão-de-obra no setor está a dificultar a limpeza destes terrenos, e nem com as empresas a oferecerem 1.000 euros aparecem interessados, avança o Jornal de Notícias (acesso pago).

Fernando Cruz, da Madeicampo, em Valongo, precisa de contratar dez pessoas para trabalharem “a tempo inteiro”, mas não encontra quem queira. Nem mesmo os salários que oferece, que rondam os 1.000 euros — mas que podem alcançar os 1.500 –, são suficientes para atrair interessados. A solução passa por recorrer ao instituto de emprego. Mas, ainda assim, “aparecem poucos, dizem que não têm experiência e queixam-se que é duro. Não fica ninguém”.

Do mesmo se queixa Marco Duarte, da Maialenhas: “Não se formam pessoas de um dia para o outro para saberem trabalhar com motosserras e equipamentos mais pesados”, disse ao JN, adiantando que manter os trabalhadores também não é fácil. “Podemos conseguir meter um ou dois, mas trabalham uns tempos, dizem que é duro e quando encontram outro emprego vão embora”. Nem mesmo com salários atrativos: “O salário base de um motosserrista ronda os mil euros. Os ajudantes recebem entre 650 e 750 euros”, revela.

A Associação Nacional de Empresas Florestais, Agrícolas e do Ambiente esclarece que o problema da falta de mão-de-obra está “associado à sazonalidade dos trabalhos e a garantia de trabalho”.

Esta é uma situação que preocupa as empresas do setor nesta altura, dado que a limpeza e a gestão de faixas de combustível devem estar concluídas até 15 de março. A GNR começa a fiscalizar os terrenos e matas a 1 de abril. Nos casos em que estas não estejam limpas, cabe às autarquias estas funções, remetendo para os proprietários dos terrenos os custos associados. Aqui, há ainda coimas que podem variar entre os 280 e os 120 mil euros, consoante sejam particulares ou empresas.

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Cascais recebe World Summit Awards. Evento reúne 40 projetos de inovação digital

  • ECO
  • 10 Março 2019

Arranca esta segunda-feira o World Summit Awards Global Congress, um evento de origem austríaca, no âmbito da ONU, que reúne projetos na área digital com impacto social.

Durante três dias, o campus da Nova SBE em Carcavelos vai receber os 40 projetos vencedores do World Summit Awards (WSA), oriundos de 26 países e com o objetivo de impactar a sociedade e a economia. O evento de origem austríaca, com carimbo da ONU, recebeu 430 candidaturas vindas de 182 países e escolheu Portugal como casa para eleger os projetos mais inovadores digitalmente e com mais impacto no desenvolvimento sustentável.

Pela mais recente faculdade de Cascais vão passar mais de 500 especialistas em tecnologias de informação e comunicação, representantes governamentais de todo o mundo e investidores internacionais do setor privado, antevê a organização. O papel será o de avaliar as 40 soluções vencedoras a ser apresentadas, escolhendo aqueles nas quais pretendem investir.

WSA Global Congress 2019WSA Global Congress 2019

No final serão oito os projetos vencedores, escolhidos entre oito categorias: Governo e envolvimento do cidadão, saúde e bem-estar, ambiente e sustentabilidade, educação, cultura e turismo, urbanização, negócio e comércio e inclusão e fortalecimento.

Com participantes de mais de 80 países membros da ONU, o WSA Global Congress reúne uma rede mundial de empreendedorismo com um propósito: criar impacto social sustentável. Durante os três dias do evento, teremos a oportunidade de nos inspirarmos em líderes que estão a impulsionar a inovação digital, com soluções com impacto e benefícios para a sociedade”, diz Peter A. Bruck, presidente do WSA, citado em comunicado.

Entre os finalistas estão projetos como a Girlythings, uma app que ajuda as mulheres no Paquistão, o Grasshoppers, uma solução de e-commerce do Sri Lanka, a Slovenian Feelif, que usa a loT (Internet of things) para ajudar os invisuais, e a MShule, uma plataforma de mobile learning assente na Inteligência Artificial, que veio do Quénia.

Este congresso — que decorre de 11 a 13 de março –, assume-se como um “hub global” que reúne empreendedores, líderes mundiais e locais e peritos das TIC. O objetivo é, em conjunto, refletir sobre o poder transformador da tecnologia, o papel disruptor da inovação e a forma como estão a impactar positivamente a sociedade e a economia. Conta ainda com várias palestras, workshops e conferências.

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Ambientalistas temem que UE queira alterar Diretiva-Quadro da Água

  • Lusa
  • 10 Março 2019

A organização ambientalista World Wide Fund for Nature (WWF) teme que a Diretiva-Quadro da Água seja alterada. Alerta para a necessidade de se manterem as metas de qualidade da água para 2027.

A organização ambientalista World Wide Fund for Nature (WWF) teme que a Diretiva-Quadro da Água seja alterada e alerta para a necessidade de se manterem as metas de qualidade da água para 2027, disse o especialista Afonso do Ó.

Afonso do Ó é consultor científico para a água e seca da Associação Natureza Portugal (ANP), associada da WWF, e falou à Lusa a propósito da consulta pública sobre a Diretiva-Quadro da Água (DQA), que termina na segunda-feira. A organização ambientalista internacional diz que há pressões para enfraquecer a DQA e para que as suas leis sejam diluídas, “o que se pode revelar catastrófico”.

World Wide Fund for NatureGlobal Panorama/Flickr

Em outubro passado, quando começou a consulta pública, a WWF iniciou em mais de 20 países uma campanha a incentivar os europeus a defenderem a DQA. A DQA foi aprovada em outubro de 2000 e é o principal instrumento da política europeia sobre a água. Está neste momento em processo de revisão, a ser concluído no próximo ano.

“Suspeitamos todos que por trás disso há a intenção de reduzir objetivos ambientais e os alvos que a diretiva tinha inicialmente”, alertou Afonso do Ó, afirmando que já houve uma tentativa idêntica no passado para com as diretivas Aves e Habitats. A DQA preconiza que em 2027 se alcance o bom estado de praticamente todas as águas da União Europeia. Afonso do Ó não acredita que seja possível, mas acrescentou: “não queríamos que essa meta fosse desde já evitada”.

O especialista disse que na Europa tem havido um “compromisso forte” em relação às alterações climáticas, mas não em questões mais específicas, como a da água, sobre as quais se tem feito “muito pouco”. “Tem sido uma constante, penso que tem a ver com o enfraquecimento político da própria União”. Ao contrário do que se possa pensar, adiantou, nem Portugal nem o resto da Europa têm água de qualidade. Nos países do norte da Europa a falta de qualidade deve-se à indústria pesada e no sul a água, mais escassa, é afetada pela agricultura intensiva, observou.

Em termos gerais, nas palavras de Afonso do Ó, nem 50% da água da Europa está em bom estado atualmente. E em Portugal, se foram conseguidos avanços no tratamento de águas residuais, mais “complicado” é tratar a “poluição difusa” da agricultura, que prejudica águas subterrâneas e superficiais e se acumula nos rios e albufeiras.

Portugal aplica bem a DQA? Afonso nega. Porque os planos de bacia hidrográfica são “um somatório de intenções”, porque os investimentos “quase nunca se concretizam”, e medidas de fundo para melhorar a qualidade da água são raras. “Espanha aplica melhor do que nós. Porque a gestão da água é por bacia hidrográfica e descentralizada, porque as entidades que gerem a água têm autonomia, fundos próprios e planos de investimento”, disse o especialista, salientando que em Portugal a centralização da gestão esvaziou de autonomia e competências das administrações das regiões hidrográficas.

No fim do mês passado foi publicado o quinto relatório da Comissão Europeia sobre a implementação da DQA, baseado na avaliação intercalar dos planos de gestão de região hidrográfica dos Estados membros para o período 2015-2021. Segundo o documento, os Estados não estão perto de alcançar um bom estado para a maior parte das águas europeias.

Para a ANP-WWF o relatório prova que os Estados “estão a sabotar os seus compromissos legais e, ao faze-lo, a ameaçar a disponibilidade de água boa para todos”. No documento a Comissão Europeia recomenda a Portugal que alargue e melhor a monitorização de águas costeiras e superficiais. E recomenda aos Estados que melhorem a gestão da água.

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Está a chegar a feira de turismo da BTL. Este ano vai ser “a maior de sempre”

  • Lusa
  • 10 Março 2019

Arranca quarta-feira a Bolsa de Turismo de Lisboa, no Parque das Nações, a maior feira de turismo do país. Esta edição, que decorre entre 13 e 17 de março, será "a maior de sempre", diz a diretora.

A BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa começa na quarta-feira, agora com quatro pavilhões, e a diretora da feira garante à Lusa que, superando expetativas, esta edição “será a maior de sempre”.

A edição de 2019 daquela que é a maior feira do setor do turismo em Portugal vai decorrer entre 13 e 17 de março, na Feira Internacional de Lisboa (FIL), no Parque das Nações, sendo, como habitualmente, dedicada aos profissionais nos primeiros dois dias e abrindo ao público em geral na sexta-feira às 17h00. Tal como já tinha sido anunciado, a BTL volta a ter, “ao fim de quatro ou cinco anos, novamente os quatro pavilhões da feira”, lembrou Fátima Vila Maior. Espaços esses que estarão “cheios de empresas” e que, segundo a responsável, já ser possível dizer que esta vai ser “a maior BTL de sempre”.

E, por isso, estamos muito contentes. Os grandes crescimentos [de presença na feira] tiveram a ver com setores, nomeadamente, como a promoção do território, mais empresas de animação, mais câmaras municipais e entidades promotoras de turismo das várias regiões. [Há] outros segmentos que não tínhamos trabalhado, nomeadamente, o segmento BTL Cultural — que é uma estreia –, e o BTL Lab, que tem a ver com novos formatos ao nível do setor do turismo onde estão enquadrados toda a parte do digital e que introduzimos pela primeira no ano passado, e que este ano também duplicou de área”, explicou a responsável.

“É para nós muito gratificante, ao fim de vários anos, termos uma BTL que, não só superou as nossas expectativas de aquisição, como é a maior BTL de sempre”, reforçou Fátima Vila Maior.

A diretora da BTL referiu ainda considerar “interessante” o facto de “cada vez mais” a BTL ter “empresas ligadas ao setor do turismo não necessariamente dos segmentos do transporte e do alojamento, mas de “várias áreas, sobretudo, que acabam por constituir o pacote de oferta turística”. Exemplo disso, é a “área dos museus”. Até esta edição, “grande parte dos museus e património cultural vinham, normalmente, integrados dentro do território, e pela primeira vez estão sozinhos, digamos assim, com uma programação própria (…)”.

Outro exemplo de crescimento são as empresas na área da animação turística, que, segundo a responsável, “estão cada vez mais aptas para criar conteúdos” para que os turistas quando saem, nomeadamente, para o interior do país, tenham opções no turismo náutico, ecoturismo, etc. “Felizmente temos assistido à criação destas empresas que são essenciais para a criação da oferta turística”, disse Fátima Vila Maior.

Em 28 de fevereiro, no Seixal, a diretora da BTL tinha afirmado esperar que “cerca de 70 mil visitantes” viessem a passar pela feira este ano, um número que, ainda assim, diz agora acreditar possa ser ultrapassado. “No mínimo vamos ter o mesmo número [de visitantes que em 2018] (…). A única coisa que quero ressaltar é que em termos de profissionais, não são esperados muito mais”, não há “uma elasticidade infinita”, e estes costumam sempre ir à BTL, explicou.

Já “relativamente ao público poderá haver alguma flutuação, mas não gosto muito é de empolar os números porque os objetivos da BTL para o fim de semana, para o público, é, por um lado, dar condições aos visitantes para virem cá ter experiências, para conhecerem melhor o nosso país, para conhecerem melhor a oferta que existe internacionalmente. É um dia bem passado com a família. E, por outro lado, é poder ter a possibilidade de virem cá e em primeira mão comprarem a preços mais apetecíveis para as suas férias, quer desde já para a Páscoa, quer nas próximas férias“, acrescentou.

Fátima Vila Maior garante que o que pretendem é que não “haja grande enchente”: “Queremos que venham as pessoas certas, mas queremos que tenham o mínimo de condições para andarem a ver e para poderem sentar-se calmamente ao pé de um agente de viagens e poderem comprar as suas férias sem ser com aquela pressão de serem 500 mil pessoas”, exemplifica. A responsável diz que, por isso, esperam “mais ou menos o mesmo número de pessoas de 2018”, admitindo, no entanto que “provavelmente” vão até ter mais.

No espaço da FIL, o pavilhão um abre com Lisboa, o destino nacional convidado na edição de 2019, e conta com as restantes regiões de Portugal (Alentejo, Algarve, Norte, Centro, Açores e Madeira). Já a entrada do pavilhão dois está reservada para o Seixal, o município convidado deste ano, o qual tem procurado desenvolver a vertente turística, promovendo a baía integrada no estuário do Tejo e a extensa frente ribeirinha.

Ainda neste pavilhão, além da BTL cultural — uma parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian, que conta com a participação de outras organizações culturais, como a Fundação Serralves, o MAAT, a Fundação Berardo e o Centro Cultural de Belém — e dos outros municípios, estará também localizada a animação turística e a gastronomia. No pavilhão três vai estar localizada a BTL LAB, que representa a inovação no turismo e dá a conhecer 40 ‘startups’.

Por fim, no pavilhão quatro encontram-se as agências de viagens e destinos internacionais, destacando-se algumas novidades como Goa — que este ano vem diretamente (a Índia já costumava estar presente) ou as Seychelles, por exemplo. Macau é o destino internacional convidado. De acordo com a responsável, entre 13 e 14 de março volta a decorrer o programa de hosted buyers, “que tem trazido à BTL cerca de 200 a 300 tours operadores internacionais” para conhecer a oferta do país, e, no fim de semana, entre 15 e 17 de março, terá a bolsa da empregabilidade, “com mais de dez mil ofertas de emprego na área do turismo”.

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Parlamento Europeu vota medidas urgentes perante incerteza de acordo para o Brexit

  • Lusa
  • 10 Março 2019

O Parlamento Europeu vai apreciar esta quarta-feira medidas urgentes de contingência apresentadas por Bruxelas para prevenir a inexistência de um acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia.

O Parlamento Europeu vai apreciar, na quarta-feira, medidas urgentes de contingência apresentadas por Bruxelas para prevenir a inexistência de um acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), analisando ainda os recentes desenvolvimentos do processo.

Numa semana vista como decisiva para o Brexit, os eurodeputados reúnem-se em Estrasburgo, França, com uma discussão sobre o Brexit marcada para quarta-feira, dia em que são também votadas medidas de contingência da Comissão Europeia em áreas como a segurança social, os transportes, as pescas e a mobilidade para ensino e formação, visando minimizar eventuais problemas devido a um desfecho sem acordo.

O próximo dia 29 de março foi a data definida para a saída do Reino Unido do bloco europeu, mas existe uma grande incerteza sobre os termos em que isso irá ocorrer, sendo que o acordo negociado entre Londres e Bruxelas foi rejeitado pelo Parlamento britânico. Espera-se que na próxima terça-feira o Governo da primeira-ministra britânica, Theresa May, submeta à Câmara dos Comuns novamente o acordo, possivelmente com algum apêndice — para evitar uma fronteira entre as duas Irlandas –, a fim de que o documento passe finalmente pelos trâmites parlamentares.

Um dia depois, na quarta-feira, os eurodeputados vão então analisar a decisão que sair desta sessão e apreciar medidas urgentes de contingência que serão adotadas unilateralmente pela UE, de forma temporária, em 30 de março, caso não haja um acordo de saída. As medidas incluem a salvaguarda da segurança social dos cidadãos europeus no Reino Unido e dos cidadãos britânicos na UE que tenham obtido o direito de livre circulação.

Ao nível dos transportes, visam garantir a conectividade rodoviária do transporte de mercadorias entre a UE e o Reino Unido, evitar a interrupção do tráfego aéreo e ainda acautelar perturbações nas exportações de produtos de dupla utilização. Em causa está também a continuação dos programas de cooperação territorial (PEACE IV) entre a República da Irlanda, a Irlanda do Norte e a Escócia e a manutenção do acesso dos navios de pesca da UE às águas do Reino Unido com o estabelecimento de condições de autorização recíprocas.

Estas medidas abrangem ainda o programa de mobilidade para ensino ou formação Erasmus+, de forma a evitar problemas para os atuais participantes, permitindo que os processos iniciados possam continuar. No final de março, serão cerca de 14 mil jovens da UE nesta situação no Reino Unido e ainda sete mil participantes do Reino Unido em países da União.

O Brexit será, inclusive, um dos assuntos que vai dominar a agenda da reunião do Conselho Europeu deste mês, nos dias 21 e 22, encontro que será preparado nesta sessão plenária da assembleia europeia. Estará ainda em foco, na terça-feira, a nova lei da cibersegurança, que prevê regras à escala da UE para produtos, serviços e processos tecnológicos com o intuito de reforçar a segurança dos consumidores.

Também na terça-feira será votada uma resolução (não legislativa) sobre as ameaças relacionadas com o aumento da presença tecnológica chinesa na UE e possíveis medidas preventivas. Ainda neste dia, o Parlamento Europeu vai apresentar medidas para combater a propaganda hostil e as notícias falsas, ao mesmo tempo que se reforça a verificação dos factos e se expõem campanhas de desinformação.

Enquanto na terça-feira será discutida a reforma do sistema de informação sobre vistos nas fronteiras externas da UE, para quarta-feira está marcado um debate sobre a criação de um Fundo Monetário Europeu, que prestará assistência de transição aos países em dificuldades. Ainda em discussão, na quarta-feira, estão as novas regras para reduzir os elevados níveis de crédito malparado dos bancos e para evitar a acumulação, que estabelecem, desde logo, níveis mínimos comuns de cobertura para empréstimos recém-concedidos.

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Tem apoio judiciário? Estado quer 33% das indemnizações recebidas

  • ECO
  • 10 Março 2019

O Ministério da Justiça apresentou uma proposta que visa compensar o Estado pelos custos que tem ao prestar apoio judiciário. Em causa está a retenção de 33% da indemnização recebida.

Uma das alterações que está a ser proposta ao regime jurídico passa por compensar o Estado pelos custos que acarreta ao ajudar judicialmente quem não tem condições económicas para pagar um advogado. A ideia é congelar, de forma automática, um terço do valor que os beneficiários do apoio judiciário venham a receber, avança o Público (acesso condicionado).

Para já é apenas uma proposta de lei apresentada pelo Ministério da Justiça, mas que pode vir a ser aprovada. A ideia é que, no caso de pessoas que estejam a receber apoio judiciário — ficando isentas das taxas de Justiça e que tenham um advogado pago pelo Estado –, se vierem a receber uma indemnização, 33% desse valor fica automaticamente congelado para o Estado, como forma de compensação.

Esse montante ficará cativo até que seja apurado o valor final das custas e, se estas foram superiores ao que o Estado suportou, o remanescente será devolvido ao beneficiário.

Um exemplo prático: uma pessoa pede apoio judiciário ao Estado para interpor uma ação contra alguém em tribunal. O beneficiário do apoio, que não suportou o custo das taxas de Justiça nem o de ter um advogado — que foi atribuído pela Ordem dos Advogados –, ganha o processo e recebe uma indemnização de 100 mil euros. Deste total, 33 mil euros são retidos como uma espécie de caução, até que seja apurada a parte que cabe ao Estado no final do processo. Se as despesas tiverem sido de três mil euros, então o Estado devolve os restantes 30 mil euros.

A atual lei já prevê que o Estado seja compensado nestes casos caso o beneficiário venha a adquirir “meios económicos suficientes”, mas esta compensação não é automática e tem várias salvaguardas.

A proposta está em cima da mesa mas ainda terá de ser aprovada. O certo é que já foi entregue na Presidência do Conselho de Ministros com a indicação de que o seu agendamento é urgente.

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“Coletes amarelos” cumprem 17.º sábado consecutivo de protestos com 19 detenções em Paris

  • Lusa
  • 10 Março 2019

Pelo 17.º sábado consecutivo, milhares de pessoas voltaram a sair à rua para tentar contrariar os cálculos do Ministério do Interior, que tem anunciado um crescente esvaziamento do movimento.

Pelo menos 19 pessoas foram detidas este sábado em Paris em mais uma jornada de protesto do movimento “coletes amarelos”, que segundo o Ministério do Interior mobilizou 28.600 pessoas em toda a França, um número contestado pelos manifestantes.

Pelo 17.º sábado consecutivo, milhares de pessoas voltaram a sair à rua para tentar contrariar os cálculos do Ministério do Interior, que tem anunciado um crescente esvaziamento do movimento de contestação que denuncia a política fiscal e social de Emmanuel Macron com múltiplas mobilizações e inúmeras reivindicações.

Protesto dos “coletes amarelos” em França, Paris. EPA/YOAN VALATEPA/YOAN VALAT

Ao início da tarde de sábado, e segundo o Ministério do Interior citado pela agência AFP, cerca de 7.000 manifestantes estavam reunidos em toda a França, um número que foi reforçado durante a tarde até atingir cerca de 29.000, mas longe dos 282.000 que desceram às ruas em 17 de novembro quando surgiu este movimento inédito, então centrado na recusa do aumento do preço dos combustíveis e na recuperação do poder de compra.

O Ministério do Interior congratulou-se pelo facto de o 17.º sábado de protesto ter sido o menos participado, em comparação com os cerca de 40.000 que estiveram nas ruas a 2 de março. No entanto, esta revolta popular permanece a pior crise enfrentada pelo Presidente Macron desde a sua eleição em 2017.

Desde então, tem-se referido que a mobilização não cessou de recuar. No entanto, os manifestantes contestam os números oficiais e asseguram que a sua mobilização permanece em força, a uma semana do final do “grande debate nacional” pretendido pelo Governo para escutar reclamações e fornecer “soluções políticas” a esta contestação social de enorme amplitude.

Na capital, a concentração dos contestatários acabou por ser dispersa pela polícia de intervenção, que voltou a mobilizar milhares de agentes. Também decorreram manifestações em muitas outras cidades, incluindo em Nantes, onde ocorreram confrontos entre os “coletes amarelos” e forças policiais. Para os “coletes amarelos”, o objetivo fixado para março consiste em recuperar o espírito do início do movimento e aumentar a pressão sobre Macron. O 16 de março, 18.º sábado de contestação, um dia após o fim oficial do debate nacional promovido pelo Governo, e esperam reunir “a França inteira em Paris” para emitir um “ultimato” ao Governo.

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Do currículo ao LinkedIn. Empresas dão dicas para que seja o candidato escolhido

A candidatura espontânea funciona? É importante apostar no LinkedIn? O ECO foi à feira de emprego da ISCTE Business School falar com os diretores de recursos humanos para responder às perguntas.

A Deloitte tem pedido, em alguns processos de recrutamento, a realização de um pitch. Nele, os candidatos devem dizer quem são e falar um pouco sobre a sua motivação para aquela vaga. Tudo isto de uma forma criativa e cuidada. E, por falar em criatividade, também o currículo deve primar por esta característica.

Os currículos personalizados são, de uma maneira geral, os preferidos dos empregadores. Mas há regras. A dica da EY é fazer o currículo “não pelos olhos do candidato, mas a pensar no que o empregador vai procurar”. Além disso, para os jovens recém-graduados, uma página é mais do que suficiente.

O ECO foi tentar esclarecer, junto dos diretores de recursos humanos de algumas das maiores empresas a operar em Portugal e que participaram na feira de emprego da ISCTE Business School (IBS), as dúvidas de muitos jovens que vão agora iniciar o seu percurso profissional, desde a candidatura espontânea ao perfil no LinkedIn.

  • A candidatura espontânea funciona?

É uma das formas de apresentar uma candidatura a determinada empresa, sobretudo quando as organizações em questão não estão em processo de recrutamentos ou não têm vagas adequadas às competências do candidato. Perante este cenário, muitos jovens acabam por “tentar a sua sorte” através da candidatura espontânea, esperando que o seu CV seja guardado numa base de dados para, mais tarde, quando a empresa sentir necessidade, recuperá-lo.

Na EY Portugal, todas as candidaturas espontâneas têm de responder a um conjunto de campos obrigatórios numa plataforma da empresa. Todas as candidaturas — espontâneas ou não — entram na consultora por este meio, que é um primeiro screening.Pixabay

Contudo, muitas vezes, a taxa de sucesso neste tipo de candidatura acaba por não ser tão elevada como o desejado. “Tendo em conta o GDPR [Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados, na sigla portuguesa], que incentiva prazos de retenção mais baixos (até seis meses), esta fonte de recrutamento tem, hoje, uma taxa de sucesso mais diminuta”, explica Carlos Rodrigues, diretor de recursos humanos da Samsung.

Nuno Belo, diretor de recursos humanos da Deloitte, afirma, por sua vez, que, na consultora, “a taxa de sucesso é elevada [no que toca a candidaturas espontâneas], especialmente no recrutamento de recém-licenciados”. Já para os candidatos com mais experiência, esta não é, a seu ver, a melhor forma de candidatura. “O nível de sucesso vai diminuindo à medida que o nível de experiência aumenta”, acrescenta.

Ainda na área da consultadoria, Nuno Simões, diretor de recursos humanos da PwC, salienta que é importante, antes de enviar uma candidatura espontânea, verificar sempre “se a empresa em questão tem já vagas em aberto a que possamos candidatar-nos, de uma forma mais direcionada ao que pretendemos, pois isso irá, certamente, aumentar a probabilidade de sucesso“.

Rita Mendia, diretora de recursos humanos da Boston Consulting Group (BCG), relembra que a candidatura espontânea funciona, mas é preciso que as “pessoas façam o seu trabalho de casa”. “Mandar uma candidatura espontânea para uma empresa a dizer ‘segue o meu CV e as minhas habilitações’ não funciona. Isto porque muitas vezes não há match“, explica.

Mandar uma candidatura espontânea para uma empresa a dizer ‘segue o meu CV e as minhas habilitações’ não funciona. Isto porque muitas vezes não há match.

Rita Mendia

BCG

Para os alunos universitários, Rita Mendia reforça a importância da participação em feiras de emprego, nas quais os estudantes contactam diretamente com as empresas, tendo a oportunidade de perceber como funciona o processo de recrutamento de cada uma delas.

  • Qual o modelo de currículo que os empregadores preferem?

O currículo Europass foi, em tempos, o privilegiado e, de facto, a sua grande vantagem é que facilita a comparação entre candidatos, graças à estrutura normalizada. No entanto, um “currículo mais personalizado pode ser um instrumento eficaz, permitindo evidenciar características num candidato que não seriam evidenciadas no Europass”, explica o responsável de recursos humanos da Deloitte.

Uma página, datas, linguagem neutra e sucinta, com recurso a tópicos. São estes os principais conselhos dos diretores de RH para conseguir um currículo eficaz.Pixabay

É unânime entre os recrutadores. O currículo personalizado pode ser, de facto, uma mais-valia, mas é também preciso herdar e manter algumas informações do modelo mais tradicional, como a “informação biográfica, académica, profissional, autoavaliação dos conhecimentos e experiência com software e línguas”, lembra Carlos Rodrigues.

Um currículo personalizado deve manter, assim, algumas regras e o número de páginas é uma delas. “Para alunos recém-licenciados ou mestrados basta uma página. Não faz sentido duas páginas”, até porque os empregadores não estão à espera de ver imensa experiência profissional num candidato que esteja a terminar, ou tenha acabado de terminar, o curso.

“[O currículo] tem de, rapidamente, salientar os achievements e os resultados, com factos bem explicados, de cada pessoa”, aconselha a diretora de recursos humanos da BCG.

"Em vez de escrever a minha biografia, tenho de antecipar respostas a perguntas que sejam significantes para o empregador.”

Margarida Dias

Diretora de recursos humanos da EY Portugal

Margarida Dias, diretora de recursos humanos da EY Portugal, dá outra dica: “O currículo tem de ser feito, não pelos olhos do candidato, mas a pensar no que o empregador vai procurar”. “Em vez de escrever a minha biografia, tenho de antecipar respostas a perguntas que sejam significantes para o empregador”, acrescenta.

Num currículo, “não podem faltar os bullets e as datas”. Além disso, não deve fazer-se um currículo na primeira pessoa. Em vez disso, “deve usar-se uma linguagem neutra e sucinta“. O que os empregadores, de uma maneira geral, querem saber é o nível de qualificação académico ou profissional, a instituição de ensino, os dados básico de informação pessoal e, “sobretudo, do ponto de vista sociodemográfico, o que a pessoa tem feito fora da faculdade”, diz Margarida Dias.

  • E o currículo em vídeo?

O vídeo é, de facto, uma forma cada vez mais utilizada em processos de recrutamento, sobretudo em fases mais avançadas, mas a verdade é que, num primeiro contacto com a empresa, não é o formato mais apropriado. “Pode ser uma opção de recrutamento e seleção, mas, na minha opinião, poderá não ser muito útil como candidatura espontânea”, afirma o responsável pela área de recursos humanos da Samsung.

Ainda que Nuno Belo, da Deloitte, partilhe da mesma opinião, conta que, em alguns processos de candidatura mais específicos, a Deloitte tem pedido aos candidatos para fazerem um pitch que sintetize quem são e que revele um pouco sobre a sua motivação para aquela candidatura. “Esses pitchs ajudam-nos, frequentemente, na triagem inicial de candidatos, pelo que recomendamos que sejam preparados de forma cuidada e criativa, sem perder o propósito para o qual estão a ser gravados”.

  • LinkedIn: estamos perante um cartão de visita?

Não quer isto dizer, claro, que se deixem de visitar os sites das empresas e procurar vagas em sites de emprego mas, hoje em dia, “o LinkedIn é uma das formas mais poderosas para procurar perfis, estabelecer contactos com potenciais candidatos e publicar anúncios de vagas existentes”, diz Nuno Simões.

O LinkedIn é uma das formas mais poderosas para procurar perfis, estabelecer contactos com potenciais candidatos e publicar anúncios de vagas existentes.

Nuno Simões

Diretor de recursos humanos da PwC

“Eu diria que mais do que um perfil diferenciador, deverá existir um cuidado elevado na elaboração do nosso perfil pois acaba por ser um cartão-de-visita para os recrutadores, tanto numa vertente de análise de candidatos que responderam a um anúncio como nas pesquisas feitas a potenciais candidatos que não estão a procurar ativamente uma nova oportunidade”, continua.

Por isso mesmo – tome nota – o perfil na rede social de trabalho deve estar o mais completo possível e conter informação verdadeira e objetiva, de forma a conseguir destacar claramente a experiência e os pontos fortes do candidato.

Mas este é apenas o primeiro passo. “Após termos garantidos os pontos anteriores, poderemos começar a trabalhar outros aspetos no nosso perfil, por exemplo utilizar palavras-chaves que possam ser alvo de pesquisas pelos recrutadores — de forma a que o nosso perfil surja mais vezes e melhor posicionado nas listagens –, integrar grupos que abordem temas que nos interessam profissionalmente e tentar manter uma participação ativa na partilha de artigos, notícias, por exemplo. Aquilo que nos permita ter uma visibilidade positiva na nossa network“, explica Nuno Simões.

O conselho dos diretores de recursos humanos é ter um perfil no LinkedIn, mesmo sendo um jovem recém-licenciado. Este perfil deve ser verdadeiro, estar atualizado e cuidado.Pixabay

A sugestão da Deloitte passa por pensar no LinkedIn “como uma antevisão de uma história que se tem para contar, com uma série de experiências e acontecimentos que se organizam de forma cronológica e encadeada e que, de certa forma, refletem o profissional que somos num determinado momento”.

Ainda assim, há várias empresas que encaram o LinkedIn como um canal de recrutamento sobretudo para perfis mais seniores. “Para alunos recém-licenciados e focando no recrutamento júnior é, sobretudo, o contacto através das universidades”, diz Rita Mendia.

Na EY Portugal, o cenário é parecido. Contudo, Margarida Dias recomenda a qualquer estudante que esteja a pensar, a curto médio prazo ingressar no mercado de trabalho, ter o seu perfil no LinkedIn. “Mal não faz. Quantos mais elementos de exposição usar, melhor“, afirma. “E só porque eu não consegui nada desta vez no LinkedIn, não quer dizer que exclua a minha conta ou que deixe de atualizar o meu perfil”, acrescenta a diretora de recursos humanos da EY Portugal.

  • Soft skills e/ou hard skills?

A chave não está na predominância de uma delas mas sim na integração de ambas. Se, por um lado, as hard skills continuam a ser critérios de seleção absolutamente necessários, por outro, as soft skills são cada vez mais valorizadas num candidato. “As hard skills excelência académica, capacidade de resolver problemas e capacidade analítica — continuam a ser critérios de seleção e vão continuar a ser sempre”, diz a diretora de recursos humanos da BCG.

Contudo, o mesmo destaque merecem as soft skills, que “são cada vez mais necessárias”. “Um aluno de uma escola de topo e com média de 18, mas que não consiga explicar se pratica um desporto, se faz voluntariado, se é escuteiro ou se intervém ativamente na comunidade — porque não o fez — é uma pessoa que não nos serve. Nós somos muito mais do que uma média, temos de ser pessoas completas, temos de ser capazes de olhar para o próximo. Não estou a querer denegrir o 18 mas, nos dias de hoje, não basta ter apenas o 18″, exemplifica.

Além dos conhecimentos mais académicos, Rita Mendia refere que, atualmente, são precisas pessoas com espírito de equipa, com orientação para resultados, com capacidade de empatizar e comunicar, com proatividade e flexibilidade. “Essas características comportamentais em pessoas tão novas desenvolvem-se, na minha opinião, nas atividades extracurriculares”, acrescenta.

Na Samsung, diz o diretor de recursos humanos, numa primeira fase são avaliados ambas as skills. Contudo, “as soft skills são o elemento diferenciador na fase final do processo”.

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Marcelo afirma que saúde será fator determinante para recandidatura

  • Lusa
  • 9 Março 2019

"Primeiro ponto: a saúde. Este cargo é um cargo exigente. E se é exigente num mandato, é mais exigente em dois mandatos", disse o Presidente da República, acerca da sua recandidatura.

O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou este sábado que a saúde será um fator determinante na sua decisão sobre uma recandidatura, assim como haver “alguém em melhores condições” para o exercício do cargo.

“Se não for candidato, saberei sair do palco”, prometeu Marcelo Rebelo de Sousa, numa conferência de imprensa na Escola Portuguesa de Luanda, no dia em que cumpre três anos de mandato, que coincidiu com o final da sua visita de Estado a Angola. Questionado sobre as razões que podem levá-lo ou não a recandidatar-se, nas eleições presidenciais de janeiro de 2021, o chefe de Estado português respondeu que “são dois” fatores, “claros e determinantes”.

Primeiro ponto: a saúde. Este cargo é um cargo exigente. E se é exigente num mandato, é mais exigente em dois mandatos, e se é exigente numa idade, é mais exigente com mais alguns anos de idade”, referiu o Presidente, que completou 70 anos em dezembro. “Segundo: ter a noção de que sou a pessoa que está em melhores condições de cumprir a missão naquele momento”, completou.

Marcelo Rebelo de Sousa reafirmou que decidiu ser candidato às eleições presidenciais de 2016 por entender que, com a atual solução de Governo minoritário do PS suportado pelos partidos à sua esquerda, “era preciso fazer a ponte”. “A ponte devia ser feita a partir da direita e não da esquerda, porque seria esquerda a mais. Vamos esperar para saber exatamente qual é que é a realidade vivida, para saber se não há ninguém. E se houver alguém em melhores condições, cessa aquilo que é o meu dever moral de cumprir a missão”, acrescentou.

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Marcelo fala num “novo ciclo histórico” e diz “até logo” a Angola

  • Lusa
  • 9 Março 2019

"A mensagem a dizer é muito simples, é: até logo ou até à próxima. Não se trata de partir para não voltar, mas de partir para voltar o mais brevemente possível", disse Marcelo.

O Presidente português considerou este sábado que as relações luso-angolanas estão a entrar num “novo ciclo histórico” e despediu-se de Angola dizendo “até logo”, mas guardou surpresa quanto à data de uma futura visita eventualmente já acertada.

“E agora a mensagem a dizer é muito simples, é: até logo ou até à próxima. Não se trata de partir para não voltar, mas de partir para voltar o mais brevemente possível”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, na conferência de imprensa final da sua visita de Estado a Angola, na Escola Portuguesa de Luanda.

Marcelo despede-se de AngolaJOÃO RELVAS/Lusa

Questionado depois sobre quando será a sua próxima visita a Angola, respondeu à jornalista que lhe fez a pergunta: “Mesmo que soubesse, não lhe dizia”. “Porque eu acho que há um efeito surpresa fundamental que faz parte da vida. Uma das coisas que aprendi com a vida é que ser tudo sabido, premeditado, sabido com muita antecedência tira encanto às coisas”, justificou.

Relativamente ao relacionamento entre Portugal e Angola, o chefe de Estado português considerou que se está a iniciar “um novo ciclo histórico”. “Aquilo que eu tenho é de agradecer ao povo angolano, ao Governo angolano, muito em especial ao Presidente João Lourenço, a Angola aquilo que foi o acolhimento caloroso — como tinha sido ao primeiro-ministro português, como tem sido a todos quantos vêm de Portugal e como nós gostamos que seja o acolhimento dos nossos irmãos angolanos em Portugal”, acrescentou.

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